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Prof. Marco Barros UNIDADE I Rousseau e o Contrato Social Filosofia Política • Dados biográficos de Jean Jacques Rousseau • Aspectos históricos: Filosofia da Renascença e Nicolau Maquiavel Teoria do Contrato Social • Thomas Hobbes • John Locke Segundo Discurso de J. J. Rousseau • Homem no Estado de Natureza (estática) • Homem após Estado de Natureza (dinâmica) Programa de aula Trajetória Pessoal Nasceu em Genebra, Suíça, em 1712; Rousseau atuou como músico e professor em Paris; Vence o concurso da Academia de Dijon ao responder à questão “O restabelecimento das ciências e das artes contribuiu para aperfeiçoar os costumes?”, em 1750; Diante das críticas ao regime absolutista sofreu perseguições e refugiou-se na Suíça e Inglaterra; Morreu em 2 de julho de 1789, por causas não esclarecidas; Diante da influência na Revolução Francesa, seus restos mortais estão guardados no Panteão de Paris, dedicado aos heróis da pátria. Dados biográficos de Jean Jacques Rousseau Principais traços de sua obra: Elogio do homem primitivo; Crítica da civilização degenerada; Aprimoramento da teoria do contrato social; Contribuição em temas como: política; direito; artes; educação e moral. Principais produções: Discurso sobre as Artes e Ciências, 1750; Discurso sobre a origem e base da desigualdade entre os homens, 1754; Emílio, ou A educação, 1762; Contrato Social, ou Princípios do Direito Político, 1762; Confissões de Jean Jacques Rousseau, 1770. Dados biográficos de Jean Jacques Rousseau Contexto antes da teoria de Rousseau Filosofia da Renascença → contribuição para a formação do pensamento político. Retomada do valor dos discursos; Participação direta na vida pública; Humanismo cívico. Aspectos históricos Fonte: Rafael, Giuliano de' Medici (1479–1516). Metropolitan Museum, Nova Iorque. Contexto antes da teoria de Rousseau Nicolau Maquiavel (1469-1527). Tomada e manutenção do poder. Autonomia do sistema político experiência e história. Aspectos históricos Aspectos históricos Virtù Fortuna Conjunto de qualidades pessoais que o governante precisa cultivar para a manutenção do poder e alcançar “grandes feitos”; Competência na aplicação do poder político; Dependência da fortuna. Contingência predominante como uma força da natureza e não prevista pela razão humana; Oportunidade para o exercício das qualidades pessoais do governante; Dependência da virtù. Contexto antes da teoria de Rousseau As obras de Maquiavel narram as experiências de diferentes governos republicanos italianos, sobretudo quando foi conselheiro de Florença. Tais escritos influenciaram a visão de Rousseau já que delimitaram a compreensão da autonomia da política. Aspectos históricos República Poder institucionalizado; Representação político; Responsabilidade política; Mandatos eletivos e temporários; Distinção entre os interesses públicos dos privados. Em O Príncipe, Maquiavel afirma que: a) A fortuna governa todas as ações humanas. b) Deus governa todas as ações humanas. c) As coisas do mundo são governadas pela natureza ou por Deus. d) A fortuna governa metade de nossas ações e nos deixa governar a outra metade. e) A virtù controla por completo todas as ações humanas. Interatividade Em O Príncipe, Maquiavel afirma que: a) A fortuna governa todas as ações humanas. b) Deus governa todas as ações humanas. c) As coisas do mundo são governadas pela natureza ou por Deus. d) A fortuna governa metade de nossas ações e nos deixa governar a outra metade. e) A virtù controla por completo todas as ações humanas. Resposta Propósito da teoria do contrato social Apresentar um fundamento racional para a origem e defesa do Estado. Cada teórico vai enfatizar aspectos específicos do conceito de Estado em sua teoria. Estado como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território. Teoria do Contrato Social ESTADO ORDEM JURÍDICA SOBERANIA OBJETIVO POVO TERRITÓRIO Propósito da teoria do contrato social A teoria do contrato social historicamente crítica as doutrinas teocráticas. Natureza divina dos governantes: governantes como deuses vivos. Investidura divina: delegados diretos e imediatos dos deuses. Investidura providencial: origem divina do poder (e não do mandatário). A teoria do contrato social pressupõe uma origem artificial do Estado a partir de um contrato elaborado pelo povo e orientado para o povo (soberania popular), independente