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BIOQUÍMICA II - Endocrinologia Bioquímica (Resumo Baynes 4ªEd)

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Amanda Wernke - XXXVII 
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Endocrinologia Bioquímica (Resumo Baynes – capítulo 39) 
Introdução: O sistema endócrino é o principal meio de regulação de uma 
ampla faixa de funções, incluindo crescimento, desenvolvimento, reprodução, 
muitos aspectos homeostáticos e respostas a estímulos externos e estresses 
crônicos. 
Hormônios: São substâncias produzidas por glândulas ou grupos de células 
particulares e que desencadeiam respostas a partir de células ou órgãos 
distantes. São considerados então, mensageiros internos. Classicamente eles 
provêm do sangue e são considerados hormônios endócrinos. No entanto, 
alguns atuam localmente em células ao redor de sua célula de origem, 
conhecidos como hormônios parácrinos, ou na própria célula que os produz, e 
são conhecidos como autócrinos. 
Tipos de Hormônios: Os hormônios quimicamente mais simples são os 
aminoácidos modificados, como a adrenalina, outros são polipeptídios que 
variam muito de tamanho, desde tripeptídeos, como o TRH, até glicoproteínas 
complexas como o LH. Os hormônios peptídicos menores são sintetizados por 
pró-hormônios peptídicos. Outros hormônios se originam da modificação de 
lipídeos simples, como o colesterol ou ácidos graxos. 
 
Os hormônios são conhecidos por serem secretados por glândulas sem ducto 
(endócrinas), como a tireóide, adrenais e a pituitária . Mas eles também podem 
ser produzidos em pequenos grupos celulares ou de um tipo celular espalhado 
em um grande órgão. 
Princípios da Ação Hormonal: 
 
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Acoplamento da Liberação Hormonal a um Estímulo Relevante: Alguns 
hormônios funcionam para transmitir ao corpo informações ambientais 
importantes, enquanto outros estão mais relacionados com a calibração de 
processos metabólicos envolvidos na manutenção da homeostase. Em ambas 
situações é essencial que haja um tradução efetiva da magnitude do estímulo 
na quantidade de hormônio liberado, sendo que isso depende o estímulo. 
Muitos processos endócrinos são controlados por neurônios e o nível de 
secreção de hormônio por esses neurônios é frequentemente determinado por 
complexos sinais de entrada sinápticos de várias partes do cérebro, assim 
como pela sensibilidade aos metabólitos circundantes e hormônios. 
Retroalimentação Negativa: Essa é a principal característica do sistema 
endócrino. Isso significa que a resposta induzida pela ação de um hormônio 
retroalimenta a inibição do nível de sua produção. O efeito disso é a atenuação 
das flutuações no processo controlado pelo hormônio, acentuando a 
estabilidade desse complexo e, consequentemente, da homeostase. Alguns 
processos endócrinos, principalmente os controlados pelo hipotálamo, 
apresentam um ritmo distinto. Isso é determinado pelo produto líquido dos 
sinais de entrada neurais para os neurônios secretórios relevantes, e, nessa 
situação, a retroalimentação negativa serve alternativamente para suavizar as 
alterações do perfil hormonal e prevenir instabilidades de curta suração. 
A retroalimentação positiva se refere a um maior estímulo de produção ou 
liberação hormonal pela resposta que ele provoca. Essa alça de alimentação 
por “empuxo” é inerentemente instável e leva ao aumento rápido e exponencial 
no nível do sinal. Ela é muito mais rara, mas exerce um papel importante em 
alguns processos que requerem um ajusto de tempo precioso, como o pico do 
hormônio luteinizante que aciona a ovulação. 
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Tradução do Sinal no Tecido Alvo: Os hormônios atuam pela ligação com 
receptores específicos, tanto na superfície celular, quanto dentro da célula alvo. 
Muitos hormônios e peptídeos semelhantes a aminas atuam via receptores que 
são proteínas intrínsecas da membrana plasmática. Esses hormônios não 
podem atravessar a membrana e atuam via receptor acoplado a uma proteína 
G, enquanto alguns receptores maiores atuam via receptores de tirosina cinase 
(ex.: insulina e IGF-1) ou receptores semelhantes a citocinas (ex.: leptina e 
hormônio do crescimento). Ao contrário ocorre com os hormônios lipídicos, 
incluindo os esteroides, alguns derivados de ácidos graxos e tri-iodotironina, 
que tem propriedades físico-químicas em comum com os esteroides, que 
entram na célula antes de se ligarem com seus receptores. Estes são 
conhecidos como receptores hormonais nucleares, eles geram alterações de 
padrões de expressão gênica. 
Desligando o Sinal Hormonal: os níveis hormonais só são sinais fisiológicos 
úteis se também houver uma via efetiva de desativação dos seus sinais. Essa 
inativação hormonal geralmente ocorre por uma via adicional. A degradação 
pode ocorrer no plasma, em órgãos como o fígado e em tecidos alvo após a 
internalização do hormônio mediada pelo receptor. A taxa de eliminação varia 
muito, e a medida de concentrações urinárias dos hormônios pode ser utilizado 
para diagnóstico. 
Proteínas Carreadoras e Hormônios Livres: Muitos hormônios pequenos ou 
hidrofóbicos são transportados no plasma ligados a proteínas carreadoras, 
como a tiroxina e o cortisol, que são transportados por TBG e CBG, 
respectivamente. Essas proteínas aumentam a meia vida dos hormônios que 
seriam rapidamente eliminados pelo fígado ou rins. Por isso pode haver ua 
diferença nos níveis de hormônios plasmáticos totais ou hormônios plasmáticos 
“livres”, esses últimos são geralmente a forma ativa, e eles que devem ser 
medidos. 
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Metabolismo Local dos Hormônios nos Tecido-Alvos: Outra característica 
de alguns processos endócrinos, particularmente aqueles que envolvem os 
hormônios esteroides, é o metabolismo local dos hormônios e pró-hormônios 
próximos de seus respectivos receptores. Isso pode envolver a conversão de 
um hormônio circundante em uma forma mais potente ou a criação de um 
hormônio ativo a partir daquele que é efetivamente um pró-hormônio circulante. 
 
