Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Métodos de Custeio e Critérios de Avaliação dos Estoques Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPEP) Emilio Antonio Francischetti Pró-Reitoria de Administração Acadêmica (PROAC) Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Dayse de Lima Passos Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) Virginia Genelhu de Abreu Francischetti Pró-Reitoria de Pós-Graduação Lato Sensu e Extensão (PROPEX) Nara Pires 1ª Edição Sumário Métodos de Custeio e Critérios de Avaliação dos Estoques Para início de conversa… .................................................................. 04 Objetivo ........................................................................................... 05 1. Painel Básico da Contabilidade de Custos ................................ 06 1.1 Métodos de Valoração de Estoques ........................................ 07 2. Métodos de Custeamento ..................................................... 13 2.1 Formas de Custeio ............................................................... 32 Referências ....................................................................................... 34 4 Custos Empresariais Para início de conversa… A contabilidade de custos tem muitas especificidades peculiares deste ramo da contabilidade que variam desde os métodos de controle de estoques, até aos sistemas de custeamento, as formas de controles gerenciais etc. Nesta unidade de aprendizagem, veremos os métodos de valoração de estoque: custo específico, Primeiro que Entra, Primeiro que Sai (PEPS), Último que Entra, Primeiro que Sai (UEPS) e custo médio. Assim, veremos os métodos que são aceitos no Brasil e os que não são e como eles se comportam. Na sequência, estudaremos os sistemas de custeamento: custeio variável, custeio por absorção, custeio ABC e custeio RKW. Igualmente você compreenderá quais são aceitos em nosso país e quais não são aceitos, mas que são grandes ferramentas gerenciais e, por consequência, importantes para os gestores nas tomadas de decisões. Por fim, você terá uma breve introdução sobre o custo padrão, também conhecido como custo orçado, e o custo real, também conhecido como custo histórico. 5Custos Empresariais Objetivo Compreender os métodos de custeio e critérios de avaliação de estoques. 6 Custos Empresariais 1. Painel Básico da Contabilidade de Custos A fabricação dos produtos é um processo de transformação da matéria-prima e outros materiais em produtos finais ou acabados, assim sendo, temos a matéria-prima no início desse processo. A contabilidade irá registrar a compra da matéria-prima que permanecerá no estoque até o início da fabricação propriamente dita, quando esta será transferida para o estoque de matéria-prima em elaboração. Após a finalização da produção, este produto se tornará estoque de produtos acabados, estando pronto para a etapa de vendas, como pode ser visto na Figura 1. Após a venda, o estoque de produtos acabados se torna Custo dos Produtos Vendidos (CPV), sendo evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Figura 1: Fluxo de estoques industriais. Fonte: Adaptado de Padoveze (2010). Nesse processo, também temos a utilização de mão de obra, de gastos gerais de fabricação etc. ALMOXARIFADOS Envia materiais para fábrica Expede os produtos acabados (vendas) (Em processo) Incorpora aos materiais; Mão de obra, gastos e depreciação Estoca materiais não requisitados Estoca produção inacabada Estoca produtos acabados não vendidos Requisição de materiais Produção acabada Custo dos Produtos Vendidos PRODUTOS ACABADOS FÁBRICA PRODUÇÃO EM ELABORAÇÃO 7Custos Empresariais As empresas possuem vários formulários/procedimentos específicos para o controle de materiais, desde sua compra até o final do processo. Para a compra de materiais, temos o pedido de compras, depois as cotações feitas junto aos fornecedores, a autorização de compra pela cotação mais vantajosa para a empresa, a nota fiscal eletrônica de venda dos materiais pelo fornecedor, a verificação dos itens pelo setor de almoxarifado, o registro efetivo dos materiais no estoque de matéria-prima da empresa por meio da ficha de controle de estoques, a requisição de materiais pelo setor de fabricação (Figura 1), o envio e registro do estoque de produtos acabados (há, também, o formulário de conformidade do produto de acordo com o setor de qualidade) e, por fim, a baixa do estoque de produtos acabados, mediante a emissão de nota fiscal eletrônica de venda e o reconhecimento do Custo do Produto Vendido (CPV). 1.1 Métodos de Valoração de Estoques Quando a empresa recebe os materiais, estes devem ser registrados em fichas de controle de estoque que podem ser movimentadas pelos seguintes métodos: ▪ Custo Específico. ▪ Primeiro que Entra, Primeiro que Sai (PEPS) ou também conhecido como First In, First Out (FIFO). ▪ Último que Entra, Primeiro que Sai (UEPS), conhecido como Last in, First Out (LIFO). ▪ Custo médio ou média ponderada. Os métodos de avaliação de estoques objetivam exclusivamente separar o custo dos produtos entre o que foi vendido e o que permaneceu em estoque. Representa uma parcela extremamente importante no processo de controle de custos. Por fim, o que se denomina método de avaliação de estoque engloba, exclusivamente, procedimentos necessários ao registro da movimentação dos estoques. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.54) 8 Custos Empresariais O custo ou preço específico é utilizado quando o valor unitário real de aquisição pode ser especificado e dado baixa no correto momento. Exemplo: Quando uma concessionária de veículos compra vários veículos da montadora ela registra cada veículo adquirido pelo custo específico, pois um pode possuir características básicas, outro pode ter acessórios diversos. Quando um dado veículo entra na concessionária ele é registrado na ficha de estoque pelo seu custo específico e quando ele é vendido, este item é baixado e podemos evidenciar o Custo do Produto Vendido pelo seu próprio custo específico. Em se tratando de matéria-prima, este procedimento exige mais controle, geralmente é utilizado quando a empresa trabalha com projetos personalizados (um para cada cliente de acordo com suas especificidades). Este tipo de método de avaliação de estoque é utilizado quando é possível fazer a determinação do preço específico de cada unidade do estoque e pode-se dar baixa, em cada venda, por esse valor. Dessa forma, no estoque final, seu valor será a soma de todos os custos específicos de cada unidade existente. Geralmente, esse método é usado em empresas que fabricam veículos, tratores, máquinas de grande porte etc. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.54) Esse método pelo excesso de controle deve ser utilizado em empresas que movimentam materiais com aplicações específicas e de grande valor, de preferência que movimentam pequenas quantidades em estoque, geralmente por encomenda. A indústria naval, por exemplo, utiliza esse método para controlar seus materiais. Esse método é altamente recomendável pelos princípios contábeis e aceito pela legislação fiscal brasileira. Quando se trata de PEPS os estoques têm sua movimentação registrada de acordo com o registro de entrada dos materiais, que serão os primeiros a saírem para o devido processo seguinte. O critério PEPS pressupõe que os itens de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que permaneceremem estoque no fim do período sejam os comprados ou produzidos mais recentemente, conforme o CPC 16 – Estoques. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.52) 9Custos Empresariais Assim, podemos ver na Tabela 1 como se comporta as compras e vendas de materiais controlados pelo método PEPS. DATA COMPRA VENDA SALDO QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL 03/06/2019 100 25,00 2.500,00 100 25,00 2.500,00 03/06/2019 50 25,10 1.255,00 50 25,10 1.255,00 04/06/2019 30 25,00 750,00 70 25,00 1.750,00 50 25,10 1.255,00 05/06/2019 50 25,00 1.250,00 20 25,00 500,00 50 25,10 1.255,00 Tabela 1: Compras e vendas de materiais controlados pelo método PEPS. Fonte: Elaborado pela autora. Na Tabela 1, verificamos que a primeira mercadoria comprada e registrada na ficha de estoque é a que está sendo dada baixa pelas devidas vendas. O método PEPS é admitido pela legislação fiscal segundo o Parecer Normativo CST nº 6, de 26 de janeiro de 1979. Já no UEPS o último material comprado é o primeiro material vendido ou a ir para a produção/transformação. [...] o custo do estoque é determinado como se as unidades mais recentes adicionadas ao estoque (últimas a entrar) fossem as primeiras a sair. Supõe-se, portanto, que o estoque final consiste nas unidades mais antigas e é avaliado ao custo dessas unidades. Segue- se que, de acordo com o método, o custo dos itens vendidos/saídos tende a refletir o custo dos itens mais recentemente comprados (ou produzidos) e, assim, os preços mais recentes. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.57) Na Tabela 2, podemos verificar o mesmo exemplo da Tabela 1, mas com o controle pelo método UEPS. 10 Custos Empresariais DATA COMPRA VENDA SALDO QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL 03/06/2019 100 25,00 2.500,00 100 25,00 2.500,00 03/06/2019 50 25,10 1.255,00 50 25,10 1.255,00 04/06/2019 30 25,10 753,00 100 25,00 2.500,00 20 25,10 502,00 05/06/2019 20 25,10 502,00 30 25,00 750,00 50 25,00 1.750,00 Tabela 2: Exemplo de método de valoração pelo UEPS. Fonte: Elaborado pela autora. O método UEPS não é aceito pelo Fisco, visto que, ao optar por esse método, a empresa pagaria menos imposto em relação a outros métodos que poderia adotar. Portanto, o método não é admissível nem pela ótica fiscal nem pelas normas de contabilidade. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.58) Isso pode ser visto em comparação com as duas tabelas (1 e 2) quando observamos que na primeira tabela, o custo do material vendido foi de R$ 750,00 e, na segunda, foi de R$ 753,00 relativos à primeira venda realizada pela empresa. Dessa forma, o lucro da empresa irá diminuir e, consequentemente, a base de cálculo dos tributos também (em se tratando do regime tributário Lucro Real, cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL), recolhendo menos para o Fisco. O custo médio indica que o material será valorado por um valor médio do saldo existente em estoque. É o método mais usado no Brasil e consiste em avaliar o estoque pelo custo médio de aquisição apurado em cada entrada de material, ponderado pelas quantidades adicionadas e pelas anteriormente existentes. 11Custos Empresariais Segundo a Resolução CFC no 1.170, pelo critério do custo médio ponderado, o custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um período e do custo dos mesmos itens comprados ou produzidos durante o período. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.59) O valor do material segundo o custo médio ou custo médio ponderado é determinado pela divisão do valor do saldo pela quantidade após cada entrada de material, como pode ser visto na Tabela 3. DATA COMPRA VENDA SALDO QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL 03/06/2019 100 25,00 2.500,00 100 25,00 2.500,00 03/06/2019 50 25,10 1.255,00 150 25,03 3.755,00 04/06/2019 30 25,03 750,90 120 25,03 3.004,10 05/06/2019 20 25,03 1.251,50 70 25,04 1.752,60 Tabela 3: Exemplo de método de valoração pelo Custo Médio. Fonte: Elaborado pela autora. Na tabela acima, podemos verificar o custo do material vendido na primeira venda, que, agora, ficou em R$ 750,90, valor este que ficou entre o resultado do PEPS (R$ 750,00) e do UEPS (R$ 753,00). No Brasil, o custo médio ponderado é muito utilizado pelas empresas. Lembrando que os critérios aceitos pela legislação brasileira (Fisco) são o custo específico, PEPS e custo médio. Vale ressaltar também o impacto dos tributos na valoração dos estoques. Em se tratando de ICMS sabemos que este imposto é “não cumulativo”, havendo crédito de imposto na entrada de materiais (materiais diretos de fabricação e mercadorias para revenda) e haverá débito do imposto na saída (venda) das mercadorias ou produtos industrializados. No momento do devido recolhimento, há o encontro de contas e o ICMS creditado na entrada deverá ser abatido do ICMS debitado na saída, sendo recolhido para o Fisco somente a diferença. 