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Imunologia Componentes celulares do sistema imune inato As células desse sistema, atuam como barreiras contra infecções e como sentinelas (como um soldado em posto) para detectar microorganismos e células que estejam danificadas em algum tecido • Barreiras Epiteliais: Os epitélios nas portas de entrada dos microrganismos atuam como barreiras físicas, produzem substâncias antimicrobianas e abrigam linfócitos intraepiteliais que “acreditam” serem capazes de matar microrganismos e células infectadas As principais entre o ambiente e o hospedeiro mamífero são: A pele As superfícies de mucosa dos tratos gastrintestinal, respiratório e geniturinário. OBS: a perda da integridade dessas camadas epiteliais por traumatismo ou outras causas predispõe um indivíduo às infecções • Células epiteliais: formam as zônulas de oclusão (tight junctions) umas com as outras, bloqueando a passagem de microrganismos entre as células. • Queratina: a camada externa que se acumula à medida que os queratinócitos na superfície morrem, serve para bloquear a penetração microbiana nas camadas mais profundas da epiderme. • Muco: uma secreção viscosa contendo glicoproteínas chamadas mucinas, é produzido por células epiteliais respiratórias, gastrintestinais e urogenitais. A função dessas barreiras é intensificada pela ação ciliar na árvore brônquica e pelo peristaltismo no intestino, facilitando a eliminação dos corpos estranhos. Outros mecanismos de defesa epitelial evoluíram para complementar a barreira mecânica. ➢ Essas células e alguns leucócitos produzem peptídeos com propriedades antimicrobianas. Duas famílias com estruturas diferentes de peptídeos antimicrobianos são as: • Defensinas: produzidas por células epiteliais de superfícies mucosas e por leucócitos contendo grânulos, incluindo neutrófilos, células natural killer e linfócitos T citotóxicos; são pequenos peptídeos (29-34 aminoácidos) com regiões catiônicas e hidrofóbicas + 3 ligações de dissulfelto intracadeia. As duas famílias de defensinas humanas são classificadas em α e β, elas se diferenciam pela localização da ligação As ações protetoras incluem: • Toxicidade direta aos microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus envelopados • Ativação de células envolvidas na resposta inflamatória aos microrganismos. • Elas matam microrganismos por meio de vários mecanismos, muitos dependem da habilidade de se inserir e desorganizar as funções das membranas microbianas • Catelicidinas: produzidas por neutrófilos e células epiteliais, quando ativas, dão proteção contra infecções por múltiplos mecanismos, incluindo toxicidade direta a uma ampla gama de microrganismos, e ativam várias respostas em leucócitos. O fragmento C-terminal, chamado LL- 37, pode se ligar e neutralizar LPS, o componente tóxico da parede externa de bactérias Gram-negativas reconhecido por TLR4. Os epitélios de barreira contêm certos tipos de linfócitos, incluindo linfócitos T intraepiteliais, que reconhecem e respondem aos microrganismos comumente encontrados Embora a maioria dos linfócitos T sejam mediadores de imunidade adaptativa, uma característica comum das células T intraepitliais é diversidade limitada de receptores antigênicos, comparada com a maioria das células T no sistema imune adaptativo. Acredita-se que esses linfócitos T intraepiteliais reconhecem um número pequeno de estruturas Microbianas. E também é possível que esses linfócitos sejam ativados pelas citocinas e outras moléculas produzidas por células epiteliais em resposta ao estresse e não pelo reconhecimento do antígeno. Fagócitos Constituem a primeira linha de defesa contra microrganismos que rompem as barreiras epiteliais. • Macrófagos (Alguns macrófagos ativados também produzem fatores de crescimento para fibroblastos e células endoteliais que participam no reparo dos tecidos após as infecções e lesões.) • Neutrófilos Tem grande importância e a gente consegue ver por conta da alta frequência de infecções fúngicas e bacterianas letais em pacientes com baixas contagens de neutrófilos no sangue. Isso pode ser decorrente de: • Cânceres de medula óssea • Quimioterapia e tratamento com radiação (que destrói as células imaturas na medula óssea) • Deficiências hereditárias nas funções de neutrófilos e macrófagos. Alguns macrófagos estão sempre presentes na maioria dos tecidos e atuam como sentinelas de infecção, enquanto outros fagócitos, incluindo monócitos e neutrófilos, são recrutados para os tecidos infeccionados em resposta aos microrganismos ou aos sinais gerados pelas células sentinela 1. A fagocitose é um processo dependente de energia e ativo de englobamento de partículas grandes>0,5 m de diâmetro no interior de vesículas. 