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Pitangui 2020 XXXXXXXXXXXXXXXXXXX O PAPEL DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA PARA A DEMOCRATIZAÇÃO SOCIAL PEDAGOGIA PRODUÇÃO TEXTUAL Pitangui 2020 PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL Trabalho apresentado à Anhanguera, para as disciplinas Políticas Públicas da Educação Básica, Ética, Política e Cidadania, Psicologia da Educação e da Aprendizagem Práticas Pedagógicas, Gestão da Aprendizagem e Educação e Diversidade. Como requisito parcial a aprovação no 1º Semestre do curso de Pedagogia. XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX O PAPEL DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA PARA A DEMOCRATIZAÇÃO SOCIAL SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 3 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 9 3 INTRODUÇÃO Considerando ser o Brasil um país constituído através da miscigenação entre três raças distintas, europeia, africana e indígena. E sabendo-se que o dia 13 de maio, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) lança um selo que será entregue aos municípios e estados que cumprirem a legislação e inserirem nos currículos escolares da educação básica o ensino da cultura e história afro-brasileiras, africanas e indígenas. A data é simbólica, já que em 13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea, que proibiu, ao menos na teoria, a escravidão no Brasil. O 13 de maio é também o Dia Nacional de Combate ao Racismo. O presente trabalho visa dissertar sobre o papel da cultura afro-brasileira e indígena para a democratização social. Para tanto será analisada a Lei 11.645/2008, que determina a inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos currículos da Educação Básica, preferencialmente nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. Bem como outros artigos e documentos indicados e disponibilizados pela Anhanguera. 4 DESENVOLVIMENTO O começou a escrever sua história sob regras foram ditadas por Portugal, caracterizando-se, por muito tempo, pelo colonialismo/escravismo. Tudo que aqui se produzia era para o sustento da metrópole. Dessa maneira, os indígenas, inicialmente, e os negros, posteriormente, foram escravizados e coisificados, sendo excluídos do acesso à riqueza produzida no país. Durante todo o período que vai desde a chegada dos portugueses até a década de 1970, a Educação escolar indígena esteve, na maior parte do tempo, a cargo de entidades religiosas e grupos religiosos, dentre eles os franciscanos. Desde o século XVI, a partir da chegada dos portugueses ao Brasil, os índios passaram por um processo de catequização e socialização para que fossem “assimilados” pela sociedade brasileira. A tradição indigenista, desde essa época até os anos de 1970, se pautava no estímulo a formas sociais e econômicas que geravam dependência e subordinação da terra e do trabalho indígena a uma lógica de acumulação, conforme demonstram Kahn & Franchetto (1994). Segundo as autoras, o lema era integrar, civilizar o índio, concebido como um estrato social submetido a uma condição étnica inferior, quando vistos nos moldes da cultura ocidental cristã” (p.6). A escolarização dos indígenas pelos jesuítas iniciou se em 1549, quando começou a ser estruturada a primeira escola para índios do Brasil. Isso se deu até 1757, quando o trabalho dos padres deixou de contar com o apoio da Coroa Portuguesa, então interessada em aumentar a produção agrícola da colônia. Para tal, como reivindicavam os colonos, a escravização e a expropriação dos índios de suas terras eram necessárias. Atualmente, há leis que asseguram a obrigatoriedade do ensino da cultura e história afro-brasileiras, africanas e indígenas nas escolas. A lei 10.639 foi sancionada em 2003 e institui o ensino da cultura e história afro-brasileiras e africanas e a lei 11.645 complementa a lei 10.639 ao acrescentar o ensino da cultura e história indígenas. Ambas alteram a lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. A legislação não especifica se os temas relativos à história e cultura afro- brasileiras, africanas e indígenas devem formar uma disciplina à parte. O parágrafo 2º da lei 11.645 preconiza que: "Os conteúdos referentes à história e cultura afro- 5 brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras". Sobre os temas afro-brasileiros e africanos as DCN's especificam que: "O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a educação das relações étnico-raciais se desenvolverão no cotidiano das escolas, nos diferentes níveis e modalidades de ensino, como conteúdo de disciplinas, particularmente, Educação Artística, Literatura e História do Brasil, sem prejuízo das demais, em atividades curriculares ou não, trabalhos em salas de aula, nos laboratórios de ciências e de informática, na utilização de sala de leitura, biblioteca, brinquedoteca, áreas de recreação, quadra de esportes e