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PENAL-ESPECIAL-E-LEGISLAÇÃO-PENAL-EXTRAVAGANTE-1 pos faveni

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 
2 CRIMES CONTRA OS COSTUMES x CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL .. 6 
2.1 Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual. .............................................. 7 
2.1.1 Estupro ............................................................................................................. 8 
2.1.2 Violação sexual mediante fraude .................................................................... 12 
2.1.3 Assédio sexual ................................................................................................ 13 
2.2 Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável ............................................. 13 
2.2.1 Estupro de vulnerável .................................................................................. 14 
2.2.2 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente. ... 14 
2.3 Aumento de pena ............................................................................... 15 
2.4 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 15 
2.5 Rufianismo ......................................................................................... 16 
2.6 Aumento de pena ............................................................................... 16 
3 TUTELA PENAL DA VIDA HUMANA ........................................................................ 17 
3.1 Homicídio ........................................................................................... 18 
 Homicídio qualificado ................................................................................................ 18 
3.2 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ..................................... 20 
3.3 Infanticídio .......................................................................................... 21 
3.4 Aborto ................................................................................................. 21 
3.5 Das Lesões Corporais ........................................................................ 22 
 Violência Doméstica .................................................................................................. 23 
3.6 Da Periclitação da Vida e da Saúde ................................................... 24 
 Perigo de contágio venéreo....................................................................................... 24 
4 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ................................................................ 27 
4.1 Violação de Domicílio ........................................................................ 28 
4.2 Furto ................................................................................................... 29 
 
3 
4.3 Furto qualificado ................................................................................. 29 
4.4 Furto de coisa comum ........................................................................ 29 
4.5 Do Roubo e da Extorsão .................................................................... 30 
 Extorsão 31 
4.6 Da Usurpação .................................................................................... 32 
4.7 Dano ................................................................................................... 32 
5 LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.) .................... 34 
5.1 Disposições Preliminares – Lei nº 11.340, de 07 de Agosto de 2006 35 
5.2 Da Violência Doméstica e Familiar Contra A Mulher - Lei nº 11.340, de 
07 de Agosto de 2006 ............................................................................................... 36 
5.3 Do atendimento pela autoridade policial............................................. 39 
5.4 Das medidas protetivas de urgência .................................................. 42 
5.5 Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor ......... 44 
5.6 Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência ... 46 
6 LEI DO CRIME ORGANIZADO (LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.) ....... 51 
6.1 Da Organização Criminosa ................................................................ 52 
6.2 Da investigação e dos meios de obtenção da prova .......................... 54 
6.3 Da Colaboração Premiada ................................................................. 55 
6.4 Da Ação Controlada ........................................................................... 58 
6.5 Da Infiltração de Agentes ................................................................... 59 
6.6 Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações
 61 
6.7 Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova ...... 61 
6.8 Associação Criminosa ........................................................................ 63 
7 LEI ANTI DROGAS (LEI Nº 11.343, DE 2006) .......................................................... 64 
7.1 Dos Crimes e Das Penas ................................................................... 69 
7.2 Da Repressão à Produção não Autorizada e ao Tráfico Ilícito de Drogas
 70 
 
4 
7.3 Dos Crimes ......................................................................................... 71 
7.4 Do Procedimento Penal ...................................................................... 75 
7.5 Da Investigação .................................................................................. 76 
7.6 Da Instrução Criminal ......................................................................... 78 
7.7 Da Apreensão, Arrecadação e Destinação De Bens Do Acusado ..... 79 
7.8 Da Cooperação Internacional ............................................................. 82 
8 DESTRUIÇÃO DE PLANTAÇÕES E DROGAS APREENDIDAS ............................. 84 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 87 
10 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS.................................................................................85 
 
 
5 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
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2 CRIMES CONTRA OS COSTUMES X CRIMES CONTRA A DIGNIDADE 
SEXUAL 
 
Fonte: themisjus.com.br 
O Código Penal brasileiro foi instituído pelo Decreto-lei 2.848/1940. Em sua 
redação original, constavam do Título VI da Parte Especial os “crimes contra os 
costumes”. 
A expressão “crimes contra os costumes” era demasiadamente conservadora 
e indicativa de uma linha de comportamento sexual imposto pelo Estado às pessoas, 
por necessidades ou conveniências sociais. Além disso, revelava-se preconceituosa, 
pois alcançava, sobretudo, as mulheres. De fato, somente a “mulher honesta” era 
tutelada por alguns tipos penais, mas não se exigia igual predicado dos homens. 
Discutia-se se a esposa podia ser vítima do estupro praticado pelo marido, sob a 
alegação de obrigatoriedade de cumprimento do famigerado “débito conjugal”. 
A mulher era sempre considerada objeto no camposexual, sem nenhuma 
preocupação legislativa quanto à direção conferida, por ela mesma, aos seus desejos 
e interesses. 
Com o passar do tempo as mulheres conquistaram, com muito esforço e mérito, 
autêntica posição de destaque na sociedade. O princípio da isonomia, em suas 
concepções formal e material, consagrado no art. 5.º, caput, da Constituição Federal, 
determinava a necessária mudança de um quadro machista e insustentável. De fato, 
https://themisjus.com.br/
 