da forma de governo (monarquia ou república)! Teoria do Contrato Social Narrativa pressuposta pela teoria do contrato social Estado de Natureza é um expediente metodológico capaz de descrever a vida humana em uma situação anterior ao contrato social. Para alguns autores, trata-se do estado primitivo da vida humana. Teoria do Contrato Social Estado de Natureza Contrato Social Estado Civil Racionalista → desenvolvimento de um modelo hipotético. Monarquista. Condição natural do homem é um estado de guerra de todos contra todos (capítulo XLII do Leviatã). O que explica a condição perversa? A situação de igualdade entre os homens e que produz uma desconfiança a ponto de justificar a guerra. “Desta igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos nossos fins. Portanto, se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos” (HOBBES, Leviatã). Thomas Hobbes (1588-1679) Razão orienta os homens para as condutas de paz, sendo possível alcançarem um acordo – o que Hobbes designará como leis da natureza. Diante de uma situação de guerra, é razoável supor que os homens não queiram ficar nesse estado de permanente disputa. Logo, o desejo de paz justifica a reunião dos homens por meio de um contrato social. Para Hobbes o contrato social representa uma abdicação de direitos dos homens em prol de um bem maior, controlado por uma estrutura suprema e diversa dos sujeitos: Estado Absolutista/ Monarca/ Leviatã! Thomas Hobbes (1588-1679) Empirista → papel da observação. Liberal. Estado de Natureza é caracterizado por uma situação de igualdade. O desequilíbrio decorre dos riscos ao direito natural de propriedade. A propriedade não é uma mera soma dos bens materiais, mas é resultado da própria liberdade de escolha que cada indivíduo possui e que, por meio do trabalho, pode tomar como seu! Trata-se de um direito natural! John Locke (1632-1704) Comparação entre Hobbes e Locke HOBBES LOCKE Elemento central Soberania Liberdade Estado de Natureza Estado de guerra Não é necessariamente bom ou ruim Propósito do acordo Impor a lei e evitar o estado de guerra Garantir os direitos individuais naturais, em especial o direito de propriedade Representação Alienação absoluta Representação indireta (papel do parlamento) A partir do estudo da teoria contratualista, analise as afirmativas. I. O modelo contratualista apresenta uma contraposição entre um estado de natureza (pré-político) e um estado civil (político). II. O estado de natureza, para Thomas Hobbes, é caracterizado como uma "guerra de todos contra todos". III. Na concepção lockeana do contrato social, a propriedade privada não constitui um direito inviolável. Interatividade Está correto o que se afirma em: a) II e III. b) I e III. c) III, apenas. d) I e II. e) I, apenas. Interatividade A partir do estudo da teoria contratualista, analise as afirmativas. I. O modelo contratualista apresenta uma contraposição entre um estado de natureza (pré-político) e um estado civil (político). II. O estado de natureza, para Thomas Hobbes, é caracterizado como uma "guerra de todos contra todos". Alternativa correta: d) I e II. Resposta Visão Geral Passagem do “Rousseau músico” parao “Rousseau filósofo”. Descreve a gênese da sociedade: surgimento e consolidação da desigualdade social → a formação da sociedade corrompe o homem. Qual é a origem da desigualdade entre os homens e será ela permitida pela lei natural? (Academia de Dijon) Dividida em duas partes Primeira parte: descrição do estado de natureza. Segunda parte: introdução da história. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (Segundo Discurso) Ponto de partida (prefácio): reconhecer a ignorância das ciências e refletir sobre o “outro”. Sentimento de comiseração ou piedade (pitié): capacidade de desnaturalizar os vícios e reaproximar os homens dos seus semelhantes diante das necessidades básicas! O pensamento de Rousseau brota, portanto, a partir de um duplo princípio, o da identificação a outrem e até ao mais "outrem" de todos os outrens, até um animal; e o da recusa da identificação a si mesmo, ou seja, a recusa de tudo o que pode tornar o eu "aceitável". Essas duas atitudes se completam, e a segunda inclusive funda a primeira: na verdade, eu não sou "eu", e sim o mais fraco, o mais humilde, dos "outros" (LÉVI-STRAUSS, 2013, p. 51). Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (Segundo Discurso) A apresentação do estado de natureza é inédita em Rousseau. Crítica aos contratualistas anteriores já que atribuíram de forma equivocada as características do homem civil ao homem no estado de natureza! O estado de natureza é uma situação de equilíbrio e bonança e o bom selvagem é autossuficiente e solitário. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (Segundo Discurso) Fonte: ROUSSEAU, Henri. The Equatorial Jungle (1909), National Gallery of Art, Washington, D.C. Primeira parte do Segundo Discurso Bom selvagem Físico MetafíscioMoral Atenção! Rousseau defende o comprometimento de todos esses planos com a desigualdade, em especial uma desigualdade física (ou natural) com o comprometimento do corpo e outra moral (ou política) vinculada às ações. Primeira parte do Segundo Discurso Bom selvagem Físico MetafíscioMoral Aspecto Físico Homem na condição de pura natureza → situação de equilíbrio. Situação de abundância e solidão → temperamento robusto e quase inalterável. Vive apenas com a força do seu corpo e não teme os animais selvagens. Comparação com o guerreiro espartano “belo e bom”. Crítica da domesticação do homem pela civilização (ex.: Surgimento das doenças). Primeira parte do Segundo Discurso Aspecto Metafísico Homem se delimita como um ser capaz de uma possibilidade quase infinita de realização de tudo que o circunda → perfectibilidade. Diferença entre o homem e os demais animais → liberdade de escolha e controle da natureza (não é a mera racionalidade!). “Um escolhe ou rejeita por instinto e o outro, por um ato de liberdade; é por isso que o animal não pode afastar-se da regra que lhe é prescrita” (ROUSSEAU, 1999, p. 172). Primeira parte do Segundo Discurso Aspecto Moral Motivações das ações práticas do homem na natureza → as paixões primitivas. Primeira parte do Segundo Discurso Piedade Natural Amor de si Natural aos corações Autoconservação Homens só se reuniram em sociedade porque se reconheceram como semelhantes Assegura a sobrevivência do homem natural, justificando as ações Para Rousseau: a) A causa da desigualdade humana é puramente natural. b) Há dois tipos de desigualdade, uma natural ou física, e outra moral ou política. c) A causa da desigualdade humana é puramente histórica. d) O estado de natureza é desigual. e) Não existe estado de natureza. Interatividade Para Rousseau: a) A causa da desigualdade humana é puramente natural. b) Há dois tipos de desigualdade, uma natural ou física, e outra moral ou política. c) A causa da desigualdade humana é puramente histórica. d) O estado de natureza é desigual. e) Não existe estado de natureza. Resposta Narrativa da degeneração do homem em sociedade. Introdução da história e da dinâmica → surgimento da propriedade privada. “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer “isto é meu” e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo” (ROUSSEAU, Segundo Discurso, p. 203). Segunda parte do Segundo Discurso Estado de Natureza Histórico Idade de Ouro Propriedade • ricos e pobre • governantes • despotismo Estado de Guerra Segunda parte do Segundo Discurso Estado de Natureza Histórico Primeiras comunidades. Início de disputas com armas. Especialização de tarefas. Desenvolvimento das línguas. Atenção! O estado de natureza histórico não se confunde com o estado da Primeira Parte. Segunda parte do Segundo Discurso Idade de Ouro Surgimento das primeiras indústrias. Excedente de produção. Habitações e choupanas. “Juventude do mundo”. Embora os homens houvessem ficados menos tolerantes e a piedade natural já houvesse sofrido certa alteração, esse período do desenvolvimento das faculdades humanas, mantendo-se no exato meio-termo entre a indolência do estado primitivo e a petulante atividade de nosso amor-próprio, deve ter sido a época mais feliz e duradoura (ROUSSEAU, Segundo Discurso, 1999, p. 212). Segunda parte do Segundo Discurso Propriedade Segunda parte do Segundo Discurso Ferro e trigo – civilizaram os homens Mercados Direito de propriedade Propriedade Atenção! Diferente de Locke, Rousseau sustenta que a propriedade não resulta do trabalho, mas da acumulação. Daí é possível a usurpação: apropriar-se de coisas além do seu trabalho. Surgimento da miséria e das disputas de classes → estado de guerra. A instituição de um governo legítimo sob a égide de um discurso fraudulento cria a possibilidade da constituição de uma ordem social! Segunda parte do Segundo Discurso