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II - MORFOFISIOLOGIA DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A função básica do aparelho reprodutor masculino é a produção de 
espermatozóides viáveis para preservação da espécie. Está constituído de testículos, vasos 
eferentes, epidídimos, vasos deferentes, glândulas acessórias (próstata, vesículas 
seminais, bulbouretrais e ampolas), pênis e prepúcio. Os espermatozóides produzidos nos 
túbulos seminíferos saem do testículo vão ao epidídimo, onde adquirem a capacidade de 
fecundar e, são estocados na cauda. Na ejaculação são transportados ao longo dos ductos 
deferentes para a uretra, onde se misturam às secreções das glândulas acessórias para 
constituir o sêmen do ejaculado. 
 
Figura 1. Trato reprodutivo bovino. a. ampola, bu. glândula bulbouretral, cap.e cabeça do 
epidídimo, caud. e cauda do epidídimo, cp pedúnculo esquerdo do pênis, dd ductos 
deferentes, fe pênis, pg próstata, r reto, rp músculo retrator do pênis, s escroto, sf flexura 
sigmóide, t testículo, vg vesícula seminal. 
Fonte: Hafez , 1995 
TESTÍCULOS 
 
São as gônadas masculinas, cujas funções são a produção de espermatozóides e a 
produção de hormônios esteróides. 
Cada testículo é circundado por uma cápsula fibrosa chamada de túnica albugínea, 
sendo que, em algumas espécies essa cápsula contém fibras musculares. Nesses animais a 
cápsula é contrátil, sendo importante para manter a pressão adequada dentro do tecido 
e/ou para movimentar o fluido e os espermatozóides dentro do testículo. 
Se a cápsula dos testículos for removida pode-se verificar que o parênquima 
testicular é constituído, basicamente, de túbulos seminíferos separados pelo tecido 
intersticial. Os túbulos seminíferos são estruturas cilíndricas muito longas, 
compactamente dobradas, são organizados em lóbulos e separados por tecido fibroso. Os 
túbulos são distribuídos uns sobre os outros, e o espaço entre eles forma o tecido 
intersticial, que contém nervos, vasos sangüíneos e as células de Leydig, que são 
responsáveis pela síntese de esteróides no testículo. 
Cada túbulo tem a forma de um loop em que ambos os lados se abrem no rete 
testis, que é um sistema de intercomunicação situado centralmente no testículo. Devido à 
alta permeabilidade dessa estrutura, a composição do fluido que vem dos túbulos 
seminíferos é modificado quando passa no rete testis. 
A ligação entre o rete testis e o epidídimo é feita através dos ductos eferentes, que 
assim como os túbulus, também tem o seu número definido (4 a 14). Esses ductos se 
unem para formar o ducto epididimário, que consiste de um túbulo único muito 
enovelado e que posteriormente dará origem ao ducto deferente. 
O epidídimo é dividido anatomicamente em três partes: cabeça, corpo e cauda. Na 
cabeça ocorre o início da maturação espermática, no corpo a maturação se completa e na 
cauda os espermatozóides maturos são estocados. 
Cobrindo os testículos e epidídimos encontra-se a tunica vaginalis, que é uma 
extensão do peritônio e tem duas camadas, uma visceral, que cobre os testículos e 
epidídimos, e uma parietal que cobre a cavidade escrotal. 
 
 
 Figura 2. Testículo e epidídimo. 
 Fonte: Harper, 1982 
 
 
BOLSA ESCROTAL: 
 
 O escroto nos animais domésticos adultos varia de muito penduloso, como e o 
caso dos ovinos, a perianal como nos suínos, mas em todas as espécies serve para manter 
a temperatura testicular alguns graus abaixo da corporal. 
 A bolsa escrotal, no qual os testículos estão localizados consiste de várias 
camadas, a tunica vaginalis que apesar de ser uma extensão do peritônio, é bem mais 
grossa, e envolve os testículos e epidídimos. A camada muscular, a túnica Dartos, que é 
responsável pala variação na posição dos testículos, bem como na alteração da espessura 
e área da superfície do escroto de acordo com a temperatura. A pele que cobre os 
testículos é mais fina do que no resto do corpo, tem menos gordura, os pelo são finos, e 
possuem muitas glândulas sebáceas e sudoríparas. Além disso, na pele encontram-se 
receptores para temperatura que levam a informação ao cérebro. A proximidade de 
contato com o corpo do animal, é auxiliado pelo músculo cremaster interno dentro do 
cordão espermático que tem a capacidade de abaixar e elevar os testículos. Todos os 
componentes da bolsa escrotal auxiliam na manutenção da temperatura do testículo 
abaixo da corporal, sendo que essa temperatura é mantida pelo mecanismo de 
contracorrente do cordão espermático. 
 Se os testículos não descem da cavidade abdominal tem-se um problema chamado 
criptorquidismo, em que os testículos são incapazes de produzir espermatozóides devido 
a temperatura, que permanece similar a temperatura corporal. Da mesma forma, se a 
temperatura do testículo que está na bolsa escrotal for, por qualquer motivo, elevada o 
animal fica estéril temporária ou permanentemente, dependendo do tempo de exposição à 
altas temperaturas. 
 
 
DESCIDA DOS TESTÍCULOS: 
 
Os testículos nos animais domésticos se originam próximo aos rins mas, esses 
descem para o escroto durante a vida fetal ou logo após o nascimento. Seja qual for a 
explicação para a descida dos testículos, uma vez fora da cavidade abdominal eles fica 
mais frio (4 a 7ºC abaixo da corporal) e se tornam susceptíveis as alterações de 
temperatura 
À medida que os testículos descem para o escroto, carregam o sistema vascular, a 
artéria testicular se torna alongada, e nas espécies em que o escroto é pendular como no 
bovino, a artéria fora da cavidade abdominal se enrola formando um cone vascular, que 
faz parte do cordão espermático. A artéria enrolada é circundada por uma cadeia de 
múltiplas veias pequenas, chamada de plexo pampiniforme, formando o cordão 
espermático. Sendo que, as veias do plexo pampiniforme se reúnem para formar uma 
única veia próximo ao canal inguinal. 
Esse sistema vascular complexo constitui um sistema altamente eficiente de troca 
de calor contracorrente em que o sangue arterial é pré-resfriado antes de atingir o 
testículo, e o sangue venoso que sai do testículo é aquecido à temperatura corporal antes 
de retornar ao abdômen. 
O cordão espermático é recoberto pela túnica vaginalis, e está formado pelas 
artérias e veias espermáticas, nervos, vasos linfáticos e o músculo cremaster. E tem a 
função de assegurar que todo o testículo seja mantido a uma temperatura mais baixa do 
que a dos órgãos da cavidade abdominal 
 
 
TECIDO INTERSTICIAL: 
 
No parênquima testicular o tecido intersticial ocupa os espaços dentre os túbulos 
seminíferos e, está formado pelas células de Leydig, vasos sangüíneos, vasos linfáticos e 
nervos, apresentado também uma população variável de outras células. 
A concentração de túbulos seminíferos varia entre espécies, portanto também 
varia a quantidade de tecido intersticial. No bovino cerca de 15 % do parênquima do 
testículo é tecido intersticial e desse, 7,5 % são células de Leydig. 
As células de Leydig são relativamente grandes e estão localizadas, na maioria 
das vezes, próximo ao sistema vascular, e sua função principal é secretar hormônios 
esteróides. Essas células usam o colesterol como substrato para síntese de hormônios 
esteróides, sendo que esse pode ser sintetizado a partir do acetato ou ser obtido 
diretamente da corrente sangüínea. A testosterona sintetizada no tecido intersticial passa 
pela barreira sangüíneo testicular e vai para o lúmen dos túbulos seminíferos, onde se liga 
a uma proteína ligadora de andrógenos (ABP) para que possa ser mantida em altas 
concentrações dentro dos túbulos e, assim garantir uma espermatogênese normal. Além 
da testosterona, o testículo secreta vários outros esteróides, tais como a 
dehidroepiandrosterona e a andostenediona. 
A produção de testosterona, pelas células de Leydig, é regulada pelo LH da 
hipófise, e os níveis circulantes de testosterona, por sua vez, controlam a secreção de LH 
através de feedbacknegativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Estrutura do tecido intersticial no carneiro e cachaço. 
Fonte: Setchell, B.P., 1982 
 
 
 
TÚBULUS SEMINÍFEROS: 
 
Os túbulos seminíferos, constituem a maior parte do parênquima testicular (85% 
no touro) são compostos de dois tipos de células somáticas, as mióides e as de Sertoli, e 
de cinco tipos de células germinativas, espermatogônias, espermatócitos primários, 
secundários, espermátides e espermatozóides. Essas células germinativas encontram-se 
confinados entre a parede dos túbulos seminíferos e os pares de células de Sertoli que 
formam junções especializadas. 
As células mióides ou do tipo muscular, circundam os túbulos constituindo uma 
parte importante da parede dos túbulos seminíferos juntamente com material acelular. A 
maioria do material acelular fica entre as células mióides formando a membrana basal. 
As células mióides são, provavelmente, as responsáveis pelo movimento peristáltico dos 
túbulos que auxiliam o transporte de espermatozóides para fora do testículo. 
As células de Sertoli ocupam uma posição pivô no epitélio dos túbulos 
seminíferos, se estendem da parede externa do túbulo até o lúmen e estão em contato com 
todas os tipos celulares do epitélio seminífero. 
As espermatogônias estão entre as células de Sertoli e o tecido que limita a 
parede, e as demais células germinativas estão espremidas entre pares de células de 
Sertoli adjacentes ou embebidas nas criptas da superfície luminal do citoplasma das 
células de Sertoli , que possuem uma forma irregular e extensa. 
 