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a lei penal não pode estabelecer tratamentos diferenciados fundados unicamente no 
sexo das pessoas. 
Com o desdobramento dos trabalhos da “CPI da Pedofilia”, editou-se a Lei 
12.015/2009, responsável por diversas modificações na seara dos crimes sexuais, 
especialmente o recrudescimento das penas e a criação de novos delitos. E, como 
relevante mudança, merece destaque a nomenclatura do Título VI da Parte Especial 
do Código Penal. A ultrapassada expressão “crimes contra os costumes” cedeu 
espaço à adequada terminologia “crimes contra a dignidade sexual”. 
Seu fundamento de validade reside no art. 1.º, inc. III, da Constituição Federal: 
a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República Federativa do 
Brasil, definida com precisão por Marco Antônio Marques da Silva: 
A dignidade decorre da própria natureza humana, o ser humano deve ser 
tratado sempre de modo diferenciado em face da sua natureza racional. É no 
relacionamento entre as pessoas e o mundo exterior e entre o Estado e a 
pessoa que se exteriorizam os limites da interferência no âmbito desta 
dignidade. O seu respeito, é importante que se ressalte, não é uma 
concessão ao Estado, mas nasce da própria soberania popular, ligando-se à 
própria noção de Estado Democrático de Direito. 
De fato, a dignidade é inerente a todas as pessoas, sem qualquer distinção, em 
decorrência da condição privilegiada do ser humano. Ademais, a dignidade da pessoa 
humana não gera reflexos apenas nas esferas física, moral e patrimonial, mas também 
no âmbito sexual. Em outras palavras, toda e qualquer pessoa humana tem o direito 
de exigir respeito no âmbito da sua vida sexual, bem como o dever de respeitar as 
opções sexuais alheias. 
2.1 Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual. 
Liberdade sexual é o direito de dispor do próprio corpo. Cada pessoa tem o 
direito de escolher seu parceiro sexual, e com ele praticar o ato desejado no momento 
que reputar adequado. A lei protege o critério de eleição sexual que todos desfrutam 
na sociedade. 
 
São três os crimes contra a liberdade sexual: estupro (art. 213), violação sexual 
mediante fraude (art. 215) e assédio sexual (art. 216-A). 
 
 
8 
2.1.1 Estupro 
Art. 213 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal 
ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§ 2o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
Com advento da Lei número 12.015/2009, inicialmente, deixaram de existir os 
crimes contra os costumes, e entraram em cena os “crimes contra a dignidade sexual”. 
Entretanto, várias outras modificações também foram implementadas, destacando-se 
a fusão, em um único delito, dos crimes outrora tipificados nos arts. 213 e 214 do 
Código Penal. O alcance do estupro foi ampliado, alargando-se o raio de incidência 
do art. 213, em face da revogação formal do art. 214, anteriormente responsável pela 
definição do atentado violento ao pudor. 
Com efeito, atualmente o crime de estupro, previsto no art. 213 do Código 
Penal, representa a junção dos antigos delitos de estupro (art. 213) e atentado violento 
ao pudor (art.214). A pena não mudou. Continua a ser, em sua modalidade 
fundamental, de reclusão, de seis a dez anos. 
 
Vale a pena destacar a redação de cada um dos tipos penais: 
 
Portanto embora o art. 214 do Código Penal tenha sido formalmente revogado 
pela Lei 12.015/2009, a conduta que era nele incriminada subsiste como relevante 
perante o Direito Penal, agora com o nomen iuris estupro. Conclui-se, portanto, pelo 
simples deslocamento do antigo atentado violento ao pudor para o atual delito de 
estupro. Incide na hipótese o princípio da continuidade normativa, também conhecido 
 
9 
como princípio da continuidade típico-normativa, pois o fato subsiste criminoso, 
embora disciplinado em tipo penal diverso. 
A pena cominada ao estupro, em sua modalidade fundamental, varia de seis a 
dez anos de reclusão. 
Ação Penal: Pública condicionada à representação (regra). Se a vítima for 
menor de 18 anos a ação penal será pública incondicionada (Súmula 608). 
 
