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ESTRUTURAS CURRICULARES -INTER E TRANSDISCIPLINARIDADE

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Prévia do material em texto

ESTRUTURAS CURRICULARES - 
INTER E TRANSDISCIPLINARIDADE
Autoras: Dra. Diva Spezia Ranghetti
Dra. Verônica Gesser
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Profa. Gisele Brandelero Camargo Pires
 Revisão Gramatical: Profa. Teresa Pfiffer Franco
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
375
R1969c Ranghetti, Diva Spezia.
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade/ 
Diva Spezia [e] Verônica Gesser. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci. – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2009.x ; 
121 p.: il.
	 	 													Inclui	bibliografia.	
 ISBN 978-85-7830-786-8
1. Currículo Escolar 2. Gesser, Verônica 
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. II. Núcleo de 
Ensino a Distância III. Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2009
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Dra. Diva Spezia Ranghetti
Licenciada em Pedagogia. Mestre e 
Doutora em Educação: Currículo pela PUC/
SP. Pesquisadora do Grupo de pesquisa sobre 
Interdisciplinaridade - GEPI/SP coordenado por Ivani 
Catarina Arantes Fazenda. Professora do Curso de 
Pedagogia do Centro Universitário de Jaraguá do Sul 
(SC) - UNERJ. Professora dos cursos de Especialização 
da UNERJ e do ICPG - Blumenau/SC. Publicou: A força 
do	ato	de	perguntar	na	ação	reflexiva;	A	virtude	da	força	
nas práticas interdisciplinares; Interdisciplinaridade: 
Dicionário em construção; Um design curricular de 
formação: uma nova racionalidade em construção.
Dra. Verônica Gesser
Licenciada em Pedagogia. Mestre em 
Educação: Currículo pela PUC/SP. Doutora 
em Educação: Currículo e Ensino pela Florida 
International University, USA. Professora e 
Pesquisadora do Grupo de pesquisa: Políticas 
Públicas de Currículo e Avaliação do Programa de 
Mestrado em Educação da Univali/SC. Pesquisadora 
do CNPQ. Professora do Curso de Pedagogia e 
Licenciaturas na Univali (SC). Publicou os livros: 
Teóricos e Teorias: presença na Educação; Currículo e 
Avaliação: Investigações e Ações. Publicou os capítulos 
de	 livros:	 Fundef:	Reflexões	 sobre	 sua	 contribuição	 no	
desenvolvimento profissional de professores; Paulo 
Freire: the man, his work, and his character; A experiência 
da branquitude diante de conflitos raciais: estudos 
de realidades brasileiras e estadunidenses. Tem os 
seguintes artigos publicados: O currículo da formação 
inicial de professores: compromisso com a formação 
de um professor-pesquisador; Um design curricular de 
formação: uma nova racionalidade em construção; 
Um design de currículo para a formação inicial de 
professores(as): um projeto em construção; A 
evolução Histórica do currículo: dos primórdios à 
atualidade. 
Sumário
APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 1
o CurríCulo ESColar: ConCEituação E 
CaraCtErização HiStóriCa do Campo ........................................... 9
CAPÍTULO 2
tEoriaS E paradigmaS CurriCularES .......................................... 29
CAPÍTULO 3
CurríCulo na HiStória da EduCação BraSilEira .......................... 47
CAPÍTULO 4
polítiCaS púBliCaS dE CurríCulo ............................................... 63
CAPÍTULO 5
modEloS E organização dE 
CurríCulo na EduCação BáSiCa ................................................. 75
CAPÍTULO 6
proCESSo dE dESEnvolvimEnto do 
CurríCulo ESColar ................................................................. 105
7
APRESENTAÇÃO
Este	 caderno	 de	 estudos	 contém	 textos	 e	 reflexões	 relacionados	 às	
ESTRUTURAS CURRICULARES - INTER E TRANSDISCIPLINARIDADE. O texto 
se	apresenta	dentro	de	uma	metodologia	dialógica,	a	fim	de	suscitar	a	reflexão,	
a dúvida, os questionamentos e, por que não dizer, aquecer o pensamento, com 
o intuito de mover e mover-se em direção à transcendência do próprio modo de 
ser	e	estar	na	profissão	de	professor(a).	As	leituras	que	fornecem	subsídios	para	
aprofundamento dos temas encontram-se ao longo do texto.
A trama de constituição desse caderno de estudos mantém em sua tessitura 
a objetividade e a subjetividade requeridas pela ciência, para que se dê a 
construção do conhecimento. De maneira geral, apresenta alguns pressupostos 
e princípios que são essenciais para se poder atuar como gestor(a) do currículo.
Convido você a iniciar esse diálogo. 
Você	quer	ser	nosso(a)	parceiro(a)	nessas	reflexões?	
Aguardamos você.
Professora Dra. Diva Spezia Ranghetti
Professora Dra. Verônica Gesser
CAPÍTULO 1
o CurríCulo ESColar: 
ConCEituação E CaraCtErização 
HiStóriCa do Campo
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Mapear	a	polissemia	do	termo	currículo	escolar,	visando	identificar	
as principais tendências teóricas do campo de estudo.
 3 Caracterizar o surgimento do currículo escolar, por meio de seus diferentes
	 movimentos	históricos,	com	a	finalidade	de	compreender	o	campo	e	suas	
práticas locais e globais.
11
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
 ContExtualização
Falar em currículo escolar suscita um percurso pela história da constituição do 
currículo no campo educacional. Além disso, faz-se imprescindível compreender 
o	 sentido	 e	 o	 significado	 do	 currículo	 presentes	 na	 literatura	 educacional	 e,	
sobretudo, construir, a partir do referencial curricular existente, um conceito próprio 
de currículo, para compreender os efeitos que ele produz sobre a formação dos 
seres humanos por meio da educação formal. 
Partindo desse pressuposto, daremos início ao movimento dialógico, princípio 
que norteará nossos estudos e discussões acerca da temática desse caderno. 
Esse movimento é próprio de quem assume uma atitude interdisciplinar em suas 
ações. Por isso, o conhecimento que cada um(a) de vocês possui sobre currículo 
será o ponto de partida. 
Para	você,	o	que	é	currículo?	Ao	ouvir	a	palavra	currículo,	que	relações	você	
estabelece?	 Como	 você	 conceituaria	 currículo?	 Utilize	 o	 espaço	 a	 seguir	 para	
registrar seu conceito inicial de currículo.
Agora que você registrou seu conhecimento sobre currículo, vamos adiante. 
Nesse capítulo trataremos da polissemia do termo currículo e do seu surgimento 
como campo de estudo, na área da educação.
ConCEituação
Currículo é uma palavra de origem latina, derivada do verbo currere, que 
significa	caminho	ou	percurso	a	seguir,	jornada,	trajetória.	Nas	palavras	de	Pacheco	
____________________________________________
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____________________________________________
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___________________________________
12
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
(1996, p.15), o vocábulo encerra duas ideias principais: “[...] uma de seqüência 
ordenada, outra de noção de totalidade de estudos”. Esta concepção se mantém, 
ainda, nos dias atuais, quando se atribui ao currículo a sequência linear e ordenada 
de estudos ou o conjunto de disciplinas que compõe um determinado curso.
Conforme José A. Pacheco (1996, p. 16), nos países anglo-
saxônicos, no século XVII, o termo curriculum designava uma pista 
circular de atletismo ou uma pista de percurso para carros de corrida 
de cavalos.
 
O termo currículo,desde sua concepção como campo de trabalho 
específico	 na	 área	 educacional,	 tem	 apresentado	 diversas	 definições,	 muitas	
vezes	polissêmicas	e	controversas.	Veja	como	o	currículo	 tem	sido	definido	ao	
longo da história:
- rol de disciplinas ou grade curricular a ser seguida;
- determinação de objetivos, conteúdos e sequência de atividades a ser 
implementada pela escola;
- conjunto de conhecimentos ou matérias a serem superadas pelo aluno;
- programa de atividades planejadas sequencialmente e metodologicamente 
ordenadas conforme orientação obtida no manual do professor;
- resultados pretendidos de aprendizagem pela escola ou pelo professor;
- implementação do plano reprodutivo para a escola de uma determinada 
sociedade;
- experiências recriadas pelos alunos por meio das quais se desenvolverão;
-	 habilidades	a	serem	dominadas,	visando	o	desenvolvimento	profissional	dos	
alunos;
- programa com conteúdos e valores social, política e economicamente 
contextualizados, para que os alunos possam contribuir e interferir na 
reconstrução da sociedade.
13
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
Currículo é...
Construir o conceito de currículo e conhecer sua história é imprescindível 
para perceber as ideologias e a questão do poder nele imbricado. Como você 
pode perceber, o termo técnico de ‘currículo’ deriva do verbo latino currere, que 
significa	caminho	ou	percurso,	jornada,	trajetória.	
?
“[...] todas as experiências que os estudantes
desenvolvem sob a tutela da escola.
(KEARNEY; COOK, 1969 apud
STENHOUSE, 1995, p.5).
“A totalidade das
experiências da criança
na escola, dirigidas para
os fins da Educação”.
(COUTO, 1966, p.1).
“O currículo é um intento de
comunicar os princípios essenciais
de uma proposta educativa, de tal
forma que fique aberta ao exame
crítico e possa ser traduzida
efetivamente para a prática”.
(STENHOUSE, 1995, p.5).
"O conjunto de atividades nas quais as
crianças se engajarão na sua vida
escolar. [...] O currículo deve centrar-
se em atividades, projetos e problemas
e, antes de tudo ser extraído das
atividades naturais da humanidade".
(TEIXEIRA apud MOREIRA, 1990,
p. 93).
“[...] currículo é o
ambiente em ação”.
(SPERB, 1966, p.
244).
