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UNIVERSIDADE PAULISTA MATEUS XAVIER RODRIGUES EFEITO DO MÉTODO ISOSTRETCHING NA HIPERCIFOSE TORÁCICA EM ADULTO JOVEM: ESTUDO DE CASO RIBEIRÃO PRETO 2019 MATEUS XAVIER RODRIGUES EFEITO DO MÉTODO ISOSTRETCHING NA HIPERCIFOSE TORÁCICA EM ADULTO JOVEM: ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Paulista UNIP como requisito básico para a conclusão do Curso de Fisioterapia. Orientadora: Prof.a Dr.a Fabiana C. Taubert de Freitas Swerts RIBEIRÃO PRETO 2019 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por me permitir viver esta etapa marcante da minha vida. Agradeço aos meus pais José Murilo Rodrigues e Maria Nilce Xavier Rodrigues por todo o apoio que sempre me deram, por não medirem esforços em me proporcionar o melhor para meu desenvolvimento pessoal. Agradeço à minha caríssima, digníssima e excelentíssima namorada que sempre esteve ao meu lado durante o meu percurso acadêmico me apoiando, ouvindo e incentivando em todos os momentos. Agradeço à minha orientadora Prof.a Dr.a Fabiana C. Taubert de Freitas Swerts por todo apoio, paciência, dedicação e comprometimento prestados ao longo da elaboração do meu projeto final e por ter acredito no meu potencial desde o início de minha trajetória acadêmica. Também gostaria de deixar um agradecimento especial a todo o corpo docente do curso de Fisioterapia da Universidade Paulista - UNIP campus Ribeirão Preto por possibilitar a execução deste trabalho científico, compartilharem todo o conhecimento adquirido nesta trajetória e por me incentivarem a dar o melhor de mim a todo momento, e por toda confiança a mim depositada. RESUMO As alterações posturais são advindas de modificações no alinhamento corporal, gerando sobrecargas nos componentes musculoesqueléticos, muitas vezes acompanhada de compensações, o que acarreta grande desconforto álgico, além de incapacidades funcionais, deformidades, aumento do risco de quedas. Para prevenir e tratar tais desarranjos, as técnicas de alongamento global atuam de forma crucial de modo a trabalhar alongamento, reeducação postural e fortalecimento de musculaturas profundas. O Isostretching trabalha o corpo como um todo, através da colocação em estado de contração ou estiramento dos diversos seguimentos corporais por meio da manutenção de posturas, fazendo com que os grupos musculares trabalhem em conjunto de maneira concêntrica e excêntrica, harmonizando entre a potência de contração e alongamento das fibras. O presente estudo possui por objetivo avaliar a eficácia do método Isostretching sobre a hipercifose torácica, possui carácter de estudo de caso, com análise descritiva, quantitativa e comparativa dos dados. Foi desenvolvido com um paciente do sexo masculino, com idade de 23 anos submetido a 24 sessões, distribuídas em 12 semanas. Após serem finalizadas as intervenções, foi possível observar melhora do alinhamento postural, e consequente diminuição da angulação cifótica. O voluntário apresentou melhora na flexibilidade do tronco, evidenciada nos testes de Schober e Stibor (5cm para 7cm; e 8,8cm para 11,5cm respectivamente). A curvatura cifótica apresentou diminuição ao decorrer das interversões, demonstrada por meio dos ângulos livres mensurados por biofotogrametria, quantificada em um dos ângulos mensurados em 19° e passando para 3,6° ao final do tratamento. Contudo concluiu- se que o método Isostretching se mostrou eficaz na correção da hipercifose torácica. Palavras-chave: Isostretching, hipercifose, postura, coluna torácica. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 5 2 OBJETIVO ............................................................................................................................ 8 3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 9 4 MATERIAIS E METODOS ................................................................................................ 11 4.1 Protocolo de aplicação do método .......................................................................... 13 4.2 Descrição das posturas selecionadas .................................................................... 15 4.3 Protocolo de avaliação das imagens no SAPO .................................................... 20 4.4 Relatório das sessões realizadas ............................................................................. 22 5 RESULTADOS ................................................................................................................... 24 6 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 34 7 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 38 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39 5 1 INTRODUÇÃO Pensando no formato da coluna, todos temos cifose torácica, que é a curvatura natural desta região. Porém pode haver um aumento das curvaturas vertebrais no plano sagital, caracterizando processo patológico, que na região torácica é denominado hipercifose.1,2 A hipercifose torácica é definida como o desalinhamento postural que envolve o encunhamento das vértebras em nível torácico no plano sagital, sendo observado clinicamente o aumento da curvatura torácica, causa de deformação e desequilíbrio locomotor.2,3,4 A etiologia da hipercifose torácica é multifatorial, podendo ser de origem congênita, por doenças sistêmicas que acometam o sistema musculo esquelético ou adquirida por influência de traumas, tumores.5 Fisiologicamente, o processo de envelhecimento modifica o alinhamento postural normal por submeter os elementos associados ao controle da postura a alterações morfofisiológicas. O aumento da cifose também pode estar associado a fatores genéticos e metabólicos.2,3 Fatores como sedentarismo, obesidade, atitudes posturais viciosas, fraqueza muscular e até mesmo atividades físicas intensas podem predispôs o indivíduo a desencadear um aumento das curvaturas vertebrais, caracterizando