O estupro, consumado ou tentado, em qualquer das suas espécies – simples 
ou qualificadas – é crime hediondo, nos termos do art. 1.º, inc. V, da Lei 8.072/1990. 
Em face da sua natureza hedionda, esse crime submete-se a tratamento penal 
mais rigoroso, destacando-se a insuscetibilidade de anistia, graça e indulto, e também 
da fiança (Lei 8.072/1990, art. 2.º, incs. I e II). 
Além disso, quem for condenado pela prática de estupro deverá cumprir a pena 
privativa de liberdade em regime inicialmente fechado, autorizando-se a progressão 
depois do cumprimento de dois quintos da pena, se primário, ou de três quintos, se 
reincidente (Lei 8.072/1990, art. 2.º, §§ 1.º e 2.º).9 E a obtenção do livramento 
condicional reclama o cumprimento de percentual mais elevado da pena privativa de 
liberdade, nos termos do art. 83, inc. V, do Código Penal. 
Na redação original do Código Penal, estabelecida pelo Decreto-lei 2.848/1940, 
existiam dois crimes sexuais cometidos com emprego de violência ou grave ameaça, 
definidos entre os “crimes contra os costumes”: estupro e atentado violento ao pudor. 
No estupro (art. 213), a conduta típica consistia em “constranger mulher à 
conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça”. Por sua vez, no atentado 
violento ao pudor (art. 214) o tipo penal apresentava a seguinte redação: “Constranger 
alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se 
pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal”. 
Em ambos os delitos, o núcleo era “constranger”, mediante emprego de 
violência ou grave ameaça. No estupro, entretanto, buscava-se a conjunção carnal, 
enquanto no atentado violento ao pudor o objetivo almejado pelo agente era qualquer 
outro ato libidinoso. Nos dois crimes, a pena era de reclusão, de seis a dez anos, em 
face das reformas promovidas pela Lei 8.072/1990 – Lei dos Crimes Hediondos. 
 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788530979102/epub/OEBPS/Text/chapter01.html#fn9
 
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Este quadro foi alterado pela Lei 12.015/2009. Inicialmente, deixaram de existir 
os crimes contra os costumes, e entraram em cena os “crimes contra a dignidade 
sexual”. Entretanto, várias outras modificações também foram implementadas, 
destacando-se a fusão, em um único delito, dos crimes outrora tipificados nos arts. 
213 e 214 do Código Penal. O alcance do estupro foi ampliado, alargando-se o raio 
de incidência do art. 213, em face da revogação formal do art. 214, anteriormente 
responsável pela definição do atentado violento ao pudor. 
Com efeito, atualmente o crime de estupro, previsto no art. 213 do Código 
Penal, representa a junção dos antigos delitos de estupro (art. 213) e atentado violento 
ao pudor (art. 214). A pena não mudou. Continua a ser, em sua modalidade 
fundamental, de reclusão, de seis a dez anos. Em síntese, o tratamento legislativo do 
crime de estupro pode ser assim representado: 
 
Entende-se por respeitar a dignidade sexual, o livre arbítrio do indivíduo em 
demonstrar sua sexualidade, sem que seja desrespeitadopor isso, de seu 
consentimento para a conjunção carnal, não ter a liberdade sexual violada 
independentemente que seja com o emprego de grave ameaça ou violência. O Brasil 
por se tratar de um país onde a maioria possui uma certa religiosidade, tem grande 
índices de intolerância baseados em critérios moralistas, mediante isso, fica 
determinantemente proibido, constranger alguém por qualquer motivo que seja em 
função de sua liberdade sexual. 
Para a essencial garantia da sexualidade como um predicado da dignidade 
humana, especialmente no âmbito do sistema penal, resta ainda o enfrentamento do 
sistema de ideias respeitáveis, que continua sendo um grande obstáculo para a 
concretização da desejada o indispensável amparo de um valor jurídico que, de 
acordo com a Constituição Federal de 1988, bem como de acordo com a principiologia 
dos Direitos Humanos, tem importância basilar para a convivência social. 
O Código Penal, em sua redação, se antes tratava proteger a moral sexual, na 
atualidade viu-se a necessidade de se proteger a liberdade de escolha do parceiro e 
do consentimento do ato sexual. As mudanças na Lei, incluiu também um capítulo 
direcionado a cuidar de vulneráveis. 
Dessa forma, divide-se o Título VI em seis capítulos: 
 
 
11 
1) Dos crimes contra a liberdade sexual; 
2) Dos crimes sexuais contra vulnerável, antes chamados “da sedução e da corrupção 
de menores”; 
3) Disposições gerais, revogando-se o capítulo que continha a expressão “do rapto”; 
4) Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de 7.1.1.2 prostituição ou outra forma 
de exploração sexual, antes chamado, pela Lei nº 11.106, de 2005, “do lenocínio e do 
tráfico de pessoas”; 
5) Do ultraje público ao pudor; e 
6) Disposições gerais. 
É notório que a sociedade do século XXI, não se submetem as mesmas 
restrições impostas pelas culturas de décadas passadas, visto que com a mudança 
de comportamento da sociedade, entra a grande importância da mudança da Lei 
Penal, pois com as grandes mudanças de comportamento percebeu-se que para que 
o indivíduo ainda pudesse ser livre, e isso inclui sua dignidade sexual, os 
transgressores de tal liberdade deveriam estar cientes de uma futura punição. 
O princípio da Dignidade da Pessoa Humana é a junção de vários direitos e 
deveres do cidadão. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito e tem como fundamentos: 
III - a dignidade da pessoa humana;(CF 1988 apud MARTINS, p 19 2015) 
A liberdade sexual das pessoas é o bem jurídico protegido, como direito de 
dispor se seus corpos e escolher por praticar ou não conjunção carnal ou outro ato 
libidinoso. Entretanto vale frisar que homens e mulheres possuem, igualmente, o 
direito de negar-se à prática de atos sexuais que não queiram realizar, 
independentemente de a relação ser com um cônjuge, companheiro ou qualquer 
classe de pessoas com quem se esteja. 
Conforme a LEI Nº 13.718, DE 7 DE AGOSTO DE 2009, dos crimes contra a 
Dignidade sexual, citam – se: 
O estupro constitui-se um crime complexo em sentido amplo. Nada mais é do 
que o constrangimento ilegal voltado para uma finalidade específica, 
consistente em conjunção carnal ou outro ato libidinoso. (CASTRO, 2014 
apud MASSON p. 17, 2016). 
 