Estado de Guerra A sociedade vai se desenvolvendo até encontrar a terceira grande forma de desigualdade: a desigualdade entre senhor e escravo. Após descrever o estado de guerra, Rousseau chega à conclusão: a desigualdade não possui base na natureza! Rousseau apresenta o paradoxo constitutivo da sociedade: progresso social (ex. Técnico e intelectual) x aumento da desigualdade (ex. degeneração moral). Segunda parte do Segundo Discurso “Conclui-se desta exposição que a desigualdade, sendo quase nula no estado de natureza, extrai sua força e seu crescimento do desenvolvimento de nossas faculdades e dos progressos do espírito humano e torna-se enfim estável e legítima pelo estabelecimento da propriedade e das leis. Conclui-se ainda que a desigualdade moral, autorizada unicamente pelo direito positivo, é contrária ao direito natural toradas as vezes em que não coexiste, na mesma proporção, com a desigualdade física; distinção que determina suficientemente o que se deve pensar a esse respeito da espécie de desigualdade que reina entre todos os povos policiados, já que é claramente contra a lei da natureza. Seja qual for a maneira por que a definimos, uma criança mandar num velho, um imbecil conduzir um homem sábio e um punhado de gente regurgitar de superfluidades enquanto a multidão esfaimada carece do necessário” (Rousseau, Segundo Discurso, p.243). Segunda parte do Segundo Discurso Para que o homem viva conforme sua natureza boa, livre e feliz, Rousseau defende: a) A ruptura radical com os vícios em sociedade e o retorno definitivo à vida em contato com a natureza. b) Uma educação em contato com a natureza para que na infância o homem não seja contaminado pelos vícios da sociedade. c) Uma revolução que ponha fim às instituições criadas pelo homem em sociedade e a adoção de um modo de vida anarquista. d) A adequação aos bons costumes da vida em sociedade. e) O cultivo das ciências e das artes, sem qualquercuidado. Interatividade Para que o homem viva conforme sua natureza boa, livre e feliz, Rousseau defende: a) A ruptura radical com os vícios em sociedade e o retorno definitivo à vida em contato com a natureza. b) Uma educação em contato com a natureza para que na infância o homem não seja contaminado pelos vícios da sociedade. c) Uma revolução que ponha fim às instituições criadas pelo homem em sociedade e a adoção de um modo de vida anarquista. d) A adequação aos bons costumes da vida em sociedade. e) O cultivo das ciências e das artes, sem qualquer cuidado. Resposta ATÉ A PRÓXIMA! Prof. Marco Barros UNIDADE II Rousseau e o Contrato Social Programa de Aula Contrato Social • Visão Geral • Livro I do Contrato Social Conceitos Centrais • Pacto Social • Vontade Geral • Lei • Estado e Governo • A morte e manutenção do corpo político Repercussões do Contrato Social • Crítica de Gerard Lebrun • Obra de Luiz Roberto Salinas Fortes • A questão histórica • Modernidade Visão Geral Conclusão do Segundo Discurso: como assegurar a liberdade do homem civil? Impossibilidade de retorno ao estado de natureza. Ação política e via um contrato social entre os homens Contrato Social. Texto organizado em quatro partes (“livros”), editado em 1762. Obra inacabada, deveria ser incluída em tratado sobre política. Na época o livro foi proibido na França! Contrato Social Visão Geral “Quero indagar se pode existir, na ordem civil, alguma regra de administração legítima e segura, considerando os homens tais como são e as leis tais como podem ser. Procurarei sempre, nesta investigação, aliar o que o direito permite ao que o interesse prescreve, a fim de que a justiça e a utilidade não se encontrem divididas” (Rousseau, Contrato Social). Trata-se de uma ordem civil idealizada? Não, trata-se de uma ordem viável e que justificou uma série de revoluções em defesa da soberania popular! Importância da educação civil! Contrato Social Principal Livro do Contrato Social, apresenta os conceitos base da sociedade civil. Organizado em nove capítulos. “O homem nasceu livre e por toda parte ele está agrilhoado” (Rousseau, Contrato Social) Livro I Fonte: Eugène Delacroix, La Liberté guidant le peuple. 1830. Museu Louvre, Paris. Por qual motivo Rousseau é um contratualista? “A ordem social é um direito sagrado, que serve de base para todos os demais. Tal direito, entretanto, não advém da natureza; funda-se, pois, em convenções. Trata-se de saber quais são essas convenções” (Rousseau, Contrato Social). Livro I Fonte: Eugène Delacroix, La Liberté guidant le peuple. 