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Richard da silva Bastos
macaé-rj
2021
A reforma urbana do Rio de Janeiro no governo de Pereira Passos
																			
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL
Licenciatura em História 
Autor: Richard da Silva Bastos
Tutor Ead: Simone do Amaral Theodoro
Resumo: 
O presente artigo procura analisar as reformas urbanas empreendidas na capital federal brasileira durante o início do século XX, durante a administração de Francisco Pereira Passos, por meio de um diálogo entre a Literatura e a História, de modo a compreender a repercussão de semelhantes modificações no cotidiano da sociedade carioca da Belle Époque.
Sumario
· I - Introdução
· II - Cidade e Cosmopolitismo
· III - Cultura Aristocrática e Cultura Popular
· IV - A Função da Avenida Central na Reforma Pereira Passos
· V - Conclusão
I - Introdução 
 
 A administração do Projeto Pereira Passos e suas melhorias para a Cidade do Rio de Janeiro se constituem no tema deste artigo, o qual não pretende, no entanto, esgotar o assunto. Inicialmente, será feita uma análise do Cosmopolitismo que irá tornar singular a cidade do Rio de Janeiro no período da Bela Época. Através de uma abordagem sucinta desse período, poderemos compreender melhor como se processou essa passagem de Capital da Metrópole para Capital da República. Em seguida, de forma objetiva, será realizada uma análise da cultura, tanto a aristocrática como a popular, enfatizando-se a influência de sua administração para a redefinição da realização sociocultural do Rio de Janeiro. A função da Avenida Central na Reforma Pereira Passos será estudada, em seguida, de forma breve e objetiva, para que possamos avaliar o grau de modernidade de sua administração. Finalmente, na conclusão, procuraremos evidenciar os aspectos mais marcantes de sua administração, em termos de modernidade e progresso.
II – Cidade e Cosmopolitismo
 Esse processo como um todo foge à análise deste estudo, por isso, far-se-á uma analogia entre as medidas da Corte e a de Pereira Passos, privilegiando o aspecto das construções e da importância do Porto do Rio de Janeiro para os dois períodos históricos. No aspecto das construções podemos evidenciar que os dois períodos foram traumáticos, embora em graus diferentes. Na época de transferência da Corte, quando houve a necessidade de se alocar os portugueses, a população brasileira foi desalojada de suas propriedades. As residências desapropriadas levavam as iniciais PR significando “Propriedade Real”, o que, para a população, assumia a conotação pejorativa de “Ponha-se na Rua”. Nesta época, sempre visando dar à cidade do Rio de Janeiro um caráter europeu, foram realizadas obras visando o embelezamento e a remodelação da Cidade, segundo os valores europeus condizentes com a nova situação do Rio de Janeiro – sede da Corte. Com Pereira Passos e sua “fúria” de modernização, as transformações foram mais radicais:
Merece destaque um outro projeto do Prefeito Pereira Passos – o Teatro Municipal, o qual irá refletir os paradigmas da cultura aristocrática. Embora concluído em 1909, teve a decoração do restaurante idealizada por Pereira Passos, com “mosaicos e cerâmicas escolhidos pelo próprio ex-prefeito quando em sua viagem pelo estrangeiro” (CRULS, 1965, p. 457).
 O estrangeiro, que chegava ao Rio de Janeiro pelo porto e seguia pela Avenida Central, não tinha oportunidade de conhecer realmente a cidade, apenas a sua artificialidade, ou seja, o cosmopolitismo, que não podia ser julgado pelos parâmetros das cidades europeias. Era pura e simplesmente a necessidade que o Estado tinha de ser reconhecido internacionalmente como moderno, pois, “as obras do porto são fundamentais e aceleram a integração da cidade à modernidade” (MARTINS RODRIGUES, s/d, p. 5). Dessa forma, o Porto favorece a circulação de novos valores e ideias do exterior. Em posição contrária, encontra-se Lia de Aquino Carvalho que entende o processo modernizador de Pereira Passos como a superação da burguesia comercial pela burguesia industrial carioca (CHALHOUB, 2001, p. 130 e segs.), uma vez que prioriza o caráter interno no tocante à modernização da Cidade.
III – Cultura Aristocrática e Cultura Popular
 Embora o termo cultura admita várias interpretações, no caso presente, é melhor defini-la como a maneira de viver de uma sociedade, ou seja, tudo aquilo que uma sociedade faz ou pensa. Neste sentido, o termo cultura abrange dois tipos de relações: a dos homens com o mundo que o cerca e a dos homens entre si. A cultura popular se integra perfeitamente na definição vista acima, como, por exemplo, os ambulantes (visto anteriormente) e os capoeiristas (que eram caso ENCONTROS – ANO 15 – Número 29 – 2º semestre de 2017 DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DO COLÉGIO PEDRO II – RIO DE JANEIRO 43 de polícia). Aspectos intoleráveis para a Modernidade, pois como conciliá-la com os frequentadores dos quiosques. A clientela obrigatória dos quiosques se compunha de trabalhadores braçais, de carregadores de carrinho de mão, de soldados e guardas noturnos, de gente pobre e mal vestida que ali se alimentava frugalmente e tomava sua dose de caninha. (MAUL, 1967, p. 22)3 Outra característica da cultura popular é o seu apego ao curandeirismo, o que ajuda a elucidar a resistência da população às medidas de saneamento empreendidas na prefeitura de Pereira Passos. Osvaldo Cruz intensificou o serviço de vacinação, que, contudo, continuou a ser recebido com desconfiança. Pouca gente desejava vacinar-se ou concordava em vacinar-se. Proclamou ele então, uma lei que se torna obrigatória a vacinação ... Depois de muitas discussões o congresso aprovou a lei, em fins de 1904. Começou, então, impressionante reação contra a medida, chegando-se a organizar uma liga contra a vacinação (MACEDO, 1965, p. 86).4 De acordo com Nicolau Shevchenko (1983) a formação da nova cidade exigia a condenação da cultura popular e do tradicionalismo; a existência de uma política a serviço da cultura da classe dominante (perseguindo as manifestações populares, principalmente no centro da cidade) e a importação de valores culturais europeus (principalmente o modelo parisiense). Assim, dentro desta definição, fica fácil entender as palavras de Carlos Maul: Em Paris obtinham sucesso as conferências sobre assuntos de vários gêneros, na Sorbonne, nas sociedades científicas, e uma revista de grande projeção – Lês Annales Politiques et Literais – na sua Universite dês Annales ... o Rio não fica alheio a esse processo de comunicação com um público seleto.