12 
Entende-se por crime complexo todo aquele que para configurar sua prática 
necessita de mais de uma conduta para causar seu resultado fim, ou seja, é junção 
de delitos. 
2.1.2 Violação sexual mediante fraude 
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante 
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da 
vítima:(Redação dada pela Lei nº 12.015 de 2009) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, 
aplica-se também multa. 
Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). 
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo 
de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718 de 2018). 
Pena – reclusão, de 1(um) a 5 (cinco) anos, se ao ato não constitui crime mais grave. 
(Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) 
A Nova Lei 13.718/2018, trouxe algumas mudanças no código penal a partir do 
artigo 215, nesse caso a nova lei revoga o art. 61 do Decreto-Lei nº 3.688/41 (Lei das 
Contravenções Penais), que cuidava da importunação pública ao pudor. 
Juntamente com as mudanças no texto de Lei, foi introduzido em nosso 
ordenamento jurídico a Importunação Sexual. 
No que diz referente a fraude: é o meio que o agente utiliza para enganar uma 
determinada pessoa, comprometendo a livre manifestação de vontade. 
A violação sexual mediante fraude também é conhecida como estelionato 
sexual. E são várias as modalidades que incidem de violência sexual mediante fraude, 
temos como exemplos algumas situações como a de uma mulher que procura um 
curandeiro a procura de cura de uma determinada doença, e ele a convence que a 
cura só poderia ser atingida mediante conjunção carnal, a de um irmão que mantém 
relação sexual com uma jovem por se aproveitar de sua aparência física ser igual ao 
de seu irmão gêmeo, como também a de um médico aproveitando-se de sua profissão 
realiza exames íntimos em suas pacientes. 
Notadamente que em todos os casos há consentimento da vítima, porém o que 
configura crime é a utilização de meios de fraude para cometer tais atos, sendo que 
 
13 
se a vítima soubesse que estava sendo enganada jamais permitiria que os fatos 
acontecessem, pois, as mesmas foram induzidas ao erro. 
Não se admite modalidade culposa. 
2.1.3 Assédio sexual 
Art. 216- A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento 
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou 
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Pena – detenção, de 1(um) a 2(dois) anos. 
O assédio sexual é uma abordagem grosseira que se faz a vítima, não é apenas 
uma cantada ou um elogio, mas uma tentativa de contato verbal ou física com palavras 
de baixo calão e ofensivas. Causando danos psíquicos, como depressão, síndrome 
do pânico, insônia entre outros. 
A vítima de assédio sexual tem uma grande dificuldade de provar o assédio 
sofrido, pois precisa de testemunhas, e muitas vezes o ofensor se comporta de forma 
discreta e opressora, sendo assim, é importante que a vítima tome algumas atitudes 
para lhe ajudar a provar o assédio sofrido, como informar o que está acontecendo a 
terceiros, bem também como gritar no momento do ato para chamar atenção, 
principalmente quando o fato ocorre em locais públicos como ônibus, metrô e etc. 
Para que a vítima denuncie o assédio para os órgãos competentes o prazo para 
representação contra o ofensor é de 6 meses. 
Art. 216-A. § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 
18 (dezoito) anos. ” (NR). 
2.2 Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14(catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena – reclusão, de 2(dois) a 5(cinco) anos. 
Parágrafo único. (VETADO) (NR) 
Vulnerável é a vítima menor de 14 anos, deficientes mentais que em razão não 
tem necessário discernimento para a prática do ato. 
 
14 
A Lei 13.718/18 trouxe também alterações no artigo 218 do CP, isso inclui a 
divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo 
ou de pornografia. 
2.2.1 Estupro de vulnerável 
 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 
14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com 
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato, ou que,por qualquer outra causa, não pode 
oferecer resistência. 
§ 2o (VETADO) 
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se 
independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações 
sexuais anteriormente ao crime. 
2.2.2 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente. 
 
