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1 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 Definição A OMS define cuidados paliativos como “uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e suas famílias enfrentando problemas associados com doenças que ameaçam a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais”. Cuidados paliativos “são aplicáveis desde o início da doença, em conjunto com outros tratamentos que têm a intenção de prolongar a vida”. Então, os cuidados paliativos não são só utilizados em caso de câncer, mas em outras doenças crônicas, em que o paciente tenha uma finitude ou necessidade maior de acompanhamento interdisciplinar. Hoje, cuidados paliativos são convocados em momentos finais, mas não deveria ser assim. Tem-se tentado modificar isso a cada dia, dentro do próprio cenário da oncologia. O cuidado paliativo deveria existir desde o início do cuidado da doença, sendo todos os cuidados que se deve ter sobre ela, mesmo para o paciente que está em fase inicial. Além dos fatores físicos, os fatores psicossociais e espirituais são muito importantes, principalmente quando se fala em fim de vida. Hoje, já há previsão em lei sobre o respeito às vontades do paciente, principalmente no que se relaciona ao “quando cessar os investimentos no paciente”. O médico precisa ter noção sobre esses aspectos, mas não precisa se aprofundar tanto nas questões jurídicas. Dor oncológica Mitos e preconceitos • Morfina é para paciente terminal: é um opioide forte, sendo muito utilizado na prática. Tem bom controle da doença e facilidade de posologia. • Dor muito intensa deve ser tratada por via parenteral: nem sempre a via parenteral é a ideal. Pode ser utilizada a transdérmica, via oral. Claro que há uma estratégia a ser seguida. • O uso regular dos opioides leva a dependência e aos abusos: Existe a dolantina, que é um tipo de opioide que é evitado, pois pode fazer dependência e abuso. Mas os opioides que são utilizados normalmente (morfina, tramadol, codeína) não levam ao abuso. • Morfina deprime a respiração e encurta a vida: a morfina muitas vezes é usada para o controle respiratório, em paciente com dispneia sintomática. A morfina é usada para diminuir a frequência respiratória do paciente. Então, pode deprimir, mas não encurta a vida por conta disso. • Agora que iniciamos o opioide, vamos suspender todas as medicações para dor: É comum fazer associação com opioides. Nem sempre ele consegue sozinho aliviar a dor. • Melhor vivo com dor, que sem dor. A dor do câncer tem que ser paliada! Sempre necessário tratar a dor, seja na emergência, em clínica. Qualquer dor precisa ser valorada. Conceito de dor • OMS: “Experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou potencial, ou descrita em termos de tal dano”. • A dor é classificada como o 5º sinal vital, sendo uma experiência individual e seu controle é um direito humano. Então, quando o paciente passa na triagem, ele tem seus sinais vitais coletados, incluindo questionamentos sobre a dor. Faz-se a escala analgésica para saber o nível de dor que o paciente está. Se a dor for muito forte, ele vai direto para a enfermaria para ser medicado. • Cada pessoa tem seu limiar de dor, sendo uma pessoa diferente da outra. O que para uma pessoa é moderada, para outra pode ser intensa. • 65-85% são associadas à participação direta do tumor no câncer avançado: o próprio tumor por si só é o principal causador da dor do paciente oncológico. • 15-25% estão relacionadas ao tratamento; • 3-10% por fatores não relacionados ao câncer. Cuidados paliativos 2 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 • Pode ser completamente aliviada em 80-90% dos casos, bastando o manejo adequado. Classificação neurofisiológica da dor 1. DOR NOCICEPTIVA: resultado da ativação de nociceptores (fibras A-delta e C) a) Somática: desencadeia ou exacerbada pelo movimento e aliviada pelo repouso, de localização precisa. Ex: dores ósseas e musculoesqueléticas, ulcerações de pele, linfoadenopatias (crescem tanto que causam dor por compressão local). b) Visceral: provocada por distensão de víscera oca, de característica opressiva, constritiva, em cólicas, de difícil localização, acompanhada ou não de náuseas, vômitos e sudorese. Pode ser à distância, chamada dor referida. Ex: dorsalgia relacionada ao câncer de pâncreas. A dor visceral normalmente é de difícil manejo. 2. DOR NEUROPÁTICA: relacionada a uma disfunção do SNC ou SNP. Persistente ou episódica, aguda ou crônica, pode não estar associada a qualquer lesão detectável. É descrita como queimação, ardor, choques e pode ser acompanhada ou não de parestesias e alodinia. Ex: neuralgia pós-herpética e neuropatia periférica pós quimioterapia. Alguns quimioterápicos podem causar a neuropatia periférica, e o paciente começa com parestesia e “pinicadas”, podendo ser complicada por dor. O paciente perde o controle de segurar uma xícara na mão. 3. DOR COMPLEXA OU MISTA: encontrada em pacientes com tumores cujo crescimento provoca inflamação e compressão, originando dor com padrões complexos, exigindo sempre a associação de drogas. Avaliação da dor 1. Registre as medicações tomadas atualmente, assim como aquelas no passado, incluindo a eficácia e o efeito adverso (constipação): medicações passadas por outro médico, a posologia, os ajustes. Apontar o histórico do paciente com a droga e seus efeitos. 