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Condições da ação penal Essas condições previnem ações indevidas e desnecessárias, ou ate mesmo o inquérito policial. 1. Legitimidade ad causam; 2. Interesse de agir: é possível detectar o interesse de agir quando houver necessidade, adequação e utilidade. a) Necessidade: há a necessidade de se obter uma tutela, para consegui-la deve ser por meio de ação penal. b) Utilidade: a ação tem que ser útil pra alguma coisa, deve existir a possibilidade das partes conseguirem uma posição jurídica mais favorável que a do começo do processo. Quando há a demanda inútil, como quando a pessoa pode receber o perdão judicial, no caso da mãe que atropelou a filha em um homicídio culposo por exemplo, já se sabe que ela vai receber o perdão, portanto não há porque iniciar a ação, porem se o MP oferece a denuncia, o juiz deve indeferi-la (art 395, II do CPP), o que geraria o trancamento do processo penal, se estiver na fase de inquérito trancaria o inquérito. Prescrição antecipada: o juiz percebe que no final do processo a pena estará prescrita, por isso encerra a ação naquele momento (a doutrina aceita, mas a jurisprudência não), sumula 438 do STJ. Pelo fato de não ser uma sumula vinculante, há como alegar esse argumento no processo e o juiz poderá aceitar. c) Adequação: adequar à situação narrada na tutela pretendida. 3. Possibilidade jurídica do pedido: não há consenso se é uma condição. A regra geral defende que sim. A parte minoritária da doutrina a vincula com a existência do pedido, ou seja identifica se a ação esta prevista no sistema, há a possibilidade de impossibilidade do pedido em razão de não estar previsto no sistema, por exemplo, a pena de morte que não é admitida e danos morais pois não esta previsto no sistema penal (Frederico Marques) e a parte majoritária da doutrina a vincula com a causa de pedir, ou seja o fato que esta sendo narrado deve ser em tese criminoso (Guilherme de Souza Nucci), se o fato não for típico, antijurídico e culpável o juiz deve rejeitar a denuncia/queixa (art 395, II do CPP). Pode acontecer que o juiz perceba que não há a possibilidade jurídica do pedido depois de receber a denuncia, ele poderá absolver sumariamente (art 397 do CPP), ou no fim do processo (art 386, II do CPP). Autor Eugenio Pacceli: a atipicidade da conduta não conduz a carência da ação penal, ela conduz ao julgamento de mérito, portanto só resta a absolvição sumaria ou no fim (é só uma observação dele). 4. Justa causa para a ação penal: (Maria Tereza Rocha de Assis Moura) O termo causa permite inúmeras interpretações. Há justa causa para ação penal quando há um mínimo de lastro probatório (mínimo de autoria e materialidade). A justa causa representa o suporte probatório mínimo para o oferecimento da denuncia/queixa-crime. A autora apresenta sob duas óticas, a positiva consiste no fundamento de fato e de direito para que o MP possa acusar (tem que haver minimamente a probabilidade de acusar), e a negativa discorre que a falta de fundamento de fato e direito para acusar torna inviável o ajuizamento da ação penal, se mesmo assim se iniciar a ação penal cabe ao juiz rejeitar a denuncia/queixa. Se ocorrer que não existindo esse mínimo de lastro probatório o MP registrou a denuncia e o juiz recebeu, neste caso resolveria com habeas corpus pedindo trancamento da ação penal por falta de justa causa. Esse é o entendimento da doutrina, porem a jurisprudência não esta totalmente de acordo, a jurisprudência trata a justa causa de modo mais amplo, ela admite que a causa se conecta com o lastro probatório, porem entende que em outros cenários também fala-se sobre ausência de justa causa. Cenários que o STJ e STF entendem que há a ausência da justa causa. a) Atipicidade da conduta (para a doutrina gera impossibilidade jurídica do pedido) b) Causa extintiva da punibilidade (art 107 do CP, por ex. a pessoa que cometeu o crime morreu), (para a doutrina falta interesse de agir na modalidade utilidade). c) Ausência de indícios de autoria e materialidade Justa causa duplicada: hipóteses em que há crime antecedente e um consequente deve haver a justa causa nos dois crimes. Pressupostos Processuais “Os pressupostos processuais são os requisitos necessários para a existência e a validade da relação processual, permitindo que o processo possa atingir o seu fim”. (Guilherme de Souza Nucci) • Se conectam ao processo em si, enquanto as condições se conectam com a ação. • Os pressupostos tem que existir para que o processo exista e se desenvolva validamente • Para de Guilherme de Souza Nucci os pressupostos processuais se dividem em pressupostos de existência e validade • Para Gustavo Badaró há mais subdivisões, de acordo com a teoria ampliativa (defende que não deveria chamar de pressuposto processual, pois essas condições só são analisadas no processo, portanto deveria chamar de pressuposto para sentença de mérito): 1. Pressupostos Subjetivos: a) Pressupostos processuais subjetivos referentes ao juiz: investidura do cargo, imparcialidade e competência. b) Pressupostos processuais subjetivos referentes às partes: a capacidade de ser parte, capacidade de estar em juiz e capacidade postulatória. 2. Pressupostos processuais objetivos: a) Pressupostos processuais objetivos intrínsecos: deve haver denuncia ou queixa-crime aptas (conter todos os elementos processuais), citação valida e regularidade procedimental. b) Pressupostos processuais objetivos extrínsecos: ausência de coisa jugada, litispendência e perempção. Ação Penal Publica Incondicionada • Noção e Identificação: essa ação é a regra, portanto em geral ela não vem mencionada no artigo, quando a ação não é publica incondicionada é mencionado no artigo, por exemplo o artigo 182 do CP. A sumula 714 do STF também trata sobre o tema, bem como o artigo 24, §2º do CPP (DF não esta mencionado mas aplica-se a ele também). • Princípios 1. Princípios comuns a todas as ações (independente do tipo de ação): a) Iniciativa das partes (ou principio da ação/demanda): decorre do sistema acusatório, ele indica que a ação penal sempre dependerá da iniciativa das partes, portanto o juiz não pode iniciar a ação penal b) Intranscendencia: a pena não passa da figura do condenado c) Inadmissibilidade da persecução penal múltipla: não pode haver duas ações para perseguir a mesma pratica criminosa 2. Princípios específicos da ação penal publica incondicionada: a) Obrigatoriedade da ação penal: é o principal. O MP é obrigado a oferecer a denuncia em face de quem tem indícios de autoria e materialidade. Há correntes que defendem que o artigo 24 do CPP reflete esse principio. Este principio pode ser flexibilizado, por exemplo, em transação penal em juizado especial (art 76 da lei nº 9099/95), nessa hipótese tenta-se o acordo com a parte antes do oferecimento da denuncia; acordo de não persecução penal, (art 28-A do CPP), antes de haver a ação penal faz-se um acordo com o réu; crime tributário com parcelamento da divida; b) Indisponibilidade da ação penal: quando houver o início da ação penal o MP não poderá desistir da ação. (art 42 do CPP). Porem o MP pode pedir a absolvição da pessoa, pois o mesmo não é apenas um órgão acusatório, ele também promove a justiça. Ex: Artigo 89 lei nº9099/95, trata sobre a suspensão condicional do processo, suspende o processo mediante algumas condições. c) Oficialidade: a acusação deve ser exercida por órgãos oficiais d) Oficiosidade: os órgãos oficiais de acusação devem atuar de oficio, sem que haja a manifestação de alguma parte e) Divisibilidade: é a regra geral, se o MP entender que não há indícios suficientes de autoria e materialidade ele pode não oferecer denuncia e pedir o arquivamento. São adeptos a esse principio Guilherme de Souza Nucci, posição do STF e STJ. Legitimidade: O legitimado ativoé o MP (não ha um requisito especial para a propositura da