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RAUL FONSECA SILVA Atualizado e revisado por É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública, sob pena de responsabilização civil e criminal. SUMÁRIO Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1 . Ser humano, consumo e sociedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.1 Aplicação das informações do comportamento do consumidor . . . . . . . . . . . . . . . .9 2 . Teorias científicas do comportamento do consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.1 Teoria econômica ou teoria da racionalidade econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 2.1.1 Teoria da utilidade marginal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.1.2 Teoria da indiferença. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.1.3 Teoria da renda e poupança. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.1.4 Teoria da renda crescente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.2 Teoria da aprendizagem ou teoria comportamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 2.3 Teoria psicanalítica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.4 Teoria sociocultural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.4.1 Teoria da motivação de realização (ou teoria da conquista) . . . . . . . . 27 2.4.2 Teoria da dissonância cognitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.4.3 A teoria do papel social. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.5 Teoria cognitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 3 . As etapas do processo de tomada de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.1 Reconhecimento da necessidade ou problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.2 Pesquisa de informações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.3 Avaliação de alternativas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3.4 Decisão de compra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.5 Avaliação pós-compra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 4 . Hierarquia das necessidades de Abraham Maslow . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 4.1 Primeiro nível - Necessidades fisiológicas básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4.2 Segundo nível - Segurança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 4.3 Terceiro nível - Necessidades sociais (de afiliação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 4.4 Autoestima (reconhecimento). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 4.5 Autorrealização (ou realização plena) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49 5 . Perfil do consumidor e classificação por tipologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 5.1 Segmentação por tipologia geográfica do consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 5.2 Tipologia por critérios demográficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 5.3 Tipologia por critérios psicográficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 5.4 Tipologias comportamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 6 . Consumidor e grupo social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 6.1 Classificação de consumidores por gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 6.1.1 Baby boomers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62 6.1.2 Geração X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 6.1.3 Geração Y . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 6.1.4 Outros subgrupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 7 . Experiência do cliente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 7.1 Expectativas em relação ao consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 7.2 Alternativas para escolha do produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 7.3 Representações sociais e experiência do cliente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 8 . Fatores individuais e sociais que influenciam a decisão de compra . . . . . . . . . . . 75 8.1 Influência do marketing e da propaganda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76 9 . Teoria da percepção e comportamento do consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 10 . Teoria da soberania do consumidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 11 . Comportamento do consumidor online . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 11.1 Processo de compra do consumidor online . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Pág. 5 de 92 INTRODUÇÃO Compreender o comportamento do consumidor é importante para qualquer organização antes de tomar qualquer decisão de marketing, como lançar um produto ou serviço novo, reformular um produto ou serviço existente ou desenvolver esforços de comunicação de marketing. Se a organização não analisou como um cliente responderá a um determinado produto ou marca, a empresa enfrentará dificuldades. O comportamento do consumidor é muito complexo, porque cada consumidor possui diferentes pensamentos e atitudes em relação à compra, ao consumo e à predisposição diante de um produto ou marca. Para entender esse comportamento, foram construídas diversas teorias. Na ciência, a palavra teoria refere-se à maneira como interpretamos os fatos e expomos os princípios e leis de um determinado conhecimento científico. Compreender as teorias e conceitos de comportamento do consumidor ajuda a desenvolver e comercializar o produto ou serviço com sucesso. Além disso, estudar o comportamento do consumidor ajuda em muitos outros aspectos. O estudo do comportamento do consumidor ajuda os profissionais de marketing a reconhecer e a prever o comportamento de compra e dos consumidores enquanto eles estão percorrendo um ponto de vendas, mas não apenas entender como o consumidor se comporta no momento de decidir por um produto, serviço ou marca, como tambéma entender por que ele compra e que necessidades procura preencher, sejam elas físicas, psicológicas ou em uma combinação dessas duas motivações. Além disso, outras perguntas como quanto, onde e quando ele compra também são respondidas. Entender as atitudes de consumo e as razões por trás da disposição para cada tipo de produto ou serviço específico ajuda os profissionais de marketing a estar plenamente conscientes do produto a ser fabricado e comercializado, ou seja, tornar as estratégias de marketing mais eficientes. Figura 1 - Consumidores em supermercado Fonte: Por MikeDotta Pág. 6 de 92 Os estudos do comportamento do consumidor também ajudam os profissionais de marketing a entender o comportamento pós-compra dos consumidores. Assim, os gestores de marketing tornam-se plenamente conscientes de cada fase do processo de consumo, ou seja: comportamento pré-compra, comportamento durante a compra e comportamento pós-compra. Analisar o que acontece depois de uma venda é tão importante como entender o que faz com que os consumidores comprem, decidindo por um produto, serviço ou marca. Na verdade, essa é uma análise importantíssima do comportamento de clientes reais, e não potenciais, em situações de uso e avaliação funcional da mercadoria, porque entender