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W.B Bianca R. Última atualização app: 26/10/2020 Menopausa e Climatério Definição: A menopausa é definida após um ano da cessação da menstruação e ocorre, em média, aos 51 anos. A transição menopáusica precede a menopausa. Nesse momento, a mulher inicia a falência ovariana, que ocorre de maneira gradativa, causando diversos sinais e sintomas. Fisiopatologia Na transição menopáusica, inicialmente, há um discreto aumento do hormônio folículo-estimulante (FSH) em virtude da diminuição de inibina que não promove o feedback negativo antes exercido por ela. O FSH atuará em nível ovariano para promover resposta folicular com aumento de estrogênio, e a mulher passa a apresentar ciclos anovulatórios. Ao final da transição menopáusica, há diminuição da foliculogênese, tornando os ciclos anovulatórios cada vez mais frequentes, o FSH mais alto e a inibina mais baixa. Os folículos ovarianos sofrem uma taxa acelerada de perda até a exaustão ovariana, onde cursarão com a última menstruação e, após um ano dessa, com a menopausa. Apresentação Clínica A interrupção da produção ovariana de progesterona parece não ter consequências clínicas, com exceção do aumento do risco de proliferação, hiperplasia e câncer de endométrio associado à produção endógena contínua de estrogênio ou à administração de estrogenoterapia sem oposição a mulheres na menopausa. Os principais problemas de saúde na menopausa estão relacionados com a deficiência de estrogênio. São eles: sintomas vasomotores, atrofia urogenital, osteoporose e doença cardiovascular. Sintomas Vasomotores (Fogachos) Atrofia Urogenital A atrofia urogenital cursa com ressecamento e prurido vaginal, dispareunia, disúria e urgência urinária. Doença Cardiovascular À medida que as mulheres entram na pós-menopausa, o risco de doença cardiovascular aumenta exponencialmente, uma vez que o estrogênio tem efeito protetor sobre o HDL. Outro fator que influencia esse aumento do risco é o fato de haver um aumento de fibrinogênio na pós-menopausa, inibidor 1 do ativador do plasminogênio e do fator VII, promovendo relativa hipercoagulabilidade e consequente aumento do risco de doença cardiovascular. Fatores de risco: ● História familiar; ● Idade; ● Sedentarismo; ● Obesidade; ● Tabagismo. ● Conteúdos relacionados: ● Dislipidemia; ● Exames de rastreamento para assintomáticos. Abordagem Terapêutica Atrofia Urogenital A terapia hormonal melhora consideravelmente a atrofia em situações em que não estejam associado os sintomas vasomotores. A aplicação vaginal de baixas doses de estrogênio é preferível, uma vez que possui mínima absorção sistêmica. Terapia farmacológica: Escolha uma das opções: ● Estrogênio creme 0,5 g via vaginal 1-2x/semana; ● Estradiol (10 microgramas) 1 comprimido via vaginal 2x/semana; ● Promestrieno creme vaginal (10 mg/g) à noite. Doença Cardiovascular O aumento dos lipídeos aterogênicos após a menopausa pode ser diminuído com mudanças nos hábitos de vida, como dieta, exercícios físicos, drogas redutoras de lipídios e tratamento à base de estrogênio (em mulheres sem contraindicação). Osteoporose Tratamento hormonal: Escolha uma das opções abaixo: ● Vitamina D + estrogênio em baixa dose, estrogênio conjugado oral 0,3 mg/dia; ● Estradiol transdérmico 0,014 mg/dia. Tratamento antirreabsortivo: Bifosfonatos: São drogas que se ligam à hidroxiapatita de cálcio na superfície do osso, sendo absorvidos pelos osteoclastos, bloqueando a função e a sobrevida destes. Porém, não inibem a formação de novos osteoclastos, com isso diminuem apenas a reabsorção óssea; Devem ser tomados em jejum com um copo de água, não devendo ser ingerido nada durante os 30 minutos subsequentes. Dentre os Bifosfonatos, temos: ● Alendronato (10 mg/dia ou 70 mg/semana); ● Ibandronato (2,5 mg/dia ou 150 mg/mês); ● Risedronato (5 mg/dia ou 35 mg/semana ou 150 mg/mês); Denosumabe: Anticorpo monoclonal contra o ligante RANK sobre as células precursoras de osteoclastos. Promove diminuição da reabsorção óssea e aumenta a DMO através da inibição do desenvolvimento e atividade dos osteoclastos; Calcitonina: É um hormônio polipeptídeo que diminui a taxa de reabsorção óssea, inibindo a atividade reabsortiva dos osteoclastos. Tratamento: 200 unidades/dia via intranasal; ou 100 unidades/dia SC ou IM; Hormônio PTH: Conhecido como teriparatida, ele aumenta o número e a atividade dos osteoblastos pelo recrutamento de novas células e diminuição da apoptose de osteoblastos diferenciados. Tratamento: 20 microgramas/dia SC. Moduladores