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Hemodinâmica A circulação sanguínea tem diversas f unções, tais como o transporte de diversos nutrientes, regulação de processos vitais e proteção contra doenças. A intensidade do fluxo sanguíneo será regulada pela necessidade de nutrientes no tecido. No sistema circulatório circula o sangue, um líquido viscoso não newtoniano (por não s er homogêneo e apresentar diferentes segmentos, dependendo da sua viscosidade) composto por água (92%), solutos, proteínas e células. Uma pressão considerável deve ser aplicada ao sangue para fazê -lo fluir ao longo dos vasos sanguíneos em velocidades suficientes para satisfazer as necessidades dos tecidos. O volume sanguíneo de uma pessoa varia de 5 a 6 litros. O sangue sai do ventrículo esquerdo por um único vaso de grande calibre, a aorta, que se ramifica repetidamente para formar minúsculos vasos capilares. O padrão de ramificação aumenta a área de secção transversal e a velocidade do fluxo sanguíneo cai proporcionalmente. Pequenas veias se fundem para formar veias maiores, com cada fusão diminuindo a área total de secção transversal do sistema. A velocidade do sangue aumenta proporcionalmente. O fluxo sanguíneo é determinado pela velocidade – distância que uma partícula percorre em um determinado tempo – e fluxo – deslocamento de um volume de fluido em um determinado tempo. Outro f ator determinante é a diferença de pressão sanguínea entre as duas extremidades do vaso e a resistência vascular. Quem determina a velocidade do fluxo s anguíneo é a diferença de pr essão entre as extremidades do vaso e não a pressão absoluta do interior do vaso. Como o mesmo fluxo de volume de sangue (Q) deve passar por todo segmento da circulação a cada minuto, a velocidade do fluxo sanguíneo (v) é inversamente proporcional à área de secção transversa (A). V=Q/A De acordo com a forma, quanto maior a área de secção de tr ansversa, menor a velocidade do fluxo sanguíneo. Da mesma forma que um aumento da viscosidade diminui o fluxo sanguíneo. • As artérias transportam o sangue em alta pressão • As arteríolas fazem o fluxo diminuir para aproximadamente 35 mmHg para sua passagem através dos vasos capilares • As veias são condutos de baixa pressão -Raio do vaso: é o determinante primário da resistência vascular. As paredes das pequenas artérias e arteríolas se contraem e relaxam como uma forma de controlar o fluxo. Uma vez que o fluxo é proporcional ao raio na quarta potência, uma alteração de duas vezes no raio promove uma alteração de 16 vezes no fluxo. Mariana Ap. G. S. Pereira TXXIX -Viscosidade do sangue: o sangue é um líquido complexo, cuja viscosidade varia com o fluxo. A viscosidade de um líquido é medida em relação à água. As células, principalmente as hemácias, têm o maior impacto, com a viscosidade aumentando a uma velocidade mais do que exponencial com o hematócrito. -Hematócrito: o hematócrito mede a porcentagem do volume total do sangue que é ocupada pelas hemácias. Os valores normais para o hematócrito variam entre 41 e 53% para homens e 36 e 46% para mulheres. A proporção de hemácias para plaquetas é muito maior. Logo, são as hemácias que dão a característica de viscosidade ao sangue. Se a hemácia quem dá a viscosidade e é quem compõe um hematócrito, uma pessoa anêmica terá seu hematócrito baixo e sua viscosidade também. Já uma pessoa com policitemia terá uma viscosidade e resistência maior. Sendo assim, quanto maior o hem atócrito, maior a viscosidade -Resistência ao fluxo: as hemácias aumentam a resistência ao fluxo por sofrerem atrito contra as paredes dos vasos. A diferença de pressão é diretamente proporcional ao fluxo sanguíneo. Sendo assim, quanto maior o fluxo sanguíneo, maior a pressão arterial. O Fluxo laminar ou turbulento O fluxo laminar flui de forma estável e uniforme no vaso sanguíneo, se organizando em linhas correntes. Além disso, sua porção central permanece no centro, sem se misturar. É um fluxo fisiológico e sem som. O fluxo turbilhonar é o sangue que flui em todas as direções e vai se misturando continuamente com o seu interior. Ele flui perpendicularmente e longitudinalmente. Tem som e é patológico. • Número de Reynolds: medida de tendência de turbilhonamento. Dessa forma ele irá determinar se um fluxo é laminar ou turbilhonar, sendo: → Abaixo de 2000 – laminar; → Acima