esse momento permite que os profissionais de marketing compreendam e esclareçam os resultados e as percepções que resultam das relações efetivas de consumidor/produto no momento definitivo em que ele avalia se valeu a pena comprar aquele artefato ou utilizar aquele tipo de serviço e o impacto dessa avaliação na repetição da compra e vendas futuras da organização. Analisar o comportamento pós-compra positivo ou negativo é um meio muito eficaz através do qual os bens e serviços podem ser melhorados, as promoções melhor orientadas e as estratégias remodeladas, tanto para manter clientes atuais como para atrair novos como eles. Como há mudanças constantes no padrão de vida, tendências, moda e mudança na tecnologia, a atitude do consumidor em relação à compra do produto costuma variar sempre. Compreender esses fatores é de extrema importância, porque a comercialização do produto depende em grande parte da identificação desses motivos. Não só em relação à comercialização, mas também quanto à identificação das necessidades do consumidor e como os produtos colaboram para resolver seus problemas, essa compreensão torna-se um pressuposto fundamental para definir o tipo e as características dos produtos a serem fabricados e as condições de oferta, tipologia e qualidade de um serviço a ser ofertado, visando atender a essas demandas próprias de cada mercado-alvo. Portanto, esta disciplina discute o valor deste conteúdo para os profissionais de marketing, bem como as características e metodologias do estudo do comportamento do consumidor de maneira abrangente e aprofundada. 1. SER HUMANO, CONSUMO E SOCIEDADE Em um sentido geral, a razão mais importante para estudar o comportamento do consumidor é o papel essencial que o consumo desempenha na vida das pessoas. Parte significativa do nosso tempo é gasto diretamente no processo de trocas, nas compras ou no envolvimento com outras atividades de mercado, inclusive quando desenvolvemos nossas atividades profissionais, geralmente Pág. 7 de 92 em empresas dedicadas à fabricação de produtos ou prestação de serviços que são oferecidos à venda, diariamente, nos diversos canais de marketing, tanto físicos quanto virtuais. Uma grande quantidade de tempo adicional é gasta por nós pensando em produtos e serviços ofertados no mercado. Eles podem atender às nossas necessidades e resolver nossos problemas, e muitas vezes conversamos com amigos sobre eles e vemos e/ou ouvimos propagandas diárias sobre os mesmos, demonstrando que a sociedade moderna é fortemente influenciada pelos meios de comunicação todos os dias e em muitas formas diferentes. Muitas delas geralmente são incluídas em nossas vidas pessoais, sendo utilizadas para entretenimento, trabalho, comunicação e educação. Figura 2 - Influência da mídia sobre o consumidor Fonte: Por Andrey_Popov/shutterstock Além disso, os bens que compramos e a maneira como os usamos influenciam significativamente a forma como vivemos nossas vidas diárias. Estas preocupações gerais são suficientes para justificar o estudo do comportamento do consumidor, uma vez que essas informações são essenciais para as empresas desenvolverem seus novos produtos, reformularem produtos existentes e aprimorarem a oferta de serviços, buscando atender de maneira eficaz às demandas identificadas pela pesquisa. Muitos empresários, através de seus departamentos de marketing, buscam compreender o comportamento dos consumidores quanto às motivações que se configuram como razões mais imediatas e tangíveis aplicadas à tomada de decisão por parte do consumidor em relação à aquisição de um determinado produto, uso de um serviço ou opção por uma marca. Os consumidores são frequentemente estudados porque muitas decisões de marketing são significativamente afetadas pelo seu comportamento ou ações esperadas a partir da pesquisa de seus hábitos e decisões de compra. Por esse motivo, o comportamento do consumidor é uma Pág. 8 de 92 disciplina aplicada estrategicamente. Tais aplicações podem existir em dois níveis diferentes de análise: 1. A microperspectiva, que busca a aplicação desse conhecimento aos problemas enfrentados pela empresa ou organização individual e que envolve a compreensão dos consumidores com o objetivo de ajudar essa empresa ou organização a atingir seus objetivos. Gerentes de marketing, de propaganda, designers de produtos e muitos outros profissionais em empresas que visam lucro estão interessados em entender os consumidores para serem mais eficazes em suas tarefas. Além disso, os gerentes de marketing de várias organizações sem fins lucrativos se beneficiaram do mesmo conhecimento. Kotler (2015) cita como exemplo o United Way (maior organização filantrópica do mundo) e a Cruz Vermelha Americana, que foram eficazes na aplicação de estratégias a partir de uma compreensão aprofundada dos conceitos de comportamento do consumidor, para poder desenvolver eficientemente suas atividades assistenciais. 2. A perspectiva societal ou macroperspectiva, que aplica o conhecimento dos consumidores para agregar soluções a problemas de nível social, enfrentados por grandes grupos comunitários ou pela sociedade como um todo. É uma perspectiva de nível macro ou agregado, porque os hábitos e comportamentos dos consumidores influenciam coletivamente as condições econômicas e sociais dentro de uma sociedade inteira. Nos sistemas de mercado baseados na escolha individual, os consumidores influenciam fortemente o que será produzido, para quem será produzido e quais os recursos que serão utilizados para produzi-lo. Consequentemente, o comportamento coletivo dos consumidores tem uma influência significativa sobre a qualidade e o nível do nosso padrão de vida. Em nosso país, considerando o impacto econômico geral do forte desejo dos consumidores pelo transporte privado de automóveis, grandes quantidades de recursos foram usadas para criar a indústria automobilística, produzir carros, sistemas rodoviários e derivados de petrolíferos utilizados na operação deles. O comportamento de consumo também influencia fortemente onde muitos de nós vivemos (por exemplo, bairros, subúrbios, centro das cidades) e como vivemos nossas vidas diárias (por exemplo, aquilo que comemos, onde compramos e como escolhemos nossos entretenimentos). Além disso, compreender o comportamento do consumidor a partir de uma perspectiva societal pode fornecer informações sobre tendências econômicas e sociais agregadas e permitir que os governos possam de certa forma prever essas tendências e criar políticas públicas para atendê-las. Esse entendimento pode sugerir maneiras de aumentar aeficiência do sistema de mercado, formas de distribuição, políticas de preços e sistemas de controle e regulação para melhorar o bem-estar das pessoas vivendo em sociedade. Pág. 9 de 92 1.1 Aplicação das informações do comportamento do consumidor Figura 3 - Pesquisa e informação Fonte: Por DRogatnev/shutterstock O marketing se apoia em todo o processo de pesquisa e identificação das necessidades e preferências dos consumidores para o desenvolvimento de soluções em forma de produtos, serviços e ideias, visando combinar uma soma de benefícios orientados para os