12 Custos Empresariais Atenção! Quando a empresa é enquadrada como Microempresa (ME) não haverá o crédito de ICMS na entrada das mercadorias. Outra informação importante: não haverá igualmente crédito de ICMS nas entradas, se na saída a venda não for tributada. Exemplo: Venda de produtos ou mercadorias para a Zona Franca de Manaus, onde as vendas possuem isenção de impostos, na entrada (compra) desses materiais não haverá o crédito de ICMS. Uma exceção de venda não tributada é a venda para fins de exportação. A venda para fora do país não é tributada, mas, mesmo assim, na entrada dos materiais adquiridos, haverá o crédito de ICMS, mesmo ocorrendo de a venda não ser tributada. Essa informação deve ser considerada para haver o correto controle de estoques dos materiais, pois o valor a ser considerado no estoque será menor, abatendo o ICMS que será recuperado. Podemos compreender melhor com o seguinte exemplo: uma indústria adquire 500 quilos de matéria-prima por R$ 1.000,00, com incidência de ICMS de 7% (Sabendo que a venda do produto que será industrializado e vendido pela indústria terá incidência de ICMS na venda (saída)). Quando a empresa compra a matéria-prima por R$ 1.000,00, o valor do ICMS já está embutido no preço e já foi recolhido para o Fisco pela empresa fornecedora da matéria-prima. Com isso, a indústria poderá se creditar do ICMS, fazendo a seguinte contabilização: D - Estoque de matéria-prima R$ 930,00 D - ICMS a recuperar R$ 70,00 C - Fornecedores R$ 1.000,00 Importante 13Custos Empresariais DATA COMPRA VENDA SALDO QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL QTDE. CUSTO UNIT. CUSTO TOTAL xx/xx/xxx 500 1,860 930,00 500 1,86 930,00 Tabela 4: Exemplo de valoração do estoque de matéria-prima com o crédito de ICMS. Fonte: Elaborada pela autora. Assim, podemos observar, conforme Tabela 4, que o valor que será evidenciado no estoque de matéria-prima será de R$ 930,00 e não de R$ 1.000,00. O crédito pode ocorrer também em se tratando de Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) no regime não cumulativo, havendo a influência desses tributos na valoração dos estoques. A indústria/empresa deve estar sempre atualizada com as regras fiscais específicas para o setor em que ela se encontra e os produtos/mercadorias que ela fabrica/comercializa, pois existem isenções de tributos de acordo com o tipo de material que está sendo industrializado ou comercializado. 2. Métodos de Custeamento Em se tratando de custos empresariais, existem métodos específicos para custeamento dos produtos. Quando falamos em custeamento estamos querendo revelar quanto foi utilizado para determinar os custos de transformação de um determinado produto, qual foi o acúmulo de valores envolvidos no processo de produção. Método decusteio é o método usado para a apropriação de custos. Existem dois métodos de custeio básicos: custeio por absorção e custeio variável ou direto, que podem ser usados com qualquer 14 Custos Empresariais sistema de acumulação de custos. A diferença básica entre os dois métodos está no tratamento dos custos fixos. (grifo dos autores). (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.151) O Custeio Variável, também conhecido como Custeio Direto, considera como Custo de Fabricação somente os Custos e Despesas Diretas ou Variáveis. Os Custos Indiretos ou Fixos são considerados juntamente com as despesas “operacionais” normais da indústria, como pode ser visto na Figura 2. Figura 2: Esquematização do Custeio Direto. Fonte: Souza e Clemente (2011). O método de custeio variável, também conhecido como custeio direto, é um tipo de custeamento que considera como custo de produção de um período apenas os custos variáveis incorridos, desprezando os custos fixos, os quais são tratados como despesas do período. Entenda que o termo custos engloba também as despesas variáveis. Nesse método, o custo unitário de produção do período será o total de custo variável dividido pela quantidade produzida, e o custo fixo será apropriado direto ao resultado do exercício, não passando pelo estoque. Fundamenta-se na separação dos gastos em gastos variáveis e gastos fixos, isto é, em gastos que oscilam proporcionalmente ao volume da produção/venda e gastos que se mantêm estáveis perante volumes de produção/venda oscilantes Custos e despesas variáveis Produtos Custos Fixos Despesas do período 15Custos Empresariais dentro de certos limites. No critério de custeio variável só são apropriados aos produtos os custos variáveis, ficando os custos fixos separados e considerados como despesas do período. (CREPALDI; CREPALDI, 2018, p.158) O Custeio Direto classifica primeiramente os custos como fixos ou variáveis. São considerados custos fixos todos os custos que acontecem periodicamente e não são afetados (ou são pouco afetados) pela quantidade produzida. Já os custos variáveis são considerados todos os que variam proporcionalmente ao volume produzido. “Os custos diretos ou variáveis são gastos que não ocorrerão se não houver produção; os custos indiretos (fixos) são gastos que incorrerão ainda que a empresa industrial não fabrique sequer uma unidade no período”. (RIBEIRO, 2015, p.461) Historicamente, o material direto e a mão de obra direta têm sido considerados como custos variáveis, mesmo que em alguns momentos os Recursos Humanos (RH) das empresas considerem a mão de obra dos colaboradores como custo fixo. Nesse método de custeamento, os custos fixos que estão diretamente relacionados à estrutura da indústria não são considerados no custo do produto, sendo evidenciados separadamente na DRE. Dessa forma, não há necessidade de utilizar o rateio para alocar os custos fixos aos produtos. O custeio direto é baseado na margem de contribuição dos produtos para suportar o ônus dos custos fixos. A margem de contribuição mostra como cada um desses produtos contribui, para, primeiramente, amortizar os custos e despesas fixos e, depois, formar propriamente o lucro. O conceito de margem de contribuição é associado à identificação do custo imediatamente “emergente” quando se inicia à atividade de venda. É, pois, o custo que varia de acordo com o volume vendido, ou seja, o que surge em função da ocorrência da atividade e que se chama “variável”, possibilitando o cálculo da margem. (DUTRA, 2010, p.244-245) Esse método de custeamento tem cunho gerencial, permitindo a apuração da lucratividade real de cada produto. Mantendo o custo fixo separado, é possível ter maior controle desse tipo de custo. 