1830. Museu Louvre, Paris. Convenções Sociais pressupõe um acordo de vontades (direito) Livro I Família Estado Sociedade Civil Família Estado Pai Chefe Filho Povo Amor do pai pelos filhos Prazer de comandar O contrato não se constitui como um direito do mais forte! É um ato de vontade! “(...) a força não faz o direito, e que só se é obrigado a obedecer aos poderes legítimos” (Rousseau, Contrato Social) Livro I Força Direito Ato de necessidade Ato de vontade Obediência Dever Convenções sociais Há duas etapas na construção do Estado: primeiro os indivíduos se associam em uma sociedade, para só depois a sociedade se constituir em um Estado. Livro I Primeira Convenção (Povo) Contrato Social (Estado) Sociedade Civil (Povo se submete a um governo) Sobre o conceito de legitimidade em relação ao Estado é correto afirmar: a) É o que impede a permanência de um grupo político específico na estrutura de poder do Estado por um longo período, mesmo que se trate de regimes autoritários e totalitários. b) Trata-se da possibilidade da sociedade civil rejeitar a dominação estatal toda vez que os preceitos constitucionais são desobedecidos. c) Refere-se ao elemento desestabilizador do poder estatal que emerge a cada crise econômica e afeta todo o sistema político vigente. d) É a crença segundo a qual a única fonte de poder do Estado encontra-se no uso legal e unilateral da força. e) Consiste em um certo grau de consenso político que assegure a obediência de parte significativa da população ao poder legalmente constituído, sem o uso necessário da força, exceto em ocasiões eventuais. Interatividade Sobre o conceito de legitimidade em relação ao Estado é correto afirmar: a) É o que impede a permanência de um grupo político específico na estrutura de poder do Estado por um longo período, mesmo que se trate de regimes autoritários e totalitários. b) Trata-se da possibilidade da sociedade civil rejeitar a dominação estatal toda vez que os preceitos constitucionais são desobedecidos. c) Refere-se ao elemento desestabilizador do poder estatal que emerge a cada crise econômica e afeta todo o sistema político vigente. d) É a crença segundo a qual a única fonte de poder do Estado encontra-se no uso legal e unilateral da força. e) Consiste em um certo grau de consenso político que assegure a obediência de parte significativa da população ao poder legalmente constituído, sem o uso necessário da força, exceto em ocasiões eventuais. Resposta Pacto Social (Capítulo VI do Livro I) “Encontrar uma forma de associação que defenda e proteja com toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedeça, contudo, a si mesmo e permaneça tão livre quanto antes” (Rousseau, Contrato Social). Equilibrar a liberdade e a igualdade Paradoxo. Conceitos centrais Pacto Social (Capítulo VI do Livro I) Dado que todos alienam todos os seus direitos, não sobra um que tenha mais direito que os demais (todos são iguais). Assim, não há o que reclamar (todos são livres). Contrato é justo para todos (igualdade e liberdade são equivalentes via contrato). “cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu poder sob a suprema direção da vontade geral; e recebemos, coletivamente, cada membro como parte indivisível do todo” (Rousseau, Contrato Social). Conceitos centrais Pacto Social (Capítulo VI do Livro I) Atenção! O contrato é estipulado em favor da vontade geral. Vontade geral não é a vontade da maioria, mas o denominador comum de todos os contratantes. Rousseau se diferencia frontalmente de Hobbes nesse ponto! Vontade geral é a base da soberania do Estado (soberania popular). Conceitos centrais Vontade Geral (Capítulo VI do Livro I) EX.: Art. 1º, Parágrafo único, CF/88: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Rousseau justificará o movimento do constitucionalismo império da lei (rule of law). Conceitos centrais Fonte: https://ufmg.br/comunicacao /noticias/constituicao- brasileira-completa-30-anos Vontade Geral (Capítulo VI do Livro I) Povo controla e limita a atuação da autoridade. Autoridade passa a ser compreendida como um meio de realização do interesse público. Interesse da autoridade deve sempre coincidir com a vontade geral. Conceitos centrais Vontade Geral (Capítulo VI do Livro I) Características da vontade geral: É suprema, pois é uma regra que deve