clientes que fazem parte do mercado-alvo. Entender o comportamento básico do comprador e os passos que os consumidores adotam na tomada de decisões de compra ajuda significativamente no desenvolvimento de planos de marketing eficazes. A partir de uma variedade de aplicações práticas do conhecimento do comportamento do consumidor, podemos selecionar as aplicações mais relevantes. Algumas envolvem uma perspectiva social, enquanto outras ilustram um ponto de vista empresarial. Juntas, elas ressaltam a importância de entender os consumidores para resolver uma variedade de problemas contemporâneos. Do ponto de vista empresarial, podemos destacar: 1. Oferecer informações para a gestão de marketing: Gerentes empresariais de marketing ou consultores de marketing percebem a importância do consumidor para o sucesso da empresa. O marketing é definido pela American Marketing Association (1985 apud SILVA, 2005, p. 34) como “[...] o processo de planejamento e execução da concepção, preço, promoção e distribuição de ideias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam os objetivos individuais e organizacionais”. É importante observar que a definição abrange serviços e ideias tanto quanto produtos. Uma boa compreensão do comportamento do consumidor é essencial para o longo sucesso de qualquer programa de marketing. Na verdade, esse conhecimento é visto como uma pedra angular do conceito de marketing, uma importante orientação para a filosofia de muitos gerentes da área, que definem a missão da empresa com foco orientado para o cliente. Pág. 10 de 92 Figura 4 - Satisfação do cliente Fonte: Por Dean Drobot/Shutterstock 2. Definir estratégias para o alcance dos objetivos da empresa: Os desejos e as necessidades dos consumidores são numerosos. Portanto, uma empresa deve se concentrar em satisfazer eficazmente uma boa proporção dessas demandas e efetivamente utilizar seus recursos concentrados para isso a partir das informações do comportamento de seus mercados-alvo. O objetivo da empresa e todas as vantagens especiais que ela pode oferecer são usados a partir de informações obtidas nos estudos do comportamento do consumidor para selecionar os desejos específicos que ele manifesta e que precisam ser efetivamente abordados. 3. Atender às necessidades e desejos dos consumidores: Quando o foco está na identificação do conjunto de benefícios (core) que satisfazem os desejos e necessidades dos consumidores, a intenção da empresa não é vista como apenas fornecendo bens e serviços. Em vez disso, a necessidade e o desejo de satisfação são vistos como o propósito organizacional e sua missão de fornecer produtos e serviços orientados para o cliente, além de ser um meio eficaz para a organização alcançar seus objetivos e vencer a concorrência. 2. TEORIAS CIENTÍFICAS DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Figura 5 - Teorias e análises Fonte: Por Sensay/shutterstock Pág. 11 de 92 O marketing contemporâneo do século XXI soma uma parte artística e uma parte científica, e ambas desenvolvem um papel crucial no marketing bem-sucedido. A expressão criativa desenvolve campanhas de marketing que captam a atenção e capturam a imaginação do consumidor, mas, por trás de cada estratégia de marketing, as teorias são fundamentadas solidamente em disciplinas das ciências sociais, como psicologia, economia, antropologia e estudos sobre o comportamento humano. Os pressupostos e conhecimentos científicos ajudam os gestores de marketing a projetar campanhas que falam sobre as preocupações e os desejos fundamentais de sua audiência, aprofundando consideravelmente o impacto das ações de marketing. As teorias científicas buscam explicar ou descrever determinados fenômenos por meio de prévia análise ou experimento, baseados em hipóteses ou pressupostos que direcionam o ponto a ser analisado para posterior descrição ou explicação. Temos alguns grupos de teorias científicas que analisam o perfil de consumo, e esses grupos, por sua vez, subdividem-se em outros subgrupos, mas, de forma geral, podemos partir das subdivisões para as teorias de análise do consumo detalhadas a seguir. 2.1 Teoria econômica ou teoria da racionalidade econômica Figura 6 - Racionalidade econômica Fonte: Por ImageFlow/shutterstock Segundo Rubinfeld e Pindyck (2014), essa teoria é uma adaptação da teoria econômica de Alfred Marshall, economista britânico do fim do século XIX e início do século XX, que considera que o homem é predominantemente racional em suas decisões de compra, isto é, de acordo com essa teoria, um consumidor só decidirá por comprar aquele produto que lhe der mais vantagem em relação ao preço que ele pagará, e ele sempre tentará maximizar a relação custo-benefício em cada atividade de sua vida. Pág. 12 de 92 Assim, o preço será o fator determinante na avaliação da compra de um produto. Os críticos afirmam que a teoria é limitada porque, embora o aspecto econômico em maior ou menor medida seja sempre levado em consideração pelo consumidor, outros fatores geralmente mais emocionais do que racionais muitas vezes prevalecem em suas decisões de compra. Por outro lado, observa- se que o consumidor toma a maioria de suas decisões de compra sem muita deliberação quando procura produtos de baixo envolvimento, que são produtos de alta frequência de compra e reposição constante (muitas vezes diárias ou semanais). A racionalidade econômica seria muito alta apenas no caso da compra de bens duráveis como automóveis, eletrodomésticos, móveis e outros que exigem alto envolvimento na relação de compra ou, ainda, no caso dos compradores industriais. A teoria econômica envolve dois aspectos: a) Análise microeconômica: analisa o comportamento individual dos consumidores e dos fabricantes a fim de compreender o funcionamento geral do sistema econômico. b) Análise macroeconômica: estuda a atividade econômica em termos de sua magnitude global, visando determinar as condições gerais de crescimento e equilíbrio da economia como um todo. É uma teoria normativa sobre a escolha racional dos consumidores, com os seguintes pressupostos: • O consumidor tem conhecimento completo de suas necessidades e dos meios disponíveis para satisfazê-las. • O comportamento de compra do consumidor é orientado para maximizar a utilidade obtida na aquisição da mercadoria e o resultado positivo da compra. • O comportamento do consumidor é um comportamento de escolha racional. • A escolha do consumidor é independente de outras influências e do ambiente em que é realizada. • O consumidor obtém sua satisfação pelo próprio produto e sua função, e não pelos atributos emocionais que ele possui. Segundo Giglio (2010), o pensamento de Marshall foi fundamental para a evolução dos fundamentos das teorias econômicas clássicas, mas, em relação ao comportamento do consumidor, a abordagem de Marshall é limitada e se preocupa mais com a forma em que o consumidor deve se comportar, e não como ele se comporta realmente e os demais fatores que determinam e explicam seu comportamento. No entanto, outros cientistas importantes procuraram acrescentar novas perspectivas e ampliar os postulados da teoria da racionalidade econômica do consumo. Os