16 Custos Empresariais Do ponto de vista decisorial, o Custeio Variável tem condições de propiciar muito mais rapidamente informações importantíssimas à empresa, mas os Princípios Contábeis vigentes atualmente não aceitam a elaboração de Demonstrações de Resultado e de Balanços elaborados com base no Custeio Variável. Essa não aceitação do Custeio Variável não impede que a empresa o utilize para controle interno (gerencial). Este método não é permitido pela legislação fiscal. Vamos ver um exemplo? Considere uma empresa que trabalha produzindo um único produto e, no último período, produziu 10.000 unidades com os seguintes custos e despesas, conforme a Tabela 5: CUSTOS/DESPESAS VALOR (R$) Matéria-prima consumida no período (variável) 20.000,00 Mão de obra direta variável 10.000,00 Custos indiretos de fabricação variáveis 6.000,00 Despesas de vendas variáveis 8.000,00 Despesas de vendas fixas 5.000,00 Despesas administrativas fixas 19.000,00 Tabela 5: Custos e Despesas: Exemplo de custeio direto. Fonte: Elaborado pela autora. Utilizando os dados do quadro obteremos um gasto variável total (custos e despesas variáveis) de R$ 44.000,00. Com isso, temos um gasto variável por unidade produzida de R$ 4,40 (R$ 44.000,00 / 10.000 unidades). Podemos, assim, montar a DRE conforme você pode verificar abaixo, considerando que este produto esteja sendo vendido por R$ 7,00 e que toda a produção foi efetivamente vendida, não possuindo nenhum estoque anterior desse produto: Importante 17Custos Empresariais Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) pelo Custeio Variável (+) Receita de Vendas 70.000,00 (10.000 x R$ 7,00) (-) Gastos variáveis 44.000,00 (10.000 x R$ 4,40) (=) Margem de contribuição 26.000,00 (-) Despesas fixas 24.000,00 (=) Lucro líquido 2.000,00 A principal finalidade do custeio variável é a determinação da contribuição marginal total ou unitária de cada objeto de custeio. No custeio variável, a diferença entre o valor de vendas líquidas e a soma do custo dos produtos vendidos (que só contém Custos Variáveis) com as despesas variáveis (administrativas e de vendas) é denominada de margem de contribuição. Deduzindo-se desta, os custos fixos e as despesas fixas, obtém-se o lucro líquido. O custeio representa um elemento essencial das atividades de contabilidade gerencial de uma empresa. O custo trata de estabelecer as despesas usadas por um produto, um grupo de produtos, uma atividade específica ou um conjunto de atividades das empresas. O custeio por absorção ou custeio pleno consiste na apropriação de todos os custos (sejam eles fixos ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos. O próprio nome do critério é revelador dessa particularidade, ou seja, o procedimento é fazer com que cada produto ou produção (ou serviço) absorva parcela dos custos diretos e indiretos relacionados à fabricação. É o método derivado da aplicação dos princípios de contabilidade e é, no Brasil, adotado pela legislação comercial e pela legislação fiscal. Não é um princípio contábil em si, mas uma metodologia decorrente da aplicação desses princípios. Dessa forma, o método é válido para a apresentação de demonstrações financeiras e para o pagamento do Imposto de Renda. grifo nosso (CREPALDI; CREPALDI, 2019, p.107) Importante 18 Custos Empresariais O método de Custeio por Absorção, do ponto de vista técnico-contábil, é o mais utilizado por seguir os princípios contábeis brasileiros e atender à legislação fiscal em vigor no país (DUTRA, 2010). A peculiaridade principal no custeio por absorção é segregar os custos das despesas. A separação é essencial porque as despesas são reconhecidas imediatamente contra o resultado do período na DRE, por outro lado, somente os custos relacionados aos produtos vendidos serão evidenciados na DRE. No Custeio por Absorção, todos os custos são apropriados aos produtos fabricados (elaborados). Dessa forma, serão utilizados tanto os custos diretos como os custos indiretos para compor o custo final do produto, conforme pode ser visto na Figura 3. Figura 3: Quadro esquemático do custeio por absorção. Fonte: Adaptado de Dutra (2017). Importante Custos de produção Despesas Lucro Variáveis- matéria-prima - mão de obra direta - energia elétrica (força) - combustíveis das máquinas Produção em elaboração Estoque da produção acabada ( - ) CPV ( = ) Resultado bruto Variáveis - de vendas Fixas - administrativas - de vendas Fixos - mão de obra indireta - depreciação -energia elétrica (iluminação da fábrica) - supervisão Resultado das vendas ( - ) Despesas de vendas ( - ) Despesas administrativas e de vendas Estoque da produção acabada ( = ) Resultado líquido 19Custos Empresariais A finalidade desse método é ter o custo total (direto e indireto) de cada objeto de custeio como forma de determinar a rentabilidade de cada atividade, avaliar os elementos que compõem o patrimônio e a compor uma informação significativa no auxílio à decisão de estabelecer os preços de vendas dos produtos e serviços. Para isso, precisamos seguir o passo a passo abaixo: I. Separar custos e despesas. II. Alocar (apropriar) os custos diretos e indiretos aos produtos. III. Levantar o custo dos produtos acabados. IV. Levantar o custo dos produtos vendidos. V. Levantar o resultado do período. Podemos observar o seguinte exemplo a seguir: uma empresa industrial produz um único produto em determinado período de acordo com os dados de produção e venda, de acordo com o Tabela 6. Matéria-prima direta R$ 130,00 p/unid. Despesas de vendas variáveis no período R$ 250.000,00 Mão de obra direta R$ 