2. Incorpore uma abordagem psicossocial na avaliação, incluindo a determinação dos objetivos de cuidados do paciente e da família: muitas dores podem levar a um descontrole psicossocial absurdo. Pode ocorrer do paciente somatizar o momento que está passando, a aceitação do câncer, devendo-se ver a opinião de um psicólogo sobre o caso. A família tem que estar integrada no processo. 3. Use um diário de dor para seguir a eficácia das terapias e para avaliar mudanças da dor: escrever o que sentiu com a droga, efeitos. É o prontuário clínico. Deve ser organizado. 4. Requisite uma avaliação diagnóstica quando e somente se contribuir para o plano de tratamento: no exemplo uma dor intestinal intensa que não melhora com nada, ver a possibilidade de constipação intestinal, fazer uma avaliação por raio-X para ver um abdome agudo. Então sempre pedir algo a mais quando achar que vai contribuir para o tratamento. Avalie a presença de outros sintomas: fadiga, constipação, distúrbios do humor ... História da dor São informações que devem ser colhidas na história do paciente: ▪ Localização; ▪ Intensidade; ▪ Qualidade; ▪ Temporalidade; ▪ Fatores de agravamento e alívio: isso tem grande importância. Dores podem ser agravadas ou amenizadas por fatores externos. São informações que auxiliam inclusive no tratamento não farmacológico. ▪ Significado da dor; ▪ Sofrimento ou conflito existencial; ▪ Fatores culturais e espirituais; ▪ Medicação utilizada e seus resultados. Atenção maior • Idosos frágeis: o idoso tem limiar de dor muito mais baixo. Tem tendência a ter dor mais forte. Além disso, tem risco maior de queda, de intoxicação por opioides (por ter menor clearance de creatinina). • Demências e alterações cognitivo- comportamentais: o paciente nessas condições 3 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 pode supervalorizar a dor. São pacientes que exigem mais cuidados na interpretação do que é dito. • Sinais indiretos da dor: taquicardia, elevação da PA, taquipneia, fácies de dor: são sinais que ajudam a avaliar. Pode apontar, por exemplo, uma infecção presente. • Alteração do humor, padrão do sono, inapetência:são fatores externos que podem piorar a dor. Escala de dor - EVA • A escala de EVA é uma escala analgésica, padrão universal. Pode ser utilizada por pacientes que sabem ou não ler. • 0 a 2: dor leve. 3 a 7: dor moderada. 8 a 10: dor intensa. • Os rostos da imagem ajudam na caracterização. Tanto o paciente pode apontar o que se identifica mais, como o médico pode interpretar (caso o paciente não esteja/seja colaborativo). • Cabe ao médico ter noção do que perguntar para caracterizar a dor. Muitas vezes o paciente pode relatar 8, 9, 10, mesmo sem ser isso de fato. Dor é muito subjetivo, sendo difícil definir. Manejo da dor NÃO FARMACOLÓGICO • Para áreas de pressão (paciente acamado), utilizar o fluxo de ar ou colchão de visco elástico ou caixa de ovo: é comum áreas de pressão em pacientes emagrecido (oncológicos, por conta da caquexia) na bacia, sacral. Quanto mais o paciente fica deitado sobre a área de pressão, mais vai piorar. • Para os pacientes com pele íntegra e higienizada, considerar uso de dexpantenol creme 5% (bepantol) sendo aplicado 1-3x/dia, com reposicionamento regular: lembrar sempre da mudança de decúbito para evitar escara. • Exercícios de relaxamento. • Fisioterapia/TENS (“transcutaneous eletrctrical nerve stimulation”): TENS é a nível ambulatorial. • Acupuntura: a nível ambulatorial. • Suporte psicológico e de orientação: atenção aos fatores psicossociais envolvidos. • Tratamento complementares (massagem, reflexologia, arteterapia, musicoterapia, meditação, outros). MANEJO COM ANALGÉSICOS • Utilizar a via oral sempre que possível; • Deve-se considerar drogas e/ou intervenções adjuvantes de acordo com a natureza da dor. DOR FORTE (7-10): utilizar opioide forte → pode utilizar não opioide e alguma coisa a mais para adjuvância. DOR MÉDIA (4-6): utilizar opioide forte ou fraco → pode utilizar não opioide e alguma coisa a mais para adjuvância. DOR FRACA (1-3): paracetamol, dipirona ou AINE → Analgésicos não opioides. Técnicas adjuvantes: bloqueio nervoso, bomba de analgesia controlada pelo paciente, anestesia peridural, estimulação espinhal, radioterapia, quimioterapia e cirurgia (em alguns casos). Considerar: apoio psicossocial e espiritual, tratamento de outros sintomas. Lembrar sempre • Toda vez que prescrever um opioide, precisa utilizar MEDICAÇÕES DE RESGATE, que é a medicação usada no momento que o paciente tem dor, mas ainda não é a hora da próxima dose. Esse momento é chamado de “escape da dor”. Essa medicação de resgate para o escape da dor pode ser um outro opioide, mais fraco. Então, sempre lembrar que precisa