Vários Hormônios Podem Controlar um Processo ou um Hormônios Pode 
Controlar Vários Processos: Um exemplo disso é: quatro hormônios estão 
envolvidos na concentração plasmática da glicose. Ou, um único hormônio, 
como a testosterona, pode influenciar em uma série de processos metabólicos. 
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Avaliação Bioquímica na Ação Hormonal: Os testes laboratoriais dos 
processos endócrinos têm como objetivo determinar se um sistema está 
funcionando anormalmente e localizar o defeito. Mais comumente os níveis de 
hormônios são determinados por imunoensaio. A presença da retroalimentação 
negativa significa que o sistema tentará corrigir as perturbações nos níveis do 
hormônio efetor com mudanças compensatórias nos níveis dos hormônios 
tróficos. 
 
Nesse tipo de exame deve-se ter cuidado para assegurar uma coleta 
apropriada conforme o hormônio escolhido, se o hormônio é muito instável, 
como muitos peptídicos que exigem que as amostras contenham inibidores de 
proteases, e também se ele é ou não um hormônio de ritmo circadiano. Outro 
cuidado que se deve tomar, é saber se o hormônio é ou não pulsátil, pois nos 
que possuem meia-vida curtas e picos de secreção muito evidentes, as 
medições são frequentemente sem sentido. 
Outra abordagem é a utilização dos testes provocativos. O que significa que os 
níveis hormonais não são medidos somente no repouso, mas também em 
estímulos, que geralmente é uma alta dose de hormônio trófico ou um desafio 
metabólico. 
 
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Principais Tipos de Patologia Endócrina: A autoimunidade contra a tireóide, 
a adrenal e as ilhotas pancreáticas representa mais de 50% das doenças 
autoimunes específicas dos órgãos. A primeira patologia do qual as células 
endócrinas são mais susceptíveis e a destruição autoimune por anticorpos 
glândula-específicos. O segundo grande grupo de doenças é a neoplasia, que 
pode ser maligna ou benigna. As células neoplásicas surgem como clones 
autônomos nas glândulas endócrinas devidoa mutações somáticas nas vias de 
sinalização do fator de crescimento ou nas vias de sinalização acopladas à 
proteína G. Pode produzir uma doença devido a produção excessiva e 
descontrolada de hormônios e dano nas células endócrinas vizinhas. 
O Sistema Regulador Hipotálamo-Pituitária: A glândula pituitária é dividida 
em dois lobos: A pituitária posterior (neuro-hipófise) é embriologicamente parte 
do cérebro e consiste principalmente em neurônios cujos corpos celulares 
estão nos núcleos supraóptico e paraventricular do hipotálamo. É nesses 
corpos que os hormônios são sintetizados e empacotados antes do transporte 
pelos microtúbulos ao longo do axônio na pituitária, onde serão liberados. O 
lobo anterior (adeno-hipófise), representando 80% da glândula, é derivada 
embriologicamente do ectoderma oral e não tem conectividade anatômica 
direta com o cérebro. É visto como um órgão-alvo dos hormônios endócrinos 
liberados dos núcleos hipotalâmicos e transportados da eminência mediana 
pela circulação. 
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O hipotálamo é um centro altamente conectado ao sistema nervoso central , 
ele funciona como um centro integrado que orquestra um numero enorme de 
processos endócrinos e neurais=, carregando estímulos externos relevantes a 
eles. 
 
