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gabi_fran_ Gabrielle França, CESUPA 2021; Embriologia Inicialmente, as células da camada germinativa mesodérmica se arranjam formando uma fina camada de tecido frouxo de cada lado da notocorda. Próximo ao 17º dia do desenvolvimento embrionário, à medida que estruturas como a notocorda e o tubo neural já se formam, as células mais próximas à notocorda proliferam e formam uma placa espessada: o mesoderma intraembrionário, que se diferencia em MESODERMA LATERAL, INTERMEDIÁRIO e PARAXIAL. Esse último sob a influência dos fatores de transcrição FoxC1 e FoxC2, juntamente com os genes NOTCH e HOX, origina os somitos – estruturas em bloco ao longo da superfície dorsal do embrião. Cada somito se diferencia e desmancha em partes: Esclerótomo: ao passar pela transformação epitélio-mesenquimal será a porção ventromedial que origina as vértebras e as costelas; Dermomiótono: permanece epitelial e é a combinação de duas estruturas que eventualmente irão se dividir. As células provenientes do miótomo formam mioblastos (células musculares primordiais), enquanto aquelas provenientes do dermátomo formam a derme (fibroblastos). No final da quarta semana, as células do Esclerótomo se tornam polimórficas e formam um tecido frouxamente organizado chamado de MESÊNQUIMA (tecido conjuntivo embrionário), que podem se tornar fibroblastos, condroblastos ou osteoblastos. A capacidade de formação óssea do mesênquima não está restrita as células do Esclerótomo, ela também ocorre na camada parietal do mesoderma (placa lateral), essa camada mesodérmica forma os ossos da cintura pélvica e do ombro, os membros e o esterno. As células da crista neural também se diferenciam na região da cabeça no mesênquima e participam da formação dos ossos da face e do crânio. A maioria dos ossos, no entanto, se forma a partir da ossificação, onde mesênquima da derme se diferencia diretamente em osso, um processo conhecido como OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA; Ou o mais comum em que células mesenquimais dão origem a moldes cartilaginosos hialinos que se tornam ossificados por OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL. Ossificação A formação de cartilagem e a ossificação ocorrem durante a sexta semana do desenvolvimento embrionário. A formação óssea pode seguir dois padrões diferentes: Ossificação intramembranosa Aqui o osso se forma diretamente dentro do mesênquima, o qual é disposto em camadas finas como folhas de papel que lembram membranas, a bainha que se torna altamente vascular e algumas de suas células se diferenciam em OSTEOBLASTOS (osso jovem), os quais depositam uma matriz não- mineralizada chamada Tecido Osteóide. O Fosfato de cálcio começa a ser depositado nessa matriz à medida que vai se tornando osso, a matriz abraça alguns osteoblastos e os denomina osteócitos. Logo as lamelas se formam e ao se organizarem em círculos temos o OSSO COMPACTO, entre as placas de osso compacto observa-se a presença TECIDO ÓSSEO ESPONJOSO, devido à ação de um grupo de células de origem hematopoiética, os osteoclastos, os quais reabsorvem o osso. OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL Começa pelo final do período embrionário (por volta da 6a semana) os primeiros MOLDES CARTILAGINOSOS HIALINOS são formados pelos condrócitos originados dos condroblastos, de forma intersticial ou aposicional prenunciando os ossos das extremidades. Com o crescimento do modelo de cartilagem, os condrócitos na sua região média hipertrofiam (aumentam de tamanho) e a matriz extracelular cartilaginosa circundante começa a calcificar. Os outros condrócitos dentro da cartilagem em calcificação morrem porque os nutrientes não podem mais ser difundidos com rapidez suficiente pela matriz extracelular. Os espaços deixados pelos condrócitos mortos formam pequenas cavidades chamadas de lacunas. Uma vez que o pericôndrio começa a formar osso, passa a ser chamado periósteo. Próximo ao meio do modelo, capilares periosteais crescem pela cartilagem calcificada em desintegração, induzindo o crescimento do centro de ossificação primário, que consiste em uma região onde tecido ósseo vai substituir a maioria da cartilagem. Enquanto o centro de ossificação primário cresce em sentido às extremidades ósseas, os osteoclastos degradam parte das recém- formadas trabéculas de osso esponjoso. Essa atividade deixa na diáfise uma cavidade, a cavidade medular, por fim, grande parte das paredes da diáfise é substituída por osso compacto. Quando ramos da artéria epifisial penetram na epífise, são desenvolvidos centros de ossificação secundários, em geral próximo ao momento do nascimento. Nos centros de ossificação secundários, o osso esponjoso permanece no interior das epífises (não ocorre formação de cavidades medulares). Em contraste à ossificação primária, a ossificação secundária procede para fora, a partir do centro da epífise, em sentido à superfície externa do osso*. *Nos ossos longos, após substituição do tecido cartilaginoso por tecido ósseo, a cartilagem hialina permanece restrita a apenas dois locais: a cartilagem articular, que persistirá por toda a vida e não contribui para a formação de tecido ósseo, e o disco epifisário ou cartilagem de conjugação. Quando o tecido ósseo formado nos centros secundários ocupa as epífises, o tecido cartilaginoso torna-se reduzido a 2 grupos e na cartilagem de conjugação, começando ao lado da epífise, distinguem-se cinco ZONAS: - REPOUSO - HIPERTRÓFICA - CALSSIFICADA - OSSIFICAÇÃO E - SERIADA Sistema Esquelético O sistema esquelético é formado pelos principais 206 ossos e cartilagens de um esqueleto adulto e tem uma série de funções importantes: fornece uma estrutura para