de uma medicação de resgaste, até mesmo na hora de calcular a dose diária de droga para o controle 4 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 da dor. O paciente precisa relatar o quanto de medicação de resgaste foi necessário usar, para que seja feito os ajustes posológicos da morfina diária. Ex: paciente está tomando morfina de 12/12h, mas no intervalo entre as doses, o paciente sente dor. Então, ele precisa de um medicamento de resgaste. Pode ser dipirona, morfina com dose mais baixa. • LAXATIVO e ANTIEMÉTICO (se necessário): muitos opioides causam muito enjoo e náusea. O laxativo é necessário porque o paciente em uso de opioide faz muita constipação. Tratamento farmacológico DOR NEUROPÁTICA Podem ser utilizados os próprios opioides, como morfina, metadona, tramadol, porém alguns analgésicos adjuvantes são muito necessários, porque são mais direcionados para dor neuropática. Muitos pacientes precisam fazer uso de forma conjunta. • Analgésicos adjuvantes: opioides têm algum efeito na dor neuropática, mas muitos pacientes precisam de analgésicos adjuvantes. • Corticosteroides: podem ser usados para dor neuropática secundária ao câncer infiltrado, particularmente indicado se a fraqueza do membro estiver presente. Ex.: um paciente com dor óssea por infiltração na coluna. Então, corticoide pra dor neuropática relacionada ao câncer com infiltrado ou associado com fraqueza, paciente com dificuldade pra caminhar, com força muscular reduzida em membros inferiores, esses, irão utilizar corticoide. • Adjuvantes de 1ª linha: ❖ Antidepressivos tricíclicos (ex: amitriptilina); ❖ Anticonvulsivante (ex: gabapentina ou pregabalina): altamente eficazes na dor neuropática. • Adjuvantes alternativos da 2ª linha devem ser realizados sob orientação especializada. São opções: duloxetina; venlafaxina. Portanto, pensou em dor neuropática, não adianta fazer opioide puro, às vezes, esses próprios analgésicos (se a dor não for tão intensa) podem ser eficazes para dor neuropática, talvez até não necessitando do opioide. Mas, se uma dor precisa realmente do opioide, essa associação se faz necessária. Muitas vezes pode-se reduzir a dose do opioide que está se utilizando, lembrando que quanto maior a dose, mais efeitos colaterais, e utilizando- se da associação essa redução torna-se possível. • Adesivos de lidocaína 5% ou lidocaína gel 5%: são ótimas opções para dor localizada, particularmente se houver alodinia, como, por exemplo, na maioria dos casos de neuralgia pós- herpética e neuropatia focal. ❖ Adesivos de lidocaína 5%: aplicar por no máximo 12 horas. Reaplicar emplastro 12h após retirada. Pode levar 2-4 semanas até que o efeito completo da dor seja observado. ❖ Lidocaína gel 5%: é uma alternativa mais barata ao patch de lidocaína e deve-se aplicar em local com dor neuropática utilizando gazes e microporo para fixar aplicação. Aplicar por no máximo 12h e reaplicar 12h após a retirada. Pode levar de 2-4 semanas até que o efeito completo da dor seja observado. São mais úteis para dor localizada, como em pacientes de câncer que tem Herpes Zoster. Amitriptilina: (dose inicial 25mg/noite e máxima 150mg/noite), sendo que algumas pessoas acreditam que é melhor aumentar a dose da amitriptilina pra melhorar a dor, e acreditem, é a dose mais baixa dela que faz um controle melhor da dor, raramente se aumenta a dose. Provoca sono. É particularmente eficaz na neuropatia diabética e na pós-herpética, e é contraindicado para pacientes com glaucoma de ângulo estreito e arritmias cardíacas também. Evitar em idosos. Nortriptilina: mesma classe e mesmos efeitos colaterais que a Amitriptilina. 5 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 Gabapentina: muito usada, não só como anticonvulsivante, em pacientes com metástase cerebral, mas, principalmente para controle da dor. Inicia com 300mg 1 – 3x dia, podendo chegar a 3600mg/dia. Em pacientes idosos ou frágeis é preciso prescrever meia dose na primeira semana, aumentando a dose após esse período. Lembrar de reduzir dose em pacientes com acometimento renal. Pregabalina: dose inicial 50 a 150 mg 2x/dia até 600mg/dia, normalmente se começa com um comprimido de 75mg de 12/12h. Doses maiores devem ser prescritas apenas por especialistas. Lembrar sempre de reduzir a dose em pacientes com disfunção renal. Duoloxetina: 60mg/dia, para dores de difícil controle, associadas à depressão. Tem boa resposta para dor neuropática. Muito utilizada para fibromialgia, é bastante cara. Muito utilizado pela reumatologia em osteoartrites e dores lombares. Dicas de prescrição Verifique abaixo algumas dicas de prescrição voltadas à prática clínica: • Aumento gradual da Morfina: se um opioide forte é necessário, deve-se iniciar com Morfina oral de liberação imediata a cada 4 horas, ou seja, 6x/dia (faz um pico inicial e é de liberação imediata). Por exemplo, será 3, 7, 11, 15, 19, 23 horas e, se necessário, adicionar dose de resgate. Até que a dor seja controlada ou os efeitos colaterais apareçam, aumenta em cerca de 30% a dose de morfina orala cada