prevalecer em quaisquer circunstâncias. É una e indivisível, não delegável (função não se confunde com poder); É irrevogável e perpétua historicamente, já que vigora em um certo território e em uma determinada população sobre as demais ordens sociais ao longo do tempo. Conceitos centrais Comparação entre Estado de Natureza e Estado Civil Natureza Artifício Apetite Moral Necessidade/ Liberdade natural Igualdade/ Liberdade civil Vontade particular/ Indivíduo Vontade geral/ Soberano Força Direito Posse Propriedade Estado de Natureza Estado Civil Rousseau define o contrato social como: a) O pacto corresponde às vontades individuais do corpo coletivo, sem obedecer a nenhuma lei. b) O contrato correspondeao modo de associação, onde, com base na união, todos obedecem a todos. c) Uma livre associação do gênero humano, que decide compor uma determinada forma de sociedade política, com base na vontade geral, com vistas ao pacto social. d) A expressão da permanência da desigualdade formal e da injustiça entre os homens, resolvidas sem que haja necessidade da alienação de cada componente do pacto social. e) Mera soma das vontades individuais. Interatividade Rousseau define o contrato social como: a) O pacto corresponde às vontades individuais do corpo coletivo, sem obedecer a nenhuma lei. b) O contrato corresponde ao modo de associação, onde, com base na união, todos obedecem a todos. c) Uma livre associação do gênero humano, que decide compor uma determinada forma de sociedade política, com base na vontade geral, com vistas ao pacto social. d) A expressão da permanência da desigualdade formal e da injustiça entre os homens, resolvidas sem que haja necessidade da alienação de cada componente do pacto social. e) Mera soma das vontades individuais. Resposta Lei (Capítulo VI do Livro II) Para que o corpo social permaneça vivo é necessário que tenha uma legislação. “Pelo pacto social demos existência e vida ao corpo político. Trata-se agora de dar-lhe o movimento e a vontade pela legislação” (Rousseau, Contrato Social). Atenção! Lei é a expressão da vontade geral, enquanto norma jurídica e ordenamento jurídico. Conceitos centrais Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image- vector/scales-justice-sign-icon-court-law- 243981613?src=Ah6P6CeJkM01D_92nJBbVQ-1-15 Lei (Capítulo VI do Livro II) Conceito de império da lei (ou estado de direito), que assegura que ninguém esteja acima da lei. Tal desdobramento é observável por meio do princípio da legalidade, que se opõe a toda e qualquer forma de abuso de poder. “o povo, por si, quer sempre o bem, mas nem sempre o reconhece por si só. A vontade geral é sempre reta, mas o julgamento que a guia nem sempre é esclarecido” (Rousseau, Contrato Social) LEGISLADOR Conceitos centrais Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image- vector/scales-justice-sign-icon-court-law- 243981613?src=Ah6P6CeJkM01D_92nJBbVQ-1-15 Rousseau admite a tese que, para se criar uma boa lei, é necessária uma inteligência superior. Rousseau adota o princípio da separação dos poderes, ainda que atribua um papel especial para o legislador! Atenção! Montesquieu já distinguiu a separação de três poderes (Legislativo, Executivo e o Judiciário). Cada um desses poderes corresponde a determinadas funções. A garantia da estabilidade do pacto reside justamente no equilíbrio e na execução dessa funções. Atenção! A separação não é rígida em nome da fiscalização da implementação de um sistema compensatório, excepcionalmente cada poder pode exercer função atípica. Conceitos centrais Conceitos centrais ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA Legislativo Legislar. Fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo. Natureza Executiva: ao dispor sua organização, provendo cargos, concedendo férias, licenças a servidores etc. Natureza jurisdicional: o Senado julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (exemplo: art. 52, I, CF). Executivo Prática de atos de chefia de Estado, chefia de governo e atos de administração. Natureza legislativa: o Presidente da República adota medida provisória (exemplo: art. 62, CF). Natureza jurisdicional: o Executivo julga, apreciando defesas e recursos administrativos. Judiciário Julgar (função jurisdicional), dizendo o direito no caso concreto, quando da aplicação da lei. Natureza legislativa: regimento interno de seus tribunais (exemplo: art. 96, I, “a”). Natureza