economistas, já a partir da época de Adam Smith (1723-1790), procuraram desenvolver teorias para explicar o comportamento dos consumidores. A tendência continuou aolongo do tempo, e os Pág. 13 de 92 economistas contemporâneos também se preocupam em construir teorias sobre o comportamento das pessoas durante as decisões e atos de compra e consumo. As teorias econômicas descrevem o homem como um comprador racional que tem informações perfeitas sobre o mercado e as usa para obter o máximo de valor pelo esforço de compra e pelo dinheiro que emprega. Os consumidores, de acordo com as teorias econômicas (particularmente as clássicas), tomam decisões racionais de compra puramente apoiados no interesse próprio. O preço é considerado como a motivação mais forte. Segundo a teoria econômica, os consumidores comparam todas as ofertas dos vendedores concorrentes e compram daquele com o preço mais baixo, levando em consideração os números econômicos envolvidos em seu padrão de gasto naquele momento. Em particular, os gastos com automóveis, móveis, grandes aparelhos eletrônicos e outros itens caros tendem a ser influenciados pelo otimismo ou pessimismo dos consumidores em relação aos seus futuros rendimentos. Figura 7 - O consumidor e a teoria da racionalidade econômica Pesa atentamente todas as escolhas Anota e analisa todas as informações disponíveis Toma decisões individualmente sem ouvir opinões O preço e fator preponderante CONSUMIDOR E A TEORIA DA RACIONALIDADE ECONÔMICA TODAS AS ESCOLHAS FEITAS PELO CONSUMIDOR SÃO RACIONAIS Fonte: Adaptado de Solomon (2016, p. 184). Do mesmo modo, os ativos líquidos dos consumidores (o que sobra depois das despesas obrigatórias) também afetam o plano de compras. Bens e outros ativos facilmente conversíveis em dinheiro, como o saldo da poupança, compartilhamentos de renda familiar etc. influenciam o potencial de compras do consumidor. Aposentados e indivíduos desempregados podem usar ativos líquidos para comprar as suas necessidades diárias. Outros consumidores podem usar recursos líquidos para atender necessidades médicas, despesas fixas e outras emergências. A disponibilidade de créditos pessoais influencia fortemente o padrão de gasto do consumidor. O crédito que permite comprar agora e pagar mais tarde permite que um consumidor obtenha mais Pág. 14 de 92 poder de compra, que vai além dos valores mensais de sua renda atual. Mesmo pequenas flutuações nos valores de renda podem provocar forte repercussão no volume e qualidade das compras do consumidor. A resposta rápida para aquisição de bens duráveis em situações de mudanças de renda acompanha o amplo uso do crédito para parcelamento no financiamento de tais compras. Os consumidores são mais dispostos a aumentar a dívida de parcelamento quando a renda está aumentando e são mais relutantes em assumir endividamento adicional quando os rendimentos estão em declínio. Muitas teorias econômicas explicam diferentes aspectos da compra racional ou as leis de mercado relativas ao comportamento do consumidor. Quatro delas são particularmente importantes e serão explanadas a seguir. 2.1.1 Teoria da utilidade marginal A utilidade marginal refere-se ao valor subjetivo que o consumidor confere a um produto adquirido em razão da sua decisão econômica, isto é, baseada em preço e vantagem na relação custo- benefício. Esta teoria foi desenvolvida pelos economistas clássicos. Segundo eles, um consumidor continuará a comprar os produtos que lhe entregarão mais utilidade e proporcionarão satisfação máxima com preços relativos. Ele continua comprando e consumindo esse tipo de produto por tanto tempo quanto a satisfação total aumentar e ele puder evitar a insatisfação. E como um consumidor calcula sua satisfação total? De acordo com Kotler (2015), o consumidor calcula isso levando em consideração as consequências ou resultados das compras. Como cliente, ele vai comprar um bem porque sente que ele lhe dará satisfação ou utilidade. Uma primeira unidade consumida de um bem lhe dá uma certa quantidade de sensação de utilidade psicológica ou satisfação. A partir do momento em que ele consume uma segunda unidade, a sua percepção de utilidade total aumenta, porque a segunda unidade do bem dá a ele uma impressão de utilidade adicional. E assim, sucessivamente, acontece com a adição de uma terceira ou quarta unidade do mesmo bem. À medida que ele consome mais do mesmo bem, sua percepção utilitária marginal total (adicional e psicológica) aumenta. No entanto, o termo utilidade marginal pode se referir também a um benefício extra adicionado em uma última unidade extra de um bem adquirido, aumentando, assim, a percepção de valor. Por outro lado, com sucessivas novas aquisições de unidades do mesmo bem, sua sensação de utilidade total tende a crescer mais devagar e com sensação de taxa de utilidade menor devido a uma tendência fundamental da sua capacidade psicológica de apreciar mais do mesmo bem, e ele pode ir se tornando menos interessado. Pág. 15 de 92 O fato de que, à medida que a quantidade consumida de um bem aumenta, a utilidade marginal do bem (ou o benefício extra adicionado à última unidade adquirida) tende a diminuir é conhecido como a lei da diminuição da utilidade marginal. Segundo Kotler (2015, p. 35), “Em algum momento, a adição de mais uma unidade desse item não terá mais efeito sobre o total da percepção de utilidade”. Como o consumidor tende a consumir mais do mesmo item que lhe proporciona satisfação, a utilidade marginal tende a diminuir gradualmente. Esse padrão continuará através da sequência de consumo do mesmo item, até que, finalmente, em determinado número da sequência, o produto não consiga oferecer mais qualquer satisfação. Portanto, os gestores de marketing precisam considerar que não importa o quão atraente seja a o produto, ele não pode ser vendido em quantidades ilimitadas a um mesmo indivíduo indefinidamente, uma vez que o consumidor decide a continuidade da compra com base no aumento ou na diminuição da utilidade marginal. Por isso, a gerência de produto deve estar atenta para reformulações ou substituições de produtos a partir da saturação da percepção de utilidade por parte do consumidor. Esta parte da teoria econômica do consumo levou ao desenvolvimento do conceito de ciclo de vida de um produto. 