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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 Desenvolvimento da Polpa A polpa dentária é a estrutura interna ao dente, formada por tecido conjuntivo frouxo, formado por duas periféricas, a camada de odontoblastos e a subodontoblástica; que é ricamente vascularizado e inervado. Junto com a dentina, formam o complexo dentina- polpa/dentinho-pulpar, tendo sua origem embriológica na papila dentária (ectomesênquima). A polpa deriva da papila dentária, sua origem é ectomesenquimal; as mudanças na papila iniciam na fase de campanula quando há a diferenciação das células em odontoblastos. A papila é constituída, em sua maioria, por células indiferenciadas. A vascularização da papila acontece quando os ramos da artéria alveolar à penetram, chegando até a periferia. As primeiras fibras nervosas na papila aparecem, entretanto, mais tarde, quando a fase de coroa está de fato estabelecida. A papila passa a ser polpa, quando as células ectomesenquimais diminuem, e passamos a ver a presença de fibroblastos e o aumento de fibras colágenas na matriz extracelular, essa transformação está completa quando o dente eclode. A polpa é formada por tecido conjuntivo frouxo, dividida em duas camadas: odontoblásticas e subodontoblásticas; esta é dividida entre pobre e rica em células. Camadas da polpa • Camada odontoblástica A camada odontoblástica, que se desenvolve durante a dentinogênese, é a camada mais externa/periférica da polpa; que, depois de formar a dentina, se ligam a esta por meio dos prolongamentos contidos nos túbulos dentinários. Quando se observa a camada odontoblástica, na região de coroa, tem-se uma aparência de pseudoestratificação, e isso ocorre porque os odontoblastos são maiores e mais numerosos na coroa do que raiz. É sabido que os odontoblastos são secretores de proteínas, principalmente colágeno do tipo I; quando o dente está formado, eles, os odontoblastos, podem estar em secreção ou em repouso e, quando estão totalmente diferenciados, eles são altamente polarizados, com o seu núcleo próximo a região subodontoblástica. Os odontoblastos são células ricas de RER, com complexo de Golgi bem desenvolvido, lisossomos, mitocôndrias, e, tem-se, o citoesqueleto rico em microtúbulos, filamentos de actina e filamentos intermediários. Esses elementos podem ser encontrados em grandes quantidades na porção distal dos odontoblastos. Eles estabelecem um contato entre si, chamados de junções intercelulares. Tem-se a junção do tipo fáscia ou macula, que está ao logo da superfície lateral do odontoblastos, também temos junções comunicantes, junções aderentes e junções oclusivas, do tipo macular, focal e não zonular, assim é observada a divisão entre a dentina e a polpa. Quando pontuamos os prolongamentos, observa-se poucas organelas, e, quando atravessa a pré-dentina, o prolongamento penetra no túbulo dentinário. • Camada subodontoblástica: está abaixo da camada odontoblástica, e se dividem em duas, a mais periférica, pobre em celular, e a posterior, rica em células. Zona pobre em células: chamada de zona de Weill, tem a presença de poucas células, mas com os Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 prolongamentos das células adjacentes, que se conectam aos odontoblastos por junções comunicantes, é mais evidente na polpa coronária; é uma zona rica em vasos sanguíneos, que formam o plexo capilar, também fibras nervosas, do tipo amielínico, ambas estabelecem contato com os odontoblastos, podendo alcançar a pré-dentina e o início dos túbulos dentinários. Zona rica em células: é composta pelos corpos das células adjacentes, as mesmas que emitem prolongamentos para a zona pobre em células; àquelas têm formas bipolar, que também emitem prolongamentos para a região central da polpa; a maioria das células presentes nesta zona são indiferenciadas; tem-se, também, a presença de fibroblastos e fibrócitos. É bem fácil de identificar na região de coroa. • Região da polpa central Sem levar em consideração as outras duas camadas, a zona central da polpa é formada de tecido conjuntivo frouxo, mas singular. É uma região rica em fibroblastos de formato fusiforme, com núcleo central ovoide e com emissão de prolongamentos. As