Hormônios da Pituitária Posterior: Secreta 2 hormônios na corrente 
sanguínea: A ocitocina, é um hormônio peptídico, que estimula a contração do 
músculo liso no útero e na mama, atua no parto e na lactação. A vasopressina 
ou hormônio antidiurético (ADH), um peptídeo cíclico de nove aminoácidos, que 
funciona em associação à excreção e à homeostase da água. 
Hormônios da Pituitária Anterior: Existem 5 eixos endócrinos que passam 
por esse sistema, sendo que três deles formam um sistema endócrino 
complexo de três níveis (hormônio tireoestimulante [TSH], hormônio 
adrenocorticotrófico [ACTH], hormônio foliculoestimulante [FSH] e hormônio 
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luteinizante [LH]). O quarto eixo é um hibrido, pois o hormônio do crescimento 
tanto é um hormônio trófico, como apresenta ações por sí próprio. E o quinto 
eixo medeia a secreção de prolactina, não é um hormônio trófico. 
 
O Eixo Hipotálamo-Pituitária-Tireóide: 
Hormônio Liberador de Tireotrofina (TRH): O TRH é um tripeptídeo 
modificado, liberado de forma pulsátil pelos núcleos hipotalâmicos, e 
transportado à pituitária anterior pela circulação portal. Ele estimula a síntese 
de TSH pela sua ligação com os receptores acoplados à proteína G que estão 
ligados à fosfolipase C. O aumento do IP3 intracelular estimula a liberação de 
cálcio e consequentemente da secreção de TSH. 
Hormônio Tireoestimulante (TSH): É um glicoproteína pequena, que pode 
ser secretada tanto em rítmo circadiano quanto pulsátil, e possui meia vida 
plasmática de cerca de 65 minutos. Esse hormônio atua na glândula tireóide 
por meio de receptores específicos acoplados a proteína G. Mas, nesse caso 
está acoplado a adenil ciclase e, portanto, a proteína cinase A (cAMP). Essas 
proteínas controlam praticamente todos os aspectos da biossíntese e da 
iodotironina, a proteólise da tireoglobulina e a deionização da tiroxina. O TSH 
também estimula o crescimento da glândula tireóide. A ativação de mutações 
somáticas do receptor de TSH é responsável pelo bócio multinodular. A 
retroalimentação ocorre tanto em nível hipotalâmico quanto no pituitário, no 
pituitário T4 e T3 inibem TSH. T3 é biologicamente a forma mais ativa do 
hormônio, é um inibidor retroativo mais potente que T4, e a maior parte da 
inibição retroativa de T4 requer sua transformação em T3. 
Tiroxina (T4) e Tri-iodotironina (T3): A T4 e a T3 são tironinas iodinadas. A 
biossíntese ocorre na superfície da tireoglobulina, a iodinação ocorre após ela 
ter sido secretada para o lúmen folicular. Durante a hidrolise e a subsequente 
deiodinação, o iodeto liberado é conservado e reutilizado. A bioatividade do 
hormônio tireoideano é regulada pelo controle da conversão de T4 em T3 pela 
deiodinação, a qual é medida por três enzimas deiodinases. 
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Cerca de 80-95% do hormônio tireoidiano secretado pela glândula tireóide são 
T4, sendo T3b um componente minoritário. Contudo T3 produzido pela 
deiodinação é a forma biologicamente ativa, então T4 pode ser vista como um 
pró-hormônio. A fração biologicamente ativa de T3 e T4 é no estado livre – não 
ligado à proteina. Essa fração representa menos de 1% do total de T3 e T4. 
Ações Bioquímicas dos Hormônios Tireoidianos: T3 eleva a taxa 
metabólica basal do corpo, a maioria das ações são resultantes da ligação de 
T3 com seus receptores nucleares α e β, que são codificados por genes 
separados, e da alteração das taxas de transcrição gênica nos tecidos-alvo. 
Os hormônios tireoidianos aumentam a utilização de ATP pela elevação da 
atividade da ATPase e aumento do metabolismo oxidativo mitocondrial. A 
lipólise dos tecidos também é estimulada pela ativação dependente de cAMP, 
da lipase sensível ao hormônio, liberando assim ácidos graxos que podem ser 
oxidados para geral ATP usado para a termogênese. Ocorre aumento da 
glicogenólise e na gliconeogênese para balancear o uso de glicose elevados. 
 