“[...] uma série estruturada de
resultados buscados na
aprendizagem”. (JOHNSON,
1967 apud STENHOUSE,
1995, p.5).
“[...]. O currículo é lugar, espaço,
território. O currículo é relação de
poder. O currículo é autobiografia,
nossa vida [...]” (SILVA, 1999,
p.150).
“[...] um terreno de produção e de
política cultural, no qual os materiais
existentes funcionam como matéria-
prima de criação, recriação e,
sobretudo, de contestação e
transgressão”. (MOREIRA; SILVA,
1994, p. 28).
14
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
Atividade de Estudos: 
1) Dando continuidade ao estudo e para que seja possível a 
construção do conceito próprio de currículo, preencha a tabela a 
seguir, pesquisando o termo currículo, conforme a solicitação.
CO
NC
EI
TO
OO
S
CONHECIMEN-
TOS PRÉVIOS
PESQUISA EM DIFERENTES FONTES
Reelaboração
DO CONCEITO
PRÓPRIO
Dicionário ou 
Enciclopédia
Literatura
Específica 1
Literatura
Específica 2
Cu
rrí
cu
lo
Literatura específica: refere-se às obras que discutem sobre o 
conceito	que	se	está	pesquisando.	Neste	caso	específico,	referências	
de currículo.
15
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
O	que	você	achou	da	experiência	vivenciada	nesta	atividade?	Ela	já	é	uma	
prática	em	suas	ações?	As	pesquisas	realizadas	auxiliaram	na	reconstrução	do	
conceito	inicial?	
Currículo: A primeira fonte, na qual o termo curriculum pode 
ser localizado, conforme o Oxford English Dictionary, está nos 
registros da Universidade de Glasgow, de1633. O termo aparece 
num	certificado	de	graduação	outorgado	a	um	professor,	escrito	num	
formulário que teria sido publicado após a reforma da Universidade, 
realizada pelos protestantes, em 1577. (MORGADO, 2000).
Pinar (1975) foi buscar em Heidegger os elementos para uma análise 
fenomenológica para a relação pedagógica e estabelece
[...] uma distinção entre curriculum e currere, que, de certo 
modo, ilustra a diferença entre o conjunto de conhecimentos 
presentes em um currículo e as experiências que tais 
conhecimentos evocam em seus destinatários. O currere diz 
respeito à experiência educacional e o curriculum ao que será 
experienciado. (PEDRA, 2003, p. 106).
Como você pode observar, não há consenso em torno da palavra 
currículo. Contudo, não podemos negar que ele é fruto do seu tempo. 
Veja o que Apple argumenta a esse respeito (1994, p. 59),
O currículo nunca é apenas um conjunto neutro 
de conhecimentos [...] Ele é sempre parte de 
uma tradição seletiva, resultado da seleção de 
alguém, da visão de algum grupo acerca do que 
seja	conhecimento	legítimo.	É	produto	de	tensões,	conflitos	e	
concessões culturais, políticas e econômicas que organizam e 
desorganizam um povo.
Atividade de Estudos: 
1)	 Você	percebeu	que	o	currículo	revela,	pela	afirmação	de	Apple,	
relações	 de	 poder	 no	 contexto	 educacional?	 No	 contexto	 onde	
está	inserido,	você	percebe	estas	relações	de	poder?	Caso	sim,	
apresente algumas das situações que evidenciam essas relações 
de poder, no espaço que segue.
Não há consenso 
em torno da palavra 
currículo. Contudo, 
não podemos negar 
que ele é fruto do 
seu tempo.
16
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
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Desta forma, o currículo revela aspectos vinculados a relações de poder, o 
que	configura	o	contexto	educacional	como	um	espaço	fundamentalmente	político	
(FREIRE, 1993). Nessa perspectiva, para Moreira (1994, p. 28)
O currículo não é um veículo de algo a ser transmitido e 
passivamente absorvido, mas o terreno em que ativamente se 
criará e produzirá cultura. O currículo é, assim, um terreno de 
produção e de política cultural, no qual os materiais existentes 
funcionam como matéria-prima de criação, recriação e, 
sobretudo, de contestação e transgressão.
Diante disso, acreditamos que o currículo não representa propósitos 
ou atividades que sejam neutras em termos de formação e informação, 
já que isso se origina de diferentes segmentos sociais e é veiculado por 
vários meios curriculares dentro de um dado contexto. Neste sentido, 
para Grundy (apud PACHECO, 2001, p. 18), currículo “[...] é um modo 
de organizar um conjunto de práticas educacionais humanas”.
Numa perspectiva pós-moderna ou pós-crítica, o currículo é compreendido 
como um artefato cultural, social e histórico. Currículo é texto, é linguagem. 
Concebê-lo	 dessa	 forma	 significa	 compreendê-lo	 como	 uma	 rede	 de	 “[...]	
significantes,	 significados,	 sons,	 imagens,	 conceitos,	 falas,	 língua,	 posições	
discursivas,	 representações,	 metáforas,	 metonímias,	 ironias,	 invenções,	 fluxos,	
cortes [...]” (CORAZZA, 2001, p. 9). Isso implica dizer que o currículo é carregado 
de intencionalidades, de escolhas. Tais intencionalidades ou escolhas se fazem 
presentes, também na matriz curricular de uma modalidade de ensino, de um 
curso ou de um programa. 
 
Matriz -	palavra	derivada	do	 latim	matrice,	 com	significado	de	
fonte, origem. Aquilo que se gera ou cria, útero. Portanto, a matriz 
curricular deve ser compreendida como locus de desenvolvimento de 
uma determinada formação, o que transcende as disciplinas, carga 
horária e créditos que compõem a grade curricular de um curso. O 
currículo, nesta perspectiva, é compreendido como o “tecido” que dá 
O currículo 
não representa 
propósitos ou 
atividades que 
sejam neutras em 
termos de formaçãoe informação.
17
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
sustentação às (re)ações, aos encaminhamentos e posicionamentos 
e às intenções dessa formação, na sua totalidade.
Até agora, você pôde perceber que o currículo é produtor de 
sentido	 e	 significado,	 tem	 intencionalidades,	 e	 esses	 elementos	 se	
materializam na prática pedagógica. Por isso, adotar a concepção de 
currículo numa perspectiva crítica e pós-crítica, é concebê-lo como 
resultado de um processo social, cultural e histórico. E, sendo assim, 
o	currículo	nos	constrói	como	sujeitos	particulares,	específicos;	ele	se	
tece, como também tece identidades e subjetividades dos que com ele 
compartilham o mesmo espaço educativo.
As teorias críticas e pós-críticas são teorias curriculares que 
concebem o real, a partir de análises que ultrapassam a dimensão 
pedagógica de ensino e de aprendizagem, preocupando-se com as 
conexões	entre	saber,	poder	e	identidade,	via	análise	e	reflexão	das	
dimensões ideológicas e de discurso. Sobre isso, conferir Tomaz 
Tadeu da SILVA, Documentos de identidade, 1999.
Assim visto, o currículo deixa de ser uma área meramente técnica, 
preocupada apenas com as questões metodológicas, e passa a incorporar, 
também, as questões sociológicas, epistemológicas e políticas.
Nessa perspectiva, questionamos: Por que persistir num processo educativo 
que delimita, aprisiona, (en)forma, fragmenta, se, ao ampliarmos o olhar para 
além da janela da escola, de seus muros, esse mesmo olhar percorre um universo 
que se mostra inteiro, contendo a beleza que a natureza da própria constituição 
lhe	oferece?	 	Por	que	distanciar	o	mundo	real	do	mundo	das	 letras	 (ciência),	o	
mundo dos sujeitos que vivem num tempo real do mundo dos sujeitos que viveram 
num	determinado	tempo	na	história?	Afinal,	o	que	este	termo	guarda	de	‘sagrado’,	
se muitos educadores nem sequer compreendem que são eles e os alunos, em 
situação	de	tempo	espaço	educativo,	que	lhe	dão	vida?	
Burnham (1993) discute a questão do currículo como “complexidade, 
multirreferencialidade e subjetividade”, por compreender que o tecido que o 
compõe se constitui de uma diversidade de elementos, que precisam ser analisados 
e interpretados a partir de si mesmos, ou seja, é preciso traçar um percurso pela 
interioridade,	desvelando	as	amarras,	os	fios	que	o	formam.	E	isto	supõe:	
O currículo é 
produtor de sentido 
e significado, tem 
intencionalidades, 
e esses elementos 
se materializam na 
prática pedagógica.
18
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
Abertura de si-para-si mesmo, quer como aluno, como 
professor ou como sujeito participante da coletividade, na 
escola; de si-para com-o outro, qualquer que seja o lugar que 
esse outro ocupe nas relações escolares; de si-e-com-o-outro-
para-o-mundo múltiplo em que convivemos. (BURNHAM, 
1993, p.6).
“A interminável busca do homem pela compreensão do mundo, 
tanto do seu próprio mundo interior, quanto daquele exterior, [...] 
a construção do conhecimento sobre o mundo exterior não se 
separa da construção do próprio complexo sujeito-objeto-processo-
instrumento-produto do conhecimento, que é o próprio homem”. 
(BURNHAM, 1993, p. 3).
Conceber um currículo, nesta perspectiva, é analisar, conhecer e apropriar-
se	da	natureza	que	cada	fio	carrega	dentro	de	si,	 para	compreender	 como	ele	
afeta e é afetado pelos sujeitos que com ele compartilham o mesmo ‘espaço-
tear’. O currículo é o tecido que impulsiona os sujeitos a construírem suas 
processualidades, abrindo possibilidades para transcenderem a si mesmos. 
