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Fechamento – Problema 5 Módulo DOR Hyana M. 1 UNIME 2021 O controle da dor pós-operatória inicia-se com a aplicação de medicamentos ou técnicas analgésicas antes mesmo da incisão cirúrgica e a anestesia local pode fazer parte desse inicial controle da dor. A analgesia pos cirúrgica deve ser avaliada diante de cada tipo de cirurgia visto que a dor causada por procedimentos cirúrgicos varia de acordo com a extensão e localização das incisões. AVALIAÇÃO DA DOR NO PÓS-OPERATÓRIO: A avaliação tem como objetivo: 1. Identificar a intensidade da dor 2. Observar se o seu tratamento esta sendo eficaz E esse processo inclui: a historia da dor, associando com o estado emocional do paciente e características da crise álgica (localização, inicio, fatores de melhora/piora, evolução e reações adversas a medicamentos), a expressão facial, cor, contração muscular e tipo de dor. COMO PLANEJAR A ANALGESIA: O planejamento da analgesia melhora o atendimento do paciente e também acelera a sua recuperação. Assim, a terapêutica deve ser sempre composta por associação de dois ou mais agentes/técnicas analgésicas, incluindo métodos não farmacológicos. A dor aguda pós-operatória é mais intensa no pós-operatório imediato e vai diminuindo com o passar dos dias, ao contrário de uma dor crônica. MÉTODOS DE ADMINISTRAÇÃO DE ANALGESIA PÓS-OPERATÓRIA: No controle da dor no pós-operatório: A recomendação é de se utilizar analgésicos que contribuam para o controle da inflamação (AINES) e aqueles que inibem a condução da informação dolorosa ao sistema nervoso central (opioides). A prescrição de analgésicos em horário fixo evita grandes flutuações no nível plasmático do fármaco e previne picos de dor. ATENÇÃO: a prescrição deve prever a possibilidade de doses suplementares do analgésico (SN), para o resgate da analgesia. -- Sem a possibilidade de doses suplementares (SN) o doente e a equipe de enfermagem ficam limitados para o adequado manejo da dor, ou seja, apenas de acordo com a prescrição médica. A prescrição em esquema misto (horário fixo + SN) atende de modo mais adequado às necessidades dos doentes. Sr Miguel se enquadra na dor pos operatória, pois geralmente a dor é mais intensa nas primeiras 24 a 36 horas; e ele foi submetido a uma cirurgia há 36 horas. E essa dor dificultou a mobilização ativa dele, restringe o esforço para a tosse produtiva (a tosse piorava a sensação de dor), leva à hipoventilação (mal conseguia respirar mais fundo) e acaba compromete o estado geral do paciente operado. E ele pediu remédio a enfermeira e ela negou, provavelmente porque na sua prescrição não havia Doses suplementares. O controle da dor no pós-operatório pode envolver o uso de tecnologia sofisticada como cateteres peridurais e sistemas para a analgesia controlada pelo paciente. Analgesia sistêmica: pode ser usada diante de dor após qualquer tipo de cirurgia e sua administração pode ser através das seguintes vias: 1. Via muscular: apenas indicada após cirurgias pouco dolorosas, e os mais usados são os aines e alguns opióides; 2. Via venosa intermitente: via mais recomendada. São indicados AINES como cetorolaco, cetoprofeno e tenoxicam, o inibidor da COX2 parecoxibe, a dipirona, os opióides tramadol e morfina e os adjuvantes cetamina e clonidina. É uma via também usada em casos de analgésicos de resgate, para quando a analgesia original não for suficiente; 3. Via venosa contínua: apenas para intervenções com muita dor, caso o paciente esteja intubado e em UTI; 4. Via subcutânea: geralmente, é uma via de resgate; Fechamento – Problema 5 Módulo DOR Hyana M. 2 UNIME 2021 5. Via oral: para casos de dor leve a moderada em pacientes que não precisam de jejum. Geralmente, é indicada para controle da dor após operações ambulatoriais. Analgesia local e regional: 1. Analgesia peridural: é, talvez, a medida terapêutica mais eficaz no controle da dor pós-operatória. Deve ser realizada com uso de cateter na região do espaço peridural onde emergem as raízes nervosas na coluna, que inervam a região da incisão cirúrgica. Pode ser usada para infusão do anestésico local, ropivacaína ou bupivacaína, isolado ou associado com medicamentos adjuvantes. Dentre esses, os mais usados são os opióides, como o Fentanil. 