 
Distúrbios Clínicos da Função Tireoidiana: Mais de 95% das doenças se 
originam na glândula tireóide, e a maioria delas são de origem autoimune. Os 
anticorpos podem surgir contra diversos componentes da glândula e ocorre 
uma destruição progressiva da glândula tireóide, levando a um hipotireoidismo. 
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Alguns anticorpos se ligam ao receptor de TSH, o que faz diminuir o hormônio 
tireoidiano e o paciente se torna hipotireóideo, com aumento de TSH plamático 
e redução de T4 livre. Mas se os autoanticorpos se ligam e estimulam, eles 
mimetizam o efeito do TSH, interrompendo a alça de retroalimentação 
negativa, produzindo uma secreção tireoidiana excessiva e o paciente passará 
a ser hipertireóideo, com T4 livre plasmática aumentada e TSH diminuido. 
 
 
 
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Eixo Hipotálamo-Pituitária-Adrenal: 
Hormônio Liberados de Corticotrofina (CRH): O CRH é um peptídeo 
secretado pela núcleo paraventricular, ele se liga ao recetor acoplado a 
proteína G das células corticotróficas da pituitária, atuando por meio do 
segundo mensageiro, o cAMP, que estimula a síntese e a secreção de ACTH. 
Um segundo hormônio daquele núcleo, a vasopressina, potencializa a resposta 
da pituitária ao CRH. 
Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH): É sintetizado a partir da pró-
opiomelanocortina (POMC). O ACTH possui 39 aminoácidos com atividade 
biológica nos 24 resíduos N-terminais. Ele é secretado em picos de estresse 
superpostos com um ritmo diurno acentuado, com um rápido aumento de 
produção das 3 horas e uma conventração máximas as 5 horas. Ele é 
trasportado livre e possui meia vida de aproximadamente 10 minutos. Ele 
estimula a produção de hormônios glicocorticoides pela interação com 
receptores das células adrenais acoplados a proteínas G, que estimula a 
produção de cAMP. A retroaliemntação negativa pelo cortisol ocorrem em dois 
espaços de tempo, atuando em nível tanto hipotalâmico quando pituitário. A 
retroalimentação rápida altera a liberação de CRH hipotalâmico e a secreção 
de ACTH mediada por CRH. A retroalimentação lenta resulta da síntese 
reduzida de CRH mais a supressão da transcrição gênica do POMC, que 
resulta na síntese reduzida de ACTH. 
Biossíntese do Cortisol: No homem o cortisol é o principal glicocorticoide, 
sintetizado no córtex adrenal e está sob o controle direto do ACTH pituitário. O 
colesterol é o principal precursor de todos os hormônios esteróides. 
 