processo patológico.6 Comumente encontrada em jovens por conta das más atitudes posturais adotadas no dia-a-dia e uma não preocupação com o endireitamento das mesmas, e na população idosa por conta dos efeitos deletérios naturais do processo de envelhecimento e diversos fatores predisponentes ocorridos ao longo da vida.5 A hipercifose torácica pode interferir nas oscilações do corpo, dificultando o equilíbrio estático e predispondo o indivíduo à queda, a busca por intervenções que reduzam essas alterações comuns do processo fisiológico de envelhecimento é de extrema importância.3,7 Em casos extremos, assim como também na população idosa, esta condição pode ser considerada um fator de risco intrínseco para quedas, por deslocar o centro de gravidade próximo aos limites de instabilidade.2,3 Observa-se também que tal disfunção pode acarretar acometimentos globais ao indivíduo, que vão desde: padrões estéticos; desequilíbrio entre as tensões 6 musculares, acarretando diminuição da força e flexibilidade; encunhamento vertebral. Somado a relação direta entre tórax, diafragma, dorso e cadeias posteriores, o indivíduo também pode apresentar desequilíbrios respiratórios em casos extremos; desequilíbrio na funcionalidade de membros superiores; desenvolvimento de quadro álgico agudizado ou crônico; surgimento de deformidades; protusão de ombros e alteração da mobilidadeescapular.7,8,9 Naturalmente já existe um desequilíbrio muscular entre as cadeias anteriores e posteriores do tronco, devido a uma maior tonicidade das cadeias anteriores em relação as posteriores, alguns dos músculos anteriores são: peitoral maior, coracobraquial. O que justifica de certa forma a aquisição de padrões posturais caracterizando uma postura relaxada, como: protusão de ombros, e aumento da cifose torácica (tronco curvado anteriormente). Tal desequilíbrio acarreta uma inibição das musculaturas posteriores devido ao desuso no cotidiano, podendo diminuir a tonicidade das mesmas, favorecendo assim a instalação da hipercifose, o que torna esse desequilíbrio muscular mais alargado, sabendo que a retração de um só musculo pode desencadear retração de toda uma cadeia muscular, faz-se necessária a procura por meios de alongamento e ativação muscular para que se equilibrem as tensões.2,4,9 Segundo o estudo de Barbieri et al (2014), onde foi realizado um levantamento bibliográfico a respeito dos tratamentos conservadores fisioterápicos sobre esta alteração postural, foram encontrados resultados satisfatórios na redução da mesma com a utilização de técnicas como: Isostretching, reeducação postural global (RPG), Pilates, Hidroterapia associada a Cinesioterapia.5 Os tratamentos para correção postural visam proporcionar um alongamento de cadeias musculares encurtadas junto ao fortalecimento muscular, com especial atenção para os grupos estabilizadores da coluna, associado a intenso trabalho respiratório, visando melhora na mobilidade articular de toda a coluna vertebral e tórax.5,9 Segundo Redondo (2001) “é necessário lutar contra as retrações musculares, reduzindo os exercícios analíticos, e qualquer curvatura que não seja a fisiológica, favorecendo a atividade postural”.9 Regolin e Carvalho (2010) destacam que “na prevenção ou tratamento das alterações posturais, é de fundamental importância a utilização de técnicas de alongamento global”3. Dentre as diversas técnicas utilizadas na pratica clínica, destaca-se o método Isostretching, que prepara e 7 protege a musculatura de possíveis retrações, por meio de alongamento global e fortalecimento de musculaturas profundas, sendo indicado para todas as idades e capacidades físicas.3,6,7,9 Esse método foi desenvolvido por Bernard Redondo em 1974 e atua por meio da manutenção de posturas em alongamento global regidas pelo trabalho expiratório, enquanto o praticante realiza contração isométrica excêntrica dos estabilizadores profundos da coluna vertebral. É considerada uma técnica global pois o posicionamento de engrandecimento das partes, atua de maneira simultânea no alongamento das diversas musculaturas envolvidas e fortalecimento de musculaturas estabilizadoras profundas, ato este que favorece a manutenção da postura adquirida durante os exercícios e melhora a consciência corporal. Em geral a técnica é aplicada ao longo de várias sessões, com a utilização de posturas simétricas (com 3, 6 e 9 repetições) e assimétricas (com 2, 4 e 8 repetições), regidas por fase expiratória prolongada (cerca de 6 a 10 segundos) de acordo com a capacidade e limitação de cada praticante, sendo sua evolução de forma progressiva com o domínio do indivíduo.9 A técnica prepara e protege a musculatura de uma retração que possa vir a sofrer por falta de atividade, fortalece a musculatura profunda, melhora a mobilidade articular, flexibilidade muscular, controle respiratório e consciência corporal, por meio do trabalho de todo o corpo solicita de maneira global as cadeias musculares e favorece a manutenção da postura correta e dinâmica respiratória. Durante as posturas são realizadas correções necessárias de acordo com o posicionamento da pelve, coluna e membros, verificando-se as compensações.6,9 O método utiliza de endireitamento do corpo, através de posturas estáticas, proporcionando rearranjo musculoesquelético e dando um enfoque maior sobre a coluna vertebral. Possui caráter corretivo, educativo, preventivo, flexibilizante, tonificante e não traumático.7,9 8 2 OBJETIVO Verificar a eficácia de uma intervenção com a utilização do método Isostretching na correção da hipercifose torácica em um indivíduo jovem do sexo masculino. 