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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU APS – Direito Administrativo Hebert Santos de Souza R.A.: 8366958 São Paulo, 02 de Maio de 2020. APS – Análise do: “A Anulação ou Invalidação dos atos administrativos” O Direito Administrativo, de certo, é o ramo do direito público que dispõe os princípios e regras disciplinadoras da função administrativa, abragendo os entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública para promoção do bem-comum, através da consecução do interesse público. Por certo, desde os primórdios da sociedade, as pessoas são regidas por normas que regulam o modo de como elas vivem em grupo, estabelecendo direitos e deveres para com os outros. No entanto, diferente do que ocorria no passado, a sociedade atual tem garantias constitucionais que são desempenhadas pela Administração Pública, e através da função administrativa o Estado consegue assegurar esses direitos, obedecendo os atos normativos do regime jurídico administrativo. É importante pontuar, de início, que ao exercer a função administrativa, no regime público, a Administração Pública desempenha uma série de atos administrativos representando a vontade estatal. Dentre eles, impor obrigações aos particulares e constituir limitações ao estado quando este exercer o Poder Público, são umas das finalidades dos atos administrativos. Entretanto, nem sempre os atos administrativos são estabelicidos de maneira coerente pelo representante do estado, neste caso a Administração Pública, isto é, toda vez que o Poder Público delibera um novo ato administrativo e este, por sua vez, seja considerado ilegítimo ou ilegal é declarado a sua anulação ou invalidação, ou seja, no momento em que é reconhecido que a Adm. Pública praticou um ato contrário à norma vigente, é necessário que seja anulado para restabelecer a legalidade administrativa. Logo, com o propósito de voltar à normalidade da ordem jurídica administrativa, os atos ponderados ilegítmos, acarreta em sua anulação pelo, próprio, Poder Público por meio de autotutela, aliás, vale destacar que este entendimento já é consagrado pelo Supremo Tribunal Federal, que estabele por meios de súmulas: Súmula 346: “A Administração Pública pode anular seus próprios atos” Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Os dispositivos transcritos acima, permite que a Administração Pública diante de suspeitas de ilegalidade, possa exercer seu poder-dever de anular seus próprios atos, sem que isso importe em desrespeito ao princípio da segurança jurídica ou da confiança. Em virtude disso, compete ao próprio Poder Público a anulação dos seus atos, sendo que isso não confronte às garantias constitucionais da sociedade. Cabe salientar que os atos administrativos viciados devem ser anulados, em outras palavras, quando é constatado que o ato contém vicío, significa dizer que não foi atingido algum requisito para sua validade, quais sejam a competência ou sujeito, a finalidade, a forma, o motivo ou causa e o objeto ou conteúdo, todos disciplinados pela Lei da Ação Popular (Lei 4.717 de 29/06/65). Dessa forma, é necessário a anulação do ato administrativo quando violado um desses requisitos. Entretanto, nos casos em que os vícios existentes nos atos administrativos, podem ser sanados e posteriormente declarados válidos, este endimento foi introduzido no ordenamento jurídico administrativo, compreendido por atos de nulidade e anulabilidade, surgindo duas correntes no Direito Administrativo, sendo que nesse primeiro (nulidade, teoria monista), caso o ato nulo seria incapaz de convalidar, ou seja, passar a ser válido por sanar a irregularidade, com isso defende que o ato é nulo ou válido, não sendo cabível o saneamento deste instituto. Enquanto que o ato anulável (teoria dualista) torna-se eficaz por ter permitido o saneamento das irregularidades existentes. Nessa esteira de pensamento, é importante ressaltar que o entendimento da teoria dualista é a mais adequada entre as existentes, uma vez que ela foi positivada com o advento da Lei Federal n° 9.784/99 em que prevê a correção de possíveis erros dos atos deliberados pela Administração Pública. Dessa maneira, a lei admite expressamente que os atos administrativos sejam convalidados, desde que seus defeitos sejam sanáveis, sendo de grande pertinência a existência da teoria dualista. É importante pontuar, ainda, que a lei dispõe expressamente que os atos de anulabilidade têm prazo quinquenal, isto é, de cinco anos, dessa forma impede que a Adm. Pública anule os atos praticados cinco anos que o antecedeu, mediante interpretação do artigo 54, da Lei 9.784/99, visto que os atos nulos por conter vícios insanáveis ou serem expressamente declarados nulos por disposição expressa de lei podem ser invalidados a qualquer tempo. Vale ressaltar, que a Constituição Federal de 1988 dispôs alguns princípios constitucionais da administração pública, dentre eles, o da Legalidade é um dos mais importantes por garantir que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Neste contexto, o princípio da legalidade, como explica Hely Lopes Meirelles: “a legalidade, como princípio de administração, significa que o administrador público está, em toda sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei, e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso”, isto é, a Administração Pública não têm liberdade nem vontade pessoal, à ela só é permitido fazer o que a lei autoriza, logo esse princípio limita o poder do Estado. Além disso, o princípio da legalidade dá vida ao sub-princípio da segurança juríca, uma vez que impede que haja controvérsias e garante o fortalecimento das relações jurídicas e, ainda, flexibiliza o princípio da legalidade, convalidando os atos viciados. Desse modo, o princípio da segurança jurídica preserva que a Adm. Pública, anule todos os atos administrativos após cinco anos contados da data em que foram praticados, com exceção dos casos em que forem comprovada a má-fé. Dessa forma, conclui-se, portanto que a teoria da dualidade, no direito público, tem base legal nos princípios constitucionais da legalidade e segurança jurídica, para sua aceitação, visto que eles garantem que Administração Pública aja com base nas normas estabelecidas expressamente em lei. Ademais, com o advento da Lei Federal n° 9.784/99, perminitiu que essa teoria fosse positivada, uma vez que ela regula o prazo no qual os atos administrativos passíveis de saneamento podem ser convalidados, fazendo com que eles se tornem válidos de maneira tacita. Bibliografia: - MORGADO, Almir de Oliveira. A Anulação ou Invalidação dos atos administrativos. - BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n°346. A Administração Pública pode anular seus próprios atos. - BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n°473. A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial - BRASIL. Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. - BRASIL. Constituição Federal de 1988. Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil. - MIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 2005. FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU
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