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou 
induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer 
lascívia própria ou de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. ” 
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de 
vulnerável 
Art. 218-B.Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de 
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-
la, impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
 
15 
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também multa. 
§ 2o Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 
18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem 
as práticas referidas no caput deste artigo. 
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação 
a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. ” 
Introduzido pela Lei 13.718/18: 
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, 
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação 
de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro 
audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça 
apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, 
nudez ou pornografia: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
2.3 Aumento de pena 
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é 
praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a 
vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. 
Ação penal 
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se 
mediante ação penal pública incondicionada a representação. 
Parágrafo único. (Revogado). 
2.4 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração 
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
16 
§ 1°Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, 
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiros, estabelecimento em que 
ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do 
proprietário ou gerente: 
2.5 Rufianismo 
Compreende por Rufianismo, a prática de ganhar vantagem sobre prostituição 
alheia, mais conhecida como cafetinagem, termo popular utilizado no Brasil, o sujeito 
explora a vítima sexualmente. 
Art. 230. § 1° Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos 
ou se o crime for cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, 
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por 
quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 2°Se o crime for cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro 
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena 
correspondente à violência. ” (NR). 
2.6 Aumento de pena 
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: 
I – (VETADO); 
II – (VETADO); 
III - de metade a dois terços, se do crime resultar gravidez; e 
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vítima doença 
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima 
é idosa ou pessoa com deficiência. ” 
“Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título 
correrão em segredo de justiça. ” 
 
17 
“Art. 234-C. (VETADO). ” 
3 TUTELA PENAL DA VIDA HUMANA 
 
Fonte: renovamidia.com.br 
A compreensão dos Direitos Humanos nem sempre é uma tarefa fácil, por se 
tratar de um tema complexo e polêmico. 
Alguns autores defendem o entendimento de Direitos Humanos baseando-se 
simplesmente em todos os direitos elencados na Constituição Federal, conquistados 
com acontecimentos históricos da sociedade, considerando todas as gerações. 
Aplica-se os direitos humanos em toda esfera do Direito, notadamente na 
esfera penal, ela visa proteger indivíduos que estão em situação de vulnerabilidade 
diante o Estado, contrapondo o aparelho repressor. 
A tutela penal é de suma importância aplicada com os direitos humanos para 
que ultrapassem os limites das percepções geracionais, para que assim ressalte a 
história da construção decorrente das mobilizações e dos movimentos sociais que 
buscam sobrepor as discriminações e a falta de acesso aos bens fundamentais. 
Há também uma proteção jurídico-penal para vida, pois são punidos os 
homicídios simples (art. 121, CP), qualificados (art. 121, § 2º, CP), o infanticídio (art. 
123), o aborto (arts. 124 a 128 do CP) e o induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio 
(art. 122 do CP). 
Via de regra a vida é resguardada, salvo no caso de legítima defesa, estado de 
necessidade e exercício regular de direito, que excluem a ilicitude, e o aborto legal 
https://renovamidia.com.br/
 
18 
(art. 128, I e II do CP), que extingue a punibilidade. Ninguém pode ser privado de sua 
vida. Mesmo nos países que são favoráveis à pena de morte, proposta em sentença 
transitada em julgado por poder competente, é preservada a vida até a execução, 
oferecendo ao criminoso ainda o direito ao indulto ou comutação de pena. 
Segundo o Código Penal, são Crimes Contra a Vida: 
3.1 Homicídio 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela 
Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, 
no exercícioda função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
 
19 
 (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o 
crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 
13.104, de 2015). 
 Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime 
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente 
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do 
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 
2003) 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, 
se as consequências de a infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que 
a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977). 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou 
por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012). 
§ 7o A pena do feminicidio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015). 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 
13.104, de 2015). 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com 
deficiência;(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015). 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
 (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015). 
 
 
 
20 
 Observação: Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a mulher por 
“razões da condição de sexo feminino”, ou seja, desprezando, menosprezando, 
desconsiderando a dignidade da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo 
feminino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino. 
Existe diferença entre feminicídio e femicídio? 
• Femicídio significa praticar homicídio contra mulher (matar mulher); 
• Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher por “razões da condição 
de sexo feminino” (por razões de gênero). 
A Lei sobre Feminicídio, pune mais gravemente aquele que mata mulher por 
“razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima ser 
mulher. 
3.2 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para 
que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 
um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de 
resistência. 
 
O suicídio é a resoluta destruição da própria vida. Suicida, segundo o Direito, é 
somente aquela que busca direta e voluntariamente a própria morte. 
Apesar de o suicídio não ser um ilícito penal, é um fato antijurídico, dado que a 
vida é um bem público indisponível, sendo certo que o art. 146§ 3°, II, do Código Penal 
prevê a probabilidade de se exercer coação contra quem tenta suicidar-se, justamente 
pelo fato de quem a ninguém é dado o direito de dispor da própria vida. Não obstante 
a lei penal não punir o suicídio, cujas razões de índole político, ela pune o 
comportamento de quem induz, instiga ou auxilie outrem a suicidar-se. É que, sendo 
a vida um bem público indisponível, o ordenamento jurídico veda qualquer forma de 
 