outros ambientes escolares". De acordo com Borges (2010, p. 5), três princípios devem formar a base no trabalho desenvolvido pelas escolas: O princípio da consciência política e histórica da diversidade conduz à compreensão de que a sociedade é formada por pessoas que pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura e histórias próprias igualmente valiosas, e que em conjunto constroem, na nação brasileira, a sua história. O princípio do fortalecimento de identidades e de direitos deve orientar o desencadeamento do processo de afirmação de identidades, de historicidade negada ou distorcida, e o combate à privação e à violação de direitos. O princípio de ações educativas de combate ao racismo e às discriminações encaminha a criação de condições para professores e alunos pensarem, decidirem e agirem, assumindo a responsabilidade pelas relações étnico- raciais positivas, enfrentando e superando discordâncias, conflitos e contestações, e valorizando os contrastes das diferenças. Nesse contexto a inserção da comunidade na escola é de suma importância para que em parceria com os professores possam desenvolver na escola, projetos que contemplem a diversidade cultural local. Contudo faz se necessário pontuar que garantir espaços nos currículos e nas salas de aula para a inclusão positiva da História e Cultura de negros e indígenas não é uma tarefa fácil e sim um grande desafio. É importante que, para uma adequada aplicabilidade dessas determinações legais, as instituições educacionais repensem seu papel na formação de indivíduos preparados para viver e conviver em ambientes de diversidade, reconhecendo-se como atores importantes dos processos históricos, independentemente de sua condição étnica, econômica ou social. Conforme nos aponta, Marques (2010, p. 84): 6 O racismo individual condiz às atitudes, comportamentos, socializações e interesses pessoais; o institucional está ligado ao trabalho, direito, saúde, economia, Educação, política e moradia; e o cultural tem a ver com a estética, religião, música, filosofia, valores, necessidades e crenças; com isso, o racismo tem início e fim no indivíduo, o ciclo do racismose inicia nas atitudes e comportamentos dos indivíduos, se engendra na vida institucional e cria corpo na cultura, encerrando e reiniciando ao mesmo tempo o ciclo. O racismo, seja ele, individual, institucional ou cultural, deve ser combatido em todas as esferas sociais. Para a superação do racismo, é preciso trabalhar numa perspectiva de Educação para as relações étnico-raciais, o que significa, em primeira instância, entender o conceito de raça definido nas Diretrizes Curriculares Nacionais Para Educação Das Relações Étnico-Raciais: Com a LDB, Lei nº. 9394/1996, tivemos o marco legal para a estruturação da educação no Brasil, estabelecendo princípios, determinações e finalidades, entre outros aspectos e, em 2004, foi aprovado pelo Conselho Nacional de Educação – CNE as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (BRASIL, 2005). Contudo a responsabilidade de tirar do papel e aplicar no contexto escolar objetivando estender-se ao contexto social e familiar é função determinante da escola, sobretudo do professor em seu dia a dia na sala de aula. A inserção da obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena na LDB reforça dois mecanismos jurídicos oriundos do Conselho Nacional de Educação: o Parecer CNE/CP nº 03 e a Resolução CNE/CP nº 1, ambos de 2004. Porém, não é possível improvisar, é preciso que os estabelecimentos e os sistemas de ensino dialoguem com os grupos do Movimento Negro e de outros movimentos sociais a fim de trabalharem em conjunto na elaboração e avaliação de pedagogias antirracistas, que respeitem e incentivem todas as pessoas a uma mudança sistemática de postura em relação a aceitação do outro. Assim sendo, como aponta o Parecer CNE/CP nº 3/2004, a Educação de qualidade requer mudanças de discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras; implica justiça e iguais direitos sociais, civis, culturais, econômicos e a valorização da diversidade naquilo que se distingue o negro e o indígena dos outros grupos que compõem a população brasileira (SILVA, 2008, p.28). Na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, integrada por Filosofia, Geografia, História e Sociologia, a competência específica de nº 5 da BNCC (p.564) 7 objetiva: Reconhecer e combater as diversas formas de desigualdade e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos. O exercício de reflexão, que preside a construção do pensamento filosófico, permite aos jovens compreender os fundamentos da ética em diferentes culturas, estimulando o respeito às diferenças (culturais, religiosas, étnico- raciais etc.), à cidadania e aos Direitos Humanos. Para a realização desse exercício, é fundamental abordar circunstâncias da vida cotidiana que permitam desnaturalizar condutas, relativizar