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CIÊNCIAS DO AMBIENTE SUMÁRIO Mensagem do Fundador04 06 Ecologia de Populações e Comunidades Noções de Ecologia Geral: Conceitos e Definições 17 36 53 66 Controle e Gestão Ambiental no Brasil Ecologia de Ecossistemas: Biomas do Brasil Ecossistemas Paranaenses e Sistemas Produtivos Regionais • Ciências do Ambiente SUMÁRIO 79 93 107 148 159 Consumo Sustentável Gestão Ambiental de Bacias Hidrográficas Recursos Naturais e Resíduos Sólidos Processos Erosivos e Dinâmica Hídrica em Encostas Desastres Naturais e Desastres Induzidos pela Ação Antrópica Conservação da Biodiversidade, Ética e Responsabilidade Prevenção e Mitigação de Impactos Ambientais • Ciências do Ambiente 120 133 4 • Ciências do Ambiente MENSAGEM DO FUNDADOR O CESCAGE é uma instituição que acredita no poder transformador da educação. É muito mais do que ensinar; é abrir caminho para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Chegamos até aqui graças ao trabalho e dedicação de centenas de pessoas que oferecem o seu melhor para que o acadêmico receba uma formação completa e comprometida com o futuro. Temos orgulho de possuir mais de 3 mil alunos formados ao longo de 20 anos de existência. Temos um compromisso sério com a sociedade. Nossa razão de ser é contribuir para que todos sejam atingidos direta e indiretamente com nosso trabalho. É maravilhoso visualizar o acadêmico interagindo com a sociedade através das clinicas de odontologia ou fisioterapia; sem falar da preciosa ajuda que a sociedade tem à disposição através do Núcleo de Prática Jurídica, totalmente de graça para todos que precisarem de apoio jurídico. O CESCAGE recebe há vários anos o Selo Social Ouro, um reconhecimento da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa pelo trabalho em responsabilidade social. É um tesouro imenso que recebe a cidade, os funcionários, os alunos e toda a região dos Campos Gerais. Você tem nas mãos agora um poderoso instrumento: este material de apoio produzido pelo Núcleo de Ensino a Distância do CESCAGE. Desejamos que você possa aproveita-lo da melhor maneira, pois trouxemos o que há de melhor nas inovações gráficas e visuais para que você seja o principal privilegiado. Nós acreditamos em você.E temos a certeza de que você tem todas as condições para ser um grande profissional. Bons estudos! Prof. Tit. Pós Ph.D. Dr José Sebastião Fagundes Cunha Desembargador do TJPR Fundador do GRUPO CESCAGE. 5 • Ciências do Ambiente CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS Coordenador Geral Pedagógico: Prof. Titular Pós-Ph.D. Desembargador J.S. Fagundes Cunha Coordenadora Geral: Drª Érika Zanoni Fagundes Cunha Ponta Grossa, 2020 6 • Ciências do Ambiente MÓDULO 1 Objetivo Específico Compreender os principais conceitos em Ecologia geral e estabelecer as relações existentes entre Ecologia e conservação do meio ambiente. O que é Empreendedorismo? Introdução ao Geoprocessamento Noções de Floricultura: Aspectos Econômicos e Sociais da Floricultura, Sistemas de Produção de Plantas Ornamentais e Principais Espécies de Plantas Ornamentais Planejamento e Exploração de Aves Introdução ao Geoprocessamento O Meio Ambiente Urbano Um Resgate Histórico das Condições de Trabalho e do Trabalhador Aspectos Sócio-econômicos da Ovino-caprinocultura no Brasil e no Mundo História da avicultura, Mercados Mundial e Nacional AvícolaIntrodução a Sociologia Rural Noções de Ecologia Geral: Conceitos e Definições 7 • Ciências do Ambiente Ecologia e Meio Ambiente O Que é Ecologia? 1.1 1.2 Atualmente a degradação ambiental causada pela exploração desenfreada dos recursos naturais e pelo crescimento desordenado da população mundial tem trazido conseqüências negativas para o meio ambiente como um todo. Poluição, escassez de recursos naturais, espécies ameaçadas de extinção entre tantos outros problemas tem sido problemas recorrentes na atualidade. A ecologia se faz presente neste discurso, como uma ciência que visa fazer a correlação entre as ciências naturais e as ciências sociais, auxiliando na promoção de estratégias que busquem a utilização racional dos recursos naturais e a sustentabilidade ambiental. O termo "ecologia" (do grego oikos, casa, e logos, ciência) foi originalmente empregado em 1866, pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel (1834-1919), desde então as discussões em torno do tema foram se intensificando e hoje a ecologia é uma ciência aceita e difundida em todo o mundo. Com estreitas relações com a qualidade do meio ambiente, as análises ecológicas são muito utilizadas em estudos ambientais, tanto para a preservação de áreas e espécies conservadas quanto para aquelas que correm algum risco ou já se encontram degradadas. Para saber mais ... Ecologia é o ramo da ciência que trata das interações e relações entre organismos e seu ambiente (Odum e Barret, 2007) A unidade básica da ecologia é o ecossistema, que consiste no conjunto de relações existentes entre dois ou mais seres vivos entre si e destes com o meio fico que habitam. O conceito de Ecossietma foi proposto por Transley em 1935. FIGURA 01: ECOSSISTEMA. A Ecologia possui atualmente, quatro subdivisões usuais: • Ecologia das espécies; • Ecologia das populações; • Ecologia das comunidades; • Ecologia dos ecossistemas. 8 • Ciências do Ambiente Constituintes de um Ecossistema Biosfera 1.3 1.4 • Componentes Bióticos: são todos aqueles que envolvem os seres vivos, dentro dos seus cinco reinos, Monera (bactérias e cianobactérias), Protista (protozoários e algas protistas), Fungi (fungos), Plantae (plantas pluricelulares) e Animalia (animais). • Componentes abióticos: incluem compostos orgânicos e inorgânicos, como água, dióxido de carbono, oxigênio, cálcio, nitrogênio, enxofre, sais de fósforo, etc. FIGURA02. EXEMPLOS DE ECOSSISTEMAS, COM SEUS COMPONENTES BIÓTICOS E ABIÓTICOS. Fonte: http://domescobar.blogspot.com; http://paoeecologia.wordpress.com; http://www.ecodebate.com.br Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. O termo "Biosfera" foi introduzido, em 1875, pelo geólogo austríaco Eduard Suess e compreende uma faixa de aproximadamente 17 a 20 Km, de espessura na superfície do planeta. A biosfera, portanto, compreende as porções de terra, mar e águas continentais habitadas pelos seres vivos. Não coincide com a atmosfera, a litosfera ou a hidrosfera isoladamente, pois abrange as três. http://domescobar.blogspot.com http://paoeecologia.wordpress.com http://www.ecodebate.com.br 9 • Ciências do Ambiente FIGURA 04. HIERARQUIA DOS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO ECOLÓGICA Fonte: Retirado de Odum e Barrett (2011), onde se lê ecosfera, entenda-se biosfera. FIGURA 03. BIOSFERA Fonte: http://proambient.blogspot.com/2011/05/o-planeta-terra.html) Em termos de proporção a biosfera forma uma fina película sobre a superfície do planeta Terra, que possui um diâmetro aproximado de 13.000 km. http://proambient.blogspot.com/2011/05/o-planeta-terra.html 10 • Ciências do Ambiente Níveis de Organização Biológica 1.5 FIGURA 05 - NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA Fonte: Extraído de http://www.notapositiva.com/resumos/biologia/10diversidadenabiosfera.htm Átomo Molécula Organelas celulares Célula Tecido Órgão Sistema Organismo População Comunidade Ecossistema http://www.notapositiva.com/resumos/biologia/10diversidadenabiosfera.htm 11 • Ciências do Ambiente O Conceito de Espécie População 1.6 1.7 Uma espécie é um conjunto de indivíduos apresentando características morfológicas, anatômicas, ecológicas, comportamentais, bioquímicas, fisiológicas, etc., comuns e capazes de se reproduzirem entre si, originando descendentes férteis. FIGURA 06. ESPÉCIES DIFERENTES DE EQUINOS. Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br Equus zebra Equus asinus Equus caballus Uma espécie pode ser definida ainda por todo um conjunto de características físicas, tais como o número e formas dos dentes de um animalou o número e formas das pétalas de uma flor, presença ou ausência de alguma característica, podendo todas estas semelhanças ser utilizadas como uma lista de referência para fins de identificação de indivíduos de mesma espécie. População é um grupo de organismos da mesma espécie ocupantes de uma determinada área em um determinado tempo. Odum e Barrett (2007) colocam que populações funcionam como uma unidade integrativa, que exibe propriedades únicas do grupo e não características isoladas dos indivíduos que a compõe. Suas características genéticas também são específicas e variam conforme sua ecologia, como a capacidade de adaptação, sucesso reprodutivo e persistência no ecossistema. http://mundoestranho.abril.com.br 12 • Ciências do Ambiente FIGURA 07. POPULAÇÕES DE PEIXES (CARDUME), DE LOBOS (ALCATÉIA) E DE ARAUCÁRIAS (FLORESTA). Fonte: http://biopoplog.blogspot.com/ Comunidade Hábitat e Nicho Ecológico 1.8 1.9 Uma comunidade consiste no conjunto de todas as populações que habitam certa área num mesmo intervalo de tempo. A diferença entre os conceitos de comunidade e ecossistema, é que na comunidade, excluem-se as interferências do meio físico, apenas para fins didáticos, uma vez que é impossível separar fisicamente os seres vivos do meio que habitam. Habitat é o lugar específico onde uma espécie pode ser encontrada, isto é, o seu "endereço" dentro do ecossistema. Exemplo: Uma planta pode ser o habitat de um inseto, assim como o leão pode ser encontrado nas savanas africanas. Nicho ecológico é o papel que o organismo desempenha no ecossistema, isto é, a "profissão" do organismo no ecossistema. O nicho informa às custas de que se alimenta, a quem serve de alimento, como se reproduz aquela espécie, etc. Exemplo: a fêmea do Anopheles (mosquito transmissor da malária) é um inseto hematófago (se alimenta de sangue), o leão atua como