dia (ou de acordo com a dose de resgate). Aumenta a dose de laxativo conforme necessário (lembrar!), pois a cada dose que se aumenta, maior são os efeitos colaterais. • Troca da morfina de liberação imediata para Morfina de liberação lenta (DIMORF LC ou Morfina LC): se disponível, converta para morfina de liberação lenta ou para oxicodona quando o paciente estiver estável. Para isso, divida a dose diária de morfina oral de liberação imediata por 2 para obter a dose de morfina de liberação lenta e aplicá-la de 12/12horas (posologia mais aceitável). Por exemplo: um paciente faz uso da morfina de liberação lenta 6x ao dia (10mg) = 60mg/dia / 2 = 30mg, fazendo pela manhã e à noite. Outra opção adequada é trocar a morfina de liberação imediata pela Oxicodona, também obtendo ótimos resultados. • Prescrição da dose de resgate da Morfina: para prescrever dose de resgate de morfina, deve-se considerar a quantidade total de morfina necessária durante 24 horas e dividir por 6 (em caso de dor incontrolável, pode-se chegar a administrar até no intervalo de 30 em 30 minutos, sempre avaliando a possibilidade de toxicidade). Ex.: em uso de 60mg/6 =10 mg, então essa é a dose de escape (normalmente tenta-se fazer de 2/2h). Ou, fraciona as doses diárias e coloca resgate entre elas, pra que o paciente não sinta dor – isso no de liberação rápida → NÃO EXISTE DOSE TETO PARA MORFINA, faz até o controle da dor. Porém, avaliar sempre efeitos colaterais. • Dose noturna da Morfina: na fase de controle da dor, o paciente deve ser acordado durante a noite para tomar a medicação. Após essa fase, a última dose de Morfina de liberação imediata antes de dormir pode ser administrada dobrada, para que o paciente não precise acordar no meio da noite para tomar a medicação. Ex. paciente recebe 15mg de morfina às 3, 7, 11, 15, 19 e 23 horas → mudar a dose das 23h para 30mg e suspender a dose das 3h. • Substituição de um opioide fraco por um forte: existe uma tendência global de substituir opioides fracos (Codeína e Tramadol) por opioides fortes em baixas doses (ex. Morfina 5mg VO 6x/dia e Oxicodona 10mg 2x/dia). Isso ocorre porque tem se observado que opioides fortes em baixas doses têm melhor efeito analgésico que opioides fracos, mas com menos efeitos adversos. Lembrando que a Morfina é um medicamento barato e Oxicodona é bastante caro. • Opioides que mais causam náuseas e vômitos: Tramadol e Codeína geralmente são mais nauseantes do que a morfina, sendo a metadona ainda menos nauseante. A Codeína eventualmente pode dar dor epigástrica também. 6 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 • Opioides mais eficientes para a dor neuropática: Metadona, Tramadol e Buprenorfina são mais eficientes na dor neuropática, até melhor que a morfina. Metadona tem preço bom, é eficiente, porém alguns pacientes podem apresentar alucinações, por isso muitas vezes prefere-se evitar. Mas o efeito é muito bom! • Uso de Oxicodona: ótima opção para dor moderada a grave. Além de sua posologia confortável (12/12 horas), a Oxicodona causa menos constipação e náuseas. Geralmente é bastante útil no caso de dor oncológica com característica mista, visceral e neuropática. • Quando usar Patch Fentanil Transdérmico: deve ser utilizado apenas quando a dor do paciente estiver estável, visto que dura cerca de 24 horas para o adesivo alcançar um estado estacionário de analgesia, de modo que as doses não podem ser alteradas rapidamente. Por isso, quando a via oral não estiver mais disponível, geralmente nos últimos dias de vida, não é indicado iniciar Fentanil Patch, visto que pode demorar muito para atingir o estado estacionário. Além disso, uma vez retirado adesivo, pode levar 12-18 horas para os efeitos irem embora. • Quando usar Patch Buprenorfina Transdérmico: o uso da Buprenorfina é indicado para pacientes com dor moderada a grave, sendo uma opção segura e efetiva para o tratamento da dor crônica oncológica e não oncológica. Além da posologia ser confortável, sendo a troca necessária apenas a cada 7 dias, seu uso não requer ajuste de dose para pacientes idosos e nem com insuficiência renal, não causando, desregulação imunológica, nem em hormônios sexuais. O efeito máximo da droga quando usada pela primeira vez pode levar até 3 dias, portanto, deve-se prescrever analgesia de ação curta nos primeiros 3 dias. A buprenorfina é o único opioide que apresenta um teto para a depressão respiratória quando utilizada isoladamente. Apesar disso, os efeitos da Buprenorfina podem ser completamente invertidos pela Naloxona. Opções de terapia adjuvante • AINE: útil para dor óssea, dor no fígado, infiltração de tecidos moles ou dor inflamatória (efeitos colaterais: ulceração gastrointestinal ou sangramento, insuficiência renal, retenção de líquidos). Geralmente só se usa AINE quando se sabe que a dor é de causa inflamatória, para dor de CA, normalmente não é usado. Sempre fazer proteção gástrica quando usado o AINE, usar um prazol, 1 x ao dia pela manhã em jejum ou se o paciente estiver muito incomodado, pode ser usado também 