100,00 p/unid. Despesas de vendas fixas R$ 200.000,00 Custos indiretos variáveis R$ 45,00 p/unid. Despesas administrativas fixas R$ 340.000,00 Custos fixos R$ 950.000,00 Quantidade produzida 20.000 unidades Quantidade vendida 15.000 unidades Preço de Venda R$ 600,00 p/unid. Tabela 6: Dados para o exemplo de custeio de absorção. Fonte: Elaborado pela autora. Utilizando os dados, verificamos que o custo unitário do produto soma R$ 322,50 [130,00 + 100,00 + 45,00 + (950.000 / 20.000)], pois consideramos todos os custos variáveis e fixos. Assim, conseguimos determinar o Custo 20 Custos Empresariais Total da Produção Acabada (CTPA), que é de R$ 6.450.000,00 (R$ 322,50 x 20.000 unidades). Montando a DRE desse período, temos a seguinte estrutura: Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) pelo Custeio por Absorção (+) Receita de Vendas R$ 9.000.000,00 (15.000 unid. x R$ 600,00) (-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) R$ 4.837.500,00 (15.000 unid. x R$ 322,50) (=) Resultado Bruto ou Lucro Bruto R$ 4.162.500,00 (-) Despesas Comerciais R$ 450.000,00 (R$ 250.000 + R$ 200.000,00) (-) Despesas Administrativas R$ 340.000,00 (=) Resultado Líquido ou Lucro Líquido R$ 3.372.500,00 Dessa forma, ainda obtemos o estoque final dos produtos acabados do período no valor de R$ 1.612.500,00 (5.000 unid. x R$ 322,50) ou por meio da fórmula a seguir: EF = EI + CTPA - CPV Assim sendo: EF = 0 + 6.450.000 - 4.837.500 EF = 1.612.500 Agora, veremos o Custeio por Atividade - ABC ou Custeio baseado em Atividades ou, ainda, Custeio ABC (Activity Based Costing), que administra os custos indiretos de fabricação em um primeiro momento. É uma forma mais sofisticada de apropriar os custos indiretos. Sua metodologia é muito semelhante ao critério RKW, de estilo alemão, e ao método de seções homogêneas, de estilo francês. RKW (Rationalisierungskuratorium der Deutschen Wirtschaft): trata-se de um método alemão de apropriação de despesas, através de Mapa de Distribuição ordenada entre departamentos, tendo como resultado os custos finais de cada setor de transformação e montagem, após a absorção dos valores das demais seções indiretas da produção. Glossário 21Custos Empresariais Há algum tempo, os profissionais de custos estavam à procura de um sistema que lhes permitisse, entre outras coisas, um melhor acompanhamento dos gastos empresariais, bem como a superação de distorções oriundas dos métodos tradicionais de custeio. Alcançando progressiva aceitação entre as empresas que já se conscientizaram da necessidade de imediata resposta aos novos desafios da chamada “competição global”, o sistema de custeio baseado em atividades tem se caracterizado – à medida que cresce a sua aplicação – como um procedimento administrativo de inestimável valia. Atendendo a essas exigências da administração moderna, o sistema de custeio ABC já desacreditou, ao que tudo indica, o título de “modismo” com que o círculo mais conservador costuma acolher, inicialmente, todas as novidades e agora se impõe como técnica indispensável a empresas que produzem uma variedade significativa de bens e/ou serviços, destinados a uma clientela igualmente diversificada. Este método ABC surgiu nos Estados Unidos, nos anos 1980. Foi desenvolvido pela Universidade de Harvard por necessidade das Empresas que não conseguiam avaliar corretamente o impacto de seus custos fixos, com a finalidade de desenvolver um método que permitisse avaliar a agregação de valor das diferentes atividades que consomem, desproporcionalmente, recursos ao longo do processo e do mix de produtos/serviços. Foi criada basicamente pelos Profs. Cooper e Kaplan, portanto ABC é a sigla para o termo em inglês Activity Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades. Nesse método, ABC as atividades são o foco do processo de custeio. Os custos são investigados, relacionando as atividades aos produtos, com base na demanda por tais atividades pelo produto durante o processo de produção ou o serviço em questão. Portanto, as bases de alocação usadas no custeio baseado na atividade são medições das atividades executadas, que podem incluir horas do tempo de ajuste de máquina ou número de vezes em que isso foi feito, ou demais maneiras de distribuição em função da atividade que está sendo analisada, seja industrial, serviço ou overhead (custos indiretos). 22 Custos Empresariais Uma das importantes razões da crescente utilização e necessidade de uso desta tecnologia é o aumento dos gastos de overhead das empresas que, nos últimos anos, tem se tornado muito significativo. O ABC tem por objetivo fundamental revisar o método e a filosofia de se apropriarem dos custos indiretos, buscando, através dos conceitos de rastreamento das atividades aos produtos, uma forma mais justa e objetiva de determinar os custos dos produtos e serviços. Um dos destaques do ABC é o fato de incorporar avaliações e gastos que ultrapassam a área de produção. Nesse sentido, os gestores perceberam que atividades não produtivas necessitam de acompanhamento e avaliação tanto quanto aquelas efetivamente produtivas. (SILVA; LINS, 2017, p.65) O método ABC demonstra a relação entre recursos consumidos (o que foi gasto: água, luz, salários, etc.), atividades executadas (onde foi gasto: produção, informática, vendas, etc.) e objetos de custo (para que foi gasto: produto A, Produto B, Atividade X etc.). As atividades executadas são definidas como um conjunto de tarefas coordenadas e necessárias para a execução de um processo, consumindo recursos da empresa conforme podemos ver na Figura 4. Figura 4: As premissas do sistema de custeio ABC. Fonte: Adaptado de Ferreira (2007). Recursos Objetos de custo Atividades Indutores de custo As diversas atividades consomem recursos e os produtos, por sua vez, consomem atividades 23Custos Empresariais O processo é definido como um grupo de atividades que se relacionam e que são necessárias para gerar um produto ou serviço. São exemplos: processo de compras, processo de cobrança, processo de administração de recursos humanos, processo de administração da fábrica, processo de preparação