predador devorando grandes herbívoros, como zebras e antílopes. http://biopoplog.blogspot.com/ 13 • Ciências do Ambiente FIGURA 08. O HÁBITAT DO MICO LEÃO DOURADO É A FLORESTA ATLÂNTICA, SEU NICHO CONSISTE EM ALIMENTAR-SE DE INSETOS OU FRUTOS, TENDO HÁBITO DIURNO, DURANTE A NOITE DORMEM EM TOCAS NAS ÁRVORES LOCALIZADAS NO EXTRATO INTERMEDIÁRIO DA FLORESTA; SENDO EXTREMAMENTE TERRITORIALISTAS, O GRUPO DE MICO-LEÃO TEM SEMPRE UM MACHO E UMA FÊMEA DOMINANTES. Fonte: http://www.sosmatatlantica.org.br Fatores Limitantes nos Ecossistemas 1.10 Muitos fatores ambientais distintos apresentam o potencial para controlar o crescimento de uma população. A lei do mínimo de Liebig coloca que, entre todos os fatores bióticos ou abióticos que controlam uma dada população, ao menos um deve ser limitante (Haemig, 2008). Sendo assim, fator limitante é aquele que torna difícil, a sobrevivência, o crescimento e a reprodução de uma espécie. São eles: Fator limitante Tolerância estreita Tolerância ampla Temperatura Estenotérmico Euritérmico Água Estenohídrico Eurihídrico Sais biogênicos Estenohalino Eurihalino Espaço físico Estenoécio Euriécio Alimento Estenofágico Eurifágico QUADRO 01. FATORES LIMITANTES. ADAPTADO DE ODUM E BARRET (2007). http://www.sosmatatlantica.org.br 14 • Ciências do Ambiente Dentre outros fatores podemos citar os gases atmosféricos, a luminosidade, a tolerância ao fogo, etc. Odum e Barrett (2007) colocam que uma mesma espécie pode ter ampla tolerância a um fator e estreita a outro, sendo que espécies euriécias provavelmente apresentam distribuição mais ampla. Assim, condições não ótimas de um fator podem causar alterações na amplitude de tolerância a outros fatores. 1.10.1 Principais fatores limitantes Os principais fatores limitantes da vida nos ecossistemas, conforme Odum e Barrett (2007), estão listados abaixo: • Temperatura: A vida como conhecemos só pode existir num intervalo de temperatura de 300º C (de -200º C até 100ºC). Porém, a maioria das espécies está restrita a uma faixa ainda mais estreita. Alguns organismos, especialmente aqueles em repouso ou hibernação, sobrevivem a temperaturas muito baixas, enquanto há bactérias e outros microrganismos que vivem e reproduzem-se em ambientes termais com temperatura superior a 80ºC. Peixes e insetos mais tolerantes resistem até 50ºC. A variação de temperatura tende a ser menor na água, devido à sua propriedade de alto calor específico, enquanto que em terra os coeficientes de variação são consideravelmente maiores. Há de considerar que ambientes florestais tem menor variação de temperatura que ambientes áridos, em função da saturação hídrica do ambiente. • Luminosidade: A luz ou intensidade luminosa constitui um fator limitante aos organismos fotossintetizantes e também àqueles que têm seu ritmo regulado pelos ciclos circadianos. Os mamíferos em geral detectam a presença ou ausência de luz e partir disso desencadeiam processos metabólicos específicos como, por exemplo, a liberação de melatonina, que regula o metabolismo do sono. Ainda nos animais a visão também é determinada por diferentes espectros foto visíveis em cada espécie, determinando a visão em cores ou monocromática. Nos vegetais e nas algas a fotossíntese considera a saturação luminosa, e assim, as diferentes espécies adaptam-se a fim de se tornar espécies de sombra (umbrófilas) ou de sol (heliófilas). Algas diatomáceas atingem a taxa máxima de fotossíntese com saturação luminosa de apenas 5%. Do ponto de vista ecológico, a qualidade (comprimento de onda ou cor), a intensidade (energia real medida em grama- calorias) e a duração (comprimento do dia) da luz são os fatores determinantes da taxa de intensidade luminosa. Considerando sempre que animais e plantas respondem a diferentes comprimentos de onda de luz. • Radiação ionizante Radiação ionizante é aquela que por ter energia muito alta, consegue remover elétrons de um átomo e fixá-lo em outros átomos, produzindo pares iônicos. A luz e a maioria das radiações solares é não ionizante. As radiações ionizantes são produzidas por materiais radioativos na Terra e também recebidas do espaço. Acredita-se que a ionização seja a principal 15 • Ciências do Ambiente causa de danos da radiação à vida e as radiações de interesse ecológico são as radiações alfa e beta, assim como a radiação eletromagnética (gama e X), pode-se também incluir uma pequena quantidade de raios cósmicos. A radiação, na forma de radionuclídeos, pode se acumular em organismos vivos durante as transferências na cadeia alimentar, causando a chamada magnificação trófica ou magnificação biológica. As substâncias radioativas podem acumular-se no solo, água, sedimentos ou ar, e se a entrada dessas substâncias exceder a taxa de decaimento radioativo ela pode se tornar letal. A radiação pode ainda causar esterilidade temporária ou permanente, efeitos genéticos, vulnerabilidade metabólica, inibição do crescimento e em escala ampla redução da biodiversidade local. • Água A água é substância fundamental a vida, limitando a ocorrência de seres terrestres e aquáticos. Sendo o componente químico mais abundante dos seres vivos, ela regula a existência e a diversidade dos mesmos em função de sua saturação e disponibilidade, por meio da chuva, umidade, evapotranspiração, taxa de osmose, suprimento disponível e salinidade. É responsável por ditar o ritmo dos processos metabólicos em todos os seres vivos, compondo o protoplasma celular, atuando como principal meio de trocas e de ocorrência de reações químicas tanto em nível celular como em nível fisiológico e ecossistêmico. • Concentração e disponibilidade de gases atmosféricos A concentração de gases da atmosfera é relativamente constante, propiciando a homeostase na maioria dos organismos vivos. Porém a saturação de gases difere entre a superfície terrestre e ambientes aquáticos, enquanto estes últimos diferem entre si por serem dulcícolas (água doce) lênticos (lagos e açudes), lóticos(rios e riachos) ou marinhos. Nesses ambientes, o oxigênio em especial, constitui fator de suma importância, uma vez que sua concentração depende da salinidade e da temperatura do meio. O dióxido de carbono é essencial para a ocorrência da fotossíntese e sua disponibilidade altera as taxas fotossintéticas de vegetais e algas. A concentração de íons hidrogênio está relacionada ao potencial hidrogênio iônico – pH. A maioria das espécies possuem mecanismo regulatórios de pH ou mesmo apresentam uma ampla tolerância natural. Há, contudo, espécies que vivem em valores extremamente ácidos ou alcalinos, com destaque para os microrganismos extremófilos. • Macro e micronutrientes Cerca da metade dos elementos químicos conhecidos são necessários à vida de animais e plantas em maior ou menor quantidade. Aqueles necessários em quantidade considerável são chamados macronutrientes: potássio, cálcio, enxofre, magnésio, nitrogênio e fósforo, que fazem parte da estrutura de proteínas e outros compostos essenciais à vida. Já aqueles necessários em quantidade menor são 16 • Ciências do Ambiente chamados micronutrientes ou elementos traço: ferro, manganês, cobre, zinco, boro, molibdênio, cloro, vanádio, cobalto, dentre outros, que constituem enzimas, vitaminas, etc, agindo como catalisadores de reações químicas. QUANTAS ESPÉCIES EXISTEM? Cada expedição científica nas florestas tropicais termina com a descoberta de numerosas novas espécies animais ou vegetais, até então desconhecidas da ciência. Ninguém sabe ao certo qual o número de espécies existentes no nosso planeta. As estimativas apontam para um número entre 3 e 30 milhões. Por falta de um único arquivo central, desconhece-se inclusivamente o número das que foram até hoje descritas, que devem situar-se entre 1,5 e 1,8 milhões. Milhares de novas espécies vêm se juntar todos os anos às já conhecidas, sobretudo insetos, o grupo de animais mais abundante: até hoje foram catalogadas cerca de 950 000 espécies, mas calcula-se que o seu número seja em torno de 2-3 milhões. Alguns investigadores observaram que uma só árvore da floresta amazônica pode abrigar 163 tipos de coleópteros diferentes, especializados para viver exclusivamente na sua copa. PARA QUE SERVEM TANTAS PLANTAS E TANTOS ANIMAIS? Segundo os cientistas, que chamam "diversidade biológica" ou “biodiversidade” a esta extraordinária riqueza da natureza, quanto maior for o número de organismos diferentes num determinado ambiente, ligados entre si por uma variedade de relações mais ou menos estreitas, mais "perfeito" será o seu funcionamento. Infelizmente, a intervenção do Homem em muitos ambientes naturais provoca a extinção de numerosas espécies, em muitos casos ainda desconhecidas. Gallavotti, B. 1997. Segredos da Vida. DoGi. Itália. Disponível em: http://www.cientic.com O texto abaixo traz a associação entre os conhecimentos obtidos em ecologia com a prática profissional em meio ambiente e conservação na natureza. Após a leitura, procure refletir sobre como a informação trazida por este artigo científico pode ser útil para o profissional de Medicina Veterinária. SUGESTÃO LEITURA COMPLEMENTAR Avaliação da predação a animais domésticos por felinos de grande porte no Estado do Paraná: implicações e estratégias conservacionistas. Disponível em: http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/artigo_6.pdf http://www.cientic.com http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/artigo_6.pdf 17 • Ciências do Ambiente Empreendedor,Empresário, Administrador, Empreendimento e Empresa MÓDULO 2 Objetivo Específico Reconhecer as relações existentes entre os seres vivos como primordiais para o bom funcionamento dos ecossistemas e equilíbrio ambiental, assim como reconhecer o papel do homem como causador de distúrbios ao meio. Softwere para o Geoprocessamento Noções de Floricultura: Ambiente Protegido, Formas de Propagação e Adubação das Plantas Ornamenitais Produção de Bezerras Importância do Geoprocessamento na Arquitetura e Urbanismo Sustentabilidade UrbanaRisco Ocupacional Principais Raças Ovinas e Caprinas Raças Puras de Galinhas para Criações Comerciais e Alternativas no Brasil Fundamento Histórico e Realidade Rural Brasileira Ecologia de Populações e Comunidades 18 • Ciências do Ambiente Num ecossistema, espécies diferentes interagem entre si, numa relação harmônica que representa o equilíbrio dinâmico da natureza. Essas relações são expressas de diferentes modos e por motivos diversos além de ocorrerem de modo harmônico e incessante. Por vezes o homem interrompe este ciclo harmônico de relação, induzindo desequilíbrios ambientais que podem ter consequências sérias e podendo até ser irreversíveis. Contudo a natureza dá conta de reverter esta situação, em alguns casos retornando às suas condições originais ou muito próximas delas, noutros, atingindo um novo equilíbrio, mesmo que seja diferente da situação original encontrada antes da perturbação. Ao se desmatar uma floresta, se logo após o desmatamento o homem não continuar a modificar aquele ambiente, logo a floresta começa a ressurgir. Num primeiro momento com algumas poucas espécies muito rústicas que ao longo do tempo vão sendo substituídas por outras mais exigentes ecologicamente. Ao final deste processo de regeneração e sucessão podemos observar novamente uma floresta com características muito semelhantes àquela perdida pelo desmatamento. Introdução 2.1 FIGURA 01. PROCESSO DE REGENERAÇÃO EM UMA FLORESTA TROPICAL. INICIALMENTE A CLAREIRA RECÉM-ABERTA COMEÇA A SER COLONIZADA POR DIVERSOS ORGANISMOS PIONEIROS, POSTERIORMENTE AS ESPÉCIES VÃO SE DESENVOLVENDO E NOVAS ESPÉCIES VÃO SURGINDO E OCUPANDO O SEU ESPAÇO, AO LONGO DO TEMPO A FLORESTA VOLTA A POSSUIR CARACTERÍSTICAS MUITO PARECIDAS COM OS ORIGINAIS. Fonte: Rhett A. Butler; http://www.dforceblog.com http://www.dforceblog.com 19 • Ciências do Ambiente Autotrofia e Heterotrofia Constituintes Básicos de um Ecossistema 2.2 2.3 Na natureza os seres vivos podem ser distinguidos em dois grandes grupos: os autotróficos e os heterotróficos. Os seres autotróficos são aqueles seres capazes de sintetizar próprio alimento e obter energia a partir de reações químicas envolvendo energia solar, água e sais minerais, como é o caso dos fotossintetizantes. Dentre os seres vivos que realizam fotossíntese, estão integrantes dos Reinos Monera (cianobactérias), Protista (algas protistas) e todos os integrantes do Reino Plantae ou Metaphyta. Outro processo metabólico de obtenção de energia é a quimiossíntese, que consiste num processo de oxidação de minerais para geração de energia; este processo não envolve luz solar. Entre os seres quimiossintetizantes estão diversas bactérias. Os seres vivos que são incapazes de sintetizar seu próprio alimento são chamados seres heterotróficos, tendo que obter alimento de fontes externas, ou seja, alimentando-se de autótrofos ou de outros heterótrofos. É o caso dos seres pertencentes aos Reinos Animalia e Fungi. De acordo com Odum e Barrett (2007) os ecossistemas possuem componentes básicos que os constituem: • Substâncias inorgânicas - carbono, nitrogênio, dióxido de carbono, água, etc. Sustâncias envolvidas em ciclos de materiais, que não se perdem nem se degradam na natureza, mas mudam de posição na cadeia trófica e no ambiente ao longo do tempo pelos ciclos biogeoquímicos. • Compostos orgânicos – proteínas, carboidratos, lipídeos, substâncias húmicas, etc. Estas substâncias conectam os componentes bióticos e os abióticos, sendo elementos essenciais na constituição das células, e por conseqüência na estrutura de todos os organismos vivos. • Fatores ambientais – disponibilidade de água, ar, temperatura, pressão, as condições climáticas, solo e demais substratos, além de quaisquer outros elementos do meio ambiente físico. • Produtores – organismos autótrofos, na sua maior parte plantasverdes, que podem produzir alimento a partir de substâncias simples. 20 • Ciências do Ambiente • Consumidores ou fagótrofos – organismos heterotróficos, principalmente animais, que ingerem outros organismos ou matéria orgânica particulada para obter energia e se manter vivos. • Decompositores ou saprótrofos – grupo constituído por organismos heterótrofos, mas que especialmente obtém energia da decomposição de tecidos mortos (organismos inteiros ou apenas partes deles; folhas, frutos caídos, pêlos, unhas, etc.) ou absorvendo matéria orgânica dissolvida exudada, extraída de plantas ou outros organismos. Este grupo é constituído principalmente por bactérias e fungos. FIGURA 02. ORGANISMOS DECOMPOSITORES NA NATUREZA. NA PRIMEIRA IMAGEM O BOLOR (FUNGO) AGE NA LARANJA JÁ EM PROCESSO DE DECOMPOSIÇÃO; A SEGUNDA IMAGEM MOSTRA O CORPO DE FRUTIFICAÇÃO DE UM FUNGO SAPRÓFITO NO SOLO DE UMA FLORESTA (SERRAPILHEIRA). Fonte: www.bioagradavel7f.blogspot.com A atividade dos decompositores libera nutrientes inorgânicos de modo a disponibilizá-los novamente na natureza para que possam ser reaproveitados pelos produtores, reiniciado o ciclo e a ele dando continuidade. QUAL A IMPORTÂNCIA DOS DECOMPOSITORES NOS ECOSSISTEMAS DA TERRA? Os decompositores são vitais, já que a sua ausência provocaria o colapso dos ecossistemas. Em primeiro lugar, a Terra seria inundada por matéria orgânica proveniente de cadáveres ou de fragmentos de seres vivos. Assim, os decompositores são essenciais não apenas porque “removem” os resíduos biodegradáveis, no solo e na água, mas fundamentalmente porque reciclam estes materiais, agora com “valor acrescido”, já que se transformam pela sua ação em nutrientes minerais, ficando, assim, à disposição do nível trófico seguinte - os produtores. Os decompositores conseguem quebrar grandes moléculas como proteínas, amidos e outros complexos orgânicos que faziam parte de um organismo vivo, e logo biodegradável, e convertê-lo em produtos como nitrogênio, fósforo, cálcio e enxofre, podendo, desta forma, ser posteriormente utilizados pelas plantas. http://www.bioagradavel7f.blogspot.com 21 • Ciências do Ambiente Os solos, em consequência da ação dos decompositores, tornam-se, assim, mais ricos em matéria mineral, como por exemplo, nitratos, e por isso mais férteis, já que a matéria mineral é fundamental ao desenvolvimento das plantas. Acresce ainda que a decomposição liberta dióxido de carbono para a atmosfera, que é posteriormente utilizado no processo de respiração das plantas com clorofila, que efetuam a fotossíntese. Provavelmente, mesmo desconhecendo a ação dos seres decompositores, ao longo dos séculos, o Homem tem aproveitado o seu “trabalho” e a sua abundância para intensificar o crescimento das plantas de cultivo, aumentando, consequentemente, os resultados das colheitas. Por esta razão, os agricultores espalham o estrume nos campos e/ou utilizam o produto resultante da compostagem para fertilizar as áreas de cultivo, já que os dejetos dos animais e outros materiais biodegradáveis constituem o substrato ideal para a ação dos decompositores, de forma natural e inócua para o ambiente. Deste modo, mesmo que inconscientemente, o Homem, durante séculos, fez uso de uma técnica ancestral, amiga do ambiente, que permite uma maior produção agrícola, o desenvolvimento sustentável, com menores custos ambientais. Adaptado de “BioAgradável”, 23/05/2011; autor não identificado. Disponível na íntegra em: http://bioagradavel7f.blogspot.com/2011/05/ importancia-dos-seres-decompositores-e.html Organização dos Seres Vivos em Níveis Tróficos: Cadeia Alimentar 2.4 Ecólogos diversos (Margalef, 1989; Riclefs, 2003; Dajoz, 2005; Odum e Barret, 2007) colocam que uma cadeia alimentar é uma seqüência de seres vivos, uns servindo de alimento a outros, sucessivamente. Nesta seqüência existe a transferência de matéria e energia de um organismo para outro sob a forma de alimento. A transferência de energia alimentar de sua fonte nos autótrofos, por meio de uma série de organismos que consomem e são consumidos, é chamada de cadeia alimentar. A cada transferência uma grande parcela desta energia é perdida em forma de calor. Deste modo, quanto menos indivíduos existirem na cadeia alimentar, mais próximos do produtor eles estarão, logo será maior a quantidade de energia disponível para este indivíduo. Trocando em miúdos, quanto menor for a cadeia alimentar, maior a chance do indivíduo que está “na ponta” ou no topo da cadeia de receber mais energia com um esforço menor. http://bioagradavel7f.blogspot.com/2011/05/importancia-dos-seres-decompositores-e.html http://bioagradavel7f.blogspot.com/2011/05/importancia-dos-seres-decompositores-e.html 22 • Ciências do Ambiente As cadeias alimentares são divididas em níveis tróficos. O primeiro nível trófico é ocupado pelos produtores, geralmente planta verdes, como gramíneas, ervas e arbustos nos ecossistemas terrestres e pelo fitoplâncton e algas pluricelulares num ecossistema aquático. Os níveis tróficos seguintes serão sempre ocupados por seres heterotróficos, ou seja, consumidores. Organismos herbívoros são considerados consumidores primários, pois se alimentam diretamente de produtores; eventualmente organismos onívoros podem ocupar a posição de consumidor primário, dependendo de sua dieta alimentar. Deste modo, sucessivamente, organismos que se alimentam de um consumidor primário são considerados consumidores secundários; os que se alimentam de consumidores secundários são os consumidores terciários; consumidores quaternários consomem consumidores terciários, e assim por diante. O terceiro nível trófico é ocupado pelos decompositores, que devolvem a matéria orgânica para o ambiente para que seja reaproveitada. Já a energia não pode ser devolvida ao meio ambiente, ela é