1 antes do jantar. • Antidepressivo ou anticonvulsivante: útil para dor neuropática (vide tópico de dor neuropática). Nenhuma diferença clara na eficácia entre os dois tipos de medicamento para essa indicação, mas é importante clinicamente lembrar que geralmente a amitriptilina causa mais sono do que a Gabapentina. Os possíveis efeitos colaterais são: ❖ Amitriptilina: confusão e hipotensão. Cuidado para o uso em pacientes com doenças cardiovasculares. ❖ Gabapentina: sedação, tremor, confusão. Reduza a dose em caso de insuficiência renal. • Corticosteróides: favorece o controle de náuseas, melhora do apetite e qualidade de vida por curto prazo. Considere proteção gástrica e monitore a glicemia. As opções mais utilizadas são: ❖ Dexametasona em dose de 4 mg-20 mg/dia VO. Se houver dor intensa associada à plexopatia ou dor por compressão, faz-se 100mg/dia ❖ Metilpredinisolona: é indicado em vários tipos de câncer com infiltração de estruturas nervosas (compressão epidural e intracraniana), metástases ósseas, obstrução intestinal. A dose utilizada é 30mg a 50mg/dia Associações É a parte mais importante da aula!!! • Potencializadores da ação de opioides: ❖ Não existe benefício relevante na associação entre um opioide fraco e um opioide forte ou entre dois opioides fortes para uso contínuo. 7 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 ❖ Paracetamol ou dipirona podem trabalhar sinergicamente com opioides, podendo ser associados ao opioide, pois a potência analgésica é outra. Ex.: O paciente não está melhorando com a morfina, aí o médico vai e coloca um tramal associado, isso não tem benefício relevante pra ser feito. Pode-se utilizar de outras opções como um antidepressivo tricíclico, anticonvulsivante pra controle da dor. Mas, utilizar medicamentos com a mesma ação não tem sentido. OBS.: Não usar tilex com paracetamol, pois o tilex já vem com paracetamol e codeína. Então, usando ambos, pode-se passar a dose máxima diária do paracetamol e o paciente pode fazer insuficiência hepática. Medidas intervencionistas BLOQUEIO • Objetiva interromper impulsos sensoriais de uma região específica do corpo, diminuindo ou até eliminando por completo a dor. • São geralmente realizados com uso de um método de imagem para garantir maior precisão e segurança para o procedimento diretamente na raiz do nervo. • A ação dos bloqueios pode durar horas, semanas e, em casos específicos, até meses. • Através de bloqueios, é possível realizar um “mapeamento da dor”, encontrando o local de origem da dor e, consequentemente, facilitando a elaboraçãode estratégias mais adequadas para o paciente. O exemplo mais conhecido é o bloqueio peridural com corticoide ou também o bloqueio no plexo celíaco para tumores de pâncreas que toda a inervação é pelo plexo celíaco, aí normalmente se consegue controlar bastante essa dor. Tem pacientes que colocam um cateter de Ommaya, colocado através de uma punção peridural, normalmente é o anestesista que faz! É injetado o analgésico diretamente e faz o bloqueio já diretamente, peridural. BOMBA INTRATECAL • Objetiva analgesia de dor crônica e/ou alívio espasticidade por meio de neuromodulação, também através do cateter de Ommaya. • A medicação pode ser injetada de forma contínua ou intermitente, diretamente no LCR, ao redor da medula espinhal e do encéfalo. As bombas estão disponíveis em fluxo ajustável ou contínuo, sendo alojadas no tecido subcutâneo e conectadas, através de um cateter, ao espaço liquórico, onde a medicação é liberada (controle do próprio paciente, mais utilizado em pacientes de Homecare). Pelo SUS só em sistema hospitalar. • Para a analgesia da dor crônica, o medicamento mais utilizado é a morfina, enquanto para crises dolorosas de espasmo ou distonia graves, o mais utilizado é o Baclofeno. As vantagens de tal procedimento são relevantes devido à necessidade de doses menores do que quando administradas por VO ou IV, reduzida taxa de efeitos colaterais e maior potência no controle da dor (porque são liberadas diretamente através do cateter peridural, tendo o efeito muito mais rápido, necessitando, portanto, de doses mais baixas para que se tenha o efeito desejado, diminuindo, portanto, os efeitos colaterais). RADIOFREQUÊNCIA • Excelente ferramenta para o tratamento da dor aguda e crônica, possuindo grande vantagem por ser um método não invasivo que proporciona inibição prolongada da dor. Parecida com a radioterapia, mas é uma radiação mais controlada. Porém, é pouco usada dentro da oncologia. 