de máquinas (setup) etc. Nesse sentido, são exemplos de atividades: ▪ movimentar materiais e produtos; ▪ comprar matéria-prima; ▪ faturar clientes; ▪ projetar produtos; ▪ inspecionar produtos etc. Enquanto no método tradicional a alocação é feita por meio de critérios de rateios limitados (geralmente, quantidade produzida/vendida); no ABC, há uma multiplicidade de critérios (denominados de geradores de custo ou cost drivers)cada qual específico à atividade (custo) a que se relaciona (por exemplo: número de notas fiscais emitidas, número de requisições de compras etc.). Portanto, Cost Driver é o fator que causa mudança no desenvolvimento de uma atividade, mensurando os respectivos recursos exigidos por essa atividade. O objetivo principal de um sistema de gestão de custos baseado em atividade é melhorar a qualidade, a precisão e, por conseguinte, a relevância das informações de custos utilizadas no processo de tomada de decisão. O custeio ABC parte da premissa de que os produtos consomem atividades e estas, por sua vez, é que são consumidoras de custos. Assim, são custeadas primeiramente as atividades para depois verificar-se qual produto ou linha de produção consumiu mais essas atividades, utilizando-se dos direcionadores de custos. (SILVA; LINS, 2017, p.69) 24 Custos Empresariais Assim sendo, o direcionador de custos é o instrumento pelo qual se determina o consumo de recursos pelas atividades, bem como pelos produtos ou serviços. São exemplos de direcionadores de custos: ▪ Quantidade de requisições de materiais para a atividade “movimentar estoques”. ▪ Quantidade de lançamentos contábeis para a atividade “contabilizar registros”. ▪ Quantidade de pedidos de compras no caso de a atividade “comprar”. ▪ Quantidade de inspeções efetuadas para a atividade “inspecionar produtos” etc. Exemplo: Determinada indústria possui os seguintes custos para a produção de três produtos conforme as Tabelas 7 e 8. Descrição A B C Total dos custos diretos R$ 70.000,00 R$ 90.000,00 R$ 40.000,00 Quantidade produzida 400 600 200 Tabela 7: Produtos produzidos (exemplo). Fonte: Elaborado pela autora. Custos indiretos R$ Mão de obra indireta 80.000 Depreciação 250.000 Manutenção 200.000 Outros (aluguel, energia, telefone) 70.000 Total dos custos indiretos 600.000 Tabela 8: Custos indiretos (exemplo). Fonte: Elaborada pela autora. 25Custos Empresariais A empresa contratou recentemente um gestor e, após estudar o processo produtivo, ele sugeriu que a organização adotasse o sistema de custeio por atividades para os custos indiretos. Por meio das etapas descritas anteriormente, chegou-se aos seguintes números, de acordo com a Tabela 9, conforme as atividades. Atividades relevantes e seus respectivos custos R$ Desenvolvimento de lista de materiais 60.000 Montagem de lista de materiais 240.000 Atendimento de pedidos especiais de clientes 60.000 Melhoria de processos 48.000 Projeto e desenho ferramental 72.000 Controle da produção 120.000 Total dos custos indiretos 600.000 Tabela 9: Atividades relevantes (exemplo). Fonte: Elaborada pela autora. Foram identificados os seguintes direcionadores de atividades para cada atividade relevante, de acordo com a Tabela 10. Atividades relevantes Direcionadores de atividades Desenvolvimento de lista de materiais Número de listas desenvolvidas Montagem de lista de materiais Número de listas montadas Atendimento de pedidos especiais clientes Número de pedidos especiais atendidos Melhoria de processos Horas de engenheiros Projeto e desenho de ferramentas Número de projetos desenvolvidos Controlar a produção Horas do gerente e supervisores Tabela 10: Atividades relevantes versus Direcionadores de atividades (exemplo). Fonte: Elaborada pela autora. 26 Custos Empresariais Foram apuradas as seguintes quantidades de direcionadores durante o período, segundo a Tabela 11: Direcionadores de atividades Quantidade de direcionadores de custos por produto A B C Total Número de listas desenvolvidas 5 20 10 35 Número de listas montadas 10 30 10 50 Número de pedidos especiais 12 3 27 42 Horas de engenheiros 900 200 400 1500 Número de projetos desenvolvidos 25 35 20 80 Horas do gerente e supervisores 400 100 300 800 Tabela 11: Quantidade de direcionadores de atividades por produto (exemplo). Fonte: Elaborada pela autora. Conforme pode ser visto na Tabela 12, o produto “A” em relação ao direcionador “número de listas desenvolvidas” foi apropriado para este produto 5/35 avos do custo referente à atividade de “Desenvolvimento de lista de materiais”, que tinha um custo total de R$ 60.000,00 (60.000 dividido por 35, multiplicado por 5, arredondando, encontramos o valor de R$ 8.571,00). No total, foram desenvolvidas 35 listas, mas o produto “A” consumiu somente 5 listas. Direcionadores de atividades Quantidade de direcionadores de custos por produto em valor A B C Total Número de listas desenvolvidas 8571 34.286 17.143 60.000 Número de listas montadas 48.000 144.000 48.000 240.000 Número de pedidos especiais 17.143 4.286 38.571 60.000 27Custos Empresariais Horas de engenheiros 28.800 6.400 12.800 48.000 Número de projetos desenvolvidos 22.500 31.500 18.000 72.000 Horas do gerente e supervisores 60.000 15.000 45.000 120.000 Total dos custos indiretos 185.014 235.472 179.514 600.000 Total dos custos diretos 70.000 90.000 40.000 200.000 Custos totais 255.014 325.472 219.514 800.000 Quantidade produzida 400 600 200 1.200 Custo unitário 638 542 1098 Tabela 12: Quantidade de direcionadores de atividades por produto em valor (exemplo). Fonte: Elaborado pela autora. Os principais objetivos da implantação de um sistema de gerenciamento de custos com base nas atividades (ABC) estão relacionados com a facilidade e precisão que a administração terá para realizar as seguintes tarefas: ▪ Apurar e controlar seus custos reais de produção e, principalmente, os custos indiretos de fabricação (overhead). ▪ Identificar e mensurar os custos da não qualidade (falhas internas e externas, prevenção, avaliação etc.). ▪ Levantar informações sobre as oportunidades para eliminar desperdícios e aperfeiçoar atividades. ▪ Eliminar/reduzir atividades que não agregam ao produto um valor percebido pelo cliente. ▪ Identificar os produtos e clientes mais lucrativos. ▪ Subsidiar o redimensionamento da plataforma de vendas (distribuidores e revendedores). 