ação), porque nosso sistema é acusatório (artigo 3 do CPP) e devido ao artigo 129, I da CF que menciona que o MP é o legitimado exclusivo para propositura da ação penal publica incondicionada. Veículo: é a denuncia, é a peça que da início á ação penal (tanto a condicionada como a incondicionada). Ação Penal Publica Condicionada a Representação • Noção • Identificação: ela se difere da ação penal publica incondicionada, pois para perseguir alguém por meio desta ação precisa estar expresso na legislação (tem que constar que é ação publica condicionada), e por depender da manifestação de alguém para iniciar a ação penal. • Princípios: o principio especifico para essa ação é o principio da oportunidade, o qual consiste em que o MP só iniciará a ação penal se for lhe for dada a oportunidade para tal, pelo ministro ou o ofendido. • Legitimidade (129, I da CF, e 3º do CPP): para a propositura da ação penal é o MP e para representação é o ofendido • Veículo: denuncia • Representação: a) Noção: também é conhecida pelo termo em latim “delacio criminis postulatoria”. É um pedido autorização, por ele o fendido ou representante legal pede a investigação e ao mesmo tempo a autoriza. É necessária tanto para o inquérito policial como para a ação penal (não precisa fazer duas vezes. O policial que recebe a noticia criminis já pergunta se a pessoa deseja representar a ação, portanto normalmente essa representação é feita na fase do inquérito policial). Art 75 da lei nº9.099 (no juizado especial): caso a representação não seja oferecida no inquérito ou no inicio do processo poderá ser oferecida na audiência preliminar, portanto o inquérito poderá ocorrer sem a representação. Quando há concurso de agentes pode apresenta-se uma representação genérica, ou seja não precisa oferecer para cada um deles. Ou se descobre depois que há mais agentes a representação já feita é valida para todos eles, pois ela é sobre os fatos e não sobre os agentes. b) Natureza Jurídica: a doutrina majoritária estabelece que é uma condição de procedibilidade. c) Legitimado ativo: pela regra geral (art 39 do CPP) é o ofendido de forma pessoal ou por procurador (com poderes especiais), por representante legal (no caso do incapaz. ART 33 do CP). O art 34 do CPP não se aplica mais. Sumula 594 do STF: trás a possibilidade desse direito ser exercido pelo representante bem como pelo próprio ofendido. Art 37 do CPP: quando PJ exerce esse direito de representação. d) Sucessão processual: Se o ofendido morreu antes de exercer esse direito de representação (24, §1º do CPP) ou declarado ausente, ocorre a sucessão processual, portanto esse direito passará para o cônjuge/companheiro, ascendente, descendente e irmão, nessa ordem. Essa sucessão só será valida se não tiver decorrido ainda o prazo para representação (a partir do momento em que a autoria é conhecida conta-se 6 meses), se já houver decorrido haverá a extinção da punibilidade. Quando a pessoa morre esse prazo de 6 meses é zerado e iniciado novamente. e) Destinatários (art 39 do CPP): Oferece perante autoridade policial (§3º. É a mais comum), promotor ( §1º. Oralmente ou por escrito, nessa hipótese o MP pode requerer o inquérito ou iniciar a ação penal), juiz (§4º. O juiz remeterá a representação para a autoridade policial para iniciar a investigação) f) Prazo (art 38 do CPP): 6 meses. É o mesmo da queixa-crime. Tem natureza decadencial, portanto reflete no direito penal, porque com o termino do prazo teremos extinção da punibilidade, regra de direito material (é uma norma mista), portanto o prazo contará pela regra do direito material (art 10 do CP), ou seja, inclui o dia do começo e exclui o dia do fim, conta por dias corridos, não se prorroga mesmo que termine num domingo, por exemplo, g) Formalidade: não exige formalidades, pode ser feita pessoalmente ou por meio de procurador apenas. Basta que a vontade seja exteriorizada. h) Retratação (art 25 do CPP e art 102 do CP): a representação pode ser retirada pelo ofendido. Pode acontecer desde que antes do oferecimento da denuncia. Ela não gera extinção da punibilidade, portanto é possível a “retratação da retratação” desde não tenha passado o prazo de 6 meses. i) Observação final: na doutrina (Nucci, por exemplo) trata a retratação tácita que ocorreria quando há a representação contra o ofensor mas depois há a reconciliação entre eles (ex. chamou para ser padrinho no casamento). Não é admitido em muitas decisões dos tribunais superiores, porque não há previsão legal. • Requisição do Ministro da Justiça: “Trata-se de um pedido-autorização que é feito, em que ao mesmo tempo autoriza a investigação e sinaliza que deseja que ocorra a investigação e a ação penal” (Guilherme Madeira Dezem). Também é um pedido autorização porque ao mesmo tempo que o ministro da justiça faça um pedido para iniciar a investigação ele também autoriza que isso ocorra. Fundamentos políticos: é exigível porque alguns crimes interessam diretamente a soberania nacional, e com isso em alguns crimes o poder executivo nacional tem que se manifestar por meio do ministro da justiça, que fara a requisição para que a investigação tenha início. Natureza jurídica: condição de procedibilidade (pressupostos processuais). Tem as mesmas discussões da representação. Legitimado ativo: Ministro da Justiça é legitimado para requisição. O legitimado ativo para a AP continua sendo o Ministério Público. Destinatários da requisição: São os mesmo da representação, autoridade policial, MP ou o Juiz. O prazo é prescricional Retratação: há divergências na doutrina. A corrente que defende que não seria possível, tras como argumento que para a representação existe regra expressa, para a requisição do ministro não há previsão expressa. A parte favorável (Nucci, por exemplo), defende que a requisição é retratável, pois por analogia poderia aplicar o artigo 25 do CPP e 102 do CP. Quais as consequências da ausência da representação do ofendido ou da requisição do Ministro da Justiça? (quando há a ação penal publica condicionada). R: Depende do momento da verificação da ausência. Se for no momento do recebimento da denuncia, o juiz pode rejeita-la com base no art 395, II do CPP. Se for verificado durante o processo, pode ocorrer a nulidade de todos os atos ate o início da ação penal, previsto no artigo 564, II do CPP (ilegitimidade da parte). As possibilidades para a ausência da representação, são a rejeição da denuncia, anulação dos atos e extinção da punibilidade É razoável anular todos os atos? Muitos autores defendem que o ideal seria o magistrado determinar que deveria juntar a representação (se estiver dentro do prazo decadencial) Lei 9099/95, artigo 91: se o processo corre em razão de crime que não depende de representação e depois verifica-se que é hipótese de ação penal publica condicionada, o juiz intima o ofendido para que apresente a representação em ate 30 dias , sob pena de decadência. A jurisprudência já se manifestou pela extinção da punibilidade (não é razoável pois ate aquele momento o crime não era de ação penal publica condicionada, portanto não houve a oportunização de realizar a representação). Aplica-se o referido artigo em razão da doutrina. Ação Penal Privada • Noção: nessa hipótese a iniciativa para a propositura da ação ficará a cargo do ofendido ou representante legal • Espécies: propriamente dita (é a base. Ex: crimes contra a honra); personalíssima; subsidiaria da publica. • Identificação: somente terá ação penal privada quando a lei assim determinar expressamente (”somente se procede mediante queixa”). Por exemplo: crimes contra a honra. • Princípios específicos: 1. Oportunidade: cabe exclusivamente ao titular da queixa decidirse vão ingressar com a ação ou não 2. Disponibilidade: o querelante pode desistir da ação penal, desde que não tenha havido o transito em julgado da decisão, pois a partir dai ocorre a execução da pena