8 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 O paciente com dor leve utiliza-se os não opióides, nos pacientes com dor moderada pode-se utilizar qualquer um dos medicamentos mencionados na sequência acima, mas se ele estiver com dor forte, analisando se o paciente se encontra em ambiente ambulatorial ou se encontra-se internado, onde pode- se fazer uma medicação via parenteral, venosa ou subcutânea. Muitas vezes os pacientes em cuidados paliativos, em fases terminais ficam muito inchados, por estar acamado, estão desnutridos e fazem hipoalbuminemia. Então apresentam uma certa dificuldade de acesso venoso; às vezes muitos deles usam ainda o Portocath para a quimioterapia, então libera-os para uso de medicações. Entretanto, naqueles pacientes que não possuem Portocath ou qualquer outro tipo de acesso (até acesso venoso periférico ou cateter venoso central é mais difícil), pode-se fazer essas medicações por hipodermóclise, onde a medicação é injetada no subcutâneo, a depender da dose (não se pode injetar via subcutâneo uma dose muito alta), levando ao alívio imediato. Para escape, um paciente que está no hospital que está precisando de melhora da dor e naquela hora não tem acesso, pode-se fazer hipodermóclise via subcutânea. Desse modo, avalia-se o paciente usuário de opióide se houve alívio da dor no período, e se a resposta for sim, deve-se manter a dose estabelecida, mantendo 1/6 da dose diária total como medicação de resgate total até de 30/30min, medidas preventivas para náuseas, vômitos e constipação, não opióides (SN – se o paciente estiver com dor). Se a dor permanecer controlada, considerar passagem para medicação de longa duração (aquela de liberação controlada, lenta). No entanto, se não houve alívio, primeiramente deve- se aumentar a dose em 30-50% da dose administrada ou aumentar de acordo com a quantidade de resgate utilizado. Além disso, deve- se instituir medidas preventivas para náuseas, vômitos e constipação, não opioides (SN – já que houve aumento da dose; lembrar da dipirona e do paracetamol que podem estar associados). Lembrar sempre se o paciente é usuário de opioides, deve-se avaliar a necessidade converter para a dose equianalgésica de outro opioide, aumentar em 30% da dose administrada ou aumentar de acordo com a quantidade de resgate utilizada (lembrar sempre que é necessário ver quanto de resgate o paciente utilizou para calcular a quantidade de dose total), Além disso, deve-se instituir medidas preventivas para náuseas, vômitos e constipação. Se o paciente for virgem de opioides, deve-se lembrar de começar sempre com a dose mais baixa: • Morfina 5mg 4/4h EV e SC ou 10mg VO 4/4h • Usar 1/6 da dose diária total como dose de resgate até de 30/30min (se a dor não estiver controlada) • Medidas preventivas para náuseas, vômitos e constipação • Não opioides (SN) É importante lembrar sempre que os não opioides podem ser utilizados em qualquer situação. Tabela de conversão de opioide para morfina VO Acima, observa-se a conversão da dose de opióide em morfina, onde se tem a codeína, e se for utilizada 60mg dela, utiliza-se 6mg de morfina oral, pois a taxa de conversão é de 10:1. 100mg de tramadol corresponde à 20mg de morfina oral, já que a taxa de conversão é de 5:1. A MLC possui taxa de conversão de 1:1, enquanto que a oxicodona se for utilizada 10mg, converte-se para 20mg a morfina oral, pois a sua taxa de conversão é de 1:2. Quando é parenteral, muda um pouquinho, como por exemplo, a morfina IV ou SC apresenta a taxa de conversão 1:3, enquanto fentanil IV ou SC a taxa 9 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 de conversão é de 1:30. Desse modo, é importante lembrar que quando se começa a morfina por via endovenosa, deve-se triplicar a dose, quando for fazer a morfina oral, e o fentanil aumenta em trinta vezes. Intoxicação por opioides • Uma overdose pode ser fatal e requer cuidados de emergência imediatos. • Os sintomas podem incluir respiração superficial, confusão, estado de alerta diminuído e perda de consciência. • A overdose de opioides é uma emergência médica. • Os tratamentos incluem o uso de medicamentos como naloxona (dose inicial de 0,4mg a 2mg), que revertem os efeitos dos opioides. É importante entender que o mais difícil é diagnosticar, pois quando um paciente oncológico chega rebaixado pode-se pensar em uma série de coisas, como uma hipercalcemia, pode estar com metástase cerebral. No entanto, se ele faz uso de morfina ou algum outro opioide, deve-se pensar em intoxicação. DESCARTAR OUTRAS CAUSAS • Deve-se excluir outras causas reversíveis além de toxicidade por opioides, exemplo, sepse, hipercalcemia, metástase cerebral, efeito adverso de outras drogas. • Em particular, alguns desses sinais podem estar presentes em pacientes que estão de fato morrendo, em vez de estar em intoxicação por opioide. Nesses casos, os sintomas devem ser paliados, em vez de descontinuar o opioide. Logicamente deve-se colher a história clínica, além de colher exames laboratoriais que podem auxiliar no diagnóstico, descartando algumas suspeitas. No exame laboratorial deve-se atentar bastante à função renal, já que a depuração dos opioides são feitas pelos rins. Então a intoxicação pode ocorrer devido à insuficiência ou disfunção renal. A intoxicação por opioide deve estar na suspeita SIM, mas não é o mais comum de acontecer. Em caso de disfunção renal, deve-se suspender IMEDIATAMENTE o uso de opioides, trocando por outro tipo de analgésico, menos opioide. A reversão não é imediata, podendo demorar em torno de 48h para que o paciente acorde. • ATENÇÃO: a presença do