Conclui-se, pois, que o currículo possibilita a cada sujeito produzir a própria 
existência. Para tanto, sua ênfase deve recair mais no processo vivido e não em 
“o que” e “por que” se aprende, haja visto que é a qualidade, a profundidade e a 
relevância do que se oferta para ser experienciado que dão vida, com sentido de 
existência, ao currículo.
Em síntese, como você pôde observar, não há consenso em torno do termo 
currículo escolar. Ficou evidente que o currículo é fruto do seu tempo histórico, 
econômico, político e social, revelando aspectos vinculados a relações de poder, o 
que	configura	o	contexto	educacional	como	um	espaço	fundamentalmente	político,	
uma arena altamente contestada. A organização de um currículo, por sua vez, se 
caracteriza pelo modelo teórico (tradicional, crítico, pós-crítico) e os elementos 
que fundamentam a proposta, que pode apresentar uma organização: disciplinar, 
interdisciplinar, conceitual ou temática, dependendo da caracterização teórica de 
cada uma destas abordagens teóricas. Sendo assim, você pode perceber que 
o	 currículo	 é	 produtor	 de	 sentido	 e	 significado,	 tem	 intencionalidades,	 e	 esses	
elementos se materializam na prática pedagógica.
19
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
1) Após a compreensão do que foi exposto anteriormente, chegou o 
momento	de	refletir	sobre	você	como	gestor(a)	do	currículo.	Faça	
uso	das	questões	sugeridas	para	orientar	sua	reflexão,	deixando	
registrado no espaço que segue:
a) Como você, professor(a), participa e se vê inserido(a) nas 
decisões em relação ao que é ofertado, em sua ação docente, 
para	seus	alunos?
b) Você tem alguma participação nas decisões sobre o que você 
ensina, ou você segue as diretrizes propostas pela secretaria de 
educação	municipal	ou	estadual?
c)	 Ou	 toma	 como	 base	 o	 currículo	 oficial,	 encaminhado	 pelo	
Ministério	da	Educação?
d) Ou você utiliza o livro didático, adotado como único guia, para o 
desenvolvimento	de	suas	aulas?
 ______________________________________________________
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 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Pode-se conceituar currículo escolar como sendo todas as afecções pelas 
quais passamos durante o convívio de nossa educação formal, o que compreende 
as relações que se estabelecem nesse ato educativo. Portanto, a interação 
com o outro, com o conhecimento, com os espaços e tempos e com as atitudes 
manifestas e ocultas, presentes nas relações, forma e nos forma. 
Nessa perspectiva, pensar numa concepção de currículo que atenda as 
expectativas do mundo atual, exigindo que se pense na dimensão de totalidade, 
interdisciplinar e transdisciplinarmente, requer que o mesmo seja compreendido a 
partir dos problemas reais que a sociedade global e local apresenta. 
20
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
Leia o livro organizado por Nilda Alves: Criar currículo no 
cotidiano. Editora Cortez.
Como você pôde observar até então, o currículo escolar se constitui a partir 
de vários contextos e subjetividades, que podem ser representadas por diferentes 
esferas	e	dimensões,	definidas	por	alguns	pesquisadores	de	campo,	conforme	as	
denominações a seguir:
As	definições	de	currículo,	presentes	no	 texto	a	seguir,	 foram	extraídas	de	
Santos e Paraíso (1996).
• Currículo oficial	é	o	que	foi	planejado	oficialmente	para	ser	trabalhado	nas	
diferentes disciplinas e séries de um curso. É o que consta na Proposta 
Curricular do Estado, nas Propostas Curriculares das Secretarias de Educação 
ou nos livros didáticos elaborados a partir destas. 
• Currículo formal abrange todas as atividades e conteúdos planejados 
para serem trabalhados na sala de aula. O currículo formal inclui também o 
currículo	oficial.		
• Currículo em ação ou real são todos os tipos de aprendizagem que os 
estudantes realizam como consequência de estarem escolarizados. É a 
consequência de viver uma experiência num ambiente que propõe-impõe 
todo um sistema de comportamento e valores e não só de conteúdos de 
conhecimentos a assimilar.• Currículo oculto,	 também	 tem	 sido	 utilizado,	 significando	 o	 conjunto	 de	
normas e valores implícitos nas atividades escolares, porém não-mencionados 
pelos professores ou não-intencionalmente buscados por eles. São, portanto, 
aprendizagens ou efeitos de aprendizagens não-intencionais, que se dão como 
resultado de certos elementos presentes no ambiente escolar. É constituído tanto 
de práticas como de mensagens não-explicitadas. 
• Currículo explícito - representa a dimensão visível do currículo e se 
constitui nas aprendizagens intencionalmente buscadas ou deliberadamente 
promovidas através do ensino. 
• Currículo vazio ou nulo - Constitui-se dos conhecimentos ausente, Tanto 
das propostas curriculares (currículo formal), como das práticas da sala de 
21
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
aula (currículo em ação), que, muitas vezes, abrangem conhecimentos 
significativos	 e	 fundamentais	 para	 a	 compreensão	 da	 realidade	 e	 para	 a	
atuação nela. Também chamado de “campos de silêncio” ou de “omissões”. Seu 
significado	é	fundamental	para	entender	o	currículo	como	espaço	de	afirmação	
e negação de elementos das diferentes culturas, produzindo efeitos sobre o 
estudante, tanto em função do que diz, como daquilo que silencia.
CaraCtErização HiStóriCa do Campo
Os	estudos	sobre	currículo	surgiram,	nos	Estados	Unidos	e	no	final	do	século	
XIX	e	início	do	século	XX,	como	área	específica	da	educação.	Vários	movimentos	
caracterizaram seu surgimento entre a década de 1900 e 1930, na tentativa de 
justificar	 a	 necessidade	 de	 fundamentar	 os	 conhecimentos	 que	 deveriam	 ser	
incluídos ou não na proposta de escolarização em massa.
Atividade de Estudos: 
1) Para ampliarmos nosso diálogo, convidamos você a enumerar 
alguns aspectos históricos, econômicos, sociais e culturais, que 
faziam parte daquele contexto. Tente fazer uma retrospectiva histórica e 
liste alguns fatos que marcaram aquele período, mundialmente falando. 
O	que	estava	acontecendo	naquele	momento?	
 ________________________________________________________
 ________________________________________________________
 ________________________________________________________
 ________________________________________________________
 ________________________________________________________
 ________________________________________________________
 ________________________________________________________
Gesser (2002) explica que, para Herbert Spencer, a revolução da ciência se 
constituiu	como	mola	propulsora	na	definição	do	conhecimento	ou	conteúdo,	que	
poderia ser considerado o mais valioso. Os movimentos desse período foram o 
ponto de partida para os estudos do campo.
Atividade de Estudos: 
1)	 Mas,	afinal,	por	que	conhecer	historicamente	o	processo	de	constituição	
22
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
do	campo	curricular?	Qual	a	sua	importância	para	um	profissional	da	
Educação	Básica?	Pense	conosco:	por	que	isso	é	necessário	para	a	
prática	educativa	ou	para	sua	prática	profissional?
Escreva a seguir as suas conclusões:
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Há	 várias	 razões	 para	 um	 profissional	 da	 educação	 estudar	 e	
compreender como se deu o processo histórico de construção do currículo 
escolar. Possivelmente, a mais relevante está relacionada ao processo de 
autoconhecimento. Compreender este itinerário nos possibilita compreender 
o nosso processo de formação escolar; ou seja, nos permite entender como 
este dispositivo escolar teve impacto na formação (ou deformação) de nossas 
subjetividades, de nossas personalidades. Compreender este processo nos 
permite acima de tudo, entender que o currículo escolar se constitui e sempre se 
constituiu	como	um	processo	carregado	de	intencionalidades.	Como	define	Silva	
(1999), o currículo escolar constitui-se como um território contestado, como uma 
arena	de	lutas,	carregada	de	significantes	e	de	significados.	
Diante	de	tudo	isso,	nós	lhe	perguntamos:	Que	tal	uma	viagem	no	tempo?	você	
está	pronto	(a)	para	esta	aventura?		Serão	mais	de	cem	anos,	em	poucas	laudas.	
Partindo do primeiro exercício que lhe propusemos nesta seção, o início 
do campo curricular foi marcado pelo franco desenvolvimento da indústria, 
especialmente nos Estados Unidos, e pela ampla onda de imigrantes europeus, 
que vinham em busca de realizar o grande sonho americano no novo mundo, em 
busca de emprego ou de um pedaço de terra.
Para	 melhor	 compreensão	 deste	 contexto,	 assista	 ao	 filme:	
Philadelphia.
23
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
E	afinal,	quais	foram	os	principais	movimentos	que	demarcaram	este	primeiro	
momento	 do	 currículo	 como	 área?	 De	 acordo	 com	 Schubert	 (1986)	 e	 Pinar	 et	
al. (1995), três foram os primeiros movimentos que caracterizaram o campo: o 
movimento	da	Eficiência	Social,	o	movimento	da	Escola	Progressiva	e	o	movimento	
Reconstrucionista Social. Veja a síntese de cada um deles no quadro abaixo:
Quadro 1 – Movimentos que marcaram o início do campo do currículo 
Características
Movimento da 
Eficiência Social
Movimento da 
Escola Progressiva
Movimento Recons-
trucionista Social
Proponente/ Data
Bobbit – 1918
Chartes - 1923
Dewey – 1900-1930
Harold Rugg e Geor-
ge Counts - 1932
Foco
Habilidades
	Profissionais
Interesses/Necessi-
dades dos alunos
Problemas Sociais
Objetivo
Preparar indivíduos 
eficientes	para	atuar	
na indústria.
Vivenciar experiên-
cias para a autorreali-
zação dos alunos.
Preparar os indivídu-
os para a construção 
de uma nova ordem 
social.