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A concentração plasmática de cortisol mostra um rítmo diurno pronunciado, 
sendo cerca de 10 vezes maior às 8 horas do que as 24 horas. 
Aproximadamente 95% do cortisol está ligadoa proteínas, principalmente a 
CBG (globulina ligante do cortisol). À medida que a concentração de cortisol 
aumenta, o percentual de cortisol livre também aumenta, o que significa que a 
ligação ao CBG é saturável. Ele possui uma meia vida de cerca de 100 
minutos, sendo metabolizado no fígado e em outros órgãos pela combinação 
de redução, clivagem da cadeias laterais e conjugação, dando origem a um 
grande número de metabólitos inativos que são excretados na urina. O cortisol 
tem ampla fauxa de metabolismos, na função imunológica, no sistema 
cardiovascular e no esqueleto. Ele possui alta influência na homeostase da 
glicose, sendo um contrarregulador. Ele atua em conjunto com diversos outros 
hormônios, incluindo a insulina e o GH, na regulação do metaboslimo 
intermediário e seus efeitos são bem compreendidos como parte de uma 
resposta endócrina ao estresse fisiológico. Ele também modula o sistema 
imunológico mediante os efeitos de produção de citocinas e o aumento da 
apoptose de leucócitos, efeitos que são mais explorados farmacologicamente 
no uso de glicocorticoides potentes para tratar doenças inflamatórias. Ele 
também favorece o efeito de vasoconstritores como as catecolaminas, 
apresenta efeitos diretos no coração de nos rins, onde acentua a eliminação de 
água e a reabsorção de eletrólitos, e nos ossos, influenciando a sua resposta. 
Disturbios Clínicos da Secreção do Cortisol: A deficiência de cortisol e sua 
causa dependem da apresentação clínica, da dosagem cuidadosamente 
calendarizada do cortisol e do ACTH e do grau de resposta de cortisol ao 
ACTH sintético. A doença de Addison se refere especificamente à falha adrenal 
primária, na qual a secreção de todos os hormônios adrenais se encontram 
diminuidas, devido doença autoimune ou infecção. Bioquimicamente é 
caracterizada por sódio sérico baixo, potássio sérico elevado, acidose e 
reposta de cortisol comprometida com o ACTH sintético, juntamente com a 
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elevação do ACTH plasmático. A substituição de cortisol, geralemnet 
combinada com mineralocorticoides, é um tratamento eficaz para essa 
condição potencialmente fatal. A doença de Adisson pode estar associada a 
um TSH acentuadamente elevado, que se resolve com terapia glicocorticoide. 
As deficiências de CRH e ACTH são raramente isoladas, e geralmente são 
acompanhadas de deficiência de outros hormônios. 
A enzima mais frequentemente afetada é a esteroide 21-hidroxilase, na 
deficiencia total dessa enzima a deficiência de aldosterona e cortisol acarreta 
perda de sais, levando a hiponatremia. Devido a perca da retroalimentação o 
ACTH aumenta, aumentando o substrato 17OHP, que também é convertida em 
andrógenos, e a superprodução deles podem masculinizar a genitalia feminina 
externa antes do nascimento. Defeitos parciais na enzima podem ser 
compensados por níveis elevados de ACTH, consequentemente, isso se 
apresenta em meninas na adolescencia como o hirsutismo e irregularidade 
menstrual. 
Os glicocorticoides exógenos são as causas mais comuns de síndrome de 
Cushing, no entanto essa síndrome também pode resultar de disturbios no 
hipotálamo e na glândula pituitária (cerca de 80%) ou adrenal (cerca de 15%), 
ou ainda, pode ser consequencia da síndrome equitópica do ACTH. O 
execesso de cortisol leva a uma redistribuição do tecido adiposo, com 
depoisção de gordura na face e tronco e a perda de gordura nos membros, 
peda de músculo esquelético, afinamento da pele e cicatrização lenta. O 
excesso de cortisol também leva ao aumento da diabetes e da hipertensão, 
também suprime o eixo hipotálamo-gonadal, visto como perda da menstruação 
na mulheres. A presença de estrias nessa doença se deve ao enfrauecimento 
do tecido conjuntivo dérmico aliado com o tecido adiposo abdominal 
aumentado. Por caua das variação circadiana pronunciada nos níveis séricos 
de cortisol, a medição randômica do cortisol é de pouca utilidade no 
diagnostico. Em seu lugar, o cortisol urinário livre de 24 horas, que fornece uma 
medida da produção total de cortisol ao longo de um dia, é o teste mais 
comum. Níveis significativos sustentados anoite, quando estes geralmente não 
são detectáveis, pode produzir a síndrome de Cushing, já que demonstra um 
ritmo circadiano anormal. 
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A síndrome endógena de Cushing geralmente surge a partir de tumores 
secretórios autonomamente funcionais, o que é um desafio no diagnóstico, por 
surgirem comportamentos variáveis dos tumores em suas evoluções. O sítio 
anatômico do problema pode ser demonstrado por: medições do ACTH, 
cateterização venosa seletiva da pituitária ou das glândulas adrenais e testes 
de supressão da produção de ACTH pela dexametasona. 
Eixo Hipotálamo-Pituitária-Gônadas: 
Hormônio Liberador de Gonadotrofina (GnRH): O GnRH é essencial para a 
secreção de FSH e do LH. Ele é um hormônio decapeptídico sintetizado por 
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vários núcleos hipotalâmicos e secretado por um número relativamente 
pequeno de neurônios do sistema porta para transferência para a pituitária. 
Esse hormônio serve, portanto, como uma conduta razoavelmente estreita para 
a transmissão de sinais reprodutivos centrais, e são vulneráveis a diversas 
patologias. Sua síntese é extremamente pulsátil, ele se mantém quiescente até 
a puberdade, o qual o aumento da frequencia e amplitude dos pulsos 
hipotalâmicos do GnRH são o primeiro estágio mensurável do inicio da 
puberdade. Sua liberação está sujeita a retroalimentação negativa pela 
progesterona, prolactina e, algumas vezes, estrogênio e outros hormônios. 
 