 
Figura 5. Esquema da disposição das células germinativas e células de Sertoli nos túbulos 
seminíferos. Sg espermatogônia, Sp espermatócito, rS espermátide arredondada, eS 
espermátide alongada, J junção entre as células de Sertoli, Bm membrana basal, MC 
células mióides, spm membrana espermática, Sm membrana da células de Sertoli, Sn 
núcleo da células de Sertoli. Fonte: Barth & Oko, 1989 
 
As células de Sertoli são diplóides e o número dessas células é um fator limitante 
na produção espermática, pois elas só podem dar suporte a um número finito de células 
germinativas. Portanto, o número de células de Sertoli não só determina a produção de 
espermatozóides, mas também o tamanho do testículo. A inibição da replicação dessas 
células no período neonatal resulta em um menor número e conseqüentemente, menor 
produção espermática e menor tamanho do testículo. Por outro lado, o inverso ocorre se o 
período de replicação dessas células for prolongado como, por exemplo, no caso de 
hipotireoidismo induzido, resultando em um aumento do número de células, aumento da 
produção espermática e aumento do tamanho do testículo. 
 As células de Sertoli formam uma série de junções especializadas entre elas, e 
entre elas e as células espermáticas. Essas junções são importantes na movimentação das 
células germinativas através do túbulo em direção ao lúmen. 
Inicialmente pensava-se que as células de Sertoli eram apenas células de suporte, 
mas hoje sabe-se que elas tem inúmeras funções essenciais para funcionamento do 
testículo: 
 Suporte físico para as células germinativas. 
 As junções entre as células de Sertoli são o maior componente da barreira sangüíneo 
testicular. 
 São responsáveis pela nutrição das células germinativas. 
 Proporcionam a liberação dos espermatozóides do epitélio germinativo, pois à medida 
que a cabeça é liberados no lúmen, as células de Sertoli retém a maioria do 
citoplasma das espermátides. 
 Fagocitose dos resíduos de citoplasma, e outras substâncias que possam prejudicar as 
células germinativas. 
 Secretam o fluido que preenche o lúmen dos túbulos, e várias das proteínas 
encontradas no fluido. Esse fluido carrega os espermatozóides dos túbulos para o rete 
testis e depois para o epidídimo. 
 Secretam a proteína ligadora de andrógenos (ABP), que se liga a testosterona e a 
dehidrotestosterona e transporta esses andrógenos para o epidídimo A secreção de 
ABP pelas células de Sertoli ocorre em resposta ao FSH. 
 Secretam proteínas ligadoras de metais tais como - transferrina (Fe), e ceruloplasmina 
(Cu), que transportam íons para o interior do túbulo que são necessários ao 
desenvolvimento de células germinativas. 
 Não sintetizam hormônios esteróides, mas convertem a testosterona em estradiol e em 
dihidrotestosterona (DHT). 
 Secretam inibina e ativina, que controlam a liberação de FSH pela hipófise e o 
ativador de plasminogênio que é importante para a remodelação durante a migração 
celular. 
 Secretam o antígeno H-Y responsável pelo desenvolvimento do testículo durante a 
diferenciação sexual. 
 
 Secretam fatores de crescimento que também afetam a espermatogênese. 
 
Figura 6. Células de Sertoli 
Fonte: Hafez, 1995 
 
 
BARREIRA SANGÜÍNEO-TESTICULAR: 
 
Essa barreira é estabelecida pouco antes da puberdade e é resistente a vários 
tratamentos utilizados para quebrar barreiras em outras partes do corpo. É uma barreira 
seletiva, sendo importante porque previne que proteínas, inclusive hormônios e 
anticorpos, entrem em contato com as células germinativas. Portanto, a função primária 
dessa barreira é, provavelmente, a de criar nos túbulos um ambiente apropriado para a 
meiose, controlando as substâncias que entram no epitélio. 
Essa barreira pode ser morfologicamente localizada em dois locais da parede dos 
túbulos, nas junções da células miódes, e nas das células de Sertoli, sendo essa última a 
mais importante em bovinos. 
 As junções especializadas entre células de Sertoli dividem os túbulos em 2 
compartimentos: basal e adluminal. No compartimento basal encontram-se, 
principalmente, as espermatogônias e no adluminal os espermatócitos, que entraram em 
meiose, e as espermátides em transformação. O compartimento basal dá livre acesso aos 
componentes que penetram na camada mióide, enquanto na segunda barreira, composta 
das junções da células de Sertoli, a entrada de substâncias é restrita e seletiva. Portanto, 
as células germinativas que se encontram no compartimento adluminal estão isoladas e 
não tem acesso direto a nutrientes, hormônios e outras substâncias, dependendo 
unicamente das células de Sertoli. Outra função dessa barreira é o isolamento 
imunológico das células haplóides em desenvolvimento. 
 
 
Figura 7. Junções da células de Sertoli formando a barreira sangüíneo testicular, 
compartimento basal entre a parede do túbulo e a junção e adluminal acima da junções. 
Fonte: Setchell, B.P., 1982 
 
 
 
CÉLULA ESPERMÁTICA 
 
Espermatozóides ou gametas masculinos são produzidos nos testículos através de 
um processo chamado de espermatogênese, sendo que os primeiros são liberados na 
puberdade, embora os eventos relacionados à espermatogênese comecem durante a vida 
fetal . 
Os espermatozóides dos mamíferos possuem dois componentes principais, a 
cabeça e a cauda. 
 
 
CABEÇA: 
 
O tamanho e o formato da cabeça varia com a espécie, mas a estrutura é 
semelhante para todos os mamíferos. Em todas as espécies consiste de uma massa de 
DNA altamente condensada chamada de cromatina, que esta combinada com pequenas 
proteínas ou peptídeos chamadas de protaminas. A cromatina é estabilizada pela 
formação de ligações dissulfidricas, que são rompidas após a fecundação no citoplasma 
do ovócito. 
A cabeça pode ser dividida em 2 regiões principais, a região acrossomal e a pós-
acrossomal. A parte anterior da cabeça é coberta pelo acrossomo que cobre o DNA. O 
acrossomo consiste de membranas formando uma espécie de saco, que contém várias 
enzimas, tais como a hialuronidase e a acrosina, importantes para a penetração no 
ovócito. Assim como as demais células do organismo, o espermatozóide é coberto pela 
membrana plasmática. Portanto, nessa região do espermatozóide possuem 5 membranas: 
a plasmática, a acrossomal interna, a acrossomal externa, a nuclearinterna e a nuclear 
externa. 
Após a região acrossomal encontra-se a pós-acrossomal que está localizada 
posteriormente, entre o plasmalema e as membranas nucleares, essa região é importante, 
pois é através dela que o espermatozóide se liga e fusiona com óvulo. Na extremidade 
caudal dessa região, as membranas nucleares formam a fossa de implantação, que esta 
associada à inserção do flagelo, enquanto a membrana plasmática se estende cobrindo 
toda a cauda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAUDA: 
 
Assim como a cabeça, a cauda varia em tamanho e formato entre espécies, mas a 
estrutura geral é semelhante. Pode ser dividida em quatro porções anatômicas distintas: 
pescoço (peça de conexão), peça intermediária, principal e final, sendo que todas são 
envoltas pela mesma membrana. 
A peça intermediária se estende da cabeça até o final da hélice mitocondrial, 
sendo que a porção próxima da cabeça é chamada peça de conexão e liga o aparelho 
móvel ao núcleo. 
 Comum a todas as porções da cauda é o axonema central, constituído de 9 
microtúbulos duplos com um par de microtúbulos únicos no centro. A peça intermediária 
difere das outras por ser circundado por uma camada de mitocôndrias, organizadas de 
forma helicoidal. Essas mitocôndrias suprem energia em forma de ATP para os 
microtúbulos, que quebram o ATP fornecendo energia para o movimento da cauda 
(motilidade altamente correlacionada com os níveis de AMPc). 
Entre o axonema e a hélice mitocondrial estão 9 fibras densas externas. Na peça 
principal, após a hélice mitocondrial, os filamentos do axonema e as fibras densas 
externas se estendem e são rodeados por uma capa fibrosa. Na região final a capa fibrosa 
desaparece e os microtúbulus (9+2) são cobertos apenas pela membrana plasmática. 
Em síntese, o espermatozóide é uma célula que tem estruturas especializadas que 
refletem a sua função. Ou seja, o acrossomo contém enzimas essenciais para a 
fecundação e a cauda contém a fonte de energia e o maquinário necessário para produzir 
a motilidade. 
 
 
 
Figura 9. Estrutura da cauda do espermatozóide mamífero em que foram feitos cortes em 
várias regiões. 
Fonte: Setchell, B. P., 1991 
 
 
ESPERMATOGÊNESE 
 
É um longo processo, que envolve uma série de divisões mitóticas das 
espermatogônias, duas divisões meióticas dos espermatócitos, remodelação morfológica 
extensa das espermátides hapóides e a liberação de espermatozóides diferenciados na luz 
dos túbulos seminíferos 
Durante a formação do testículo as células germinativas primordiais migram para 
a crista genital, quando esta migração se completa essas células ocupam sua posição no 
centro dos cordões sexuais, que formarão os túbulos seminíferos. Nesse momento, 
passam a ser chamadas de gonócitos, e são circundados pelas células de sustentação e 
uma membrana basal proeminente. Os gonócitos não se dividem, como no caso das 
fêmeas, mas permanecem inativos até um pouco antes da puberdade. 
Nessa época, passam a se chamados espermatogônias A0 (que vão dar origem aos 
demais tipos celulares), migram entre as células de Sertoli até atingir o tecido limitante 
externo ou base do túbulo e entram em um período de multiplicação mitótica indefinida. 
As espermatogônias estão sempre localizadas na camada que compõem a base do 
túbulo, sofrem varias divisões mitóticas para formar espermatócitos, que estão 
localizadas em uma camada mais acima. Os espermatócitos sofrem um longo processo 
reducional ou divisões meióticas, para formar a próxima camada de células haplóides 
chamadas espermátides. As espermátides, que são originalmente células arredondadas, 
sofrem uma série de transformações para formar a camada final de espermátides 
alongadas com a cabeça e cauda e, então são liberadas no lúmen dos túbulos. Portanto, a 
diferenciação das células germinativas em sua forma final está sempre associada com sua 
mobilidade no epitélio do túbulo. O deslocamento das células germinativas em direção a 
luz do túbulo é auxiliado pelo citoplasma das células de Sertoli. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10. Estágios da espermatogênese 
Fonte: Alberts et al., 1994 
 