Inspiração Taylorista/Fordista Pragmatista Marxista 
Racionalidade Técnica Prática Emancipatória
Fonte: As autoras.
Para dar maior consistência ao nosso diálogo, nesta viagem histórica, 
vamos	refletir	sobre	o	quadro	anterior:	Lembra	que,	quando	discutimos	sobre	
a polissemia do termo currículo escolar, apontávamos para o fato de que o 
currículo	escolar	não	é	neutro,	mas,	sim,	carregado	de	valores?	 Isto	significa	
que cada um destes movimentos anteriores, que “batizaram” o campo, 
expressam interesses e intencionalidades distintas, embora motivadas pelo 
mesmo contexto. A partir disso, voltamos ao nosso itinerário rumo à constituição 
histórica do currículo escolar. 
Em 1949, a publicação de Ralph Tyler dá início à teorização sobre o currículo 
escolar, constituindo-se no modelo considerado o clássico das teorias tradicionais 
de	currículo,	 influenciando	o	mundo	até	a	atualidade.	Esta	publicação,	 intitulada	
“Princípios Básicos de Currículo e Ensino”, organizada em apenas quatro 
capítulos, é comumente conhecida como o modelo de currículo por objetivos, 
resultante de uma disciplina lecionada pelo autor na Universidade de Chicago, 
cuja	síntese	fica	assim	esquematizada:
24
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
Quadro 2 – Modelo de Currículo Tyler
Fonte: Tyler, 1974.
Em síntese, esses movimentos históricos até aqui retratados registram, de 
maneira marcante, a estruturação e o surgimento do currículo escolar como área do 
conhecimento	e,	agora	cientificamente	reconhecida.
Na sucessão de Tyler, o campo do currículo escolar foi novamente 
afetado	por	fenômenos	mundiais.	No	final	da	década	de	1950,	devido	à	
Guerra Fria e ao lançamento do satélite Sputnik (1957) pelos soviéticos, 
nos Estados Unidos, o governo exigiu que as escolas voltassem maior 
atenção aos conteúdos curriculares, para formar líderes e cientistas. 
Gesser (2002, p. 77) explica que, nesse período, o currículo se tornou 
umaquestão de preocupação nacional nos Estados Unidos. A reforma 
curricular proposta pelo governo direcionou o currículo para a as 
disciplinas voltadas à ciência, como a Biologia, a Química, a Física 
e a Matemática. Com base nesta reforma, o currículo tecnicista foi 
fortemente reavivado e a Ciência se tornou palavra de ordem nos 
currículos escolares.
O constante confronto entre Estados Unidos e União Soviética 
foi	denominado	de	Guerra	Fria.	O	conflito	durou	cerca	de	quarenta	
anos! Leia mais sobre este confronto em: HOBSBAWM, Eric. Era 
dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
Bom, até agora, parece que as coisas, neste campo, não têm mudado muito. 
Você deve estar pensando: será que o mundo do currículo vai girar sempre desta 
Fontes:
Filtros:
Sociedade Aluno Matéria
Listagem de Objetivos Educacionais
Filosofia Psicologia
Objetivos Educacionais Precisos
Seleção dos conteúdos e experiências de
aprendizagem
Seleção dos conteúdos e experiências de
aprendizagem
Avaliação da aprendizagem
Fontes:
Filtros:
Sociedade Aluno Matéria
Listagem de Objetivos Educacionais
Filosofia Psicologia
Objetivos Educacionais Precisos
Seleção dos conteúdos e experiências de
aprendizagem
Seleção dos conteúdos e experiências de
aprendizagem
Avaliação da aprendizagem
Devido à Guerra Fria 
e ao lançamento 
do satélite Sputnik 
(1957) pelos 
soviéticos, nos 
Estados Unidos, o 
governo exigiu que 
as escolas voltassem 
maior atenção 
aos conteúdos 
curriculares, para 
formar líderes 
e cientistas. 
25
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
maneira?	A	resposta	não	é	muito	simples:	não	será	sempre	desta	maneira,	mas,	
neste	terreno	de	lutas,	como	afirma	Silva	(1999),	o	jogo	não	é	fácil!	A	partir	dos	
anos	1960	até	o	final	da	década	de	1970,	porém,	como	reação	à	última	reforma	
curricular e, no contexto do movimento pelos direitos civis: a liberação da mulher, 
os movimentos contra as lutas raciais, entre outros, nos Estados Unidos, um 
contexto para mudanças começa a se instalar.
Foi neste território contestado que nasceu a pedagogia crítica (outro movimento 
do campo), propondo um currículo voltado aos problemas sociais, econômicos e 
políticos	da	realidade.	Gesser	(2002)	afirma	que	a	obra	Pedagogia do Oprimido, de 
Paulo Freire, foi tomada como marco inicial da pedagogia crítica. Segundo este 
movimento, o currículo escolar deveria partir de problemas sociais (e aí a relação 
com o movimento Reconstrucionista Social), visando a crítica desta realidade e, 
como consequência, a conscientização e libertação do indivíduo e da sociedade. 
Portanto, justiça social era palavra de ordem.
Segundo Freire (1974), uma ação escolar, com base nesta perspectiva, 
proporcionaria a humanização do ser e da sociedade. Ainda na década de1970, o 
que também contribuiu para este movimento, para esta ruptura, foi o surgimento da 
Nova Sociologia da Educação, na Inglaterra. Estudiosos que demarcaram esta 
tendência inicial foram Michael Young (com a obra Knowledge and control: new 
direction for the Sociology of Education) e Basil Bernstein (com a obra Class, code 
and	control).	Para	estes	autores,	estas	 ideias	deviam	influenciar	“[...]	a	 forma	de	
organização do currículo e do processo de transmissão do conhecimento escolar, 
bem como suas relações com as formas dominantes de poder e de controle social 
presentes na sociedade”(SANTOS; MOREIRA, 1995, p. 49). Já, nos Estados 
Unidos, autores que legitimam este movimento são Michel Apple e Henry Giroux.
Você certamente deve ter notado que, a partir deste movimento, o currículo 
passou a ser concebido como uma construção histórica e cultural, que precisava 
ser criticamente analisada, para não se limitar a reproduzir as desigualdades 
sociais. Seus proponentes acreditam que o currículo escolar, nesta perspectiva, 
se constitui como instrumento emancipador da realidade, do ser e, 
portanto, da coletividade. 
E,	 por	 fim,	 embora	 não	 dissociados	 dos	 contextos	 anteriores	 e	
atuais, os anos de 1990 são marcados por uma continuidade de 
intensas reformas, que se instala em todo o mundo; ou seja, reformas 
ou novos modelos que tomaram, como referência para mudanças, 
o contexto da pós-modernidade. Nestes últimos anos, o campo do 
currículo (pelos menos no plano teórico, não necessariamente de 
práticas) tem sido fortemente marcado pelo pensamento pós-moderno. 
No Brasil, este cenário também é assinalado por políticas públicas de 
currículo que demarcam este terreno.
Gesser (2002) explica que os estudos sobre currículo, desde 
Desde os anos 1990 
até a atualidade, 
têm se debruçado 
na discussão de 
temas emergentes, 
desencadeados 
pelos debates 
promovidos pela 
pedagogia crítica, 
caracterizando-se, 
de modo geral, 
como estudos 
na perspectiva 
multicultural. 
26
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
os anos 1990 até a atualidade, têm se debruçado na discussão de temas 
emergentes, desencadeados pelos debates promovidos pela pedagogia crítica, 
caracterizando-se, de modo geral, como estudos na perspectiva multicultural. 
Segundo a autora, um currículo multicultural “[...] deveria ser organizado em 
torno de aspectos multiculturais que incluem raça, gênero, diferenças individuais, 
classe social, problemas sociais e justiça social ou equidade”. (GESSER, 2002, 
p.	78).	Esta	autora	afirma	que,	no	contexto	brasileiro	(e	até	mundial)	o	que	ainda	
prevalecem são práticas curriculares de caráter tecnicista, tradicional.
Atualmente continuamos realizando estudos com relação ao currículo, na 
tentativa de encontrar caminhos adequados para uma reforma, que possa responder 
às necessidades reais dos indivíduos, que representam a sociedade na sua totalidade. 
Acreditamos que a compreensão histórica em torno dos estudos e movimentos 
curriculares seja indispensável para entender os diferentes processos de reforma da 
educação brasileira. Freire (1987) argumenta que um processo educacional autêntico 
deve ser cultural e historicamente fundamentado. A história nos permite adquirir 
experiências a partir de reformas passadas, sugerindo novas re-elaborações.
Para ampla compreensão do histórico sobre o currículo escolar: 
leia o artigo escrito por Verônica Gesser – A evolução histórica do 
currículo: dos primórdios à atualidade. Revista Contrapontos, 2002, 
vol. 4, p. 64-81.
algumaS ConSidEraçõES
Tendo em vista que nossos objetivos, para este capítulo, eram o de mapear a 
polissemia	do	 termo	currículo	escolar,	visando	 identificar	as	principais	 tendências	
teóricas do campo de estudo e de caracterizar o surgimento do currículo escolar por 
meio	de	seus	diferentes	movimentos	históricos,	com	a	finalidade	de	compreender	
o campo e suas práticas locais e globais, é possível, sinteticamente, constatar que:
• Não há consenso em relação ao conceito de currículo escolar. Ficou patente 
que o currículo é fruto de seu tempo. Desta forma, o currículo revela aspectos 
vinculados	a	 relações	de	poder,	o	que	configura	o	contexto	educacional	como	
uma arena altamente política, contestada. Sendo assim, você pode perceber que 
o	currículo	é	produtor	de	sentido	e	significado,	 tem	 intencionalidades,	e	esses	
elementos	se	materializam	na	prática	pedagógica.	Você	tem	clareza	disso	agora?