9 3 JUSTIFICATIVA As alterações posturais são advindas de modificações no alinhamento corporal, gerando sobrecargas nos componentes musculoesqueléticos, muitas vezes acompanhada de compensações, o que acarreta grande desconforto álgico, além de incapacidades funcionais, deformidades, aumento do risco de quedas.8 A postura faz parte de uma somática das emoções interiores, com somatizações psíquicas, podendo ser notada a personalidade de uma pessoa através de sua expressão corporal, explicando o porquê quando uma pessoa está triste, fica cabisbaixa, com as costas arredondadas, ombros protusos, como se estivesse retraindo seus sentimentos, expondo a fadiga interior e transformando-a em exterior.10 A busca por intervenções que reduzam essas alterações de maneira conservadora se faz necessária. Para prevenir e tratar tais desarranjos, as técnicas de alongamento global atuam de forma crucial de modo a trabalhar alongamento, reeducação postural e fortalecimento de musculaturas profundas.8 Redondo (2001, p.9) destaca que, “o Isostretching é definido como uma ginastica postural, global e ereta”.9 Postural pois seus movimentos são executados dentro de uma posição vertebral correta. Global pois todo o corpo trabalha durante o exercício numa mescla de musculação e relaxamento a cada postura. Ereto pois estimula o autoengrandecimento da coluna vertebral, trabalhando a musculatura paravertebral profunda.9 O método atua na correção postural objetivando alcançar um alongamento das cadeias musculares, fortalecimento da musculatura estabilizadora profunda e engrandecimento da coluna vertebral. Alinhando tais objetivos a um aumento da consciência corporal, e intenso trabalho respiratório.6,9 Moraes e Mateus (2005) evidenciaram em seu estudo a eficácia do método na diminuição da hipercifose torácica em um paciente de 9 anos de idade, do sexo feminino, a mesma foi submetida a 10 sessões de 45 minutos cada, apresentando os seguintes resultados ao final do tratamento: redução da hipercifose toracica de 60° para 40°; melhora da retração de cadeias musculares, melhora no alinhamento da coluna e consequentemente dos membros.6 Fonsêca e Takanashi (2019) em seu levantamento bibliográfico sobre os efeitos do Isostretching nas alterações posturais dos idosos, concluíram que a 10 técnica demonstra eficácia significativa no ganho de flexibilidade, mobilidade e expansibilidade toracopulmonar e consequente na correção postural.7 Em seu estudo Monte-Raso et al. (2009) evidenciaram que o Isostretctching promoveu maior flexibilidade da cadeia muscular posterior em indivíduos que se submeteram a mais de 30 sessões e foi eficaz na melhora do alinhamento da coluna vertebral torácica nos indivíduos estudados, independendo do número de sessões aplicadas.8 Embora o Isostretching seja habitualmente utilizado no meio clínico, são ainda poucos e limitados os estudos que justificam seu uso na correção da hipercifose torácica em adultos jovens, gerando dúvida na eficácia da sua aplicação. O presente estudo pretende, inclusive, contribuir para aumentar o conhecimento interdisciplinar produzido sobre esse assunto e incrementar a utilização desta técnica. 11 4 MATERIAIS E METODOS Estudo de caso com análise descritiva, quantitativa e comparativa dos dados, foi desenvolvido com um paciente do sexo masculino, com idade de 23 anos, que procurou o serviço de Fisioterapia, na Clínica Escola de Fisioterapia da UNIP- Ribeirão Preto – SP, no ano de 2019, buscando tratamento para hipercifose torácica. Foram excluídos pacientes que recebiam qualqueroutro tipo de tratamento fisioterápico e medicamentoso ou submetido a cirurgias recentes, com outras patologias associadas, tais como, dor irradiada, fratura, artrose, hérnia de disco e doença reumática, valendo o mesmo para pacientes que possuem cardiopatias e pneumopatias agudas e crônicas. Conforme recomenda a Resolução 466/2012 do Ministério da Saúde, que trata de pesquisas envolvendo Seres Humanos, ao participante da pesquisa foi solicitado que assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após serem esclarecidos sobre os objetivos do estudo, procedimentos de coleta e mediante a sua aceitação em participar, garantindo seu anonimato e o direito de desistência em qualquer etapa da investigação.11 Também foi solicitado autorização prévia à diretoria da Instituição do local onde o estudo foi realizado e do coordenador do Curso de Fisioterapia para utilização da Clínica Escola de Fisioterapia da UNIP Ribeirão Preto. A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro a novembro de 2019. Para a intervenção fisioterapêutica utilizando-se o Isostretching, foram agendados, previamente, os dias e horários para a execução dessas atividades, que foram realizadas na clínica escola de Fisioterapia da UNIP Ribeirão Preto. As sessões tiveram uma frequência de duas vezes semanais, duração de 45 minutos, durante o período de doze semanas, totalizando 24 sessões. Visando a realização dos exercícios foi elaborado um Protocolo de exercícios pelo pesquisador, que teve o suporte teórico de outras investigações. Para coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos e testes: Avaliação postural quantitativa por meio do aplicativo SAPO, onde foram realizadas analises de fotos nas vistas anterior, posterior e laterais (direita e esquerda), nos períodos de pré-intervenção, após a sexta semana de tratamento e pós intervenção. As referidas fotos foram tiradas com o seguinte protocolo pré- estabelecido: a câmera a ser utilizada, foi a do celular pessoal do pesquisador, 12 modelo Xiaomi mi 8 lite versão global (12+5 megapixels AI dual câmera), foi posicionada sobre um tripé a 1 metro do chão numa distância de 3m do indivíduo posicionado em fundo branco, foi adicionada uma placa de eva na cor preto (60cm x 40cm) para posicionamento dos pés do indivíduo, seu posicionamento foi demarcado com giz branco para que o mesmo se repita nas demais vistas (posterior, anterior, laterais) tal marcação foi realizada durante a captura da primeira vista em cada uma das três avaliações posturais e repetida nas demais vistas da mesma avaliação postural, girando a placa de eva em 90° conforme necessário pra captura da imagem, também foi adicionado um fio de prumo a esquerda das imagens, com marcação de um metro para posterior calibragem da imagem no aplicativo SAPO. Para avaliação da mobilidade de tronco foram realizados os testes de Teste de Schober e o Teste de Stibor, os quais foram realizados nas três avaliações posturais. 