 
 
A espermatocitogênese se refere à primeira fase da espermatogênese e envolve as 
espermatogônias que são células germinativas diplóides, originárias dos gonócitos, que se 
dividem mitoticamente, e estão localizadas no compartimento basal dos túbulos, entre as 
células de Sertoli e o tecido limitante externo. As células germinativas primordiais 
sofrem várias divisões mitóticas para popular os cordões sexuais e, então passam a 
chamar-se gonócitos. Antes da puberdade, os gonócitos sofrem modificações para formar 
as espermatogônias A0 que darão origem as demais células germinativas. As 
espermatogônias são classificadas em 3 tipos: A, B e intermediária. No bovino existem 
quatro tipos distintos de espermatogônias A, que são A0, A1, A2, A3. As 
espermatogônias A0 se dividem mitoticamente dando origem a A1, que são células de 
renovação, ou à A0 que são as células tronco de reserva. Existem 3 divisões mitóticas da 
espermatogônia tipo A (A1, A2, A3), o que termina com a espermatogônia intermediária. 
Novas células tronco reservas são produzidas também pela divisão mitótica de A2, e 
eventualmente A3 se diferencia em A1 renovando a linhagem espermática. 
 Espermatogônias intermediárias se originam da divisão mitótica de A3. As do tipo 
B1, são mitoticamente derivadas do tipo intermediária, e se dividem dando origem a B2. 
Todos esses tipos celulares estão na lâmina basal e quase que completamente circundados 
pelas células de Sertoli. Após a divisão mitótica das espermatogônias B2, resulta o 
espermatócito primário que, imediatamente, inicia meiose com síntese ativa de DNA. 
 Os espermatócitos primários pré-leptoteno, portanto são derivados mitoticamente 
das espermatogônias B2 e são as últimas células produzidas por mitose. Durante essa 
fase, que representa uma interfase pré-meiótica que precede a prófase da primeira divisão 
meiótica, ocorre síntese de DNA duplicação dos cromossomos homólogos. O próximo 
estágio do espermatócito primário é leptóteno, que é o primeiro estágio da prófase 
meiótica, seguido pela fase de zigóteno, paquíteno e diplóteno. Essa primeira divisão 
meiótica dá origem a dois espermatócitos secundários diplóides (estes têm metade dos 
cromossomos embora esses cromossomos já tenham sido duplicados). Os espermatócitos 
secundários, que contém metade do número de cromossomos, entram na segunda divisão 
meiótica produzindo rapidamente quatro espermátides arredondadas haplóides. Nas 
divisões meióticas para formar uma células com número haplóide de cromossomos a 
partir de uma diplóide, ocorre uma duplicação de cromossomos seguido de duas divisões 
(uma para separar os cromossomos homólogos pareados e a segunda para separar as 
cromátides irmãs). 
 
Figura 11. Mudanças que ocorrem durante a divisão meiótica envolvendo espermatócitos 
primários e secundários. 
Fonte: Kretser & Kerr, 1994 
 
 
RENOVAÇÃO DAS ESPERMATOGÔNIAS E DURAÇÃO DA 
ESPERMATOGÊNESE 
 
Para manter a continuidade do ciclo do epitélio uma renovação de 
espermatogônias deve ser assegurada em determinado ponto. Divisões mitóticas 
sucessivas do tipo A (A1, A2, A3) são seguidas por divisões mitóticas para formar In, 
B1, B2 espermatogônias. As células de renovação, se originam após a divisão mitótica de 
A2, que é uma mitose equivalente a que resulta em A1 e A3. Portanto, em qualquer 
estágio encontram-se 2 populações de A na camada basal dos túbulos seminíferos, sendo 
A3 que dará origem a espermátide e A3 que eventualmente se diferencia em A1 e 
renovando a linhagem de espermatogônias. Se a espermatogênese for considerada a partir 
de A3, a duração no bovino é de 48 dias. Mas, se for também levado em conta a 
renovação de A1 a duração é 62dias. Existe um pré-tipo A0 que não está envolvida na 
renovação, mas é considerada célula de reserva. 
ESPERMIOGÊNESE 
 
O processo em que as espermátides arredondadas são transformadas, por uma 
série de modificações morfológicas progressivas, em espermátides alongadas, com 
cabeça e cauda e que serão liberadas na luz dos túbulos seminíferos é chamado de 
espermiogênese. 
 
 Esse processo pode ser divido em 4 fases denominadas de golgi, capuchão, 
acrossomo e maturação. A fase de golgi no touro se refere desde a formação da 
espermátide arredondada (passo 1, figura 8) até a formação do grânulo acrossômico 
esférico associado com a membrana nuclear (passo 3). A fase de capuchão se caracteriza 
pelo crescimento de um capuchão acrossômico na cabeça (fases de 4-7). O período em 
que ocorrem as modificações no núcleo e acrossoma é chamada de fase do acrossoma 
(fases 8-12). E, a fase de maturação se refere à fase em que a espermátide completa a sua 
diferenciação, incluindo a formação final do flagelo e porção do pescoço, e a 
condensação final do núcleo (fases 13-14). 
Espermiação é a liberação da espermátide em forma de espermatozóide na luz dos 
túbulos. Durante esse processo, a grande porção de citoplasma encontrado na espermátide 
é deixada para trás formando o corpo residual, que é fagocitado e digerido pelas células 
de Sertoli. A região do pescoço da espermátide é ligada a esse excesso de citoplasma, 
permanecendo como uma gota citoplasmática, localizada na região da peça intermediária, 
quando o espermatozóide é liberado. 
 
 
 
Figura 13. Liberação das espermátides na luz dos túbulos seminíferos 
Fonte: Hafez, 1995 
 
 
ESPERMATOZÓIDES 
 
Espermátides maturas são liberadas no lúmen dos túbulos na forma de 
espermatozóides, pelo força de extrusão das células de Sertoli. Os espermatozóides, 
quando deixam o testículo são imóveis, incapazes de fecundar, possuem gota proximal e 
seu metabolismo é diferente do espermatozóide do ejaculado. Os espermatozóides são 
transportados por elementos contráteis e secreção dos fluidos do testículo e, pelos cílios 
da parede interna dos ductos deferentes. 
Vários processos estão envolvidos no transporte dos espermatozóides para fora do 
testículo: 
 Secreção ativa de fluidos das células de Sertoli e rete testis. 
 Contração de elementos da cápsula testicular. 
 Contração da camada da cápsula testicular. 
O transporte dos espermatozóides nos ductos eferentes, é feito pelo movimento 
das células ciliadas, enquanto que a passagem pelo epidídimo ocorre devido as 
contrações da musculatura lisa da parede. Sendo que, o tempo de transporte do 
espermatozóide pelo epidídimo é de 8-11 dias nos bovinos. 
 
 
CICLO E ONDA DO EPITÉLIO SEMINÍFERO 
 
Como foi visto existem 13 tipos celulares distintos A0, A1, A2, A3, I, B, 
espermatócito primário pré-leptóteno, leptóteno, zigóteno, paquíteno, espermatócito 
secundário e espermátide, que se desenvolvem em ordem cronológica. As espermátides 
podem ser divididas em 14 fases distintas representadas pelos números arábicos de 1-14 
(Fígura 14). 
Uma das coisas mais impressionantes do epitélio dos túbulos e que certas células 
são encontradas somente associadas com outros tipos de celulares. Portanto, as 
associações celulares são bem definidas e sofrem modificações cíclicas. No bovinos 
existem 12 associações celulares ou estágios que são representado pelos número 
romanos de I a XII (Figura 14). 
Cada uma das associações celulares, desenvolvem-se em sincronia com as outras, 
de forma que olhando uma seção da parede do túbulo uma série de associações celulares 
diferentes podem ser vistas até que o ciclo se complete e a associação original apareça 
novamente. 
O tempo que uma associação celular leva para passar pelos 12 estágios é chamado 
de ciclo celular. Portanto, o ciclo se refere a uma série de modificações em determinada 
área do epitélio seminífero que ocorre entre dois surgimentos do mesmo estágio de 
desenvolvimento (associação celular). Em bovino, o ciclo tem duração de 13,5 dias e esta 
relacionado com o tempo necessário para o desaparecimento de um estágio particular até 
o seu reaparecimento novamente num dado segmento do túbulo. 
 
 
 
Figura 14. Vários estágios do ciclo celular em bovinos. 
Fonte: Hafez, 1995 
 
 
ONDA: 
 
Os estágios não se modificam apenas com o tempo, mas também ao longo da 
extensão do túbulo. Portanto, a onda se refere a modificações seqüenciais do estágio do 
ciclo ao longo da extensão do túbulo e está relacionada com espaço. 
 O ciclo se refere a evolução sincrônica de um estágio ao próximo em um 
segmento qualquer do túbulo. A onda por outro lado, se refere a sucessivas estágios 
organizados em 
ordem decrescente ao longo do túbulo começando no rete-testis. 
 
 
Figura 15. Onda do epitélio seminífero 
Hafez, 1995. 
 
 
EPIDÍDIMO: 
 
Os espermatozóides, deixam o testículo e vão através dos ductos eferentes para o 
epidídimo, que é um órgão que consiste de um ducto único muito enovelado, que tem 
várias funções tais como: absorção, maturação e transporte. O tempo de passagem pelo 
epidídimo é em torno de 8-11 dias em bovinos, entretanto esse pode ser mais rápido 
dependendo se o animal está em regime de coleta, em que as reservas epididimárias são 
esgotadas por ejaculações freqüentes. 
Pode ser dividido em três porções, cabeça, corpo e cauda 
A cabeça ou segmento inicial tem um epitélio alto e um lúmen estreito contendo 
poucos espermatozóides e, está envolvido na reabsorção da maioria dos fluidos que saem 
dos testículos. 
O corpo ou segmento médio apresenta, um epitélio um pouco mais baixo e um 
lúmen maior contendo muitos espermatozóides, sendo que nessa região ocorre a 
maturação. 
 