2. Analgesia controlada pelo paciente (ACP): é um método que pode ser usado como primeira escolha no controle da dor de alta intensidade em operações abdominais. Consiste em equipamentos que apresentam sistema de infusão do medicamento que pode funcionar de 3 formas:. a. No modo ACP, o paciente só recebe o medicamento quando aciona o equipamento; b. Na infusão basal, recebe continuamente; c. Na combinação ACP com infusão basal, recebe continuamente e quando solicita. Esse sistema é controlado pelo médico, que escolhe o medicamento, a via, as doses e seus intervalos a serem usados. Nesse método de PCA, são usadas as vias venosa, eperidural e subcutânea, sendo necessária uma bomba de infusão especial. E um tempo de bloqueio é programado por segurança, evitando que o paciente receba quantidades exageradas do fármaco. A bomba de PCA possui algumas características que a diferenciam, que são reservatório de segurança com o analgésico, dispositivo de bloqueio para que a frequência das doses possa ser limitada em intervalo de tempo e dispositivo que permite ao paciente a autoadministração de bólus suplementares, quando ele considerar necessário. OBJETIVO/FINALIDADE: diminui o tempo entre o aparecimento do sintoma e o alivio da dor. Os equipamentos registram em sua memória quantas vezes o paciente acionou a demanda e quantas vezes ela foi efetivamente liberada, já que ele pode eventualmente acioná-la em período que estiver bloqueada pela programação. Com tal histórico, é possível avaliar as necessidades do paciente e reprogramar a administração a cada visita. ATENÇÃO: Para que melhores resultados sejam obtidos, é importante esclarecer o paciente sobre o funcionamento do equipamento antes da operação. Embora qualquer analgésico possa ser administrado por esta técnica, os opióides são os agentes mais empregados. O paciente no leito ao lado também foi operado, está usando uma maquininha que tem um botão que dispara um remédio de dor e ele dorme tranquilo. BASSANEZI, Betina Sílvia Beozzo; OLIVEIRA FILHO, Antonio Gonçalves de. Analgesia pós-operatória. Rev. Col. Bras. Cir. , Rio de Janeiro, v. 33, n. 2, pág. 116-122, abril de 2006. SABISTON, D.C.Jr., ed. et al. Tratado de cirurgia: A base Biológica da prática. Cirúrgica Moderna. 19ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2014. RODRIGUES, Joaquim J. G. et al; Clínica cirúrgica – Medicina USP. Editora: Manole, edição 2008. COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIA: As ordens médicas no pós-operatório seguem linhas gerais. Verificam-se rotineiramente: 1. o estado de consciência, 2. as condições de hidratação e balanço hídrico, 3. o estado das condições de ventilação e oxigenação, das condições hemodinâmicas, 4. observam-se o estado das cicatrizes cirúrgicas e 5. o funcionamento de drenos, sondas e cateteres. Controle da dor pós-operatória: A presença da dor no pós-operatório dificulta a mobilização ativa, restringe o esforço para a tosse produtiva, leva à hipoventilação e compromete o estado geral do paciente operado. Fechamento – Problema 5 Módulo DOR Hyana M. 3 UNIME 2021 Geralmente é mais intensa nas primeiras 24 a 36 horas, sendo que na maioria dos casos já se observa melhora nas primeiras 48 horas. Aparelho respiratório As complicações pulmonares são as mais comumente observadas no período pós-operatório. Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica constituem grupo de especial vulnerabilidade devido ao fato de freqüentemente apresentarem aumento de volume da secreção brônquica, diminuição da atividade ciliar do epitélio e tendência a acúmulo de secreções. Atelectasia A atelectasia é a complicação pulmonar mais comum no pós-operatório. Surge habitualmente nas primeiras 48 horas, sua ocorrência deve ser suspeitada pela verificação de febre, taquipnéia e taquicardia neste período. Pneumonia A pneumonia é complicação mais frequente das atelectasias persistentes ou da aspiração de secreções. Embolia Pulmonar A embolia pulmonar é complicação mais freqüente no pós-operatório de indivíduos imobilizados por longo período de tempo, nos idosos, nas cirurgias pélvicas e do colo do fêmur, nos cardiopatas, nos obesos, em pacientes com história de acidentes tromboembólicos e naqueles apresentando insuficiência venosa periférica ou em uso de anovulatórios. O principal fator na fisiopatogenia é o estado de hipercoagulabilidade sangüínea no pós-operatório. Na maioria das vezes a embolia pulmonar ocorre sem prévia manifestação de sinais de trombose venosa. STRACIERI, L. Cuidados e complicações pós-operatórias. Medicina (Ribeirão Preto). 2008; 41 (4): 465-8. FÁRMACOS INDICADOS PARA ANALGESIA: AINEs e inibidores da COX2: São medicamentos que devem ser evitados em pacientes com histórico de sangramento intenso durante a cirurgia, hipovolêmicos, com comprometimento renal prévio, hepatopatas ou cardiopatas, visando prevenção de necrose tubular aguda. O cetorolaco, cetoprofeno, diclofenaco, tenoxicam e meloxicam são os AINEs disponíveis para administração via parenteral que podem ser administrados logo após a cirurgia. 1. Cetoprofeno: pode ser via venosa ou muscular, é um AINE potente; 2. Diclofenaco: é um AINE potente, mas, apresenta alguns possíveis efeitos colaterais importantes como: irritação, perfuração ou hemorragia gástrica, aparecimento de abscessos e necrose tecidual após administração via muscular e surgimento de necrose tubular aguda; 3. Outros AINEs: o AAS e a indometacina são associados ao aumento do número de sangramentos intra-operatórios; por isso, o uso de tais medicamentos no contexto cirúrgico é evitado; 4. Dipirona: atualmente, se utiliza, após a cirurgia, doses de dipirona de 25- 30 mg/kg/dose, de 6/6 horas e a dose máxima diária gira em torno de 8 g; 5. Paracetamol (acetaminofen): tem como vantagens não fazer irritação gástrica e não interferir com as plaquetas, mas sua principal desvantagem é o elevado risco de hepatotoxicidade; Os antiinflamatórios não esteroides (AINEs) são comprovadamente eficazes para tratar dor pós- operatória. Além disso, eles permitem reduzir a dose dos opioides e podem diminuir de modo expressivo a incidência de efeitos colaterais associados aos opioides, inclusive náusea e vômitos e sedação pós-operatórios. Disfunção plaquetária, úlceras GI e aumento do risco de nefrotoxicidade são algumas das razões que explicam por que os AINEs não seletivos podem vir a ser evitados no período perioperatório. Analgésicos opióides: São geralmente usados no tratamento da dor póscirúrgica de média a forte intensidade. São classificados em opióides fracos: codeína, tramadol e propoxifeno; de moderada intensidade, a meperidina e buprenorina; e forte intensidade, morfina, fentanil, metadona e oxicodona. A maioria dos pacientes após cirurgias torácicas precisa de opióide forte nos primeiros três dias. Codeína: apresenta, em média, 1/5 do efeito da morfina, e é indicada em casos de dores de média intensidade. Pode ter, de efeitos colaterais: sonolência e obstipação intestinal. Sua apresentação é oral. Fechamento – Problema 5 Módulo DOR Hyana M. 4 UNIME 2021 