sensório sem pupila puntiforme é indicativa de que a causa do rebaixamento do nível de consciência não é peloopioide em si (se o paciente estiver com pupila puntiforme, deve-se pensar em intoxicação por opioide); • Definir a causa mais provável da toxicidade por opioide, possibilidades: ❖ Recebe uma dose maior, acidentalmente (esqueceu que já tinha tomado, e tomou de novo). ❖ Possui ou desenvolve algum dano renal ou hepático, impedindo secreção ou metabolismo do opioide. ❖ Responde à terapia adjuvante, levando a uma menor necessidade de opioide (aquele paciente que está bem controlado, tanto a doença, quanto a dor, mas ainda não passou no médico para reduzir a dose). ❖ Possui dor que não responde à opioides (nesse caso, outras drogas analgésicas devem ser usadas e muitas vezes está associada ao opioide. ❖ Utiliza associado ao opioide outras drogas que juntas levem à depressão do SNC. Ex: benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos. Manejo da intoxicação por opioides Quando esses sintomas forem leves (vômitos, sonolência aumentada, pupila puntiforme) deve-se reduzir a dose do opióide em 1/3 e garantir uma boa hidratação sempre que possível! Essa é uma opção quando os sintomas que o paciente apresenta são leves, ou seja, ele apresenta alguns sintomas, mas ainda assim encontra-se vigil, no máximo 10 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 sonolento, mas quando ele é chamado, acorda. Se o paciente estiver sonolento, provavelmente ele vai estar internado, então diariamente avalia-o, podendo então ser feita a estratégia citada anteriormente. Entretanto, se o paciente tem gravidade moderada, ele apresenta confusão, mioclonia, espasmos musculares, sonhos vívidos, alucinações e agitações, e aí termina que vai haver uma formulação geralmente de liberação imediata, omitindo a próxima dose e reiniciando com dose menor, sempre reduzindo em 1/3. Além disso, deve-se considerar converter para formulações de liberação imediata (às vezes 4/4h) reduzindo a dose (em 1/3), e sempre re-titular e reidratar esse paciente. Se for infusão subcutânea, deve-se parar por 4-6h e reavaliar; se houver melhora, recomeçar com dose menor (1/3 da dose). Se for um Patch transdérmico, deve-se procurar ajuda com a equipe de dor e cuidados paliativos, pois nesses casos vai ser necessário retirar o Patch, e aí o paciente vai sentir dor, e como nesses casos vai ser mais difícil, vai ser necessária a equipe da dor. Se o paciente estiver grave, deve-se parar de utilizar opioides. Nesses casos, quem não for especialista para o opioide, chama a equipe de cuidados paliativos, ou a clínica da dor, pois são casos mais difíceis. Esse paciente muitas vezes faz depressão respiratória, hipotensão e perda de consciência. Se o paciente estiver na emergência, e suspeita- se de intoxicação por opioides, deve-se fazer naloxone. O uso de naloxone pode levar à suspensão aguda de opioide e fazer com que a dor do paciente piore à medida que o efeito do opioide é revertido. Portanto, deve ser utilizado somente em casos de toxicidade severa. Nessa situação vai ser necessário apoio da equipe de cuidados paliativos. Náuseas e vômitos Anamnese Avaliar sempre a intensidade, duração, frequência, volume e qualidade (de quanto em quanto tempo está vomitando, quantas vezes ao dia, com que frequência, se são vômitos pós alimentares, biliosos ou fecalóides). Deve-se questionar se é após a quimioterapia, e se for, saber quantos dias após a quimio ocorre, no entanto, às vezes tem pacientes que fazem vômito pré quimio, só de pensar em ir para a clínica, eles vomitam. Investigar também se existem alguns fatores de melhora, de alívio, ou fatores que exacerbam esses sinais, e isso tudo deve estar na anamnese. O hábito intestinal é importantíssimo, pois muitas vezes existem casos em que os vômitos são relacionados aos hábitos intestinais, como constipação. Além disso, deve-se investigar as medicações em uso, quais medicamentos o paciente utilizou para as náuseas e vômitos, ajustando isso caso seja necessário. Exame físico Sinais de desidratação, pois às vezes o paciente vomitou tanto que ficou desidratado, além de sepse e toxicidade por drogas. Além disso, deve-se avaliar o SNC, pois ele pode rebaixar o nível de consciência por estar muito desidratado, abatido, que às vezes ele começa a ter alterações no sensório. No exame físico deve-se avaliar o seguimento abdominal completo, pois pode-se palpar uma massa abdominal, um tumor, ou às vezes é uma ascite que está causando as náuseas e vômitos; o paciente está com o abdome tão distendido devido à ascite que o leva a vomitar. Os exames complementares são necessários para avaliar e afastar suspeitas, como um raio X em casos de vômitos fecaloides, onde vai ser possível identificar um fecaloma. Exames de laboratório e de imagem Exames de laboratório: precisa-se de cálcio (a hipercalcemia pode ocasionar vômitos), glicemia, marcadores hepáticos e pancreáticos (transaminases, fosfatase alcalina, gama GT, para avaliar se existe algum sinal de obstrução biliar – o