que é monopólio do Estado, o ofendido não pode interferir. Pode ocorrer por desistência, renuncia, perdão do ofendido e perempção 3. Indivisibilidade: o ofendido não pode excluir voluntariamente um dos co- réus, salvo em caso de perdão. Obviamente não há violação desse principio se não era sabido que existe a coautoria (art 48 do CPP) - crime contra a honra: todos que fizeram a noticia circular deverão ser processados. • Legitimidade ativa: mesmas orientações da representação. A regra inicial (art 30 do CPP) determina que quem tem direito de iniciar a ação penal o ofendido ou seu representante legal (obs: por meio de advogado porque tem que haver defesa técnica). Ver artigo 33 do CPP. Artigo 34 não tem aplicabilidade. • Sucessão processual também cabe nessa hipótese de ação penal, previsto no 31 do CPP e artigo 100, §4º do CP (CADI). • Veículo: é a queixa-crime • Prazo (artigo 38 do CPP e 103 do CP): prazo decadencial de 6 meses contados a partir do conhecimento da autoria (prazo de direito material, portanto inclui o dia de inicio e exclui o dia do fim) • Renuncia: é a desistência do direito. A vitima se recusa a tomar providencias contra seu agressor. Deve acontecer antes do ajuizamento da ação (art 49 e 50 do CPP, art 104 do CP). Poderia esperar passar o prazo decadencial, mas prefere renunciar. A renuncia pode ser: Expressa (art 50 do CPP): por meio de declaração. Porem isso não impede de pedir indenização no cível, porque perde o direito apenas de entrar com a ação penal (art 104 do CP) Tácita: uma situação que presuma que a pessoa não deseja mais processar. O ato é incompatível com a vontade de processar. Porem isso não impede de pedir indenização no cível, porque perde o direito apenas de entrar com a ação penal (art 104 do CP). Ex: chamar o agressor pra ser padrinho do seu casamento. Art 104 do CP: a pessoa perde o direito de queixa. Se houver investigação e houver a renuncia causa a extinção da punibilidade (art 107, V). • Perdão (art 105 do CP e artigo 55 do CPP): se a “renuncia” ocorre depois do ajuizamento da ação. É o perdão concedido pelo querelante (não é o perdão judicial). Significa que está desistindo da demanda, não quer que a ação continue. A diferença entre a renuncia e o perdão, é que a primeira é unilateral, enquanto o perdão é bilateral, portanto neste o querelado ou seu procurador (não necessariamente o advogado) tem que concordar com o perdão. Havendo o perdão haverá extinção da punibilidade. Caso o querelado esteja numa condição de incapacidade, o juiz poderá nomear um curador para falar em nome do querelado. Quando o querelante concede o perdão (art 58 do CPP) o querelado será intimado para aceitar ou não, no prazo de 3 dias. O limite do prazo para ser concedido é o transito em julgado da decisão, porque depois disso começa a fase de execução que é de monopólio Estatal (artigo 106, §2º). Pode ser expresso ou tácito, como a renuncia. O perdão de um se estende a todos ou outros autores do crime, sendo que cada um deles poderá aceitar ou não, para os que não aceitarem a ação continuará correndo (art 106 do CPP) Perdão extraprocessual (art 56 e 59 do CPP): o perdão ocorre fora do processo, para isso deve haver uma declaração de perdão assinado pelo querelado para que seja inserido no processo. • Perempção (art 60 do CPP): significa extinguir com algo, há a extinção da punibilidade do querelado. Quando o querelante fica inerte, desidioso, negligente. Ocorre quando: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I. Quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos (é o abandono de instancia. Não é possível somar os períodos de inercia, tem que ser os 30 dias SEGUIDOS. Quando ha a perempção em um dos autores, esta não prejudicará os demais. Se há o atraso justificado dessa não manifestação não haverá perempção) II. Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 (O querelante não mais atuará em razão de morte ou http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art36 incapacidade, abre-se o prazo de 60 dais para que o representante/conjuge/ascendente/descendente/irmão (art 36 e 31 do CPP) atue em seu nome. Essas pessoas não serão intimadas, a atitude deve partir delas); III. Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais (em ato em que seja privativo do querelante e não houver justificativa para a ausência (ex: art 520 do CPP). Quando deixa de apresentar pedido de condenação nas alegações finais, seja por não se manifestar ou por pedir absolvição). IV. Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor (Quando a empresa não deixa um sucessor para assumir o polo ativo da demanda). • Ação penal privada personalíssima: sua peculiaridade é que nessa ação não haverá sucessão processual em caso de morte ou incapacidade (mesmo que a pessoa seja considerada ausente), pois se entende que aquele crime atinge a vitima de forma extremamente personalíssima, portanto não é possível permitir que outra pessoa fale por ela. Se a pessoa for/estiver incapaz não será possível a nomeação de curador. Prazo de 6 meses, contados do transito em julgado da sentença que anulou o casamento, normalmente seria contado a partir do conhecimento da autoria. (Ex: 236 do CP- induzimento a erro essencial, se ela vier a morrer será extinta a punibilidade) • Ação penal privada subsidiária da pública (art 29 do CPP e 100 do CP): quando o MP não oferece a denuncia dentro do prazo estipulado por lei (5 dias para preso e 15 para solto), o particular pode iniciar a ação penal. Porem o MP poderá aditar essa queixa-crime (complementar a queixa apresentada pelo particular), não aceitar a queixa-crime e oferecer uma substitutiva, pedir que interponha meios de prova, recursos, ele pode ate retomar a atividade (chama pra si a ação penal), também esta no artigo 29 do CP. As causas de perempção não se aplicam aqui. Denuncia e Queixa-crime • Requisitos para denuncia e queixa (art 41 do CPP): denuncia e queixa devem ser apresentadas por escrito, as quais devem conter os seguintes requisitos, caso não tenham haverá a rejeição da denuncia ou queixa, pois a mesma seria manifestamente inepta (ART 395 do CPP) 1. Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstancias (todos os detalhes): quem? O que a pessoa fez? Onde estava? Por que meios? Com qual intenção? De que maneira? Quando? 2. Qualificação do acusado: individualização da pessoa. O máximo de informações dessa pessoa (ex. apelido. “fulano, vulgo apelido”). É importante para não confundir a pessoa 3. Classificação do crime: apontar qual o crime cometido, porque a depender disso há alteração da competência, procedimento e benefícios, porem nada impede o juiz de alterar essa classificação, pois a pessoa se defende dos fatos e não da classificação do crime. 