2.1.2 Teoria da indiferença A teoria da indiferença afirma que os consumidores formam preferências para algumas categorias de produtos sobre outras. Ela também considera que eles permanecem indiferentes a algumas outras tipologias, e isso precisa ser identificado por pesquisas de mercado. As categorias de produtos que os consumidores veem de forma indiferente podem ser alocadas em um gráfico em que cada categoria recebe um valor em pontos. Alocados em um eixo cartesiano (categoria de produto x grau de indiferença), esses pontos nos darão uma curva denominada como curva de indiferença. No exemplo a seguir, a curva de indiferença é desenhada simplesmente perguntando a um consumidor qual a combinação de produtos que ele prefere, por exemplo: 7 hambúrgueres com 2 refrigerantes, 5 hambúrgueres com 3 refrigerantes, 3 hambúrgueres com 5 refrigerantes etc. As curvas de indiferença ou de “preferência” são definidas como conjuntos de pontos em um gráfico que representa combinações de bens para os quais a satisfação do consumidor é idêntica, ou seja, para todos os pontos pertencentes à mesma curva, o consumidor não tem preferência pela combinação representada no eixo X sobre a outra combinação representada no eixo Y. A satisfação do consumidor é caracterizada pela função de utilidade em que as variáveis são as quantidades de cada bem representadas pelo valor em cada eixo. As preferências do consumidor permitem que Pág. 16 de 92 um comerciante escolha entre diferentes cestas (combinações ou combos) de consumo. Se duas cestas diferentes forem oferecidas a um consumidor, ele escolherá aquela que melhor se adapte aos seus gostos. Se as duas satisfizerem seus gostos da mesma maneira, diz-se que o consumidor é indiferenteentre as duas cestas. Por exemplo, o McDonald’s poderia verificar a preferência entre os combos que oferece usando a curva de indiferença. Figura 8 - Curva de indiferença no consumo de refrigerantes e hambúrgueres 0 3 5 7 2 3 5 Maior nível de utilidade Refrigerantes Ha m bú rg ue re s Curvas de indiferença C B A Fonte: Elaborado pelo autor. Todas as combinações de produtos que se alocarem diretamente acima da curva de indiferença serão consideradas definitivamente mais satisfatórias pelos consumidores, e, como resultado, eles estarão dispostos a dispender tempo e dinheiro para adquiri-las. As combinações de produtos que ficarem abaixo da curva de indiferença serão vistas negativamente, pois são consideradas menos satisfatórias do que as combinações que sobressaem acima da curva de indiferença. Os gestores de marketing, portanto, devem fazer esforços para que os produtos das suas linhas se aloquem sempre acima da curva de indiferença; se assim o fizerem, serão grandes as chances de que venderão melhor seus produtos do que os concorrentes. Pág. 17 de 92 2.1.3 Teoria da renda e poupança Figura 9 - Renda e poupança Fonte: eternalcreative/Istockphotos Esta teoria é baseada no fato de que o poder econômico de compra é o real determinante da compra. O poder de compra, por outro lado, é dependente da renda excedente disponível, ou seja, a renda restante após pagamento de impostos, despesas e poupança. Para entender a forma como as pessoas alocam mudanças na aplicação de sua renda total entre gastos e poupança, os adeptos dessa teoria afirmam que elas raciocinam constantemente entre dois comportamentos básicos: uma propensão marginal de consumir e uma propensão marginal de poupar. Por isso, os gestores de marketing precisam estar atentos em examinar o efeito das mudanças na renda, na despesa e na necessidade de poupar, pois isso terá influência direta sobre os hábitos de compra. A teoria afirma que os gastos de consumo pessoal tendem a aumentar mais e cair a uma taxa mais lenta do que a renda disponível. Em certas situações, os gastos aumentam mais rapidamente do que o rendimento e, em outras, existe um controle maior da aplicação do excedente. Embora a teoria não explique o comportamento do consumidor em termos específicos, o conceito é usado no planejamento e análise da demanda. Pág. 18 de 92 2.1.4 Teoria da renda crescente Figura 10 - Renda crescente Fonte: holwichaikawee/Istockphotos A teoria da renda crescente é mais recente na área da teoria econômica. Essa teoria afirma que o padrão de gasto do consumidor muda com a alteração de sua faixa de renda. À medida que a renda aumenta, os gastos com a maioria dos itens de consumo tendem a aumentar, mas os aumentos não seguem um mesmo padrão. De acordo com Kotler (2015), à medida que a renda aumenta, o percentual gasto em alimentos tende a diminuir, e o percentual gasto em habitação e mobiliário tende a ficar constante. Entretanto, observa-se que a porcentagem de renda gasta em artigos de luxo e aplicações econômicas tende a aumentar. As formulações da teoria econômica foram fundamentais para a definição das leis de mercado, em especial à conceituação de oferta e demanda. A lei da oferta e demanda é um dos conceitos mais fundamentais da teoria econômica e é a espinha dorsal de uma economia de mercado. A demanda refere-se a quanto um produto ou serviço é procurado pelos consumidores. A quantidade demandada é a quantidade do produto que as pessoas estão dispostas a comprar a um preço determinado; a relação entre preço e quantidade exigida é conhecida como a relação de demanda. Por outro lado, o fornecimento representa o quanto o mercado pode oferecer. A quantidade ofertada refere-se à quantidade de um certo bem que o fabricante está disposto a fornecer (oferta) para receber um determinado preço em troca. A correlação entre o preço pretendido e a quantidade de um bem ou serviço fornecido ao mercado é conhecida como relação de oferta. O preço, portanto, é um reflexo da oferta e da demanda. A partir dessa conceituação, quatro leis de mercado podem ser identificadas, a partir da influência que exercem no comportamento do consumidor: Pág. 19 de 92 a) Primeira lei de mercado: A venda de um produto provavelmente aumentará se seu preço for reduzido, pois os consumidores tentam fazer o melhor uso do dinheiro que eles gastam. De maneira geral, os gestores de marketing que desejam aumentar as vendas das mercadorias ou aumentar a utilização de um serviço podem implantar uma estratégia de redução de preços. b) Segunda lei de mercado: Se os preços dos produtos substitutos (que não são concorrentes diretos, mas cumprem a mesma função) caírem, é provável que a venda do item original também caia, à medida que mais e mais consumidores passarão a optar pelos substitutos mais baratos. Ao contrário, se os preços dos produtos originais caírem, espera-se que a venda desse item original aumente, pois muitas pessoas passarão a ter acesso a ele. c) Terceira lei de mercado: Se o rendimento disponível e a renda real dos consumidores aumentarem, é provável que eles comprem mais artigos de luxo e cuidados pessoais ou itens da categoria de eletrodomésticos. O aumento da renda real dos consumidores, portanto, cria oportunidades para os fabricantes de tais itens. d) Quarta lei de mercado: Um varejista pode aumentar a venda de seus produtos através de atividades promocionais agressivas. Uma vez que a promoção agressiva ajuda mais as pessoas a tomarem consciência do produto, da marca e da maior possibilidade de acesso ao produto, é provável que elas passem a comprá-lo. Os gestores de marketing, no entanto, devem aplicar as leis de mercado com cuidado, somente depois de considerações estratégicas e avaliações de risco. Os consumidores, por exemplo, podem não comprar o produto mesmo que seu preço seja reduzido, pensando que a qualidade do produto diminuiu ou o preço ainda pode diminuir mais. A promoção agressiva também pode não ajudar a empresa no aumento das vendas, quando os consumidores do mercado-alvo que ela atende são desconfiados ou céticos para reivindicações publicitárias. O aumento da renda dos consumidores também pode não provocar um aumento das vendas de determinadas categorias de produtos, se os clientes têm a percepção de que eles são incapazes de satisfazer suas necessidades e resolver seus problemas. 