28 Custos Empresariais ▪ Melhorar substancialmente sua base de informações para tomada de decisões. ▪ Estabelecer um conjunto de indicadores de desempenho capaz de medir a eficiência e a eficácia empresarial sob aspectos produtivo, comercial, financeiro e societário. Hoje em dia, pela alta concorrência das empresas, elas necessitam se adaptar constantemente, adaptando, por exemplo, os seus sistemas de informação para um maior controle dos custos e outras operacionalidades, como por exemplo atendimentos mais rápidos (Just in time), flexibilizações das mais diversas, otimização do ciclo de industrialização, melhoria na logística e canais de distribuição e, primordialmente, na qualidade dos produtos. Just in time (tempo imediato): trata-se de um método de produção criado à intenção de se eliminar desperdícios, obtendo-se custos mais reduzidos, aliados à maior eficiência na rotatividade dos estoques e no atendimento aos clientes. Os sistemas antigos (tradicionais) perderam suas funcionalidades, pois foram criados para uma realidade que não condiz com a atual, que necessita, hoje, de rapidez no processamento de uma complexidade enorme de dados, dessa forma conseguindo informações compreensíveis, relevantes e oportunas, de modo a aumentar a qualidade nas decisões dos gestores. Um dos aspectos mais importantes da gestão estratégica da empresa está em centrar os esforços em torno da variável “Custo”. Os novos administradores necessitam conhecer e analisar os custos para tomarem decisões corretas relativas aos produtos que fabricam e mercados que atuam ou pretendem explorar. A maioria das empresas, atualmente, ainda utilizam sistemas de informação que não estão adaptados a nossa realidade, havendo uma tendência em apurar custos distorcidos, haja vista que se apoiam em critérios baseados, quase na sua totalidade, no volume de produção. Glossário 29Custos Empresariais Em virtude dessas deficiências, foi preciso desenvolver novas abordagensque apoiassem mais efetivamente a gestão estratégica dos custos. O Custeio Baseado em Atividades (ABC) surgiu então como uma ferramenta de grande utilidade, na medida em que permite analisar as verdadeiras origens dos custos, fornecendo importantes indicações para o combate do desperdício de recursos. Seja qual for a vantagem competitiva que a empresa pretenda criar e sustentar, a gestão da cadeia de valor é fundamental, uma vez que permite identificar as atividades estrategicamente relevantes. Usando a cadeia de valor, não só se torna visível o peso dos custos de produção da empresa no valor final dos custos para o comprador, como se reconhece que as diversas atividades não são independentes, mas interdependentes. Ora, é precisamente neste sentido que os sistemas de informações de contabilidade convencionais se mostram limitados e o ABC demonstra as suas virtudes ao imputar custos e proveitos a cada atividade, integrando informações externas às empresas, como por exemplo as relações com fornecedores e clientes. Por outro lado, o conhecimento dos direcionadores de custos tem levado as empresas a iniciar uma reengenharia dos seus processos, com vista à eliminação das diversas fontes de desperdícios, identificando atividades ou operações. Um processo se define como um conjunto de atividades que operam em conjunto para atingir um determinado fim. O redesenho dos processos requer uma análise do fluxograma das atividades que neles têm lugar, com o objetivo de diminuir os custos, melhorar a qualidade e aumentar a flexibilidade. A gestão dos custos dos processos apoia-se essencialmente na avaliação prevista do impacto dos indutores de custos na cadeia de valor e na análise dos recursos organizacionais necessários. Neste sentido, o ABC fornece um melhor conhecimento da relação causal que, em longo prazo, existe entre as unidades de atividade e o consumo dos recursos. Assim, esta é a perspectiva mais adequada para estudar as variações no consumo dos fatores derivadas de alterações nos produtos ou nos processos. 30 Custos Empresariais Como foi discutido, o ABC difere dos sistemas convencionais de custeio fundamentalmente quanto ao modo como trata os gastos indiretos não correlacionados com o volume de produção. Apesar do peso destes ter vindo a crescer constantemente ao longo das últimas décadas, a Contabilidade de Gestão tardou, entretanto, a responder às alterações na estrutura de custos, pelo que lhe podem ser imputadas algumas responsabilidades pelas consequências nefastas da existência de custos distorcidos, afetando, principalmente, as decisões estratégicas. Muitas empresas apontam os elevados custos de instalação de um sistema ABC como o principal motivo de resistência à sua implementação. No entanto, a concepção do sistema deve ser encarada como um investimento, capaz de ser compensado pelos fortes benefícios futuros. Ao mesmo tempo, os custos podem ser substancialmente reduzidos caso a gestão comece por definir claramente o detalhe com que necessita da informação, selecionando um número razoável de atividades. De fato, existem várias vantagens ao evitar um sistema complexo, mais lento e mais caro. Assim, ficará ultrapassada a crítica, tantas vezes mencionada, que decorre da ideia que o ABC necessita recolher um grande volume de informação, com a identificação de diversas atividades e vetores de custo. Com efeito, o segredo do ABC está, em larga medida, na capacidade de escolher atividades que respeitem as características diferenciadas dos produtos e capturem a sua diversidade. Em suma, e apesar de ser apenas mais uma ferramenta, o ABC está de acordo com o contexto empresarial atual e é capaz de melhorar a qualidade e a credibilidade da Contabilidade de Gestão, contribuindo para que esta se coloque no centro daquilo que de mais sublime ocorre numa empresa: a formulação e a análise estratégica. No Brasil, a empresa que usa o sistema ABC tem seu