 
 
Hormônio Foliculoestimulante e Hormônio Luteinizante: São secretados 
tanto em homens como em mulheres sob influência do GnRH, eles são 
glicoproteínas. O GnRH é essencial para a secreção de FSH e LH, mas a 
retrorregulação do estradiol e da testosterona, juntamente com os peptídios da 
gônadas como a inibina, têm papel importante na função reprodutiva. A 
retrorregulação por estradiol pode ter efeitos negativos ou positivos, 
dependendo do estágio do ciclo menstrual. A meia vida do LH é de 50 minutos, 
enquando do FSH é de 4 horas. A concentração desses hormônios depende da 
idade e do sexo. 
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Ações do FSH e do LH nos Testículos: Nos homens, a biossíntese da 
testosterona ocorre nas células de Leyding dos tecidos sob influência primária 
do LH, atiando por meio do receptor de LH acoplado a proteína G. Os altos 
níveis de testosterona contribuem com o FSH na promoção da 
espermatogênese. O FSH se liga no seu receptor na célula de Sertoli dos 
testículos. Ele também induz o aumento da síntese de ABP e inibina, sendo 
que a inibina tem papel na alça de retroalimentação negativa do FSH. 
 
Ações Bioquímicas da Testosterona nos Homens: Quase 95% da 
testosterona é produzida nos testículos, e o restante na glândula adrenal. E 
97% está na corrente sanguínea ligada a uma proteina SHBG. Além do papel 
na espermiogênese e na regulação gonadotrófica, os andrógenos induzem o 
desenvolvimento do trato reprodutivo na diferenciação sexual, e também 
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possuem efeitos anabólicos, estimulando a síntese proteica e um aumento na 
massa muscular. 
Disturbios Clínicos da Secreção de Testosterona nos Homens: A falência 
endócrina dos testículos pode ocorre por trauma ou inflamação, ou por falência 
ao nível hipotálamo ou pituitária. A falência gonadal é uma das primeiras 
manifestações da doença pituitária. Uma série de disturbios genéticos também 
manifestam falência gonadal, como síndrome de Klinefelter e síndrome de 
Kallmann. 
 
O excessi de andrógeno nos homens só é visto na puberdade precoce, que é 
uma condição rara que pode resultar na maturação antecipada do eixo 
hipotálamo-pituitária-gônadas. 
Ações do FSH e LH no Ovário: Na mulher o FSH promove a síntese do 
estradiol nas células granulosas,levando a maturação folicular, enquanto o LH 
leva à ruptura do folículo e à liberação do óvulo. O folículo rompido se 
transforma em corpo lúteo, que secreta a progesterona e quantidades menores 
de estradiol. 
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Ações dos Hormônios Esteróides na Mulher: Em ciclo menstruaç normal, a 
progesterona é de utilidade diagóstica particular. O estradiol junto com outros 
hormônios, como o IGF-1, é responsável pelo crescimento corporal linear, 
desenvolvimento das mamas e pela maturação do trato urogenital e a forma do 
corpo feminino. Na vida adulta o estradiol e a progesterona mantêm a função 
das mamas, e o estradiol tem papel importante na preservação da densidade 
mineral óssea. 
 
