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0 DIRETRIZ EBSERH PARA ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR: MANUAL BÁSICO “Diretrizes Ebserh sobre Vigilância Epidemiológica” Volume 1 1ª Edição Brasília – DF 2017 Serviço de Gestão da Qualidade Assistencial Coordenadoria de Gestão da Clínica Diretoria de Atenção à Saúde 1 ROSSIELI SOARES DA SILVA Ministro de Estado da Educação KLEBER DE MELO MORAIS Presidente ARNALDO CORREIA DE MEDEIROS Diretor de Atenção à Saúde RICARDO MALAGUTI Coordenador de Gestão da Clínica HELAINE CARNEIRO CAPUCHO Chefe de Serviço de Gestão da Qualidade Elaboração Adeli Regina P. de Medeiros Rosa Helena S. Souza Anna Paula Bise Viegas Lorena Bezerra Carvalho Bruna Mafra Guedes Ferraz Helaine Carneiro Capucho José Carlos dos Santos Ludmylla Cristina de Faria Pontes Márcia do Amaral Dal Sasso Marlucia Pereira Dornelas da Costa 2 Colaboradores Profissionais que encaminharam sugestões ao texto e participaram da validação da presente Diretriz Adriano Silva de Oliveira – HU-UFSM Aline Ribeiro Murte Abreu - HU/UFJF Amélia Carla Silva Oliveira Carvalho – HDT- UFT Ana Gabriela Victa – MCO/UFBA Bernardo Montesanti Machado de Almeida - CHC/UFPR Carlos Cristiano Oliveira de Faria Almeida – HC/UFG Carmen Elizete Pippi Paim - HU-UFSM Cinthia Bocatti – HU/UFGD Clodoaldo Silveira – HULW/UFPB Cristina Garcia Beckert Batista - CHC/UFPR Daiana Dantas – HUOL/UFRN Daniely da Silva Figueiredo – HU/UNIVASF Denise Jorge Munhoz da Rocha - CHC/UFPR Dilma Teixeira de Oliveira Canuto – HUPAA/UFAL Divina de Oliveira Marques – HC/UFG Dra. Nadja de A. Correia – HULW/UFPB Elizabete de Oliveira Fragata – HUGV/UFAM Érida Zóe Lustosa Furtado – HU/UFPI Eugenie Néri – MEAC/UFC Evellyn Jaqueline da Silva Ujiie – HU/UFGD Fabiana Costa de Senna Ávila Farias - CHC/UFPR Fábio Henrique Peixoto - HUPAA/UFAL Flávio Sérgio Chiuchetta – HE/UFPEL Francisco Araújo – HULW/UFPB Geovana Saraiva Pereira Mariano – HUCAM/UFES Guilherme de Sousa Rocha - HDT-UFT Hilzeth de Luna Freire – HULW/UFPB Inácio Moura Neto – HUOL/UFRN Izelândia Veroneze – CHC/UFPR Jáder José Rosário da Silva - HDT-UFT Juarez Pereira Dias – HUPES/UFBA Juliana de Souza Ferreira – HUOL/UFRN Juliana Lopes – HUCAM/UFES Laís Carvalho de Sá – HU/UFPI Leila Maria Araujo Vidal – HUOL/UFRN Letícia Carneiro Vicente - HDT-UFT Lígia Maria Cabedo Rodrigues – HU/UFPI Luciana Melo Ribeiro – HUOL/UFRN Luciane Silva Ramos - HU-UFSM Luis Fernando Beserra Magalhães - HDT-UFT Maisto Helena – HULW/UFPB Mara Lúcia de Paula – MCO/UFBA Maria da Conceição Maglhães – HU/UFJF Maria de Fátima Lucena dos Santos – HUAB/UFRN Maria Eunice – HULW/UFPB Monalisa Viana Sant Anna – HUPES/UFBA Monica Klimczuk Fernandes - CHC/UFPR Nadja de A. – HULW/UFPB Nadja Emilia – HULW/UFPB 3 Natália Garlet – HU-UFSM Patrícia Matias Pinheiro – HUB/UnB Raimunda Maria Ferreira de Almeida - HDT- UFT Regina Sélia Jorge – HC/UFG Renata Viebrantz Enne – HU/UFGD Rigeldo Augusto Lima – HUB/UnB Rodrigo Daniel de Souza – HU/UFJF Romildo Luiz M Andrade – HUCAM/UFES Rosa Helena Silva Souza - CHC/UFPR Rosalete Coutinho – MEAC/UFC Rosangela Fernandes – HU/UFGD Rose Aparecida Assumpção – HU/UFGD Rosemeire Andreatta – HUCAM/UFES Selma M. de Magalhães – HUPAA/UFAL Sílvia Tremper Minasi – HE/UFPEL Taiane Piccini Texeira - HU-UFSM Tânia Solange B. Souza Magnago – HU-UFSM Vera Maria Simone - HU-UFSM Virginia Rossato - HU-UFSM Viviane de Moura Basilio – HUCAM/UFES Warlize Jotseh Bettrame - HU-UFSM Wilton Rodrigues Medeiros – HUAB/UFRN Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte. ISBN: XXXX-XXX 4 SUMÁRIO 1. Apresentação............................................................................................................ 4 2. Vigilância Epidemiológica.......................................................................................... 6 2.1. Contextualização ................................................................................................ 6 2.2. O papel da Vigilância Epidemiológica...................................................................... 7 3. Vigilância Epidemiológica Hospitalar ........................................................................ 8 3.1. VEH inserida no organograma das filias Ebserh ..................................................... 9 3.2. Composição do NHE................................................................................................ 10 3.3. Estrutura do NHE ................................................................................................... 11 3.4. Atribuições NHE...................................................................................................... 11 3.5. Processos do NHE: notificação, busca ativa e investigação de casos ..................... 14 3.6. Indicadores de Monitoramento e Avaliação do NHE ............................................. 22 4. Referências............................................................................................................... 