21 
auxílio a eliminação da vida humana, ainda que esteja presente o consentimento do 
ofendido. 
3.3 Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o 
parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
3.4 Aborto 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
(Vide ADPF 54). 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior 
de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido 
mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para 
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são 
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento 
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
22 
3.5 Das Lesões Corporais 
A lesão corporal é delito que antecede a um outro delito de maior gravidade, 
normalmente o homicídio. 
Como se trata de delito acessório, um acompanha o outro, quase sempre tem 
a violência física como meio de execução. (Tais como o constrangimento ilegal, roubo, 
extorsão, estupro possessório, atentado contra a liberdade de trabalho) ou 
qualificadora (dano com violência à pessoa, ultraje a culto e impedimento ou 
perturbação de ato a ele relativo com violência pessoal e, etc.). 
Trata-se de delito material, de comportamento e de resultado, em que o tipo 
exige a produção deste. O crime de lesão corporal se aperfeiçoa no momento em que 
há a real ofensa à integridade física ou à saúde física ou mental do ofendido. 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
 Lesão corporal seguida de morte 
 
A lesão corporal como supracitado, antecede o crime fim, que muitas vezes 
resulta a morte do indivíduo, para essas situações o código penal aplica as seguintes 
penas. 
 
23 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o 
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
 Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
 Substituição da pena 
 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de 
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
 Lesão corporal culposa 
 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a penade 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses 
dos §§ 4° e 6°do art. 121 deste Código. 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 Violência Doméstica 
§ 9° Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge 
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são 
as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se 
o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
 
24 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em 
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
3.6 Da Periclitação da Vida e da Saúde 
Este título trata dos crimes de perigo, aos quais o legislador dedicou o Capítulo 
III do Código Penal, chamado da Periclitação da Vida e da Saúde. É mister, antes de 
se aprofundar na análise dos tipos penais que compõem o capítulo em estudo, uma 
breve diferenciação dos crimes de perigo daqueles delitos encontrados nos capítulos 
anteriores e subsequentes do mesmo documento normativo; os chamados delitos de 
dano ou lesão. 
Os chamados delitos de dano são aqueles em que se exige, para sua 
configuração, a efetiva lesão ou dano ao bem juridicamente protegido pelo tipo penal. 
Ao contrário, os delitos reconhecidos como de perigo não exigem a produção efetiva 
de dano, mas, sim, a prática de um comportamento típico que produza um perigo de 
lesão ao bem juridicamente protegido, vale dizer, uma probabilidade de dano. O perigo 
seria, assim, entendido como probabilidade de lesão a um bem jurídico-penal 
(GRECO, 2016 p. 195). 
 Perigo de contágio venéreo 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato 
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está 
contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 Perigo de contágio de moléstia grave 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está 
contaminado, ato capaz de produzir o contágio. 
 
25 
 
 Perigo para a vida ou saúde de outrem 
 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição 
da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a 
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com 
as normas legais. 
 
 Abandono de incapaz 
 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Aumento de pena 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador 
da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos 
 
 Exposição ou abandono de recém-nascido 
 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
26 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
 Omissão de socorro 
 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da 
autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
 Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial 
 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem 
como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de 
atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. 
 
 Maus-tratos 
 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer 
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho 
excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
27 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (catorze) anos. 
4 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
Fonte:infosaodesiderio.com 
O furto é um crime contra o patrimônio que se constitui no assenhoramento da 
coisa alheia com o fim de apoderar-se dela de modo definitivo. 
Para sermos mais diretos significa a subtração de coisa alheia móvel para si ou 
para outrem, difere-se do roubo que tem o emprego de grave ameaça. 
Ao se considerar o estatuto penal, na espécie, este protege dois objetos 
jurídicos: a posse, abrangendo a detenção e a propriedade. Todavia, há de 
se compreender, também, que a objetividade jurídica imediata do furto é a 
tutela da posse; de forma secundária, o estatuto penal protege a propriedade. 
Esta é o conjunto dos direitos inerentes ao uso, gozo e disposição dos bens. 
Posse é a exteriorização desses direitos (MIRABETE, 2004 apud PACHECO 
2011, p. 2). 
O patrimônio envolve um conceito mais amplo e abrangente que a propriedade, 
constituindo uma universalidade de direitos. Nem todos os direitos estão 
compreendidos em seu âmbito, mas somente aqueles que dispõem de valor 
econômico e pertencem à determinada pessoa. Seu conceito penal, todavia, não 
coincide por inteiro com o civil, já que determinados objetos, que não dispõem 
 
28 
propriamente de valor patrimonial, mas de valor afetivo também se encontram 
incluídos na tutela penal. 
4.1 Violação de Domicílio 
 Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a 
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas 
dependências: 
 Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o 
emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à 
violência. 
 § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário 
público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas 
em lei, ou com abuso do poder. (Vide Lei nº 13.869, de 2019) 
 § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheiaou em suas 
dependências: 
 I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão 
ou outra diligência; 
 II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali 
praticado ou na iminência de o ser. 
 § 4º - A expressão "casa" compreende: 
 I - qualquer compartimento habitado; 
 II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
 III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou 
atividade. 
 § 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
 I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto 
aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior; 
 II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art44
 
29 
4.2 Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz 
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, 
ou aplicar somente a pena de multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico. 
4.3 Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver 
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
§ 6° A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no 
local da subtração. 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração 
for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
4.4 Furto de coisa comum 
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a 
quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
 
30 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não 
excede a quota a que tem direito o agente. 
4.5 Do Roubo e da Extorsão 
 Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave 
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega 
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime 
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I – (revogado); 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para 
outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, 
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de 
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
§ 3º Se da violência resulta: 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, 
e multa; 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
 
31 
 Extorsão 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o 
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar 
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de 
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do 
artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
§ 3° Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa 
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de 
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave 
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. 
 