13 4.1 Protocolo de aplicação do método Seguindo protocolo semelhante ao realizado por Monte-Raso et al (2009), porém com a adição de algumas posturas selecionadas pelo pesquisador, foram realizadas duas sessões por semana, de 45 minutos cada, durante o período de 12 semanas. Um total de 67 posturas e suas variáveis são descritas por Redondo (2001), consistindo em exercícios isométricos em que o tempo de manutenção das posturas é regido por expirações profundas e prolongadas, nas posições: deitado, sentado, em pé, podendo ou não se fazer uso de bola e ou bastão.9 Os exercícios trabalham o corpo como um todo, através da colocação em estado de contração ou estiramento dos diversos seguimentos corporais, fazendo com que os grupos musculares trabalhem em conjunto de maneira concêntrica e excêntrica, harmonizando entre a potência de contração e alongamento das fibras. A forte contração das musculaturas antagonistas possui função estabilizadora nos movimentos, o que dificulta as rotações e compensações corporais durante o exercício.9 A essência das posturas se expressa por meio da qualidade do movimento e intensidade das contrações musculares e não pelo número de repetições, as intensas contrações aumentam o estiramento das fibras e permitem maior possibilidade de trabalho dentro das variadas posturas, visto que todos os músculos estão indiretamente ligados uns aos outros em forma de cadeias musculares gerando linhas de força, que repercutem de uma extremidade a outra, por tanto a dificuldade encontra-se no ato de manter contrações e tensões musculares adequadas, limitando os movimentos compensatórios.9 O posicionamento da coluna é regido pela pelve, que se situa no centro do corpo num prolongamento da coluna, seu posicionamento vai organizar a forma das curvaturas vertebrais, diretamente na coluna lombar e repercutindo indiretamente nas demais curvaturas para manter o equilíbrio e tensão, de modo que a anteversão pélvica acentua a lordose lombar e a retroversão pélvica diminui ou inverte a a curvatura lombar, gerando compensações nas demais curvaturas vertebrais para manter o equilíbrio entre as estruturas. Justificando assim a importância do domínio desta região dentro das posturas do método Isostretching, de modo que sua posição serve de base para todas.9 14 As posturas por sua vez são divididas em simétricas e assimétricas, e suas repetições variam em: 3, 6 e 9 repetições para as posturas simétricas e 2, 4 e 8 repetições para as posturas assimétricas. O tempo de manutenção das repetições é regido pelo trabalho expiratório profundo e prolongado, que de um modo geral situa- se por cerca de 6 segundos e conforme evolução na prática dos exercícios pode-se elevar por cerca de 10 segundos ou mais. Após cada expiração relaxa-se brevemente as tensões musculares sem modificar a posição de base, a mesma só pode ser modificada ao final da série de repetições, onde haverá o relaxamento total do praticante.9 O trabalho respiratório se justifica pelo suporte dado ao tronco graças as pressões anteriores, divididas principalmente pelo musculo diafragma que fixa os eixos das alavancas articulares resistindo ou se deformando conforme a demanda de maior pressão superior ou inferior, trabalho este que atua diretamente nas curvaturas vertebrais, portanto se faz necessário uma boa mobilidade diafragmática para uma correta distribuição das pressões anteriores mantendo-se harmonia para com as curvaturas vertebrais.9 Cada postura é composta por três fases: Posição, Ação e Correção. Posição é considerada a descrição da base de partida para o movimento, sendo utilizada como referência na manutenção da postura. A ação é composta pelas contrações musculares exigidas, fixação dos seguimentos corporais, aumento das tensões, expiração profunda e prolongada com intenso trabalho diafragmático e promoção do engrandecimento na coluna vertebral. Correção consiste no alinhamento da pelve, coluna e cintura escapular durante a manutenção das posturas, e verificação de possíveis compensações.9 15 4.2 Descrição das posturas selecionadas Quatorze posturas foram escolhidas para serem utilizadas durante o período de tratamento, sendo elas: posturas 1, 4, 9, 15,16, 19, 21, 28, 35, 36, 38, 57, 63, 64 e suas respectivas variáveis, as mesmas foram demonstradas e descritas nos quadros (A, B, C, D e E) a seguir.8,9 Cada postura foi primeiramente explicada verbalmente e demonstrada pelo pesquisador, para posteriormente ser realizada pelo sujeito sendo a primeira execução de teste onde o pesquisador aplicará correções, a segunda vez de aprendizado para então em sua terceira execução dar início ao tratamento propriamente dito. 9 Quadro A - Posturas realizadas Postura 63 Posição: Sentada, MMII flexionados, pés em contato com o solo, MMSS acima da cabeça segurando uma bola de 2 a 3kg, cotoveloslevemente fletidos. Ação: Engrandecimento da coluna, pressionar a bola, adução e depressão das escapulas, dorsiflexão dos tornozelos. Correção: Manter a coluna em retidão, posicionar pelve em neutro, abaixar os ombros. Postura 64 Posição: Sentada, MMII estendidos e abduzidos em contato com a superfície, MMSS posteriormente ao tronco segurando uma bola de 2 a 3kg entre as mãos. Ação: Engrandecimento da coluna, pressionar a bola, força abdutora em MMII, dorsiflexão dos tornozelos, deprimir as escapulas. Correção: Manter a coluna em retidão, posicionar pelve em neutro, abaixar os ombros. 