• Em relação ao histórico do currículo como campo de conhecimento, 
constatamos que este tem sua gênese no início do século XX. Vários 
foram os movimentos que caracterizaram seu percurso histórico, desde sua 
origem	até	a	atualidade,	como	por	exemplo:	a	eficiência	social,	o	movimento	
27
O CurríCulO EsCOlar: COnCEituaçãO 
E CaraCtErizaçãO HistóriCa dO CampO
 Capítulo 1 
progressivista, o reconstrucionista social, o modelo Tyler, a pedagogia crítica e 
o contexto da pós-modernidade com o currículo multicultural.
• Em síntese, este é o itinerário histórico e conceitual do currículo que 
estudamos até o momento e de que, a seguir, você fará sua própriasíntese. 
Mas,	 fique	 atento!	 No	 próximo	 capítulo	 iremos	 aprofundar	 muito	 mais	
essas três vertentes teóricas em relação às suas práticas. Por exemplo, vamos 
desenvolver	três	grandes	objetivos:	1.	Identificar	as	diferentes	abordagens	teóricas	
do currículo, caracterizando seus impactos na materialização dos currículos 
escolares; 2. Caracterizar os principais paradigmas curriculares, relacionando-os 
as	diferentes	teorias	do	currículo	escolar;	3.	Identificar	a	influência	das	teorias	e	
paradigmas curriculares no atual desenvolvimento curricular da educação básica.
E	então,	prontos	para	continuar	nossa	jornada?	Aguardamos	você	lá!
rEfErênCiaS
APPLE, Michael. Currículo e Ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1982.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares 
Nacionais: Secretaria Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CORAZZA, Sandra Mara. O que quer um currículo? Rio de Janeiro: Vozes, 2001. 
COUTO, M. Como elaborar um currículo. Rio de Janeiro: Livro técnico, 1966.
DEPRESBITERIS, L. O desafio da avaliação da aprendizagem: dos 
fundamentos a uma proposta inovadora. São Paulo: EPU, 1989.
FREIRE, P. A educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1993.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 18a. edição, Rio de Janeiro: Paz e terra, 
1987. 
GESSER, Verônica. A evolução Histórica do currículo: dos primórdios à 
atualidade. Contrapontos, v. n. 4, p.69 - 81, 2002.
LEFEBVRE, H. Sociologia de Marx. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 
1979.
MOREIRA, A. F. B. A crise da teoria curricular crítica. In: COSTA, M. V. O 
currículo nos limiares do contemporâneo. 3ª. Ed., Rio de Janeiro: DP&A, 
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MOREIRA, Antônio Flávio B.; SILVA, T. T. da. (Orgs.). Currículo, cultura e 
sociedade. Campinas: Papirus, 1994.
28
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
MOREIRA, Antônio Flávio B. Currículos e programas no Brasil. Campinas: 
Papirus, 1990.
PACHECO, Augusto José. Currículo: Teoria e Práxis. Portugal: Porto, 2001.
PACHECO, José A. Currículo: teoria e práxis. Portugal: Porto Editora, 1996.
PEDRA, José Alberto. Currículo, conhecimento e suas representações. 
Campinas, São Paulo: Papirus, 1997.
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professores – a estampa de um design. 2005. 231 f. Tese (Doutorado em Educação: 
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SACRISTÁN, Gimeno J. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto 
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Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
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SPERB, D. C. Problemas gerais de currículo. Porto Alegre: Globo, 1966.
STENHOUSE, L. Introduction to curriculum research and development. 
Londres: Heinemann, 1976. 
TYLER, R. W. Princípios Básicos de Currículo e Ensino. Porto Alegre: Globo, 
1974.
CAPÍTULO 2
tEoriaS E paradigmaS CurriCularES
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Identificar	as	diferentes	abordagens	teóricas	do	currículo,	caracterizando	
seus impactos na materialização dos currículos escolares.
 3 Caracterizar os principais paradigmas curriculares, relacionando-
os às diferentes teorias do currículo escolar.
 3 Identificar	a	influência	das	teorias	e	paradigmas	curriculares	no	
atual desenvolvimento curricular da educação básica.
31
tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
ContExtualização
Tomando por base o histórico do currículo como campo do saber, 
constatamos, no primeiro capítulo, que cada período histórico foi determinando 
abordagens teóricas que, de certa maneira, marcaram o campo. Por exemplo, 
do seu surgimento até a década de 1970, o currículo constituiu um corpo teórico 
considerado como “as teorias tradicionais de currículo”. Já da década de 1970 
até o início dos anos 1990, o campo foi caracterizado pelas teorias críticas. A 
partir dos anos 1990 até o momento vigente, este campo vem sendo fortemente 
marcado pela pós-modernidade; ou seja, pelas teorias pós-criticas do currículo. 
Mas,	você	deve	estar	pensando:	Afinal,	O que são Teorias e para que servem?	
Neste capítulo, estudaremos as teorias de currículo que foram sendo 
construídas ao longo da história; isto é: as teorias tradicionais, as teorias críticas e 
as teorias pós-críticas. Além das teorias que caracterizam o campo, estudaremos, 
ainda, três paradigmas curriculares, que caracterizam o campo: o técnico-linear, o 
circular-consensual e o dinâmico-dialógico. 
tEoriaS dE CurríCulo: tradiCionaiS, 
CrítiCaS E póS-CrítiCaS
Para Silva (1999), uma teoria não é neutra ao descrever e explicar o 
fenômeno. A teoria produz o fenômeno. Na acepção de Pacheco (1996), a teoria é 
um conjunto organizado de análises, interpretações e compreensões de modelos 
e/ou fenômenos curriculares; ou seja, representações do real, que se pretende 
organizado e problematizado. 
Silva (1999, p. 16) explica ainda que “as teorias tradicionais pretendem ser 
apenas	isso:	‘teorias’	neutras,	científicas,	desinteressadas.”	Para	Pacheco	(1996,	
p. 35), neste contexto 
o	 currículo	 define-se	 como	 um	 produto,	 um	 resultado,	
uma série de experiências de aprendizagem dos alunos, 
organizados pela escola em função de um plano previamente 
determinado [...] com o predomínio da mentalidade técnica, 
ligada	 aos	 especialistas	 curriculares	 que	 se	 filiam	 no	 grupo	
dos tradicionalistas, já que se salvaguarda a legitimidade 
normativa da construção curricular.
Bobbit, Dewey e Tyler representam modelos curriculares oriundos das 
teorias	 tradicionais.	 Embora	 cada	 um	 tenha	 suas	 especificidades	 ou	 ênfases	
32
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
respectivamente centrados nos meios, nos alunos e objetivos previamente 
determinados, esses modelos tradicionais de currículo, tanto os técnicos quanto os 
progressistas, representam uma base psicológica comportamentalista 
fundada pela psicologia experimental (Silva, 1999). A orientação 
curricular dominante das teorias tradicionais tem caráter 
tecnicista. O modelo curricular é centrado em objetivos . Segundo 
Pacheco (1996, p. 138),
[...]	 identifica-se	com	uma	perspectiva	científica	e	tecnológica	
que predominou, em termos de estudos educativos, até 
meados da década de 70. O currículo representa a elaboração 
de um plano estruturado de aprendizagem dos alunos, tendo 
em vista o seu aperfeiçoamento através dos objectivos 
formulados em termos comportamentais e segundo as duas 
regras principais da tecnologia educativa: previsão e precisão 
de resultados. 
Por conseguinte, o currículo é organizado “[...] como um conjunto de 
objetivos de aprendizagem selecionados, os quais devem dar lugar à criação 
de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos avaliáveis 
[...].”(SACRISTÁN, 2000, p. 46). 
Em síntese, esse modelo curricular é assim caracterizado: organizado por 
objetivos; delineado por especialistas; implementado pelos professores; focado 
na transmissão e memorização de conteúdos; o aluno é passivo e reprodutor; 
centrado na aprendizagem mecânica e repetitiva;com foco na avaliação que visa 
o alcance dos objetivos por meio de instrumentos de medida ou observação. 
Atividade de Estudos: 
1) Com base no modelo teórico tradicional, você consegue vincular 
algo de sua experiência escolar a este modelo. Descreva no 
espaço que segue:
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Para se contrapor a este modelo teórico, emergem, nos anos 70, as teorias 
críticas de currículo. Assim, inicia-se a marca de outro movimento, este fortemente 
influenciado	pelo	pensamento	de	Paulo	Freire.	Silva	(1999,	p.	30)	argumenta	que,	
O modelo curricular 
é centrado em 
objetivos . 
33
tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
ao contrário das teorias tradicionais, que se preocupavam muito mais em como 
elaborar e organizar o currículo, as teorias críticas de currículo “[...]começam 
por colocar em questão precisamente os pressupostos dos presentes arranjos 
sociais e educacionais.” Nessa compreensão teórica do currículo, a ênfase 
está no questionamento em relação as desigualdades e injustiças sociais. A 
argumentação teórica reside no fato em que “[...] o importante não é desenvolver 
técnicas de como fazer o currículo, mas desenvolver conceitos que nos permitam 
compreender o que o currículo faz.” (SILVA, 1999, p. 30). Logo, o interesse teórico 
está em examinar “[...] as relações entre o conhecimento escolar e a estrutura 
de poder na sociedade mais ampla, abrindo possibilidades para a construção de 
propostas curriculares informadas por interesses emancipatórios [...].” (MOREIRA, 
1994, p. 12).
Pacheco (1996, p. 40) explica que este enfoque teórico do currículo “[...] 
insere-se numa perspectiva emancipadora de currículo, afastando-se em termos 
conceptuais, das teorias técnicas [...]. O currículo não é resultado nem dos 
especialistas nem do professor individual, mas dos professores agrupados e 
portadores de uma consciência crítica, e agrupados segundo interesses críticos.” 