 Extorsão mediante sequestro 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 
25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002) 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
§ 1° Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é 
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por 
bando ou quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 
25.7.90 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
§ 4º- Se o crime for cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à 
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a 
dois terços. 
 Extorsão indireta 
 
 
32 
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de 
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou 
contra terceiro: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
4.6 Da Usurpação 
 Alteração de limites 
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo 
de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: 
 Usurpação de águas 
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; 
 
 Esbulho possessório 
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de 
mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. 
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada. 
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente 
se procede mediante queixa. 
 
 Supressão ou alteração de marca em animais 
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, 
marca ou sinal indicativo de propriedade: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
4.7 Dano 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
 Dano qualificado 
 
33 
 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui 
crime mais grave 
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município 
ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou 
empresa concessionária de serviços públicos; 
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência. 
 
 Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia 
 
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de 
quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
 
 Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico 
 
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente 
em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
 Alteração de local especialmente protegido 
 
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local 
especialmente protegido por lei: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
Ação penal 
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, 
somente se procede mediante queixa. 
 
34 
5 LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.) 
 
Fonte:internacionaldaamazonia.com 
A Lei Maria da Penha foi criada baseada na história da farmacêutica cearense 
Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu durante aproximadamente 23 anos de 
violência doméstica pelo ex-marido. 
O professor universitário e ex-marido de Maria da Penha, Marco Antônio 
Herredia Viveros, tentou contra vida de sua esposa por duas vezes, sendo a primeira 
em 1983, quando deu um tiro em Maria da Penha enquanto dormia, deixando-a 
paraplégica. 
Após a segunda tentativa de assassinato, quando foi vítima de eletrocussão e 
afogamento, Maria da Penha teve coragem para denunciar o seu agressor e começar 
o processo que demoraria quase 20 anos para ser finalizado. 
Maria da Penha só conseguiu sair de casa após a uma ordem judicial e iniciou 
uma intensa batalha para que seu agressor fosse condenado. Essa condenação só 
aconteceu em 1991, mas a defesa alegou irregularidades no procedimento do júri. O 
caso foi julgado novamente em 1996, com nova condenação. Mais uma vez, a defesa 
fez alegações de irregularidades e o processo continuou em aberto por mais alguns 
anos. Enquanto isso, Heredia continuou em liberdade. 
E foi decorrente a situação vivida pela Maria da Penha que a Lei Maria da 
Penha foi o nome dado a uma legislação brasileira que garante a proteção das 
 
35 
mulheres contra qualquer tipo de violência doméstica, seja física, psicológica, 
patrimonial ou moral. 
A lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, popularmente conhecida como Lei 
Maria da Penha, alterou o Código Penal brasileiro, fazendo com que os agressores 
sejam presos em flagrante ou que tenham a prisão preventiva decretada, caso 
cometam qualquer ato de violência doméstica pré-estabelecido pela lei. 
A mesma foi alterada pela Lei nº 13.641, de 3 de abril de 2018, para tipificar o 
crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. 
5.1 Disposições Preliminares – Lei nº 11.340, de 07 de Agosto de 2006 
No art. 1º esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica 
e familiar contra a mulher, nos termos do § 8° do art. 226 da Constituição Federal, da 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da 
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do 
Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra 
a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação 
de violência doméstica e familiar. 
Art. 2° Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação 
sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades 
e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu 
aperfeiçoamento moral, intelectual e social. 
Art. 3° Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo 
dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à 
moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à 
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
§ 1° O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos 
humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de 
resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
§ 2° Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições 
necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput. 
 
36 
Art. 4° Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela 
se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de 
violência doméstica e familiar. 
5.2 Da Violência Doméstica e Familiar Contra A Mulher - Lei nº 11.340, de 07 de 
Agosto de 2006 
Disposições Gerais: Art. 5° Para os efeitos desta Lei, configura violência 
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero 
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de 
orientação sexual. 
Art. 6° A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas 
de violação dos direitos humanos. 
Das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher 
Art. 7° São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre 
outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua 
integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, 
 
37 
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que 
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante 
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a 
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, 
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o 
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de 
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, 
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, 
difamação ou injúria. 
Da assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
Das medidas integradas de prevenção 
 
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra 
a mulher far-se-ápor meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por 
diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, 
educação, trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações 
relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, 
às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, 
para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação 
periódica dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais 
da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou 
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso 
III do art. 1°, no inciso IV do art. 3° e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
 