16 Quadro B - Posturas realizadas Postura 1 Posição: Pés espaçados na largura da pelve, joelhos levemente fletidos, MMSS em extensão ao longo do corpo, punhos e dedos estendidos. Ação: Contrair fortemente os glúteos, e as musculaturas dos membros promovendo engrandecimento das partes, manter a coluna em retidão, aduzir e deprimir as escapulas, promover engrandecimento da coluna. Correção: Alinhar a pelve, coluna vertebral e a cabeça. Postura 4 Posição: Pés espaçados na largura da pelve, colocar uma bola entre as coxas acima dos joelhos, MMSS estendidos acima da cabeça com as mãos cruzadas e suas palmas se tocando. Ação: Comprimir a bola entre as coxas, empurrar as mãos uma contra a outra, aduzir e deprimir escapulas, contrair músculos dos membros e abdômen, promover engrandecimento da coluna e MMSS. Correção: Não projetar a pelve muito a frente. Postura 9 Posição: Pés afastados na largura da pelve, inicialmente MMII em leve flexão, tronco inclinado a frente, braços estendidos no prolongamento do corpo, mãos cruzadas com suas palmas se tocando. Ação: Contração muscular isométrica das musculaturas envolvidas, aduzir e deprimir as escapulas, pressionar as mãos, promover engrandecimento da coluna e MMSS. Correção: Vigiar posicionamento da coluna em prolongamento da pelve, atentar-se as curvaturas vertebrais. 17 Quadro C - Posturas realizadas Postura 15 Posição: Pés na largura da pelve, tronco inclinado a frente, joelhos ligeiramente fletidos, mãos posicionadas na nuca. Ação: Contração isométrica das musculaturas do tronco e membros, adução e depressão das escapulas, promover engrandecimento da coluna vertebral. Correção: Posicionamento da pelve rege o posicionamento da coluna, atentar-se as curvaturas vertebrais, tronco paralelo ao solo de acordo com a capacidade do indivíduo. Postura 16 Posição: Decúbito dorsal, MMII fletidos, coluna em pleno contato com a superfície, MMSS em candelabro. Ação: Contração dos glúteos, quadríceps, e dorsiflexão dos tornozelos, adução e depressão das escapulas, promover engrandecimento da coluna. Correção: Manter os MMSS em contato com o solo, manter contato ativo de toda a coluna com a superfície. Postura 19 Posição: Decúbito dorsal, MMSS em “candelabro”, pernas estendidas na vertical, calcâneos se tocando. Ação: Rotação externa dos quadris, dorsiflexão dos tornozelos, contração da musculatura do tronco e membros, adução e depressão das escapulas. Correção: Manter contato ativo da coluna com a superfície, não colocar a cervical em extensão. 18 Quadro D - Posturas realizadas Postura 21 Posição: Decúbito dorsal, MMSS ao longo do corpo em ligeira abdução de ombros, MMII fletidos, pés na direção da pelve com as faces plantares se tocando. Ação: Pressionar a planta dos pés uma contra a outra, manter os joelhos afastados, contração dos músculos do tronco e membros, manter contato ativo com a superfície. Correção: Manter contato ativo com a superfície, manter a planta dos pés se tocando. Postura 28 Posição: Decúbito dorsal, MMII fletidos, pés ao solo, MMSS estendidos acima da cabeça no prolongamento do corpo, as mãos seguram uma bola de 2 a 3 kg. Ação: Elevar a bola e os pés mais o menos 10 cm, promover retroversão da pelve, pressionar a bola fortemente, contrair músculos do tronco e membros, aduzir as escapulas. Correção: Manter contato pleno da coluna na superfície, estimular ativação do diafragma. Postura 35 Posição: Decúbito dorsal, MMII posicionados verticalmente, MMSS estendidos ao longo do corpo e ligeiramente abduzidos. Ação: Contração de quadríceps, dorsiflexão dos tornozelos, adução e depressão das escapulas, pressionar MMSS contra a superfície. Correção: Manter contato pleno da coluna com a superfície, manter MMII na vertical, evitar acentuar curvaturas vertebrais. 19 Quadro E - Posturas realizadas Postura 36 Posição: Sentada, MMII fletidos, joelhos se tocando, pés apoiados ao solo, MMSS em abdução de 90°, punhos em extensão. Ação: Promover engrandecimento do tronco, adução e depressão das escapulas, apoio ativo dos pés, contração dos glúteos. Correção: Não acentuar curvaturas vertebrais, manter posicionamento da pelve em neutro. Postura 38 Posição: Sentada, MMII fletidos, joelhos se tocando, pés apoiados ao solo, MMSS posicionados posteriormente ao tronco, mãos se tocando. Ação: Engrandecimento do tronco, adução e depressão das escapulas, pressionar as mãos uma contra a outra, estender os MMSS. Correção: Manter a coluna em retidão, atentar-se ao posicionamento da pelve. Postura 57 Posição: Sentada, MMII juntos, joelhos estendidos, MMSS posicionados em extensão posterior ao tronco segurando um bastão entre as mãos. Ação: Estender MMSS, pressionar o bastão, aduzir as escapulas, realizar dorsiflexão dos tornozelos, contrair músculos do tronco e membros, promover engrandecimento do tronco. Correção: Atentar-se ao posicionamento da pelve, manter a coluna em retidão. 20 4.3 Protocolo de avaliação das imagens no SAPO As fotos foram tiradas nas vistas: posterior, anterior, lateral direita e esquerda. A câmera foi posicionada sobre um tripé a 1 metro do chão e a 3 metros do voluntário em fundo branco, durante a captura das imagens o voluntário usou calção de material maleável, dobrado ao nível do trocânter maior do fêmur e permaneceu descalço. Na captura das imagens foram tomados os seguintes: padronização do posicionamento do voluntário e da câmera; posicionamento da câmera sobre o tripé nivelado (câmera sempre paralela ao solo); sem zoom; tanto as fotos quanto as análises por meio do SAPO foram realizadas por um único examinador. Os seguintes pontos anatômicos foram previamente marcados bilateralmente no voluntário (com esferas de isopor 9 mm) fixados com fita dupla face, de modo a servir de referência para demarcação da imagem no software de avaliação postural SAPO: Vista anterior: glabela; mento; trago; acrômio; manúbrio do esterno; epicôndilos lateral; ponto médio entre o processo estiloide