Freire	 (1993),	 figura	 principal	 associada	 a	 esta	 teoria,	 propõe	 que	 o	 currículo,	
numa perspectiva crítica, não seja determinado por alguns “iluminados”, considerados 
especialistas, mas que seja construído a partir dos interesses e experiências de todos 
que participam das atividades escolares, sendo situado no contexto histórico, social, 
cultural, político e econômico de cada época. 
Na perspectiva crítica, o currículo não seria mais estruturado 
de forma fragmentada e disciplinar. Ao contrário, sua organização 
seria feita por temas de fundo social, cultural e histórico, contexto 
que permite aos estudantes e professores reunir uma variedade 
de conhecimentos e possibilidades para resolver problemas, 
promover o pensamento crítico e privilegiar justiça social e equidade 
(FREIRE, 1993). O conhecimento disciplinar, entretanto, não seria 
desconsiderado. Os conteúdos seriam estudados, visando preparar 
melhor os estudantes para o cotidiano de nossa sociedade. 
Atividade de Estudos: 
1) Com base no modelo teórico crítico, você consegue vincular algo 
de sua experiência escolar a este modelo. Descreva no espaço 
que segue.
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Na perspectiva 
crítica, o currículo 
não seria mais 
estruturado de 
forma fragmentada 
e disciplinar. Ao 
contrário, sua 
organização seria 
feita por temas de 
fundo social, cultural 
e histórico..
34
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
No início dos anos 90, o currículo, como campo de estudos, 
encontra-se em ebulição e novas perspectivas teóricas emergentes vão 
se constituindo junto ao pensamento da pós-modernidade. Para alguns, 
elas se constituem como as teorias pós-criticas do currículo, as quais 
têm polemizado as discussões de currículo na contemporaneidade. 
Atualmente, investigadores e educadores defendem abordagens 
multidisciplinares	para	o	currículo.	Slaterry	(1995,	p.	36)	definiu	esta	nova	
forma	como	resultado	da	era	pós-moderna	que	“desafiará	a	perspectiva	
tradicional da lógica moderna do positivismo” para sustentar formas 
alternativas,	 que	 “encorajarão	 a	 reflexão	 autobiográfica,	 investigação	
narrativa, interpretação revisionista e compreensão contextual. O 
conhecimento	 será	 entendido	 como	 reflexo	 dos	 interesses	 humanos,	 valores	 e	
ações que são socialmente construídas.” Nesse sentido, para os pós-criticos, 
haveria uma reorientação com relação aos modelos curriculares a serem 
construídos, constituindo-se numa perspectiva multicultural, questão tão almejada 
no contexto educacional da atualidade.
O Positivismo se torna um método e uma doutrina: método, 
enquanto	 sugere	 que	 as	 avaliações	 científicas	 devem	 estar	
rigorosamente embasadas em experiências; e doutrina, enquanto 
preconizava que todos os fatos da sociedade deveriam seguir uma 
natureza	precisa	e	científica.	A	palavra	de	ordem	do	Positivismo	era	
desprezar a inacessível determinação das causas, dando preferência 
à determinação das leis. Dessa forma, substituia-se o método a 
priori pelo método a posteriori. O fundador dessa doutrina Positivista 
foi Auguste Comte, francês, nascido em Montpellier, em 1.798, 
e falecido em Paris, em 1.857. Opondo-se à concepção do direito 
natural e do pacto social e às doutrinas teológicas, Augusto Comte 
preconizava	o	emprego	de	novos	métodos	no	exame	científico	dos	
problemas sociais, substituindo as interpretações metafísicas e 
estabelecendo a autoridade e a ordem pública contra os abusos do 
individualismo da Escola Liberal. O positivismo, nesta concepção, 
era,	portanto,	uma	filosofia	determinista	que,	de	um	lado,	professava	
o	experimentalismo	sistemático	e,	de	outro,	considerava	anticientífico	
todo	o	estudo	das	causas	finais.	Admitia,	pois,	que	o	espírito	humano	
Para os pós-
criticos, haveria 
uma reorientação 
com relação 
aos modelos 
curriculares a 
serem construídos, 
constituindo-se 
numa perspectiva 
multicultural.
35
tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
seria capaz de atingir as verdades do mundo físico através de 
métodos experimentais, mas não de atingir dessa forma a verdade de 
questões	metafísicas.	Por	 isso,	podemos	afirmar	que	o	Positivismo	
era e é um dogmatismo físico e um ceticismo metafísico. (JÚNIOR, 
J.R. O que é Positivismo. São Paulo: ed. Brasiliense, 1994).
Atividade de Estudos: 
1) Com base no modelo teórico pós-crítico, você consegue vincular 
algo de sua experiência escolar a este modelo. Descreva no 
espaço que segue:
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
É no contexto polissêmico dos anos 1990 que se situa a emergência das 
teorias	pós-críticas	ou	pós-estruturalistas,	como	definem	alguns	 teóricos.	Assim	
como as teorias críticas, as teorias pós-críticas defendem a ideia de que “nenhuma 
teoria	 é	 neutra,	 científica	 ou	 desinteressada,	 mas	 que	 está,	 inevitavelmente,	
implicada em relações de poder.” (SILVA, 1999, p. 16). Para Moreira (1994, p. 28-
29), a teoria pós-moderna ou pós-crítica,
[...]	não	corresponde	nem	a	um	movimento	unificado	nem	a	um	
‘sistema’ de ideias e conceitos, convencionalmente entendido. 
É mais uma perspectiva complexa, multiforme,resistente a 
definições,	explicações	e	categorizações	simplistas	[...].	Penso	
serem elas que melhor podem oferecer uma base potencial 
para questionamentos radicais das concepções pedagógicas 
tradicionais e para a formulação de propostas curriculares 
pautadas pela intenção de resistir ao status quo. 
A literatura pós-crítica, tanto em âmbito nacional quanto internacional, ainda 
está muito centrada no plano da denúncia em relação às teorias tradicionais e às 
teorias críticas. Suas proposições téoricas sugerem a desconstrução de conceitos 
e práticas, que vêm sendo materializadas pelo currículo tradicional, visando a 
reconstrução	 ou	 a	 resignificação	 dos	 textos,	 contextos	 e	 discursos	 vivenciados	
pelos indivíduos. Para Silva (1999, p. 115), “[...] o pós-modernismo empurra a 
36
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
perspectiva crítica do currículo para os seus limites [...] e, de certa forma, constitui 
uma radicalização dos questionamentos lançados às formas dominantes de 
conhecimento pela pedagogia crítica.” Resumindo: o autor argumenta que as 
teorias pós-críticas apontam para discursos, tais como: identidade, alteridade, 
diferença,	 subjetividade,	 significação,	 discurso,	 saber-poder,	 representação,	
cultura, gênero, raça, etnia, sexualidade e multiculturalismo. 
Em síntese, este é o itinerário histórico que caracteriza as três perspectivas 
do currículo, as quais estão resumidamente apresentadas no quadro a seguir:
Quadro 3 – síntese das teorias de currículo
Perspectivas do 
currículo
Teorias tradicionais Teorias Críticas Teorias Pós-criticas
Proponente/
Data
Bobbit – 1918
Chartes – 1923
Dewey – 1900 - 1930
Freire e outros - 1970 Pinar e outros - 1990
Discurso Científico Dialético Subjetivo
Legitimidade Normativa Processual Subjetiva
Inspiração Modernidade Materialismo 
Histórico
Pós-modernidade
Racionalidade Técnica Comunicativa Subjetiva
Termos
representativos 
e originários 
destas 
perspectivas
Ensino
Aprendizagem
Avaliação
Metodologia
Didática
Organização
Planejamento
Eficiência
Objetivos
Ideologia
Reprodução Cultural e 
Social
Poder
Classe Social
Capitalismo
Relações Sociais e de 
Produção
Conscientização
Emancipação e 
Libertação
Currículo Oculto
Resistência
Identidade, 
Alteridade, Diferença
Subjetividade
Significação e Discurso
Saber-Poder
Representação
Cultura
Gênero, Raça, Etnia, 
Sexualidade
Multiculturalismo
Conceito de 
Currículo
Conjunto ordenado de 
elementos (objetivos, 
conteúdos, experiências, 
estratégias e avaliação) 
para desenvolver o ensino
O currículo é o lugar 
onde, ativamente, se 
produzem significados 
sociais
O currículo é um arte-
fato social. Ele tem um 
papel de construção 
pela linguagem e pelo 
discurso.
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em: SILVA, T. T. Documentos de 
Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
37
tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
paradigmaS CurriCularES: téCniCo-
linEar, CirCular-ConSEnSual E 
dinâmiCo-dialógiCo 
Para compreender o porquê de determinada forma de pensar e agir se 
constituir como legítima, numa dada época histórica, sugiro a leitura do texto a 
seguir. É um ilustrativo de como iniciamos nossas crenças e defendemos nossos 
pontos de vista.
Como nasce um paradigma?
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em 
cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. 
Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os 
cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. 
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os 
outros enchiam-no de pancadas. 
Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a 
escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas 
substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi 
subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o 
surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não 
mais subia a escada.
Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o 
primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato.
Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato.
Um	quarto	e,	finalmente,	o	último	dos	veteranos	foi	substituído.
Os	cientistas	ficaram,	então,	com	um	grupo	de	cinco	macacos	
que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam 
batendo naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em 
quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não 
sei, as coisas sempre foram assim por aqui...”
38
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
“É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito” 
(ALBERT EINSTEIN).
Extraído de: SALMAZO, Regina Inês Testa. Liderança Emocional:	Desafio	
e conquista do líder pós-moderno. Brasília: Thesaurus, 2006. p. 82-83.
