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SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL CONCEITO: Embora estes termos ainda estejam em uso na prática clínica, a OMS propôs novos termos para a classificação dos distúrbios menstruais. Até por volta de 2005, a paciente chegava sangrando no PS e tudo era metrorragia, poli metrorragia, menometrorragia, como diagnóstico. Com o passar do tempo, nomearam que metrorragia, poli metrorragia, menometrorragia são queixas/sinais e sintomas das pacientes, o diagnóstico inicial ou sindrômico nós chamamos de hemorragia ou sangramento uterino anormal. 1 - Regularidade do ciclo Regular Irregular Ausente 2 - Frequência Frequente Normal Infrequente 3 - Duração Prolongado Normal Curto 4 - Volume menstrual Excessivo Normal Escasso Em relação ao número de dias · Hipermenorreia - Refere-se a um sangramento prolongado, acima de 8 dias · Hipomenorreia - Um fluxo de duração menor que 3 dias ou quantidade inferior a 30ml, ou a associação dos dois quadros; Em relação ao número de vezes do ciclo · Polimenorréia - Caracteriza um ciclo cuja a frequência é inferior a 24 dias; · Oligomenorreia - Refere-se a ciclos que ocorrem a intervalos acima de 35 dias; · Menorragia - Refere-se a menstruação cíclica, prolongada ou intensa, por mais de 7 dias ou maior que 80ml; · Metrorragia - É o sangramento uterino que ocorre fora do período menstrual (intermenstrual); Paciente 28 anos, G1P1 referindo que está usando pílula anticoncepcional combinada regularmente, e está tendo sangramento vaginal irregular há 6 meses. Diagnóstico sindrômico: hemorragia ou sangramento uterino anormal. Quais exames pedimos para investigar esse sangramento? · A PRIMEIRA COISA A SE FAZER É EXCLUIR GRAVIDEZ → Todo sangramento irregular em fase de menacme, até que se prove o contrário, temos que descartar uma gravidez. · Posteriormente → USG, preventivo, hemograma, coagulograma. · USG, preventivo e demais exames estavam normais. Qual o provável diagnóstico? Investigar as causas: Causa orgânica/estrutural ou inorgânica/não estrutural? Causas/FIGO 2010 Causas orgânicas (estruturais) - PALM Causas não orgânicas (não estruturais) - COEIN Pólipos Coagulopatias Adenomiose Ovulatória (disfunção) Leiomiomas Endometrial (↑ PGI 2 – PGE 2) Malignidade Iatrogênica (DIU, fármacos) Hiperplasia Não classificada: (malformação vascular, hipertrofia miometrial, doença sistêmica) Avaliar forma iatrogênica, uso da pílula incorretamente (esquecimento de horário ou esquecimento no uso). CONCEITO Estímulo hormonal inadequado sobre o endométrio (assim ele fica descamando); Confusão conceitual: antigamente toda hemorragia uterina sem causa orgânica, era dita “disfuncional”. Hoje, estes termos devem ser evitados, utilizando-se apenas hemorragia uterina anormal para englobar todas as formas de sangramento irregulares. Sangramento disfuncional é corrigido com hormônio, se não corrigir, não é disfuncional (Ex: miomas não conseguem ser tratados com hormônios, no máximo ameniza o sangramento). Incidência: 30 a 40 % das consultas em ginecologia. Extremos do período menstrual – puberdade / climatério. DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO: · Descartar gestação · Duração do fluxo (a cada quanto tempo está descendo a menstruação?) · Níveis de Hb e Ht · Avaliação USG de leiomiomas · Avaliação endometrial por qualquer método · Avaliação de coagulopatias por anamnese estrutural ANAMNESE ESTRUTURAL: · Rastreamento inicial de coagulopatias congênitas, sangramento menstrual excessivo desde a menarca, sangramento em outros sítios → Perguntar se tem facilidade ao sangramento gengival (p. ex: ao escovar os dentes, ao retirar o dente o sangue não estanca). Petéquias ou equimoses que aparecem sem justificativa (sem traumas