do rádio e a cabeça da ulna; espinha ilíaca ântero-superior; trocanter maior do fêmur; linha articular do joelho; ponto medial da patela; tuberosidade da tíbia; maléolo lateral e maléolo medial. Vistas laterais: glabela; trago; mento; manúbrio do esterno; acrômio; epicôndilo lateral; ponto médio entre o processo estiloide do rádio e a cabeça da ulna; processos espinhos (C7, T3, T5, T7, T9, T11, L4); espinha ilíaca ântero- superior (EIAS); espinha ilíaca póstero-superior (EIPS); trocânter maior do fêmur; linha articular do joelho; ponto medial da patela; tuberosidade da tíbia; calcâneo esquerdo; maléolo lateral. Vista posterior: trago; acrômio; ângulo inferior da escapula; espinha ilíaca póstero-superior; epicôndilo lateral; ponto médio entre o processo estiloide do rádio e a cabeça da ulna; processos espinhosos (C7, T3, T5, T7, T9, T11 e L4); trocânter maior do fêmur; linha articular do joelho; maléolo lateral; maléolo medial; calcâneo. Todos os pontos anatômicos selecionados seguem tutorial do próprio software de avaliação postural. Após carregamento das imagens no SAPO, as mesmas foram calibradas em verticalidadee distância utilizando como referência o fio de prumo posicionado a esquerda das fotos, após calibragem os pontos anatômicos foram demarcados e foi 21 gerado relatório automático do próprio aplicativo levando em conta os pontos anatômicos selecionados. Para quantificar a curvatura torácica foram formulados dois ângulos livres durante analise no SAPO, denominados: ângulo 0 e ângulo 1. Ângulo 0 compreende a relação entre dois pontos selecionados formando uma reta e a definição de verticalidade da imagem de acordo com a calibração da mesma no aplicativo, conforme demonstrado na imagem A, a seguir, sendo utilizados os processos espinhos T3 e T5. Ângulo 1 compreende a relação entre 3 pontos, sendo um deles o vértice conforme demonstrado na imagem B, a seguir. Foram utilizados os processos espinhosos T3; T7 e T11 para formação deste ângulo sendo considerado como vértice o processo espinhos de T7. Imagem A - Demonstração do ângulo 0 Imagem B - Demonstração do ângulo 1 22 4.4 Relatório das sessões realizadas As sessões realizadas foram todas relatadas pelo pesquisador para controle do desenvolvimento das aplicações clínicas conforme mostrado nas tabelas 1 e 2. Tabela 1 - Relatório das 12 primeiras sessões Intervenções Posturas realizadas Séries e repetições Média geral do tempo expiratório por repetição 1 a Sessão 16; 28; 21; 19 Foram demonstradas todas as posturas selecionadas. Posteriormente iniciou-se a pratica clínica, as posturas foram realizadas em 3 séries de 3 repetições. 3 a 5 segundos 2a Sessão 36; 38; 57; 63; 64; 9 Realizadas em 3 séries de 3 repetições 4 a 5 segundos 3a Sessão 16; 28; 21; 19; 9; 1 Realizadas em 3 séries de 3 repetições 4 a 5 segundos 4a Sessão 16; 28; 21; 9; 1; 15; 4 Realizadas em 3 séries de 3 repetições 3 a 6 segundos 5a Sessão 16; 21; 35; 38; 57; 1 Realizadas em 3 séries de 3 repetições 3 a 6 segundos 6a Sessão 9; 1; 15; 16; 21; 35 Realizadas em 3 séries de 3 repetições 4 a 6 segundos 7a Sessão 16; 21; 15; 1 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 6 a 7 segundos 8a Sessão 16; 21; 1; 9 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 4 a 5 segundos 9a Sessão 9; 15; 1 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 4 a 5 segundos 10a Sessão 9; 15; 1 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 4 a 5 segundos 11a Sessão 9; 1; 36; 16 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 7 a 8 segundos 12a Sessão 1; 36; 38; 28 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 7 a 8 segundos 23 Tabela 2 - Relatório das 12 ultimas sessões realizadas Intervenções Posturas realizadas Séries e repetições Média geral do tempo expiratório por repetição 13a Sessão 9; 1; 15 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 9 a 10 segundos 14a Sessão 9; 57; 19 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 9 a 10 segundos 15a Sessão 38; 63; 16 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 9 a 10 segundos 16a Sessão 9; 1; 15 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 9 a 10 segundos 17a Sessão 9; 1; 15 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 9 a 10 segundos 18a Sessão 28; 57; 63 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 7 a 8 segundos 19a Sessão 64; 9; 1 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 9 a 10 segundos 20a Sessão 28; 15; 1 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 9 a 10 segundos 21a Sessão 16; 28; 21 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 12 a 14 segundos 22a Sessão 9; 1; 15 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 12 a 14 segundos 23a Sessão 28; 21; 4 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 10 a 12 segundos 24a Sessão 16; 57; 9 Realizadas em 3 séries de 6 repetições 11 a 13 segundos 24 5 RESULTADOS Na avaliação da mobilidade do tronco, por meio dos testes de Schober e Stibor os dados demonstraram que o sujeito manteve a flexibilidade apresentada incialmente, apresentando uma leve diminuição na medida obtida no Teste de Stibor na segunda avaliação postural quando comparado a primeira. Ao final das intervenções o voluntário apresentou uma pequena melhora na flexibilidade do tronco, evidenciada nos testes de Schober e Stibor (5 cm para 7 cm; e 8,8 para 11,5 respectivamente) conforme demonstra tabela 3. Tabela 3 - Medidas apresentadas nos testes para mobilidade do tronco Teste realizado Resultado 1a avaliação Resultado 2a avaliação Resultado 3a avaliação Teste de Schober 5 cm 5 cm 7 cm Teste de Stibor 8,8 cm 8 cm 11,5 cm Na avaliação postural realizada por meio do software de avaliação postural SAPO, notável verificou-se a melhora da postura e arranjos corporais, melhorando o alinhamento vertebral e a consequente diminuição da cifose torácica, conforme apresentam as imagens de 1 a 12 e confirmam os dados obtidos através das avaliações posturais geradas pelo SAPO. 25 Imagens 1-3: Vista anterior, capturada nas avaliações pré-intervenção; após seis semanas de intervenção e pós-intervenção. 