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Usuários e Profissionais – manifestam distintos olhares e expectativas: └ Usuários: Tratamento que não se resuma apenas ao procedimento técnico, mas signifique, sobretudo, uma ação integral de significados e sentidos voltados para a compreensão de suas necessidades; └ Profissionais: Tratamento assume um caráter meramente técnico e impessoal. No universo consensual de usuários e profissionais, o ato de cuidar guarda o mesmo sentido e significado. Para ambos, a representação se alinha à ideia de uma ação mediada por uma relação ética, sensível, solidária, afetiva e compromissada com uma assistência humanizada. Tratar: cuidar, controlar, tornam-se posturas limitadas. └ Relação estática, individualizada e individualizante, objetificadora, enfim, dos sujeitos-alvo de nossas intervenções Cuidar: no sentido de um "tratar que seja". └ Passa pelas competências e tarefas técnicas, mas não se restringe a elas └ Atua mais ricamente que tratar, curar ou controlar aquilo que deve ser a tarefa prática da saúde. A palavra cuidado é oriunda do latim cogitare, pensar, ter cautela"; significa, entre outras coisas, atenção e precaução; └ Cuidar é presença, solicitude e preocupação; └ É um ato de responsabilidade que o profissional exibe, quando incorpora os princípios e valores do cuidado. └ Há um envolvimento genuíno ao entender, respeitar e ajudar o ser que se encontra vulnerável. Como surge, no encontro de sujeitos no e pelo ato de cuidar, os projetos de felicidade, de sucesso prático, de quem quer ser cuidado? Que papel temos desempenhado nós, os que queremos ser cuidadores, nas possibilidades de conceber essa felicidade, em termos de saúde? Que lugar podemos ocupar na construção desses projetos de felicidade que estamos ajudando a conceber? Cuidar da saúde de alguém é mais que construir um objeto e intervir sobre ele; Para cuidar se faz necessário considerar e construir projetos; É importante saber qual é o projeto de felicidade que está ali em questão; A atitude de cuidar não pode ser apenas uma pequena e subordinada tarefa parcelar das práticas de saúde; A atitude "cuidadora" precisa se expandir mesmo para a totalidade das reflexões e intervenções no campo da saúde. O diálogo como ferramenta que potencializa os encontros e a produção do cuidado (os desejos). O desejo é imanente à produção, busca criar o novo, conexões, força de invenção. É constitutivo do ser ... no sentido de que "o pior das amarras normativas é a anulação do desejo". "...uma ideia de desejo não apenas no sentido de uma força que impulsiona o psiquismo, mas sim uma força produtiva e criativa promotora de encontros, estando atrelada a outras forças animadoras do social, histórico, do natural”. DESEJOS Meu único desejo, meu tema musical, meu diamante é a educação (Rubem Alves). Esta é a regra fundamental desse computador que vive no corpo humano: só vai para a memória aquilo que e objeto do desejo. A tarefa primordial do professor: seduzir o aluno para que ele deseje e, desejando, aprenda (Rubem Alves). "O corpo deve ser entendido como uma multiplicidade, não é apenas anátomo- clínico, isto seria uma grande simplificação” (Franco e Galavote, 2010). Clínica Ampliada: └ Identificar as potências e vulnerabilidades "O Cuidado se constrói sempre em relação com o outro, seja um trabalhador ou o usuário." (Franco & Merhy, 2013) Diagnóstico: princípio universalizante, supõe alguma regularidade e produz uma igualdade. Cada paciente é único: Mas "Cada caso é um caso. Por exemplo: se a pessoa com hipertensão é deprimida ou não, se está isolada, se está desempregada, tudo isso interfere no desenvolvimento da doença. O que é singular: Na clínica adequada, é preciso saber, além do que o sujeito apresenta de "igual", o que ele apresenta de "diferente, de singular, inclusive um conjunto de sinais e sintomas que somente nele se expressam de determinado modo. Busca integrar várias abordagens para possibilitar um manejo eficaz da complexidade do trabalho em saúde, - transdisciplinar e, portanto, multiprofissional. Discute a fragmentação do processo de trabalho para que se possa falar dos temas e atividades não-restritas à doença ou ao núcleo profissional. Traz os elementos fundamentais para uma participação proativa das pessoas usuárias em sua atenção, que recolhe e acolhe seu grau de confiança em cumprir as metas definidas e que permite um monitoramento conjunto desse plano. Nessa forma de relação entre a equipe da ESF e as pessoas usuárias não há mais prescritores, de um lado, e receptores passivos, pacientes portanto, de outro. Equipe de saúde e pessoa usuária atuam cooperativa e pro-ativamente na elaboração, monitoramento e avaliação do plano de cuidado, ao longo do tempo. É o Plano de Cuidado que coloca a pessoa como centro da atenção à saúde É elaborado conjuntamente pela equipe (discente, docentes, outros profissionais) e a pessoa (dependendo do caso, se faz necessário a participação de um familiar ou alguém da rede social). COMO CRIAR O PLANO DE CUIDADO? Diagnóstico físico, psicológico e social: └ Sinalizar a condição de saúde do paciente, potencialidades e vulnerabilidades. Explicitação das intervenções de curto, médio e longo prazo: └ Estabelecer as intervenções, conforme estabelecido no Protocolo da Clínica, classificando o que é de curto, médio e longo prazo. Definição dos responsáveis: └ Identificar o responsável por cada ação/meta Elaboração conjunta das metas: └ Construir as metas (o que será feito) juntamente com o paciente) Ex.: quantas e quais unidades dentárias serão restauradas, quantas e quais atividades de educação em saúde, consultas para avaliação, e outras metas. Definição dos passos para alcançar essas metas: └ Ex.: realizar atividade de orientação e escovação no Espaço visando contribuir para a redução do ISG melhoria da S. Bucal) - outras metas Identificação dos obstáculos ao alcance das metas: └ Ex.: a paciente tem dificuldade em usar o fio dental, e diz que já tentou, mas não conseguiu estabelecer esse hábito) - outras metas. Ações para superar esses obstáculos: └ Quais ações podem ser realizadas para superar o exemplo citado? Suporte e recursos necessários para alcançar as metas: └ Ex.: paciente precisa de uma avaliação médica pelo SUS: nesse caso se faz necessário o suporte da equipe da ESF no território. Estabelecimento do nível de confiança da pessoa para alcançar as metas*: └ "Numa escala de 0 a 10, qual a sua confiança em realizar as práticas necessárias a sua saúde (bucal), sendo 0 a ausência de confiança e 10, a máxima confiança?" – outras metas. Monitoramento conjunto das metas ao longo do tempo: └ Como será esse monitoramento por parte do CD & do paciente? ENFOQUE DO PLANO DE CUIDADO Um Plano de Cuidado deve ter três atributos: └ Enfoque no trabalho em equipe └ Participação proativa das pessoas └ Suporte de um sistema de informações eficaz. Educação em saúde: └ Objetivo: desenvolvimento da autonomia do paciente, fomentar o autocuidado/cuidado de si e a mudança de hábitos └ As ações de Educação em Saúde e Promoção da Saúde devem compor o Plano de Cuidados └ A partir da identificação das Vulnerabilidades e agravos do paciente └ Utilizar Metodologias participativas └ Linguagem adequada