A cauda ou segmento final: possui um epitélio baixo, lúmen muito grande e está 
repleto de espermatozóides, sendo responsável pelo armazenamento das células 
espermáticas. 
 
 
Figura 16. Epidídimo 
Fonte Hafez., 1995 
 
O trânsito através de epidídimo e ductos eferentes está associado a várias 
mudanças maturacionais, que incluem: 
1. Aquisição da motilidade progressiva 
2. Condensação final do núcleo e modificações na forma do acrossoma 
3. Estabilização das proteínas estruturais pela formação de ligações dissulfidricas 
4. Alterações na natureza da superfície da membrana plasmática 
5. Migração da gota proximal para a porção distal da peça intermediária 
6. Inibição do metabolismo 
7. Reabsorção, fagocitose e liquefação dos espermatozóides com defeito 
8. Absorção do fluidos do túbulos e rete testis 
 
Os espermatozóides que não são ejaculados são gradualmente eliminados pela urina 
ou na masturbação. Os que não eliminados sofrem envelhecimento. Primeiro perdem a 
habilidade de fecundação, depois a motilidade e finalmente se desintegram e são 
reabsorvidos. Portanto, ejaculados obtidos após um período de descanso, normalmente, 
tem uma alta percentagem de espermatozóides em degeneração. 
 
 
GLÂNDULAS ACESSÓRIAS: 
 
Os fluidos seminais adicionados durante a ejaculação, para formar o sêmen, 
servem como veículo para o transporte e proteção, estimulam o metabolismo do 
espermatozóide e fornecem energia necessária para sua passagem através do útero. 
As glândulas que contribuem para o sêmen são os ductos deferentes, ampolas, 
vesículas seminais, próstata e bulbouretrais. As suas secreções, são reguladas por 
andrógenos e, são compostas de vários componentes incluindo acido cítrico, frutose, 
outros açúcares livre, glicoproteínas , proteínas, prostaglandinas, ergotinina, inositol. 
 
 
 
 
Figura17. Esquema de uma vista dorsal das glândulas acessórias no touro. SV vesículas 
seminais, P próstata, C glândulas de Cowper ou bulburetral, A ampola dos ductos 
deferentes (D), U uretra, B bexiga. 
Fonte: Stechell, 1991 
 
 
CONTROLE ENDÓCRINO DA ESPERMATOGÊNESE 
 
Existem no testículo dois tipos de células secretórias, as célulasde Leydig que 
secretam hormônios esteróides e, células de Sertoli que secretam várias proteínas 
necessárias ao adequado balanço hormonal. 
Desde de muito tempo, sabe-se que a hipofisectomia causa atrofia dos testículos 
diminuindo a secreção de andrógenos e inibindo a espermatogênese. Entretanto, a 
administração de FSH e LH exógeno são capazes de restituir a função testicular. O 
hipotálamo desempenha um papel fundamental no controle da função testicular, pois 
secreta GnRH, que age na hipófise estimulando a síntese de gonadotrofinas, que agem no 
testículo. Portanto, todos os fatores externos e internos que atuam no hipotálamo, também 
controlam ou afetam a espermatogênese. 
O controle endócrino da espermatogênese depende de FSH, do LH e da 
testosterona. A ação do FSH é restrito as células de Sertoli, estimulando suas funções que 
dão suporte ao desenvolvimento das células germinativas. O LH estimula a liberação de 
testosterona pelas células de Leydig, que por sua vez é necessária para manutenção da 
espermatogênese, agindo também nas células de Sertoli. Todo o desenvolvimento 
testicular e, o estabelecimento da espermatogênese dependem desses hormônios. 
A importância primária do FSH parece ser no início do desenvolvimento testicular 
na puberdade. No adulto, o FSH não é tão importante, visto que a testosterona pode 
substituir a função do FSH em manter a síntese de ABP e, controlando a secreção de 
fluido testicular pelas células de Sertoli. Por outro lado, o LH, através dos andrógenos, é 
importante não só no início do desenvolvimento puberal, mas também para manter a 
espermatogênese no adulto. 
A secreção de FSH e LH pela pituitária está sob o controle positivo do GnRH 
liberado pelo hipotálamo e, sob o controle negativo da testosterona e estradiol 
secretados pelos testículos. A síntese de testosterona pelas células de Leydig também é 
reguladas pela prolactina, que age sinergisticamente com o LH e outras hormônios, 
incluindo substâncias parácrinas secretadas pelos túbulos, em estágios específicos da 
espermatogênese. A produção do FSH e LH são diferencialmente controladas pelo 
feedback das células de Sertoli, através da inibina e ativina, e pela influência da taxa 
estradiol:testosterona na secreção de gonadotrofinas pela hipófise. Ativina é um potente 
liberador de FSH, enquanto a inibina tem efeito inibitório na secreção de FSH . 
A justaposição das células de Leydig com os túbulos seminíferos, assegura que 
altas concentrações de testosterona sejam mantidas nos túbulos. Os altos níveis de 
testosterona são essenciais para espermatogênese, pois estimulam as funções das células 
de Sertoli e garantem o transporte desse hormônio para o lúmen dos túbulos seminíferos. 
As altas concentrações de testosterona nos túbulos seminíferos e no fluido do rete testis, 
são importantes também para manter a função do epidídimo. 
 
 
 
Figura 18. Esquema mostrando a relação entre os túbulos seminíferos e as células 
intersticiais. 
Fonte: Kretser, 1982. 
 
ESTEROIDOGÊNESE: 
 
Os testículos secretam vários esteróides que são sintetizados a partir do colesterol, 
tais como a androstenediona e dihidroepiandrosterona, sendo a testosterona o principal 
deles. 
A secreção de testosterona pelas células de Leydig é estimulada pelo LH, visto 
que essas células tem receptores para LH. A resposta das células de Leydig ao LH é 
rápida, um pique de testosterona ocorre 1-2 horas após o pique de LH. 
A testosterona pode ser convertida nas diferentes tecidos em vários andrógenos, 
como ocorre no cérebro em que tem de ser convertida em estrogênio para poder agir. Da 
mesma forma, a genitália externa e a próstata dependem da dihidrotestosterona, portanto 
a testoterona através da enzima 5-á redutase precisa ser convertida em 
dihidrotestosterona. Se essa não estiver presente não vai ocorrer desenvolvimento de 
pênis, os testículos não vão descer da cavidade abdominal e ocorrerá uma feminização 
testicular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os testículos também secretam estrógenos e, em algumas espécies, em grandes 
quantidades. Parte do estrógeno circulante é devido à conversão periférica da 
testosterona, mas a que está presente na veia espermática, 40-50% é secretado pelo 
testículo, através da conversão de andrógenos em estrógenos , pelas células de Sertoli. 
 
 
ESPERMATOZÓIDE NO TRATO GENITAL FEMINO - TRANSPORTE, 
CAPACITAÇÃO, REAÇÃO DO ACROSSOMO E FECUNDAÇÃO 
 
 Os espermatozóides presentes no ejaculado, apesar de terem sofrido a maturação 
durante a passagem pelo epidídimo ainda não possuem a capacidade para fecundar um 
óvulo. Essa capacidade é adquirida após permanecer no trato genital feminino por algum 
tempo. As mudanças fisiológicas que conferem ao espermatozóide a capacidade de 
fecundar são chamadas de capacitação. Essa mudanças, se referem a remoção ou 
alteração de substâncias que estabilizam a membrana plasmática do espermatozóide, e 
que foram incorporadas a ela durante a passagem pelo epidídimo e, quando da exposição 
ao plasma seminal. A remoção desses fatores tornam o espermatozóide capaz de se ligar 
à zona pelúcida do ovócito e, sofrer a reação do acrossomo. 
 Em bovinos o sêmen é depositado na vagina, e os espermatozóides devem passar 
através da mucosa da cervix, que contém várias dobras e grande quantidade de muco, 
antes de entrar no útero. Durante o período periovulatório o muco serve para proteger os 
espermatozóides do ambiente hostil da vagina, prevenir a entrada de plasma seminal no 
útero, excluir espermatozóides morfologicamente anormais, reter e conservar os 
espermatozóides para posterior migração no trato superior. Os espermatozóides, entram 
no muco e tendem a nadar entre as estruturas longitudinais das glicoproteínas, para 
atingir a superfície do epitélio secretor. Muitos ficam nesse local, mas outros conseguem 
se liberar e continuam o trajeto até atingir o útero. O transporte dos espermatozóides no 
útero ocorre, principalmente, devido à atividade contrátil das paredes uterinas, nesse caso 
a motilidade do espermatozóide serve apenas para mantê-lo em suspensão no fluido 
uterino. Os espermatozóides que passam a junção útero-tubárica, sãs retidos no istmo até 
a ovulação. No istmo, os espermatozóides se ligam as células do epitélio formando um 
reservatório. A liberação dos espermatozóides do reservatório do istmo é gradativa, e 
parece estar relacionada com as mudanças na membrana plasmática, associadas com a 
capacitação. A motilidade hiperativa do espermatozóide, que ocorre devido ao processo 
de capacitação, também facilita a sua liberação do istmo. No reservatório, a maioria das 
células espermáticas mantém a sua ultraestrutura e viabilidade normais, indicando que a 
sua principal função é manter a capacidade de fecundar e, assegurar a disponibilidade de 
espermatozóides férteis no momento da ovulação. A migração do espermatozóide do 
istmo até a ampola, local da fecundação, se dá pela motilidade espermática e pela 
contratibilidade do oviduto. 
 Em bovinos a capacitação tem início durante a passagem do espermatozóide pelo 
muco da cervix, sendo que aqueles que se encontram em avançado estado de capacitação, 
provavelmente não chegam ao oviduto. Os espermatozóides que conseguem chegar ao 
istmo e se aderem as células do epitélio, sobrevivem e sofrem a capacitação lentamente. 
Alguns completam a capacitação no momento da ovulação, se liberam do reservatório e 
fecundam um óvulo recém ovulado. Portanto, o trato feminino também controla a 
velocidade da capacitação e garante que um número mínimo de espermatozóides 
capacitados estejam presentes no local da fecundação. 
 