26 Imagens 4-6: Vista lateral direita, capturada nas avaliações pré-intervenção; após seis semanas de intervenção e pós-intervenção. 27 Imagens 7-9: Vista posterior, capturada nas avaliações pré-intervenção; após seis semanas de intervenção e pós-intervenção. 28 Imagens 10-12: Vista lateral esquerda, capturada nas avaliações pré-intervenção; após seis semanas de intervenção e pós-intervenção. 29 A curvatura cifótica da região torácica apresentou diminuição considerável ao decorrer das interversões, demonstrada por meio dos ângulos 0 e 1, verificado por meio do software de avaliação postural SAPO, os dados gerados pelo SAPO estão dispostos detalhadamente nas tabelas 4, 5 e 6. Ao início das intervenções o paciente apresentava 19° de angulação cifótica no ângulo 0 e 153,5° no ângulo 1 em vista lateral direita e 19,7° no ângulo 0 e 155,7° no ângulo 1 em vista lateral esquerda, após seis semanas de tratamento o paciente apresentava 6,5° graus de angulação cifótica no ângulo 0 e 164,6° no ângulo 1 em vista lateral direita e 6° no ângulo 0 e 166,4° no ângulo 1 em vista lateral esquerda , ao final das intervenções paciente apresentou 3,6° de angulação cifótica no ângulo 0 e 167,4° no ângulo 1 em vista lateral direita e 3,4°no ângulo 0 e 169,4° no ângulo 1 em vista lateral esquerda, conforme demonstrado nas tabelas 7 e 8. 30 Tabela 4 - Avaliação postural pré-intervenção 31 Tabela 5 - Avaliação postural após 6 semanas de intervenção 32 Tabela 6 - Avaliação postural pós-intervenção 33 Tabela 7 - Quantificação da curvatura cifótica em vista lateral direita Ângulo Resultado 1a avaliação Resultado 2a avaliação Resultado 3a avaliação Ângulo 0 19.0° 6.5° 3,6° Ângulo 1 153.5° 164.6° 167,4° Tabela 8 - Quantificação da curvatura cifótica em vista lateral esquerda Ângulo Resultado 1a avaliação Resultado 2a avaliação Resultado 3a avaliação Ângulo 0 19.7° 6.0° 3,4° Ângulo 1 155.7° 166.4° 169,4° 34 6 DISCUSSÃO Embora o Isostretching seja habitualmente utilizado no meio clínico, no Brasil a técnica ainda é consideravelmente nova, os estudos disponíveis na literatura sobre sua utilização e benefícios são poucos e limitados, fato este que pode, supostamente, se dar pela dificuldade encontrada na manutenção do compromisso dos voluntários até o final do tratamento6,7,8. Monte Raso et al, (2009), em seu estudo, onde inicialmente se era planejado realizar 40 sessões com 14 voluntários, recrutando-se 19 voluntários para margem de desistência, no entanto ao decorrer dos estudos apenas 12 prosseguiram com o tratamento, sendo divididos em dois grupos: primeiro grupo contendo 8 pessoas que realizaram mais de 30 sessões e o segundo grupo contendo 4 pessoas que realizaram menos de 30 sessões.8 A presente pesquisa foi realizada em carácter de estudo de caso, com apenas umpaciente, durante o período de 12 semanas, onde foram realizadas 24 sessões, distribuídas em 2 sessões semanais. A constante manutenção da motivação do paciente em prosseguir com o tratamento proposto até o final se mostrou bastante necessária, fato este supostamente explicado pelo longo período demandado para aplicação das intervenções, sendo o principal fator motivacional a melhora visível e relatada pelo paciente a respeito de sua consciência corporal, repercutindo diretamente no endireitamento das partes. Um problema para análise de eficácia de determinada técnica, se dá por meio do método utilizado para se avaliar as alterações posturais encontradas. A avaliação postural pode ser feita de maneira qualitativa por meio de analise visual do paciente por parte do fisioterapeuta, onde a experiência clínica e a presença ou ausência de prévio suporte teórico são os principais fatores a agir na obtenção dos resultados.Também, pode ser realizada de forma quantitativa por meio de biofotogrametria, onde são realizadas análises sobre imagens previamente capturadas do indivíduo, seguindo protocolos previamente estabelecidos. Nesta modalidade as análises ocorrem por meio de aplicativos e softwares, tornando capaz uma quantificação detalhada dos achados, sendo os principais fatores a se relacionarem com os resultados obtidos: experiência clínica do avaliador; garantia de que o protocolo seja reproduzido da mesma forma durante todas as avaliações; experiência do avaliador na utilização do software para avaliação das imagens; qualidade e confiabilidade da câmera utilizada; confiabilidade e performance do 35 software escolhido para análise das imagens; e comportamento do sujeito avaliado durante a captura das imagens.12,13,14 Apesar disto, a utilização de análises quantitativas vem sendo empregada com alto índice de eficácia no meio clínico, sendo de alta confiabilidade a obtenção de seus resultados12,13,14. Lunes et al, (2009) em seu estudo realizado com 21 voluntários, foram realizadas avaliações posturais qualitativas por três fisioterapeutas experientes e capturadas imagens nas vistas frontal, posterior e laterais direita/esquerda. Posteriormente, realizadas avaliações quantitativas por três avaliadores diferentes, relatando uma maior concordância dos dados obtidos por meio das avaliações quantitativas.14 Para se estudar o alinhamento corporal faz-se necessário compreender as diversas variáveis envolvidas entre os seguimentos corporais, de tal forma que o corpo humano tende a se adequar às mudanças de determinado segmento, gerando alterações no arranjo das demais partes. Fato este verificado no alinhamento da coluna, em que a alteração de um segmento vertebral gera compensações por toda a extensão da coluna, de modo que o alinhamento lombar ou pélvico repercute distalmente na coluna torácica visando melhor distribuição das