de 3000 – turbulento; → Entre 2000 e 3000 – transição entre o fluxo laminar para o fluxo turbilhonar. Os defeitos congênitos e patológicos das valvas cardíacas s ão causas com uns de turbulência. A valva aórtica está localizada em uma região de alta pressão e alta velocidade do sistema circulatório, onde está sujeita à constante desgaste. Já que a velocidade do sangue é inversamente pr oporcional à viscosidade e ao hematócrito, a anemia Também pode aumentar a probabilidade de turbulência. Seja anemia fisiológica (gestação) ou patológica. Microcirculação É na microcirculação que ocorre a principal função do sistema circulatório, o transporte de nutrientes para os tecidos e a remoção dos produtos da excreção celular. Cada tecido irá controlar seu fluxo sanguíneo de acordo com suas necessidades. As paredes dos capilares são formadas por células endoteliais muito permeáveis, fazendo que haja um rápido e fácil intercâmbio de água, nutrientes e excremento celulares entre os tecidos e o sangue circulante. o Arteríolas:têm diâmetros internos de 10 a 15 micrômetros. - Se ramificam de novo por mais duas a cinco vezes, atingindo diâmetros de 5 a 9 micrometros em suas porções terminais, de onde suprem o sangue para os capilares. - Forte parede muscular, podendo altera, por muitas vezes, seu diâmetro. - Constituem um sistema de controle = alta capacidade de alterar o fluxo dos capilares em resposta a necessidade do tecido. • Ex: ênica (quando tem aumento da parede da arteríola devida a alta pressão): leva a vasoconstrição • Diminuição de oxigênio, aumento de CO2, de hidrogênio, de potássio: leva a vasodilatação • Moléculas parácrinas de sinal (óxido nítrico, histamina, adenosina, endotelinas): levam a vasodilatação e vasoconstrição • Controle reflexo nervoso e hormonal (= vasoconstrição; adrenalina sobre os receptores beta 2 = vasodilatação; angiotensina 2 = vasoconstrição) • Dependendo da situação em que se encontra o metabolismo local, e das substancias liberadas, elas farão vasodilatação ou vasoconstrição. - Possuem esfíncteres pré-capilares (distribuídos na arteríola e metarteríolas) que se contraem ou relaxam, controlando o fluxo sgneo que chegará aos capilares. o Metarteríolas: - Ou arteríolas terminais - Não tem revestimento muscular contínuo. - São vasos que emergem de uma arteríola e supre de 10 a 100 capilares que constituem o leito capilar. o Capilares: - Fluxo de sangue nos capilares é interminente (não ocorre de modo contínuo). Isso se deve para o fenômeno chamado de VASOMOÇÃO/VASOMOTILIDADE = contração intermitente das arteríolas, metarteríolas e dos esfíncteres pré-capilares (Sistema nervoso autônomo) • Fator de regulação mais importante é a concentração de oxigênio nos tecidos. Consumo intenso de oxigênio pelos tecidos → [oxigênio] cai abaixo do normal → períodos intermitentes de fluxo sgneo capilar ocorre com maior frequência Tipos de capilares: • Capilares contínuos: membranas plasmáticas das celulas endoteliaisque formam um tubo contínuo. Encontrados nos músculos esqueléticos, lisos e pulmões. • Capilares fenestrados: membrana plasmática com pequenos orifícios. A difusão ocorre com maior facilidade. Encontrados nos rins, intestino delgado e glândulas. • Capilares sinusóides: com membrana basal incompleta possuindo fendas intercelulares muito grandes. Encontrados no fígado e medula óssea. Tipos de trocas a nível de capilares: • Difusão: mistura aleatória de partículas que ocorrem em uma solução, como resultado da energia cinética das partículas. • Transcitose: nesse processo substancias, no plasma sanguíneo, são incluídas em pequenas vesículas que, primeiro, entram para a célula endotelial, por endocitose, e em seguida saem do outro lado por exocitose. • Fluxo de massa (filtração e reabsorção): é um processo passivo pelo qual grande número de íons, moléculas ou partículas estão dissolvidos, ou em suspensão, em líquido, todos movendo na mesma direção em resposta a pressão. • Filtração: é o movimento impulsionado por pressão do líquido e dos solutos dos capilares sanguíneos para o líquido intersticial. • Reabsorção: é o movimento impulsionado por pressão, do liquido intersticial para os capilares sanguíneos. - Quando a filtração é muito maior que a reabsorção = há aumento anormal do volume de líquido intersticial (EDEMA) oVênulas: são maiores que as arteríolas e tem