costumes, perceber a desigualdade e o preconceito presente em atitudes, gestos e silenciamentos, avaliando as ambiguidades e contradições presentes em políticas públicas tanto de âmbito nacional como internacional. A Educação voltada para as relações étnico-raciais deve se fundamentar na construção de um projeto de sociedade comum a todas e todos, onde prevaleça a troca de conhecimentos e a quebra de desconfianças entre brancos, negros e indígenas. A ideia não é de incitar uma disputa racial, mas garantir os mesmos direitos a todas e todos os cidadãos brasileiros. Essa Educação implica uma reeducação das relações sociais, o que é papel não só da escola, mas também de toda a sociedade. No entanto, a escola tem a função preponderante de zelar pela constituição plena do ser, em sua integralidade, e nenhum ser pode se constituir de forma integral discriminando e sendo discriminado. Para ser bem-sucedida na Educação para as relações étnico-raciais, a escola, além de desconstruir o racismo e combater a discriminação, tem que planejar suas ações com vistas a garantir que as temáticas da diversidade étnico-racial estejam presentes no cotidiano escolar. No Brasil, há uma multiplicidade cultural formada por várias etnias e raças. A formação da identidade nacional tem origens africana, europeia e indígena, o que resulta numa gama de cores e complexidade. Alguns eixos são fundantes na Educação para as relações étnico-raciais: a construção da identidade do e da estudante, o currículo escolar, a formação do(a) professor(a), a formação da gestão e dos(as) profissionais de Educação, a elaboração do material didático, a avaliação institucional e o projeto político pedagógico. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que o professor é a chave mestra no contexto educacional, não importa os cursos de capacitação realizados. Na perspectiva da educação escolar, as práticas cotidianas podem determinar tanto a manutenção e reprodução de preconceitos, quanto a mudança de paradigmas e a construção de novos valores a partir do respeito às diferenças e da promoção da igualdade. Os estudos e reflexões proporcionados pela gestão e especialistas se ao adentrar na sala de aula o professor não praticar seus conhecimentos. O aluno encontra-se a mercê do professor e são os seus direcionamentos que irão nortear sua visão e consequentemente suas ações. Portanto faz se necessário uma boa formação teórica, mas sobretudo uma formação ética e de cidadania para que o profissional da educação reconheça a importância não só de seu discurso como de suas atitudes e postura mediante seu aluno. E assuma este papel de formação de adolescentes e jovens em um contexto multicultural, multiétnico, plural, diverso e execute o seu trabalho de forma que irá florescer e frutificar. 9 REFERÊNCIAS BORGES, Elizabeth Maria de Fátima. A inclusão da história e da cultura afro-brasileira e indígena nos currículos da educação básica. Vassouras. v. 12. n. 1. p. 71-84. 2010. Disponível em: https://www2.olimpiadadehistoria.com.br/vw/1IN8l5YjrMDY_MDA_606d5_/05A_Inclu saodahistoriaculturaafro.pdf Acesso em: 16. out. 2020. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília, DF, p. 1-37, 2004. Disponível em: http://portal.inep.gov.br/informacaodapublicacao//asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/d ocument/id/488171 Acesso em: 16. out.2010. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF. 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/historico/BNCC_EnsinoMedio_embaix a_site_110518.pdf Acesso em: 16. out. 2020. KAHN, Marina; FRANCHETTO, Bruna. Educação indígena no Brasil: conquistas e desafios. Em Aberto, Brasília, n.63, p. 5-9, jul./set. 1994. Disponível em: http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/941/846 Acesso em: 18. out. 2020. Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Diário Oficial da União, DF. 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007- 2010/2008/Lei/L11645.htm Acesso em: 16. out. 2020. MARQUES, Ana José. Políticas públicas e gestão da educação para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana: percepções de gestores e gestoras do Ministério da Educação – MEC. 2010. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília. SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2010. https://www2.olimpiadadehistoria.com.br/vw/1IN8l5YjrMDY_MDA_606d5_/05A_Inclusaodahistoriaculturaafro.pdf https://www2.olimpiadadehistoria.com.br/vw/1IN8l5YjrMDY_MDA_606d5_/05A_Inclusaodahistoriaculturaafro.pdf http://portal.inep.gov.br/informacaodapublicacao/asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/id/488171http://portal.inep.gov.br/informacaodapublicacao/asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/id/488171 http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/941/846 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm
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