2.2 Teoria da aprendizagem ou teoria comportamental A teoria da aprendizagem nasce dos experimentos de Ivan Petrovich Pavlov – psicólogo e fisiologista russo, conhecido principalmente por seus trabalhos e pesquisas do condicionamento clássico – e baseia-se na ideia de que uma grande parte do comportamento do consumidor depende das experiências passadas e também que, com a repetição da compra e uso do produto Pág. 20 de 92 (estímulo), a aprendizagem é reforçada. Os defensores desta teoria acreditam que alguns aspectos como crenças, atitudes e experiências passadas das pessoas são combinados mentalmente para resgatar algum reconhecimento de uma situação no momento de decidir a compra. Assim, no mercado de alimentos, quando um consumidor tem uma marca usual, é muito difícil mudar essa preferência para outra marca se o novo produto não for testado e aprovado, e isso conduz a estratégias de degustação e demonstração nos novos lançamentos que os fabricantes, não apenas da área de alimentos, mas de grandes mercados consumidores de diferentes categorias de produtos, trabalham arduamente. A essência dessa teoria reside no fato de que as pessoas aprendem com a experiência, e que os resultados da experiência modificarão suas ações em ocasiões futuras. A importância da compra repetida torna a teoria da aprendizagem bastante relevante no campo do marketing, porque permite o planejamento de estratégias de fidelização do cliente. SAIBA MAIS As demonstrações e degustações de produtos fornecem suporte adicionalpara melhorar a qualidade da apresentação dos produtos no ponto de vendas. Independente das técnicas de exibição visual, geralmente os consumidores precisam ver um produto em ação para compreender plenamente o seu valor e potencial. Isto é especialmente verdadeiro se os canais de varejo são pontos de venda importantes, como supermercado, hipermercados e lojas de conveniência. A capacidade de ver, sentir, degustar e às vezes cheirar um produto geralmente é mais atraente para as perspectivas do cliente do que simplesmente ouvir um discurso de vendas em um comercial de televisão. Saiba mais sobre degustação lendo o artigo: “Degustação no PDV realmente aumenta as vendas?” Disponível em: <https://www.precopratico.com.br/degustacao-no-pdv-realmente-aumenta-as-vendas/>. Estudos de aprendizagem relacionados a áreas de reconhecimento de produtos e marcas, recall e resposta habitual têm fornecido aos comerciantes várias chaves para entender o comportamento do consumidor. As pesquisas focadas nesse tipo de estudo ajudam na resposta a perguntas relevantes para a gestão de marketing, por exemplo: Como os consumidores aprendem sobre os produtos oferecidos para venda? Como eles aprendem a reconhecer e lembrar-se desses produtos? Através de que processos eles desenvolvem hábitos de compra e consumo? Há uma série de fatores que influenciam a aprendizagem que devem ser levados em consideração e que são descritos a seguir: a) Repetição: Repetir uma experiência de compra e uso de um produto (ou mesmo repetir anúncios que promovem o mesmo) é um fator necessário para a modificação progressiva das influências psicológicas no consumidor e deve ser acompanhada de planejamento, atenção, interesse e um objetivo específico para ser eficaz. A repetição precisa ser planejada por que, provocada aleatoriamente, ela desperdiça esforços e dinheiro. Pág. 21 de 92 b) Motivação: A motivação individual é o fator mais importante envolvido no processo de indicar e governar as atividades de aprendizagem do consumidor. A motivação de compra e uso de um produto que responde às necessidades e desejos identificados junto ao consumidor, isto é, em harmonia com os motivos que levam as pessoas a procurarem determinado produto, é satisfatória e agradável. A motivação, assim, é um tema de interesse considerável para os profissionais de marketing, que precisam identificar, através de pesquisa, quais os motivos (fatores) que levam o cliente a procurar determinado produto e qual é o valor que ele procura quando identifica a mercadoria que resolve seus problemas e atende a suas expectativas. De acordo com a teoria da aprendizagem, a motivação do consumidor é criada pelo reconhecimento que ele tem de uma discrepância (diferença) entre uma situação real e uma situação desejada. O resultado desta discrepância é a necessidade de mudar, sendo às vezes aparente e outras vezes mais latente, especialmente no caso de produtos inovadores e, desta forma, ao comercializar novos produtos, as empresas em fase de arranque devem estimular esse desejo de mudança, desenvolvendo um “motivo convincente para comprar - MCPC” (KOTLER, 2015, p. 96). Esse motivo também é geralmente denominado proposição de valor. Por exemplo, uma inovação tecnológica, uma nova função relevante para o produto etc. O gestor de marketing precisa considerar que o “MCPC” não é igual à sua necessidade de vender como empresário, nem igual ao seu produto ou, muito menos, ao sino ou assobio de Pavlov; o “MCPC” depende da situação que o seu cliente-alvo enfrenta e como essa situação pode ser melhorada quando ele compra o produto da marca. c) Condicionamento: É uma forma de aprender em que uma nova resposta a um estímulo especial é desenvolvida. Através de longos esforços publicitários e exposição contínua a uma simbologia particular (posicionamento da marca) é que a empresa consegue ir condicionando as pessoas a reconhecer a marca e a embalagem do seu produto: o sabão em pó que lava mais branco, o sabão de banheiro aromático, a imagem de sustentabilidade da Natura etc. A resposta condicionada estabelece apenas uma alternativa temporária, e não um padrão permanente de comportamento e, se não for aplicada com frequência (repetição) como um estímulo original e reconhecido na configuração do produto, a resposta condicionada eventualmente desaparece. Os gerentes de marketing precisam considerar que nem todas as pessoas respondem igualmente bem ao condicionamento, e nem suas respostas são geralmente previsíveis. Pág. 22 de 92 d) Relacionamento e reforço: A eficácia da aprendizagem é reforçada se a coisa a ser aprendida é apresentada em um ambiente habitual ou familiar. Um vendedor pode demonstrar mais efetivamente um aspirador ou uma máquina de lavar pratos usando-os no local da residência do cliente, em vez de descrever oralmente sua capacidade e poder de limpeza em uma loja. A dona de casa está interessada apenas na especificação de desempenho da máquina, relacionando-a diretamente com a tarefa de limpar tapetes próprios e seus pratos sujos. Segundo Giglio (2010, p. 45), pesquisadores como John B. Watson (1878-1958), Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), e Frederic Skinner (1904-1990) desenvolveram a teoria da aprendizagem a partir de experimentos realizados com animais e depois transpuseram para as possibilidades de comportamento das pessoas. Segundo eles, o aprendizado ocorre quando uma pessoa responde a algum estímulo e é recompensada com a necessária satisfação através de uma resposta correta. Eles provaram que a experiência mais recente e os estímulos frequentes são lembrados