executiva: administra, ao conceder férias aos magistrados e serventuários (exemplo: art. 96, I, “f”). Estado e Governo Para Rousseau, Estado (soberania popular) não se confunde com o governo! O governo é fixado por lei posterior ao contrato e que cumpre uma anterior lei que fixa suas competências! “De mais a mais, é evidente que o contrato do povo com determinadas pessoas seria um ato particular. Donde se conclui que esse contrato não poderia constituir nem uma lei nem um ato de soberania e que, por conseguinte, seria ilegítimo” (Rousseau, Contrato Social). Conceitos centrais A morte e manutenção do corpo político Para Rousseau do mesmo modo que o corpo humano está fadado a degenerar, o corpo político também acaba necessariamente morrendo. “O princípio da vida política repousa na autoridade soberana. O poder legislativo é o coração do Estado; o poder executivo, o cérebro, que dá movimento a todas as partes. O cérebro pode paralisar-se e o indivíduo continuar a viver. Um indivíduo torna-se imbecil e vive, mas, tão logo o coração deixa de funcionar, o animal morre” (Rousseau, Contrato Social). Conceitos centrais Para evitar a morte precoce e manter o poder soberano, Rousseau defende o modelo de representação direta do poder por meio do sufrágio e da realização de assembleias. “A soberania não pode ser representada pela mesma razão que não pode ser alienada; consiste essencialmente na vontade geral, e a vontade não se representa: ou é a mesma, ou é outra – não existe meio-termo. Os deputados do povo não são, pois, nem podem ser ou seus representantes; são simples comissário, e nada podem concluir definitivamente” (Rousseau, Contrato Social) Conceitos centrais O problema da representação e o jogo das vontades! Como preservar a vontade geral quando existem intermediários que controlam sua manifestação? Riscos da intermediação em transformar a vontade geral em vontade particular! Conceitos centrais Fonte: https://mdelsewhere.com/category/financas/ Fonte: https://www.shu tterstock.com/i mage- vector/line-art- illustration- crowd-protest- blank- 608218046 Surgida originalmente nas cidades da Grécia antiga, a ideia de cidadania ganhou força no século XVIII, como resultado das revoluções liberais que puseram abaixo o mundo do Antigo Regime. É correto afirmar que nas sociedades modernas: a) A cidadania prevê o direito de os cidadãos participarem diretamente das decisões de Estado. b) Os cidadãos são, classicamente, as pessoas que vivem dentro da mesma comunidade nacional. c) A igualdade de status político e civil, estabelecida via cidadania, sobrepujou as desigualdades materiais de classe social. d) A condição de cidadão confere aos indivíduos direitos (civis, políticos e sociais) e não deveres. e) Os direitos culturais figuram entre os direitos de cidadania observados pelo filósofo Rousseau. Interatividade Surgida originalmente nas cidades da Grécia antiga, a ideia de cidadania ganhou força no século XVIII, como resultado das revoluções liberais que puseram abaixo o mundo do Antigo Regime. É correto afirmar que nas sociedades modernas: a) A cidadania prevê o direito de os cidadãos participarem diretamente das decisões de Estado. b) Os cidadãos são, classicamente, as pessoas que vivem dentro da mesma comunidade nacional. c) A igualdade de status político e civil, estabelecida via cidadania, sobrepujou as desigualdades materiais de classe social. d) A condição de cidadão confere aos indivíduos direitos (civis, políticos e sociais) e não deveres. e) Os direitos culturais figuram entre os direitos de cidadania observados pelo filósofo Rousseau. Resposta A crítica de Gerard Lebrun Texto: Contrato social ou negócio de otário? Subjacente aos interesses envolvidos no contrato, o homem é ainda um ser egoísta? O contrato social só existe por razões individualistas? No contrato social o indivíduo é parcialmente o soberano, mas integralmente súdito! Repercussões do Contrato Social A crítica de Gerard Lebrun Para Lebrun prevalece uma alienação da liberdade em benefício de um soberano,que está acima de qualquer um e ao mesmo tempo livre de todos. Solução? Rousseau defende uma visão de um sujeito comprometido eticamente com a cidade a ponto de coincidir as vontades individuais com a vontade geral, derivado de uma rígida e espartana educação cívica. Repercussões do Contrato Social A obra de Luiz Roberto Salinas Fortes Importante