2. As vesículas fagocíticas se fundem aos lisossomos, onde então as partículas ingeridas são destruídas. 3. Assim, os mecanismos de killing, que potencialmente poderiam lesar o fagócito, são isolados do restante da célula. Células Dendríticas (DCs) Detectam de forma rápida e eficiente os invasores, devido à sua localização nos tecidos e expressão de numerosos receptores de reconhecimento de padrão para PAMPs e DAMPs Secretam citocinas inflamatórias que promovem o recrutamento de leucócitos adicionais vindos do sangue. E a subpopulação de DCs plasmacitoides constitui a principal fonte de citocinas antivirais: os interferons do tipo I, produzidas em resposta a infecções virais • As reações das DCs na resposta inata inicial intensificam a habilidade das DCs de ativar células T na resposta imune adaptativa subsequente. • Além disso, dependendo da natureza do microrganismo indutor da resposta inata, uma DC direcionará a diferenciação da célula T naive para tipos distintos de células efetoras, como células Th1 produtoras de interferon-γ ou células Th17produtoras de IL-17. Células Linfoides Inatas produtoras de Citocinas (ICLs) Derivadas da medula óssea com morfologia de linfócito, descobertas como células produtoras de citocinas similares as produzidas pelas células T, mas sem TCRs. Por que são chamadas de linfoides e não linfócitos? Pois não expressam receptores antigênicos diversificados clonalmente distribuídos como se observa nos linfócitos T com os quais se assemelham. Existem três subpopulações de células linfoides inatas que surgem do mesmo precursor lindoide que origina as cl B e T, mas as etapas não são totalmente conhecidas. • ILC1 • ILC2 • ILC3 Elas produzem diferentes citocinas e expressam diferentes fatores de transcrição. Cada citocina produzida por cada subpopulação determinam os papéis dessas células na defesa, sendo necessários fatores de transcrição para a diferenciação e função de cada uma. Subpopulações de ILC podem participar da defesa do hospedeiro contra patógenos distintos, e também podem estar envolvidas em distúrbios inflamatórios: • As ILC1 são importantes para a defesa contra microrganismos intracelulares. • As ILC2 são importantes na defesa contra parasitas helmintos e também contribuem para as doenças alérgicas. • As ILC3 são encontradas em sítios de mucosa e participam na defesa contra fungos e bactérias extracelulares, e na manutenção da integridade das barreiras epiteliais Células Natural Killer (NK) São células citotóxicas que exercem papéis importantes contra vírus e bactérias intracelulares. • O nome natural killer vem do fato de sua principal função ser o killing de células infectadas, de forma similar às células killer do sistema imune adaptativo, os linfócitos T citotóxicos (CTLs), e, estão sempre prontas para agir, desenvolvidas, na ausência de diferenciação adicional portanto, natural. Constituem 5-15% das células mononucleares presentes no sangue e no baço. São raras em outros órgãos linfoides,porém são mais abundantes em certos órgãos como o fígado e a placenta Tem estudo que aborda como se elas fossem ILC1 por secretarem IFN-γ, mas o que diferencia é o local onde encontramos: • As ILCs são encontradas nos tecidos periféricos e raramente no sangue e órgãos linfoides 1. No início do curso de uma infecção viral, as células NK são expandidas e ativadas pelo reconhecimento de ligantes ativadores presentes nas células infectadas 2. O IFN-γ ativa macrófagos a destruírem microrganismos fagocitados 3. As NK tem grânulos que contém proteínas (assim como mas CTLs), quando elas são ativadas acontece a exocitose que libera essas proteínas na parte adjacente das células-alvo. 4. As granzimas (enzimas proteolíticas) vão iniciar com uma sequência de sinalização que causa a morte das células-alvo por apoptose 5. Quando essas células infectadas por vírus ou