revestimento muscular muito mais fraco. - A pressão nas vênulas é muito menor que nas arteríolas, de modo que as primeiras ainda podem se contrair, de forma considerável, apesar da fraca musculatura. Hemodinâmica parte 2 o O termo designa os princípios que governam o fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular o Conceitos de fluxo, pressão, resistência e capacitância ao fluxo sanguíneo para o coração e do coração aos vasos sanguíneos. o Fatores que afetam a circulação: 1. Velocidade do fluxo sanguíneo = quantidade de sangue que passa no ponto da circulação, em dado período de tempo 2. Volume do fluxo sgneo = DC é o volume sgneo que cada minuto circula pelo vaso sgneo sistêmico. 3. Pressão sgnea = força exercida pelo sg contra qualquer unidade de área da parede vascular 4. Resistência = impedimento ao fluxo sngeo por um vaso, que depende do: a) raio médio do vaso; b) viscosidade do sg; c) comprimento total do vaso sgneo. 5. Retorno venoso = volume de sg que flui de volta ao coração pelas veias sistêmicas, depende da diferença de pressão entre as vênulas e o VD. o Fluxo sgneo = determinado pelas diferenças de pressões entre as 2 extremidas, sobre a resistência vascular. - Fluxo laminar = partículas deslizam em linha reta - Fluxo turbulhonar = perda da energia entre choque das partículas e parede do vaso – fluxo fica menos eficiente Há dois tipos de força importante: absorção – resultante de força do interstício para o capilar – e a filtração. A filtração do líquido pelos capilares é determinada pelas pressões oncóticas e hidrostáticas. A pressão hidrostática nos capilares tende a forçar o líquido e as substâncias dissolvidas nele ir do capilar para os espaços intersticiais, através dos poros. É uma pressão que empurra, logo, a resultante será uma força resultante de filtração, que será sempre do capilar para o interstício. A pressão oncótica, gerada pelas proteínas, faz com que o líquido se movimente por osmose dos espaços intersticiais para o s angue. Essa pressão impede a perda de líquido excessiva do sangue para os espaços intersticiais. Vai no sentido do interstício para o capilar, ela puxa o líquido para o capilar, absorve. A pressão oncótica é semelhante a pressão osmótica, onde a albumina, por exemplo, é uma proteína negativa por ter cloreto na sua estrutura e tende a puxar água por se ligar ao s ódi o ao tornar o meio hipertônico. A pressão oncótica será maior no capilar, então, a força resultante é a absorção. A pressão hidrostática capilar será maior na filtração. Regulação local e humoral Um dos princípios mais fundamentais da função circulatória é a capacidade de cada tecido controlar seu próprio fluxo sanguíneo de acordo com a sua necessidade metabólica – necessidade de oxigênio, glicose, remoção de hidrogênio e dióxido de carbono. O fluxo sanguíneo não pode ser grande o tempo tod o, pois acaba sendo maior que o coração pode bombear. O controle local do fluxo sanguíneo pode ser dividido em duas fases: • Controle agudo – realizado por rápidas variações da vasodilatação ou vasoconstrição local das arteríolas, metarteríolas e esfíncteres pré-capilares. Ocorrendo em segundos ou minutos, apenas para permitir a manutenção tecidual local. • Controle a longo prazo – são variações lentas por dias, semenas e até meses. Ocorrem por aumento ou diminuição nas dimensões físicas e no número de vasos sanguíneos que suprem os tecidos. Há quatro mecanismos gerais de controle do sistema circulatório que podem s er reconhecidos: local, central (neural), humoral e endotelial. Todos os tecidos são capazes de regular o seu suprimento sanguíneo por meio do controle local de vasos de resistência. O oxigênio é um dos nutrientes metabólicos mais necessário. Quando sua disponibilidade diminui, como em grandes altitudes ou intoxicação por monóxido de carbono ou cianeto, o fluxo sanguíneo pelo tecido aumenta intensamente. O oxigênio é um limitante. Ex: quando a concentração do oxigênio cai para 25%, o fluxo sanguíneo aumenta por cerca de três vezes. Ou seja, ele aumenta até quase o limiar, mas não o suficiente para compensar a menor quantidade de oxigênio no sangue. Já uma intoxicação por cianeto aumenta em até s ete vezes o fluxo sanguíneo local, sendo um efeito extremo da deficiência do oxigênio. Substâncias vasodilatadoras como adenosina, dióxido de carbono, histamina, potássio