filósofo e estudioso brasileiro sobre a obra de Rousseau. Discutiu as contradições que permeiam a obra de Rousseau. Repercussões do Contrato Social SER PARECER AGIR FALAR NATUREZA ARTIFÍCIO POLÍTICA TEATRO A questão da história Qual é o papel da história em Rousseau? Existe uma superação dos problemas descritos após a implementação da propriedade privada via formulação do pacto? História não é sinônimo de progresso! Papel formador da história caráter pedagógico dos “grandes feitos” da Antiguidade. Repercussões do Contrato Social A questão da história Crítica da história moderna, pois ela uniformizou a narrativa ao desconsiderar a diferenciação entre ações humanas. Início da desigualdade entre os homens marcou também o começo da indiferenciação entre eles! Aproximação conduzida por Rousseau entre a moralidade e os princípios políticos a solução dos problemas deve ocorrer via ação política! Repercussões do Contrato Social Modernidade “O pensamento das Luzes não era revolucionário de modo algum; o pensamento de Rousseau de certa maneira, já o era. De um lado, uma filosofia cega, por princípio, ao sentido e à possibilidade de uma revolução; de outro, uma filosofia que – desde que levada às últimas consequências, para além das escolhidas e do estilo do autor – antecipa, ao mesmo tempo, a Revolução Francesa e um outro pensamento político, que só emergiria dos escombros da Idade Clássica ou do Antigo Regime” (PRADO JR., 2008). Repercussões do Contrato Social Modernidade Inegável reconhecer o impacto de Rousseau na Revolução Francesa e, inclusive, como um pensador que consagra a modernidade. Na modernidade observa-se que há uma aposta na racionalização da sociedade e dos cidadãos via educação. Rousseau antecipa os fundamentos da vida moderna, em especial na condução da vida política! Repercussões do Contrato Social Síntese da obra de Rousseau Estado de Natureza Homens em um estado de natureza são livres e iguais. Em um estado de natureza, os homens são "bons selvagens". É a civilização quem o corrompe e provoca desigualdade. Propósito do acordo Restaurar a liberdade civil e estabelecer a igualdade. Representação Representação não é suficiente. Os cidadãos não podem delegar os seus deveres cívicos. Eles devem estar ativamente envolvidos. Rousseau é favorável a uma democracia direta. É uma alienação parcial. Liberdade Liberdade natural não existe, é necessário um pacto para reconstituir a liberdade civil (“retorno” ao estado de natureza). Propriedade Privada A propriedade privada é o fundamento da desigualdade entre os homens. Elemento-chave Igualdade. Comparação entre os contratualistas Estado absolutista - Hobbes Estado liberal - Locke Estado social - Rousseau Considerando as distinções teóricas entre Locke e Rousseau, assinale a alternativa correta: a) Tanto para Locke quanto para Rousseau, o estado de natureza não é necessariamente bom ou ruim. b) Locke defende um pacto social para restaurar a liberdade civil e estabelecer a igualdade, enquanto para Rousseau o pacto é uma soma das vontades individuais dos membros. c) As bases lançadas por Locke justificam a conformação de um Estado liberal, preocupado com as proteções dos direitos individuais. Em contrapartida a filosofia rousseauísta, por enfatizar a igualdade e rechaçar a propriedade privada como fundamento da desigualdade entre os homens, serve como fundamento do modelo de Estado social. Interatividade Considerando as distinções teóricas entre Locke e Rousseau, assinale a alternativa correta: d) Ambos sustentam a propriedade privada como um direito natural e inviolável. e) Para Rousseau a propriedade privada é o fundamento da desigualdade entre os homens, ainda que seja possível também atribuir às artes e ciências as causas degenerativas da desigualdade metafísica. Este último em relação ao plano metafísico também foi declarado por Locke. Interatividade Considerando as distinções teóricas entre Locke e Rousseau, assinale a alternativa correta: c) As bases lançadas por Locke justificam a conformação de um Estado liberal, preocupado com as proteções dos direitos individuais. Em contrapartida a filosofia rousseauísta, por enfatizar a igualdade e rechaçar a propriedade privada como fundamento da desigualdade entre os homens, serve como fundamento do modelo de Estado social. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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