4. Quando necessário rol de testemunhas (apenas esse não gera anulação): apenas quando existem testemunhas a serem arroladas • Tipos de imputação: • Requisito especial da queixa-crime (artigo 44 do CPP): exige-se que na procuração deve constar o nome do querelante e a menção do fato criminoso (normalmente só tem o nome). Para que o advogado posa atuar em nome do querelante,na procuração deve constar o nome e a menção do fato criminoso, caso este não conste o querelante assina a queixa junto com o advogado. Alguns autores defendem que esse artigo não é necessário, portanto o legislador estaria falando do querelado e não do querelante. • Prazo para oferecimento da denúncia (art 46 do CPP) e queixa-crime (art 38 do CPP): para queixa o prazo é de 6 meses a partir do conhecimento da autoria, para a subsidiaria da publica...; para a denuncia será de 5 dias se o réu estiver preso e 15 para réu solto, se inicia a partir do recebimento dos autos de inquérito policial pelo MP. Há a discussão se inclui o dia do começo ou não. Geralmente não há consequência negativa para a apresentação fora do prazo. • Aditamento da denuncia: possibilidade de se juntar algo, um acréscimo/correção na imputação feita por parte da acusação. Pode ser em relação aos fatos ou as pessoas. (Ex: indicou os autores do crime e esqueceu algum deles). O aditamento pode ser próprio (acréscimo de fatos ou pessoas) ou improprio (corrige algo, esclarece/retifica algo errado). O MP pode fazer espontaneamente a qualquer tempo desde que antes da sentença (art 569 do CPP). Existem possibilidades que não poderá haver o aditamento espontâneo, há discussão se isso é constitucional, pois o juiz que pediria o aditamento, essas possibilidades estão o artigo 384 e 417 do CPP (aditamento provocado) • Aditamento da queixa-crime: igual á denuncia, a diferencia é que substitui o MP pelo ofendido. Aplica-se os artigos 569, 384 e 46, §2º do CPP. Neste ultimo há uma situação em que o MP poderá aditar mesmo sendo fiscal da ação privada, porem há discussão, no sentido de que ele não poderia interferir. Extinção da Punibilidade Código Penal Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente: valido para todas as modalidades de ações, tanto publicas como privadas. Art 62 do CPP, determina que no caso de morte do acusado o juiz somente poderá declarar extinta a punibilidade depois de verificar a certidão de óbito e ouvir o MP, por cautela. No cível ha a morte presumida, porem para o processo penal não tem validade para se extinguir a punibilidade. Quando o juiz julga extinta a punibilidade e depois se descobre que tal certidão é falsa, há duas posições sobre a possibilidade de retomar o andamento do processo. 1- STF (jurisprudência): a decisão de extinção da punibilidade poderá ser revogada, pois não gera coisa julgada em sentido estrito (além de o processo ser retomado responderá por uso de documento falso, com dispõe o art 304 do CP). 2- Doutrina majoritária: não poderia haver a retomada da ação penal, pois não existe possibilidade de revisão criminal pro societate, porem a pessoa responderia pelo crime de falsidade. II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - Revogado; VIII - Revogado; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Jurisdição • É um campo mais amplo e é restringida pela competência • Conceito de Jurisdição: é um poder/dever atribuído constitucionalmente ao Estado para que possa aplicar a lei no caso concreto. O Estado terá o poder/dever de realizar uma composição de litígios (resolver conflitos). Jurisdição “é uma função estatal inerente ao poder-dever de realização de justiça, mediante atividade substitutiva de agentes do Poder Judiciário – juízes e tribunais – , concretizada na aplicação do direito objetivo a uma relação jurídica, com a respectiva declaração, e o consequente reconhecimento, satisfação ou assecuração do direito subjetivo material de um dos titulares das situações (ativa e passiva) que a compõem”. (Rogério Lauria Tucci) • Características: 1. É indivisível/una: não pode ser fracionada, pois se emana da soberania não é possível dividir, se aplica para o estado por um todo. Mesmo que pode ser exercida por órgãos diferentes a jurisdição é uma só 2. É exclusiva: dos integrantes do poder judiciário. Portanto todo juiz que esta investido na função possui jurisdição, então tem a atribuição de compor esses conflitos se valendo da força Estatal. Exceção: a jurisdição exercida pelo senado federal (apenas em caso de crime de responsabilidade), ART 52, I, e II da CF. • Princípios: a) Indeclinabilidade: o juiz tendo a jurisdição tem o poder/dever de julgar, portanto ele não poderá se abster de julgar os casos apresentados a ele, ele não poderá declinar nos casos. b) Improrrogabilidade: as partes mesmo que entrem num acordo não poderão deixar de dar ciência do acordo ao juiz. Ex: em um processo de ação penal publica as partes entram em um acordo fora do processo dentro das possibilidades permitidas em lei, e o MP não segue adiante na ação penal (ou não oferece a denuncia), esse acordo não poderá ser feito sem que o juiz tome ciência, pois o mesmo homologará (pois é ele que tem jurisdição) c) Indelegabilidade: o juiz não pode delegar a jurisdição pra quem não a possui. Porem pode delegar a competência (ex. pedir pro juiz de outra comarca ouvir a testemunha) d) Unidade: a jurisdição é una, única pra todos, temos apenas delimitação de competências. Competência • Conceito de Competência: é uma delimitação da jurisdição. Por exemplo, o STF pode exercer sua jurisdição em todo território nacional, porem não tem competência para lidar com todo tipo de matéria, como o divorcio, ele não poderá homologar, porem poderia receber um habeas corpus, outro exemplo é o juiz não poder atuar em uma comarca que não seja a que esteja investido. “Competência é a medida da jurisdição, uma vez que determina a esfera de atribuições dos órgãos que exercem as funções jurisdicionais “ (Frederico Marques) • Competência absoluta e relativa: Absoluta: a fixação da competência não admite prorrogação, ou seja, se o juiz for incompetente terá como consequência a nulidade do feito, há discussão se anulará todos os atos ou apenas os decisórios. O juiz será afastado e terá que se encaminhar o processo ao juiz competente. Aqui o que prepondera é o interesse publico. A incompetência pode ser em razão da matéria, se é da justiça criminal, cível, federal, etc. ou em razão da prerrogativa de função, um juiz a quo deve ser julgado pelo STJ e não por outro juiz a quo, por exemplo. Relativa: a fixação da competência é prorrogável, o juízo que era incompetente pode continuar seguindo com a ação penal se ninguém alegar a incompetência, porque aqui há o interesse privado apenas. A oportunidade de se manifestar sobre a incompetência é na contestação. Quando a incompetência é alegada em tempo hábil, de acordo com a doutrina e jurisprudência os atos relativos à construção de prova poderão ser aproveitados. No cível o juiz não pode reconhecer de oficio a incompetência, mas no processo penal pode, porem a jurisprudência tem se manifestado desfavorável a isso , entende que a sumula se trata da área penal também além da cível (sumula 33 do STJ). • Competência do foro: é determinada a competência observando alguns cenários. CPP - Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: (espécies de competência) I - o lugar da infração (é a regra) II - o domicílio ou residência do réu (regra subsidiaria, apenas se não puder ser do lugar da infração) III - a natureza da infração; IV - a distribuição; V - a conexão ou continência; VI - a prevenção; VII - a prerrogativa de função. • Regra geral para a competência do foro (art 69, I do CPP): a regra da racione loci (a competência é do lugar da infração). Art 70 do CPP determina que a competência será do local em que se consumar a infração, na hipótese do crimetentado a competência será do local onde foi praticado o ultimo ato da execução (teoria do resultado) • Problema da teoria do resultado: crimes em que não há um resultado naturalístico, o crime é de mera atividade (ex: crime contra a honra), por isso criou-se a teoria da ubiquidade (em regra não se aplica ao processo penal), que considera que o foro competente poderá ser tanto o do local da ação ou omissão como do resultado, em razão do que dispõe o código penal no artigo 6º, pois o mesmo dispõe que o local do crime pode ser o lugar onde o resultado foi produzido e também o local da ação ou omissão, há quem diga que essa regra do CP revogou a regra do CPP, mas essa corrente não é utilizada. • Situação 1: uma pessoa levou 5 facadas em Marialva, fugiu pra Maringá e morreu lá. De acordo com a jurisprudência se fixará a competência onde colherá as provas, com base no principio da verdade real. Principalmente em caso de homicídio haverá essa exceção da regra do artigo 70 do CPP. Nos crimes qualificados pelo resultado, por exemplo estupro seguido de morte, a competência será do local onde ocorreu o resultado qualificador, há exceções, pois