e hidrogênio podem ser liberadas em resposta à deficiência do oxigênio. O controle do fluxo sanguíneo local é agudo e rápido. Ele ocorre por uma autorregulação – tecido com baixa de oxigênio sinaliza a liberação de moléculas, como a adenosina, que faz com que musculatura relaxe e aumente o fluxo, da mesma forma que o aumento de oxigênio causa vasocontrição – e mecanismo miogênico – ao aumentar a pressão dentro de um vaso, ele tende a expandir e com a mesma velocidade que expande ela volta por uma força oposta – é a reação em resposta ao aumento da pressão/fluxo nos vasos. Hiperemia é um aumento do sangue circulante num determinado local, ocasionado pela vasodilatação local ou congestão, por exemplo. Ela pode ser ativa ou reativa. • Hiperemia ativa é uma resposta vasodilatadora normal à atividade tecidual aumentada. O aumento do metabolismo local f az com que as células consumam mais nutrientes e de forma mais rápida, liberando substâncias vasodilatadoras. O próprio endotélio libera moléculas vasoativas que são capazes de aumentar ou diminuir a contratilidade dos vasos, principalmente as arteríolas. Ex: os músculos também apresentam hiperemia pós-exercício, um período de fluxo sanguíneo aumentado que persiste mesmo após o término da atividade. Isso reflete um período de tempo durante o qual os níveis de metabólitos estão ainda elevados, e os músculos estão restituindo o débito de oxigênio que foi acumulado durante o exercício. • Hiperemia reativa é quando a irrigação s anguínea é bloqueada por alguns segundos ou algumas horas e, após ser desbloqueada, o fluxo sanguíneo aumenta imediatamente. Se mantendo até repor o déficit tecidual de oxigênio. É constituída por 3 fases:1. Isquemia – fase 1 2. Cianose – fase 2 3. Hiperemia reativa – fase 3 Muitos hormônios circulantes modulam os vasos de resistência, incluindo o hormônio antidiurético (ADH), a angiotensina II (Ang-II) e a adrenalina. • Hormônio antidiurético: o ADH é liberado da neuro-hipófise quando o volume sanguíneo diminui. Seu papel principal é na regulação do volume do líquido extracelular mediante controle da retenção de água pelos rins, mas se os níveis circulantes estiverem suficientemente elevados (durante uma hemorragia, por exemplo), esse hormônio pode induzir a vasoconstrição também. • Angiotensina II: a Ang-II é um potente vasoconstritor. Aparece na circulação sanguínea quando a pressão arterial renal cai, embora a atividade s impática possa, também, acionar a liberação de Ang-II. • Adrenalina: a adrenalina é produzida e liberada pela medula da glândula s uprarrenal, durante ativação do SNS. Seu efeito primário é aumentar a contratilidade miocárdica e a frequência cardíaca (FC), mas esse hormônio também se liga a receptores adrenérgicos para potencializar a vasoconstrição mediada diretamente pelo SNS. Nos vasos sanguíneos dos músculos esqueléticos, essa via pode facilitar um fluxo sanguíneo aumentado para os músculos durante respostas de “luta ou fuga”. Controle endotelial O revestimento endotelial dos vasos de resistência atua como um intermediário para vários componentes vasoativos, incluindo o óxido nítrico (NO), as prostaglandinas (PGs) e as endotelinas, por exemplo. • Óxido nítrico (NO) – é um vasodilatador e um dos mais importantes, que atua tanto nas artérias como nas veias, sintetizado após um aumento nas concentrações intracelulares de cálcio. O resultado efetivo é a vasodilatação e o aumento do fluxo de sangue. O NO medeia as ações de muitos vasodilatadores, incluindo moduladores locais; neurotransmissores, tais como acetilcolina; bradicinina; trombina; estresse de cisalhamento induzido por fluxo. O sangue flui pelas artérias e arteríolas e provoca estresse por cisalhamentos das células endoteliais, que liberam NO e então relaxa os vasos. A liberação de NO pelas células endoteliais também são estimuladas por alguns vasoconstritores como a angiotensina II, evitando a vasoconstrição excessiva. • Endotelina – sintetizada e liberada pelas células endoteliais para gerar vas oconstrição, em resposta a muitos fatores, incluindo a angiotensina II, o trauma mecânico e a hipoxia. É um potente vasoconstritor que s e liga aos receptores ETA nas membranas e aciona a liberação intracelular de cálcio por meio da via do IP3. Mariana Ap. G. S. Pereira TXXIX
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