e respondidos. Essa abordagem dá sustentação à necessidade dos anúncios de propaganda serem planejadamente repetidos. A teoria da resposta ao estímulo, após refinamentos constantes, é agora baseada em quatro processos centrais: sugestão, sinal, resposta e reforço. A sugestão corresponde a necessidades ou motivos mais fortes (a exibição estratégica no ponto de vendas, por exemplo), enquanto um sinal é um estímulo mais fraco (a impressão da marca na embalagem, por exemplo). A resposta é a reação resultante a alguns estímulos. Se ela for baseada em uma sugestão forte, a resposta pode provocar a mudança de uma marca para outra com base na experiência anterior. Em outras palavras, as sugestões criarão diferentes graus de respostas em diferentes ocasiões. O reforço é o processo pelo qual as experiências gratificantes no passado são fortalecidas. Isto é, quando as preferências de marca são devidamente reforçadas, elas levam à fidelidade à marca. O objetivo de dar amostras gratuitas de um produto recém-introduzido ou modificado não é mais do uma estratégia para ativar esse reforço. Pág. 23 de 92 2.3 Teoria psicanalítica Figura 11 - Teoria psicanalítica Fonte: metamorworks/ Istockphotos Com base no trabalho original de Sigismund Schlomo Freud – cientista austríaco mais conhecido como Sigmund Freud, que foi um neurologista que se tornou reconhecido e muito respeitado por desenvolver as teorias e técnicas da psicanálise –, as teorias psicanalíticas afirmam que as pessoas nascem com necessidades biológicas instintivas que raramente são socialmente aceitáveis. À medida que a pessoa amadurece e descobre que esses desejos não podem ser cumpridos de maneira direta, ela busca outros meios de satisfação. Portanto, para responder a isso, Freud introduziu o conceito de psique (GIGLIO, 2010) e criou os conceitos de sublimação, substituição e outros aspectos psicanalíticos para explicar por que e como as pessoas se comportam em diversas ocasiões. Freud postulou que a psique ou a mente e a personalidade do indivíduo têm três dimensões básicas: o id, o ego e o superego. Desta forma, o comportamento do consumidor é uma função da interação desses três sistemas. O id se refere ao mecanismo livre que leva a necessidades fortes, básicas e primitivas (comida, bebida, sexo e conforto), etais motivos não são influenciados pela moralidade ou pela ética. O ego refere-se ao ato de pesar as consequências das necessidades do id e tenta conciliá-las com a realidade, impedindo o indivíduo de entregar-se cegamente a uma atividade. É um dispositivo de equilíbrio que leva a comportamentos socialmente aceitáveis e impõe racionalidade ao id. Finalmente, o superego é uma “consciência”. É altamente racional e tenta manter as atividades moralmente certas. Em essência, o id exige um ato agradável, o ego apresenta as questões morais envolvidas e o superego atua como o árbitro na determinação final, seja para realizar o ato, prosseguir ou não. Essa divisão das dimensões da psique levou à pesquisa de motivação e tem provado ser extremamente útil na análise do comportamento do comprador, contribuindo com informações para os campos de publicidade e da persuasão. Pág. 24 de 92 Um dos principais benefícios derivados da teoria psicanalítica é o trabalho realizado na pesquisa de motivações onde os pesquisadores conseguem investigar maneiras de aumentar as chances de sucesso de um produto ou serviço, antes da empresa fazer um investimento substancial, recorrendo à teoria psicanalítica, bem como a alguns métodos freudianos práticos para descobrir as motivações correspondentes a determinados estímulos provocados pelos produtos. De acordo com essa teoria, o comportamento do consumidor é explicado por motivações de natureza simbólica, e assim os produtos são comprados pelos valores simbólicos que eles contêm. À medida que a pessoa amadurece e descobre que seus desejos mais instintivos não podem ser atendidos de forma direta, ela procura outros meios de satisfação. Esses “meios” serão os produtos que ela compra por sublimação ou substituição. Por exemplo, a aquisição de um automóvel esportivo, pode ser uma forma simbólica de compensação do desejo sexual. A sublimação é o processo pelo qual os sólidos são transformados diretamente para o estado de vapor sem passar pela fase líquida. Na teoria psicanalítica, a sublimação é o desvio da libido (desejo sexual) para canais não essenciais. Freud considerou que a energia investida nos impulsos sexuais pode ser transferida para a busca de conquistas mais aceitáveis e socialmente valiosas de empreendimentos culturais, portanto, a sublimação é um conceito-chave na teoria psicanalítica que liga a teoria sexual e a teoria da cultura. A sublimação no comportamento do consumidor seria a compensação da libido pela aquisição de determinados produtos. Da mesma forma, a substituição seria uma troca simbólica de determinadas necessidades por produtos que podem simbolizar a satisfação dessas necessidades. Mais duas contribuições são muito importantes no uso da teoria psicanalítica do consumidor: a) Motivação: O conceito de motivação é um aspecto muito discutido na teoria do comportamento do consumidor e de muitos pontos de vista teóricos. No entanto, se é considerado como uma necessidade psicologicamente estimulada torna-se um conceito acessível e útil para os gestores de marketing. Despertar uma necessidade cria uma situação de motivação com tensões inerentes que precisam ser resolvidas pelo consumidor. Segundo a teoria psicanalítica, as necessidades não se tornam motivadoras até que o indivíduo esteja ciente da situação. Por exemplo, se uma pessoa não sentir fome (necessidade ligada ao id), ela não se sentirá motivada para comer. Se, pelo contrário, ela estiver com fome, comerá praticamente qualquer coisa desde que esteja com bastante fome, e isso pode levar à compra por impulso. Mas, na ausência de uma necessidade biogênica, o recurso de motivos de sublimação e substituição Pág. 25 de 92 podem criar situações simbólicas e determinar que tipos de produtos e marcas possam compensar uma situação, quais serviços serão usados etc. b) Percepção: A percepção é a interpretação da sensação provocada pelos dados brutos recebidos por um sujeito (forma, cor, aroma, sabor) através de seus sentidos (estímulo), com base em seus atributos físicos, sua relação com o ambiente circundante e as condições que prevalecem no indivíduo em um momento determinado. Segundo Kotler (2015, p. 97): Os elementos que mais contribuem para o processo de percepção são as características do estímulo e experiências passadas, atitudes e características de personalidade do indivíduo. [...] Por exemplo, para selecionar o estímulo apropriado, o comerciante deve conhecer o máximo possível sobre o mercado-alvo. É necessário lembrar que a percepção é seletiva e que cada indivíduo tem características que determinam o nível e a quantidade dessa seletividade. Em escala geral, um novo carro esportivo significa diversão, alegria e/ou posição social para seu proprietário; mas, também significa uma comissão para o vendedor que fez a venda. Portanto, é importante que os gestores de marketing saibam como cada segmento de mercado responderá ao estímulo adequado. Enfim, no enfoque psicanalítico, o consumo é visto como uma expressão de desejos inconscientes, onde o consumidor projeta nos produtos ou serviços seus desejos, suas expectativas e, na aquisição desses itens, encontra a satisfação de seus anseios. Também se pode ver a aquisição como forma de compensação de angústias ou conflitos. 