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CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ ◉ Introdução ◉ Morfologia das Bactérias ◉ Fatores Ambientais ◉ Controle do crescimento bacteriano ◉ Citologia bacteriana ◉ Penicilina ◉ GRAM ◉ Biofilme ◉ Bactérias flageladas ◉ Pili ou fímbria ◉ Esporos bacterianos ◉ Staphylococos ◉Streptococos ◉ Doença de Chagas ◉Enterobactérias ◉ Infecções do TGI ◉ Sorotipagem ◉ Escherichia coli ◉ Salmonella sp. ◉ Shiguella sp. ◉ Yersínia enterocolítica ◉ TSI ◉ Infecções do TGI ◉ Diagnóstico ◉ Tratamento ◉ ITU ◉ Micobactérias ◉ Teste de Neelsen ◉ Tubeculose ◉ Hanseníase ◉ Sífilis ◉ Esquistossomose Antigenicidade: capacidade de um antígeno estimular o sistema imunológico, para a produção de anticorpos. Infectividade: é capacidade de o agente etiológico em alojar-se e multiplicar-se no organismo do hospedeiro e transmitir-se deste para um novo hospedeiro. Inóculo: quantidade de microorganismos antigênicos necessários para causar a infecção. Possui relação direta com a virulência e patogenicidade, quanto maior o inóculo, maior a proliferação e aparecimento de sinais e sintomas da doença. Logo, quanto maior o inóculo, menor é o período de incubação. Exemplo: uso de máscaras diminuem a exposição ao inóculo. Período de incubação: é o período compreendido entre a infecção pelo agente e aparecimento de sinais e sintomas. Bacteremia: presença de bactérias na corrente sanguínea Sepse: é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma resposta desregulada à infecção. Uma bacteremia não tratada pode virar Septicemia, que é quando a bactéria começa a colonizar órgãos e tecidos, o problema fica sistêmico, vira uma infecção generalizada e muito mais grave. várias doenças graves, isso ocorre pois elas possuem um fator de virulência capaz de causar aumento da capacidade de infecção e aumento da patogenicidade, que é o esporo bacteriano, ou seja, elas conseguem viver em condições que outros seres vivos não conseguem. Outros exemplos são os flagelos e cápsula bacteriana, bem como a produção de biofilme. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ INTRODUÇÃO Patogenicidade: capacidade de um agente infeccioso causar a doença a um determinado hospedeiro suscetível. A genética é quem interfere para que um microrganismo seja mais ou menos patogênico que outro. Relação parasito-hospedeiro: estuda a relação entre o microrganismo e o organismo do paciente hospedado por este ser. Quando culpamos o microrganismo, estamos ignorando o sistema imunológico e o background genético do hospedeiro e se culpamos o sistema imune do hospedeiro estamos ignorando a carga genética do parasita. Por causa disso uma infecção de garganta, por exemplo, é diferente em dois pacientes, já que o background genético e o sistema imune vão ser diferentes entre os indivíduos, além disso as populações bacterianas podem ser diferentes também. Cepa: é o mesmo que populações, são microrganismos de mesma espécies com diferenças genéticas ou biológicas Virulência: é o grau de patogenicidade de um agente infeccioso que se expressa pela gravidade da doença, especialmente pela letalidade e proporção de casos com sequelas. Agente de alta virulência produzem doenças graves de alta letalidade. Os de baixa virulência, doenças benignas. Esse termo pode ser usado para se referir a qualquer microrganismo. Fator de Virulência: é inerente ao organismo, são estruturas bacterianas que aumentam seu potencial de virulência e patogenicidade. Por exemplo, o Clostridium é responsável por causar Parasitemia: presença de parasitas, protozoários e helmintos no sangue Na fase crônica de Chagas tem-se uma baixa parasitemia. Viremia: presença de vírus no sangue. Maior a viremia, maior é a inflamação e maiores são os sintomas. Janela imunológica: é o período entre o contato com o agente infeccioso e o tempo que o organismo leva para produzir quantidade suficiente de anticorpos contra a infecção. Convalescença: fase final da infecção viral aguda , é o período de recuperação, mas ainda há com alguns sintomas. Sinais prodrômicos: sinais inespecíficos, relacionados a vírus. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ As bactérias de interesse médico podem apresentar formas variadas, como esféricas, cilíndricas e espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos e espirilos. Os cocos são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. Nessa conformação, as células podem se organizar em duplas (diplococos), cadeias, (estreptococos) e cachos (estafilococos). Além desses, há os cocos em tetrádes, formados por divisões e dois planos e cocos em cubos (sarcina), formado por divisões em dois planos. MORFOLOGIA DAS BACTÉRIAS As bactérias de interesse médico podem apresentar formas variadas, como esféricas, cilíndricas e espiraladas, chamadas respectivamente de cocos, bacilos e espirilos. Os cocos são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. Nessa conformação, as células podem se organizar em duplas (diplococos), cadeias, (estreptococos) e cachos (estafilococos). Além desses, há os cocos em tetrádes, formados por divisões e dois planos e cocos em cubos (sarcina), formado por divisões em dois planos. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ FATORES AMBIENTAIS PH Temperatura Acidófilas: organismos com afinidades por meios com pH variando entre 0,1 e 4,5. Como o Lactobacillus (bacilos de doderlein - presentes na microbiota vaginal), que produz ácido lático, mas suporta apenas uma acidez moderada. Esse mecanismo de manter a acidificação da microbiota vaginal impede a colonização por outros microrganismos, caracterizando uma relação de simbiose. Neutrófilas: vivem em meios com valores de pH entre 5,4 e 8,5. Exemplo: Streptococcus mutans, presente na boca, forma o biofilme bacteriano no esmalte dentário, causando a cárie. Alcalófilas: vivem em meios com valores de pH entre 7 e 11,5. Como o Vibrio cholerae, agente causador da cólera asiática, que vive melhor em ambientes com pH em torno de 9. As enterobactérias também tem preferência por pH alcalino. Cada bactéria tem uma temperatura ótima para absorção de nutrientes que está intimamente associado ao crescimento e desenvolvimento de culturas. Esse fator pode dividir as bactérias em grupos: termófilos, mesófilos, psicrotróficos, psicrófilos e hipertermófilas. CONTROLE DO CRESCIMENTO BACTERIANO CITOLOGIA BACTERIANA Estruturas: parede celular, membrana celular, mesossomas, ribossomas e cromossoma. O peptídeoglicano é uma macromolécula composta por um arcabouço composto de uma alternância de N-acetil- glicosamina (NAG) e ácido N- acetilmurâmico (NAM). A parede celular bacteriana é uma estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática e confere forma às bactérias. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ PAREDE CELULAR Como as bactérias comuns são produtores de penicilinases, dessa forma a penicilina não consegue atuar de maneira eficiente sozinha, para resolver esse problema foi desenvolvido antibióticos associados a princípio ativos. Exemplo: amoxicilina + ácido clavulânico. A amoxicilina inibe a transpeptidade, impedindo a produção de peptideoglicano, e o ácido clavulânico inibe as beta-lactamases (penicilinases), que podem inativar as penicilinas. PENICILINA Além disso ela oferece proteção osmótica e permeabilidade não seletiva, sendo essencial à sobrevivência e reprodução da bactéria. A pressão interna celular da bactéria é alta, sendo assim, a parede celular é imprescindível para a integridade do corpo bacteriano. As autolisinas e lisozima são enzimas que degradam a parede celular das bactérias. As autolisinas são produzidas pelas próprias bactérias e atuam na degradação do peptideoglicano, elas só são produzidas e secretadas pelos mesossomas quando a bactéria está se dividindo (bipartição). As lisozimas são enzimas proteolíticas que ajudam a quebrar a parede bacteriana, principalmente onde tem peptideoglicano, ajudando a controlara proliferação de bactéria. Essas enzimas são encontradas na lágrima, saliva, leite materno, secreção genital, muco respiratório e muc gastrointestinal. As penicilinas pertencem a família dos beta- lactâmicos. A penicilina age sobre a bactéria gram+ se ligando a PBP (Proteína Ligadora de Penicilina), ao realizar a ligação ela inativa a ação da transpeptidase, impedindo a formação do proteoglicano, logo ocorre a inibição do crescimento bacteriano. Dessa forma, a penicilina não destrói bactérias, ela apenas inibe o seu crescimento, mas como a sobrevida das bactérias é curta elas são destruídas com o passar do tempo. GRAM •A coloração de Gram é um método de coloração de bactérias desenvolvido pelo médico dinamarquês Hans Christian Joachim Gram em 1884, •Consiste no tratamento sucessivo de um esfregaço bacteriano, fixado pelo calor, com os reagentes cristal violeta, lugol, etanol- acetona e fucsina básica. •Essa técnica permite a separação de amostras bacterianas em Gram-positivas e Gram-negativas e a determinação da morfologia e do tamanho das amostras analisadas. •A parede da célula Gram-negativa é constituída por estruturas de múltiplas camadas bastante complexas, que não retém o cristal violeta, quando acrescentado fucsina, adquirem a coloração vermelha. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ deixando as células descoradas. O tratamento com fucsina não altera a cor roxa das Gram-positivas, ao passo que as Gram-negativas descoradas pelo álcool tornam-se avermelhadas. A coloração de Gram é amplamente utilizada para identificar e classificar bactérias. . A parede celular de bactérias Gram- positivas é composta basicamente por peptideoglicano (cerca de 60%), que constitui uma espessa camada ao redor da célula. Outros polímeros, tais como ácidos lipoteicóicos e polissacarídeos, também podem estar presentes nessa camada. Nas bactérias Gram-negativas o peptideoglicano constitui uma camada basal delgada, mais fina, sobre a qual se encontra outra camada, denominada membrana externa que é composta por lipoproteínas, fosfolipídios, proteínas e lipopolissacarídeos. O processo de coloração de Gram consiste basicamente em tratar bactérias sucessivamente com cristal violeta, lugol, álcool e fucsina. O cristal violeta e o lugol penetram tanto nas bactérias Gram- positivas quanto nas Gram-negativas, formando um complexo de cor roxa. O tratamento com álcool é a etapa diferencial; nas Gram-positivas, o álcool não retira o complexo cristal violeta + lugol, pois a sua ação desidratante faz com que a espessa camada de peptideoglicano torne-se menos permeável, retendo o corante. Nas Gram- -negativas, devido à pequena espessura da camada de peptideoglicano, o complexo corado é extraído pelo álcool, •Já a parede da célula Gram-positiva consiste de única camada que retém o cristal violeta, adquirindo a coloração azul. Presença de camada superficial constituída por muco-polissacarídeos e ribonucleato de Mg++, que diminui a permeabilidade ao álcool, não descorando. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ TESTE DA COAGULASE TESTE NOVOBIOCINA A S. aureus produz a coagulase, que atua em combinação com fatores sanguíneos para coagular o plasma. A coagulase contribui para a formação das paredes de fibrina ao redor das lesões estafilocócicas, ajudando esses microrganismos a persistirem nos tecidos. Também provoca a deposição de fibrina sobre a superfície de alguns estafilococos, podendo ajudar a protegê-los contra fagocitose ou destruição no interior das células fagocíticas. Objetiva determinar se a bactéria trata-se de uma S. epidermides ou S. saprophyticus. O teste consiste em utilizar uma placa de papel com o antibiótico novobiocina imerso em duas culturas bacterianas. Em uma das culturas há a morte bacteriana ao redor do papel de novobiocina, indicando sensibilidade. Isso determina o tipo de bactéria como S. Epidermidis. Enquanto na outra cultura não há morte bacteriana, indicando resistência à nova biocina, sendo do tipo S. Saprophyticus TESTE DE CATALASE A catalase é uma enzima que quebra o peróxido de hidrogênio. O teste visa identificar o tipo bacteriano staphyllococos sp. ou streptococos sp., caso seja catalase positiva, trata-se de uma staphylococos e caso seja negativa, trata-se de uma streptotocos. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ BIOFILME Funções: Biofilme é uma comunidade bacteriana aderida a uma superfície. - Aderência inespecífica (superfícies inertes), facilitando a colonização. - Comunicação entre as células bacterianas. - Reserva nutritiva, além de umidificar o ambiente. - Proteção contra dessecação. - Proteção contra resposta imune do hospedeiro. - Proteção contra agentes antimicrobianos (aumenta a virulência). - Biofilmes em doenças infecciosas: Placa dental Endocardite Fibrose Cística Cateter urinário Implantes - Biofilmes ambientais: Grandes reservatórios de água Nódulos na raiz de leguminosas Tanques de tratamento de esgoto Caixas de lentes de contato CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ BACTÉRIAS FLAGEDAS Flagelos são filamentos delgados e longos que existem na superfície de algumas bactérias. Dependendo de seu número e localização, podem ser monotríquios, lofotríquios, anfitríquio ou peritríquios. - Composição química: proteína (flagelina) - Função: Motilidade (taxia), é um atígeno (Ag H) As fímbrias são filamentos mais finos e mais curtos do que os flagelos, não móveis, localizados na superfície de algumas bactérias. - Composição química: proteína (pilina) - Podem ser de dois tipos: somática ou sexual (Pili F) - Funções: aderência específica a células do hospedeiro (pili somática) e conjugação entre bactérias gram negativas (pili sexual) Tipos de bactérias flageladas: - Escherichia coli - Salmomella typhi - Proteus mirabilis - Clostridium tetani Portando, a maioria das bactérias flageladas são gram negativas. PILI OU FÍMBRIA Tipos de bactérias pilisomáticas: - Escherichia coli - Neisseria gonorrhoeae - Neisseria meningitidis - Haemophilus influenzae CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Função: Os esporos são estruturas formadas por alguns bastonetes Gram positivos (Clostridium, Bacillus) quando expostos à condições adversas. Desse modo, são formas desidratadas, impermeáveis e sem atividade metabólica. - Permitir a sobrevivência da célula bacteriana em condições ambientais adversas, tais como temperatura extrema, radiações, presença de O2, pH extremos, alta esmolaridade, etc. Composição do esporo - Cromossoma bacteriano - Proteínas essenciais - Ribossomas - Dipicolinato de cálcio - Envoltórios (membrana interna, córtex - duas camadas de peptideoglicano, membrana externa, capa de proteína - tipo queratina) ESPOROS BACTERIANOS CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ ESPOROS BACTERIANOS Tipos de bactérias esporuladas: - Clostridium: bastonetes Gram Positivos anaeróbicos presente no intestino de animais e no solo, sob a forma de esporos. - Clortridium tetani - tétano - Clostridium perfringens - Gangrena gasosa, infecção intestinal. STAPHYLOCOCOS Proteína A - se liga à porção FC de IgG impedindo a opsonização na fagocitose. A infecção pelo S. Aureus pode causar: Fatores de risco de infecções OBS: opsonização é um processo de sinalização, onde os anticorpos sinalizam para os macrófagos a necessidade de fagocitarem antígenos. Em suma, a proteína A impede a capacidade do anticorpo de sinalizar para os macrófagos a necessidade de realizar fagocitose, diminuindo a eficiência dos anticorpos para neutralizar as bactérias, funcionando como um mecanismo de evasão do sistema imunológico. - Celulite, impertigo bolhoso, foliculite e terçol. - Pielonefrite: Sinal de Giordano - Febre - Disúria (dor ao urinar, infecção) - Desidratação (aumento de eletrólitos) - Proteína C reativa aumentada (sinal de inflamação) - Leucocitúria intensa O staphylococcus aureus produz biofilme que é um fator de virulência que auxilia na aderência de colônias bacterianasem superfícies orgânicas. - Infecções de cateteres e derivados - Infecções de próteses articulares - Queimaduras e feridas na pele A coagulase é um dos fatores de virulência específico do S. aureus auxilia na adesão às células e também protege contra a ação dos antibióticos. - Cuidados maiores, precisa de antibiótico mais potente. Aureus: Gram +, catalase +, coagulase +. Mais importante, clinicamente. Responsável pelo segundo maior número de infecções em seres humanos. Presente no trato respiratório superior (40-60% da população geral). Aureus = dourado - pigmento amarelado produzido pela bactéria. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Streptococcus pyogenes - Bactéria β-Hemolítica - Presente em pele e mucosas - 90% das infecções de garganta são causadas por essa bactéria. - Grupo A de Lancefield: N- acetilglicosamina e ramnose - Fatores de virulência: ser β-hemolítica - Bactéria Gram positiva - Proteína M: bloqueia a fagocitose por macrófagos, impedindo a atividade do sistema complemento, ajudando na aderência, juntamente com o ácido lipoteicoico. STREPTOCOCCUS O tipo beta é o mais hemolítico, seguindo do tipo alfa e, por fim, tipo gama. Esse tipo bacteriano apresenta cadeias lineares. TONSILITE - piodermites e faringo- tonsilites - Doença inflamatória, sistêmica, deflagrada pela bactéria gram-positiva, beta hemolítica streptococcus pyogenes que ocorre em indivíduos com alguma pré-disposição. - Frequente em crianças entre 5 e 15 anos - Em adultos ao final da 2ª e 3ª década de vida. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ O organismo produz anticorpos contra a bactérias, porém a bactéria possui fator de virulência de mimetismo com a composição química das células do corpo humano. Assim, o anticorpo formado (ASLO - Ig6) pode causar reações autossômicas (artrite, glomerulonefrite, meningite, endocardite). O benzentacil tem a função de inibir o crescimento bacteriano e diminuir a formação de anticorpos ASLO - Ig6. Infecções persistentes e anteriores - Para evitar a produção excessiva de ASLO durante a vida, o tratamento é feito com benzetacil durante um período. Essa é uma medida profilática para evitar as infecções de garganta e a diminuir a produção de ASLO. Quando o médico suspeita de infecções de garganta recorrentes, ele solicita a identificação da bactéria. É realizada a semeação do material em meio líquido e depois em meio sólido. É realizada a coloração de Gram, depois prova da catalase. No caso da Streptococcus, é Gram + e catalase -. Posteriormente, é realizado o teste do tipo de hemólise da bactéria – é realizado em ágar sangue; onde fica branco significa que a bactéria tem capacidade de hemolisar, ou seja, a bactéria é beta hemolítica. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ A → formação de um halo de inibição devido ao disco com antibiótico bacitracina. A bacitracina identifica Streptococcus. A bactéria Streptococcus pyogenes sempre será sensível à bacitracina, ou seja, não cresceu ao redor do disco. Resumindo, a bactéria Streptococcus pyogenes é Gram +, catalase negativa, sensível à bacitracina e é beta hemolítica, além de degradar a enzima PYR (teste de PYR positivo). - Febre reumática inicia com manifestações articulares, e pode evoluir para endocardite, meningite e glomerulonefrite. humanos). - Infecção crônica e endêmica. - Vetor: Triatomíneos (barbeiros) → artrópode (hematófago). • Repasso sanguíneo costuma ser feito a noite enquanto as pessoas estão dormindo e a área exposta, principalmente, é o rosto. Por isso o nome barbeiro. - Reservatórios: animais silvestres de pequeno porte, animais domésticos e o homem. - Formas de transmissão: • Fezes de triatomíneos infectados (vetorial). • Transfusão sanguínea (mais raro devido à triagem). • Congênita (somente mulheres grávidas na fase aguda). • Via oral. • Transplantes de órgãos. • Acidentes laboratoriais. - É na fase crônica que indivíduos com chagas procuram ajuda médica, pois é nessa fase que há manifestações de sinais e sintomas característicos. Na fase aguda os sintomas são inespecíficos, o que faz com que os pacientes não procurem atendimento. - A doença de Chagas é considerada crônica pois não há cura. - Existem duas drogas que podem ser utilizadas na fase aguda (benzonidazol e nirfutimox) que possuem atividade sobre os tripomastigotas (trypanosoma sanguíneo), conseguindo degradá-lo. - Fase aguda: tripomastigota (forma sanguínea circulante) → parasitemia alta. DOENÇA DE CHAGAS Doença descoberta em 1908 por Carlos Chagas. Descoberta em Lassance-MG. Supostos “percevejos” estavam picando a população e causando sintomas. O pesquisador foi responsável por identificar o agente etiológico Trypanosoma cruzi: • Ciclo evolutivo. • Inseto transmissor (hematófago). • Reservatório silvestre (sagui e tatu galinha). • Fases aguda e crônica da doença e suas manifestações clínicas. - Agente etiológico: Trypanosoma cruzi. Antropozoonose (afeta animas e seres CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ - Fase crônica: amastigota (tripo- mastigotas infectam macrófagos e células musculares, perdendo seu flagelo e transformando-se na forma amastigota) → parasitemia baixa. - A doença de Chagas é mantida, principalmente, pelo ciclo silvestre, já que animais de pequeno porte funcionam como reservatório da doença. - O triatomínio pode habitar em casas de pau-a-pique. Portanto, casas de alvenaria são indicadas para evitar transmissão da doença. Outro fator de perigo é a transmissão oral pelo açaí que, quando não pasteurizado, pode conter fezes ou fragmento do inseto no alimento. Isso é mais comum na região norte do país, onde se tem hábito de consumir o produto in natura na dieta. - Quando o barbeiro realiza o repasso sanguíneo (sucção do sangue durante a picada), ele se enche de sangue e isso gera um arco reflexo de defecação perto da região picada. São as fezes do triatomíneo que são responsáveis pela contaminação ao adentrarem o orifício da picada a partir do momento em que o indivíduo coça o local. - Antigamente, o diagnóstico era feito pelo xenodiagnóstico na fase aguda. Colocava- se barbeiros virgens para picar o paciente e levava as fezes do inseto para serem analisadas em laboratório. Se tivesse trypanosoma nas fezes, a pessoa era infectada. Portantom, as formas do barbeiro são epimastigota, tipromastigota e amastigota. A forma amastigota não possui flagelo. Resposta imune inata: Nas fezes do barbeiro temos tripomastigota metaciclico. O T. cruze possui tropismo por macrófagos. Ele sai do macrófago e depois entra nos tecidos musculares, sendo assim o tropismo principal do T cruze. As fezes do barbeiro têm substâncias imunoatraentes de leucócitos, que ajuda gerar reação inflamatória e ajuda o T cruze entrar dentro do macrófago e seguir com o ciclo. O hospedeiro definitivo é o homem, e no ciclo silvestre, são os animais silvestres. • Sistema complemento: lise pelo complemento e ativação de fagocitose. • Imunoglobulinas: opsonização. • Macrófagos ativos: NO e H2O2. • Células efetoras: neutrófilos e NK: granizina e perforinas e INF- gama • “capping” e “shedding”: mobilidade antigênica (Ag- Ac). Forma cardíaca e forma digestiva: • A cardíaca é caracterizada por miocardite crônica causada por ação direta do parasito e seus antígenos. A proliferação do parasita atrai linfócitos que induzem uma resposta inflamatória hiperplásica e hipertrófica, causando a cardiomegalia. Tem-se também resposta inflamatória. • Manifestações: cardiomegalia, ICC e arritmias podendo levar a insuficiência cardíaca e morte súbita. • A forma digestiva leva a dilatação do esôfago e do cólon (megaesôfago e megacólon). CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Diagnóstico: Profilaxia: • Uma arritmia cardíaca na qual o impulso elétrico provindo do nódulo átrio- ventricular não passa através do ramo direito do feixe de His. • Há distúrbios de condução: arritmias graves. • O parasita causa um bloqueio do ramo direito do feixe de his. - Fase aguda: • Demonstração direta do parasita.• Exame microscópico de gota espessa ou esfregaço • Técnicas de concentração do parasito (microhematócrito) - Fase Crônica • Hemoculturas em meio LIT • Hemaglutinação indireta • ELISA (ensaios enzimáticos) • PCR (polimerase chain reaction) • Construção de casas de alvenaria • Campanhas educacionais em áreas endêmica • Controle de qualidade do açaí • Triagem diagnostica em hemocentro para transfusão segura • Pré-natal em mulheres de áreas endêmicas. • Uso de inseticidas em áreas endêmicas. Extrair sangue, fezes, urina e/ou e material de feridas (swab) Colocar a amostra em meio líquido (exceto a amostra de urina) para o enriquecimento bacteriano, com a proliferação e formação de biomassa bacteriana, por 24h a 37 °C. Fazer o repique (retirar um pouco da amostra), transferindo para o meio sólido seletivo -ágar.-, no qual apenas as bactérias específicas para aquele meio se multiplicarão, por 24h a 37 °C. Formação de meio de cultura: 1. 2. 3. ENTEROBACTÉRIAS •Grupo de bactérias saprófitas do intestino; mas veiculadas por fezes e adentrando no organismo, tornam-se altamente patogênicas. •Família Enterobacteriaceae; •Bactérias bacilos Gram neg. não esporulados; •Podem ser aeróbios - citocromo oxidase (O2) •São anaeróbios facultativos •Fermentadores de lactose e glicose; •Reduzem nitrato a nitrito (nitrato redutase); A coprocultura (gastroenterite) utiliza o tetrationato ou o selemito (meios líquidos seletivos) e depois de 24h faz o repique em ágar SS. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Reservatório animal (Salmonella, Yersinia) Carregador humano (Shigella, Salmonella Typhi) Transmissão endógena (E. coli) - ou veiculada. Enterobacteriaceae - habitat: ubiquitários (solo, água, vegetação, microbiota do TGI de animais e do homem - coliformes termotolerantes). Os bacilos gram-negativos podem ser classificadas bioquimicamente em: lactose positiva ou negativa. Caso seja positiva, é realizado o TSI (tipo de fermentação bacteriana - lactose, glicose ou sacarose), SIM (sulfeto indol motilidade), citrato (recurso de obtenção energética). Caso a bactéria seja negativa, a primeira suspeita é que ela não seja fermentadora. Assim, faz-se o teste da oxidase, podendo ser positiva ou negativa. Se for positiva (bactéria utiliza a oxidase), a bactéria não é fermentadora. Se a oxidase for negativa, é necessário fazer o TSI, SIM e citrato. A principal característica das gram- é a estrutura de LPS (polissacarídeo O, core, lipídeo A - promove a resposta imune, TNF-alfa e interleucina-1, estimula a produção de prostaglandinas, causando inflamação). A sepse é identificada com leucocitose com desvio à esquerda (infecção aguda), hematócrito elevado (extravasamento de líquidos). Gastroenterite: síndrome caracte- rizada por sintomas no estômago e intestino. Há perda de apetite, náuseas, vômitos, diarreia de leve a intensa, cólica e desconforto abdominal. Enterocolite: inflamação da mucosa do intestino delgado e grosso. Diarreia: liberação de fezes anormais. Presença de evacuações frequentes e/ou líquidas, envolvendo perda aumentada de eletrólitos e fluidos. As diarreias podem ser osmóticas ou secretoras. Disenteria: distúrbio inflamatório do TGI. Presença de sangue e leucócitos nas fezes. INFECÇÕES DO TGI CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Diarreia aguda: Patogênese da diarreia: A única bactéria gram-negativa que possui cápsula é a samonella typhi e paratyphi, com alto potencial de desenvolver sepse em pacientes imunocompetentes. DEFINIÇÃO : aumento da frequência, fluidez e volume das fezes EPIDEMIOLOGIA : < 2 anos = viral (99%) / bacteriana (1%) > 2 anos = viral (20%) / bacteriana (80%) Quebra do balanço das trocas fluidas na mucosa intestinal, resultando em perda exagerada de fluido (fezes) devido ao aumento relativo da secreção intestinal, e a queda nas funções absortivas da mucosa do intestino delgado e no intestino grosso. Permanência de substâncias mal- absorvidas na luz intestinal, com grande poder osmótico, atraindo fluxo de água para a luz. - Diarreia secretora: ação de enterotoxina produzida por agente infeccioso que abrem canais de água e eletrólitos. Estimulam a secreção de fluidos e eletrólitos das células das criptas do intestino delgado, através do estímulo da adenilato ciclase ou guanilato ciclases, que inibem a absorção de fluidos e eletrólitos pelas células das vilosidades do intestino delgado, aumentando a secreção. Agentes : E. coli, Vibrio sp, Giardia sp. - Diarreia citotóxica: Destruição das vilo- sidades do delgado, com encurtamento das mesmas e redução da superfície absortiva de fluidos e eletrólitos. Diminuição relativa das células secretoras das criptas. Agentes: rotavírus, E. coli a) Diarreia (infecção superficial de micro- -vilosidades. b)Disenteria (destruição de micro- vilosidades, com injúria até a submucosa, atingindo vasos sanguíneos, causando infecção sistêmica. DISENTERIA: - A invasão da mucosa por agente infeccioso (geralmente bactéria), causa inflamação da mucosa e submucosa do íleo terminal e intestino grosso, levando à edema e sangramento da mucosa. - Exsudação de leucócitos e sangue para a luz, com irritação mucosa, inflamação, fezes sanguinolentas e tenesmo (sensação de intestino preso). - Quadros de disenteria costumam ser graves. ESCHERICHIA COLI A bactéria escherichia coli é classificada, segundo a coloração de Gram, como Gram negativa (fina parede celular composta por peptídeoglicano). Morfologicamente é classificada como bacilo, por possuir a forma de bastonete. Além disso, é fermentadora de lactose e tida como comensal no organismo humano, haja vista que pertence à microbiota intestinal. Entretanto, existem cepas patogênicas (055 e 0111 causam diarreia neonatal) que podem causar problemas gastroi- ntestinais, como a diarreia (considerada uma das principais causas de morte no Brasil, cerca de 3 milhões de casos com 5000 mortes anuais). Entre os patótipos mais comuns para a diarreia causada por esse tipo de bactérias, destacam-se: E. coli entero- patogênica (EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli entero-hemorrágica (EHEC), E. Coli enteroinvasiva (EIEC) e E. coli enteroagregativa (EAEC). CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Polivalentes A: anticorpos contra E. coli 026, 055, 0111, 0119 Polivalentes B: anticorpos contra E. coli 0114,0125, 0142, 0158 Polivalentes C: anticorpos contra E. coli 086, 0126, 0127, 0128 Monovalentes: anticorpos específicos contra cada sorotipo anteriormente. 