perdida, dissipada. Contudo a energia é constantemente emitida pelo Sol e aproveitada pelos produtores, sendo transmitida continuamente através da cadeia alimentar. FIGURA 03. CAMINHOS PERCORRIDOS PELA MATÉRIA E PELA ENERGIA NO ECOSSISTEMA. PERCEBA QUE A MATÉRIA RETORNA AO CICLO E A ENERGIA É PERDIDA AO LONGO E AO FINAL DO PROCESSO. Fonte: http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1261 http://www.biomania.com.br/bio/conteudo.asp?cod=1261 23 • Ciências do Ambiente Exemplo de Cadeia Alimentar Algumas plantas produzem frutos e sementes que são comidos por certos pássaros; estes são devorados por pequenos animais carnívoros como alguns gatos-do-mato; estes podem, por sua vez, ser comidos por carnívoros maiores, ou podem ser mortos pelo tiro de um caçador; sua carne servirá de alimento aos cães do caçador e sua carcaça, abandonada na mata pelo homem, vai alimentar uma série de insetos e bactérias; os ossos se desagregam com o decorrer do tempo e suas partículas se incorporam ao solo; as raízes de muitas plantas vão aproveitar esses minerais agregados ao solo; tais plantas produzirão novos frutos e sementes que alimentarão outros pássaros. Fechou-se, dessa forma, a cadeia alimentar. Muitas cadeias são mais complexas, apresentando caminhos preferenciais e outros secundários. Os animais em geral preferem certos alimentos mas se estes faltam ou escasseiam, comem outros. Adaptado de “Ambiente Brasil”, disponível em: http://ambientes. ambientebrasil.com.br/educacao/artigos/cadeia_alimentar.html O Que é uma Teia Alimentar? 2.5 A intersecção de cadeias alimentares num ecossistema é chamada de teia alimentar, neste caso várias teias se sobrepõem fazendo com que as relações ecológicas sejam múltiplas e o alimento disponível possa ser utilizado por vários indivíduos e realmente compondo um ecossistema. Assim, um consumidor que ora atua como secundário, dentro de uma teia alimentar, pode ser também consumidor terciário ou quaternário, até consumidor primário se o organismo for onívoro. http://ambientes.ambientebrasil.com.br/educacao/artigos/cadeia_alimentar.htmlhttp://ambientes.ambientebrasil.com.br/educacao/artigos/cadeia_alimentar.html 24 • Ciências do Ambiente FIGURA 04. TEIA ALIMENTAR. NOTE QUE SENTIDO DAS SETAS INDICA O FLUXO DE ENERGIA, QUE SAI DOS PRODUTORES E PASSA PELOS DIFERENTES ORGANISMOS. Fonte: http://www.biomania.com.br Fonte: http://beraltocartum.blogspot.com A teia ou rede alimentar é o conjunto de cadeias alimentares, ou todos os possíveis caminhos seguidos pela matéria e energia num ecossistema. http://www.biomania.com.br http://beraltocartum.blogspot.com 25 • Ciências do Ambiente Pirâmides Ecológicas 2.6 As pirâmides ecológicas representam graficamente, a quantidade de matéria e/ou energia que perpassa pelos vários níveis tróficos de um ecossistema. Nelas o primeiro nível trófico, dos produtores, sempre ocupa a base da pirâmide e os níveis tróficos sucessivos formam as camadas. FIGURA 05. PIRÂMIDE ECOLÓGICA. SUA FUNÇÃO É REPRESENTAR A TRANSFERÊNCIA DE MATÉRIA E/OU ENERGIA AO LONGO DE UM ECOSSISTEMA. Extraído de: http://filipedebarros.wordpress.com A tabela abaixo apresenta as diversas pirâmides ecológicas usuais atualmente: http://filipedebarros.wordpress.com 26 • Ciências do Ambiente TABELA 01. PIRÂMIDES ECOLÓGICAS E SUAS APLICAÇÕES PRINCIPAIS. Tipo de pirâmide Característica Exemplo Pirâmide de números Representa a quantidade de indivíduos em cada nível trófico da cadeia alimentar proporcionalmente à quantidade necessária para a dieta de cada um desses. Pirâmide de números invertida Quando o produtor é uma planta de grande porte, o gráfico de números tem a sua base reduzida, sendo denominada “pirâmide invertida”. A pirâmide também pode ser invertida quando envolve parasitas, pois neste caso os últimos níveis tróficos mais numerosos. Pirâmide de biomassa A pirâmide de biomassa considera a massa corpórea (biomassa) e não o número de cada nível trófico da cadeia alimentar. Sua conformação se assemelha à pirâmide de números: os produtores terão a maior biomassa e constituem a base da pirâmide, decrescendo a biomassa nos níveis superiores. Pirâmide de energia Neste tipo de pirâmide é possível representar a energia que é captada pelos produtores a partir do sol e sua dissipaçãoao longo das cadeias alimentares sob a forma de calor. Assim, retrata, para cada nível trófico, a quantidade de energia acumulada, em uma determinada área ou volume, em um intervalo de tempo. Adaptado de: www.sobiologia.com.br http://www.sobiologia.com.br 27 • Ciências do Ambiente Relações Ecológicas 2.7 As populações e comunidades de seres vivos mantêm no ambiente diversas relações, de troca, de competição, de auto-ajuda, de interação, etc. Estes laços presentes em qualquer ecossistema e são chamados em ecologia de “relações ecológicas” ou “interações ecológicas”, podendo ser positivas para todos os envolvidos ou mesmo para apenas uma das partes, sem causar prejuízos à outra, configurando as relações harmônicas. Já àquelas relações que ao ocorrer resultam no prejuízo de pelo menos uma espécie, enquanto outra obtém vantagens, chamamos relações desarmônicas. Este conjunto de relações pode ainda ser classificado como intraespecíficas quando ocorrem dentro de uma mesma população, ou seja, somente entre indivíduos de mesma espécie ou interespecíficas quando as relações se dão entre indivíduos de espécies diferentes numa comunidade. 2.7.1 Relações intraespecíficas harmônicas • Colônia FIGURA 06. COLÔNIA FIXA DE CNIDÁRIOS E CARAVELA, UMA COLÔNIA MÓVEL. Extraído de: https://www.amnh.org/es/exhibitions/cuba/arrecifes-de-coral Conjunto de organismos da mesma espécie, organizados de modo que pode ou não haver divisão do trabalho. Na colônia os organismos estão unidos fisicamente, dando a impressão de ser um grande organismo. Existem colônias fixas como os corais e colônias móveis como as caravelas. As colônias podem ainda ser classificadas como: Homotípicas – sem diferenciação entre os indivíduos, e sem divisão de funções. Ex: colônia de bactérias; Heterotípicas – com diferenciação entre os indivíduos e com divisão de trabalho. Ex: caravela-do-mar, corais. https://www.amnh.org/es/exhibitions/cuba/arrecifes-de-coral 28 • Ciências do Ambiente • Sociedade FIGURA 07. SOCIEDADE DE ABELHAS. Extraído de: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=31010 Consistem na reunião de grandes grupos de indivíduos, na qual existe um elevado grau de hierarquia e divisão de trabalho. Nela os integrantes são extremamente organizados e desempenham funções diferenciadas, porém não estão ligados fisicamente. Ex: abelhas, cupins, formigas, lobos, etc. • Reuniões FIGURA 08. REUNIÃO DE ZEBRAS COM INTUITO DE PROTEÇÃO CONTRA PREDADORES NA SAVANA AFRICANA. Extraído de: https://thumbs.dreamstime.com/b/animais-selvagens-africanos-zebra-reuni%C3%A3o-da-%C3%A9gua-29684962.jpg Reuniões são agrupamentos temporários de indivíduos em função de um determinado estímulo, como autoproteção, migração, busca de alimento, entre outros. Passado o distúrbio ou terminada a migração as reuniões podem ser desfeitas e cada indivíduo pode ter vida independente. Ex: aves migratórias, reunião de insetos ao redor de uma lâmpada. 2.7.2 Relações intraespecíficas desarmônicas http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=31010 https://thumbs.dreamstime.com/b/animais-selvagens-africanos-zebra-reuni%C3%A3o-da-%C3%A9gua-29684962.jpg 29 • Ciências do Ambiente • Canibalismo FIGURA 09. CANIBALISMO ENTRE LOUVA-A-DEUS. Extraído de: https://sites.google.com/site/desvendandoasrelacoes/_/rsrc/1468912208807/2-objetivos/louva-a-deus-450x334. jpg?height=236&width=320 Ocorre quando um indivíduo se alimenta de outro da mesma espécie. Esse comportamento social tem por função reduzir a competição entre os indivíduos da população por causa da falta de recursos, abrigos e locais de reprodução no meio ambiente. Ex: viúva negra, Louva-Deus. • Competição intraespecífica FIGURA 10. COMPETIÇÃO POR TERRITÓRIO ENTRE MACHOS DOMINANTES. Extraído de: http://escolakids.uol.com.br/public/images/legenda/d35ced276105d5e2171a6ddc7f3d851f.jpg Competição entre indivíduos da mesma espécie que resulta do conflito no uso de um determinado recurso, como espaço para viver, alimento ou mesmo parceiros sexuais. A competição gera um “custo” em termos de energia para os indivíduos envolvidos. 