proteção e sustentação do corpo, forma um sistema de alavancas para as articulações, auxilia os músculos esqueléticos para movimentar o corpo no espaço; armazena gordura e mineral, retém metais pesados e além de está envolvido na produção de células sanguíneas. Ele é dividido em duas partes: ESQUELETO AXIAL No esqueleto axial estão todos os ossos que ficam próximos ou no próprio eixo central do corpo. O esqueleto axial adulto tem 80 ossos, incluindo o crânio, a coluna vertebral, as costelas e o esterno. Crânio: 22 ossos, da face e caixa craniana, essa contagem pode aumentar se considerarmos os 6 ossículos da audição. Dividido em 2 grupos: NEURO e VICERO crânio. Costela: são 24 ossos, originados do Esclerótomo dos somitos, as costelas são divididas em pares e entre elas há o esterno, originado da camada parietal do mesoderma. Coluna: possui 33 vertebras principais, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coquicigenas que se juntam em Sacro e Cóccix, a medula esta em seu interior. Cada vértebra é formada a partir da combinação da metade caudal de um somito e da metade cranial de seu vizinho. ESQUELETO APENDICULAR A segunda parte do esqueleto é a porção apendicular, que consiste em todos os ossos dos membros superiores e inferiores (extremidades), ombro e pelve. O esqueleto apendicular, que é preso ao esqueleto axial, em sua forma adulta comporta 126 ossos isolados. Membros superiores: Os ossos do membro superior correspondem ao ombro, braço, antebraço e mão. Membros inferiores: O membro inferior tem início no cíngulo, onde a CABEÇA DO FÊMUR se articula no ACETÁBULO do OSSO DO QUADRIL, A TÍBIA e a FÍBULA, são articulados entre si. Classificação óssea É possível classificar os ossos de acordo com sua forma: - Longos - Curtos - Sesamóides - Pneumáticos - Planos - Alongados - Irregulares OSSOS LONGOS Devidoa sua complexidade, tem sua estrutura separada em duas ou três organizações: - Epífise: extremidades proximal e distal do osso. - Diáfise: haste ou corpo do osso. - Metáfises: região entre a diáfise e a epífise. *Cartilagem epifisial: é uma camada de cartilagem hialina que permite o crescimento longitudinal da diáfise, presente em cada metáfise. * Linha epifisial: substitui a cartilagem na lâmina epifisial por osso, quando o crescimento longitudinal cessa, por volta dos 18-21 anos. * Cartilagem articular: fina camada de cartilagem hialina que recobre a epífise. *Cavidade medular: espaço cilíndrico oco, dentro da diáfise, que contém a medula óssea amarela adiposa, nos adultos. Osso compacto x Osso esponjoso Macroscopicamente o osso pode ser esponjoso ou compacto, da organização da matriz extracelular e das células. OSSO COMPACTO O tecido ósseo compacto apresenta poucos espaços e é a forma de tecido ósseo mais resistente. É encontrado abaixo do periósteo de todos os ossos e constitui a maior parte das diáfises dos ossos longos. Ele oferece proteção e suporte e resiste aos estresses produzidos pelo peso e movimento. Sua unidade é um ósteon ou sistema de Havers, cada ósteon tem quatro partes: um canal de Havers, com suas lamelas, lacunas, osteócitos e canalículos dispostos concentricamente. As lamelas são anéis concêntricos de matriz extracelular que consistem em sais minerais (principalmente cálcio e fosfato), dando ao osso sua rigidez e resistência à compressão, e em fibras colágenas, que dão ao osso sua resistência à tração. As lacunas, como já mencionado, são pequenos espaços entre as lamelas que contêm as células ósseas maduras chamadas de osteócitos. Os canalículos se projetam a partir das lacunas e são redes de pequenos canais que contêm os prolongamentos dos osteócitos. Os canalículos fornecem rotas para que os nutrientes alcancem os osteócitos e para que as escórias metabólicas deixem-nos. CANAIS DE HARVERS: Eles correm longitudinalmente pelo osso, sua função é fornecer vias para que nutrientes e oxigênio cheguem aos osteócitos e os resíduos sejam removidos, possuem nervos e capilares. Em volta deles estão as lamelas concêntricas – anéis de matriz extracelular calcificada com suas lacunas. Os canalículos irradiam-se em todas as direções a partir das lamelas e são preenchidos com líquido extracelular. Dentro dos canalículos encontram-se finos processos digitiformes dos osteócitos, são responsáveis por conectar as lacunas umas às outras e com os canais centrais, formando um sistema de canais interligados por todo osso. CANAIS DE VOLKMAN: Por onde os vasos sanguíneos, linfáticos e nervos provenientes do periósteo penetram no osso compacto. Eles conectam-se com aqueles da cavidade medular, do periósteo e dos canais centrais ou canais de Havers. OSSO ESPONJOSO Em contraste com o tecido ósseo compacto, o tecido ósseo esponjoso, também chamado tecido ósseo reticular ou trabecular, não contém ósteons, está sempre localizado no interior do osso, protegido por uma camada de osso compacto. O tecido ósseo esponjoso consiste em lamelas dispostas em um padrão irregular de finas colunas chamadas trabéculas, onde é possível observar espaços a olho nu. Esses espaços macroscópicos são preenchidos por medula óssea vermelha nos ossos que produzem células sanguíneas e por medula óssea amarela (tecido adiposo) em outros ossos. Os dois tipos de medula óssea contêm numerosos e pequenos vasos sanguíneos que fornecem nutrição aos osteócitos, cada trabécula consiste em lamelas concêntricas, osteócitos que repousam nas lacunas e canalículos que se irradiam para fora das lacunas. A princípio, as trabéculas do tecido ósseo esponjoso podem parecer menos organizadas que os ósteons do tecido ósseo compacto, mas está precisamente orientado ao longo das linhas de tensão, resistindo a estresses e transferindo forças sem quebrar.