25 5 1. APRESENTAÇÃO Este primeiro volume da Diretriz Ebserh sobre Vigilância Epidemiológica Hospitalar está baseada na Lei Nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, regulamentada pelo Decreto nº 78.231, de 12 de agosto de 1976, na lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, na Portaria Nº. 2.254, de 5 de agosto de 2010. A diretriz contempla os principais conceitos, premissas, processos, além de indicadores necessários para o desenvolvimento de atividades da Vigilância Epidemiológica Hospitalar, estabelecendo um foco nas ações do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE), que também tem sido denominado de Núcleo Hospitalar de Vigilância Epidemiológica (NHVE). Tem por finalidade harmonizar algumas ações nas filiais Ebserh quanto à Vigilância Epidemiológica, a fim de que se possa trabalhar em rede, realizar benchmarking, promovendo melhor troca de experiências, otimizando utilização de recursos e potencializando resultados. É importante ressaltar, que cada hospital deve se organizar de acordo com seu perfil assistencial para executar as atividades previstas na Diretriz, visto que há peculiaridades entre as filias da Rede Ebserh, como o pertencimento de alguns hospitais na Rede de Vigilância Epidemiológica Hospitalar de Interesse Nacional (REVEH). As filiais que não fazem parte da REVEH podem se candidatar a compor essa Rede. 6 2. A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 2.1. Contextualização O termo Epidemiologia se refere a “ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração, e avaliação das ações de saúde1”. No início do século XX, houve as primeiras intervenções no campo da prevenção e controle de doenças, orientadas pelo avanço da era bacteriológica e pela descoberta dos ciclos epidemiológicos de algumas doenças infecciosas e parasitárias2. A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle das doenças transmissíveis na década de 50, no entanto, tratava-se de observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos, com base em medidas de isolamento ou quarentena, aplicadas individualmente, e não de forma coletiva2. O Ministério da Saúde, por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), por meio da Lei Nº. 6259 de 1975e do Decreto Nº. 78.231 de 1976. A Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, inclui no campo de atuação do atual Sistema Único de Saúde (SUS) a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. Um serviço de vigilância epidemiológica permite conhecer o perfil epidemiológico das doenças e agravos, subsidiar o planejamento em saúde, detectar, consolidar e analisar as informações acerca do processo saúde-doença, e gerar indicadores de acompanhamento. A notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a partir da qual, na maioria das vezes, desencadeia-se o processo informação-decisão-ação. A seleção das doenças/agravos para compor a lista de notificação nacional é estabelecida pelo Ministério da Saúde e periodicamente revisada, tanto pela situação epidemiológica da doença/agravo, como pela 7 emergência de novos agentes. Atualmente, estão vigentes as Portarias MS Nº 204 e 205 de 17/02/2016. 2.2. O papel da Vigilância Epidemiológica A vigilância epidemiológica deve fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, disponibilizar informações atualizadas sobre a ocorrência de doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida. A operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de funções específicas e intercomplementares, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer o comportamento da doença ou agravo, de forma a desencadear intervenções pertinentes com oportunidade e eficácia2. Segundo o Ministério da Saúde (2005) as funções da vigilância epidemiológica são: • coleta de dados; • processamento dos dados coletados; • análise e interpretação dos dados processados; • recomendação das medidas de controle apropriadas; • promoção das ações de controle indicadas; • avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; • divulgação de informações pertinentes. 8 3. A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR A Portaria Nº. 2.529, de 23 de novembro de 2004, instituiu o Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar, integrando o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, como forma de ampliar a detecção de doenças de notificação, bem como outros agravos inusitados que envolvem a saúde humana, visto que, os hospitais são importantes locais de entrada de doenças ou eventos graves, o que permite a captação oportuna de casos importantes à saúde pública. As ações da Vigilância Epidemiológica hospitalar (VEH) têm por objetivo detectar, de modo oportuno, as doenças transmissíveis e os agravos de importância nacional ou internacional, bem como a alteração do padrão epidemiológico em regiões estratégicas do país, desenvolvidas em estabelecimentos de saúde hospitalares, que atuarão como unidades sentinelas para a Rede de Vigilância Epidemiológica Hospitalar de interesse Nacional (REVEH)3. A atuação da VEH fundamenta-se em protocolos e procedimentos padronizados que permitem a identificação oportuna, notificação imediata, investigação inicial ou complementar e registro ou atualização de informações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e em outros sistemas oficiais, quando disponíveis. Estas atividades reforçam o monitoramento do perfil de morbidade e mortalidade na área de abrangência de atuação destes estabelecimentos e auxiliam na tomada de decisão4. A VEH é uma estratégia complementar dirigida à implementação das atividades de vigilância epidemiológica, realizada de modo articulado aos setores estratégicos da unidade hospitalar, como o Núcleo de Segurança do Paciente, Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e o Serviço de Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho (SOST). Esta articulação contribui para a qualificação do cuidado em saúde ou vigilância das doenças/agravos, além de facilitar o acesso às informações necessárias à detecção, monitoramento e encerramento de casos ou surtos sob investigação. É válido ressaltar que a VEH em hospitais de ensino tem papel relevante na formação dos profissionais de saúde, podendo ser campo de estágio, em um trabalho integrado com os Departamentos de Saúde Comunitária/Coletiva, produzir Seminários de doenças/eventos de interesse, realizar pesquisas, integrar grupos de trabalho e Comitês Institucionais, permitindo a formação mais consistente na área da saúde pública nesses hospitais4. 