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Existência, Vigência e Revogação da Norma

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Teoria Geral da Relação Jurídica 
Profª Thabata Faria 
VIGÊNCIA DAS NORMAS: ART. 1º E 2º da LINDB 
 
Vigência e existência são conceitos diversos. 
A existência da norma se dá no momento da sua promulgação. Mas ao existir não significa que a 
lei tenha vigência, mas sim que formalmente é um fato jurídico (ainda não possui coercibilidade). 
O momento da existência não se confunde com a vigência. Isso porque, depois de promulgada, a 
lei precisa de um iter legislativo para que as pessoas tenham conhecimento da norma para, somente 
depois, passar a ter vigência: publicação → lapso temporal → vigência. 
A lei só ganha vigência depois da vacatio legis (lapso temporal para que as pessoas tenham 
conhecimento de sua existência). 
Então, há uma grande diferença entre a EXISTÊNCIA da lei e sua VIGÊNCIA. Há a promulgação, 
publicação, vacatio legis e vigência. 
 
Art. 1º, LINDB → salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 
QUARENTA E CINCO DIAS depois de oficialmente publicada. 
§1º → nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando 
admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. 
§3º → se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, 
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a 
correr da nova publicação. 
§4º → as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
 
Neste período de vacatio legis a lei já existe, mas ainda não tem vigência. A LC 95/98, no seu art. 
8º, modificou o art. 1º da LINDB, de modo que a partir de agora toda norma legal deve, obrigatoriamente, 
cumprir um período de vacatio legis. 
 
Art. 8º, LC 95/98 → a vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a 
contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada 
a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena 
repercussão. 
 
E o prazo de vacatio legis deve corresponder ao número de dias necessário para que todas as 
pessoas conheçam a lei. Assim, toda norma legal deve ter um período de vacatio legis que deve ser 
expresso em um número de dias. 
 
Há possibilidade da lei não possuir um período de vacatio, quando ela vier acompanhada da 
seguinte expressão: “esta lei entra em vigor na data de sua publicação”, que só poderá serutilizada 
as leis de pequena repercussão. 
 
Regra: toda lei tem que ter um prazo de vacatio legis, e este prazo tem que estar expresso em 
dias. 
 
Contagem do prazo de vacatio legis (art. 8º, §1º, LC 95/98): a contagem do prazo da vacatio 
legispossui uma regra autônoma/própria, incluindo-se o primeiro e o último dia, entrando a lei em 
vigor no dia subsequente a consumação integral do prazo. 
 
 
Art. 8º, §1º, LC 95/98 → a contagem do prazo para entrada em vigor das leis que 
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação 
e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua 
consumação integral. 
 
 
Teoria Geral da Relação Jurídica 
Profª Thabata Faria 
Segundo a doutrina, não importa se o ultimo dia for feriado ou final de semana, entrando em vigor 
a norma mesmo assim, ou seja, a data não é prorrogada para o dia seguinte. 
Nem sempre a vacatio legis é estabelecida em dia, de modo que nesses casos não será possível 
a aplicação da regra do §1º do art. 8º da LC 05/98. Exemplo: Código de Processol Civil/2015. 
 
→ este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação. 
 
Dessa forma, se o prazo de vacatio legis for fixado em mês ou ano, indevidamente, já que de 
ordinário ele deveria ser expresso em dias, utiliza-se a regra do art. 132, Código Civil que estabelece que 
prazo em mês ou ano é contado de “data a data”, pouco interessando quantos dias existam entre as datas. 
 
Art. 132, CC → salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se 
os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. 
§3º → os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou 
no imediato, se faltar exata correspondência. 
 
Assim, o CPC/2015, que foi publicado em 16/03/15, entrou em vigor no dia 16/03/16. 
 
É importante perceber que todas essas regras, que emanam do art. 8º, LC 95/98, fizeram com que 
o art. 1º, LINDB, se tornasse subsidiário. Isto, porque só utilizaremos o prazo do art. 1º quando o 
legislador não tiver estabelecido um prazo de vacatio legis expresso e não se tratar de uma lei de 
pequena repercussão. 
 
Além disso, essas regras somente se aplicam às normas legais. 
 
As normas jurídicas administrativas (portarias, decretos, regulamentos, resoluções) sempre 
entrarão em vigor na data de sua publicação (Decreto nº 572/1890). 
 
