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Atividade- O impacto da relação professor-aluno no desenvolvimento empático de crianças de 6 e 7 anos

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Atividade- O impacto da relação professor-aluno no desenvolvimento empático de crianças
de 6 e 7 anos
A palavra empatia vem de Einfühlung (Lipps,1903) do alemão, e significa ‘sentir-se
na pele do outro’. Há diversas teorias e classificações acerca dela, mas a classificação mais
utilizada atualmente é a de empatia emocional e cognitiva, diferenciando a experiência de
sentir o que o outro sente da experiência de compreender o que o outro sente e porque sente.
O indivíduo em sociedade necessita de habilidades sociais e métodos de comunicação
para adquirir sucesso em suas relações interpessoais. Esse é um fator que influencia, por
exemplo, seu ajustamento social (Crick, 1996), desempenho acadêmico (Cotton, s.d.) e sua
saúde mental (Beyers & Loeber, 2003; Blair, 1997). A capacidade de empatia e ação
empática influenciam comportamentos de ajuda e cooperação entre indivíduos (Harris, 1996).
Eisenberg e Strayer (1992) afirmam que a empatia consiste em experiência indireta em que
uma pessoa compartilha uma emoção percebida de outra pessoa e, em certa medida, sente
essa mesma emoção. É um conceito muito debatido em diversas áreas da ciências e há
variações em relação à sua definição. Davis (1980) considera a empatia como um fenômeno
multidimensional com um componente cognitivo e emocional, que juntos determinam a
resposta da pessoa. E Parr (2011) define empatia como consciência emocional, ou seja,
perceber e estar consciente da emoção e sofrimento do outro.
Sob uma perspectiva evolucionista, vemos a empatia como uma adaptação cognitiva,
a capacidade de captar sinais emocionais nos outro, resultado de um longo processo
evolutivo, consistindo em uma habilidade que serve para fins de sobrevivência das espécies,
com o propósito de facilitar a reprodução e a fuga de predadores, entre outros (Plutchik,
1992). No ser humano, o fato da empatia ser mais desenvolvida em relação a outros animais,
pode-se justificar, em parte, pela demora dos bebês humanos em tornarem-se independentes
dos pais. Qualidades de comunicação e cooperação precisam se desenvolver cada vez mais,
para garantir o cuidado e o vínculo afetivo com a prole. (Bjorklund, 1997). Na espécie
humana, há também os fatores aprendizagem e experiência social, que permitem o uso mais
efetivo dessa capacidade inata. Assim sendo, o desenvolvimento da empatia em crianças,
depende das condições de socialização oferecidas pelo contexto em que elas crescem.
Ambientes desfavoráveis, negligência e abuso podem resultar em déficits de empatia (Del
Prette & Del Prette, 2003).
Alguns autores (Sampaio, Camino e Roazzi, 2009) acreditam que a empatia é
desenvolvida ao longo dos anos e que tende a ser melhorada à medida que os aspectos
cognitivos e afetivos evoluem. Camino e Camino através de um estudo feito em 1996
observaram que, em função da idade, nota-se um aumento na capacidade de atribuir
corretamente às emoções dos outros, no sentido de que quanto mais velhas, mais as crianças
se identificavam como altruístas e demonstravam maior empatia.
Além disso, de acordo com Motta et al. (2006), o desenvolvimento da empatia está
relacionado às condições de socialização oferecidas pelo contexto em que as crianças
crescem. Sendo importante promover o desenvolvimento dessa habilidade social no contexto
escolar, na medida em que ela pode ser estimulada e desenvolvida por meio das práticas
educativas.
Alguns autores sugerem que a infância é um período crítico para as intervenções
preventivas voltada à promoção de competências sociais (Barnett, 1992 & Matos, 1997). E
vários estudos refletem a importância da qualidade das interações sociais, como por exemplo,
o treinamento da empatia desenvolvido e implementado por Falcone (1998) resultou em um
aumento do nível de empatia dos participantes de sua pesquisa, o que se mostrou através da
redução de conflitos interpessoais e na melhoria qualidade dos relacionamentos.
As pesquisas sobre a empatia mostram que ela é um traço que é encontrado tanto em
níveis extremamente baixos (transtorno de personalidade antissocial), quanto extremamente
altos (Síndrome de Williams), mas a maioria das pessoas aproximam-se de um nível médio
de empatia. O que nos leva a concluir que a empatia é parte da natureza humana e pode se
apresentar em níveis variados (Gaspar, 2014).
Biologicamente somos preparados para ter empatia, no nosso cérebro há um sistema
de neurônios espelho, que funcionam como um simulador de ação, expressão facial e
experiência mental, de forma a facilitar a aprendizagem da empatia. (Gaspar, 2014)
A empatia se desenvolve ao longo da evolução humana e de outras espécies como um
mecanismo capaz de gerar atos altruístas dirigidos a indivíduos com grandes carências ou em
sofrimento, seja físico ou psicológico (Frans de Waal, 2008). Segundo Frans de Waal (2008)
uma vez presente nos indivíduos o traço da empatia desencadeia respostas alargadas a mais
alvos da comunidade, não só a prole, facilitando a coesão e os relacionamentos intragrupais,
inibindo a violência e favorecendo a cooperação, inclusive atos altruístas.
