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A retirada parcial (hemitireoidectomia) ou total (tireoidectomia) é um procedimento cirúrgico que evoluiu bastante no último século e tornou-se uma cirurgia segura e com resultados majoritariamente favoráveis. A tireoidectomia pode ser realizada para uma série de condições benignas e malignas, incluindo nódulos da tireoide, hipertireoidismo, bócio obstrutivo, câncer de tireoide, linfoma da tireoide primária (o linfoma primário da tireoide é tratado com quimioterapia e/ou radiação, o papel da cirurgia limita-se à obtenção de biópsia tecidual e metástases na tireoide.) Figura 1: Posição do paciente durante um tireoidectomia e localização da incisão Fonte: WANG, LYDEN e SOSA; 2020. 1. O que orientar a um paciente candidato a uma tireoidectomia total? Devem ser feitas as seguintes orientações: • Cálcio: É importante orientar sobreo uso de cálcio, principalmente após cirurgia de tireoidectomia total. Ele é prescrito para evitar ou tratar os sintomas desagradáveis da hipocalcemia, como formigamentos e câimbras. São utilizados quase sempre temporariamente, e serão retirados conforme a função das glândulas paratireoides se restabelecerem. • Reposição Hormonal: Orientar sobre a necessidade de reposição dos hormônios tireoidianos que vão parar de ser produzidos com a retirada da tireoide e são necessários para o bom funcionamento corporal pois, além de outras funções, regulam o metabolismo. • Evitar tomar qualquer medicação que contenha ácido acetil salicílico por 10 dias antes da cirurgia. Remédios como AAS, Aspirina, Buferin ou Melhoral, por exemplo, não devem ser tomados. O uso destes remédios aumenta muito o risco de sangramento durante a cirurgia e no pós operatório. • Jejum - Na cirurgia de tireoide é necessário um jejum de pelo menos 8 horas. • Dreno - O local que foi operado produz uma secreção sanguinolenta que é drenado por um mecanismo de aspiração à vácuo, o dreno. Este dreno normalmente está localizado abaixo da incisão cirúrgica e permanece até o momento que o paciente for de alta. Quando o dreno é retirado, é normal que fique saindo um pouco de secreção sanguinolenta pelo orifício do dreno, que vai diminuindo progressivamente até o orifício fechar sozinho, o que dura por volta de 2 dias. Enquanto isso um curativo com gaze e micropore deve ocluir o local, e deve ser trocado quando fica sujo de sangue, no mínimo 1 vez ao dia. A partir do momento que não há mais saída de secreção, o local pode ficar descoberto. • Curativo - A incisão de tireoidectomia fica coberta por um curativo de micropore. Este curativo é formado por vários pedaços dispostos em paralelo e tem uma tripla função proteger a incisão de bactérias e sujeiras servir como pontos falsos auxiliando no resultado estético da cicatriz proteger do sol, que é um dos grandes inimigos de uma boa cicatrização. • No pós operatório, o paciente pode sentir náuseas e vômitos devido a anestesia; dor e sensação de garganta inflamada, e tosse devido a manipulação da traqueia e por inflamação das cordas vocais pela intubação durante a anestesia geral. 2. Quais os riscos que podem ocorrer nesta cirurgia? As complicações da cirurgia da tireoide incluem seroma ou hematoma, rouquidão ou mudança de voz, paresia de cordas vocais ou paralisiam lesão do nervo laríngeo recorrente, fístula de chyle, lesão traqueal ou esofágica, e disfagia. Outras possíveis complicações são: • Hipocalcemia devido ao hipoparatireoidismo: Junto a glândula tireoide, existem as glândulas paratireoides, que em geral são em número de 4. Elas são responsáveis pela produção do hormônio calcitonina que regula o nível de cálcio no sangue. Após uma tireoidectomia, pode haver uma diminuição temporária ou definitiva da função destas glândulas levando a queda dos níveis de cálcio no sangue (hipocalcemia). • Síndrome de Horner — A síndrome de Horner é uma síndrome neurológica causada pela interrupção da via simpática que abastece a cabeça, o olho e o pescoço. Os sintomas da síndrome de Horner são miose, ptose e anidrose. A síndrome de Horner é uma complicação muito rara (0,2%) da tireoidectomia que é mais frequentemente associada a uma dissecção lateral do pescoço. A corrente simpática pode ser interrompida devido a danos isquêmicos no nervo, alongamento da cadeia simpatizante cervical pelo retrátil, ou hematoma pós-operatório. • Hemorragia pós-operatória ---- A hemorragia pós-operatória em cirurgia da glândula tireoide pode comprimir a traqueia, dificultando a respiração. O sangue acumula-se na cápsula fibrosa da glândula. Figura 2: Localizações da paratireoide Fonte: WANG, LYDEN e SOSA; 2020. • Atrofia ou remoção cirúrgica inadvertida de todas as glândulas paratireoides - A posição variável das glândulas paratireoides, sobretudo das inferiores, acarreta o risco de sua lesão ou retirada durante cirurgias no pescoço. As glândulas paratireoides superiores podem ocupar posição tão alta quanto a cartilagem tireóidea, e as glândulas inferiores podem estar em nível bem baixo, na altura do mediastino superior. A atrofia ou remoção cirúrgica inadvertida de todas as glândulas paratireoides acarreta tetania, uma síndrome neurológica grave caracterizada por espasmos musculares e cãibras. Os espasmos generalizados são causados por diminuição dos níveis séricos de cálcio. REFERÊNCIAS: • WANG, Tracy S; LYDEN, Melanie L; SOSA, Julie Ann. Tireoidctomia. UPTODATE, 2020. • L., M.K.; F., D.A.; R., A.A.M. Anatomia Orientada para Clínica, 8ª edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2018. • CAPUZZO, Renato de Castro. O que você precisa saber sobre Tireóide?. Sociedade Brasileira de Cabeça e Pescoço, 2018.
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