9 3.1. VEH inserido no organograma das filiais Ebserh A Vigilância Epidemiológica Hospitalar é operacionalizada por meio do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE), que deve estar inserido no organograma do hospital, no Serviço de Vigilância Epidemiológica ligado à Unidade de Vigilância em Saúde, nos hospitais de médio e grande porte (Figura 1) e no Serviço de Vigilância Epidemiológica ligado ao Setor/Unidade de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente, nos hospitais especializados e de pequeno porte filiados à Ebserh (Figura 2). Figura 1: Organograma do Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente nos hospitais de médio e grande porte filiados à Ebserh. 10 Figura 2: Organograma do Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente nos hospitais especializados e de pequeno porte filiados à Ebserh. 3.2 Composição do NHE Coordenador, um profissional de nível superior da área de saúde, com formação e/ou experiência em epidemiologia, vigilância epidemiológica ou saúde pública, com dedicação, no mínimo, de 20 (vinte) horas semanais ao NHE, distribuídas pelos 5 (cinco) dias úteis; Técnicos com formação superior ou média, com conhecimento em vigilância epidemiológica; A equipe deve ser multidisciplinar, dimensionada e estruturada conforme as necessidades da instituição. A equipe técnico-administrativa deve ser formalmente designada pelo diretor do hospital, cujo quantitativo e qualificação deverão estar de acordo com as atribuições do NHE5. 11 A Diretoria de Gestão de Pessoas, em conjunto com a Diretoria de Atenção à Saúde, realiza previsão de funcionários para comporem o Serviço de Vigilância Epidemiológica, conforme quadro abaixo, disponibilizado pelo SGQ/Sede. Esse quadro auxilia no dimensionamento de profissionais quando da contratação do hospital com a Ebserh. Cabe ao hospital a alocação de profissionais após esses assumirem o concurso público, bem como dimensionar os profissionais de acordo com o perfil nosológico do hospital. UNIDADE DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE PROFISSIONAIS SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Analista Administrativo-Estatístico* Enfermeiro** Médico ** Profissionais Administrativos Técnicos em Enfermagem * Considerando as ações previstas na Portaria nº 2.254. DE 5 DE AGOSTO DE 2010 na realização dos estudos de todo o setor. **Preferencialmente com pós-graduação em Epidemiologia, Saúde Coletiva, Saúde Pública, Vigilância em Saúde Os profissionais deverão trabalhar em consonância e parceria com as ações de vigilância ambiental, incluindo a gestão de resíduos, bem como aos demais trabalhos de biossegurança, a fim de garantir a devida monitorização, registro e tratamento das ações de interface previstas na legislação da vigilância em saúde, incluindo acidentes ocupacionais. 3.3 Estrutura do NHE De acordo com a Portaria Nº. 2.254, de 5 de agosto de 2010, o NHE deve possuir, minimamente, instalações físicas adequadas, inclusive computador conectado à internet5. Recomenda-se que o espaço físico possua computadores com capacidade para instalação dos programas e sistemas de informação indicados peloMinistério da Saúde, ter acesso à linha telefônica, fax, impressora e copiadora, ter biblioteca própria com as principais referências da área, área administrativa e área específica para o ensino e reuniões. 12 Para iniciar as atividades, o NHE deve contar com 1 coordenador, 1 técnico e 1 administrativo. A inclusão do RHC requer recursos humanos adicionais. A participação em capacitações, reuniões técnicas e congressos é fundamental para o desempenho de atividades de vigilância epidemiológica hospitalar, uma vez que o cenário epidemiológico muda constantemente e demanda atualizações dos fluxos. 3.4. Atribuições do NHE De acordo com a Portaria 2.254, de 5 de agosto de 2010, as atividades a serem desenvolvidas prioritariamente pelos NHE dos hospitais de referência nacional têm como objetivos a detecção, a notificação e a investigação dos agravos constantes nas Portarias vigentes, em estreita articulação com a Rede Nacional de Alerta e Resposta às Emergências em Saúde Pública (Rede CIEVS), bem como a detecção de óbitos de mulheres em idade fértil, de óbitos maternos declarados, de óbitos infantis e fetais, de óbitos por doença infecciosa e por causa mal definida.5 Os NHE deverão desenvolver, as seguintes atividades, de acordo com as normas do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde (SNVS) e das respectivas normas estaduais e municipais complementares5: elaborar e manter em operação um sistema de busca ativa para os pacientes internados e atendidos em pronto-socorro e ambulatório da unidade hospitalar, para a detecção das doenças e agravos constantes nas Portarias nacionais, estaduais e municipais vigentes. elaborar e manter em operação sistema de busca ativa para detecção e notificação dos óbitos ocorridos no ambiente hospitalar, prioritariamente dos óbitos maternos declarados, de mulher em idade fértil, infantil e fetal, nos termos das Portarias n°s 1.119/GM/MS, de 5 de junho de 2008, e 72/GM/MS, de 11 de janeiro de 2010, e dos óbitos por doença infecciosa e mal definidos; notificar ao primeiro nível hierárquico superior da vigilância epidemiológica as doenças e agravos de notificação compulsória (DNC) detectados no âmbito hospitalar, de acordo http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1119_05_06_2008.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1119_05_06_2008.