 
REAÇÃO DO ACROSSOMO 
 
 Em todos os mamífero os ovócitos são rodeados por uma capa de glicoproteínas 
(ZP1, ZP2 e ZP3) chamada de zona pelúcida. (ZP), que deve ser ultrapassada durante a 
fecundação. Portanto a reação do acrossomotem duas funções, tornar o espermatozóide 
capaz de penetrara a zona e fusionar com a membrana plasmática do ovócito. 
 A reação do acrossomo envolve a formação de múltiplos pontos de fusão, entre a 
membrana acrossomol externa e a membrana plasmática, permitindo a liberação do 
conteúdo do acrossomo e a exposição de receptores necessários para ligação à ZP. 
 
Figura 20. Esquema da reação do acrossomo. AC acrossomo, AO membrana acrossomal 
externa, PM membrana plasmática, ES segmento equatorial, IA membrana acrossomal 
interna. 
Fonte: Bedford 1982 
 
 
 Os espematozóides capacitados se ligam a uma glicoproteína da ZP (ZP3), e essa 
ligação induz a reação do acrossomo. A ligação com a ZP3 provoca uma cascata de 
eventos, culminando com um aumento intracelular de Ca++, pela liberação das reservas 
intracelulares, e a entrada de Ca++ extracelular. O Ca++ age em fosfolipídeos da 
membrana facilitando a fusão, além de ativar várias substâncias fusogênicas. Outro 
evento causado pelo aumento de Ca++ é a abertura do canal de Na permitindo a entrada de 
Na e H, levando a um aumenta do pH intracelular. A entrada de Ca++, o aumento no pH e 
a produção de substâncias fusogênicas são essenciais para que ocorra a reação do 
acrossomo. 
 Com a reação do acrossomo, outro receptor no espermatozóide é exposto, e esse 
se ligará a outra glicoproteína da membrana (ZP2), e com o auxílio das enzimas que 
foram liberados e da hipermotilidade, o espermatozóide ultrapassa a zona pelúcida. 
 
 
Figura 21. Representação gráfica da seqüência de eventos que ocorrem na interação da 
cabeça do espermatozóide com a zona pelúcida do ovócito durante a fecundação. 
Fonte: Bleil, 1991 
 
 
 Tendo passado a zona, o espermatozóide atravessa o espaço perivitelínico, e a 
cabeça então, se liga a membrana plasmática do ovócito e é incorporado ao citoplasma. 
A membrana plasmática da região equatorial, é a que inicialmente fusiona com o 
plasmalema. A região posterior e a cauda vão ser incorporadas posteriormente, através da 
fusão de membranas. A reação do acrossomo é absolutamente essencial para que ocorra a 
fusão, visto que, concomitante com a reação do acrossomo a membrana plasmática do 
segmento equatorial sofre mudanças para tornar o espermatozóide capaz de fusionar com 
o óvulo. 
 
 
 
Figura 22. Fusão do espermatozóide com o citoplasma do ovócito 
Fonte: Bedford, 1982 
 
 
 Ao ser incorporado no citoplasma, o espermatozóide ativa o ovócito, que 
completa a meiose e libera substâncias que vão modificar a ZP impedindo a entrada de 
outros espermatozóides, evitando a polispermia. Logo após, ocorre a transformação do 
núcleo do espermatozóide e dos cromossomas do ovócito, em pró-núcleos masculino e 
feminino. Os pró-núcleos se aproximam do centro do ovócito ocorrendo a fusão, para 
formação de um único núcleo diplóide que dará origem a um novo indivíduo. 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
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V - EXAME ANDROLÓGICO: 
MATERIAL UTILIZADO, REAGENTES E EQUIPAMENTOS 
 
INTRODUÇÃO 
 
A realização de uma coleta e avaliação de sêmen, seguros e confiáveis exigem a 
utilização de material de campo e de laboratório adequados, evitando resultados e 
interpretações errôneas da qualidade do ejaculado. Portanto, o andrologista deve trabalhar 
munido de todo instrumental necessário e indispensável para este fim, o que irá assegurar 
um trabalho de qualidade. 
O material que o Médico Veterinário irá utilizar em um exame andrológico que 
envolve, exame clínico geral, exame do sistema genital (interno e externo), e avaliação 
física e morfológica do sêmen, compreende desde ficha de identificação até material de 
laboratório. É conveniente ter uma caixa de transporte para carregar todo esse material, 
com uma lista de materiais, colada na mesma, evitando assim problemas de esquecimento 
de algum dos itens (Anexo 1). 
No presente trabalho, que visa atingir, principalmente o técnico de campo, serão 
discutidos os materiais de acordo com a sua necessidade na seqüência ordenada do exame 
andrológico. Desta forma, serão abordados os seguintes itens: 
 
1 Ficha de identificação 
2 Material utilizado para os exames: da saúde geral, da genitália externa e da genitália 
interna 
3 Material utilizado para coleta de sêmen 
4 Material utilizado no laboratório 
5 Lavagem e esterilização do material utilizado. 
 
 
IDENTIFICAÇÃO 
 
Deve ser preenchida uma ficha de acordo com o registro do animal. Deve conter 
além da raça e idade, o nome, número de registro, procedência do touro e proprietário. 
Em se tratando de sêmen congelado, nome do laboratório responsável pela congelação, 
número da partida, volume da palheta, nome e registro do touro. (Anexo 5). 
A ficha de exame andrológico tem uma elevada importância, pois lá estarão 
registrados todos os dados do (s) touro (s) em questão, e a partir destes dados, referentes 
ao: exame clínico, examedos órgãos reprodutivos e avaliação seminal, o Médico 
Veterinário irá emitir seu certificado, dando um parecer favorável ou não. No caso da 
perda de uma ficha, há perda de todo um trabalho, pois naquela (s) ficha (s) constavam 
todas as informações necessárias para se avaliar o (s) animal (is). 
 
EXAME DO REPRODUTOR: CLÍNICO GERAL, DA GENITÁLIA INTERNA E 
EXTERNA. 
 
EXAME CLÍNICO GERAL 
 
O exame clínico andrológico tem como objetivo estabelecer se o animal é normal 
ou não em termos da sua sanidade e condição geral, se apresenta órgãos reprodutores 
normais (anatômica e funcionalmente) e por último verifica-se alguma anormalidade 
comportamental. Atualmente é possível determinar se o touro é normal e ainda estimar 
seu grau de fertilidade potencial com certa exatidão. 
A avaliação clínica geral no exame andrológico é realizada basicamente por 
inspeção do animal em movimento e em estação. Caso seja diagnosticada alguma 
anormalidade, o veterinário deve proceder a um exame mais detalhado, e neste caso ele 
deve ter em mãos os seguintes elementos básicos: 
 
1 Termômetro – para aferição da temperatura; 
2 Estetoscópio – para proceder a um exame dos aparelhos circulatório, 
respiratório e digestivo (rúmen); 
3 Recipientes estéreis para coleta de fezes e urina 
 
 
EXAME DO SISTEMA GENITAL EXTERNO 
 
Ao exame externo dos órgãos do sistema reprodutivo masculino, deve-se observar: 
1 Pênis 
2 Prepúcio 
3 Escroto 
4 Cordão espermático 
5 Testículos 
6 Epidídimo 
 
 O exame externo do sistema reprodutor deve ser realizado por inspeção, palpação, 
aferição da circunferência escrotal e das dimensões testiculares (em caso de 
acompanhamento da evolução da puberdade ou na constatação de assimetria de órgãos, 
para determinar o grau de assimetria). 
 Então, nesta etapa do exame andrológico, o veterinário deve ter consigo as 
seguintes ferramentas: 
1 Fita métrica para aferição da circunferência escrotal 
2 Paquímetro para determinar as dimensões testiculares 
 
EXAME DO SISTEMA GENITAL INTERNO 
No exame genital interno, as seguintes estruturas devem ser avaliadas por 
palpação: 
1 Glândulas vesiculares 
2 Ampolas do ducto 
3 Próstata 
4 Glândulas bulbo-uretrais: observar apenas alterações. 
 
Estas estruturas estão localizadas na pélvis, onde é produzido o plasma seminal, que 
serve de veículo para conduzir os espermatozóides do trato reprodutivo masculino para o 
feminino. 
O material necessário para realização deste exame é: 
1 luvas para toque retal 
2 mucilagem 
Somente depois deste procedimento é aconselhável se proceder a coleta de sêmen. 
 
 
PREPARO DO TOURO PARA COLETA DE SÊMEN 
 
Antes da coleta de sêmen é necessário realizar uma toalete geral da região 
prepucial, para isto, o veterinário deve estar munido de: 
1 Tesoura para cortar o excesso de pelos ao redor do orifício prepucial 
2 Sabão neutro para lavagem do prepúcio 
3 Papel toalha para enxugar bem a região lavada 
4 Kilol (antisséptico a base de extrato de sementes de grapetfruit) para desinfecção da 
mucosa prepucial para coleta de sêmen para cultura ou para sêmen destinado a 
criopreservação) 
 
 
COLETA DE SÊMEN 
 
Uma amostra de sêmen do touro pode ser coletada por meio da vagina artificial, por 
eletroejaculação, ou por massagem dos órgãos reprodutivos internos. 
 