Diversos estudos mostram que há variáveis do meio que influenciam no
desenvolvimento da empatia, e o contexto em que a criança está inserida pode oferecer
oportunidades para que ela possa expressar suas emoções de forma construtiva, diminuindo a
preocupação excessiva por si mesma. Barnett, Thompson e Pfeifer (1992) realizaram um
estudo que sugere que proporcionar à criança oportunidades de cuidar e ajudar os outros faz
com ela desenvolva a percepção de sua capacidade de aliviar o mal-estar do outro, que pode
ser mutuamente compartilhado, e a torna mais inclinada a ter comportamentos empáticos em
relação ao coleguinhas com dificuldades em determinado momento.
A empatia é um construto multidimensional e se manifesta de forma comportamental
(verbal e não verbal), sendo esse componente fundamental para que a outra pessoa se sinta
plenamente compreendida. Para diversos autores (Cotton, s.d; Crick, 1996; Del Prette & Del
Prette, 2003), a empatia é muito importante para o desenvolvimento infantil integrado e
saudável. No contexto escolar é fundamental que os professores entendam os obstáculos ao
desenvolvimento dos alunos e ajudá-los a construir novos conhecimentos. A aprendizagem se
torna melhor quando o professor entende os significados dos alunos, e isso ocorre por ele
tentar nesse momento entender a mente do outro e suas reações.
As tendências pedagógicas atuais se dividem em cinco abordagens: tradicional;
comportamentalista; humanista; cognitivista e sócio-cultural. Na tradicional o processo
ensino aprendizagem é totalmente centrado no professor, sem levar em conta os interesses
dos alunos, nesta concepção quanto mais rígido o ambiente escolar mais concentrado o aluno
tende a se manter. (Muzukami, 1986)
Na abordagem comportamentalista, o aluno é visto como produto do meio, tendo
como base do conhecimento o experimento. Skinner afirma que o comportamento esperado
do aluno acontece quando ele é estimulado por meio de reforços. Segundo Muzikami (1986),
a abordagem humanista tem como foco o aluno, e sua aprendizagem e crescimento são
resultados das relações interpessoais que estabelece. O professor é então um facilitador da
aprendizagem.
A abordagem cognitivista considera a aprendizagem como um produto do meio,
resultado de fatores externos. Assim, preocupa-se tanto com relações sociais, quanto com a
capacidade do aluno de assimilar informações. O professor coordena a atividade, planejando
o conteúdo e os trabalhando de modo a adequar-se ao aluno, que se torna ativo em sua
aprendizagem. (Muzukami, 1986)
Por fim, há o método sócio-cultural, em que a relação entre professor e aluno ocorre
de forma não impositiva, abolindo a relação autoritária. Segundo Freire (1975), há um
crescimento mútuo, ou seja, educador e educando são sujeitos ao processo educativo. O
objetivo principal desta teoria é que os alunos construam seu conhecimento, se tornandomais
reflexivos e críticos.
A comparação entre o método tradicional e o método cognitivista neste projeto se
dará na diferença entre a relação entre o professor e o aluno e dos alunos entre si. No
tradicional a interação é menos valorizada do que o conteúdo e o papel do aluno é menos
ativo. No modelo cognitivista o foco é outro, sendo assim a hipótese é que isso afete de
formas diferentes na empatia do aluno. As habilidades sociais e formas de interação variam
de um modelo para o outro.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GASPAR, A. (2014). Neurobiologia e psicologia da empatia. Pontos de partida para a
investigação e intervenção da promoção da empatia. Cérebro: O que a ciência nos diz. Povos
e Culturas.
SAMPAIO, L. R.; CAMINO, C.; ROAZZI, A. Revisão de aspectos conceituais, teóricos e
metodológicos da empatia. Psicologia: ciência e profissão, v. 29, n. 2, p. 212-227, jun. 2009.
CAMINO, C.; CAMINO, L. Julgamento moral, emoção e empatia. In: TRINDADE, Z. D.;
CAMINO, C. (Org.). Cognição social e juízo moral. Rio de Janeiro: Associação Nacional de
Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia, 1996. p. 109-135.
MOTTA, D. C. et al. Práticas educativas positivas favorecem o desenvolvimento da empatia
da criança. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 3, p. 523-532, 2006.
JUSTO, A.R.; CARVALHO, J.C.N.; KRISTENSEN, C.H. Desenvolvimento da empatia em
crianças: a influência dos estilos parentais. Psicologia, Saúde & Doenças, Lisboa, v. 15, n.
2, p. 510-523, 2014.
FORMIGA, N.S. Os estudos sobre empatia: reflexões sobre um construto psicológico em
diversas áreas científicas. Psicologia.pt - O Portal dos Psicólogos. 2003.

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