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt0072_11_01_2010_comp.html 13 com os instrumentos e fluxos de notificações definidos pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS); realizar a investigação epidemiológica das doenças, eventos e agravos constantes na Portaria vigente, detectados no ambiente hospitalar, em articulação com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), incluindo as atividades de interrupção da cadeia de transmissão de casos e surtos, quando pertinentes, segundo as normas e procedimentos estabelecidos pela SVS/MS; participar da investigação de óbitos maternos declarados e de mulheres em idade fértil, ocorridos no ambiente hospitalar, em conjunto com a comissão de análise de óbitos e em articulação com a SMS e com a SES, nos termos da Portaria n° 1.119/GM/MS, de 2008; Elaborar e divulgar Informes/Notas Técnicas de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, Secretaria de Estado de Saúde, Secretaria Municipal de Saúde e da EBSERH- Sede. participar da investigação dos óbitos infantis e fetais ocorridos no ambiente hospitalar, em conjunto com a comissão de análise de óbitos e em articulação com a SMS e com a SES, nos termos definidos na Portaria n° 72/GM/MS, de 2010; incentivar a realização de necropsias ou a coleta de material e fragmentos de órgãos para exames microbiológicos e anátomo-patológicos, em caso de óbitos por causa mal definida ocorridos no ambiente hospitalar; desenvolver processo de trabalho integrado aos setores estratégicos da unidade hospitalar, para fins de implementação das atividades de vigilância epidemiológica - tais como os Serviços de Arquivo Médico e de Patologia; as Comissões de Revisão de Prontuário, de Óbitos e de Controle de Infecção Hospitalar; a Gerência de Risco Sanitário Hospitalar; a farmácia e o laboratório - para acesso às informações necessárias à detecção, monitoramento e encerramento de casos ou surtos sob investigação; validar as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) cujo código da Classificação Internacional de Doenças (CID) indique tratar-se de internação por doença de notificação compulsória, nos termos definidos na Portaria Conjunta n° 20/SAS/SVS/MS, de 25 de maio 2005; promover treinamento continuado para os profissionais dos serviços, estimulando a notificação das doenças no ambiente hospitalar; http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2006/prt0005_21_02_2006.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1119_05_06_2008.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt1119_05_06_2008.html http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt0072_11_01_2010_comp.html 14 monitorar e avaliar o preenchimento das declarações de óbitos e de nascidos vivos; monitorar, avaliar e divulgar o perfil de morbimortalidade hospitalar, incluindo as DNC detectadas nesse ambiente, subsidiando o processo de planejamento e a tomada de decisão dos gestores do hospital, dos gestores estaduais e dos municipais dos sistemas de vigilância e de atenção à saúde; realizar o monitoramento de casos hospitalizados por doenças e agravos prioritários para o SNVS, de acordo com as prioridades definidas pela SVS/MS, com base na situação epidemiológica e na viabilidade operacional; e apoiar ou desenvolver estudos epidemiológicos ou operacionais complementares de DNC no ambiente hospitalar, incluindo a avaliação de protocolos clínicos das DNC, em consonância com as prioridades definidas pelos gestores do SNVS. alimentar periodicamente os sistemas oficiais de notificação, disponíveis em cada Hospital, como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Monitorar os resultados dos exames dos pacientes com suspeita/diagnóstico de doença e agravo de notificação compulsória encaminhados aos laboratórios do Hospital e conveniados e comunicar a equipe de saúde assistente do paciente e o resultado de exames, recomendando as medidas de precaução necessárias, conforme indicação. Observação: as atividades complementares, que envolvam outros usos da Epidemiologia em âmbito hospitalar, poderão ser desenvolvidas pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica dos hospitais de referência nacional, de acordo com as prioridades definidas pelo gestor estadual e pela municipal, desde que seja assegurada a adequação técnica e quantitativa da equipe lotada no Serviço de Vigilância Epidemiológica. 3.5. Processos do NHE: Notificação, busca ativa e investigação de casos A vigilância epidemiológica hospitalar é uma importante fonte de informação para o sistema de vigilância municipal, estadual e nacional. O hospital é importante como porta de entrada de pacientes, atendendo um grande volume de casos, principalmente em doenças de maior gravidade, como exemplo. A notificação imediata de alguns agravos pelo hospital, como doença 15 meningocócica, doenças exantemáticas, possibilita a implementação oportuna das ações de controle, como quimioprofilaxia de comunicantes e vacinação de bloqueio. A investigação epidemiológica de casos pode demonstrar surgimento de novas doenças (doenças emergentes) e a reemergência de outras.6 Os hospitais possuem grandes desafios, entre eles uma quantidade de dados nem sempre transformados em informação que possa subsidiar a tomada de decisão. A criação de núcleos hospitalares de epidemiologia tem incorporado técnicas epidemiológicasaplicadas aos serviços de saúde na investigação e na análise sistemática da situação de saúde da população atendida, viabilizando um maior e melhor uso dos dados hospitalares, permitindo a identificação de prioridades nos serviços e possibilitando a avaliação da qualidade da assistência prestada. Permite rápida operacionalização da vigilância entendida como informação para ação, e ação ágil desde o primeiro nível da sua demanda.7 O objetivo da criação de subsistema de vigilância epidemiológica é o aprimoramento da vigilância por meio da ampliação da rede