é mais razoável que seja onde ocorreu o fato base. • Situação 2: a pessoa foi sequestrada em Marialva e percorreu por varias outras cidades (é um crime permanente pois a consumação se arrasta pelo tempo), a competência será fixada pela prevenção, ou seja, o juiz que primeiro se manifestar sobre o caso será o competente, regra prevista no artigo 71 do CPP e 71 do CP • Crimes de menor potencial ofensivo (lei nº 9.099/1995): o artigo 63 dispõe que a competência será de onde foi praticada a infração penal. Pode estar se referindo ao local da infração e do resultado, o problema se resolve pela prevenção também. • Crime de fraude no pagamento por meio de cheque sem provisão de fundos ou cheque falsificado: qual o critério de fixação da competência? • Competência territorial: é relativa, portanto passível de prorrogação. Regra para foro supletivo (suplementar/sucessivo): quando não há a certeza de onde o crime ocorreu, utiliza-se a regra do domicilio do réu (arts 70 e 71 do CC e arts 72 e 73 do CPP). Quando o réu possuir varias residências poderá haver realização em qualquer delas. Quando o réu não tiver residência será realizada a ação no lugar onde o mesmo for encontrado (73 do CC). Nas duas situações utiliza-se a regra do juiz prevento (72, §2º do CPP). - artigo 73 do CPP: nas ações penais privadas o querelante poderá escolher como foro o da residência do querelado (ao invés do foro de sua residência). Regra específica de competência (matéria): aplica-se a ratione materiae, ou seja, a competência é atribuída em razão da matéria. No caso de não haver nenhuma vara competente, ou varias competentes, utiliza-se a regra geral de competência e em seguida a competência em razão de matéria, se ainda houver mais de uma competente realiza um sorteio. - Artigo 5º, XXXVIII, d, CF: no tribunal do júri em alguns crimes que atentam contra a vida, o bem jurídico não é a vida, como por exemplo o latrocínio (súmula 603 do STF). - Artigo 78, I, do CPP: quando ocorre mais de uma ação com dois crimes distintos, o processo vai para o tribunal do júri, por conexão. Regra específica de competência (prerrogativa de foro ou de função): também chamada de ratione personae, ocorre quando em razão da função que a pessoa exerce, é julgada em foro diverso. É o foro privilegiado dos políticos, porem no momento em deixam o cargo o processo volta para o foro comum. Competência originária decorrente da prerrogativa de função ou da matéria Nessas situações de prerrogativa de função haverá um tribunal competente para julgar o caso (cortes especiais) 1. Supremo Tribunal Federal ( art. 102, Constituição Federal; art. 86 do Código de Processo Penal): a) Nas infrações penais comuns (em crimes que não são de responsabilidade): Presidente da República, Vice-Presidente, membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República (nos crimes de responsabilidade quem julga é o senado federal, conforma art 52 da CF) b) Nas infrações penais comuns e crimes de responsabilidade em competência originária: Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (salvo quando os crimes de responsabilidade por eles cometidos forem conexos com os mesmos cometidos pelo Presidente ou Vice-Presidente da República, sendo todos julgados pelo Senado Federal), membros dos Tribunais Superiores, integrantes do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. Jurisprudência: cabe ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, nas infrações penais comuns, o Advogado-Geral da União (em ações penais comuns), conforme decisão proferida, por maioria de votos (contrários os Ministros Celso de Mello e Marco Aurélio), no Inquérito 1.660-DF, cujo relator é o Ministro Sepúlveda Pertence, em 6 de setembro de 2000. (no caso de crime de responsabilidade cabe ao senado) 2. Senado federal (artigo 52 da CF) : Julga os crimes de responsabilidade do Presidente e Vice-Presidente da República, Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (os Ministros e Comandantes, quando cometerem delitos conexos com os do Presidente ou Vice), dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Procurador-Geral da República, do Advogado-Geral da União e membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público. 3. Superior Tribunal de Justiça (art 105 da CF): a) Nas infrações penais comuns: Governadores dos Estados e do Distrito Federal. b) Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade: desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, integrantes dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e do Ministério Público da União, oficiantes nesses tribunais. 4. Tribunais Regionais Federais nas infrações penais comuns e de responsabilidade (artigo 108 da CF): Juízes federais da área da sua jurisdição (independente da natureza do crime), incluídos os magistrados da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, bem como os membros do Ministério Público da União (exceto o que concerne à Justiça Eleitoral) e Prefeitos (quando cometerem crimes da esfera federal, se é crime da esfera estadual é o tribunal de justiça). 5. Tribunais Regionais Eleitorais nas infrações eleitorais (artigo 109, IV da CF): julga apenas infrações eleitorais. Juízes e promotores eleitorais, bem como Deputados estaduais e Prefeitos. 6. Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal (art 96, II da CF): (é regra subsidiaria) a) Nas infrações penais comuns e de responsabilidade: juízes de direito (que sejam da justiça estadual) e membros do Ministério Público (exceto o que concerne à Justiça Eleitoral). - Magistrados serão julgados pela justiça eleitoral apenas em crimes eleitorais b) Nas infrações penais comuns: o Vice-Governador, os Secretários de Estado, os Deputados Estaduais, o Procurador-Geral de Justiça, o Procurador-Geral do Estado, o Defensor Público Geral e os Prefeitos Municipais. Note-se que o Prefeito deve ser julgado pelo Tribunal de Justiça, de acordo com o art. 29, X, da Constituição Federal. Por isso, deveria ser competência do Pleno ou do Órgão Especial, como ocorre com os juízes e promotores. Entretanto, assim não tem ocorrido e os Prefeitos são julgados pelas Câmaras. Deve-se tal situação ao excessivo número de processos contra os chefes do Executivo Municipal que, se fossem julgados pelo Pleno, iriam congestionar a pauta. Por outro lado, quando o Prefeito cometer crime federal, deve ser julgado pelo Tribunal Regional Federal; quando cometer crime eleitoral,pelo Tribunal Regional Eleitoral. Assim já decidiu o Supremo Tribunal Federal: Súmula 702: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça Comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau”; Súmula 703: “A extinção do mandato do prefeito não impede a instauração de processo pela prática dos crimes previstos no art. 1.º do Decreto-lei 201/67”. - Atenção (29 , X da CF): prefeito deve ser processado pelo TJ, porem as vezes ele é julgado pelas câmaras, o que é ilegal. c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade: os Juízes do Tribunal de Justiça Militar, os Juízes de Direito e os Juízes auditores da Justiça Militar Estadual, os membros do Ministério Público, exceto o Procurador-Geral de Justiça, o Delegado Geral da Polícia Civil e o Comandante Geral da Polícia Militar. Não mais se faz referência ao Juiz do Tribunal de Alçada, pois este foi extinto pelo art. 4.º da Emenda Constitucional 45/2004. 7. Tribunal de Justiça Militar do Estado nos crimes militares (art 124 da Constituição Federal) : tem competência apenas em crimes militares. O Chefe da Casa Militar e o Comandante Geral da Polícia Militar. Competência em razão da matéria 1. Justiça Comum de primeiro grau: a) a) Juízes federais (522, STF): a.1) crimes (não abrange contravenções – Súmula 38, STJ –, nem delitos militares ou eleitorais) praticados em detrimento de bens, serviços e interesses da União, de suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Vide Súmula 42, STJ; Súmula 147, STJ; Súmula 91 do STJ (cancelada). a.2) crimes políticos (arts. 8.