05 sorotipos: diferentes mecanismos de patogenicidade. A urocultura identifica a E. coli e a sorotipagem, o tipo de E. coli em casos de gastroenterite. E. coli enteropatogênia (EPEC) E. coli enterotoxigênica (ETEC) E. coli entero-hemorrágica (EHEC/STEC) E. coli enteroinvasiva (EIEC) E. coli enteroagregativa (EAEC) O soro de coelhos tratados com bactérias (cepas específicas) contendo anticorpos contra os antígenos O, K e H resultam em reações de aglutinação após a homogeneização com colônias de bactérias a serem identificadas. Utiliza-se a sorotipagem comumente para E. coli enteropatogênicaclássica em casos de crianças e E. coli invasora para adultos. SOROTIPAGEM CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ E. coli enteropatogênica (EPEC) Esse tipo bacteriano está associado à surtos de diarreia em lactentes (menores de 6 meses, importância da amamentação na passagem de anticorpos), sendo raro em crianças maiores e adultos e prevalente em países em desenvolvimento. A bactéria, possui fímbrias especializadas para fixação, quando instalada no organismo, adere-se firmemente e infecta enterócitos, causando um aplainamento (mudança da morfologia celular), resultando em uma perda de microvilosidades (má absorção de nutrientes e água). A istimina e a Tir são fatores de virulência, sendo esta última injetada no citoplasma do enterócito e, a seguir, exposta na face externa da membrana eucariótica, de modo que passa a atuar como receptor para intimina, presente na superfíciebacteriana, permitindo assim sua adesão. • O reservatório parece ser o próprio homem, porém estudos recentes apontam amostras EPEC em animais domésticos, como os cães; • Transmissão: em hospitais e berçários: a bactéria é transmitida por contato interpessoal. intramolecular”) o qual promove a lesão attaching and effacing (AE) no intestino grosso devido as proteínas injetadas pelo sistema. É importante ressaltar que um dos seus mecanismos de patogenicidade se dar por intermédio da ilha de patogenicidade LEE (Locus of Enterocyte Effacement - INTIMIN), que codifica o Sistema de Secreção do tipo 3 (injeção E. coli enteroinvasiva (EIEC) Essa cepa bacteriana possui plasmídeos com genes, infectando e destruindo o epitélio colônico, permitindo a invasão e a mobilidade intracelular da bactéria, transmitindo de célula a célula. Produz a exotoxina Shiga que destrói ribossomos de células hospedeiras, impedindo a síntese proteica, destruindo a célula. A toxina possui um receptor nas células do endotélio vascular, o GB3, apenas dos vasos intestinais, renais e cerebrais. O receptor estimula a endocitose da toxina para dentro da célula, sendo transportada pelo transporte de Golgi até locais de síntese proteica, gerando morte celular, trombos e hipóxia. Isso faz com que ocorra uma anemia hemolítica microangiopática, síndrome urêmio hemolítico (SHU) por lesão endotelial pela Shiga liberado por esse microrganismo (microtrombos geram obstrução e IRA). O reservatório desse tipo bacteriano é o próprio homem, transmitida pela ingestão de água e alimentos contaminados e por contato interpessoal. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ E. coli enterotoxigênica (ETEC) Essa cepa bacteriana é conhecida por causar diarreias aquosas (diarreia dos viajantes), pois a principal via de infecção se dá pela ingesta de alimentos contaminados. Para isso, é necessário que exista uma alta taxa de inóculos (grande quantidade de bactérias 100mil-1milhão). A susodita é uma cepa que produz a enterotoxina LT-1 (termolábel: perde as características toxigênicas a partir de 100º C por 30 min) e a ST-1 (termoestável: consegue permanecer estável em altas e baixas temperaturas). Quando essa bactéria é endocitada, a infecção gera uma hipersecreção de líquidos e de eletrólitos (diarreia secretora), ou seja, a bactéria estimula a abertura de canais para a saída de água e íons. Os fatores de colonização são proteínas expressadas pela membrana desse tipo bacteriano. As bactérias produzem exotoxinas na luz intestinal. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ E. coli enteroagregativa (EAEC) produzida pela enterohemorrágica produz hemólise, logo apresentará uma anemia normocítica e normocrônica. A toxina possui um receptor nas células do endotélio vascular, o GB3, apenas dos vasos intestinais, renais e cerebrais. O receptor estimula a endocitose da toxina para dentro da célula, sendo transportada pelo aparelho de Golgi até locais de síntese proteica, gerando morte celular, trombos e hipóxia. Fontes de infecção e transmissão: gado bovino, leite, vegetais contaminados por fezes. Por fim, a cepa EAEC causa uma adesão de padrão agregativo ("tijolos empilhados"), promovendo a lesão de microvilosidades, diminuindo a absorção de nutrientes, estando associada ao retardo do crescimento e baixo peso nas crianças. Essa bactéria é produtora de biofilme (aderência, agregação em mucosa). Produz dois tipos de toxina PET (endotoxina translocadora, realiza o aplainamento de mucosa) e EAST (termoestável da enteroagregativa, exo- toxina, promove abertura de canais de água e íons). A PET causa diarreia osmó- tica e a EAST causa diarreia secretora. E. coli enterohemorrágica (EHEC) Diferentemente da E. coli entero- toxigênica, a E. coli enetrohemorrágica possui um inóculo baixo, ou seja, uma pequena quantidade de bactérias é suficiente para causar a infecção, cerca de 100 bactérias. Sua infecção ocorre, geralmente, pela ingesta de água e alimentos contaminados. O sorogrupo mais importante para a clínica médica é o O157:H7, que produz a toxina Shiga (Stx-1 ou Stx-2), a qual causa lesão por adesão e destruição das microvilosidades. Stx1 e Stx2 – induz acúmulo de fluido devido à morte seletiva de células absortivas das vilosidades, diminuindo a absorção intestinal e secreção de fluídos. Estas mudanças desregulam o balanço da absorção, favorecendo a secreção de líquidos, gerando a diarreia sanguinolenta (CH) e pode evoluir para síndrome hemolítica urêmica (SHU), levando à falência renal. A diferença entre a enteroinvasora e a enterohemorrágica é feita por sorotipagem, mas a enterohemolisina ção de prostaglandina, gerando vaso- dilatação, com extravasamento de líquidos. Além disso, a prostaglandina funciona como agonista para aumento de AMPcíclico, aumentando quinaseA, que fosforila canais de água eletrólito. Isso faz com que o indivíduo tenha uma desidratação inflamatória. O reservatório bacteriano é, em grande parte, aves, ovos, frango, lagartos e cobras. SOROVARES (cepas intestinais parecidas): Salmonela Enteridis e Salmonela Tiphymurium. Infecções por essas baias causam salmonelose intestinal. Bactérias do tipo Salmonela são fermentadoras e produtoras de sulfeto. OBS: Endotoxinas atingem apenas a área que a bactéria está. Já as exotoxinas agem de forma mais abrangente, podendo causar infecções sistêmicas. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ SALMONELLA SPP. As bactérias do gênero Salmonella são Gram-negativas e apresentam a forma de bacilos. Além disso, apresentam fímbrias (curtos pelos para adesão) que estão envolvidos na formação de biofilmes e não produzem endosporos. Fisiologicamente, são bactérias anaeróbias facultativas proliferando tanto na presença quanto na ausência de oxigênio, sobrevivem em uma ampla faixa de temperaturas de 5ºC a 47ºC, podendo sobreviver ao congelamento em determinados alimentos, toleram grandes variações de pH de 4,0 a 9,0, porém são sensíveis à elevação da concentração salina (9% NaCl). A invasão do epitélio e do tecido subepitelial dos intestinos delgado e grosso ocorre a partir da adesão por fímbrias e proteínas efetoras (Sip A,B e C). Assim, a infecção por Salmonella decorre pela aderência (fímbrias) à mucosa do intestino delgado, com a invasão de células M (placas de Peyer) e de enterócitos. Invasão de submucosa, transmigração nas placas de Peyer, onde os macrófagos ativados ao fagocitarem a bactéria, secretam citocinas inflamatórias, como o TNF-alfa, com subsequente produ- CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ FEBRE TIFÓIDE Salmonella typhi e paratyphi (reservatório humano) As bactérias no intestino se proliferam (placas de Peyer) e espalham pelos fagócitos do fígado, vesícula biliar e baço, produzindo algumas proteínas invasoras (SIP a,b e c) que degrada mucosa e expõe submucosa. A produção do antígeno Vi é uma cápsula, impedindo a fagocitose, ganhando a circulação com uma bacteremia primária, podendo gerar uma infecção sistêmica. A consequência é uma bacteremia associada a um quadro de febre e outros sintomas causados pela endotoxina (LPS e antígeno Vi). Mais comum em crianças – febre prolongada (10 a 14 dias), cefaleia, desconforto abdominal. Para identificar esse tipo bacteriano deve-se solicitar a hemocultura. Patogênese: Transmissão: fecal-oral - Shigella sp: Causadora da shigelose ou disenteria bacilar, fermentadora de glicose; - A principal espécie é a Shigella dysenteriae, que produz a toxina “Shiga”, que possui atividade de citotoxina, neurotoxina e enterotoxina; - Alta infectividade - Baixos inóculos (100 organismos) são suficientes para causar doença (período de incubação de 12 a 48hs); - É uma doença estritamente humana, sendo transmitida de um organismo a outro, normalmente através de portadores assintomáticos; - Alimentos contaminados, fezes, mãos sujas e moscas são os principais transmissores. - 50% dos casos ocorrem em crianças abaixo de 10 anos. - Provocam diarreia hemorrágica (disenteria) pela invasão da mucosado íleo distal e do cólon, febre, cólicas abdominais, não adentra à circulação; - Raramente caem na corrente sanguínea, ao contrário das Salmonellas, principalmente por não possuir cápsula (fator de virulência que aumenta as chances de uma bacteremia). Shiguella sp. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ - Invasão das células M (placas de Peyer), gerando mecanismos inflamatórios e linfonodomegalia; - Bactéria é fagocitada pelos macrófagos ativados intraepiteliais; - Macrófagos sofrem apoptose, bactérias induzem endocitose em células epiteliais (enterócitos) e se multiplicam; - Interação das bactérias com macrófago, neutrófilos e enterócitos leva à disenteria; - Intensa reação inflamatória: (PMN, muco e sangue nas fezes) • Adesão e invasão de células M das placas de Peyer aderindo-se ao muco intestinal e a evasão do sistema complemento. Yersinia enterocolítica Clínica : Patogênese - Ingesta de leite ou alimento contaminado - Idade 5-15 anos - Reservatório biológico: humanos e bovinos. •Gastroenterite aguda em crianças; •Invade o cólon e íleo; •Diarreia, febre, vômitos, dor abdominal (em cólica, difusa ou localizada) •Fezes aquosas com muco ou sangue, presença de PMN (polimorfonuclear neutrófilo, indicando infecção bacteriano). OBS: PMN- Polimorfonuclear - neutrófilo, eosino e basófilo, indica infecção bacteriana. Já a Mononuclear - monócito e leucócitos, indicam infecção viral. • Toxina Yst - termo estável, abertura de canais de água e íons, gerando uma diarreia secretora. A enterotoxina estimula o GMPc que auxilia na secreção de água e eletrólitos. • Proteínas de adesão: Inv, Ail e yadA. PREDOMINÂNCIA - GRAM NEGATIVOS Bactéria fermentadora de lactose: E.coli Bactéria fermentadora de glicose: demais Produtora de H2S: Salmonella - Nas infecções hospitalares: •Escherichia coli, •Klebsiella spp., •Enterobacterspp. Principais gêneros das enterobactérias (cerca de 99% dos isolamentos de entero- bactérias de importância clínica): • Escherichia coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp., Proteus spp., Providencia spp., Morganella spp., Citrobacter spp., Salmonella spp., Shigella spp., Serratia spp. As enterobactérias menos isoladas são: •Edwarsiella spp., •Hafnia spp., •Yersinia spp. -Nas infecções da comunidade: Escherichia coli, Klebsiella spp., Proteus spp., Salmonella spp., Shigella spp. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ • Identificação de bacilos Gram negativos isolados em meios de isolamento primário. •O indicador vermelho de fenol é amarelo em pH abaixo de 6,8 (ácido) . Visto que o pH do meio não inoculado está estabilizado aproximadamente em 7,4 (alcalino). TSI - Tríplice, açúcar e ferro •Ápice alcalino/Base alcalina: Ausência de fermentação de carboidratos, característica de bactérias não fermentadoras, tais como Pseudomonasaeruginosa. •Ápice alcalino/Base ácida: Glicose sofreu fermentação, lactose e sacarose não fermentadas. Característica de bactérias não fermentadoras de lactose, tais como espécies de Shigella. •Ápice alcalino/Base ácida (negra): Glicose fermentada, lactose não fermentada, H2S produzido. Característica de bactérias não fermentadoras de lactose e produtoras de H2S, tais como espécies de Salmonella, espécies de Arizona, espécies de Citrobacter, e algumas espécies de Proteus. •Ápice ácido/Base ácida: Glicose, lactose e sacarose fermentadas. Característica de coliformes fermentadores de lactose, tais Bastonetes não-fermentadores Citocromo oxidase como Escherichia coli e grupos de klebsiella, Enterobacter. •Os bacilos Gram negativos classificados como não fermentadores (BNFs) são microrganismos aeróbios, não esporulados, que se caracterizam pelo fato de serem incapazes de utilizar carboidratos como fonte de energia através de fermentação, degradando-os pela via oxidativa. •A p-fenilenodiamina é incolor, mas na presença de citocromo oxidase e oxigênio atmosférico se oxida formando azul de indofenol, demonstrado pela coloração azul escura à fita. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Gastroenterite: síndrome caracterizada por sintomas no estômago e intestino. Há perda de apetite, náuseas, vômitos, diarreia de leve a intensa, cólica e desconforto abdominal. Enterocolite: inflamação da mucosa do intestino delgado e grosso. Diarreia: liberação de fezes anormais. Presença de evacuações frequentes e/ou líquidas, envolvendo perda aumentada de eletrólitos e fluidos. Disenteria: distúrbio inflamatório do TGI. Presença de sangue e leucócitos nas fezes, acompanhada de dor, febre e cólicas abdominais. INFECÇÕES DO TGI DIAGNÓSTICO Cultura de fezes (coprocultura): frasco limpo, transporte rápido até o laboratório (caso contrário, utilizar meio de transporte Cary-Blair), uso de meios seletivos e diferenciais. Algumas informações podem ajudar a nortear a identificação da bactéria e a escolha do meio de cultura específico: • Pesquisa de toxinas, sorotipagem (identificação de sorogrupo – teste de aglutinação) e amplificação de ácidos nucléicos (PCR). - Histórico de viagens e alimentos ingeridos recentemente; - Exame macroscópico e microscópico das fezes: sangue, pus, leucócitos. TRATAMENTO Reidratação: reposição de água, eletrólitos e glicose (oral ou endovenosa) Dieta: evitar alimentos que aumentem a motilidade intestinal Tratamento sintomático: drogas antimotilidade (loperamida); febre (antitérmico) Probióticos: restauram microbiota fisiológica do TGI, melhora barreira funcional da mucosa e modulam resposta imune Antibióticos: indicado para imuno- deprimidos, idosos, hospitalizados, pacientes com próteses e dispositivos vasculares, diarreia do viajante, diarreia há mais de 24 h com sinais inflamatórios nas fezes, dor abdominal, desidratação, febre. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ ITU - Infecção de Trato Urinário Infecção bacteriana ascendente que acomete desde a uretra, bexiga (cistite) até os rins (pielonefrite) Trato baixo: cistite (bexiga)/ uretrite Trato alto: pielonefrite (rins) Sintomatologia: disúria (dor, descon- forto ao urinar) e polaciúria (urgência em urinar, mas em pequenas quantidades devido a uma edemaciação de uretra e bexiga) em ITU de trato baixo; dores lombares, febre, mal estado geral (MEG) em ITU de trato alto (mais grave, com mais sintomatologia), com sinal de Giordano + (positivo). As nefrites são patologias agudas, de tratamento mais fácil. Já as nefroses são doenças crônicas e degenerativas, geralmente mais graves. A diferenciação é feita pelo nível de proteinúria (proteínas totais, sendo que 60% é a albumina, a coleta é feita durante um período de 24h). Em pacientes diabéticos, hipertensos e obesos (tríade relacionada à síndrome metabólica), normalmente, é preciso monitorar a saúde renal por meio da proteinúria, creatinina sérica e ureia. A proteinúria utiliza um método laboratorial que evidencia o resultado em gramas de proteína. Já a microalbuminúria é a dosagem de albumina que evidencia o resultado em miligramas de proteína. Dessa forma, o método mais sensível que avalia de forma mais precoce uma proteinúria é o microalbuminúria (disponibilizado gratuitamente pelo SUS). Em casos de nefrite: Em casos de nefrose: CISTITE: - proteinúria < 3g/24h - proteinúria > 3,5g/24h A ITU geralmente é ascendente. Quando ocorre uma bacteremia, pode haver uma colonização bacteriana nos rins, de modo que a pielonefrite é uma consequência de uma sepse por bacteremia. Assim, uma situação clássica de ITU tem início a partir de uma bactéria que está no ambiente e infecta uretra distal, uretra proximal, bexiga, ureteres e chega aos rins. O cálculo renal pode obstruir a passagem da urina, deixando o ureter frequentemente "vazio". Isso facilita a colonização bacteriana. pois quanto maior a frequência urinária, melhor a "limpeza" dos ureteres proximais e distais. As bactérias causam 99% das ITU e ITU por fungo 0,8%. Dentre as bactérias mais comuns causadoras de ITU, em aproximadamente 90%, estão as E. Coli, seguidas porKlebsiella sp., proteus mirabilis, dentre outras gram-, bem como algumas gram+ oportunistas, como as coagulases negativas (staphylococcus saprophyticus e epidermidis). Portanto, as enterobactérias (bacilos gram-) são os tipos mais comuns para ITU. - Cor: amarela - Aspecto turvo (processo inflamatório, gera exsudato) - pH < 6 (tende a ser discretamente mais ácido pela fermentação bacteriana) - Densidade: 1010 (densidade da água) - Nitrito: positivo + - Proteínas: ausentes CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ PIELONEFRITE: - Leucócitos: 230.000/ml (leucocitúria moderada) - Hemácias: 15.000/ml - Cristais ou cilindros ausentes (cristais podem indicar a tendência de formação de cálculos renais) - Cor: amarela - Aspecto: turvo (processo inflamatório, gera exsudato) - pH < 6 (tende a ser discretamente mais ácido pela fermentação bacteriana). - Densidade: 1030 (proteínas aumentam a densidade) - Nitrito: positivo ou negativo (+ ou -; em casos de pielonefrite, por ser uma situação mais grave, os resultados podem não ser ideais por serem colhidos em situações de urgência). - Proteínas: ++ - Leucócitos: 800.000/ml (leucocitúria maciça) - Hemácias: 30.000/ml - Cilindro: leucocitários bacterianos - Cristais: fosfato/ NH4/ Mg++ ⚠ Mulheres que possuem infecções recorrentes de ITU, a cistite pode ser assintomática, de modo que a frequência de pielonefrite aumenta. Quanto mais pielonefrites por repetição, maior a produção de amônia durante a metabolização bacteriana à nível renal. A amônia aglutina magnésio e o fosfato, gerando o cristal de fosfato amoniomagnesiano, levando a formação de cálculos de estruvita (cálculos de reinfecção) que podem obstruir ureteres e os rins. ⚠ Células tubulares, principalmente dos túbulos contorcidos proximais, são ótimas produtoras da proteína tamm horsfall (proteína de defesa produzida na presença de partículas estranhas, englobando a partícula e a excretando na urina). Durante uma pielonefrite, a proteína tamm horsfall engloba os corpos celulares presentes naquela região, como os leucócitos e as bactérias, formando corpos cilíndricos (cilindros leucocitários e bacterianos). Logo, o aparecimento de cilindros na urina indica ITU de trato alto, sendo os leucocitários os tipos mais comuns em pielonefrites, direcionando o diagnóstico: - Cilindros leucocitários: pielonefrite - Cilindros hemático: glomérulonefrite - Cilindro gorduroso: síndrome nefrótica Para a eficiência do diagnóstico, é importante que o paciente seja orientado a realizar o exame de urina (EAS) da maneira correta. O paciente deve coletar a primeira urina do dia após fazer a higienização da genitália externa, descartar o primeiro jato e coletar o segundo/médio jato). É necessário que seja a primeira urina do dia, pois durante o período de sono há o represamento da urina, indicando as reais alterações metabólicas. O EAS (Elementos Anormais do Sedimento) traz informações fisico- químicas e sedimentoscópicas. A urocultura objetiva saber a presença de bactérias na urina. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Propriedades Gerais Parede celular O gênero mycobacterium é composto, principalmente, pelas bactérias causadoras de tuberculose, como as M. tuberculosis, M. bovis e M. africanum e a causadora de hanseníase (lepra), como M. leprae (única do gênero que não é cultivada em laboratório). É característico desse grupo o crescimento lento de colônias. As micobactérias são microrganismos intracelulares que infectam e proliferam- se no interior do macrófago. Além disso, possuem uma temperatura ótima para proliferação bastante variável, a M. leprae é mais adaptada em regiões de extremidades corporais, onde a temperatura tende a ser menor. - Aeróbias estritas - Fracamente gram positivas - Formato de bastão, sem flagelos e não esporuladas - Não possuem cápsula e não produzem toxinas A parede celular de peptídeoglicano das micobactérias possui o ácido N- glicolilmurâmico e cerca de 60% da parede é composta por ácidos graxos de cadeia longa (ácidos micólicos - antigênico, induz produção de TNF-alfa, formação de granuloma); LAM, LM, PIM (ativam linfócitos T); LOS, PGL, GPL (inibe linfoproliferativa e stress oxidativo - NO, H2O2) essas estruturas mimetizam a estrutura celular humana, inibindo a formação do fagolisossoma. MICOBACTÉRIAS TESTE DE ZIEHL NEELSEN Uma característica importante das micobactérias é o fato de possuírem fucsina básica na parede celular, conferindo-lhes a designação de bactérias álcool-ácido resistente (BAAR). O método Ziehl-Neelsen, que permite diferenciar as bactérias BAAR em positivas e negativas, consiste no tratamento de esfregaço com fucsina (vermelho), seguido pelo seu descoramento a partir da mistura com álcool (97%) e ácido clorídrico (3%). Após ser lavado com água, o esfregaço é corado com azul de metileno. As bactérias BAAR positivas reterão a fucsina, corando-se de vermelho; enquanto as bactérias que não retêm, portanto BAAR negativas, coram-se de azul. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ TUBERCULOSE Um dos mais significativos e completos estudos sobre a tuberculose foi realizado pelo alemão Robert Koch (1843-1910), um dos grandes cientistas da humanidade. Em 24 de março de 1882, apresentou em Berlin, por ocasião da Reunião da Sociedade de Fisiologia, o isolamento e cultivo, a partir de tubérculos macerados, do M. tuberculosis, identificado como o agente etiológico da tuberculose e que passou, então, a ser conhecido como bacilo de Koch. A tuberculose humana é uma doença infecto-contagiosa causada por algumas micobactérias do “Complexo Mycobac- terium tuberculosis”, incluindo M. bovis, M. africanum e, principalmente, M. tuberculosis. - Agente etiológico: M. tuberculosis (patógeno intracelular de macrófagos) - Transmissão: partículas infectantes (saliva, tosse, espirros). Podem permanecer no ar durante algumas horas, sendo altamente contagiosas (baixo inóculo, cerca de 1-10 bacilos podem infectar o organismo). Quando o bacilo entra no organismo humano (geralmente através das vias aéreas), os macrófagos alveolares fazem a fagocitação. Assim, os bacilos podem ser eliminados ou se multiplicam no interior dos macrófagos, em lesões localizadas chamadas tubérculos. Em casos de contenção da infecção, a destruição dos fagócitos e de células do parênquima pulmonar entram em processo de necrose sólido-esponjosa (granuloma), em que alguns bacilos podem se refugiar e permanecerem em estado latente ou se multiplicarem. Caso o crescimento bacteriano seja excessivo e o granuloma se desenvolva, o paciente pode evoluir para um quadro de tuberculose miliar, ocorrendo frequentemente na pleura, nos linfonodos, no fígado, no baço, nos ossos e nas articulações, no coração, no cérebro, no sistema geniturinário, nas meninges, no peritônio ou na pele. Porém, se a resposta imune do indivíduo for eficiente, restará apenas cicatrizes residuais no pulmão. A resposta imune é a principal responsável pela defesa contra a infecção pelo bacilo da tuberculose. Porém, o processo inflamatório está associado a danos teciduais por necrose e formação de granulomas. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Mecanismo de infecção e inflamação O bacilo M. tuberculosis infecta macrófagos e se aloja nos fagossomos, local em que se multiplicam em um curto período de tempo. A ativação dos macrófagos é feita por citocinas pré- inflamatórias, como as interleucinas IL-6, IL-12 e fator de necrose tumoral (TNF), além do envolvimento de interferon gama (INF-γ), inicialmente derivado de células NK, para conter ou inibir o crescimento bacteriano. A replicação bacteriana tem uma redução significativa após duas semanas de infecção, principalmente no fígado e no baço. Nesse estado, a resposta imune faz com que o bacilo entre em latência (não o erradicando), podendo este reestabelecer sua replicação em condições de imunossupressão. ⚠: O estado de latência não se caracteriza como uma doença infecciosa e, portanto, não representa um risco de saúde pública.O risco de desenvolver tuberculose ativa em pacientes HIV positivos é de 8%/ano, comparado com 10% de risco ao longo da vida para pessoas infectadas apenas com o bacilo. Além disso, a tuberculose induz o desenvolvimento de AIDS em pacientes HIV positivos pela produção de citocinas estimulatórias e redução do número de células T CD4+ no organismo. Em pacientes HIV positivos infectados por tuberculose resistente a múltiplas drogas ou Multidrug-Resistant Tuberculosis (MDR-TB); sendo resistente à pelo menos isoniazida e rifampicina, os índices de mortalidade frequentemente superam 80% Transmissão - fatores de risco com um intervalo entre o diagnóstico e a morte variando entre 4 a 16 semanas, fazendo com que MDR-TB seja conhecida como a mais maligna infecção oportunista associada à infecção por HIV. Em 2010, foram reportados casos de infecção por bacilos totalmente resistentes às drogas de primeira e segunda linhas, totally drug-resistant (TDR). Portando, o padrão de reposta irá definir a evolução da infecção. Assim, se as células imunes recrutadas forem do padrão Th-2, a lesão prosseguirá para necrose e haverá progresso da doença. Porém, se as células imunes atraídas forem do padrão Th-1, as bactérias serão destruídas, ocorrendo a formação de um granuloma e tanto a lesão como a doença sofrerão regressão. - Número de organismos expelidos - Concentração de organismos - Tempo de exposição ao ar contaminado - Sistema imunológico comprometido - Pacientes HIV imunossuprimidos - Etlistas crônicos (citotóxico, induz produção de radicais livres, gerando mecanismos de morte celular). - Diabetes mellitus (hiperglicemia, dano vascular, hipóxia medular, dificuldade de manter a diferenciação celular e resposta imune) - Terapias imunossupressoras - Crianças até 5 anos tem alto risco de desenvolver a TB Miliar. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Já a técnica de baciloscopia ou esfregaço de escarro para BAAR (método mais rápidos, simples e de baixo custo para a detecção de M. tuberculosis), porém 60% de sensibilidade). Cuidados para a coleta de escarro: - Frasco estéril, dormir sem travesseiro, 2L de água antes do exame, cerca de dois dedos de escarro. Há uma tendência para o diagnóstico de tuberculose por intermédio do exame de PCR (reação em cadeia da polimerase), com amplificação de DNA da amostra). Pode-se também fazer a cultura em meio seletivo (Lowenstein-Jensen), porém é um exame demorado (4-6 semanas). Suspeito de Tuberculose - Tosse - Expectoração - Febre (vespertina) - Sudorese noturna - Perda de peso - Escarro hemoptoico - Contato com TB Diagnóstico O teste da tuberculina (PPD) pode ser utilizado para a detecção de uma infecção remota, sendo a única forma de identificar a forma latente do bacilo. Conhecida como teste de Mantoux, consiste na injeção intradérmica de 0,1 mL de tuberculina na face anterior do antebraço. O teste é considerado positivo para pacientes que desenvolvem uma área endurecida de pelo menos 5 mm de diâmetro no local da injeção após 48 horas. Entretanto, a vacinação com BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) também produz reatividade ao PPD, fazendo com que a utilização e a confiabilidade deste teste diminuam com o aumento do número de crianças vacinadas. - Considerar positividade: Vacinados < 2 anos gPT > 10 mm Vacinados > 2 anos, não vacinados ou imunossupressão (HIV) gPT > 5 mm A cultura é indicada para aumentar a sensibilidade, como em pacientes paucibacilares (criança, imunos- suprimidos) e suspeitos com baciloscopia negativa. Deve-se avaliar a tipificação (risco de outras micobactérias), avaliar a resistência bacteriana e grupos de risco. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Nódulos difusos em diferentes locais do corpo Inflamação difusa no pulmão. RAIO X NORMAL Análise de Raio X - Tuberculose Miliar RAIO X TB MILIAR RAIO X REATIVAÇÃO Epidemiologia Atualmente, a tuberculose é responsável pelo maior índice de mortalidade humana causada por um único agente infeccioso, representando 26% das mortes possíveis de se prevenir e 7% de todas as mortes na Terra. Fatores que aumentam sua incidência: - Resistência à drogas - Epidemia HIV/AIDS - Imigrantes de áreas com alta prevalência CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Tratamento Epidemiologistas afirmam que cerca de 1/3 da população mundial esteja infectada com M. tuberculosis e sob o risco de desenvolver a doença. Aproximadamente 95% dos casos de tuberculose ocorrem nos países subdesenvolvidos, aos quais se atribuem 98% dos óbitos mundiais causados pela doença. Os dados nacionais apontam que de 25% a 30% da população brasileira se encontra infectada pelo bacilo da tuberculose. O tratamento quimioterápico padrão preconizado pela OMS inclui a combinação de quatro drogas antituberculose, conhecida como DOTS, sigla inglesa para Directly Observed Treatment Short-course; consiste na administração combinada de isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol durante os dois primeiros meses, seguida por uma combinação de isoniazida e rifampicina por pelo menos mais quatro meses. Esta estratégia previne a ocorrência de novas infecções e, ainda mais importante, inviabiliza o desenvolvimento de MDR/XDR-TB. Cabe salientar que pacientes HIV positivos tratados conforme as recomendações da OMS (DOTS) têm conversão de escarro e índices de cura semelhantes aos de pacientes HIV negativos tratados. isoniazida rifampicina estreptomicina etambutol, pirazinamida fluoroquinolonas ácido para-amino-salicílico cicloserina etionamida - Drogas de primeira linha: bactericidas 1. 2. 3. 4. 5. - Drogas de segunda linha: bacteriostáticas 1. 2. 3. 4. ⚠ Pacientes com tuberculose de forma latente: - Isoniazida: administração profilática de por seis a nove meses, inviabilizando o desenvolvimento da doença através da eliminação dos bacilos dormentes. A vacina mais utilizada no mundo contra a tuberculose, a BCG, tem diversas vantagens, como um baixo custo de produção, podendo ser administrada via oral, dose única, conferindo imunidade por um longo período. Entretanto, ainda que a BCG tenha sido eficaz na prevenção de tuberculose meningeal em crianças, não confere proteção à tuberculose pulmonar em adultos. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Lepra tuberculoide: lesões cutâneas e nervosas localizadas e limitadas (placas amorfas com contornos arredondados), com uma carga paucibacilar (poucos bacilos, invia- bilizando a baciloscopia) e vigorosa resposta celular (excesso de padrão TH1, gerando proteção e inviabilização da disseminação do bacilo). Clinica- mente há alterações da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, ausência de suor e rarefação de pelos. Pode comprometer troncos nervosos, evidenciado por espessamento e, às vezes, dor ou choque. O período de incubação pode variar de 2-5 anos. A lepra ou doença de Hansen, hanseníase, é infecto-contagiosa, causada somente pelo M. leprae, a única bactéria patogênica conhecida por invadir o sistema nervoso periférico, sendo um parasita intracelular. A doença afeta predominantemente a pele, as vias aéreas superiores, o sistema nervoso periférico e os olhos. No sistema nervoso, causa desmielinização, fibrose e degeneração axonal. Assim, o patógeno invade as células de Schwann de fibras não mielinizadas. O M. leprae é um organismo de baixa patogenicidade, de modo que um número pequeno de pessoas infectadas manifesta a doença. Porém, é de alta infectividade Clinicamente, a doença é é classificada em: HANSENÍASE Lepra lepromatosa ou Virchowiana: lesões generalizadas, carga multibacilar e nenhuma resposta imune celular específica (carência de padrão TH1), associada a uma potente resposta humoral (padrão TH2) e produção de anticorpos anti-M. leprae (IgM contra o PGL1). As lesões encontram-se principalmente nas áreas/superfícies mais frias do corpo (extremidades; mucosa nasal, cotovelos, joelhos, pulsos, tornozelos). Clinicamente, o paciente apresenta lesões micro/macronodulares (hansenomas) que evoluem e geramferidas (necrose tecidual). CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ O período de incubação pode variar entre 8-12 anos. Exames laboratoriais que podem positivos: VDRL, FAN, FR, Anticoagulante Lúpico (reações cruzadas pela produção de anticorpos policlonais). da carga bacilar (transmissível) e aumento dos níveis de anticorpos. O paciente, pode, portanto, manifestar dois padrões de lesões (tuberculoide e lepromatosa), prevalecendo o padrão TH2, com tipo multibacilar, podendo positivar a baciloscopia. Clinicamente, a mão em garra decorre de amiotrofias (lesões neurológicas) e feridas por perda se sensibilidade. Borderline ou dimorfa: Em pacientes borderline, a transição BT-BB-BL é acompanhada de progressiva redução da resposta imune celular, aumento de lesões cutâneas e nervosas, aumento CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Mycobacterium leprae A temperatura ótima de crescimento do bacilo é de aproximadamente 30°C e, portanto, o micro-organismo infecta preferencialmente áreas “mais frias” do corpo humano. Sua parede é altamente complexa, contendo proteínas, glicolipídeos fenólicos, peptídeoglicano, arabinogalactano e ácidos micólicos. Ainda, sua propriedade BAAR é mais fraca que a das demais espécies micobacterianas. Uma caracte- rística fundamental do M. leprae é sua habilidade em sobreviver e crescer dentro de macrófagos. Os bacilos de Hansen não podem ser cultivados em meios de cultura sintéticos. Em micobactérias intracelulares, a maior parte da energia obtida provém da degradação de lipídeos derivados do hospedeiro, um processo que é iniciado pela ação de lipases. Indeterminada: indivíduo com padrão TH1 e TH2 equilibrado, mas que pode oscilar em algum momento (queda de TH1), gerando oportunidade para a bactéria se proliferar. Assim, o indivíduo manifesta a hanseníase com, normalmente, uma única mancha, hipocrômica, com perda de sensibilidade parcial, sendo que existe uma possibilidade de cura espontânea na maioria dos pacientes. Outro sinal clínico relevante é a rarefação de pelos e sudorese. A baciloscopia de pele não revela bacilo, sendo uma forma paucibacilar não contagiante. - Mal perfurante plantar: A paralisia do nervo fibular é decorrente da presença intensa de bacilos. Este nervo inerva todas as estruturas da planta e interior do pé, promove uma diminuição da atividade muscular, e pela insensibilidade, promove o surgimento de úlceras pela paralisia e amiotrofia muscular. Além da pele lisa e seca devido as alterações em fibras autonômicas que inervam glândulas sudoríparas CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Transmissão Epidemiologia A via de penetração do bacilo também é representada pela via aérea superior, podendo ainda ser transmitido por fezes, urina (saneamento básico) e leite materno. Menos frequentemente, pode ocorrer a eliminação do bacilo através de lesões da pele, e também sua penetração pela mesma, desde que exista solução de continuidade. Pacientes com lepra multibacilar representam a principal fonte de infecção, através da disseminação de uma enorme carga bacilar para o meio. Porém, em uma minoria de indivíduos infectados, ocorre a propagação de bacilos para nervos periféricos e pele, onde são fagocitados por células de Schwann e macrófagos. - Brasil: 25,2mil casos em 2016, representando 11,6% dos casos no mundo. Como é uma doença em que sua manifestação depende do sistema imune da população, sua prevalência indica um país com altas taxas de mazelas sociais. - O Brasil ocupa o segundo lugar em número absoluto de casos, atrás apenas da Índia. É o único país que não atingiu a meta de eliminação da doença como problema de saúde pública, definida pela prevalência menor que 1 caso/10.000 habitantes. Imunologia - A resposta imune adaptativa pode ser humoral ou celular - Os linfócitos (LTCD4), direcionam a partir da produção de citocinas, perfil Th1 ou Th2 - Pacientes com a forma tuberculóide, apresentam padrão de células Th1, limitando a doença a nervos periféricos específicos, havendo predomínio de IFN, TNF-α e IL-2, com ativação de macrófagos - Pacientes com a forma virchowiana não formam granuloma, havendo predomínio de IL-4 e IL-10, com supressão de IL-12 e do padrão Th1 e ampla produção de anticorpos. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Mitsuda - Teste de Reação Intradérmica. Injeta-se na derme o antígeno lepromina. Pápula igual ou maior que 5 mm, após quatro semanas, indica positividade (forma paucibacilar). Expressa o grau de imunidade celular, é positiva nos pacientes tuberculóides, pela resposta Th1 - não faz diagnóstico Diagnóstico Realizada no momento do diagnóstico independente da forma clínica – Ziehl Neelsen. A baciloscopia é positiva para forma multibacilar. Tratamento Vacinação Anteriormente, o esquema de tratamento era feito por períodos diferentes a depender do tipo da doença, sendo feito por 6 meses para pacientes com hanseníase paucibacilar e até 1 ano para pacientes com hanseníse multibacilar. Atualmente, o tratamento é único para todas as formas de hanseníase. Assim, indica-se as mesmas doses do medicamento de poliquimioterapia. - Todo usuário que for contato intra- domiciliar (paciente multibacilar) deve ter os nervos periféricos e a superfície cutânea examinados. - Contato sadio avaliar necessidade de aplicar BCG. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Agente etiológico: Treponema pallidum - Família das espiroquetas (Spirochaetaceae) A sífilis é tida como uma doença sistêmica, associada, muitas vezes, à infecção pelo HIV. - Viável em meio favorável: por sete dias a 35C ou 48 horas a 37C. A membrana externa é composta predominantemente por lipídeos (LPS) e por poucos componentes proteicos, estimula expressão de moléculas de adesão (ICAM-1 e VCAM-1 e E-selectinas) e produz metaloproteinases que ajuda na invasão. Além disso, possui um filamento axial (endoflagelo) responsável por sua locomoção SÍFILIS Transmissão: via sexual e vertical Beijo ou toque em pessoa com lesões ATIVAS nos lábios, cavidade oral, seios, genitália... Congênita: o contágio ocorre mais frequentemente intra-útero, apesar de ser possível a aquisição da infecção durante o parto (canal do parto); A sífilis congênita pode ser prevenida pelo tratamento antes de 16 semanas de gestação Contágio: Rara atualmente porque: Testagem sorológica nos bancos de sangue Diminuição da incidência O T. pallidum não sobrevive mais do que 24-48 horas nas condições de armazenamento dos bancos de sangue Inoculação direta por picada de agulha ou durante manuseio de material infectado (mais comum entre os profissionais da saúde) Fases: incubação, primária, secundária, latente (recente e tardia) e terciária. - Transfusão (sangue ou hemoderivados): 1. 