seletivos do receptor de estrogênio: São compostos não hormonais que se ligam ao receptor de estrogênio, porém induzem respostas estrogênicas diferentes nos diversos tecidos; - Raloxifeno: Ativa os receptores de estrogênio nos ossos, mas, aparentemente, não ativa os das mamas e do útero. Adequado para mulheres na pós-menopausa, indicado principalmente para prevenção e tratamento de osteoporose vertebral. Tratamento: 60 mg/dia Abordagem na Atenção Primária O objetivo da abordagem é a melhora da qualidade de vida e a diminuição do risco cardiovascular e de fraturas. Fatores de risco para fraturas: Idade avançada (> 65 anos), história de fraturas, baixo peso, fumo e uso de corticoides. É necessária a individualização do tratamento, levando em consideração o contexto da fase de seu ciclo de vida. ● Alimentação: rica em fibras e cálcio, pobre em gorduras; ● Estimular atividade física; ● Exposição ao sol em horário adequado, avaliar suplementação de vitamina D; ● Cessação do tabagismo; ● Uso de roupas leves e simples de serem retiradas, em caso de ondas de calor; ● Atenção aos níveis de colesterol; ● Abordar aspectos típicos do momento de vida e suas implicações nos sintomas e na saúde: aposentadoria, saída dos filhos de casa, morte na família, etc.; ● Abordar saúde sexual: diminuição de libido, atrofia urogenital causando dispareunia; ● Rotina de rastreio de câncer de mama e de colo de útero; ● Encaminhar para avaliação de endométrio em casos de mulheres na pós-menopausa com ultrassonografia (USG) apontando espessura endometrial > 5 mm e sangramento uterino na ausência de hormonoterapia. Guia de Prescrição Prescrição Ambulatorial Fogachos Orientações ao Prescritor Recomendações: ● Sempre avaliar os fatores de risco; ● Orientar dieta rica em fibras e cálcio, e pobre em gorduras, bem como exercício físico; ● Orientar interrupção do tabagismo; ● A via parenteral é preferida em: tabagista, diabética, hipertensa, varizes, enxaqueca, síndrome metabólica, intolerância gástrica e triglicerídeos aumentado; ● Pacientes com útero devem ter como terapia farmacológica estrogênio em associação a progesterona; já as pacientes histerectomizadas é suficiente o uso de estrogênio – todavia, se a mesma possuir história prévia de endometriose a oposição com progesterona é mandatória; ● Contraindicação ao uso de estrogênio: suspeita/confirmação de CA de mama, suspeita/confirmação de neoplasia, estrogênio dependente, sangramento uterino a esclarecer, suspeita/confirmação de gravidez, história prévia de tromboembolismo venoso e doença hepática ativa. Tratamento Farmacológico Esquema A: Estradiol (25-50-100 microgramas/adesivo) 1 adesivo transdérmico a cada 3-5 dias. Esquema B: Associação: I. Acetato de ciproterona (1 mg/comprimido) 1 comprimido. + II. Estrogênios conjugados (0,625 mg/comprimido) 1 comprimido VO 1x/dia. Esquema C: Associação: I. Estradiol tópico (0,5-1,5 mg/puff) 1-3 puffs transdérmicos (ex.: aplicar na face interna da coxa) de 24/24 horas. + II. Progesterona micronizada (100-200 mg/comprimido) 1 comprimido VO ou via vaginal 1x/dia. Atrofia Urogenital Orientações ao Prescritor Recomendações: ● Sempre avaliar os fatores de risco; ● Orientar dieta rica em fibras e cálcio, e pobre em gorduras, bem como exercício físico; ● Orientar interrupção do tabagismo; ● A via parenteral é preferida em: tabagista, diabética, hipertensa, varizes, enxaqueca, síndrome metabólica, intolerância gástrica e triglicerídeos aumentado; ● Pacientes com útero devem ter comoterapia farmacológica estrogênio em associação a progesterona; já as pacientes histerectomizadas é suficiente o uso de estrogênio – todavia, se a mesma possuir história prévia de endometriose a oposição com progesterona é mandatória; ● Contraindicação ao uso de estrogênio: suspeita/confirmação de CA de mama, suspeita/confirmação de neoplasia estrogênio dependente, sangramento uterino a esclarecer, suspeita/confirmação de gravidez, história prévia de tromboembolismo venoso e doença hepática ativa. Tratamento Farmacológico - Estradiol (10 microgramas/comprimido) 1 comprimido via vaginal 2x/semana; - Promestrieno creme vaginal 10 mg - conteúdo de 1 aplicador - à noite, por 30 noites. Reavaliar mensalmente. Osteoporose Tratamento Farmacológico 1. Vitamina D (600 unidades/dia) 1 comprimido VO de 24/24 horas. 2. Estrogênio em baixa dose: Escolha uma das opções: Estrogênios conjugados (0,3 mg/comprimido) 1 comprimido VO 1x/dia; Estradiol transdérmico (0,014 mg/puff) 1-3 puffs transdérmicos 1x/dia.
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