º a 29 da Lei 7.170/83 – Lei de Segurança Nacional). a.3) crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando teve a execução iniciada no Brasil, consumando-se ou devendo consumar-se no exterior, ou vice-versa (são os chamados crimes à distância). a.4) crimes contra a organização do trabalho, quando envolver interesses coletivos dos trabalhadores. Vide arts. 201, 202, 204, 206 e 207 do Código Penal. Podem ser, conforme o caso, da Justiça Estadual ou Federal: arts. 197, 198, 199, 200 e 203 do Código Penal. a.5) crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, nos casos apontados por lei (vide Lei 7.492/86). a.6) crimes cometidos a bordo de navios, considerados estes as embarcações de grande cabotagem, e aeronaves (excetuados os da Justiça Militar). a.7) crime de reingresso irregular de estrangeiro no Brasil: art. 338 do Código Penal. a.8) crimes cometidos contra comunidades indígenas. Vide Súmula 140, STJ. a.9) cumprimento de cartas rogatórias e sentenças estrangeiras homologadas pelo Superior Tribunal de Justiça. a.10) as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5.º do art. 109. a.11) súmula vinculante 36. b) Juízes estaduais: detêm competência residual, isto é, todas as demais infrações não abrangidas pela Justiça Especial (Eleitoral e Militar) e pela Justiça Federal, que é especial em relação à Estadual. - Vai pra justiça estadual por exclusão, porque não se encaixa nas justiças especiais. 2. Justiça Política: certas pessoas são julgadas não por um magistrado, mas por órgãos políticos realizando esse processamento e julgamento (ex: em crime de responsabilidade o presidente é julgado pelo senado) - Câmara Municipal: art. 4.º do Dec.-lei 201/67: alguns autores dizem que a câmara teria competência para julgar os prefeitos, no decreto menciona que a câmara poderá julgar apenas nas infrações politico- administrativas (âmbito administrativo e não criminal). - Tribunal Especial: no crimes de responsabilidade, governadores, vice- governador, procurador geral de justiça, procurador geral de estado. Conforme estabelece lei 1049/1590, artigo 78, §3º. É composto por 5 deputados escolhidos pela assembleia legislativa e 5 desembargadores do tribunal de justiça do estado. - Sumula vinculante 46: os estados não poderão modificar essa composição, pois apenas a união poderá estabelecer essas regras de processamento. Regras Especiais Sobre a Competência Excepcional de Prerrogativa de Função. Magistrados e membros do MP devem ser julgados ao tribunal em que estão vinculados, independente da natureza da infração ou do local do fato. - Ex: um juiz federal comete crime de moeda falsa (competência de justiça federal), quem julgará será o tribunal de justiça do Paraná. - Ex: juiz federal comete crime da esfera estadual será julgado pelo TRF - EX: se a pessoa que tem prerrogativa de foro e deixa o cargo antes do julgamento, ela deixa de ter o direito ao foro privilegiado (sumula 394 do STF foi cancelada em 1999, colocaram ela de volta no CPP porem foi considerada inconstitucional) Regras especiais sobre a competência excepcional quanto à matéria. - Competência especial do juiz da execução: a sentença já transitou em julgado definitivamente, é de competência exclusiva do juiz da execução (artigo 2º, 65 e 66 da lei 7210/1984) - Se não tem vara execução penal a competência será do juiz sentenciante Distribuição como alternativa (solução) á competência cumulativa supletiva (art 69 , IV da CF): pode ser que haja numa mesma comarca mais de um juiz competente para o caso. Ex: há 3 varas que cuidam de roubo em Maringá, define-se a competência por distribuição, ou seja, fará um sorteio (art 75 do CPP). Se um juiz acaba sendo muito sorteado, encaminha o processo para o juiz que tem menos processos Conexão e Continência São regras de modificação de competência. Situações em que é conveniente que reúna os processos para serem julgados juntos, em razão de economia processual, ou evitar decisões contraditórias, por exemplo. Alguns autores defendem que isso fere o principio do juiz natural, porem não fere, pois esta previsto no CPP. O segundo processo objeto de conexão ou continência ao invés de ser sorteado ele vai direto para o juiz julgador do outro processo também objeto de conexão ou continência. (ex: em uma briga entre torcidas rivais, ao invés de sortear o juiz para julgar cada processo, vai tudo para o mesmo juiz). Se a competência deve ser alterada, mas não foi, a nulidade é relativa e não absoluta. Conexão Uma ligação. A conexão é o liame existente entre infrações penais, elas ocorrem em situação de tempo e lugar que tornam necessário o julgamento desses delitos em conjunto. CPP Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 1. Conexão intersubjetiva (artigo 76, I do CP): a) Conexão intersubjetiva por simultaneidade (ocasional/substantiva/temporal/subjetiva objetiva): quando há duas ou mais infrações que foram praticadas ao mesmo tempo por varias pessoas reunidas (ex: torcida do Corinthians bate na torcida do palmeiras). Não se da de forma pré-ordenada (não foi planejado), ou seja não há o liame subjetivo. A conduta de cada um será individualizada, porem serão julgadas em conjunto para aproveitar as provas, por exemplo (ex: pessoas que saquearam uma loja no meio do protesto, quando esse saque não foi combinado/ou quando depredaram o patrimônio publico derrubando as estatuas) b) Conexão intersubjetiva por concurso (ou concursal): varias pessoas cometem varias infrações penais, esses agentes estão conectados psicologicamente (estão combinadas), portanto há o liame subjetivo, porem os crimes são cometidos em lugares diferentes (ex: 6 pessoas se reunirampara roubar carga de caminhão, eles roubam de maneira revezada, a cada semana duas dessas pessoas roubam, mas tudo o que for roubado será dividido entre todos; organização criminosa de trafico de drogas; falsificação de documentos, em que uma pessoa furta o documento e o outro falsifica) c) Conexão intersubjetiva por reciprocidade: duas ou mais pessoas praticando crimes umas contra as outras (ex: torcidas rivais brigando umas com as outras; uma pessoa querendo matar a outra; crime de rixa) Aqui não há legitima defesa porque todos tem a intenção de praticar o crime. Nesse cenário aproveita as mesmas testemunhas, as provas, etc, por isso julga os processos reunidos. 2. Conexão objetiva ou teleológica (consequencial. Inciso II): há praticas criminosas diversas mas que pertencem a um mesmo contexto (ex: João rouba um banco onde o segurança ve quem foi o autor do crime, em razão disso, para ficar impune ele mata o segurança; furta um veiculo para conseguir fugir depois de roubar o banco) 3. Conexão instrumental ou probatória (III): A prova de uma situação aproveita para as outras praticas criminosas (ex: crime de receptação, porem quem recebeu não sabe quem furtou o bem, as provas de receptação se aproveita para o crime de furto). Nucci defende que apenas esse inciso já seria o suficiente. Crimes de menor potencial ofensivo: ex: na briga entre torcidas rivais há pessoas que causaram lesão leve e outras lesão grave, portanto possuem competências diferentes (uma é da justiça comum e outra da justiça especial). O juizado especial tem competência apenas para crimes de menor potencial ofensivo (artigo 70), portanto os processos serão julgados pela justiça comum. Continência Situações em que em uma infração penal pode conter outras infrações. Continência expressa tudo que tem capacidade de conter algo. CPP Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. 