Vagina artificial 
Material necessário: 
1 Tubo rígido de borracha com válvula para a entrada e saída de água e 
ar (é a base da vagina artificial) 
2 Mucosa de látex que irá revestir o interior do tubo rígido 
3 Cone de látex para direcionar o sêmen para o interior do recipiente 
de coleta. Este cone será colocado na extremidade contrária a entrada 
do pênis 
4 Ligas (tripa de mico) para amarrar a mucosa e o cone látex junto ao 
tubo rígido 
5 Tubo cônico de 15 ml (recipiente de depósito do sêmen) para ser 
conectado ao cone de látex 
6 Protetor térmico para o tubo de 15 ml 
7 Termômetro para adequar a temperatura na média de 43 ºC 
8 Recipiente para aquecer água 
9 Aquecedor de água (ebulidor/ rabo quente) 
10 Becker (250ml) para fazer a volumetria do sêmen 
11 Manequim (vaca em cio) ou vaca mansa fora do cio, a qual receberá aspersão de urina 
de vaca em cio. Portanto deve-se ter um estoque de urina congelada. 
12 Álcool a 70 % 
13 Benjamin (tê) 
14 Transformador 
15 Isqueiro ou placa aquecedora 
16 Caixas transportadoras de lâminas 
17 Pipeta de Pasteur 
18 Solução salina a 0,9 % (para diluição seminal, quando este estiver 
muito concentrado) 
 
Eletroejaculação 
Material necessário: 
1 Eletroejaculador 
2 Cone de látex para captura do ejaculado 
3 Suporte para o cone de látex 
4 Tubo de 15 ml para o depósito de sêmen 
5 Protetor térmico para o tubo de 15 ml 
6 Álcool a 70 % 
7 Benjamin (tê) 
8 Transformador 
9 Isqueiro ou placa aquecedora 
10 Caixas transportadoras de lâminas 
11 Pipeta de Pasteur 
 
 
MASSAGEM DAS VESÍCULAS SEMINAIS E AMPOLAS DOS DUCTOS 
DEFERENTES 
 
Material necessário: 
1 Luvas para toque retal 
2 Mucilagem para lubrificar o reto 
3 Cone de latex 
4 Suporte para cone 
5 Tubo de 15 ml 
6 Protetor térmico para o tubo de 15 ml 
7 Papel alumínio 
8 Isqueiro ou placa aquecedora 
9 Caixas transportadoras de lâminas 
10 Pipeta de Pasteur 
 
 
MATERIAL UTILIZADO NO LABORATÓRIO 
 
Após a coleta o sêmen é levado ao laboratório, para avaliar: turbilhionamento, 
motilidade, vigor, concentração e morfologia. O "laboratório" pode ser improvisado no 
local da coleta, desde que o veterinário disponha de todo o aparato necessário para a 
realização dos exames. 
 
Material necessário: 
1 Microscópio de luz clara ou de contraste de fase 
2 Banho Maria (graduável a 35-37 ºC) 
3 Lâmina e lamínula de microscopia 
4 Micropipeta de 20µl 
5 Ponteiras para a micropipeta de 20 µl 
6 Câmara de Neubeuer para concentração 
7 Lamínula para câmara de Neubeuer 
8 Placa aquecedora (graduável a 35-37 ºC) 
9 Tubos tipo eppendorf 
10 Frascos de penicilina para concentração 
11 Caneta para escrita em vidro 
12 Formol-salina para manter os espermatozóides para avaliar concentração e 
morfologias 
13 Corantes (rosa bengala ou giemsa) para avaliar morfologia espermática em 
microscópio de luz clara 
14 Pipeta de Pasteur 
15 zapping ou parafilme 
16 Suporte para tubo de 15 ml 
17 Suporte para eppendorf 
18 Contador de célula manual 
19 Porta lâmina suja 
20 Luva cirúrgica para coloração 
 
MATERIAL PARA CONGELAMENTO 
 
Para o sêmen destinado ao congelamento, além do material descrito para coleta e 
avaliação, há a necessidade dos seguintes materiais. 
1 Meio de congelamento (ex: tris-gema, Nagase, citrato-gema) 
2 Palhetas de 0,5 e 0,25 ml para envase do material 
3 Pente para envase das palhetas 
4 Pente para retirar o excesso de sêmen 
5 Papel toalha para enxugar excesso de sêmen na ponta da palheta 
6 Material para lacrar as palhetas (Ex. lacrador a calor, álcool polivinílico) 
7 Plataforma de isopor a 3-4 cm para estabilização do sêmen 
8 Geladeira regulada a 5 ºC para estabilização do sêmen 
9 Nitrogênio líquido 
10 racks 
11 Pinças para raquear palhetas 
12 Botijão de Nitrogênio líquido 
13 Esparadrapo para identificar a rack e a caneca 
14 Pano de campo 
 
 
TÉCNICAS DE ANÁLISE LABORATORIAL DO SÊMEN 
 
EXAMES IMEDIATOS: devem ser realizados logo após a coleta do sêmen 
 
Volume: pode variar conforme o método de coleta, de 2 a 6 ml na vagina artificial, 
e até 25 ml na eletroejaculação, é medido no tubo coletor; 
Aspecto: Pode variar de cremoso ou marmóreo, leitoso, opaco até aquoso. É 
indicativo da quantidade de espermatozóides no ejaculado. 
Cor: normalmente é brancacenta ou marmórea. 
Odor: o normal é suigeneris. No entanto, pode apresentar cheiro de putrefação, que 
é indicativo de infecção; cheiro de urina, que é indicativo de contaminação durante a 
coleta. 
Motilidade: percentagem de espermatozóides móveis em vários campos na lâmina. 
Apresenta correlaçãocom a fertilidade e deve ser avaliada imediatamente após a coleta 
do sêmen. Para isso, coloca-se uma gota do sêmen de 10 l entre lâmina e lamínula e 
avalia-se ao microscópio. É importante que o conjunto lâmina-lamínula estejam 
previamente aquecidos em placa aquecedora a 37ºC, para se evitar choque térmico. 
Quando necessário, diluir a gota de sêmen com uma gota de citrato de sódio a 2,9% ou 
com solução salina 0,9 %. 
Vigor: é a intensidade do movimento de cauda dos espermatozóides com 
motilidade progressiva. É mais bem apreciada em sêmen diluído. 
Turbilhonamento: representa o produto entre a concentração e a motilidade do 
ejaculado, coloca-se uma gota do sêmen de 10 l sobre lâmina pré-aquecida a 
temperatura de 37ºC e leva-se ao microscópio na objetiva de 10x, observando-se as 
bordas da gota. 
 
 
EXAMES MEDIATOS: realizado após os exames imediatos 
Concentração: representa o número de espermatozóides por milímetro cúbico 
(mm3) ou centímetro cúbico (cm3). Um dos métodos mais utilizados é o da câmara de 
Neubeuer. 
Para avaliar a concentração do sêmen fresco bovino, inicialmente deve-se fazer 
uma diluição de 1:200 (sêmen: formol-salino ou citrato). Para isto, coloca-se em um 
vidro de penicilina 0,02 ml sêmen, com o uso de uma micropipeta, e em seguida 
adiciona-se 4 ml de solução formol-salina (1%). Esta amostra pode ser armazenada em 
geladeira até o momento da realização do exame; 
Para contagem é indicado seguir o seguinte procedimento: 
1 Colocar a lamínula sobre a câmara; 
2 Com a pipeta de Pasteur, inclinada a 45º deixar o sêmen diluído (1:200) fluir sob a 
lamínula até completar a cavidade. È importante evitar: a formação de bolhas e 
acúmulo de sêmen nas bordas da lâmina, assim como evitar que o líquido da parte 
superior passe para a inferior, pois pode ocorrer um erro na contagem; 
3 Aguardar aproximadamente um minuto para iniciar a contagem, afim de que os 
espermatozóides se estabilizem na câmara; 
4 Realizar a contagem em objetiva de 10x. Contar os espermatozóides localizados em 
cinco quadrados dentre um total de 25 quadrados (contar os quatro cantos e o 
quadrado central ou cinco quadrados corridos em diagonal), escolher um ângulo de 
cada quadrado, considerando apenas as cabeças dos espermatozóides que tocam nas 
linhas que formam o respectivo ângulo. Fazer a contagem do outro lado da câmara, 
caso ocorra uma diferença de 10% pode ser indicativo de preenchimento ou 
homogeneização inadequada, devendo, portanto, repetir a contagem. Neste caso o 
sistema deverá ser montado novamente, depois dos dois lados contados obtém-se a 
média entre os dois lados; (Figura 1). 
5 após a contagem, faz-se o cálculo da concentração espermática, referente a equação 
abaixo: 
 A________= nº de espermatozóides/mm3 
 1_ x _N_ x _1_ 
 B 25 10 
Onde: A= número de espermatozóides contados 
 B= fator de diluição (1:200 = 200, 1:100 = 100) 
 N = número de quadrados contados 
 1/10 = altura da câmara 
Portanto, se a diluição for 1:200 multiplica-se o número contado por 10.000 que 
corresponderá ao número de espermatozóides/mm3. 
Conversão para ml: 
1 mm3 = 1 µl 
1 ml = 1000 µl 
conc./ml = número de espermatozóides x 107 
Porcentagem de espermatozóides vivos e mortos: serve para assegurar a 
avaliação da motilidade e para se estimar a taxa de diluição no caso da conservação de 
sêmen. É feito esfregaço em lâmina, com o corante eosina-nigrosina. (Anexo 3). 
pH: pode variar de 6,4 a 7,8 e pode ser aferido utilizando fita apropriada ou 
phmetro; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1: Contagem diagonal na câmara de Neubeur 
 
Morfologia espermática: a morfologia espermática é outra variável avaliada no 
laboratório e representa a porcentagem de células normais ou íntegras estruturalmente, 
assim como a distribuição das diferentes anormalidades morfológicas.(Anexo 4). 
1 Preparo de amostras para avaliação da morfologia: 
Adicionar gotas de sêmen em frasco identificado, contendo 2 ml de solução formol-
salina, previamente aquecida a 37ºC, até ocorrer turvação do meio. Se estiver 
examinando sêmen descongelado, a diluição em solução formol-salina deve ser a mínima 
possível, somente o suficiente para matar os espermatozóides, pois se assim não for, 
obter-se-á uma alta taxa de diluição e conseqüente, dificuldade para encontrar 
espermatozóides ao exame microscópico. Pode ser conservada em geladeira até a 
realização do exame. 
 
2 Preparação de lâminas úmidas para avaliação da morfologia em contraste de fase 
 Após a homogeneização do sêmen ao formol salina, toma-se uma gota da mistura 
(10 l) e coloque-a entre lâmina e lamínula. Aplica-se sobre este conjunto um papel filtro 
e, suavemente, pressiona-se a lamínula até que o excesso do líquido seja absorvido. 
Depois disto, fixa-se a lamínula sobre a lâmina por meio de esmalte, que é aplicado sobre 
suas bordas e tem-se pronta a preparação úmida para exame de contraste de fase, ou 
interferência. 
3 Coloração rosa-bengala para avaliação da morfologia em microscopia de luz clara 
Com uma micropipeta de 20µl deve-se misturar uma gota da solução formol-
salina/sêmen com uma gota de corante rosa bengala sobre a lâmina. Após homogeneizar 
bem, coloca-se uma lamínula sobre esta solução. Com um papel filtro retira-se o excesso 
de líquido. Em seguida deve-se contar 200 espermatozóides no mínimo. 
 