estoque classificado em três grupos: A, B e C. O grupo A inclui aqueles itens que requerem maior investimento. Numa distribuição típica, esse grupo consiste de 20% dos itens totais e representa 80% do valor do investimento total em 31Custos Empresariais estoques. O grupo B consiste de itens que representam o maior investimento depois do A. O grupo C consiste, em geral, de um grande número de itens cujo investimento é relativamente pequeno. A divisão dos estoques em itens A, B e C tem por finalidade permitir que a empresa determine o nível e os tipos de procedimentos necessários ao controle de estoque. No sistema ABC, as informações gerenciais podem ser consideradas mais fidedignas ao reduzir o número de rateios arbitrários. A sua implantação induz à permanente revisão dos controles internos, identificando quais são as atividades mais caras ou que exigem mais esforços. Como foi mencionado anteriormente, também existe o Custeio RKW. Esse sistema consiste na apropriação de todos os custos e despesas de uma entidade aos produtos e/ou serviços. RKW (Reichskuratoriun fur Wirtschaftlichtkeit) é um sistema de custeamento alemão. Também é conhecido por suas peculiaridades, como o custeio por absorção total ou custeio integral. É pouco utilizado e muito questionado pelos autores por não fornecer adequadas informações gerenciais. Por meio dessa técnica, alavancam-se aos produtos e serviços todos os custos e despesas, inclusive as financeiras, fornecendo, dessa maneira, o montante total dos gastos dessa empresa no esforço completo de obtenção de receita. Diferente do custeio por absorção, que separa os custos das despesas, rateando os custos indiretos aos produtos e reconhecendo as despesas separadamente na DRE. Alguns autores dizem que a principal vantagem no método de custeio pleno está no fato de serem levados em conta todos os gastos incorridos em uma organização, sem exceções, tendo, portanto, uma informação de custos completa e conservadora. Já outros autores dizem que a principal desvantagem no método de custeio pleno está na arbitrariedade dos critérios de rateio dos gastos fixos. 32 Custos Empresariais 2.1 Formas de Custeio Vimos que existem vários sistemas de custeio, uns mais gerenciais e outros menos. Assim sendo, uma forma de custeio bem gerencial, de planejamento, é o Custo Padrão. Este é um custo estimado, isto é, calculado antes mesmo de iniciado o processo de fabricação, fundamentado sempre em custos de produções anteriormente realizadas. O custo padrão, importante instrumento de controle, tem várias finalidades, motivo pelo qual poderá, também, receber denominações diversas. Na sequência, temos o Custo Real ou custo histórico, que é aquele apurado após concluído o processo de fabricação, fundamentado sempre nos custos que efetivamente ocorreram na fabricação dos produtos. Dentre as muitas vantagens de se conhecer antecipadamente o custo de fabricação, duas merecem destaque, são elas: ▪ A possibilidade da fixação do preço de venda. ▪ A otimização do processo produtivo visando utilizar ao máximo os recursos humanos, físicos e financeiros disponíveis. Quando utilizado com a finalidade de fixação de preço de venda para compor os çamentos, visando o fechamento de contratos nos casos de fabricação sob encomenda, o custo de fabricação pode ser denominado custo padrão corrente. Nesse caso, o padrão é fixado com base em produções anteriores, tendo a empresa como meta atingi-lo no curto ou no médio prazo, ou seja, somente visando a produção daquele lote que irá fabricar conforme acordado com seu cliente. (RIBEIRO, 2018, p.400) As empresas precisam conhecer bem as formas de valoração dos estoques para que a forma escolhida reflita a melhor estratégia a elas, pois essa movimentação irá impactar nos custos das mercadorias vendidas ou no 33Custos Empresariais custo dos produtos vendidos, reconhecidos na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). No Brasil, o UEPS não é aceito pelo Fisco e não é bem visto pelas normas contábeisbrasileiras. As organizações devem igualmente conhecer bem os sistemas de custeamento existentes e o que irá adotar em seus controles, pois existem diversos sistemas, cada um com as suas formas específicas de acumular valor aos custos dos produtos industrializados. No Brasil, são aceitos o Custeio por Absorção e o Custeio ABC, mas nada impede as empresas utilizarem em conjunto outros métodos de custeio que são mais gerenciais, como o Custeio Variável, que traz com ele uma importante análise que é a margem de contribuição dos produtos e também o Custeio RKW, que é um método alemão. 34 Custos Empresariais Referências CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S.. Contabilidade de custos. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2018. DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos. 4 ed. São Paulo: Saraiva: 2015. __________. Contabilidade de custos. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2018. SILVA, R. N. S.; LINS, L. S. Gestão de custos: contabilidade, controle e análise. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2017. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Gestão de custos: aplicações operacionais e estratégicas: exercícios resolvidos e propostos com utilização do Excel. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2011. Título da Unidade Objetivos Introdução 1. Arquitetura no Brasil Análise de Custos e a Origem da Contabilidade de Custos Para início de conversa… Objetivo 1. Definição Genérica 2. Escopo da Contabilidade de Custos 3. Terminologias 3.1 Desembolso 3.2 Gasto 3.2.1 Investimento 3.2.2 Custo 3.2.3 Despesa 3.3 Perda Referências Classificação de Custos Para início de conversa… Objetivo 1. Custos Diretos e Custos Indiretos 2. Custos Fixos e Variáveis 3. Integração da Análise do Comportamento e da Classificação dos Custos Referências _GoBack Métodos de Custeio e Critérios de Avaliação dos Estoques Para início de conversa… Objetivo 1. Painel Básico da Contabilidade de Custos 1.1 Métodos de Valoração de Estoques 2. Métodos de Custeamento 2.1 Formas de Custeio Referências
Compartilhar