2.7.3 Relações interespecíficas harmônicas https://sites.google.com/site/desvendandoasrelacoes/_/rsrc/1468912208807/2-objetivos/louva-a-deus-450x334.jpg?height=236&width=320 https://sites.google.com/site/desvendandoasrelacoes/_/rsrc/1468912208807/2-objetivos/louva-a-deus-450x334.jpg?height=236&width=320 http://escolakids.uol.com.br/public/images/legenda/d35ced276105d5e2171a6ddc7f3d851f.jpg 30 • Ciências do Ambiente • Mutualismo ou Simbiose FIGURA 11. MUTUALISMO ENTRE RAÍZES DE PLANTAS E FUNGOS E ENTRE CUPINS E O PROTOZOÁRIO TRICONINFA. Extraído de: https://2.bp.blogspot.com/-r6QPzoklWUU/WB7C61INRnI/AAAAAAAABOw/zLPlsAzTodIiy4TgVGnycAn_e86pDaZCQCLcB/s1600/ protozoario%2Bcupim.jpg É uma interação entre duas espécies com benefício para ambas, onde os parceiros geralmente suprem recursos complementares. A maioria das relações de mutualismo evoluiu para uma relação de interdependência tão íntima que alguns parceiros já não mais sobreviveriam isolados. • Protocooperação FIGURA 12. EXEMPLOS DE PROTOCOOPERAÇÃO. Extraído de: SEED- PR, portal dia-a-dia educação. Associação em que ambas as espécies se beneficiam sem haver relação de dependência entre elas. Por exemplo, os pássaros que promovem a dispersão das plantas e os insetos que procuram o néctar das flores e contribuem na polinização. Há também os casos do caranguejo ermitão e anêmonas do mar e do caranguejo paguro com conchas abandonadas de moluscos. http://bp.blogspot.com/-r6QPzoklWUU/WB7C61INRnI/AAAAAAAABOw/zLPlsAzTodIiy4TgVGnycAn_e86pDaZCQCLcB/s1600/protozoario%2Bcupim.jpg http://bp.blogspot.com/-r6QPzoklWUU/WB7C61INRnI/AAAAAAAABOw/zLPlsAzTodIiy4TgVGnycAn_e86pDaZCQCLcB/s1600/protozoario%2Bcupim.jpg31 • Ciências do Ambiente • Comensalismo FIGURA 13. EXEMPLOS DE COMENSALISMO. Extraído de: SEED- PR, portal dia-a-dia educação. Ocorre quando um organismo se alimenta dos restos de alimentos deixados por outro organismo. É uma relação unilateral, isto é, nela somente um dos participantes tem benefícios, a outra espécie tem papel neutro. O processo acaba sendo indiferente para um dos participantes. Ex: rêmoras que se alimentam dos restos de tubarões e hienas que se beneficiam das carcaças deixadas pelos leões após os mesmos se fartarem. • Inquilinismo FIGURA 14. CRACAS INQUILINAS EM CASCO DE TARTARUGA. Bromélias epífitas. Extraído de: https://allyouneedisbiology.files.wordpress.com/2016/10/imagen33.jpg Ocorre quando um organismo procura abrigo no corpo de outro organismo, sem dele retirar recursos. A relação é indiferente para o hospedeiro e positiva para o inquilino, que geralmente ganha abrigo e proteção, por vezes até otimiza a captura de alimento, como é o caso das cracas que se estabelecem no casco das tartarugas. Quando nadam as tartarugas forçam a passagem de água pelas cracas, que são animais filtradores, favorecendo a captura de plâncton. O epifitismo é um caso especial de inquilinismo, praticado por orquídeas e bromélias que se apoiam sobre árvores sem delas retirar insumos. https://allyouneedisbiology.files.wordpress.com/2016/10/imagen33.jpg 32 • Ciências do Ambiente • Foresia FIGURA 15. CARRAPICHOS E PICÕES COM ESTRUTURAS PARA ADERIR AOS PELOS DE MAMÍFEROS. Extraído de: Science Photo Library Ocorre quando um organismo é transportado por outro. A foresia acontece quando o carrapicho e picão que se prendem em pêlos de animais ou em roupas de humanos e são transportados por longas distâncias até se desprenderem e ali germinarem. É uma estratégia que contribui para a dispersão dessas espécies. 2.7.4 Relações interespecíficas desarmônicas • Predatismo FIGURA 16. PREDADORES. Extraído de: http://brasilescola.uol.com.br/upload/e/leozebra.jpg Ocorre quando um organismo captura e mata outro organismo para se alimentar. Os predadores capturam os indivíduos e os consomem, dessa forma retirando-os da população de presa e ganhando nutrição para sustentar a sua própria reprodução. Via de regra, predadores são animais que estão no topo das cadeias alimentares. Dentre os exemplos típicos de predadores podemos citar os leões e outros felinos de grande porte, as aves de rapina, aracnídeos, serpentes, tubarões, etc. http://brasilescola.uol.com.br/upload/e/leozebra.jpg 33 • Ciências do Ambiente • Parasitismo FIGURA 17. PARASITAS. Extraído de: https://imgur.com/gallery/Qhqow Um parasita consome partes do organismo de uma presa viva ou hospedeiro. Conforme descrevem Odum e Barrett (2007), eles se anexam (ectoparasitas) ou invadem (endoparasitas) o corpo dos hospedeiros e se alimentam dos seus tecidos, sangue ou alimento parcialmente digerido em seus intestinos. Ainda de acordo com autores, os parasitas que causam sintomas de doenças são chamados patógenos. O parasita não tem a intenção de matar seu hospedeiro, pois se isso acontecer cessam os seus recursos e a vida do parasita finda junto a do hospedeiro. Existem parasitas dentro de todos os reinos de seres vivos, causando os mais diversos prejuízos ambientais e econômicos. Por outro lado, alguns parasitam atuam no sentido de controlar algumas populações de animais e plantas, evitando o superpovoamento em alguns ecossistemas. • Amensalismo FIGURA 18. MARÉ VERMELHA. Amensalismo em Eucaliptus. Extraído de: http://www.sobiologia.com.br/figuras/Reinos/mare_vermelha.gif https://photos.travelblog.org/ Photos/72600/296586/f/2540715-Eucalyptus-forest-1.jpg https://imgur.com/gallery/Qhqow http://www.sobiologia.com.br/figuras/Reinos/mare_vermelha.gif https://photos.travelblog.org/Photos/72600/296586/f/2540715-Eucalyptus-forest-1.jpg https://photos.travelblog.org/Photos/72600/296586/f/2540715-Eucalyptus-forest-1.jpg 34 • Ciências do Ambiente No amensalismo, uma espécie produz substâncias que são tóxicas inibindo o crescimento ou a sobrevivência de outra. Existem inúmeros casos de amensalismo ou antibiose na natureza, a começar por espécies de plantas que inibem o desenvolvimento de outras espécies ao seu redor. A maré vermelha é outro caso de amensalismo em que algas pirrófitas ou dinoflagelados liberam toxinas na água, que causando mortandade de peixes e outros organismos aquáticos. O fungo Penicílium produz substâncias que inibem o crescimento de diversas espécies de bactérias. • Competição interespecífica FIGURA 19. COMPETIÇÃO POR RECURSOS NUMA FLORESTA TROPICAL ÚMIDA. Extraído de: https://cdn.thinglink.me/api/image/647647659586224128/1240/10/scaletowidth Quando duas ou mais espécies diferentes competem pelos mesmos recursos, num ecossistema. Numa floresta plantas, animais e microrganismos competem por recursos diversos que podem ser luminosidade, alimento ou hábitat. • Herbivoria FIGURA 20. PANDA, UM ANIMAL HERBÍVORO Extraído de: https://www.haikudeck.com/joanna-alejo-uncategorized-presentation-eiVPvJsLj1 https://cdn.thinglink.me/api/image/647647659586224128/1240/10/scaletowidth https://www.haikudeck.com/joanna-alejo-uncategorized-presentation-eiVPvJsLj1 35 • Ciências do Ambiente Nesta relação os animais herbívoros ingerem partes da planta viva ou organismos vegetais inteiros para seu alimento e nutrição. A planta então sofre prejuízo enquanto o animal obtém vantagem. SUGESTÃO LEITURA COMPLEMENTAR Monitoramento da resistência de populações de carrapatos Riphicephalus (Boophilus) microplus a carrapaticidas em bovinos nas bacias leiteiras do Estado de Mato Grosso do Sul. Disponível em: h t t p : / / c l o u d . c n p g c . e m b r a p a . b r / c o n t r o l e - d o - c a r r a p a t o - m s / f i l e s / 2 0 1 1 / 1 1 / 0 6 A n a K a r l a - M o n i to ra m e nto - d a - re s i s t % C 3 % A A n c i a - d e - popula%C3%A7%C3%B5es-de-carrapatos-Riphicephalus.pdf O texto “Monitoramento da resistência de populações de carrapatos Riphicephalus (Boophilus) microplus a carrapaticidas em bovinos nas bacias leiteiras do Estado de Mato Grosso do Sul” é um relato comum da rotina do médico veterinário e que nos traz diversos conceitos estudados em ecologia de populações e comunidades. Durante a leitura do mesmo você irá encontrar implícito no texto os conceitos de: • Parasitismo • Amensalismo ou antibiose • Ecologia de populações • Cadeia alimentar; consumidor primário e secundário. • Magnificação trófica • Adaptação e organismos resistentes http://cloud.cnpgc.embrapa.br/controle-do-carrapato-ms/files/2011/11/06AnaKarla-Monitoramento-da-resist%C3%AAncia-de-popula%C3%A7%C3%B5es-de-carrapatos-Riphicephalus.pdf http://cloud.cnpgc.embrapa.br/controle-do-carrapato-ms/files/2011/11/06AnaKarla-Monitoramento-da-resist%C3%AAncia-de-popula%C3%A7%C3%B5es-de-carrapatos-Riphicephalus.pdf http://cloud.cnpgc.embrapa.br/controle-do-carrapato-ms/files/2011/11/06AnaKarla-Monitoramento-da-resist%C3%AAncia-de-popula%C3%A7%C3%B5es-de-carrapatos-Riphicephalus.pdf 36 • Ciências do Ambiente Perfil Empreendedor MÓDULO 3 Objetivo Específico Reconhecer a diversidade biológica existente no Brasil através do conhecimento das peculiaridades e regionalidades de cada bioma brasileiro. Sistema de Informação Geográfica - SIG Noções de Floricultura: Substrato e Conservação Pós Colheita de Plantas Ornamentais Recria de NovilhasConhecer DadosGeográficos Espaciais A Infraestrutura Urbana Biossegurança e Precauções Padrão para os Profissionais de Saúde Características próprias das Espécies Raças Híbridas de Galinhas para Criações Comerciais e Alternativas no Brasil Estatuto da Terra e a Estrutura Fundiária Ecologia de Ecossistemas: Biomas do Brasil 37 • Ciências do Ambiente Introdução O que são Biomas 3.1 3.2 O planeta é constituído por uma infinidade de formas do relevo, climas, solos e espécies diferentes.Essas diferenças são expressas nos diferentes biomas existentes em toda a superfície terrestre, desde as regiões árticas, passando pelas florestas tropicais até os mais inóspitos desertos. No Brasil, essas variações das condições ambientais também são refletidas e expressas em diferentes paisagens, que reúnem características únicas e impressionante diversidade de espécies. Considerando essa diversidade, neste módulo, iremos conhecer mais profundamente as principais características dos grandes biomas brasileiros. Biomas são formações ecológicas ou tipos de ecossistemas facilmente reconhecidos, com ênfase nas diferenças geográficas e biológicas subjacentes à extraordinária diversidade de vida no nosso planeta. São ecossistemas diversos que possuem certo nível de homogeneidade que os assemelha. FIGURA 01. BIOMAS MUNDIAIS. Fonte: http://varinia.es/blog/2008/02/07/diferencias-entre-ecosistema-y-bioma/ . http://varinia.es/blog/2008/02/07/diferencias-entre-ecosistema-y-bioma/ 38 • Ciências do Ambiente Geralmente as plantas se prestam ao papel de diferenciador de ecossistemas terrestres, facilitando seu reconhecimento e diferenciação, logo permitem a distinção de biomas diversos, pois a vegetação compõe a matriz da paisagem. Já nos ecossistemas aquáticos o diferencial está no reconhecimento dos atributos físicos do ambiente, já que o componente vegetal costuma ser microscópico ou estar em profundidade. Bioma é o termo usado para um grande sistema regional caracterizado por um tipo principal de vegetação ou outro aspecto identificador da paisagem (Odum e Barrett, 2007). A tabela a seguir apresenta os principais biomas presentes no planeta: TABELA 01. PRINCIPAIS BIOMAS EXISTENTES, ECOSSISTEMAS MARINHO E TIPOS DE HÁBITAT. Fonte: Odum e Barrett, 2007. 