bactérias intracelulares morrem as NK eliminam os reservatórios de infecção. • Os receptores de ativação das NK estimulam proteínas quinases que fosforilam substratos de sinalização downstream • Os receptores de inibição estimulam fosfatases que contrapõem as quinases. Em geral, os receptores ativadores reconhecem ligantes em células infectadas e lesadas, enquanto os receptores inibidores reconhecem ligantes em células sadias normais Exemplos: • receptores de célula killer do tipo imunoglobulina (Ig) • NKG2D (pertencente à família de lectinas tipo C) • CD16 (receptor de baixa afinidade para anticorpos IgG.) • KIRs inibidores se ligam a várias moléculas de MHC • Heterodímero CD94/NKG2A Os receptores ativadores têm motivos de ativação com base na tirosina do imunorreceptor, os inibidores também, mas eles vão bloquear os sinais ativadores Linfócitos T e B com Diversidade Limitada de Receptor Antigênico A maioria são do sistema imune adaptativo e tem repertório de especificidade bem grande, só que certas populações pequenas de linfócitos expressam receptores antigênicos estruturalmente iguais àqueles das células T e B, mas esses receptores exibem pouquíssima diversidade. • T natural killer invariantes (iNKT) • T invariantes associadas à mucosa (MAIT) • T intraepiteliais com TCRs αβ Embora essas células T e B desempenhem funções similares àquelas exercidas por suas contrapartes clonalmente mais diversificadas, a natureza de suas especificidades as coloca em uma categoria especial de linfócitos que são mais próximos das células da imunidade inata do que das células da imunidade adaptativa Mastócitos Células sentinelas presentes na pele, epitélio de mucosa e tecidos conectivos que rapidamente secretam citocinas pró- inflamatórias e mediadores lipídicos em resposta à infecção e outros estímulos. Contêm grânulos citoplasmáticos abundantes repletos de vários mediadores inflamatórios que são liberados quando as células são ativadas, seja por produtos microbianos ou por um mecanismo especial dependente de anticorpo. Os conteúdos dos grânulos incluem aminas vasoativas como a histamina causadoras de vasodilatação e permeabilidade capilar aumentada, bem como enzimas proteolíticas capazes de matar bactérias ou inativar toxinas microbianas. Sintetizam e secretam: • mediadores lipídicos como as prostaglandinas • citocinas como o TNF. Geralmente estão localizados nas adjacências dos vasos sanguíneos, portanto seus conteúdos de grânulos liberados rapidamente induzem alterações nos vasos sanguíneos que promovem inflamação aguda Resposta Inflamatória O principal meio usado pelo sistema imune inato para lidar com infecções e lesão tecidual é estimular a inflamação aguda. • Consiste no acúmulo de leucócitos, proteínas plasmáticas e líquido derivado do sangue em um sítio de infecção ou lesão tecidual extravascular. Os leucócitos e proteínas plasmáticas, normalmente circulam no sangue e são recrutados para os sítios de infecção e lesão, onde desempenham as funções efetoras que matam microrganismos e iniciam o reparo do tecido danificado. ➢ o primeiro leucócito a ser recrutado é o neutrófilo, por ser o leucócito mais abundante no sangue e o que responde mais rápido aos sinais quimiotáticos. ➢ Os monócitos sanguíneos, que se transformam em macrófagos no tecido, tornam-se cada vez mais proeminentes com o passar do tempo e podem formar a população dominante em algumas reações. Proteínas plasmáticas importantes que entram nos sítios inflamatórios: • proteínas do complemento, • os anticorpos • reagentes de fase aguda A distribuição desses componentes no sítio inflamatório depende de alterações reversíveis que ocorrem nos vasos sanguíneos junto ao tecido infectado ou lesado: Fluxo sanguíneo aumentado para o tecido, decorrente de vasodilatação Aumento da aderência dos leucócitos circulantes ao revestimento endotelial das vênulas Permeabilidade aumentada dos capilares e vênulas aos fluidos e proteínas plasmáticas. Essas alterações são induzidas por citocinas e pequenas moléculas mediadoras inicialmente derivadas de células sentinela residentes no tecido: Mastócitos Macrófagos DCs Células endoteliais, em resposta à estimulação por PAMPs e DAMPs À medida que o processo inflamatório se desenvolve, os mediadores podem ser derivados dos leucócitos recém-chegados