de notificação e investigação de doenças e agravos, com aumento da sensibilidade e da oportunidade na detecção de agravos de notificação compulsória. A implantação do NHE permite ao sistema de vigilância local a adoção de medidas de controle oportunas, possibilitando a interrupção da cadeia de transmissão de doenças na população. A instituição da rede de hospitais de referência serve de apoio para o planejamento das ações de vigilância. As atribuições do NHE são fundamentais também no planejamento e gestão hospitalar.8 Notificação Segundo a Portaria N° 204, de 17 de fevereiro de 2016, conceitua-se: “- Notificação compulsória: comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, descritos no anexo, podendo ser imediata ou semanal; - Notificação compulsória imediata: notificação compulsória realizada em até 24 horas, a partir do conhecimento da ocorrência de doença, agravo ou evento de saúde pública, pelo meio de comunicação mais rápido disponível; 16 - Notificação compulsória semanal: notificação compulsória realizada em até sete dias, a partir do conhecimento da ocorrência de doença ou agravo; - Notificação compulsória negativa: comunicação semanal realizada pelo responsável pelo estabelecimento de saúde à autoridade de saúde, informando que na semana epidemiológica não foi identificado nenhuma doença, agravo ou evento de saúde pública constante da Lista de Notificação Compulsória. ”9 As notificações que devem ser realizadas imediatamente aos órgãos competentes deverão também serem registradas imediatamente no Vigihosp. As demais serão inseridas dentro dos tempos previstas em legislação. Vale destacar, que é necessária sensibilização dos profissionais de saúde quanto a importância e o registro das doenças e agravos de notificação compulsória no Vigihosp, a fim de que o trabalho da equipe de Vigilância Epidemiológica possa ser otimizado, conforme fluxo na Figura 3. 17 Figura 3 Processo de notificação e investigação de doenças e agravos em saúde na ered Ebserh. 18 Busca ativa A Vigilância ativa é um tipo de vigilância, em que “a equipe de saúde recorre à fonte de informação para realizar uma busca intencional de casos do evento sujeito à vigilância. Os profissionais da equipe de saúde buscam diretamente os dados objetos de vigilância, revisando até mesmo os registros rotineiros do serviço de saúde e os registros diários de atenção às pessoas”10. Uma vantagem da vigilância ativa é a de garantir maior integridade ao sistema. Está particularmente indicada nas situações onde a integridade das informações é o mais importante: doenças em fase de erradicação e eliminação (poliomielite, sarampo, etc.), danos de alta prioridade sanitária (mortalidade infantil, mortalidade materna, etc.), ou durante e imediatamente depois de uma epidemia10. Já na vigilância passiva, “cada nível de saúde envia informação de forma rotineira e periódica sobre os eventos sujeitos à vigilância ao nível imediatamente superior”10. Essa tem a vantagem de ser fácil, de baixo custo e, portanto, é mais sustentável no tempo10. Uma atividade importante do NHE é a busca ativa de casos de doenças e agravos de notificação compulsória. Os profissionais dos núcleos detectam os casos a partir da busca ativa em locais estratégicos no hospital, como o pronto atendimento, unidades de internação, laboratório e ambulatório. Outras fontes importantes para o conhecimento de agravos de notificação no hospital são a farmácia, o Serviço de Arquivo Médico (SAME) e o laboratório de anatomia patológica. 8,11 O planejamento e priorização das ações na investigação de casos depende do tipo de hospital e do seu grau de complexidade. É importante a avaliação do perfil do hospital (doenças infecciosas, geral ou pediátrico), número de leitos, e as unidades de internação (leitos de doenças infecciosas, leitos pediátricos, leitos gerais). 8,11 É importante a visita diária dos profissionais do núcleo às enfermarias de doenças infecciosas, pediátricas e clínica médica, bem como às unidades de terapia intensiva e pronto atendimento. Outras unidades, clínicas e cirúrgicas, deverão ser avaliadas de acordo com a realidade de cada hospital. 8,11 É fundamental a parceria com o laboratório clínico e anatomopatológico para o êxito das investigações, pois o NHE deverá ter conhecimento de todos os exames solicitados para DNC. Para o encerramento do caso, é fundamental o acesso aos resultados laboratoriais e ao prontuário de alta, para o preenchimento da ficha epidemiológica referente aos campos: evolução, confirmação e critério de confirmação, entre outros. A integração de todos os setores do hospital é fundamental para aumentar a sensibilidade do sistema da vigilância hospitalar. 8,11 19 A investigação epidemiológica das DNC é efetuada a partir de fichas epidemiológicas do SINAN, específicas para cada agravo. A notificação é realizada à vigilância epidemiológica do município por telefone, e-mail ou fax, para os agravos de notificação imediata As fichas epidemiológicas são digitadas no banco do SINAN, com transferência periódica para o município, conforme estabelecido no sistema de vigilância.10 Hospitais que não possuem o sistema, devem encaminhar as fichas para as Secretarias Municipais. Importante ressaltar, que os NHE podem elaborar diversas estratégias de busca ativa, como utilizar AGHU para identificar casos novos de doenças e agravos, por meio dos diagnósticos e exames solicitados e liberados dos pacientes internados. Figura 4. Fluxograma da Vigilância Epidemiológica Hospitalar para captação e notificação (adaptação do Guia de Implantação e Monitoramento de Núcleos de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, SESA/Paraná, 2015). 