2. 3. - Acidental - Possui maior infectividade: estágio iniciais (cancro duro, lesões de mucosa e condiloma plano) CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Controle: Educação continuada Prevenção sexual Exames de rotina Busca de parceiros Tratar todos os contatos recentes, a menos que seja possível rigoroso acompanhamento dos contatos com exames seriados. Patogênese - O tamanho do inóculo varia de paciente para paciente - Em coelhos 04 espiroquetas podem estabelecer infecção – O treponema se divide a cada 30-33 horas - Lesões clínicas aparecem quando é atingida a concentração aproximada 10^7 microrganismos/grama de tecido - O período de INCUBAÇÃO é proporcional ao tamanho do inóculo - A resposta da defesa local resulta em ulceração no local de inoculação, enquanto a disseminação sistêmica resulta na produção de complexos imunes circulantes que podem depositar-se em qualquer órgão. FASE PRIMÁRIA: Cancro no local da inoculação Início como uma pápula única indolor Erosão e induração Base lisa e bordas elevadas e firmes, consistência cartilaginosa “Limpa”, sem exsudato Indolor, mas sensível ao toque Linfadenopatia regional indolor As manifestações cínicas, muitas vezes, são decorrentes de uma resposta imune intensa do tipo celular. Pode ocorrer umamudança do tipo de resposta TH1 (celular) para TH2 (humoral), favorecendo o parasita e o desenvolvimento da inflamação crônica. - O cancro duro não se desenvolve em todos os casos ou pode ser tão discreto que não chega a ser percebido; - Podem ocorrer lesões múltiplas, em HIV(+); - Espiroquetas podem ser demonstradas nessas lesões; - Desaparecem espontaneamente dentro de 2 a 8 semanas, mas podem persistir por períodos mais longos, especialmente em imunossuprimidos; - Manifestações clínicas: A maioria dos pacientes conseguem controlar a doença e não progridem para a doença tardia. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ FASE SECUNDÁRIA - Ocorre quando o número máximo de treponemas (grande carga antigênica) está presente no corpo, particularmente na corrente sanguínea; - Treponemas podem ser demonstrados em vários outros tecidos, especialmente pele e linfonodos; - Anormalidades laboratoriais ou a presença de treponemas ou ambos pode ser detectados no SNC, em até 40% desses pacientes; - Erupção cutânea não pruriginosa, máculo-papular, acometendo tronco, palmas das mãos e plantas dos pés - Linfadenopatia generalizada, indolor - Lesões de mucosa “em placa” - Febre, adinamia, astenia Nesse momento a resposta imune se torna bastante intensa e então pode se desenvolver um quadro de glomerulonefrite; CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ - Pode ainda ocorrer perda de pelos/cabelos, alopecia. FASE LATENTE FASE TERCIÁRIA - Após o quadro secundário desaparecer, tem início uma fase de latência em que o diagnóstico somente pode ser feito através de uma resposta positiva a testes sorológicos para sífilis; - Como recidivas de quadro secundário podem ocorrer até quatro anos após o contato, essa fase latente é dividida em: - Latente precoce ou recente: recidivas possíveis; - Latente tardia: recidivas muito improváveis; - 75% das recidivas ocorrem no primeiro ano após o contato e são uma consequência de uma disfunção da imunidade celular (ex: durante o último trimestre da gravidez); - Doença ativa com manifestações clínicas aparentes ou inaparentes; - Desenvolve-se em até 1/3 dos pacientes não tratados; - Maioria das lesões envolvem o vaso vasorum (aneurisma) da artéria aorta ou de artérias do SNC, ou ambos; - O resto consiste principalmente de GUMAS, lesão granulomatosa (lesões solitárias tumorais podem ser encontradas na pele, na boca e na garganta ou ocorrer nos ossos) - Envolvimento cerebral (neurosífilis) pode causar dor de cabeça, vertigem, visão borrada, distúrbios mentais, paralisia e demência. - Lesões gumatosas de pele, ossos e tecido celular subcutâneo CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Aneurisma de aorta Insuficiência aórtica - Lesões cardiovasculares - Neurossífilis - Pode apresentar manifestações de sífilis precoce nos primeiros dois anos de vida ou mais tarde. - Lesões perianais de sífilis congênita. SÍFILIS CONGÊNITA - Risco de transmissão: 50 a 70% em gestantes com sífilis primária, secundária ou latente precoce - Pode ser assintomática em 2/3 dos casos - Baixo peso ao nascer, rinite, hepatoesplenomegalia, rash cutâneo, anemia, lesões ósseas - Natimorto - Lesões ósseas de sífilis congênita: necrose de epífises. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Diagnósticos laboratoriais Lesões de cancro duro, condiloma plano Secreção nasal de recém-nascidos Testes não treponêmicos VDRL (VenerealDiseaseResearchLabo ratory), Positivo com títulos > 1/16 RPR (Rapid Plasma Reagin), Positivos 1-4 semanas após o cancro primário, 6 semanas após exposição Negativos entre 6 e 12 meses Testes treponêmicos FTA-ABS (FluorescentTreponemalAntibo dyAbsorption) ELISA Positivos antes do VDRL - Raspado das lesões (Fontana- Tribondeau) - Sorologia Tratamento Sífilis primária, secundária e latente com menos de 1 ano de duração: Sífilis latente com mais de 1 ano de duração: Neurossífilis: –Penicilina benzatina 2.400.000 U IM –Doxiciclina 100 mg via oral 12/12h por 14 dias –Gestantes com alergia à penicilina: Eritromicina 40 mg/Kg/dia por 14 dias –Penicilina benzatina 2.400.000 U IM 1 vez por semana por 3 semanas seguidas. –Eritromicina por 28 dias –Penicilina cristalina G 3-4 milhões U IV 4/4 h (16-24 milhões por dia) por 10-14 dias - Exame de líquor: celularidade, proteínas, VDLR. Indicação: sífilis congêntita, terciária, manifestações neurológicas, estágio latente, (VDLR > 1:16, HIV+ com quadro neurológico. ESQUISTOSSOMOSE A esquistossomose (também conhecida como “Xistose”, “Barriga d’água” e “Mal do caramujo”) é doença transmitida pelo verme trematódeo Schistosoma mansoni. Ataca, principalmente o fígado e intestinos. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ Espécies que causam esquistossomose ao homem: S. mansoni (Brasil) S. haematobium S japonicum S. intercalarum S. meckongi Morfologia Verme adulto: - Ventosa oral (fixação) - Ventosa ventral - Canal ginecóforo Verme adulto fêmea - Ventosa oral ou acetábulo, não possui ventosa ventral. OVO: - Cor amarelo-amarronzado - Casca transparente - miracídio - Espícula voltada para trás Ovo maduro -> miracído No momento em que a larva libera os ovos, causa um turbilhonamernto no local, causando microlesões (espícula pontuda) nos vasos sanguíneos do plexo mesentérico. Assim, a postura dos ovos no plexo hemorroidário ocorre por dois processos, por microlesões endotélicas (ulcerações) e por enzimas proteolíticas altamente tóxicas e antigênicas. MIRACÍDIO: - Encontra-se dentro do ovo - Recoberto por cílios - Dão origem às cercárias - Vida livre e nadante (não se alimenta) CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ - Corpo: divide-se em cauda bifurcada e corpo - Forma infectante para o caramujo Ciclo biológico Os ovos são eliminados nas fezes. A eclosão dos ovos libera os miracídios que infectam o caramujo. Cada miracídio libera cerca de 10.000 cercárias (forma infectante para os humanos do Schistosoma mansoni). Um único caramujo pode liberar cercárias por 1 ano. As cercárias eliminadas na água podem penetrar na pele humana. As cercárias fêmeas põem ovos na submucosa do plexo hemorroidal (200-400 ovos/dia), 8-10 dias com o miracídio formado. A reação inflamatória faz com que os ovos cheguem à luz intestinal. Há a produção de citocinas, como IL-4, Ig4 (mastócito, eosinófilo e basófìlo). O padrão de resposta imune será principalmente por TH2 (humoral), fazendo a degranulação celular. CERCÁRIA Após a penetração no hospedeiro: - Perda da cauda - Formação do esquitossômulo (larva primitiva) - No sistema intra-hepático, desenvol- vendo-se. - Fase de vermes adultos de ambos os sexos. - Hipersensibilidade imediata - reação anafilática (alérgica) quando há a penetração ativa do parasita na pele. CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ HABITAT TRANSMISSÃO Indivíduos contaminados defecam nas proximidades de corpos d´água (lagoas, rios e represas). Na água contaminada, as cercárias penetram ativamente na pele, contaminando outros indivíduos. - Vermes adultos: sistema porta, migrando para os ramos terminais da veia mesentérica inferior, na altura do plexo hemorroidário. - Ovos: localizados na submucosa, outros órgãos e fezes. O homem infectado elimina ovos viáveis de S. mansoni após 5 semanas podendo chegar à 10 anos 1. 2. Dermatite cercariana/ do nadador - Sensibilidade imediata - Sensação de comichão, erupção, eritema, edema, pequenas pápulas e dor (quadro inflamatório); FORMA AGUDA Dermatite cercariana Sensação de estômago cheio Náuseas e vômitos Fraqueza Diarreia Constipação Emagrecimento - Assintomáticos - Sintomáticos FORMA CRÔNICA - Forma grave da esquistossomose - É menos frequente - Aumento do baço e do fígado. - Varizes no estômago - Vômito e fezes com sangue - Ascite CAIO CASTRO QUEIROZ @CAIOCASTROQUEIROZ FASE CRÔNICA - FORMAS CLÍÍNICAS: Granulomas no pulmão (cianose por má oxigenação) Granulomas em torno dos ovos, Dores abdominais Constipação Diarreia mucosanguinolenta Hemorragias - Assintomática - Forma pulmonar - Forma intestinal
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