organelas no citoplasma sintetizam e secretam as proteínas que estão envolvidas com a renovação da matriz extracelular, especialmente o colágeno. Os fibroblastos podem estar ativos, em repouso, ou em condição de fibrócitos. Também, observa-se a presença de células- tronco (indiferenciadas), na polpa; embora estejam em maior parte na zona subodontoblástica. Tem-se macrófagos e linfócitos, desenvolvendo funções de células do sistema imune; plasmócitos estão presentes quando se tem uma condição infecciosa crônica. A matriz extracelular da polpa é formada por filamentos fibrosos e substância fundamental; dos componentes fibroso, temos o colágeno do tipo I como o principal, também o colágeno no tipo III, que são as fibras reticulares, e fibras elásticas; da substância fundamental, é constituída por proteoglicanos, glicosaminoglicanos, glicoproteínas e água. Inervação do dente e sensibilidade dentinho-pulpar Os nervos que alcançam a polpa, pelo forame apical e forame acessório, são provenientes do nervo trigêmeo, do ramo simpático do gânglio cervical superior. São constituídos por axônios mielínicos e não mielínicos, que formam o plexo nervoso de Raschkow, na camada subodontoblástica. Alguns desses axônios, se prologam chegando aos túbulos dentinário, e ficam muito intimas dos prolongamentos odontoblásticos. As fibras nervosas presentes na polpa, são do tipo A-delta - são mielínicas e chegam ao plexo de Raschkow, tendo pouca sensibilidade - e C – são amielínicas, estando presentes em toda região da polpa, possuindo um alto limiar de sensibilidade. Qualquer estimulo dentro do complexo dentina-polpa é sentido pelo individuo como dor, dependendo da localização do estimulo essa dor pode ser mais forte ou não. Tem-se 3 teorias para explicar o sentimento de dor, são: 1. Estimulação direta: por causa das finas fibras nervosas na porção inicial dos túbulos A polpa coronária dos incisivos e caninos contém mais colágeno do que os pré-molares e molares. A presença de mielina é maior na polpa dos dentes erupcionados e em oclusão do que nos dentes recém- erupcionados. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Histologia e Embriologia Oral – 2020.1 dentinários, os estímulos atingiriam diretamente essas terminações nervosas. Não é muito aceita, pois os axônios não são encontrados em todos os túbulos, e, quando são, estão apenas na porção inicial, não sendo compatível com a sensibilidade na dentina superficial. 2. Transdução nervosa: o odontoblasto e o seu prolongamento funcionariam diretamente como receptores sensoriais. Por terem diversas junções comunicantes os odontoblastos manteriam certa capacidade de transdução de impulsos nervosos. Porém, as terminações dos odontoblastos não apresentam vesículas sinápticas. 3. Hidrodinâmica: os túbulos dentinários estão preenchidos pelo fluido dentinário, no espaço preriodontoblástico, ou na totalidade do túbulo e canalículos, se não houver prolongamento na dentina superficial. Quando a dentina é atingida, os diversos estímulos produzem uma leve movimentação desse líquido, gerando ondas que alcançariam as fibras nervosas da porção inicial dos túbulos e do plexo subodontoblástico. As junções oclusivas focais entre os odontoblastos possibilitam a transmissãodas ondas pelos espaços intercelulares para a região subodontoblástica. Vascularização da polpa Ainda pelo forame apical e foraminas acessórias, tem-se a entrada de artérias de pequenos calibres, que originam das artérias alveolares superior e inferior, que atravessam todo o canal radicular até a zona subodontoblástica e formam um plexo vascular. Durante a formação do dente, temos a presença de muitas alças vasculares, que quando o dente está formado, são reduzidas ficando restrita a região subodontoblástica. Também é possível observar a presença de vasos linfáticos, que tem origem na polpa coronária e chega ao forame apical, quando chegam ao ligamento periodontal se reúnem com os linfonodos submentonianos, submandibulares e cervical profundo. Referências: KATCHBURIAN, E.; ARANA, V. Histologia e embriologia oral: texto, atlas, correlações clínicas. 4.ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 277. p.
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