39 • Ciências do Ambiente O mapa de Biomas do Brasil (IBGE, 2004) coloca que a definição de um bioma está condicionada à: • Um conjunto de tipos vegetacionais, identificável em escala regional, possuidor de fauna e flora características. • Determinadas condições físicas predominantes compartilhadas, como clima, geologia, geomorfologia, pedologia e história natural. • Diversidade biológica particular. Sendo assim, o IBGE (2004) conceitua bioma como sendo “um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria”. Visto o Brasil ser um país rico em biodiversidade, abriga diferentes biomas, com características peculiares a cada um. Veremos adiante as principais características de cada um deles. Biomas Brasileiros 3.3 FIGURA 02. BIOMAS BRASILEIROS. Fonte IBGE, 2004. 40 • Ciências do Ambiente O Brasil possui seis grandes biomas continentais: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. A tabela abaixo apresenta as dimensões e proporções de cada bioma, em nosso país: TABELA 02. DIMENSÕES DE CADA BIOMA BRASILEIRO. Fonte: IBGE, 2004. a. Amazônia FIGURA 03. FLORESTA AMAZÔNICA. Fonte: Greenpeace; Shutterstock. O bioma amazônico é o maior bioma brasileiro, ocupando cerca de 49% do território nacional, possui aproximadamente 4,2 milhões de quilômetros quadrados, (IBGE, 2004). Por sua extensão e imponência, é um bioma reconhecido mundialmente, não só pela sua dimensão territorial como pela sua expressiva biodiversidade. Abrigando cerca de 53 ecossistemas distintos, o bioma Amazônia possui mais de 45.000 espécies e vertebrados (SAYRE et al., 2008). De acordo com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB, 2010) e com IBGE (2004) as formações vegetais características da Amazônia são: • Floresta Ombrófila Densa – predominância de árvores altas e no estrato arbustivo há indivíduos jovens. Ocorrem praticamente em todas as planícies que acompanham o Rio Amazonas e seus grandes afluentes, onde suas variações são a mata de várzea, que sofre inundações periódicas e a mata de igapó que se encontra permanentemente inundada. 41 • Ciências do Ambiente • Floresta Ombrófila Aberta – apresenta menor densidade de indivíduos, com quatro elementos característicos: palmeiras, bambus, cipós e sororocas. • Floresta Estacional Sem decidual – ligada à transição climática de úmido à seco. • Floresta Estacional Decidual – ocorrência ligada a Neossolos Litólicos, ou seja, solos rasos e pedregosos, oriundos da recém decomposição da rocha exposta. Há também outras formações vegetais no bioma, como as savanas, campinaranas, formações pioneiras e refúgios vegetacionais, possuindo diversas espécies endêmicas características. Espécie endêmica é o termo adotado para uma espécie que tem ocorrência restrita a uma região específica, como um ecossistema ou uma bacia hidrográfica, por exemplo. O mico-leão- dourado é uma espécie endêmica da Mata Atlântica, com distribuição nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, do mesmo modo, o cacto-bolinha é uma espécie endêmica dos Campos Gerais do Paraná. O clima na região é predominantemente quente e úmido e a fisionomia é florestal, sendo caracteristicamente uma floresta tropical. A diversidade biológica é resultado da interação entre as condições climáticas e geomorfológicas locais. A temperatura média varia em torno de 25ºC, com chuvas torrenciais bem distribuídas ao longo do ano (IBGE, 2004). Apresentando topografia variada, com planícies como a que abriga a maior bacia hidrográfica do Planeta, a Bacia Amazônica, também apresenta depressões e elevações como o pico da Neblina, que é o ponto mais alto do Brasil, com 3.014 m (BRASIL, 1979). Considerando o aspecto social, a região Amazônia abriga inúmeras etnias indígenas e populações tradicionais, além de diversas comunidades extrativistas que vivem da exploração sustentável da floresta. Já considerando o aspecto sócio-econômico, a região é amplamente explorada por madeireiros e pecuaristas, o que vem ameaçando a grandiosidade do bioma, uma vez que a exploração desenfreada dos seus recursos naturais pode levar ao seu escasseamento. 3.3.1. Cerrado FIGURA 04. CERRADO. Extraído de www.soscerrado.com http://www.soscerrado.com 42 • Ciências do Ambiente O Bioma Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro. Localizado na região central do Brasil, estende-se desde o Pantanal Mato-grossense até a faixa litorânea maranhense, fazendo divisa com o bioma amazônico, a Caatinga e com a Mata Atlântica. Sua existência está condicionada a ocorrência sazonal de fogo, o que caracteriza sua fitofisionomia, com árvores de casca grossa e trocos tortuosos (Maack, 1948). Além disso, colaboram para sua ocorrência o clima seco da região, além dos solos e da geologia. Existem apenas duas estações, uma seca e outra chuvosa. O relevo por sua vez, exibe feições diversas, destacando-se os planaltos, as depressões e as planícies, constituindo extensas chapadas, com escalas redes de drenagem (IBGE, 2004). Assim como a Amazônia, também é detentor de extensa biodiversidade, sendo considerado um dos hotspots mundiais de biodiversidade (MMA, 2007). Ribeiro e Walter (1998) apud Serviço Florestal Brasileiro (2010), colocam que o Cerrado se caracteriza como uma formação do tipo savana tropical, com destacada sazonalidade, apresentando fisionomias que englobam formações florestais, savânicas e campestres. Os mesmos autores colocam ainda que: Em sentido fisionômico, floresta representa áreas com predominância de espécies arbóreas, onde há formação de dossel, contínuo ou descontínuo. O termo savana refere-se a áreas com árvores e arbustos espalhados sobre um estrato graminoso, sem a formação de dossel contínuo. Já o termo campo designa áreas com predomínio de espécies herbáceas e algumas arbustivas, faltando árvores na paisagem. A mata de galeria caracteriza- se pela vegetação florestal que acompanha osrios de pequeno porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores. Considerando as informações acima o IBGE (2004) classifica o Cerrado em três principais tipologias vegetais: • Cerradão ou Savana Florestada; • Savana (Savana Parque e Savana Arborizada, Floresta de Galeria, Vereda); • Floresta Estacional (decidual e semidecidual). 43 • Ciências do Ambiente São formações florestais do Cerrado caracterizadas pelos solos hidromórficos (encharcados), podem apresentar grupamentos de buritis (Mauritia flexuosa), uma palmeira típica, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas e espécies campestres, com gramíneas e ervas diversas. Recebem este nome por serem caminho para a fauna. São comumente encontradas no estado de Minas Gerais, Bahia e na Região Centro-Oeste. A legislação ambiental de alguns estados como Minas Gerais dá tratamento especial à esta forma formação, considerando-as áreas de proteção permanente com entorno protetivo de 80 metros aos seus redores. Veredas Fonte: Revista Ciência Hoje Adaptado de IBGE (2004). A região possui em seus domínios importantes bacias hidrográficas, com as dos rios Araguaia, Tocantins, Xingu, Tapajós, Paraguai e São Francisco, sendo que algumas das quais abriga integralmente. Dentre as principais ameaças ao bioma está a expansão das fronteiras agrícolas, principalmente na cultura da soja, pois para o aumento das áreas agricultáveis é necessário desmatar grandes áreas naturais de Cerrado, extinguindo assim com diversas espécies nativas da região. 3.3.2 Caatinga 44 • Ciências do Ambiente FIGURA 05. BIODIVERSIDADE DA CAATINGA. Extraído de: http://www.acaatinga.org.br A Caatinga é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas sazonalmente secas, que cobre a maior parte dos estados da região Nordeste e a parte nordeste do estado de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha (LEAL; SILVA; LANCHER JR, 2005 apud SFB, 2010). Sendo o único bioma exclusivamente brasileiro, ocupa uma área aproximada de 844.453 km2. Os contrastes fisionômicos podem ser verificados nas estações de chuva e seca, nesta a caatinga está com arvoredos sem folhas, a paisagem é cinzenta e predominam os espinhos, noutra o verde surge na rebrota das folhas e flores começam a surgir. No período das chuvas, cujo índice pluviométrico varia entre 300 e 800 milímetros anualmente (WWF-BRASIL, 2001). Contudo a região pode passar alguns anos na ausência da estação chuvosa, ocasionando miséria e fome na região. Devido ao clima semiárido e solo raso e pedregoso, embora relativamente fértil, o bioma é rico em recursos genéticos dada a sua biodiversidade, que apesar de bastante específica é elevada. FIGURA 06. PLANTA XILOPODÍFERA NA CAATINGA. MANDACARU. Plantas especializadas no armazenamento de água. Fonte: Embrapa; Kido Aranha. A Caatinga apresenta três estratos: arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o herbáceo (abaixo de 2 metros), (WWF-BRASIL, 2001). A vegetação possui adaptações ao clima específico, como folhas reduzidas, ausentes ou transformadas em espinhos para reduzir a transpiração. Algumas plantas armazenam água em suas raízes (xilopódios principalmente) ou mesmo em seus caules, como é o caso do mandacaru, planta típica da região. http://www.acaatinga.org.br 45 • Ciências do Ambiente Estendendo-se desde o litoral nordeste do país, passando pelo sudeste até o Rio Grande do Sul, a Mata Atlântica é um bioma bastante singular. Explorado desde período colonial, estima-se que atualmente restem apenas cerca de 7% da sua formação original (WWF, 2011), pois na sua extensão encontram-se os maiores assentamentos urbanos, áreas industriais e sistemas produtivos do país. Pode-se afirmar que hoje, o Bioma Mata Atlântica constitui um dos mais descaracterizados biomas brasileiros (IBGE, 2004). As principais ameaças à esses bioma são a pecuária desordenada e a salinização dos solos ocasionada por técnicas inapropriadas de irrigação dos solos na região. 