1. Continência por cumulação subjetiva ou em razão do concurso de pessoas (I): quando as pessoas cometeram o crime com liame subjetivo (em conluio), varias autores praticando o mesmo fato delituoso. Não unifica apenas em razão de economia processual, mas também para evitar decisão contraditória. Cada pessoa será julgada individualmente porem pelo mesmo juiz. 2. Continência por cumulação objetiva ou em razão do concurso formal de crimes: não é a hipótese previsto no inciso II do art 77. Esta prevista no art 70, 73 na segunda parte, 74tamebm na segunda parte do CP. Aqui a cumulação é objetiva, pois se trata de concurso de crimes e não de sujeitos. A conduta do agente é única, mas gera dois ou mais crimes, por isso serão julgadas as condutas pelo mesmo juiz. Concurso formal (art 70 do CP): temos uma só ação que provoca dois ou mais crimes (ex: dou um tiro e mato duas pessoas) Art 73: quando há erro na execução (ex: quer matar pessoa A, mas atingiu A e B). Neste caso há concurso formal de crime (aberratio ictus) Art 74: resultado diverso do pretendido (ex: joga pedra no carro de pessoa A, porem há alguém dentro do carro que não se sabia e isso gera lesão corporal nessa pessoa). Neste caso responde por concurso formal de crimes (aberratio criminis) Continência por concurso X conexão por concurso: na conexão há vários agentes cometendo vários crimes em tempo e lugar diferentes, nesse caso a produção de provas é útil para todos os crimes, por isso os processos deverão ser reunidos, aqui não há ligação de direito material e sim apenas processual. Na continência há vários agentes que cometem um só fato, o que conecta as ações, é uma regra de direito penal, ocorre no mesmo tempo e lugar, é o concurso de pessoas propriamente dito, aqui a prova também é útil para todos os crimes. • Diferenças entre conexão e continência: enquanto na conexão sempre haverá vários fatos que desencadeiam vários delitos, na continência há vários delitos que são resultado de um fato único. - Ex. de conexão por concurso: cada semana uma pessoa rouba uma carga de caminhão - Ex. de continência por concurso: um tiro que mata duas pessoas • Crime único: há vários fatos, mas o crime é um só, são as hipóteses de crime continuado (ex: rouba um posto em Marialva, depois Sarandi, depois Maringá, aqui há vários fatos mas serão considerados um só crime. Art 71 do CP) e crime progressivo • Consequências da conexão e continência (art 79 do CPP): a consequência central é a reunião dos processos, no latim “simultaneos processos”, gera unidade de processo e julgamento. Tem a finalidade de facilitar colheita de provas e evitar decisões contraditórias. • Se há a distribuição dos processos em varas distintas e um deles já foi julgado, o STJ na sumula 235 dispõe que neste caso não haverá a reunião dos processos. Porem mesmo que o processo já tenha sido julgado ainda há a busca de evitar as decisões contraditórias, portanto seria razoável a aplicação dessa sumula? Se não tiver havido a reunião e os processos foram julgados por juízes diversos, é possível a unificação das penas (obs: artigo 75) • Hipóteses de separação obrigatória (art 79 do CPP): apesar de haver conexão e continência haverá separação dos processos 1. No concurso entre a jurisdição comum e a militar (inciso I): cada um será julgado pela sua justiça (ex: policial civil e militar cometeram um crime) 2. No concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores (usa-se o termo vara da infância e juventude. Inciso II): ex. concurso de agentes praticando roubo, em que agente A possui 25 anos e agente B possui 13 anos. 3. Superveniência de doença mental em caso de concurso de agentes (paragrafo 1º): duas pessoas cometeram crime em concurso, mas depois de cometida a infração sobrevém doença mental para um dos agentes, para este haverá a suspensão do processo, ate que a pessoa melhore. Há autores que chamam essa situação de crise de instancia em relação à pessoa que teve a doença mental 4. Citação por edital de um dos corréus e o art. 366 do CPP: há a situação de co- autoria mas um dos acusados não foi encontrado, portanto foi citado por edital e não compareceu e nem constituiu advogado, em relação a essa pessoa o processo ficará suspenso, aos demais correrá normalmente • Hipóteses de separação facultativas (artigo 80 do CPP): haverá a separação dos processos porem será o mesmo juiz que julgará, senão violaria a garantia do juiz natural. 1. Infrações praticadas em situação de tempo e lugares diferentes: quando forem extremamente diferentes (ex: uma pessoa cometeu o crime no nordeste e a outra no Paraná) 2. Se houver um numero excessivo de acusados e pelo menos um deles estiver preso (ex: saque coletivo de loja, em que algumas dessas pessoas estão presas). Para que não prolongue demais essa prisão provisória, portanto violaria a duração razoável do processo. 3. Qualquer outro motivo relevante (ex: o caso for muito complexo). Deve ser bem fundamentado esse motivo. Regras para a eleição do foro prevalente (art 78 do CPP): I. Todos os crimes se conexos serão julgados pelo tribunal do júri, em casos em que houver crime de competência do tribunal do júri e crime da justiça comum (ex: crime conexo a um crime doloso contra a vida) II. Aqui temos as seguintes situações: Crimes em que um deles possui a pena mais grave, preponderá a competência do lugar da infração deste ultimo (ex: houve lesão grave em Marialva e lesão gravíssima em Maringá, preponderá Maringá, pois a pena é mais grave) Se os crimes forem de mesma gravidade prevalecerá a competência do local que tiver ocorrido o maior numero de infrações (ex: houve uma lesão em Maringá e duas em Marialva). Se as infrações são de numero e gravidade iguais, resolverá pela prevenção (o juiz que primeiro se manifesta) III. Preonderáa competência mais graduada (Ex: duas pessoas cometem crime em concurso, uma delas tem prerrogativa de função e a outra não, nesse caso a competência prevalente será a mais graduada). Porem a jurisprudência do STF não tem se manifestado nesse sentido. IV. Em caso de jurisdição comum e especial, prepondera a especial (Ex: Houve um crime eleitoral conexo com um crime comum, nessa hipótese ambos os crimes serão julgados pela justiça especializada, ou seja, a eleitoral) Prevenção (art 83 CPP) É utilizada como critério residual porque só será utilizada quando não for possível utilizar os outros critérios para estabelecer a competência do juiz. Conceito: a prevenção é o conhecimento em primeiro lugar de uma questão jurisdicional proferindo qualquer decisão a seu respeito Obs: o juiz pode se manifestar sobre o caso antes do oferecimento da denuncia (ex: se manifesta sobre interceptação telefônica, prisão, etc). Esse juiz se torna prevento, chama pra si a competência para julgar. O critério de prevenção é analisado sob duas óticas: (art 72, §2º do CPP) 1. Quando não souber onde se deu a consumação do crime ou quando não tem ciência do local de domicilio ou residência do réu 2. Quando é incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições (Art 70 §3º do CPP e art 71 do CPP). Art 71: em infração continuada ou permanente (embora seja um crime único as infrações podem ser cometidas em lugares diferentes) Em todos esses cenários pode ocorrer a perpetuação da jurisdição: ex: um réu esta sendo processado na comarca A, esta abrange municípios B C e D. O crime ocorreu no município B, futuramente este município se torna uma comarca autônoma, neste caso a competência será mantida na comarca A. (por analogia do art 43 do CPC). Porem em competência absoluta será alterada (quando há a competência pela matéria) • Juízes igualmente competentes: são aqueles que possuem uma competência idêntica, tanto em razão do lugar como em razão da matéria. • Jurisdição cumulativa: juízes aptos a julgar a mesma matéria, mas se encontram em foros diferentes (ex: juiz da vara criminal de Maringá que pode julgar crimes patrimoniais e juiz da vara criminal de Marialva que pode julgar crimes patrimoniais). Provas (art 155 do CPP) • Notas introdutórias: é aquilo que movimenta o processo. Refletem um dos princípios mais importantes do