Atividade de Estudos: 
1) O texto anterior nos dá uma ideia de como seguimos os paradigmas 
que	são	instituídos	por	uma	comunidade,	seja	ela	científica	ou	não.	
Aqui	 cabe	uma	boa	 reflexão.	Por	exemplo,	 como	profissionais	da	
educação e, especialmente, como mentores e gestores do currículo 
escolar, o que nos leva a fazer certas escolhas em detrimento de 
outras?	 Se	 fôssemos	 perguntados	 sobre	 isso	 em	 uma	 reunião,	
como	reagiríamos?	Teríamos	fundamentos	para	nossas	escolhas?	
Será que temos clareza de nossas crenças e consciência de por 
que	as	seguimos?	Com	base	nestas	 indagações,	 solicitamos	que	
você registre algumas de suas respostas no espaço a seguir. Estes 
registros poderão questionar certezas e/ou elucidar dúvidas que 
possuímos em relação às nossas ações e atitudes.
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Para Kuhn (1996, p.225), um paradigma constitui-se de uma “[...] constelação 
de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade 
científica	[...]”.	Por	 isso,	a	 força	de	um	paradigma	emerge	do	consenso	de	uma	
determinada	comunidade	científica.	Pode	ser	considerado	um	modelo	ou	padrão.
Assista	ao	filme:	Sociedade	dos	poetas	mortos.
39
tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
Baseado nas ideias de J. Habermas, James B. Macdonald (1975) organizou 
um esquema conceitual para analisar os paradigmas de currículo que se encontram 
na literatura. De acordo com MacDonald, as diferenças básicas no pensamento 
curricular estão diretamente relacionadas com os enfoques de pesquisa usados 
para a sua construção, tais como: o enfoque empírico-analítico, o enfoque histórico-
hermenêutico e o enfoque praxiológico. Para esse autor, são três os paradigmas 
de desenvolvimento do currículo. O paradigma técnico-linear, o paradigma circular-
consensual e o paradigma dinâmico-dialógico. 
Existem na literatura outros esquemas conceituais para analisar 
os paradigmas de currículo. Por ex.: McNeil descreve quatro 
paradigmas: humanístico, de reconstrução social, tecnológico 
e	 de	 matérias	 acadêmicas;	 Eisner	 e	 Vallance	 identificaram	
cinco paradigmas: desenvolvimento dos processos cognitivos, 
currículo como tecnologia, autorrealização, reconstrução social e 
racionalismo acadêmico.
a) Paradigma Técnico-Linear
O paradigma técnico-linear tem como objetivos de ensino a dimensão 
técnica; ou seja, a intencionalidade da educação está relacionada diretamente 
com	 a	 preparação	 dos	 indivíduos	 para	 o	 desempenho	 de	 funções	 específicas:	
mão	de	obra	qualificada	para	o	mercado	de	trabalho;	portanto,	funções	atreladas	
ao desenvolvimento econômico do país.
A origem da aplicação do enfoque empírico-analítico, no trabalho de currículo,pode ser observada no livro The Curriculum, escrito por John Franklin Bobbitt e 
publicado	 em	 1918.	 Bobbitt,	 influenciado	 pelos	 princípios da Administração 
Científica que estavam sendo usados na indústria, e que foram organizados 
por	Frederick	Taylor,	pai	da	Administração	científica,	elaborou	um	paradigma	de	
currículo, cujos princípios básicos são:
• preparar	 indivíduos	 para	 desempenhar	 funções	 definidas	 em	 uma	 situação	
também	definida;
• basear	o	conteúdo	curricular	numa	análise	das	funções	específicas	a	serem	
desempenhadas	 e	 na	 situação,	 também	 específica,	 na	 qual	 devem	 ser	
desempenhadas. (PALMA FILHO, 1990, p.1).
40
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
Os princípios da administração científica são: planejamento, 
preparo, controle e execução.
Princípio do Planejamento: substituir, no trabalho, o critério 
individual do operário, a improvisação e a atuação empírico-prática 
pelos	métodos	baseados	em	procedimentos	científicos.
Princípio do Preparo:	 selecionar	 cientificamente	 os	
trabalhadores, prepará-los e treiná-los para produzirem mais e 
melhor. No passado, o próprio trabalhador escolhia o seu trabalho e 
a maneira de executá-lo e treinava a si mesmo como podia.
Princípio do Controle:	 controlar	 o	 trabalho	 para	 se	 certificar	
de que o mesmo está sendo executado de acordo com as normas 
estabelecidas e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar 
com os trabalhadores, para que a execução seja a melhor possível.
Princípio da Execução: distribuir distintamente as atribuições 
e as responsabilidades, para que a execução do trabalho seja bem 
mais disciplinada. 
Segundo Kliebard (1975, p.84), esses princípios, ao serem utilizados no 
desenvolvimento do currículo, transformaram-se
[...] numa parte do sistema de produção, sendo o aluno a 
matéria	 bruta,	 que	 deve	 ser	 transformada	 num	 finíssimo	
e útil produto, sob o controle de um técnico altamente 
qualificado.	 O	 resultado	 desse	 processo	 de	 produção	 deve	
ser cuidadosamente pré-delineado, de acordo com rigorosas 
especificações,	e,	quando	certos	produtos	provam	ser	inúteis,	
são	descartados	em	favor	de	outros,	mais	eficientes.	Toma-se	
cuidado com aquelas matérias brutas de particular qualidade 
ou composição, canalizando-as para o próprio sistema de 
produção.
 
Nesse sentido, educar era sinônimo de mudança de comportamento, o 
qual	 estava	 rigorosamente	 definido	 em	 termos	 de	 desempenho	 dos	 alunos,	 a	
serem medidos pelo professor por meio dos objetivos instrucionais. Os objetivos 
eram propostos em termos comportamentais. A preocupação centrava-se 
na aprendizagem de competências, sem considerar as habilidades básicas 
necessárias à vida.
41
tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
b) Paradigma Circular-Consensual
No paradigma circular-consensual, o currículo está centrado nas 
experiências dos alunos e nas necessidades latentes e/ou manifestas, visto que 
o conhecimento deve resultar de uma vivência, de uma prática de vida, de uma 
comunicação intersubjetiva; portanto, não pode ser ‘depositado’, ‘doado’, imposto 
de fora para dentro. Nesse contexto, o aluno é o criador e o construtor de seu 
próprio	 currículo;	 ele	 é	 que	deve	gerar	 ou	mudar	 significados	 sobre	 si	mesmo,	
sobre	 os	 outros	 e	 sobre	 seu	mundo	e	 isto	 se	 produz	 através	 da	 auto-reflexão.	
(GREEN apud PALMA FILHO, 1999). Cabe ao professor acompanhar o processo 
sem intervenção. Nesse paradigma, o papel da escola deixa de ser um espaço 
destinado à socialização do saber sistematizado e centra-se nas experiências das 
crianças, substituindo a curiosidade intelectual pela troca de experiências.
Para	ilustrar	esse	paradigma,	trazemos	as	reflexões	de	Kliebard	(1975	apud 
PALMA FILHO, p. 84-85), que faz uma analogia do paradigma circular-consensual 
com uma estufa. 
[...] onde os alunos crescem e desenvolvem suas 
potencialidades sem os perigos das intempéries e sob o 
cuidado de um douto e passivo jardineiro. As plantas que 
crescem na estufa são de diversas variedades, e o jardineiro 
trata	cada	uma	de	acordo	com	suas	necessidades	a	fim	de	que	
cada	planta	chegue	a	flor.	Este	florescimento,	não	podendo	ser	
universal e perfeito, vai deixando algumas plantas solitárias. O 
jardineiro nada faz para desviar o potencial inerente à planta 
ou para satisfazer seus caprichos e desejos.
 O objetivo do processo de escolarização, nesse paradigma, é a construção 
da	consciência	crítica,	através	da	autorreflexão.	Desse	modo,	o	currículo	escolar	
enfatiza o aluno como sujeito do processo de aprendizagem e recoloca a 
comunicação interpessoal no centro dos métodos de ensino. Contudo, os estudos 
sobre currículo apontaram a necessidade de considerar que a escola está inserida 
na sociedade e que seus problemas não são só problemas educacionais, mas 
também sociais, políticos e econômicos. Trabalhar um currículo que desenvolvesse 
a	consciência	crítica,	através	da	autorreflexão,	suscitava	transcender	o	imediato,	
advindo da experiência em si. 
c) Paradigma Dinâmico-Dialógico
Esse paradigma tem como premissas:
• o currículo não pode ser separado da totalidade do social, deve ser historicamente 
situado e culturalmente determinado;
42
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
• o currículo é um ato inevitavelmente político, que objetiva a emancipação das 
camadas populares;
• a crise que atinge o campo do currículo não é conjuntural; ela é profunda e de 
caráter estrutural. (PALMA FILHO. 1999, p. 8).
O paradigma dinâmico-dialógico tem como objetivo auxiliar os alunos a 
refletirem	 criticamente	 sobre	 as	 forças	 que	 modelam	 suas	 vidas	 e	 sobre	 os	
conteúdos,	 que	 são	 passados	 como	 verdades.	Assim,	 objetiva	 desmistificar	 as	
ideologias transmitidas através dos conteúdos curriculares. 
Na analogia de Kliebard (1975, p.85), esse currículo constitui-se 
[...] num caminho sobre o qual viajam alunos liderados por 
um competente guia e companheiro na rota. Cada viajante é 
afetado pessoalmente pela caminhada e, ao mesmo tempo, os 
contornos do caminho vão sendo delineados pelas predileções, 
interesses e objetivos deste viajante. Esta variabilidade de 
contornos de caminho de viajante para viajante não é somente 
inevitável, mas também esperada e desejada. Nenhum 
esforço é feito pelo guia para estandartizar a exata natureza 
do efeito da viagem em cada viajante e em si próprio; mas 
um grande esforço é feito pelo guia, para proporcionar a todos 
uma possibilidade de mudanças, seja pessoal, seja de rota.
