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Queixa Crime subsidiária da Pública (1)

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DO FORO CENTRAL DE PORTO ALEGRE - RS
	MARTA MORAES, brasileira, solteira, RG nº 4126605465, CPF nº 09081532007, estudante de direito, residente na Av. Lavras, 266 - Petrópolis, em Porto Alegre, RS, CEP 90460-040, doravante denominada querelante, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por sua procuradora signatária, com base na procuração com poderes especiais em anexo, e com fundamento legal do artigo 5º, inciso 5º, LIX da Constituição Federal, artigo 29 do Código de Processo Penal, e do art. 100, §2º, do Código Penal, oferecer QUEIXA-CRIME SUBSDIÁRIA DA PÚBLICA, em face de:
ELIANA ALBUQUERQUE, brasileira, solteira, residente na R. Thomas Beltrão de Queiroz, 450 - Mal. Floriano, Caxias do Sul - RS, CEP 95010-680, pelos seguintes fatos:
DO CABIMENTO
Preliminarmente, oportuno asseverar que a queixa crime ora ajuizada é uma ação penal privada subsidiária da pública. Sabido é que, em caso de inércia do Parquet quanto ao dever de ajuizar denúncia dentro do prazo legal, qual seja, o lapso temporal assinado no artigo 46 do Código de Processo Penal, a ação penal poderá ser proposta pelo próprio ofendido ou por seu representante legal, que manejará ação penal privada subsidiária da ação penal pública, através do oferecimento da competente queixa-crime, consoante previsto na Constituição Federal e nas leis de inferior hierarquia: Art. 5º, LIX, CF: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. 
Art. 5º, LIX, CF: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal;
Por conseguinte, a parte autora ajuíza a presente ação, por meio do art. 29 do CPP, in verbis:
 Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
A esse respeito, pacífico o entendimento doutrinário, conforme anota EUGÊNIO DE OLIVEIRA PACELLI:
 "A ação privada subsidiária da pública, conforme se encontra na história da evolução dos sistemas processuais do mundo ocidental, nada mais é, então, que o reconhecimento explícito da existência do interesse também privado na imposição de sanção penal ao autor do fato criminoso. E uma vez que tal interesse, que anteriormente legitimava o próprio direito de ação, seja atingido pela inércia e inação do órgão estatal acusatório, abre-se ensejo à iniciativa do ofendido, ou, na hipótese de sua morte ou ausência, aos sucessores processuais arrolados no art. 31 do CPP, para o exercício de verdadeiro direito ao início da persecução penal. Pressuposto, então do exercício de tal direito, é precisamente a desídia do Ministério Publico, isto é, a ausência de manifestação tempestiva de ato de ofício, no prazo previsto em lei. (...)"
Trata-se, nesse sentido, de ação cuja titularidade seria do Ministério Público, no entanto, o mesmo permaneceu inerte no prazo legal, razão pela qual é cabível a presente ação substitutiva.
DOS FATOS
A presente queixa-crime versa sobre atos praticados por Eliana Albuquerque, que no dia 15 de agosto de 2020, entre às 19:00 e 20:00 horas da noite de sexta-feira, assassinou seu pai Ernesto Albuquerque, de 52 anos. O homicídio ocorreu por meio de envenenamento, com o objetivo de incriminar a sra. Marta Moraes, estudante de direito, quem mantinha relações com a vítima. 
Eliana Albuquerque, motivada por inveja e indignação quanto ao relacionamento que seu pai mantinha com a ora querelante, decidiu dar elevada dose de nicotina para matar a vítima. O intuído era usar a nicotina, pois acreditava que iria passar despercebido a presença no corpo humano, haja vista a dependência do pai ao cigarro. Além disso, após matar seu próprio pai por envenenamento, ela atira contra o corpo do de cujus, simulando suicídio. 
No mesmo espaço de tempo, a querelada envia mensagens pelo celular do pai, via WhatsApp, para a então namorada, dizendo “preciso te ver agora, é urgente”. 
A sra. Marta Moraes, ora querelante, foi até a residência do magistrado e o encontrou no escritório de sua casa, no bairro centro, morto e sentado em sua poltrona com uma arma na mão. Em estado de choque, ligou para polícia pedindo ajuda às 22h e 15 minutos, no entanto, ao chegarem no local do crime os profissionais proferiram ameaças à querelante que, sob sua ótica, foi tratada como assassina. 
Paralelamente a isso, Elisa Albuquerque, parte querelada e filha do juiz, ao receber a notícia da morte do pai postou inúmeras ofensas nas redes sociais contra Marta Moraes e também compartilhou fotos de biquíni da querelante com o intuito de lhe ofender a dignidade e o decoro, conforme material extraído da rede social da querelada:
 “ Só Deus sabe a dor que sinto agora ao ver meu pai morto por essa mulher ordinária, oportunista, interesseira e manipuladora que enfeitiçou meu pai e que por ganancia o induziu a cometer suicídio. Todos sabem que ele amava viver, amava sua profissão e por isso não tiraria sua própria vida se não fosse por influência dessa vagabunda”.
E, não satisfeita, acrescentou em outra publicação:
“Aqui está o rosto dela, dá para notar que não presta. Sua mascará caiu Marta, mesmo com casamento marcado não aguentou até a data e resolveu induzir meu pai até ver o coitado morto”
Terminada a parte de investigação e realizado o inquérito policial restou claro que, no início a principal suspeita era a querelante, tendo em vista que foi a primeira a chegar na casa, além do preconceito existente na sociedade pela diferença de idade no relacionamento e um suposto “interesse financeiro”, que de fato não existia. Ainda, o investigador do caso descobriu que o de cujus tinha uma rixa com seu vizinho e que a única pessoa vista na casa naquele dia foi o caseiro.