locais). · Hemorragia pós parto (a hipófise leva 6 meses para voltar ao tamanho normal no pós parto) Síndrome de sheehan: paciente chega no puerpério, alegando que faz 7 meses que ganhou o bebe e não apresenta mais nenhum pêlo em seu corpo, não produz leite para amamentar, sensação de areia na vagina (vagina ressecada). · Sangramento relacionado a cirurgia. · Sangramento relacionado a procedimento dentário. Equimoses 1 a 2x no mês → ao acordar já percebeu manchas roxas no corpo? Epistaxe 1 a 2x por mês → já percebeu sangramento pelo nariz? quantas vezes? Sangramento gengival frequente. História familiar de sintomas de sangramento. EXAME FÍSICO: · Deve ser minucioso, principalmente o exame pélvico: períneo, vulva, vagina, colo do útero, visando a exclusão do diagnóstico diferencial. · Exames complementares avaliando causas orgânicas e não orgânicas. EXAMES COMPLEMENTARES: AFASTANDO CAUSAS SISTÊMICAS: · Coagulograma – hemograma · TSH · Ureia e creatinina AFASTANDO DOENÇAS PÉLVICAS: · Ultrassonografia endovaginal · Histerossonografia IDENTIFICANDO CAUSAS DE ANOVULAÇÃO E/OU INSUFICIÊNCIA LÚTEA · TSH · FSH · LH · Estradiol · Prolactina USG ENDOVAGINAL: PERMITE A AVALIAÇÃO ENDOMETRIAL, AVALIANDO A PRESENÇA DE PÓLIPOS ENDOMETRIAIS, MIOMAS, E DE FASE DO ENDOMÉTRIO. · Fase inicial proliferativa · Fase periovulatória · Fase secretora HISTEROSSONOGRAFIA: Pólipo intrauterino sem uso de soro O mesmo caso com uso de soro, facilitando a visualização da imagem TRATAMENTO CLÍNICO: · Avaliar presença de causas orgânicas (melhoram com hormônios, mas não trata) ou não orgânicas → (PALM ou COEIN); · Avaliar presença de doenças sistêmicas (distúrbios de coagulação, trombofilia, doença autoimune); · Progesterona de uso contínuo; · Descartando qualquer tipo de neoplasia, usamos estrógenos e progestágenos para corrigir a primeira e segunda fase do ciclo. · AINES (naproxeno, ibuprofeno, flurbiprofeno, meclofenamato no período menstrual) Outras classes: · AINH (anti-inflamatórios não hormonais) no período menstrual tende a corrigir a cascata de coagulação, automaticamente as prostaglandinas também e isso faz com que você reduz não só a dor (dismenorreia) mas também você diminui o fluxo menstrual. Também podemos associar os 3 → estrógenos, progestágenos e AINH. O que nós não podemos associar são agentes antifibrinolíticos com hormônios – ácido tranexâmico (TRANSAMIN) → posso associar com anti-inflamatório não hormonal. · Normalmente usamos o Transamin com dose de ataque de 1g EV (4 ampolas de 250 em um soro de 100, correr em 10min). Depois fazemos a manutenção de Transamin 250mg VO 8h/8h por mais 5 dias para casa. · Análogo do GnRH → faz a inibição/frenação do eixo e, automaticamente, diminui o sangramento → (Gosserrelina - Zoladex 10,8mg subcutâneo) – muito caro: 10.000 reais a ampola, porém governo dá 2 ampolas pelo alto-custo. · Sistema intrauterino – a base de levonorgestrel (são progestágenos) Mirena → Tende a diminuir o fluxo ou até cessar em alguns casos Kyleena → Parente próximo do Mirena, a diferença é que ele é um pouco mais fino em diâmetro e um pouco menor. Então, em pacientes que nunca engravidaram e tem um útero pequeno que está sangrando bastante, tem a possibilidade de fazer uma frenação do eixo com a utilização seja do Mirena ou Kyleena. TRATAMENTO CIRÚRGICO: Depende muito da idade da paciente, número de filhos (prole), sinais e sintomas, desejo de engravidar novamente, diagnóstico, etc. · Casos sem resposta ao tratamento clínico; · Casos orgânicos; · Curetagem uterina (tratamento emergencial); · Ablação do endométrio (histeroscopia) → ajuda muito, ainda mais se a paciente estiver próxima da menopausa; · Histerectomia (modo mais definitivo, de último caso);
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