processo penal (ex: contraditório e ampla defesa). Possui 3 acepções: 1. Demonstração: a prova serve para demonstrar a verdade sobre os fatos 2. Experimentação ou meio de prova: é o instrumento pelo qual demonstra a verdade, ou seja, os meios de prova (ex: prova testemunhal, documental, etc) 3. Desafio: nessa fase probatória há a busca de superar obstáculos impostos no processo Resultado da ação de provar: é o produto extraído da fase probatória, que é a sentença Meios de prova: são todos os recursos diretos ou indiretos que podem ser utilizados para se alcançar a verdade dos fatos, são os recursos/instrumentos/atividades para se alcançar essa prova que será fixada no processo. Podem ser meios lícitos (admitido pela legislação) e ilícitos (contrario ao ordenamento jurídico, não apenas os que estão proibidos em lei), apenas os meios lícitos deverão ser considerados pelo juiz. Nominados: descritos com o nome na legislação (ex: prova pericial) Inominados: não existe designação legal, porem são aceitos (ex: inspeção judicial). Portanto todas as provas podem ser produzidas no processo penal desde que não contrarie o ordenamento jurídico Foi suspenso pelo STF que o juiz seja substituído quando tiver tido acesso ao meio de prova ilícito. Prova relativa ao estado das pessoas: não pode ser produzida no processo penal, por orientação do CPP, artigo 155, paragrafo único. Para comprovar casamento, idade, filiação, óbito, por exemplo, deverá respeitar o que esta disposto na lei civil. Não há outro meio probatório, por testemunha por exemplo, valerá apenas a certidão para fins de prova. No processo civil quando comprovado com documento o juiz dispensa a prova testemunhal, já no processo penal, a parte pode ouvir a testemunha ainda que já esteja comprovado por documento, pois pode ser que ela derrube essa prova produzida. Art 182 do CPP: o juiz não é obrigado a seguir o laudo pericial (ex: numa situação em que a testemunha derruba o laudo, o juiz poderá aceitar), pois o juiz tem liberdade para apreciar as provas produzidas, desde que de forma fundamentada Há outras leis que fixam mecanismo para se fixar o meio de prova Meios de pesquisa/meios de obtenção de prova: há autores que não diferenciam este dos meios de prova. Os que diferenciam defendem que os meios de prova se conectam á prova em si (relacionado a própria fonte do conhecimento), aqui falamos sobre o caminho para se chegar á essa fonte. Meio de pesquisa são determinados procedimentos (em geral extra processuais) regulados pela lei, quem tem por objetivo conseguir as provas materiais. (ex: numa interceptação telefônica, há um mecanismo que faz com que chegue ao meio de prova, diferente da prova testemunhal que não precisa de um caminho para se chegar ate ela, ela já existe imediatamente). Elementos de prova: todo e qualquer dado objetivo que confirma ou nega determinada informação. Porque no processo penal não podemos trabalhar com presunções, é necessária a comprovação cabal. Fontes de prova: o lugar de onde é possível extrair provas, tudo que serve para esclarecer determinado fato. Pode ser pessoas (ex: testemunha) ou coisa/objetos. Objeto da prova: de acordo com a posição majoritária são os fatos que as partes pretendem demonstrar (Guilherme de Souza Nucci, por exemplo). Frederico Marques faz algumas subdivisões sobre objeto em concreto e objeto da prova, defende que alguns fatos não precisam ser provados, como fatos notórios, irrelevantes ou fatos axiomáticos (ex: crak causa dependência).Os que não concordam defendem que o objeto seria as afirmações sobre os fatos (essa posição não é relevante). Procedimento probatório e o direito a prova: a produção de prova tem que obedecer a um procedimento probatório, que é o conjunto de todas as atividades realizadas no processo para construir as provas (ele se espalha por todo o processo). Por exemplo, na fase inicial do processo há a proposição de prova (na resposta á acusação), onde deverá indicar as provas que pretende produzir, inclusive o rol de testemunhas. Depois há a fase de admissão ou não dessas provas, pelo juiz. Por fim há a execução dessas provas, por exemplo, a prova testemunhal será produzida da audiência de instrução e julgamento. Portanto esse procedimento se conecta ao direito á prova. As partes possuem direito á participar da produção de provas (ex: réu tem o direito de ouvir todas as testemunhas, porem há exceções). Direito á prova: direito á validação das provas, direito a exclusão das provas inadmissíveis, direito á provas propostas, direito á investigação, são alguns direitos subsidiários. Princípios aplicáveis à prova 1. Princípio da autorresponsabilidade das partes: cada um dos sujeitos do processo deve assumir as consequências das suas ações, principalmente do seu erro/negligencia/inatividade (ex: deixa de chamar uma testemunha que deveria ser indicada). Porem o juiz tem poder instrutório, portanto, poderá intimar a testemunha que não foi indicada, por exemplo. 2. Princípio da aquisição ou comunhão de prova: a prova construída no processo não pertence com exclusividade a uma só das partes ou do juiz. Portanto poderá ser utilizada por qualquer sujeito do processo. 3. Princípio da oralidade: vários atos do processo são orais, mais simplificados. Deste decorre outros princípios como da concentração dos atos processuais (os atos devem ser concentrados numa só audiência), da identidade física do juiz (o juiz que acompanhou a fase instrutória, ou seja quem colheu a prova oral,é o juiz que proferirá a sentença, art 399, §2º do CPP) - Situação: já houve a colheita de prova oral e alegações finais, no momento de proferir a sentença o juiz entra de férias, o réu deverá esperar o juiz voltar das férias (inclusive se o réu estiver preso). Porem não é razoável, então começou a ser aplicada a regra do artigo 132 do CPC, a qual autoriza que o magistrado substituto sentencie a ação, mesmo que esse artigo não exista mais com esse conteúdo, pois a jurisprudência ainda aplica essa regra. 4. Princípio da verdade real/busca da verdade real: é impossível se alcançar no processo penal a verdade absoluta, nem que o réu confesse o crime, porque ha diferença da realidade em si e a impressão que a pessoa teve da realidade. Há a possibilidade da busca da verdade real, busca-se os fatos que mais se aproximam da realidade. Há uma relativização da verdade (a verdade do processo penal emerge apenas do que foi produzido no processo) 5. Princípio da liberdade probatória: é observado sob duas óticas, recaindo sobre o fato e recaindo sobre os meios de prova. É possível produzir tudo desde que não haja proibição no ordenamento jurídico, nem um caráter antiético ou que contrarie a moral. Esse principio é avaliado de maneira livre mas não irrestrita. Um exemplo de limitação é não poder quebrar o sigilo entre a defesa e seu cliente, bem como o direito ao silencio, o qual garante que o réu não seja prejudicado se não quiser falar. 6. 6. Princípio do nemo tenetur se detegere (vedação da produção da prova contra si/não auto incriminação): ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si (ex: depor contra si, bafômetro). Esta expresso no Pacto São Jose da Costa rica, no artigo 8.2, alínea G. Também é encontrado no art 5, LXII da CF, porem não de forma expressa. O direito ao silencio também decorre deste principio. 7. Princípio da presunção de inocência: a pessoa tem o direito fundamental de ter seu status de inocente garantido ate o transito em julgado (não é possível mais recorrer no processo) da sentença condenatória ( art 5, LVII da CF) 8. Princípio da audiência contraditória: toda vez que alguém apresenta uma prova existe a possibilidade da apresentação da contra prova (pode ser simplesmente se manifestar sobre aquela prova). Não é admissível a produção de uma prova sem o conhecimento da parte contraria
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