 
4 Lâminas coradas por outros corantes 
Esta técnica é muito utilizada para o exame da morfologia espermática. O exame é 
realizado em esfregaço de sêmen corado por diferentes técnicas de coloração, conforme a 
disponibilidade do corante. Nesta apostila será citado os meio de coloração: giemsa e 
rosa-bengala.(Anexo 3). 
 
5 Confecção correta de esfregaços de sêmen 
Para a preservação da integridade do espermatozóide, a gota de sêmen deve correr, 
no momento de seu estiramento, por trás da lâmina elevada obliquamente a um ângulo de 
45º em relação a que vai receber o esfregaço. Assim, a gota é "puxada" e não 
"empurrada" sobre a lâmina base. Este procedimento impede lesões grosseiras sobre os 
espermatozóides como "desprendimento de cabeça" e fraturas diversas da peça 
intermediária e da peça principal da cauda. Outro cuidado indispensável é o de submeter 
o esfregaço imediatamente após ter sido feito, ao microscópio convencional, aumento de 
400x, para se ter certeza de um bom trabalho, ou seja, presença de células com boa 
disposição por toda lâmina e bem separadas entre si. O que não se aceita é o 
"amontoamento" de células, pois esfregaços assim preparados, não permitem a realização 
de um bom exame morfológico (Fonseca, 1992) [Figura 2]. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Confecção correta do esfregaço espermático 
 
No caso em que se está avaliando sêmen congelado, o procedimento é semelhante: 
após a descongelação da palheta, toma-se uma gota do seu conteúdo e procede-se o 
esfregaço conforme descrito. 
 
 
LAVAGEM E ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAL 
 
Materiais utilizados na lavagem: 
- escova para tubos; 
- esponja; 
- água deionizada ou destilada; 
- sabão Extran MA – 02 (MERK) 
- escova de cerdas macias. 
 
 
Todo material utilizado é lavado em água corrente; 
Depois vai para um recipiente contendo uma solução cuja proporção é de 1 ml de 
sabão EXTRAN® MA 02 Neutro para 100 ml de H2O destilada. Os materiais devem 
permanecer nesta solução por 12 h; 
Após este período, lava-se todo material (tubo cônico, vidros, pipeta, seringa, 
sonda, borracha de soro) com escova; 
Em seguida enxaguar cada item 10 vezes em H2O corrente; 
Depois lavar seis vezes em H2O destilada aquecida a 45-65ºC, por 30 minutos; 
Retiram-se plásticos e vidros e coloca-os em estufa a temperatura de 45º-60ºC, 
durante 24h, depois de secos, os vidros são montados e separados dos plásticos. 
Todas as Vidrarias são vedadas com papel alumínio e zapping, e logo após esteprocedimento são levadas para estufa de Pasteur a 190ºC durante 6h; 
Plásticos - plastificados em seladora; 
Depois de embaladas em papal pardo, materiais de plástico (ex. tubos de 15 ml), 
vão para o microondas por 10 minutos. É importante que dentro do microondas fique um 
becker com 600 ml de H2O destilada. Toda vez que for esterilizar, trocar a água, pois esta 
entra em ebulição; 
Depois de embalados (bailarina, tubo cônico, agulha, seringa, suporte para 
eppendorf, etc.), vão para autoclave a uma temperatura de 120ºC por 30’; 
Lâmina e lamínula - deixa de molho, depois lavar em água corrente e colocar no 
papel toalha, para secar, o material só pode ser montado e embalado em papel alumínio 
depois de bem seco; 
Mucosas e cones de látex para coleta de sêmen são lavados seguindo o mesmo 
protocolo até o item cinco desta seqüência. Depois dos banhos escorre-se bem, coloca-se 
papel pardo por dentro e embala, sela, e leva para autoclave; 
Materiais que entram em contato com formol-salina, formol-citrato, metanol e 
corantes são lavados separadamente; 
Estes materiais ficam de molho dentro de um recipiente com sabão Extran, da 
mesma maneira como já citado. Depois vão para a estufa ou autoclave, para serem 
esterilizados 
É importante que todo material de borracha seja lavado antes de ser utilizado, esta 
lavagem ocorre da mesma forma já descrita. 
VI – EXAME ANDROLÓGICO: 
PATOLOGIA ESPERMÁTICA E ANORMALIDADES GENITAIS 
EM TOUROS 
 
Cláudio Alves Pimentel 
Médico Veterinário, PhD 
pimentel.sul@terra.com.br 
 
MORFOLOGIA ESPERMÁTICA 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O principal objetivo do Exame Andrológico é o de se fazer uma estimativa da 
fertilidade potencial do touro e, em segundo lugar, identificar anormalidades no trato 
genital ou no comportamento sexual que possam comprometer a fertilidade. Em terceiro 
lugar, deve-se observar seu mérito genético para o fim a que se destina. Um touro pode se 
apresentar sub-fértil quando tem problemas no sêmen, não consegue executar o ato 
sexual ou quando é portador de doenças venéreas. A importância do exame andrológico 
reside no fato de um touro servir, no mínimo, 25 vacas por temporada em regime de 
monta natural, até milhares, através de inseminação artificial. Neste caso, reveste-se de 
importância a avaliação de seu mérito genético. 
Um exame andrológico deve constar de seis etapas básicas: 
I. Histórico, onde é considerado, principalmente, o objetivo do exame; 
II. Exame clínico dos órgão genitais 
III. Exame de sêmen; 
IV. Exame do comportamento sexual 
V. Exame microbiológico 
 
EXAME DE SÊMEN 
 
O exame de sêmen é realizado em duas etapas. Inicialmente é realizado um exame 
imediato avaliando-se volume, aspecto, pH, motilidade e vigor. Este exame é realizado 
no local onde se encontra o touro, logo após a coleta. A seguir coletam-se amostras para o 
exame laboratorial, que é realizado posteriormente, no laboratório (concentração e 
morfologia espermática). 
 
 
EXAME IMEDIATO 
 
O volume é determinado através da leitura direta no copo graduado, em ml. O 
normal para touros oscila entre 1-10ml. 
O aspecto está correlacionado com a concentração espermática e quando o exame 
andrológico se destina a uma simples triagem de touros pré-serviço, o aspecto pode 
substituir o exame laboratorial de concentração. Quando o aspecto for aquoso, estima-se 
uma concentração espermática inferior a 300x106/mm3, quando for opalescente, a 
concentração situa-se entre 300 a 500x106/mm3, leitoso, de 500 a 1000x106/mm3 e 
cremoso superior a 1.000x106/mm3. 
O exame de motilidade é realizado de duas maneiras: primeiramente coloca-se 
uma gota de sêmen sobre lâmina previamente aquecida, e observa-se em pequeno 
aumento (40X), o movimento de massa dos espermatozóides que é chamado 
turbilhonamento. Atribui-se valores de 1-4, em cruzes, sendo 4 cruzes quando se pode 
observar movimentos de onda dos espermatozóides que chegam a formar a letra grega 
“”. Zero é atribuído quando os espermatozóides estão todos parados. 
 
 
Tabela 1. Classificação do Turbilhonamento (DESCHAMPS & PIMENTEL, 1979) 
CÓDIGO Classificação DESCRIÇÃO 
0 muito pobre Sem movimento de massa 
+ Pobre Apenas grupos de espermatozóides deslocam-se 
++ Aceitável Presença nítida de ondas (nuvens) 
+++ Bom Intenso movimento de ondas e essas bem marcadas 
++++ muito bom Movimentos formando a letra grega “” 
 
 
A seguir, coloca-se uma gora de sêmen diluído com uma solução de 
congelamento (80% de uma solução de citrato de sódio a 2,9% e 20% gema de ovo), 
previamente aquecida, entre lâmina e lamínula e estima-se subjetivamente a percentagem 
de espermatozóides móveis em escalas de 10 em 10 %. Segundo BARTH (1989), o 
espermatozóide do tipo abaxial é normal no touro e faz com que as células se desloquem 
em movimentos circulares, por isso deve-se estimar não apenas o movimento 
progressivo, mas também o circular. Durante a estimativa da motilidade, avalia-se o vigor 
que pode situar-se entre 1 e 5 segundo critérios adaptados de WALTON (1939). 
Esse exame se refere a qualidade do movimento das células, ou seja a velocidade 
com que atravessam o campo microscópico, atribuindo-se valor cinco para a velocidade 
máxima, também estabelecida subjetivamente, e um, quando se tem apenas movimentos 
oscilatórios. 
A determinação do pH pode ser de valia em casos de alterações inflamatórias do 
trato genital e contaminação do ejaculado com urina (pH elevado). Para esse exame faz-
se uso de papel indicador com escalas que permitam se avaliar variações de 0,5 unidades. 
O pH normal do sêmen de touros varia entre 6 e 7 (BLOM, 1950). 
 