3.3.3. Mata Atlântica FIGURA 07. MATA ATLÂNTICA, ASPECTO GERAL DA FLORESTA ATLÂNTICA E ESPÉCIES CARACTERÍSTICAS DO BIOMA. Imagens extraídas de: http://www.rbma.org.br FIGURA 08. COMPARATIVO ENTRE A ÁREA DE VEGETAÇÃO NATIVA ORIGINAL DA MATA ATLÂNTICA E A ÁREA REMANESCENTE. Extraído de: planetabiologia.com.br http://www.rbma.org.br http://planetabiologia.com.br 46 • Ciências do Ambiente Ao todo, são aproximadamente 1.200.000 km², ou cerca de 15% do território nacional, englobando 17 estados brasileiros, atingindo até o Paraguai e a Argentina (IBGE, 2004). A vegetação remanescente abriga ainda grande biodiversidade, assumindo papel prioritário nas ações dos órgãos ambientais federais e estaduais para sua conservação. As formações do bioma (IBGE, 2004; SFB, 2010, SOS Mata Atlântica, 2011) são as florestas: • Ombrófila Densa (Floresta Atlântica) • Ombrófila Mista (Floresta com Araucária): • Estacional Semidecidual • Estacional decidual • Ecossistemas associados como manguezais, restingas, brejos interioranos, estepes, savanas, campos de altitude e ilhas costeiras e oceânicas. A fauna é exuberante, possuindo exemplares amplamente conhecido no Brasil e no mundo, como o mico-leão-dourado, a onça pintada, o jacaré-de-papo-amarelo, o papagaio-da-cara-roxa, entre muitas outras. O número de endemismos com relação às espécies animais impressiona, conforme a ONG SOS Mata Atlântica, estima- se que das 1711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis, 90 de anfíbios e 133 de peixes. Além disso, inúmeras novas espécies vêm sendo identificadas a cada ano na região. Assim como a biodiversidade a hidrografia também impressiona, no Bioma estão inseridas sete importantes bacias hidrográficas brasileiras, integralmente ou grandes trechos delas, como é o caso das bacias dos Rios São Francisco, Paraíba do Sul, Doce, Tietê, Ribeira e Paraná. Dentre as populações tradicionais que habitam o bioma, podemos citar quilombolas, caiçaras, algumas tribos indígenas além de alguns assentamentos de faxinalenses no Paraná. A exploração da Mata Atlântica iniciada desde os tempos coloniais com a exploração de pau-brasil infelizmente vem sendo continuada ao longo dos anos de muitas maneiras. Dentre os principais fatores que atualmente colaboram para a diminuição das áreas naturais do bioma são a expansão urbana desregulada, a exploração mineral, a poluição em todos os seus aspectos (recursos hídricos, do solo e do ar), a expansão industrial e as atividades agropecuárias sem regulação, que acarretam na redução das áreas remanescentes de floresta. Programas de planejamento regional (urbano e rural), assim como estratégias apropriadas de gestão ambiental acarretariam na diminuição dos impactos causados, não só a este como aos demais biomas brasileiros. 47 • Ciências do Ambiente FIGURA 09. DIVERSIDADE DE ESPÉCIES E DE HÁBITATS DA MATA ATLÂNTICA. Fonte: http://www.pantanalecoturismo.tur.br PRINCIPAIS FITOTÍPIAS DO BIOMA MATA ATLÂNTICA Floresta Ombrófila Densa A fisionomia da Floresta Ombrófila Densa é marcada pelas copas altas, que formam uma cobertura fechada, conhecida como dossel. Apresenta-se compartimentada em diferentes estratos, garantindo a existência de vários nichos, sob o dossel (camada superior de uma floresta), o que sustenta a diversidade de sua fauna. Estende-se do Ceará ao Rio Grande do Sul, localizada principalmente nas encostas da Serra do Mar, da Serra Geral e em ilhas situadas no litoral entre os estados do Paraná e do Rio de Janeiro. Floresta Ombrófila Mista Também conhecida como Floresta com Araucária (Araucaria angustifolia), uma vez que o Pinheiro-do-Paraná é a espécie marcante desse ecossistema e se impõe na paisagem, podendo atingir 50 metros de altura. A Mata com Araucária encontra- se ligada ao clima frio, condicionado pela altitude. Ela ocorre na região sule em áreas altas do sudeste do Brasil, abrangendo pequena porção do nordeste argentino. A Mata com Araucária não é homogênea, pois abaixo das copas dos pinheiros encontram- se outras espécies vegetais, como a canela- sassafrás (Ocotea pretiosa) – também em perigo de extinção, e o Pinheiro Bravo (Podocarpus lambertii). Devido ao desmatamento, a Mata com Araucária diminuiu muito. Sua área de distribuição atinge menos de 5% da superfície originalmente ocupada, que no Brasil era de 196 mil km², em uma faixa contínua do Rio Grande do Sul ao Paraná e, esparsamente, em locais altos, como a Serra da Mantiqueira entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Floresta Ombrófila Aberta Como o próprio nome indica, a vegetação é mais aberta, sem a presença http://www.pantanalecoturismo.tur.br 48 • Ciências do Ambiente de árvores que fechem as copas no alto. As árvores são mais espaçadas e o estrato arbustivo é pouco denso. São também conhecidas como áreas de transição. Ocorre, geralmente, em regiões onde o clima apresenta um período de dois e, no máximo, quatro meses secos, com temperaturas médias entre 22 e 25ºC. Esse tipo de formação florestal é encontrado, por exemplo, nos estados da Bahia, do Espírito Santo e de Alagoas. Floresta Estacional Semidecidual Também é conhecida como Mata de Interior. Remanescentes esparsos deste tipo de formação ocorrem no Planalto brasileiro, nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nos estados do Sul, ela é freqüentemente associada à Floresta Ombrófila Mista. Alguns encraves também são encontrados no nordeste do país. As características da Floresta Estacional Semidecidual são fortemente determinadas pelo seu fator de continentalidade. A mudança climática faz com que de 20% a 50% das árvores percam suas folhas na época seca. Essa é uma das formações mais ameaçadas dentro do bioma Mata atlântica. O que restou encontra-se confinado a fragmentos pequenos e médios e muito distantes uns dos outros, a maioria em Unidades de Conservação. Floresta Estacional Decidual A vegetação decidual caracteriza-se por duas estações bem demarcadas: uma chuvosa, seguida de longo período seco. A sazonalidade, aqui, é mais marcante do que no caso da Floresta Semidecidual. Mais de 50% das árvores perdem as folhas na época de seca. Poucos remanescentes sobrevivem em regiões da Bahia, de Minas Gerais, do Espírito Santo, de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa formação se encontra ainda mais ameaçada do que a semidecidual. Campos de Altitude Localizados em regiões de planalto, como nos Parques Nacionais de Itatiaia (RJ, SP e MG) e do Alto Caparaó (ES) e nos Parques Nacionais de Aparados da Serra e da Serra Geral (RS e SC, respectivamente), os Campos de Altitude dispõem de uma formação predominantemente herbácea. As características do solo propiciam a formação de manchas de matas arbustivas. Marcados pela presença de vento, nevoeiro e chuva, os Campos apresentam elevado índice de endemismo, principalmente entre as plantas. Mangues Localizam-se próximos à foz dos rios, onde formam uma série de canais menores, que são inundados pelas marés, sendo o solo constituído de lama. A alta salinidade e a baixa oxigenação fazem com que poucas espécies vegetais os suportem – em média três ou quatro –, porém, abrigam muitas espécies de peixes, moluscos e crustáceos. Os mangues produzem grande quantidade de matéria orgânica, que, através das marés, é transportada para outras áreas. Funcionam como filtro biológico, sendo um aparador do mar e um elo deste com a terra firme. São fundamentais na regulação de outros ambientes adjacentes; por isso, são considerados "berçários da vida". 49 • Ciências do Ambiente Restinga Formação vegetal que ocorre ao longo de praias, cordões arenosos e planícies costeiras. Próxima ao mar e em região de dunas, onde o solo é pobre em nutrientes e o vento é forte e constante, a vegetação é, principalmente, herbácea e rala, com folhas duras e pequenas com a freqüente presença de áreas alagadas. À medida que se adentra o continente, a vegetação vai se adensando com arbustos e pequenas árvores e formando matas com mais de 15 m de altura. Extraído de RMA – Rede de ONGS da Mata Atlântica. Disponível em: http://www.rma.org.br 3.3.4. Pantanal FIGURA 10. PANTANAL. Fonte: http://www.pantanalecoturismo.tur.br Localizado na região Centro-Oeste do Brasil, o Bioma Pantanal abrange parte dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso de Sul, numa região de planície pertencente è bacia do Alto Rio Paraguai. Sendo considerada a maior área úmida continental do planeta, sofre inundações anuais que imprimem consideráveis modificações na dinâmica do meio físico, biótico e social local (IBGE, 2004). A vegetação e a fauna encontram-se extremamente adaptadas à situação de encharcamento, havendo na região grande diversidade de espécies com especializações para sobrevivência no ambiente em que vivem. O site Portal Pantanal (2001) aponta que a região “apresenta grande diversidade de espécies de plantas superiores, como árvores e arbustos (1.647 espécies) e alta diversidade de fauna: 263 espécies de peixes, 122 espécies de mamíferos, 93 espécies de répteis, 1.132 espécies de borboletas e 656 espécies de aves”. Dentre as formações florestais principais (IBGE, 2004) destacam-se: • Predominantemente Savana; • Savana estépica; • Floresta Estacional Semidecidual; • Floresta Estacional Decidual. Assim como a Mata Atlântica, o bioma do Pantanal foi reconhecido pela UNESCO em 2000 como Reserva da Biosfera. Essas reservas são instrumentos de gestão e manejo sustentável integrados, visando sempre a conservação de suas características originais. http://www.rma.org.br http://www.pantanalecoturismo.tur.br 50 • Ciências do Ambiente O Pantanal atrai cerca de 700 mil turistas por ano, 65% dos quais são pescadores (PORTAL PANTANAL, 2011). Tal atividade pode acarretar em sérios impactos ambientais na região se não for conduzida de maneira adequada, visando a sustentabilidade. FIGURA 11. O PANTANAL É UM DOS POUCOS BIOMAS DO BRASIL QUE CONSEGUE CONCILIAR AS ATIVIDADES ECONÔMICAS, COMO A CRIAÇÃO DE GADO, COM A PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Fonte: WWF-Brasil e http://www.ruralcentro.com.br A base da economia regional é a pecuária de corte extensiva, que se bem manejada, consegue se desenvolver em harmonia com as características do Bioma. Contudo grandes áreas circundantes do Pantanal tiveram a cobertura original substituída por lavouras e pastagens, o que vem acarretando no assoreamento dos rios e superfícies rebaixadas (IBGE, 2004). 