O paradigma dinâmico-dialógico foi se constituindo, a partir da necessidade 
de se colocar professores e alunos em diálogo permanente com o conhecimento. 
Nesse paradigma, a mediação do professor é fundamental, para questões 
relativas ao currículo oculto	e	o	conflito	no	currículo,	presentes	nas	relações	
sociais que se vive, seja em relação ao conhecimento, seja em relação a 
problemas sociais.
Currículo oculto: são “[...] as normas e valores que 
implícita, porém efetivamente, são transmitidos pela escola e 
que,	 habitualmente,	 não	 são	 mencionados	 na	 definição	 feita	
pelos	 professores	 dos	 fins	 ou	 objetivos	 da	 sua	 matéria.	 (APPLE,	
1982, p.127)”. O referendado autor ainda acrescenta : “é o que os 
estudantes tacitamente experienciam e o que ajuda a reproduzir a 
hegemonia”. (APPLE, 1982, p.157).
43
tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
Quadro 4 – Síntese dos paradigmas curriculares
PARADIGMA CURRICULAR
TÉCNICO- LINEAR CIRCULAR-CONSENSUAL DINÂMICO DIALÓGICO
Enfoque empírico-analítico Enfoque histórico-hermenêutico Enfoque praxiológico
Constitui interesse técnico Constitui interesse de consenso Constitui interesse emancipa-
tório
Traz uma dimensão de 
atividade voltada ao objeto de 
trabalho
Traz uma dimensão de ativida-
des, voltada à linguagem/símbo-
los entre sujeitos
Traz uma dimensão de 
atividade que trabalha com 
as relações de poder entreos 
sujeitos
Trabalha com uma aborda-
gem de neutralidade científica
Privilegia a objetividade Privilegia a intersubjetividade Rompe com a dicotomia 
sujeito/objeto e trabalha num 
movimento dialético
Tem suas origens no empiris-
mo e no positivismo
Escola Nova - DEWEY Procura compreender a 
realidade a partir da relação 
dialética entre sujeito e objeto 
(Freire)
Trabalha com uma inter-
pretação funcionalista da 
sociedade
Decorre do consenso intersub-
jetivo resultante da interação 
social
Movimento: ação-reflexão-
-ação
Fundamenta-se numa con-
cepção de mundo previamen-
te estruturada e organizada, 
com ênfase no método
A compreensão dos fatos se dá 
pela relação compreensiva dos 
símbolos entre os sujeitos para 
a interpretação da realidade 
social
Currículo construído para 
preparar o indivíduo para 
funções específicas 
Currículo baseado nas experiên-
cias e necessidades latentes ou 
manifestas
Observa para controlar, men-
surar e generalizar
Homem produto para ser 
treinado
Homem projeto inacabado Homem ser social criador da 
realidade
Educação: processo de 
treinamento-adaptação
Educação: criar condições para 
o homem ser mais.
Educação: espaço de reprodu-
ção, contradições e rupturas
Produto (treinamento, ades-
tramento)
Produto (permanece no aqui 
e agora do aluno – troca de 
experiências)
Processo (escola espaço de 
luta e de contradição, movi-
mento dialético de ir e vir vai 
se constituindo no processo)
Fonte: Elaborado pelas autoras com apoio em diversos autores citados no texto.
44
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
Para maior aprofundamento sobre os paradigmas curriculares, 
consultar o livro de Antonio Flávio Barbosa Moreira – Currículo e 
Programa no Brasil – editora Papirus - capítulo II. e o livro de José 
Luis Domingues.
algumaS ConSidEraçõES
Nesse momento, convidamos você a fazer uma viagem de volta aos seus 
primeiros anos escolares.
Lembre-se de como era a escola, que disciplinas você cursava, 
que posturas eram adotadas pelos professores em relação aos 
alunos;	enfim,	reflita	sobre	como	a	escola	 influenciou	seu	modo	de	
pensar e agir.
E	aí,	como	foi	sua	viagem?	Qual	seu	itinerário?	Em	que	você	se	fixou	mais?	
Muito bem! Agora que você já se situou no tempo e no espaço, sugerimos uma 
análise do currículo que contribuiu para a sua formação naquele momento da 
vida.	Qual	foi	o	paradigma	ou	os	paradigmas	que	mais	influenciaram	sua	história	
de	 escolarização?	 Essas	 são	 apenas	 algumas	 perguntas	 que	 podem	 ajudar	
você a compreender em que paradigma o currículo em ação se fundamentava. 
O	 currículo	 em	 ação	 efetiva-se	 apenas	 alicerçado	 em	 um	 paradigma?	 O	 que	
acontece	 na	 realidade	 educativa?	Que	 concepção	 de	 homem,	 de	mundo	 e	 de	
sociedade	 estava	 presente	 naquele	 contexto	 de	 formação?	 A	 concepção	 de	
currículo presente, naquele contexto de sua formação, contribuiu para a formação 
da	sua	cidadania	ou	não,	e	por	quê?
Atividade de Estudos: 
1)	 Utilize	o	espaço	que	segue	para	fazer	o	registro	de	sua	reflexão.
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tEOrias E paradigmas CurriCularEs Capítulo 2 
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rEfErênCiaS
APPLE, Michael. Currículo e Ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1982.
DOMINGUES, José L. O cotidiano da escola do 1º grau: o sonho e a realidade. 
Tese de doutoramento. São Paulo, EDUC, 1988.
DEPRESBITERIS, L. O desafio da avaliação da aprendizagem: dos 
fundamentos a uma proposta inovadora. São Paulo: EPU, 1989.
FREIRE, P. A educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1993.
GIROUX, Henry A. Teoria Crítica e Resistência em Educação. Rio de Janeiro/
Petrópolis: Vozes, 1986. 
LEFEBVRE, H. Sociologia de Marx. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 
1979.
MOREIRA, A. F. B. A crise da teoria curricular crítica. In: COSTA, M. V. O 
currículo nos limiares do contemporâneo. 3ª. Ed., Rio de Janeiro: DP&A, 
2001, p. 11-36. MOREIRA, Antônio Flávio B.; SILVA, T. T. da. (Orgs.). Currículo, 
cultura e sociedade. Campinas: Papirus, 1994.
______. Currículos e Programas no Brasil. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995a.
______. Currículo: Questões Atuais. Campinas: Papirus, 1997.
46
 Estruturas Curriculares - Inter e Transdisciplinaridade
PACHECO, José A. Currículo: teoria e práxis. Portugal: Porto Editora, 1996.
PALMA FILHO, João C. Fundamentos da construção curricular. São Paulo: 
Ed. CERED, 1990.
SACRISTÁN, J. Gimeno. O currículo, uma relação sobre a prática. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1998.
SILVA, T. T. da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do 
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
SLATERRY, P. Curriculum development in the posmodern era. New York: 
Garland Publishing, Inc, 1995.
CAPÍTULO 3
CurríCulo na HiStória da EduCação 
BraSilEira 
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo, você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Identificar	os	principais	movimentos	curriculares	na	História	da	Educação	brasileira.
 3 Sistematizar	as	influências	da	história	do	currículo,	no	Brasil,	no	fazer	pedagógico	
 da educação básica.
49
CurríCulO na História 
da EduCaçãO BrasilEira
 Capítulo 3 
ContExtualização
Já compreendemos que há uma polissemia de conceitos em torno do 
currículo escolar, já percorremos seu histórico, caracterizamos suas teorias e seus 
paradigmas, que vem demarcando este campo de estudos, desde seu surgimento 
até a atualidade. Consideramos que você já está bem situado em relação a esta 
disciplina. A partir de agora, convidamos você para seguir um itinerário histórico 
sobre o currículo escolar no Brasil, pois pretendemos que, durante esse percurso, 
você possa se sentir preparado para caracterizar os principais movimentos 
curriculares	na	história	da	educação	e	sistematizar	as	suas	 influências	no	 fazer	
pedagógico da educação brasileira. 
Neste capítulo, você verá como cada movimento histórico do currículo, nos 
Estados	Unidos,	exerceu	 influência	direta	no	contexto	da	educação	brasileira	e,	
deste modo, do currículo escolar. Abordaremos, primeiramente os movimentos 
históricos que demarcaram o campo no Brasil e, em seguida, caracterizaremos as 
influências	destes	movimentos	no	fazer	pedagógico	da	educação	básica.	
movimEntoS HiStóriCoS do 
CurríCulo na EduCação BraSilEira
Consideramos que a caracterização histórica é fundamental para nos 
situarmos melhor neste campo, mas acreditamos que isto fará em melhor nível a 
compreensão de sua própria identidade (personalidade) e de quanto os processos 
formativos,	proporcionados	pela	escola,	tem	exercido	influência	sobre	ela.	Dessa	
forma,	 é	 possível	 afirmarmos	que os currículos escolares não são artefatos 
neutros e/ou desinteressados, mas eles têm sim:
[...] uma existência à parte dos homens que os criam. 
Currículos são, sim, invenções sociais, como as cidades ou 
os partidos políticos (Young, 1971). Todo currículo, como 
bem acentuou Williams (1984), implica numa seleção da 
cultura, num conjunto de ênfases e omissões, que expressa, 
em determinado momento histórico, o que se considera ser 
educação. (MOREIRA, 1990, p. 213).
Dito	 isto,	 queremos	 afirmar	 que os currículos são 
historicamente construídos e carregados de intencionalidades, 
valores, conteúdos, entre outras coisas. Isto pode ser observado 
pelas reformas educacionais e curriculares, promovidas em diferentes 
momentos

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