 
EXAME LABORATORIAL 
 
A concentração espermática pode ser determinada utilizando-se a Câmara de 
Neubeuer, espectrofotômetro ou contador de células. Para o uso da Câmara de Neubauer, 
coletam-se 20 l de sêmen em 4 ml de solução de formol salina (BARTH & OKO, 
1989). Contam-se 5 quadrados de cada lado da câmara, em diagonal, sem considerar os 
espermatozóides cujas cabeças esteja sobre as bordas laterais esquerdas e inferior. O total 
é multiplicado por 10.000 e obtém-se a concentração por mm3 .O exame da morfologia 
espermática teve seu início no estudo da sub-fertilidade em touros em 1925 por 
WILLIAMS e SAVAGE. Esses autores relacionaram alterações na forma dos 
espermatozóides, observados por microscopia, com problemas de fertilidade. 
Posteriormente, LAGERLÖF (1934), estabeleceu o espermiograma como meio clínico de 
se diagnosticar alterações reprodutivas em touros. Em 1950, BLOM classificou os 
defeitos dos espermatozóides em primários (aqueles que se originavam dos testículos) e 
secundários (aqueles que se originavam após a saída dos espermatozóides dos testículos). 
Em 1971, RAO, reavaliou o espermiograma de LAGERLÖF (1934) utilizando touros 
descartados de centrais de inseminação artificial, os quais eram submetidos a exame de 
sêmen obtido do ejaculado e de diferentes porções do trato genital, associando os defeitos 
observados com a sua taxa de absorção e com lesões histopatológicas dos órgãos genitais. 
Mais recentemente, a patologia espermática foi revisada por BARTH & OKO (1989), que 
discutiram cada defeito dos espermatozóides e suas implicações com a fertilidade. 
Existem inúmeras maneiras de se examinar a morfologia espermática. Usam-se lâminas 
coradas (esfregaços) com diferentes tipos de corantes, contrate de fase e contraste 
interferencial. Os valores do quadro espermático para touros com fertilidade normal, com 
sêmen coletado com vagina artificial, podem ser resumidos na Tabela 2. 
 
. Padrões qualitativos sugeridos para avaliação do sêmen de touros, coletados por vagina 
artificial. 
 Características do Sêmen Valores 
Mínimo Volume 3 ml 
“ Concentração (X106/ml) 500 
“ Motilidade (%) 50 
“ Vigor (1-5) 3 
“ Morfologia espermática (%) 
“ Normais 60 
Máximo Anormalidades de cabeça 10 
“ Anormalidades de peçaintermediária 10 
“ Anormalidades de cauda 25 
“ Gota citoplasmática proximal 10 
“ Anormalidades de acrossoma 10 
“ Cabeça isolada normal 10 
 
 
 
ALTERAÇÕES NO QUADRO ESPERMÁTICO DE TOUROS 
 
 
DEGENERAÇÃO TESTICULAR PROGRESSIVA 
 
Fisiologicamente ocorrem processos degenerativos no epitélio seminífero, 
fazendo com que a eficiência de multiplicação espermatogonial nunca seja de 100 % 
(CUPPS, 1991). Além disso, nas espécies sujeitas a estacionalidade reprodutiva ocorre 
uma maior degeneração do epitélio seminífero nos meses de menor atividade sexual, 
porém ainda dentro dos parâmetros fisiológicos. Porém, em circunstâncias patológicas a 
magnitude dessa degeneração atinge limites elevados que podem ser diagnosticados 
através do espermiograma e causar uma sub-fertilidade no rebanho.As causas podem ser 
diversas, mas sempre aquelas que alteram o equilíbrio homeostático no animal. Podem 
ser causas de degeneração testicular: transtornos hormonais; térmicos (locais ou 
sistêmico); desequilíbrios nutricionais (falta de vitaminas, minerais) intoxicações; 
traumatismos; agentes infecciosos sistêmicos ou locais (ROBERTS, 1986). As principais 
características do espermiograma de touros com degeneração testicular são: diminuição 
da motilidade, diminuição da concentração, aumento das anormalidades espermáticas e 
progressiva deterioração na qualidade do sêmen. O tratamento consiste na eliminação da 
causa e proporcionar conforto ao animal. Deve-se providenciar para que as necessidades 
nutricionais e de manejo seja atendidas. Freqüentemente não é detectada a causa dos 
processos de degeneração testicular. 
 
 
DEGENERAÇÃO TESTICULAR REVERSÍVEL 
 
É o processo patológico em que a causa de degeneração testicular incide por um 
período curto de tempo (como um processo febril, por exemplo) e desaparece, permitindo 
que o quadro espermático retorne ao normal, num período que pode variar entre 7 e 12 
semanas. Esse processo foi reproduzido experimentalmente de diversas maneiras: 
colocando-se um saco isolante térmico envolvendo a bolsa escrotal e impedindo o 
processo de termo-regulação testicular; aplicando-se corticóides por uma semana, 
determinando um bloqueio gonadotrófico; cirurgias testiculares, como biópsia por 
exemplo. Esse processo cursa com 3 fases distintas: uma fase inicial de queda da 
motilidade, da concentração, surgimento de espermatozóides decapitados e aumento da 
gota citoplasmática proximal; essa fase é seguida de uma fase de plateau, que se 
caracteriza por aumento da percentagem de defeitos de cabeça que se mantém elevada, a 
motilidade baixa e a concentração também baixa; após a fase de plateau, vem a fase de 
regeneração que se caracteriza pelo retorno do quadro espermático às suas condições 
normais. 
 
 
DEGENERAÇÃO TESTICULAR
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Semanas
0
20
40
60
80
100
120
V
a
ri
a
v
e
is
Mot.
An. Cab
. Cab.
CabAC
ab.
GP
Conc..
 
A Figura 1 mostra a dinâmica do processo degenerativo, segundo experimentos 
realizados com touros. 
 
 
ORQUITE 
 
Orquite refere-se a alteração inflamatória dos testículos. Podem ter origem 
infecciosa, traumática ou auto-imune. Cursa com quadro espermático de degeneração 
testicular, porém associada a sinais clínicos, tais como aumento de tamanho da gônada, 
aumento de temperatura, sinais de lesões na bolsa escrotal e, por vezes, pode apresentar 
leucócitos no ejaculado. O tratamento, assim como na Degeneração testicular deve se 
fundamentar na eliminação da causa. Quando essa for brucelose ou tuberculose, 
aconselha-se a eliminação do animal. Em casos unilaterais a orquiectomia pode 
beneficiar a espermatogênese no testículo contralateral. 
 
 
HIPOPLASIA TESTICULAR 
 
A Hipoplasia Testicular é o subdesenvolvimento congênito das gônadas 
caracterizada por um baixo número de células germinativas nos túbulos seminíferos. 
Assim como a hipoplasia ovariana, é uma anomalia hereditária causada por um par de 
genes recessivos de penetrância incompleta e expressividade variável. O quadro 
espermático é semelhante ao de uma degeneração testicular, porém pode ser diferenciado 
pelo seu caráter irreversível, enquanto que na degeneração tem um perfil dinâmico. 
Além disso, está associado a testículos de tamanho reduzido. Histologicamente, a 
hipoplasia testicular pode ser diferenciada da degeneração, porque nesta última sempre há 
áreas de fibrose, principalmente espessamento da membrana basal. Na hipoplasia 
verifica-se uma ausência completa do epitélio germinativo, havendo apenas células de 
Sertoli no interior dos túbulos seminíferos. Na degeneração há células da linhagem 
espermática, porém com vacuolização do epitélio em diferentes estágios de 
comprometimento. Pelo estudo epidemiológico, pode-se identificar a natureza 
hereditária, já que parentes podem ser sub-férteis e apresentar o defeito, embora de 
maneira discreta. Não há tratamento e o seu controle é muito dificultado pela 
variabilidade de manifestação do defeito, além da grande freqüência de portadores 
heterozigóticos e homozigotos clinicamente normais. A principal atitude a ser tomada é 
de se evitar a propagação do defeito ao se usar biotécnicas de reprodução animal 
(inseminação artificial, transferência de embriões e aspiração de ovócitos de vacas 
portadoras sub-férteis) que permitam a proliferação de descendentes desses animais. 
Embora não seja uma medida capaz de erradicar o problema, recomenda-se a eliminação 
dos indivíduos clinicamente diagnosticados. 
 
 
IMATURIDADE SEXUAL 
 
Um atraso na puberdade pode ser confundido com Hipoplasia Testicular. 
Clinicamente o animal apresenta gônadas de tamanho reduzido, quadro espermático 
típico de hipoplasia, porém a idade é jovem e através de exames repetidos pode-se 
verificar uma evolução qualitativa no quadro espermático acompanhada de um aumento 
progressivo no tamanho dos testículos. Deve-se investigar a causa que possa ter 
determinado o atraso na puberdade. 
 
 
ESPERMIOGÊNESE IMPERFEITA 
 
Trata-se de uma hipospermatogênese de natureza congênita, acompanhada, as 
vezes, de testículos de tamanho reduzido. É hereditária e cursa com infertilidade severa 
até esterilidade. Difere da hipoplasia testicular clássica por não ter equivalência do 
defeito nas fêmeas. Ocorre uma falha congênita na espermiogênese, gerando defeitos 
específicos no ejaculado ou ejaculados de baixíssima qualidade. Neste grupo estão 
incluídos os casos de “Knobbed Sperm”, Multipolar Spindle Formation e Sticky 
Chromossome. Não há tratamento e seu controle não deve-se basear apenas na 
eliminação dos portadores clínicos, mas evitar a difusão de descendentes dos portadores 
do defeito. 
 
 
TUMOR TESTICULAR 
 
Tumores testiculares são mais comuns em touros velhos acima de 7 a 10 anos de 
idade. Dentre os tumores testiculares, os chamados primários, originam-se das células 
intersticiais, das células de Sertoli, e do epitélio germinativo. Os tumores das células 
intersticiais afetam a qualidade do sêmen de touros quando seu diâmetro é superior a 1 
cm. Ocorre uma degeneração testicular resultante do excesso de esteróides produzidos 
por esse tipo de tumor. A palpação esses tumores apresentam-se como massas 
arredondadas de consistência mais flácida (consistência de fígado). Os outros tipos de 
tumor são mais raros em touros. Considerando-se a idade e a relação custo benefício, em 
certos casos pode ser benéfica a castração do testículo comprometido quando for 
unilateral. A ultra-sonografia tem sido empregada com sucesso no diagnóstico, avaliação 
e prognóstico desses tipos de alterações. 
 
 
EPIDIDIMITE 
 
A epididimite é a principal afeção do epidídimo. Pode ser causada pelos mesmos 
agentes da orquite ou ser secundária a essa afeção. Dentre os principais agentes 
infecciosos estão: Brucella abortus, Corynebacterium pyogenes, C. pseudotuberculosis, 
Pseudomonas aeruginosa, Mycoplasma

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