3.3.5. Pampa FIGURA 12. ASPECTO GERAL DA PAMPA. Fotos: Miriam Prochnow; Scheridon. http://www.ruralcentro.com.br 51 • Ciências do Ambiente Também conhecido como campos sulinos, o Bioma Pampa está localizado na região Sul do Brasil, mais especificamente na porção Meridional do estado do Rio Grande do Sul. Ocupando 63% do território gaúcho e também está presente em territórios da Argentina e Uruguai (IBF, 2011). A região é acometida por frequentes frentes polares e temperaturas negativas no inverno, caracterizando geada constante, principalmente na região do Planalto da Campanha Gaúcha (IBGE, 2004). O relevo é suave-ondulado. É constituído predominantemente por formações campestres, nas quais predominam variadas espécies de gramíneas e ervas diversas. O Instituto Brasileiro de Florestas (2011) aponta que “à primeira vista, a vegetação campestre mostra uma aparente uniformidade, apresentando nos topos mais planos um tapete herbáceo baixo, de 60 cm a 1 m de altura, ralo e pobre em espécies que se torna mais denso e rico nas encostas, predominando gramíneas, compostas e leguminosas”. As formações florestais são pouco expressivas, restringindo-se basicamente à vegetação aluvial (ao longo dos rios) apresenta inúmeras espécies arbóreas.Atualmente, este bioma sofre forte pressão sobre seus ecossistemas, com introdução de espécies forrageiras e com a atividade pecuária (IBF, 2010). Ecótono ou Áreas de Transição 3.4 Também chamado de ecótone, é uma região de transição entre dois ecossistemas, comunidades ou até mesmo biomas distintos. A transição entre dois ambientes geralmente se dá de maneira gradual, na qual elementos dos ecossistemas de modo sutil invadem-se mutuamente, havendo assim uma mistura de espécies destes dois ambientes na região ecotonal. FIGURA 13. ECÓTONOS DE TRANSIÇÃO GRADUAL. Fotos: Sarah Charlier Sarubo. 52 • Ciências do Ambiente Por haver uma mistura de espécies, regiões ecotonais geralmente costumar ser ricas em biodiversidade, pois possuem elementos de ambos ambientes. Contudo podem também haver espécies endêmicas, ou seja, exclusivas daquele ambiente ecotonal e que não se encontram em nenhum dos ecossistemas da transição especificamente. Alguns ecótonos exibem transições abruptas quando as diferenças físicas que os separam os ecossistemas são muito marcantes, como por exemplo a transição entre ambientes terrestre e aquáticos ou encostas. FIGURA 14. ECÓTONOS DE TRANSIÇÃO ABRUPTA. Fotos: http://ecotonos.es/noticias/local/item/180-tipos-de-sustratos-en-las-playas-y-su-flora-y-fauna-asociada.html SUGESTÃO LEITURA COMPLEMENTAR A Mata Atlântica”, um resumo histórico dos processos de uso, ocupação e degradação do bioma no nosso País. Disponível em: http://www.rbma.org.br/anuario/mata_01_sintese.asp Fundamentos de Ecologia - Capitulo 10. Ecologia regional: principais tipos de Ecossistemas e Biomas. Livro disponível para empréstimo na biblioteca do Cescage. http://ecotonos.es/noticias/local/item/180-tipos-de-sustratos-en-las-playas-y-su-flora-y-fauna-asociada.html http://www.rbma.org.br/anuario/mata_01_sintese.asp 53 • Ciências do Ambiente Sucesso e Insucesso no processo Empreendedor de Negócios MÓDULO 4 Objetivo Específico Reconhecer os principais ecossistemas paranaenses, assim como a relação entre os sistemas produtivos dos Campos Gerais e a conservação regional. Arquitetura de um SIGNoções de Floricultura: Doenças e Pragas de Plantas OrnamentaisReprodução Utilização Dados Vetoriais Abastecimento de Água Urbano Os Procedimentos que Devem ser Realizados na Ocorrência de Acidente de Trabalho Condições Essenciais para Criação das Espécies Cruzamentos para a formação de híbridos e índices zootécnicos na produção avícola Extensão Rural e o Desenvolvimento Rural Ecossistemas Paranaenses e Sistemas Produtivos Regionais 54 • Ciências do Ambiente Introdução Ecossistemas Paranaenses 4.1 4.2 O Estado do Paraná, com apenas 2,5% da superfície brasileira, detém em seu território a grande maioria das principais unidades fitogeográficas que ocorre no país. Sendo reconhecido com um dos maiores produtores de grãos do País, o Paraná destaca-se pela expressividade na produção agropecuária, que é reconhecida tanto no Brasil como internacionalmente. Contudo para que ocorresse o desenvolvimento das grandes cidades, das lavouras e das pastagens as áreas naturais perderam o seu lugar, restando atualmente apenas uma pequena parcela vegetação nativa com relação às formações vegetais originais do Estado. Veremos adiante os principais ecossistemas paranaenses e com destaque para a região dos Campos Gerais, os principais sistemas produtivos regionais e como estes interferem no meio ambiente natural. O estado do Paraná encontra- se inserido no Bioma Mata Atlântica, reconhecido internacionalmente como um dos hotspot mundiais para a conservação da biodiversidade. Não obstante o Paraná apresenta rica biodiversidade com uma variedade de ecossistemas regionais diferenciados. Roderjan et al. (2002) apontam que originalmente 83% de sua superfície eram cobertos por florestas. Os 17% restantes eram ocupados por formações não-florestais (campos e cerrados), completados por vegetação pioneira de influência marinha (restingas), fluviomarinha (mangues) e flúvio-lacustre (várzeas), e pela vegetação herbácea do alto das montanhas (campos de altitude e vegetação rupestre). 55 • Ciências do Ambiente Dependendo da localização geográfica, geomorfologia e situação climática, têm-se diferentes ecossistemas com flora e fauna característicos de cada região, constituindo cinco grandes unidades fitogeográficas: Floresta Ombrófila Densa (floresta atlântica, Floresta Ombrófila Mista (floresta com Araucária), Estepe Gramíneo-Lenhosa (campos nativos), Savanas (cerrado) e Floresta Estacional Semi-Decidual. FIGURA01. DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES FITOGEOGRÁFICAS MAIS REPRESENTATIVAS DO ESTADO DO PARANÁ Fonte: Maack, 1950, modificado por Roderjan et al.,2002 4.2.1. Floresta Ombrófila Densa FIGURA 02. FLORESTA OMBRÓFILA DENSA (FORMAÇÃO MONTANA E RESTINGA, RESPECTIVAMENTE Fotos: Dennis Julian Chyla 56 • Ciências do Ambiente Também conhecida como Floresta Atlântica, distribui-se à Leste do Estado do Paraná ocupando a região da planície litorânea e a Serra do mar. Com altitude máxima de 1887 m, é influenciada diretamente pelas massas de ar quentes e úmidas do oceano Atlântico e pelas chuvas relativamente intensas e bem distribuídas ao longo do ano (Roderjan et al., 2002). Os mesmos autores apontam ainda que se estima que a flora arbórea da Floresta Ombrófila Densa seja representada por mais de 700 espécies, sendo a maioria exclusiva, não ocorrendo em outras unidades vegetacionais. Campos e Silveira Filho (2010) colocam que a Floresta Atlântica possui uma combinação de fatores associados que resultam na sua elevada biodiversidade e grande beleza paisagística. A combinação dos fatores altitudinais, altas taxas de precipitação e temperatura elevada, somadas à composição dos solos e à configuração do relevo resultam numa composição complexa da flora, com árvores frondosas como a embaúba, o palmito e as canelas, arbustos como o xaxim, ervas diversas e inúmeras epífitas (bromélias e orquídeas) e lianas (cipós). Associada à vegetação surge uma fauna complexa, com mamíferos, répteis, peixes e uma infinidade de anfíbios e aves altamente adaptados ao regime da floresta. As principais fitotípias da Floresta Ombrófila Densa, conforme Roderjan et al. (2002) são: • Floresta Ombrófila Densa Aluvial: localizada próxima aos rios, riachos e córregos, margeando-os e deles sofrendo influência, podendo haver ocorrência de vegetação de mangue. • Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas: constituindo a vegetação de restinga e vegetação fixadora de dunas, situadas entre o nível do mar e aproximadamente 20 metros de altitude. • Floresta Ombrófila Densa Submontana: Compreende as formações florestais que ocupam a planície litorânea e o início das encostas da Serra do Mar, situadas entre aproximadamente 20 e 600m de altitude em relação ao nível do mar. • Floresta Ombrófila Densa Montana: Compreende as formações florestais que ocupam a porção intermediária das encostas da Serra do Mar situadas entre 600 e 1200m de altitude em relação ao nível do mar. • Floresta Ombrófila Densa Altomontana: Localizada nas porções de maior altitude da Serra do Mar, em média acima de 1.200 m em relação ao nível do mar, confrontando com as formações campestres e rupestres do alto das serras (Refúgios Vegetacionais). Formada por uma vegetação mais simples, com poucas espécies de árvores de porte reduzido (3 a 7 metros de altura), em função das condições do clima e solo raso, que são mais restritivas ao desenvolvimento das árvores, com baixas temperaturas, ventos fortes e constantes, elevada nebulosidade e solos progressivamente mais rasos e de menor fertilidade. Dentre as principais pressões antrópicas sofridas pela Floresta Atlântica pode-se citar: a mineração ilegal, extração 57 • Ciências do Ambiente irregular do palmito-jussara (Euterpe edulis) que se encontra em vias de extinção, a introdução de espécies
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