vômito bilioso pode ser indício de obstrução biliar por algum tumor na vesícula ou nas vias biliares), 11 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 hemograma, função renal (lembrar de uremia, que é uma das causas de vômito) e eletrólitos (como o paciente está vomitando, ele pode estar precisando repor potássio, fazendo hipernatremia por desidratação). Então, todos esses exames devem ser realizados. O Rx de abdome vai ser feito se houver necessidade, quando houver suspeita de obstrução. Não farmacológico • Realizar pequenas refeições e em intervalos menores: a alimentação do paciente oncológico é complicada porque às vezes o paciente não quer comer, mas a família fica enfiando comida e aí o paciente vomita, então não adianta nada; deve-se lembrar de orientar o paciente a realizar as pequenas refeições com intervalos menores, para que não se faça uma estase gástrica, piorando ainda mais o vômito. • Não obrigar o paciente a comer o que ele não tolera; • Ofertar alimentos que sejam de preferência do paciente; quanto mais líquido, pois ele tem uma digestão mais rápida, então logicamente ele não vai fazer uma alta refeição a ponto de vomitar Quando é feita uma dieta mais líquida, mais espessa, a digestão é facilitada e o paciente tem menos risco de vomitar. ▪ Se possível, evitar que o paciente deite logo após as refeições: se o paciente estiver acamado, elevar a cabeceira da cama por uma ou duas horas após a ingestão de alimentos. ▪ Evitar preparações em temperaturas extremas, preferindo alimentos à temperatura ambiente ou frios. ▪ Evitar ingestão de líquidos durante as refeições (minimiza a pressão no estômago e o refluxo). ▪ Recomendar de 8 a 10 copos de líquido entre as refeições para evitar a desidratação (isso se o paciente estiver em casa). Dar preferência aos líquidos claros (água e sucos). Gelo, gengibre (faz um suco e coloca raspas, que o gengibre auxilia nos sintomas), caldos e gelatinas são boas opções. ▪ Regularizar hábito intestinal: constipação é comum causa de náusea. ▪ Garantir boa higiene oral. ▪ Fornecer acupuntura e apoio psicológico. Farmacológicos Acima, observa-se os medicamentos mais utilizados. A metoclopramida, conhecida como Plasil, é a mais utilizada, assim como a domperidona, conhecida como Motillium (normalmente pede-se para utilizar 30 min antes das refeições, pois ela auxilia no esvaziamento gástrico, sendo muito útil para evitar estase gástrica). O haloperidol, conhecido como Haldol também é um antiemético. A ondansetrona é uma das drogas mais utilizadas pelos oncologistas, sendo utilizada como pré medicação antes da quimioterapia, principalmente quando se tem certeza que o quimioterápico causa náuseas e vômitos, sendo necessárioestar prescrito previamente à quimioterapia. Por fim, a escopolamina é útil se o paciente estiver vomitando devido à obstrução intestinal. A meclizina é um medicamento de segunda linha, assim como a levomepromazina e a olanzapina 12 Beatriz Machado de Almeida Oncologia – Cuidados Paliativos – Aula 6 (também é um anticonvulsivante). De terceira linha temos o aprepitanto (muito utilizado), o dimenidrinato (dramin) e a dexametasona (utilizada em alguns casos). A sonda é utilizada em alguns casos para alimentar direto, mas essa sonda utilizada muitas vezes não se consegue passar no paciente, pois é necessária a colaboração do mesmo (a sonda nasoenteral). Então termina que o paciente acaba vomitando aquilo ali. Portanto, na grande maioria das vezes, prioriza-se a via oral, caso ela esteja pérvia, sem nada obstruindo, onde foi afastada a obstrução intestinal, tenta manter o paciente se alimentando por via oral, ajustando os antieméticos. No entanto, se forem pacientes com vômito fecalóide, deve-se passar uma sonda nasogástrica, com calibre mais grosso, para fazer um “filtro”, um dreno. A sonda é deixada aberta, com dieta zero, porque muitas vezes esse paciente encontra-se com uma obstrução intestinal. Então faz-se Rx de abdome agudo para avaliar se há obstrução, passa a sonda, que fica aberta ou com aspiração, para que seja drenado todo o conteúdo gástrico e o paciente não vomite. O paciente vai ficar em dieta zero até dar um descanso para o intestino e melhorar os vômitos, ou até quando houver necessidade. Nesses casos os pacientes são nutridos com soro, mas se o paciente estiver ainda com a sonda ainda produtiva e o profissional estiver sem perspectiva de retirar aquela sonda, aí é feita a nutrição parenteral (chama o pessoal da nutrologia que vai prescrever corretamente). Dessa forma, a sonda normalmente é utilizada nesse aspecto, mas se o paciente estiver com vômito fecalóide, houver suspeita de obstrução maligna ou obstrução comprida (o paciente operou de câncer e apresenta uma aderência intestinal e está vomitando). Então, às vezes não é necessariamente o câncer, mas uma aderência comprida. No caso de obstrução por aderência, até o paciente reverter esse quadro, deve-se fazer nutrição parenteral para evitar uma desnutrição maior desse paciente.
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