cargas.4, 7, 9, 12 Além disso o ato postural sofre constante influência das atividades realizadas pelo indivíduo, tais como: transporte de carga, uso de mochilas, presença ou ausência de atividade física diária, atividades laborais, ativação muscular, encurtamentos de tecidos moles, desequilíbrio entre as forças e tensões musculares, nível de consciência corporal, cansaço, estresse, fatores emocionais e psicossociais.9, 10, 14 No que se refere à interferência das musculaturas sobre a postura, é sabido que todos os músculos são indiretamente ligados uns aos outros nas formas de “cadeias musculares”, que transmitem a passagem das linhas de força que percorrem o corpo de uma extremidade a outra, de tal forma que o encurtamento de um músculo vai repercutir nos demais músculos através dos sistemas de cadeias musculares.9, 15 É comum se encontrar desequilíbrio entre as cadeias musculares anteriores e posteriores, onde as cadeias anteriores se encontram numa maior tensão quando comparadas às posteriores, inibindo de certa forma as mesmas. Tal desequilíbrio pode ser considerado um dos principais fatores para os desarranjos posturais no plano sagital, agindo assim diretamente sobre as curvaturas da coluna vertebral, em 36 especial sobre a cifose torácica, caracterizando processo patológico. Por assumir postura relaxada onde o indivíduo tende a curvar-se anteriormente de maneira a favorecer o aumento da cifose por consequente encurtamento das cadeias musculares anteriores.9, 15 O Isostretching bem como demais técnicas de alongamento global, trabalha de maneira a intervir contra às retrações musculares das cadeias anteriores, ao mesmo tempo em que tonifica musculaturas posteriores, que comumente se encontram inibidas pela somatória das posturas adotadas no cotidiano.9 A musculatura paravertebral profunda está entre as principais a serem trabalhadas por meio do método Isostretching, a qual age de forma contraria à postura relaxada, favorecendo a extensão da coluna e consequente diminuição da curvatura cifótica, alinhado a um aumento ou reparação da curvatura lombar, comumente retificada.9 Moraes e Mateus (2005), em seu estudo de caso, aplicaram o método por dez sessões em uma paciente de 9 anos de idade com quadro de hipercifose torácica. Ao final do tratamento, concluiram que o mesmo se mostrou eficaz no tratamento de assimetrias do plano sagital, reduzindo a angulação cifótica e atuando na melhora da flexibidade.6 Monte-Raso et al., (2009), em seu estudo com 12 voluntários, divididos em dois grupos, sendo um grupo que participou em mais de 30 sessões de tratamento e outro grupo que participou em menos de 30 sessões, concluiram que, independente do número de sessões o método se mostrou eficaz na melhora do alinhamento da coluna torácica e proporcionou maior flexibilidade nos individuos que realizaram mais de 30 sessões.8 Fonsêca e Takanashi (2019), em seu levantamento bibliográfico sobre a atuação do Isostretching nas alterações posturais em idosos, analisaram 18 artigos a respeito da aplicabilidade do método, sendo que apenas 4 faziam correlação direta entre o Isostretching e o idoso. Concluiram que apesar de escasos os artigos sobre o tema proposto, o método demonstrou eficácia na melhora da flexibilidade, mobilidade e expansibilidade toracopulmonar e correção postural.7 No presente estudo, os dados demonstram melhora dos arranjos posturais no plano sagital, evidenciando diminuição da curvatura cifótica, melhor alinhamento corporal, e melhora da consciência corporal conforme atitude postural demonstrada pelo voluntário e relatos do mesmo. Tais resultados podem ser atribuídos a um 37 aumento da tonicidade das musculaturas posteriores do tronco, bem como ao aumento observado na angulação de inclinação pélvica, direcionando a mesma a uma leve anteversão, o que pode contribuir diretamente em aumento da curvatura lombar e indiretamente na correção cifótica. Levantando possíveis pontos a serem estudados em estudos futuros.4, 5, 8, 9 Apesar de não ser alvo desta pesquisa, também foi possível observar significativa evolução na prática clínica por meio do voluntário, que significativamente demonstrou um melhor tempo expiratório com o decorrer das sessões, sendo passível a realização de estudos futuros a respeito das capacidades pulmonares e força das musculaturas envolvidas no processo de respiração. Este estudo possui limitações como ausência de grupo controle e reduzido tamanho de amostra por ter sido realizado em carácter de estudo de caso. 38 7 CONCLUSÃO Verificou-se que, após serem realizadas 24 sessões de tratamento, distribuídas em 12 semanas, com dois atendimentos semanais de 45 minutos cada, utilizando-se exercícios posturais do método Isostretching foi possível observar melhora do alinhamento postural, e consequente diminuição da angulação cifótica. Esta pode ter sido verificada tanto na 6ª semana como na 12ª semana por meio do ângulo 0. Onde inicialmenteo sujeito apresentou (19° a direita e 19.7° a esquerda) de angulação cifótica, diminuindo após seis semanas de tratamento para (6.5° a direita e 6° a esquerda) e ao final das doze semanas de tratamento apresentou (3.6° a direita e 3.4° a esquerda). O método Isostretching possui eficácia clínica sobre as alterações posturais da coluna vertebral, além de atuar no alinhamento dos diversos seguimentos corporais. A literatura disponível a respeito do tema se mostrou escassa, levantando assim muitos pontos a serem estudados futuramente para maior abrangência e difusão do método em meio acadêmico. 39 REFERÊNCIAS 1. Dangelo, J. G., & Fattini, C. A. (2007). Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar 3ª edição. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasil: Atheneu. 2. Kendal, F. P., McCreary, E. K., Provance, P. G., Rodgers, M. M., & Romani, W. A. (2007). 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