20 Outros instrumentos importantes para busca ativa são a Declaração de óbito (DO) e Declaração de nascido vivo (DN). A partir da DO é possível identificar eventos de interesse em saúde pública que escaparam aos demais mecanismos de busca ativa. O ideal é que seja estabelecido fluxo de análise das DO pelo NHE, com revisão periódica e sistemática das mesmas, investigando os óbitos de: Mulheres em idade fértil (10 a 49 anos), para avaliar a possibilidade de morte materna, que pode ocorrer durante a gestação, no parto ou no puerpério (até 42 dias após o parto). Os Comitês de Mortalidade fazem avaliação do óbito até 1 ano após o parto; Crianças menores de 1 ano; Óbito fetal ou natimortos; Óbitos decorrentes de doenças e eventos de interesse em saúde pública.4 Observar não só os diagnósticos explícitos, mas também sindrômicos, como: insuficiência respiratória (pode ser por Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG, AIDS, tuberculose, leptospirose, hantavirose), septicemia (pode ser por SRAG, AIDS, leptospirose). Deve-se avaliar se foi primeira internação, se há amostra no laboratório para complementar a investigação e se o paciente fazia acompanhamento anterior em outro serviço.4 As DN também devem ser revisadas pelo NHE, avaliando o preenchimento, verificando se todos os campos estão completos e de forma coerente. Deve-seobservar o campo de malformação e checar com o resumo de alta do RN. Quando for óbito, cruzar com a DO, pois muitas vezes a DN é preenchida na sala de parto quando a malformação ainda não foi detectada, sendo diagnosticada apenas na UTI. Se a malformação foi identificada depois da DN ter sido encaminhada à Secretaria Municipal de Saúde, o NHE deve fazer uma cópia do resumo de alta do RN assinalando a alteração e enviar para a SMS para correção do campo da DN. Com o evento da microcefalia e outras malformações congênitas, provavelmente causadas pela infecção do vírus Zika, em gestantes no 1º semestre, reforça-se a necessidade de acompanhamento dos recém-nascidos para detecção oportuna das malformações congênitas.4 21 Investigação A investigação epidemiológica de casos e surtos é uma atividade obrigatória de todo sistema local de vigilância em saúde, cuja execução primária é responsabilidade de cada respectiva unidade técnica que pode ser apoiada pelos demais setores relacionados e níveis de gestão do Sistema Único de Saúde. Ela deve ocorrer de forma integrada e concomitante com as demais ações relacionadas à vigilância, promoção e assistência para a prevenção e controle de doenças ou agravos. Seu objetivo é acessar, de forma correta e completa, por meio de fontes primárias (pacientes e serviços de saúde) ou secundárias (bases de dados de sistemas de informação), as informações necessárias para a investigação de casos. Essa investigação deve ser iniciada imediatamente após a notificação de caso isolado ou agregado de doença/agravo, seja ele suspeito, clinicamente declarado, ou mesmo contato para o qual as autoridades sanitárias considerem necessário dispor de informações.11 Cabe ao investigador estabelecer que informações são importantes para o esclarecimento do evento, sendo relevante identificar: fontes de infecção (água, alimentos, ambiente insalubre); período de incubação do agente; modos de transmissão (respiratória, sexual, vetorial); faixa etária, sexo, raça e grupos sociais mais acometidos (características biológicas e sociais); presença de outros casos na localidade (abrangência da transmissão); fatores de risco: - época em que ocorreu (estação do ano); - ocupação do indivíduo; - situação de saneamento na área de ocorrência dos casos (fonte de suprimento de água, destino dos dejetos e do lixo); - outros aspectos relevantes das condições de vida na área de procedência dos casos (hábitos alimentares e aspectos socioeconômicos, por exemplo); - potenciais riscos ambientais (físicos, químicos, biológicos).11 Durante a investigação epidemiológica, é importante detectar e controlar, o mais rápido possível, as possíveis ameaças à saúde da população considerada sob risco para aquele evento 22 específico, a fim de se impedir a ocorrência de novos casos. Deve-se buscar identificar a fonte de infecção e o modo de transmissão; grupos expostos a maior risco e fatores de risco; e determinar as principais características epidemiológicas e outras condições que afetem a propagação da doença e as medidas de saúde empregadas. Entre os critérios de urgência, incluem-se o impacto grave sobre a saúde pública e/ou a natureza incomum ou inesperada, com alto potencial de propagação.12 O exame cuidadoso do caso e de seus comunicantes é fundamental, pois, dependendo da enfermidade, pode-se identificar precocemente os casos e instituir rapidamente o tratamento ou proceder ao isolamento, para evitar a progressão da doença na comunidade. Quando necessário, deve-se adotar medidas de precaução, considerando a forma de transmissão da doença.12 As fichas epidemiológicas de cada caso devem ser analisadas, visando definir-se qual critério foi ou será empregado para o diagnóstico final e encerramento do caso, considerando as definições de caso específicas para cada doença.12 Uso de dados para gestão hospitalar A análise do banco de dados do SINAN deve ser realizada pelo NHE, com ampla divulgação para todos os profissionais e a direção do hospital, permitindo sua utilização na gestão hospitalar. A sensibilização de todos os profissionais por meio da retroalimentação é importante para que eles participem de forma ativa na notificação. 