38 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, 
em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à 
sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos 
humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros 
instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e 
entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de 
erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, 
do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas 
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos 
de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e 
de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os 
conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e 
ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Da assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
 
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na 
Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de 
Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente quando for o caso. 
§ 1° O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo 
federal, estadual e municipal. 
§ 2° O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, 
para preservar sua integridade física e psicológica: 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da 
administração direta ou indireta; 
 
39 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do 
local de trabalho, por até seis meses. 
§ 3° A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e 
tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das 
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência 
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos 
de violência sexual. 
5.3 Do atendimento pela autoridade policial 
Art. 10 Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, 
de imediato, as providências legais cabíveis. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento 
de medida protetiva de urgência deferida. 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - 
preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. 
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de 
testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, 
obedecerá às seguintes diretrizes: 
I – salva guarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, 
considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e 
familiar; 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados 
ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o 
mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos 
sobre a vida privada. 
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou 
de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o 
seguinte procedimento: 
 
40 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o 
qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação 
de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência 
sofrida; 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional 
especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária 
ou policial; 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a 
degravação e a mídia integrar o inquérito. 
Art. 11°. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico 
Legal; 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou 
local seguro, quando houver risco de vida; 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis. 
Art. 12°. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os 
seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo 
Penal: 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a 
termo, se apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas 
circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, expediente apartado ao juiz 
com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
Observação: Projeto de Lei (PL) nº 94/2018, sancionada pelo Presidente Jair 
Bolsanaro no dia 14 de Maio de 2019. (Sujeito a alteração). Lei nº 13.827 de 
13/05/2019. 
 
41 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e 
requisitar outros exames periciais necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de 
outras ocorrências policiais contra ele; 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério 
Público.§ 1° O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá 
conter: 
I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 
§ 2° A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o 
boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da 
ofendida. 
§ 3° Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos 
fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e 
planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão 
prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de 
Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes 
especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a 
mulher. 
Art. 12-B. (VETADO). 
§ 1º (VETADO). 
§ 2º (VETADO. 
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à 
defesa da mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus 
dependentes. 
Art. 13° Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão 
as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica 
 
42 
relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido 
nesta Lei. 
Art. 14°. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos 
da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, 
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento 
e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, 
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
Art. 15°. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis 
regidos por esta Lei, o Juizado: 
I - do seu domicílio ou de sua residência; 
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; 
III - do domicílio do agressor. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida 
de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em 
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da 
denúncia e ouvido o Ministério Público. 
Art. 17°. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem 
como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. 
5.4 Das medidas protetivas de urgência 
Conforme supracitado a lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, surgiram 
medidas protetivas de urgência popularmente conhecidas como medidas de 
afastamento ou proteção. Tais medidas são de cunho protetivo e preventivo, visando 
garantir a integridade física e psicológica de vítimas que estejam em situação de risco, 
além disso, servem como instrumento para impor limites à campanha criminosa do 
agressor, objetivando a amparo daquelas. 
Art. 18°. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no 
prazo de 24 (vinte e quatro) horas: 
 
43 
Observação: Projeto de Lei (PL) nº 94/2018, sancionada pelo Presidente Jair 
Bolsanaro no dia 14 de Maio de 2019. (Sujeito a alteração). Lei nº 13.827 de 
13/05/2019. 
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas 
de urgência; 
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência 
judiciária, quando for o caso; 
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis. 
Art. 19°. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, 
a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
§ 1° As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, 
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, 
devendo este ser prontamente comunicado. 
§ 2° As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou 
cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior 
eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3° Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da 
ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já 
concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de 
seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. 
Art. 20°. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá 
a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do 
Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do 
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, 
se sobrevierem razões que a justifiquem. 
Art. 21°. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao 
agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo 
da intimação do advogado constituído ou do defensor público. 
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao 
agressor. 
Sancionada o Projeto de Lei (PL) nº 94/2018, sancionada pelo Presidente Jair 
Bolsanaro no dia 14 de Maio de 2019. (Sujeito a alteração). Lei nº 13.827 de 
13/05/2019. 
 
44 
De acordo com a norma, verificada a existência de risco atual ou iminente à 
vida ou à integridade física da vítima, o agressor será imediatamente afastado do lar, 
domicílio ou local de convivência com a pessoa ofendida. A medida de afastamento 
caberá à autoridade judicial; ao delegado de polícia, quando o município não for sede 
de comarca; ou ao policial, quando o município não for sede de comarca e não houver 
delegado disponível no momento da denúncia. 
Além do afastamento imediato, a lei determina que, nos casos de risco à 
integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não 
será concedida liberdade provisória ao preso. Lei nº 13.827 de 13/05/2019. (Sujeito a 
alteração). 
5.5 Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor 
Art. 22° Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou 
separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao 
órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o 
limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio 
de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física 
e psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a 
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
§ 1° As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras 
previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as 
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério 
Público. 
 
45 
§ 2° Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas 
condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo

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