e ativados, bem como de proteínas do complemento. A inflamação aguda pode se desenvolver em questão de minutos a horas e durar dias. A inflamação crônica é um processo que passa a assumir o controle a partir da inflamação aguda, quando a infecção não é eliminada ou a lesão tecidual é prolongada. Em geral, envolve o recrutamento e ativação de monócitos e linfócitos. Os sítios de inflamação crônica sofrem remodelamento tecidual, com angiogênese e fibrose. Embora estímulos imunes inatos possam contribuir para a inflamação crônica, também pode haver envolvimento do sistema imune adaptativo, porque as citocinas produzidas pelas células T são potentes indutores de inflamação. Citocinas Pró-inflamatórias da Imunidade Inata São produzidas principalmente por macrófagos e DCs teciduais • Atuam sobre as células que estão próximas à célula de origem • Diferentes citocinas têm ações similares ou sobrepostas, ou são funcionalmente singulares • Exercem vários papéis: indução de inflamação, inibição da replicação viral, promoção de respostas de célula T e limitação das respostas imunes inatas. • Muitas são produzidas por células imunes inatas, como TNF, IL-17, IL-5 e IFN-γ, também são produzidas por linfócitos T em respostas imunes adaptativas Três das citocinas pró-inflamatórias mais importantes do sistema imune inato são: TNF, IL-1 e IL-6. Fator de Necrose Tumoral (TNF-α) Produzidos nos macrófagos e DCs, e existem dois tipos: I (TNF-RI) e II (TNF-RII). A ligação da citocina a alguns membros da família, como TNF-RI, pode levar ao recrutamento de uma proteína adaptadora que ativa caspases e deflagra apoptose. Assim, diferentes membros da família do receptor de TNF podem induzir expressão gênica ou morte celular, sendo que alguns podem fazer as duas coisas. Interleucina-1 A principal fonte celular de IL-1 são os fagócitos mononucleares ativados. Existem duas formas de IL-1 chamadas IL-1α e IL-1β, que apresentam menos de 30% semelhança entre si, mas se ligam aos mesmos receptores de superfície celular e tem as mesmas atividades biológicas. Interleucina-6 É sintetizada por fagócitos mononucleares, DCs, células endoteliais vasculares, fibroblastos e outras células em resposta aos PAMPs e também à IL-1 e ao TNF. • Tem efeitos locais e sistêmicos • Induz a síntese de reagentes de fase aguda pelo fígado, estimula a produção de neutrófilos na medula óssea promove a diferenciação de células T auxiliares produtoras de IL-17. • Um dos principais contribuidorespara a inflamação em várias doenças inflamatórias humanas, entre as quais a artrite reumatoide, e anticorpos específicos para o receptor de IL-6 são usados no tratamento de algumas formas de artrite Ações locais e sistêmicas das citocinas na inflamação. TNF, IL-1 e IL-6 produzem múltiplos efeitos locais e sistêmicos. • TNF e IL-1: atuam nos leucócitos e no endotélio induzindo inflamação aguda, e ambas induzem expressão de IL-6 em leucócitos e outros tipos celulares. • TNF, IL-1 e IL-6: medeiam os efeitos sistêmicos protetores da inflamação, incluindo a indução de febre, síntese de proteínas de fase aguda pelo fígado, e produção aumentada de leucócitos pela medula óssea. • • TNF sistêmico: pode causar anormalidades patológicas que levam ao choque séptico, incluindo a função cardíaca diminuída, trombose, vazamento capilar e anormalidades metabólicas decorrentes de resistência à insulina. Classes de moléculas microbicidas que são comprovadamente as mais importantes: Espécies reativas de oxigênio: neutrófilos ativados e, em menor extensão, macrófagos, convertem o oxigênio molecular em ROS, que são agentes oxidantes altamente reativos contendo radicais livres que destroem microrganismos. Óxido nítrico: macrófagos produzem espécies reativas de nitrogênio, principalmente óxido nítrico, por meio da ação de uma enzima chamada óxido nítrico sintase induzível (INOS) • Dentro dos fagolisossomos, o óxido nítrico pode se combinar ao peróxido de hidrogênio ou ao superóxido, gerados pela oxidase do fagócito, e produzir radicais peroxinitrito altamente reativos que podem matar microrganismos Enzimas proteolíticas: neutrófilos e macrófagos ativados produzem várias enzimas proteolíticas nos fagolisossomos, as quais atuam destruindo os microrganismos
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