Isolada a cena do crime, foram encontrados dois cigarros no cinzeiro, um com o DNA do falecido e o outro com o DNA da filha.
Na autópsia restou demonstrado que a morte ocorreu por insuficiência respiratória, caso típico de morte por envenenamento. 
Também, a balística demonstrou que era impossível o magistrado ter cometido suicídio, pois o tiro foi disparado de uma distância entre 0,8 a 2 metros da vítima, sendo comprovado que o tiro foi disparado após a morte do magistrado, o que explica o sangramento reduzido na cena do crime.
Ademais a principal prova contra a querelada reside no fato de que, ela possuía sinais de pólvora na mão direita. Com isso, de todos os suspeitos e interrogados, ela era a única pessoa com indícios de pólvora no corpo. Além disso, tem-se que coloração do cadáver, comida no estômago e concentração de potássio no globo ocular indicam com precisão: a morte ocorreu entre 19 e 20 h, horário no qual foi devidamente comprovado pelas câmeras de segurança que a querelante se encontrava na faculdade até às 21horas 41 minutos.
Outras provas, como o DNA no cigarro e no copo que estava na mesa, corroboram para a conclusão de que a Sra. Eliana Albuquerque estava na casa do pai e que foi autora de seu homicídio, como bem demonstra a investigação dos fatos no inquérito policial.
Nesta senda, diante dos fatos narrados trazidos à tona pelo inquérito policial e comprovados por meio das perícias realizadas, é cristalino o fato de que a sra. Eliana Albuquerque matou o próprio pai.
DO DIREITO
A. DA MATERIALIDADE DO CRIME
A ação penal privada subsidiária da pública requer a pronúncia, e a posterior condenação criminal resultante da materialidade do crime de homicídio qualificado. Narra o inciso III, do §2º, do artigo 121, do Código Penal que o homicídio é qualificado quando cometido ‘com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum’. Aumenta-se a punição no caso de crime cometidocontra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge, tendo em vista a maior insensibilidade moral do agente, que viola o dever de apoio mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas pelo matrimônio, conforme artigo 61, inciso II, alínea 'e', do Código Penal.
Nesta senda, a materialidade do crime é comprovada pelo fato de que, o magistrado foi encontrado morto em casa por sua filha com níveis elevados de nicotina, conforme conclusão tirada da leitura da autopsia, o que caracteriza o envenenamento.
Além disso, o crime praticado, como dito alhures, foi consumado, devido o emprego de veneno. Contudo, é importante frisar que após a morte do magistrado, sua própria filha atirou nele, simulando suicídio. 
Com isso pode-se concluir que, o crime ocorreu e foi realizado pela ora querelada, conforme demonstra o inquérito policial.
B. DA TIPICIDADE
Conforme narrado, trata-se de crime de homicídio qualificado, perfeitamente enquadrado no inciso III, § 2°, do artigo 121 do Código Penal, in verbis:
Art. 121. Matar alguem:
§ 2° Se o homicídio é cometido:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
			No fato da presente ação, ocorreu um homicídio com emprego de veneno (nicotina), o que demonstra, sem dificuldade, a qualificadora incidente no crime cometido.
			Além disso, estão presente a agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea 'e', do Código Penal, no ato cometido, in versis:
 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
 e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que seja recebida a presente Queixa-Crime Subsidiaria da Pública, na forma do artigo 5, LIX, da Constituição Federal e do 29 Código de Processo Penal para:
I. Citar a querelada afim de apresentar a resposta à acusação na forma do artigo 396 do Código de Processo Penal, no prazo de 10 (dez) dias;
II. Produzir todas as provas em direito admitidas; 
III. A pronúncia, e a posterior condenação criminal resultante da materialidade do crime de homicídio qualificado. 
IV. Decretar a Prisão preventiva da querelada, face ao fumus boni juris (a materialidade provada e autoria indiciária robusta), e o periculum in mora, ou seja, solta continuará coagindo a querelante, como já o faz há tempo, bem como, frustrará a aplicação da lei penal.
ROL DE TESTEMUNHAS: 
1. Antônio da Silva, segurança da faculdade da querelante, residente à Av. Independência, 98 - Independência, Porto Alegre - RS, 90035-074;
2. Eduardo Rodriguez, caseiro da residência da vítima, residente e domiciliado na Av. Lajeado, 2.696, bairro Petrópolis, Porto Alegre - RS, 90460-110;
3. Laura Fragoso de Lima- colega de faculdade da querelante, residente e domiciliada na R. dos Andradas, 1234 - Centro Histórico, Porto Alegre - RS, 90020-008;
4. Heitor da Silva Nunes- Vizinho da vítima, residente e domiciliado na Avenida Borges de Medeiros, 1501 - Centro Histórico, Porto Alegre - RS, 90020-020
5. Rafael Egidio Steffens- Vigilante de Monitoramento de câmera de segurança, residente domiciliado em Av. Osvaldo Aranha, 760 - Bom Fim, Porto Alegre - RS, 90035-190
6. Vander Alves- Dono do mercado próximo a residência da vítima, residente na Avenida Borges de Medeiros, 1532 - Centro Histórico, Porto Alegre - RS, 90020-020
7. Vitoria Nascimento- Vizinha da vítima, residente e domiciliada em Avenida Borges de Medeiros, 1504 - Centro Histórico, Porto Alegre - RS, 90020-020;
8. Wanessa Assis- Colega de faculdade da querelante, residente e domiciliada na Rua Gomes Jardim, 678, bairro Santana, Porto Alegre - RS, 90160-091.
Valor da Causa: valor de alçada
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Porto Alegre, 05 de novembro de 2020
Evellyn Costa Pires
OAB/RS – 150.345

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