8,11 Segundo a Portaria nº 183, de 30 de janeiro de 2014, os núcleos devem elaborar um relatório trimestral com o perfil de morbidade e mortalidade hospitalar das doenças de notificação compulsória, que deve ser encaminhado à Secretaria Municipal de Saúde em instrumento padronizado, por meio eletrônico ou impresso.3 Recomenda-se que esses relatórios tenham periodicidade mensal. Ressalta-se a importância do desenvolvimento de programas para o treinamento de estudantes (medicina, enfermagem e outros), aprimoramento profissional e pós-graduação (residência). Nos NHE, em especial hospitais universitários, a capacitação teórico-prática em vigilância epidemiológica em âmbito hospitalar constitui área importante de aprendizagem clínico- laboratorial e epidemiologia de DNC, com interface direta entre a assistência e a prevenção de doenças. 8,11 23 Registro Hospitalar de Câncer – RHC O RHC pode fazer parte do NHE ou ser um serviço em separado. O RHC faz a vigilância epidemiológica de câncer nos hospitais que são referência para tratamento oncológico como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia – UNACON ou Centro de Assistência Especializada em Oncologia – CACON. As informações relacionadas ao paciente, tumor, tratamento e evolução da doença, são coletadas e registradas cerca de um ano após o diagnóstico para permitir o preenchimento da ficha de investigação que inclui o tratamento e a resposta terapêutica.6 O RHC é exigência da Portaria MS/SAS nº 140, de 27/02/2014, para os hospitais classificados como UNACON ou CACON, e contribui para a melhoria da qualidade assistencial. 13 Os casos de câncer confirmados por biopsia ou outro exame confirmatório são registrados no programa SisRHC do INCA/Ministério da Saúde. Incluem dados sóciodemográficos, informações relacionadas ao tumor, à assistência prestada na instituição e à evolução da doença. A análise das informações coletadas possibilita traçar o perfil dos pacientes, os recursos utilizados no diagnóstico e tratamento, auxilia na avaliação da assistência prestada e na elaboração de pesquisas científicas. É importante ressaltar que as notificações de Câncer devem ser registradas no VIGIHOSP, da mesma forma que ocorre para as doenças e agravos em saúde de notificação compulsória, conforme figura 3 desta Diretriz. 24 3.6. Indicadores de Monitoramento e Avaliação do NHE Os indicadores de saúde são medidas que capturam informações relevantes de diferentes atributos e dimensões de saúde. São utilizados internacionalmente para avaliar o estado de saúde das populações e subsidiar o planejamento e a tomada de decisão14. Esses indicadores são utilizados para realizar investigações epidemiológicas, avaliar o impacto das intervenções executadas, realizar a vigilância das condições de saúde, além de refletir a situação de saúde da população analisada. Mas, para isso os indicadores necessitam ser alimentados com as informações de saúde da instituição em tempo oportuno. Os Hospitais devem possuir seus próprios indicadores, monitorá-los e analisá-los, determinando metas quando couber, a fim de contemplar atividades do NHE de monitorar, avaliar e divulgar o perfil de morbimortalidade da sua instituição. Com isso, foram relacionados alguns indicadores relevantes a serem monitorados, além dos indicadores específicos que cada hospital deve monitorar, como os de morbidade hospitalar. INDICADOR 1 - Proporção de casos suspeitos de DNC imediata digitados oportunamente em até sete (7) dias, pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar - em mais de 50% (cinquentapor cento) dos casos4. Relevância do Indicador - Indicador utilizado para monitorar o grau de organização do NHE para a notificação oportuna dos casos suspeitos de DNC imediata. Quanto maior a proporção, maior o grau de organização dos serviços para a captação e notificação imediata as autoridades sanitárias competentes. Método de Cálculo - Número de casos suspeitos de DNC imediata digitados pelo NHE a autoridade sanitária competente em até 7 dias após a data da notificação, dividido pelo total de casos suspeitos de DNC de notificação imediata digitados pelo NHE X 100. Observação: Nos casos em que há legislação específica quer seja municipal ou estadual devem ser consideradas para compor o numerador. 25 INDICADOR 2 - Proporção de casos de doenças de notificação compulsória imediata (DNCI) encerrados em até 60 (sessenta) dias após notificação. Meta 80% (oitenta por cento) de casos das doenças de notificação compulsória imediata registrados no SINAN encerradas em até 60 (sessenta) dias a partir da data de notificação4. Relevância do Indicador - As notificações devem ser encerradas em tempo oportuno, o ideal para realizar o encerramento é de 80% ou mais das doenças compulsórias imediatas registradas no Sinan, em até 60 dias a partir da data de notificação. Método de Cálculo - Total de registros de DNCI, por unidade de residência, encerrados dentro de 60 dias a partir da data de notificação, dividido pelo total de registros de DNCI, por unidade de residência, notificados no período da avaliação x 100. Observação: Os hospitais que fazem parte da REVEH devem monitorar este indicador. INDICADOR 3 – Taxa de Mortalidade Institucional15 Relevância do Indicador - Em decorrência do aumento da resolutividade dos procedimentos hospitalares sobre o paciente, considera-se 24 horas tempo suficiente para que a ação terapêutica e consequente responsabilidade do hospital seja efetivada. Esse indicador é utilizado para melhoria interna da qualidade da assistência à saúde, permite realizar benchmarking, além de monitorar a qualidade da assistência com vistas ao planejamento de ações que contribuam para uma maior efetividade e eficiência do cuidado à saúde. Método de Cálculo - Número de óbitos, com 24 horas ou mais de internação no período, divido pelo número de saídas hospitalares no período, multiplicado por 100. Considerar saídas hospitalares, conforme disposto na Diretriz EBSERH para Monitoramento e Avaliação em Segurança do Paciente: Gestão voltada para resultados efetivos e seguros16. INDICADOR 4 – Taxa de Mortalidade neonatal hospitalar17 Relevância do Indicador – O indicador reflete, de maneira geral, as condições socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como a inadequada assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. Analisa variações populacionais, geográficas e temporais da mortalidade neonatal, identificando tendências e situações de desigualdade que demandem ações e estudos específicos, 26 além de contribuir na avaliação dos níveis de saúde e de desenvolvimento socioeconômico da população. Método de Cálculo - Número de óbitos de recém nato com até 28 dias no período divido pelo número de nascidos vivos no mesmo período, multiplicado por 100. 