Durante o prazo de vacatio, a lei, que já existe, mas não tem vigência, pode ser modificada? 
Ora, se ela existe, só pode ser modificada através de lei nova, mesmo no período de vacatio legis. 
Sendo assim, a modificação de uma lei dentro do seu período de vacatio legis só pode ocorrer através de 
uma nova lei. 
Porém, a correção de erros materiais ou inexatidões pode ser feita através da simples republicação 
da lei com as devidas correções. 
No caso de republicação da lei, o prazo de vacatio legis volta a correr do zero somente para a 
parte que foi corrigida. 
O prazo de vacatio legis, portanto, reinicia SOMENTE para a parte que foi retificada e não para as 
demais, que continuam contando o prazo normalmente. 
 
Art. 1º, §3º, LINDB → se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de 
seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores 
começará a correr da nova publicação. 
Art. 1º, §4º, LINDB → as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
 
Revogação da lei: uma vez cumprida a vacatio legis e entrando em vigor, a lei continuará vigendo 
até que venha outra e, expressa ou tacitamente, a revogue  princípio da continuidade. 
 
Já podemos notar, então, que a revogação de uma lei pode ser expressa ou tácita, bem como que 
no sistema brasileiro só se admite a revogação de uma lei através de outra lei. 
 
Art. 2º, LINDB → não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que 
outra a modifique ou revogue. 
§1º → a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando 
seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a 
Teoria Geral da Relação Jurídica 
Profª Thabata Faria 
lei anterior. 
O art. 9º da LC 95/98 estabeleceu uma novidade no que tange a revogação das normas, dispondo 
que a revogação das normas preferencialmente deve ser expressa. Sendo assim, toda vez que for editada 
uma nova lei, essa deverá indicar de forma expressa quais os dispositivos legais revogados por ela. 
 
Art. 9º, LC 95/98 → a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as 
leis ou disposições legais revogadas. 
 
Deve-se evitar, então, aquela velha e inútil fórmula “revogam-se todas as disposições em 
contrário”, pois esta leva a crer que estaria revogando expressamente quando não está. 
Esta regra não se aplica às leis temporárias, pois estas cessam ao alcançar o termo indicado. 
E, quando o legislador não revogar expressamente os dispositivos legais, será aplicada a regra de 
que fica revogado tudo aquilo que for contrário à nova regra. 
 
O Direito Brasileiro não admite o dessuetudo, que é a revogação da lei pelos costumes (uma lei 
que não conseguiu “pegar”, por exemplo). 
 
O STJ é firme neste sentido, mesmo quanto às leis que não são respeitadas ou observadas. Este 
é o caso observado quanto às casas de prostituição, que não deixaram de ser crime, apesar de serem 
toleradas em todo o Brasil. 
 
A revogação necessariamente se dará por outra lei, que revogará expressa ou tacitamente, no 
todo ou em parte a lei antiga. 
 
A revogação é gênero da qual ab-rogação e derrogação são espécies. 
 
* ab-rogação: é a revogação total da lei. 
* derrogação: é a revogação parcial da lei. 
 
Sobre revogação de lei devemos tercuidado com a redação do §2º do art. 2º da LINDB. 
 
Art. 2º, § 2º, LINDB → a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a 
par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
 
Esse dispositivo estabelece que uma lei nova, que trate da mesma matéria de lei anterior, e que 
traga disposições que estejam ao lado (a par) da outra lei, não revoga a lei anterior, mas sim que será 
utilizada juntamente com aquela. 
 
Repristinação: é o restabelecimento dos efeitos de uma lei que foi revogada pela revogação da 
lei revogadora. A revogação da lei revogadora não restabelece os efeitos da lei revogada. 
 
Ex.: Lei A → Lei B → Lei C. A Lei C revoga a Lei B, os efeitos da Lei A não serão restabelecidos. 
 
Art. 2º, § 3º → salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter 
a lei revogadora perdido a vigência. 
 
Porém, o próprio § 3º do art. 2º da LINDB abre uma exceção à repristinação ao dizer que pode 
haver efeitos repristinatórios quando houver expressa disposição neste sentido na lei. 
Ou seja, o Direito Brasileiro não admite a repristinação como um instituto, mas aceita que existam 
efeitos repristinatórios quando houver expressa disposição neste sentido. Atente-se que isso não é 
tecnicamente repristinação, pois o que existe é a vigência de nova lei que traz efeitos repristinatórios, 
trazendo de volta os efeitos de uma lei anterior.

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