IV – A Função da Avenida Central na Reforma Pereira Passos
 Antes de analisarmos as funções específicas da Avenida Central, podemos evidenciar alguns aspectos no texto acima. O primeiro deles refere-se ao problema do tempo como uma questão básica da Modernidade. O Homem moderno não pode desperdiçar o tempo, ele “caminha” para o futuro, ou seja, não deve haver nenhum impedimento para a consecução dos seus objetivos. Por que a aliança tempo e beleza.
 Para que tal intento fosse conseguido, foram criadas leis de ocupação do espaço na Avenida, e um concurso foi realizado para julgar e escolher as mais belas fachadas. Outro ponto a destacar é a questão elaborada anteriormente sobre quem enriqueceu ou empobreceu com a Reforma de Pereira Passos. No primeiro ponto é óbvio que o setor ligado à construção civil, enquanto, no outro, fica evidente a situação da população expulsa dessas áreas. Nesse processo de remodelamento estava presente este caráter de demolição dos aspectos coloniais da cidade do Rio de Janeiro, já que era incompatível com os tempos modernos: “Era preciso eliminar o ranço colonial e aproximar o Brasil dos créditos da produção e do comércio da Europa e dos Estados Unidos” (MARTINS RODRIGUES, s/d, p. 5).
 Na questão anterior fica evidenciado uma das funções da Avenida Central, qual seja: ligar o centro da cidade ao porto. Este porto eramais um lugar de entrada para abastecer a classe dominante daqueles produtos que a tornavam igual aos “irmãos” europeus. A questão era de circulação, e não de produção. Como era óbvio que não só mercadorias passavam pela avenida, uma outra função para o seu traçado e ampliação era dar a este homem um sentido de progresso e de futuro. O futuro estava a seu alcance: “Aberta a avenida, que, em sua salutar e livre amplidão, fazia perdidos os protestos teimosos dos renitentes” (BANDEIRA; ANDRADE, 1965, p. 408). Essa característica fica mais bem ressaltada quando observam as outras ruas do Rio de Janeiro. De acordo com Marc Ferrez (1983), a maioria das ruas tinha, no máximo, 6 metros de largura, e só as calçadas da Avenida Central tinham 7 metros. Era uma avenida para ser observada panoramicamente enquanto uma das características da Modernidade.
V - Conclusão
 A partir das análises e leituras realizadas neste artigo, conclui-se que as transformações efetuadas pela administração Pereira Passos provocaram a perda dos referenciais dos habitantes do Rio de Janeiro. Isto porque o homem que conhecia e entendia a cidade em que vivia anteriormente não mais a reconhece. Logo, deveria haver um processo de readaptação deste homem ao seu meio, após as mudanças ocorridas. Dessa forma, ao mudar o mundo externo, o que acontece com o mundo interno, ou seja, a cultura? Não cabe aos historiadores julgarem a figura de Pereira Passos, mesmo porque ele é apenas um elo de uma engrenagem complexa e não toda ela. Podemos observar que no seu período de governo foram conjugados fatores.
 Era o Rio mais uma vez expressando a modernidade por meio da artificialidade e não do conteúdo. Em uma visão mais ampliada podemos associar a construção da Avenida Central e suas características à cultura aristocrática e ao caráter cosmopolita procurado pelo Estado brasileiro, uma vez que o Rio de Janeiro era Capital e deveria rivalizar com as outras capitais do mundo moderno. Dessa forma, a preservação da cultura aristocrática implicava, até mesmo, na proibição de certos acontecimentos populares que passassem pelo centro do Rio. Sem esquecermos que a cultura dominante tentou, até mesmo, “esconder” os negros. A necessidade de transformações radicais no aspecto físico da cidade acarretou profundas modificações na vida tradicional do habitante da Cidade do Rio de Janeiro. Tal acontecimento pode ser observado na seguinte citação: “O prefeito (...) estava abrindo novas avenidas, alargando ruas, jardinando praças, mudando com isso, usos e hábitos arraigados havia trezentos anos” (FERREZ, 1983, p. 31).
Referências/Fontes
BANDEIRA, Manuel e ANDRADE, Carlos Drummond de. O Rio de Janeiro em prosa e verso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1965. BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos: um Haussmann tropical; a renovação urbana da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, 1990. CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da belle époque. Campinas: UNICAMP, 2001. COSTA, Maria Odila. O Processo de Independência do Rio de Janeiro. In: MOTTA, Carlos Guilherme (org.) 1822: dimensões. São Paulo: DiFEL, 1972.
Agradecimento:
 A elaboração deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração, estímulo empenho de diversas pessoas. Gostaria, por este facto, de expressar toda a minha gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esta tarefa se tornasse uma realidade. A todos quero manifestar os meus sinceros agradecimentos.
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