Tramadol: medicamento com boa margem de segurança no que tange a efeitos colaterais como depressão respiratória e/ou alteração cardiovascular. Oxicodona: em pacientes após cirurgia, o uso desse fármaco é indicado em casos com evolução para persistência de crise álgica por períodos longos; Fentanil: opióide com potência de 80 a 100 vezes maior do que a morfina e é muito usado juntamente com bupivacaína através da via peridural em processo de analgesia pós-operatória. Seu uso por via sistêmica é muito arriscado por apesentar altas chances de fazer depressão respiratória. Adjuvantes Cetamina: é anestésico geral que pode ser usado em analgesia pósoperatória como adjuvante de outros opióides ou anestésicos locais e também pode ser usado durante a indução anestésica antes da incisão cirúrgica, diminuindo as chances de necessidade de uso de morfina nas primeiras 24 horas após a cirurgia. Clonidina: pode ser usado como adjuvante da anestesia geral ou espinhal. Apresenta atividade analgésica e pode diminuir a pressão arterial, sedar e diminuir a ansiedade do paciente; ATENÇÃO: Dor nociceptiva – responde bem aos AINES. Dor neurogênica – responde bem aos anticonvulsivantes (p. ex., pregabalina), aos antidepressivos tricíclicos (p. ex., amitriptilina) ou aos inibidores da captação de serotonina/norepinefrina (p. ex., duloxetina). Dor maligna ou não maligna, intensa ou crônica: geralmente os opioides são os fármacos de escolha. A dor física e a dor psíquica estão intimamente relacionadas, o que demonstra a importância da interdisciplinaridade na abordagem do paciente com dor oncológica. ATENÇÃO: Apesar da moderna tecnologia empregada no intuito de diagnosticar precocemente as neoplasias, do desenvolvimento de novas drogas antineoplásicas e de técnicas de radioterapia e cirurgia para tratar o câncer, pouca atenção vem sendo dada ao controle adequado da dor, principalmente nos países subdesenvolvidos. Em 1990, esse fato levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar que a dor associada às neoplasias constitui uma emergência médica mundial. A principal razão para que o controle da dor seja uma prioridade no tratamento do câncer é o impacto positivo em sobrevida e qualidade de vida. O não controle da dor no câncer está associado com o significativo aumento dos níveis de depressão, ansiedade, hostilidade e somatização. Quando a dor do câncer persiste ou agrava, ela pode servir como sinal da progressão da doença e criar a sensação de desesperança porque os pacientes temem que não vale à pena continuar desse jeito, ou pacientes perdem o sentindo da vida. O controle satisfatório da dor também contribui para que o paciente tolere melhor e por mais tempo o tratamento oncológico. IMPORTANTE: Apesar disso, a dor ainda é percebida por médicos, pacientes e familiares como um sintoma inerente (inseparável do câncer) à história natural da doença, muitas vezes relegado a um segundo plano. Isso pode explicar porque, comumente, os medicamentos opioides ou são utilizados em doses insuficientes para obtenção de analgesia satisfatória ou são iniciados tardiamente, quando o status de desempenho já se mostra comprometido. Um tratamento bem-sucedido requer que a introdução de medicamentos ocorra em momento apropriado, e não tardiamente, e que os eventos adversos potenciais sejam devidamente tratados. Sr. Miguel fecha os olhos e pensa em todo tratamento que irá enfrentar, já que recebeu há pouco a noticia de que era um tumor maligno; não queria enfrentar uma morte lenta e dolorosa como a que assistiu no câncer de seu pai. Também está muito preocupado e ansiedade porque há alguns meses seu irmão mais velho, Estevão, começou a apresentar dores intensas, refratárias ao tratamento convencional.
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