Disturbio na Secreção de Esteróides na Mulher: Podem resultar em uma 
ampla faixa de disturbios no hipotálamo, na pituitária ou no ovário. A falência 
dos ovários pode ocorrer devido a dano ou disfunção dos próprios ovários, ou 
pelos defeitos em nível hipotalâmico ou da pituitária. O disturbio genético mais 
comum nas mulheres, que afeta os ovários, é a sindrome de Turner. A 
secreção excessiva de esteróides ovarianos levam à puberdade precoce em 
crianças e à infertilidade e/ou hirsutismo nos adultos. N mulher madura a 
síndrome do ovário policistico pode levar a infertilidade e/ou hirsutismo. 
Eixo do Hormônio de Crescimento: 
O Hormônio Liberador do Hormônio de Crescimento (GHRH) e a 
Somatostatina: É um peptídeo e se liga no seu receptor nas células 
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somatotrópicas pituitárias e induz os sistemas da adenilato ciclase e cálcio-
calmodulina intracelular a estimular a transcrição e secreção do GH a partir da 
pituitária anterior. A retroalimentação negativa do GH e do IGF-1 resulta em 
diminuição na síntese e na secreção de GHRH e aumento na síntese e na 
secreção da somatostatina. Essa também é um hormônio peptídico, e inibe o 
GH. Ela também inibe a produção de insulina, TSH, glucagon e gastrina. 
Hormônio do Crescimento: A maior secreção do GH ocorre em crianças e 
adultos jovens, principalmente durante o sono (picos de secreção de 3 a 4 
horas). Ele está no plasma associado a uma proteína que aumenta sua meia 
vida em até 20 minutos. Diversos outros fatores além do GHRH e da 
somatostatina podem influenciar no GH, como outros hormônios (estradiol) e 
metabólitos energéticos (glicose). Algusn agentes farmacológicos também 
agem no GH, mas esses atingem nívies hipotalâmicos e de centros superiores. 
O GH possui muitas ações, sendo que as ações diretas são nos metabolismos 
de lipídios, carboidratos e proteínas. Durante a hipoglicemia ele induz a lipolise 
e induz a resistência periférica à insulina, para poupar o uso da glicose e deixa-
la para uso do cérebro. Durante o crescimento o GH estimula a captação de 
aminoácidos e sua incorporação em proteínas, essencialmente nos musculos. 
As ações indiretas são mediadas por IGF-1, sendo que essas induzem a 
proliferação de condrócitos e a síntese da matriz cartilaginosa nos tecidos 
esqueléticos. 
 
Fator de Crescimento Semelhante a Insulina tipo 1 (IGF-1): Esse é o mais 
dependente de GH, dentre vários fatores de crescimento. Ele é um peptídio 
básico, sendo produzido em muitos tecidos cujo crescimento é então 
estimulado, ou seja, ele atua como um hormônio parácrino. O fígado é a 
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principal fonte de IGF-1, cuja principal função é a inibição por retroalimentação 
da secreção do GH. No plasma ele está complexado com uma proteína 
IGFBPs, e ele trabalha por meio de um receptor IGF-IR. Ele possui muitas 
relações com a insulina. 
Disturbios Clínicos da Secreção de GH: A deficiência de Gh em crianças é 
uma das diversas causas de estatura baixa, enquanto o excesso de GH em 
crianças leva ao gigantismo e, nos adultos, à acromegalia. O principal 
tratamento é a reposição hormonal. O excesso de GH geralmente se dá por 
tumor na pituitária. 
 
 
Eixo da Prolactina: 
Dopamina: É um inibidos da secreção de prolactina. A prolactina é o único 
hormônio pituitário predominantemente sob controle inibitório do hipotálamo. E 
o agente controlador é a dopamina. 
Prolactina: Pode auxiliar o crescimento mamário e a formação do leite em 
associação a outros hormônios relacionados com a gravidez. Ela é uma 
proteína homóloga ao GH, com papel na gravidez. Ela se liga ao receptor no 
tecido mamário e estimula a síntese das porteínas do leite. Sua ação também 
inclui bloqueio da ação do FSH e aumento nos níveis de progesterona, pela 
inibição de enzimas metabólicas de esteróides. 
Amanda Wernke - XXXVII 
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Distúrbios Clínicos da Secreção de Prolactina: Hiperprolactinemia pode 
resultar de tumor pituitário secretor de prolactina, de um suprimento deficiente 
de dopamina ou uso de fármacos antidopaminérgicos. Na mulher pode levar a 
irregularidade menstrual e galactorreia. Quando a prolactina sérica está 
aumentada, geralmente é diagnóstico de prolactinoma. A hiperprolactinemia no 
homem pode causar impotência e hiperplasia prostática.

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