27 REFERÊNCIAS 1. Almeida, FN, Rouquayrol, ΜZ. Introdução à Epidemiologia Moderna. 2.ed. Belo Horizonte: Coopmed; 1992. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica [Internet]. Série A. Normas e Manuais Técnicos. 6ª edição ampliada. Brasília; 2005. [acesso em 04 de outubro de 2016]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Guia_Vig_Epid_novo2.pdf 3. Brasil. Portaria nº 183, de 30 de janeiro de 2014. Regulamenta o incentivo financeiro de custeio para implantação e manutenção de ações e serviços públicos estratégicos de vigilância em saúde, previsto no art. 18, inciso I, da Portaria nº 1.378/GM/MS, de 9 de julho de 2013, com a definição dos critérios de financiamento, monitoramento e avaliação [Internet]. [Acesso em: 29 de setembro de 2016]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0183_30_01_2014.html. 4. Paraná. Secretária de estado de saúde do Paraná. Guia de Implantação e Monitoramento de Núcleos de Vigilância Epidemiológica Hospitalar [Internet]. [Acesso em: 29 de setembro de 2016]. Paraná; 2005. Disponível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/guia_implantacao_nucleos_epidemio.pdf. 5. Brasil. Portaria 2.254, de 5 de agosto de 2010. Institui a Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar, define as competências para a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, os critérios para a qualificação das unidades hospitalares de referência nacional e define também o escopo das atividades a serem desenvolvidas pelos Núcleos Hospitalares de Epidemiologia [Internet]. [Acesso em: 29 de setembro de 2016]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt2254_05_08_2010.html. 6. Malheiro, VLG. Avaliação do subsistema de vigilância epidemiológica em âmbito hospitalar – Rede de Núcleos Hospitalares de Epidemiologia. São Paulo. Dissertação de Mestrado. Curso de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; 2013. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Guia_Vig_Epid_novo2.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt0183_30_01_2014.html http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/guia_implantacao_nucleos_epidemio.pdf http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt2254_05_08_2010.html 28 7. Escosteguy CC, Medronho RA. A importância dos Núcleos de Vigilância Hospitalar. Cad. Saude Colet. 2005; 13 (3): 585 - 587. 8. Rebeiro AF, Nalheiro VL. Epidemiologia hospitalar com ênfase em vigilância epidemiológica - Subsistema de Vigilância Epidemiológica em Âmbito Hospitalar. São Paulo: Coordenadoria de Controle de Doenças/ Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo; 2007. Boletim Epidemiológico Paulista, 38. 9. Ministério da Saúde (Brasil). Portaria N° 204, de 17 de fevereiro de 2016. Define a Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras providências. 10. Brasil. Ministério da Saúde. Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle de Enfermidades (MOPECE). Módulo 4: Vigilância em saúde pública. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 11. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Vigilância Epidemiológica em âmbito hospitalar. São Paulo: Coordenadoria de Controle de Doenças/ Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo; 2007. Informe Técnico Institucional, Rev Saúde Pública 41; (3):487-91. 12. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2016. 13. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 140, de 27 de fevereiro de 2014. Redefine os critérios e parâmetros para organização, planejamento, monitoramento, controle e avaliação dos estabelecimentos de saúde habilitados na atenção especializada em oncologia e define as condições estruturais, de funcionamento e de recursos humanos para a habilitação destes estabelecimentos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 14. Pessoa, JP et al. Situação Dos Indicadores De Morbidade, Cobertura Vacinal E Demográfico No Município De Jataí – GO: Análise Comparativa Entre os Anos 2000 e 2009. Goiânia. Tese [Mestrado] – Universidade Federal de Goiás; 2012. 15. Brasil. Agência nacional de saúde suplementar. Ministério da Saúde. Taxa de Mortalidade Institucional [Internet]. [Acesso em 05 de outubro de 2016]. Disponível em http://www.ans.gov.br/images/stories/prestadores/E-EFT-02.pdf. http://www.ans.gov.br/images/stories/prestadores/E-EFT-02.pdf29 16. Brasil. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Ministério da Educação. Diretriz Ebserh para monitoramento e avaliação em segurança do paciente: gestão voltada para resultados efetivos e seguros. Série “Diretrizes Ebserh sobre Segurança do Paciente. Volume 3. 1ª edição. Brasília. 2016. 17. Brasil. Ministério da Saúde. Mortalidade [Internet]. [Acesso em: 05 de outubro de 2016]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/CapituloC.pdf. http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/livroidb/2ed/CapituloC.pdf 30
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