2.4 Teoria sociocultural Figura 12 - Motivações socioculturais Fonte: Por ideyweb/shutterstock Segundo Giglio (2010), o modelo sociocultural foi formulado pelo economista e analista social norte-americano Thorstein Bunde Veblen (1857-1929), e considera que o homem é um “animal Pág. 26 de 92 social” adaptado às normas da sociedade onde vive e pelos valores da sua cultura. De acordo com Solomon (2016, p. 80), [...] Nessa teoria, o consumo é visto como um processo social e cultural, onde se deve associar a dinâmica do padrão do comportamento do consumidor às questões sociais, culturais e históricas que envolvem esse processo, para que se torne possível apontar as variações no padrão de consumo. A grande maioria das compras feitas pelo indivíduo é motivada pela busca de prestígio social dentro do grupo ao qual o ele pertence, ou ao qual ele deseja pertencer. Segundo esse autor, o modelo sociocultural de Veblen estuda e identifica a pessoa impactada pelo prestígio oferecido pelo produto (incluindo marcas, modelos e tendências, entre outros) que se deseja adquirir, uma vez que as marcas mais respeitadas são as mais procuradas. Os níveis sociais que mais influenciam são cultura, subcultura, família, amigos, organizações sociais, escola, trabalho, grupos de convivência e grupos de referência. Cada nível social transmite diferentes grupos de fatores que vão influenciar o comportamento do consumidor. Entre estes, talvez a família desempenhe um papel mais importante na formação do comportamento. Uma crítica principal que se faz a essa teoria é que cada indivíduo é diferente de outro e tem diferentes estruturas emocionais e de personalidade, de tal forma que nem sempre o fator social explica suficientemente o comportamento do consumidor. No entanto, a tendência de todas as pessoas é de se enquadrar nas normas de uma determinada sociedade, apesar de seus gostos e preferências pessoais. A maioria dos produtos de luxo é comprada principalmente porque o vizinho ou amigo do mesmo status também comprou. Apesar das diferenças, as pessoas podem ser forçadas a aceitar a decisão da sociedade e dos familiares; por exemplo, a necessidade de adquirir um seguro de vida é fortemente influenciada pelo desejo de proteção familiar, e é comum entre os indivíduos das classes sociais mais abastadas. Fatores como esses devem ser levados em consideração nas estratégias empresariais; por isso, a teoria do comportamento social do consumidor e seus pressupostos passaram a influenciar e continuam influenciando fortemente as decisões de marketing. A razão é simples, hoje o marketing é orientado para o mercado e para atender as necessidades(físicas, emocionais, psicológicas) do consumidor, focando, principalmente, suas características demográficas (sexo, idade, renda, classe social, grau de escolaridade, estado civil) e seu perfil psicossocial. Portanto, essas considerações passaram a formar a pedra angular das decisões estratégicas de marketing. O fato de um consumidor se identificar com determinado grupo Pág. 27 de 92 social – com seus valores culturais e comportamentos específicos – deu origem ao conceito de segmentação de mercado. A evolução da teoria sociocultural deu origem a outros modelos teóricos mais contemporâneos e complementares, explanados a seguir. 2.4.1 Teoria da motivação de realização (ou teoria da conquista) Figura 13 - Realização e conquista Fonte: mihtiander/Istockphotos De acordo com a teoria da motivação (ou teoria da conquista), conforme explica Solomon (2016), cada indivíduo tem a necessidade de conquistar algo e fazer as outras pessoas de seu grupo de relacionamento conscientes da sua realização, isto é, um desejo de alcançar status social e fazer com que os outros estejam cientes disso. A realização varia em termos de grau de pessoa para pessoa. O comportamento do indivíduo, portanto, depende do grau do desejo daquilo que ele pretende alcançar. Assim, algumas pessoas trabalham desesperadamente para alcançar um certo número de bens materiais, muitas vezes tentando conquistar posses maiores que de seus pares, e fazendo esforços ainda maiores para conscientizar os outros dessas realizações. Segundo Solomon (2016), essa teoria foi aperfeiçoada pelo psicólogo nova-iorquino David McClelland, que, em 1961, identificou três motivadores que ele acreditava influenciarem todos nós Pág. 28 de 92 na busca de uma motivação de conquista. O Quadro 1 mostra o perfil de cada pessoa, de acordo com o seu estímulo motivador de realização ou conquista: Quadro 1 - Característica dos motivadores de consumo Motivador dominantee Característica ou perfil comportamental da pessoa (ou consumidor) (1) Realização Tem uma forte necessidade de estabelecer e atingir metas desafiadoras Toma riscos calculados para atingir seus objetivos Gosta de receber feedback regular sobre o seu progresso e realizações Muitas vezes gosta de trabalhar sozinho (2) Afiliação Quer pertencer ao grupo Quer ser reconhecido, e muitas vezes irá acompanhar tudo aquilo que o resto do grupo faz Favorece a colaboração para vencer a concorrência Não gosta de alto risco ou incerteza 3) Poder Quer controlar e influenciar os outros Gosta de impor seus argumentos Aproveita a competição para vencer Procura status e reconhecimento Fonte: Adaptado de Solomon (2016, p. 372-375). Um desses motivadores será dominante de acordo com a personalidade de cada pessoa e vai influenciá-la, nas decisões de compra, a buscar produtos que identifiquem socialmente essa motivação. Pág. 29 de 92 2.4.2 Teoria da dissonância cognitiva Figura 14 - Dissonância cognitiva Fonte: metamorworks/Istockphotos. De acordo com Festinger (1975, p. 25), “[...] a dissonância cognitiva refere-se a uma situação que envolve atitudes, crenças ou comportamentos conflitantes na vida das pessoas”. A dissonância produz um sentimento de desconforto que leva à necessidade de alterar uma dessas dimensões (atitudes, crenças ou comportamentos) para reduzir o desconforto e restaurar o equilíbrio. Por exemplo, quando as pessoas fumam (comportamento) e sabem que o tabagismo causa câncer (cognição), vão entrar em conflito. Esse conflito é a dissonância. Para restabelecer a harmonia, a pessoa vai deixar de fumar ou continuar fumando com a certeza de que, no futuro, necessariamente morrerá de câncer. No campo do comportamento do consumidor, a dissonância cognitiva ocorre quando o cliente tem duas ou mais atitudes (ou crenças) conflitantes sobre um produto ou serviço. E ela é mais provável de ocorrer após o consumidor fazer a compra escolhendo entre várias opções, e, posteriormente, achar que uma das opções rejeitadas poderia ser melhor do que essa que ele escolheu. Os produtos ou serviços que envolvem um alto nível de compromisso possuem maior risco de dissonância, tais como imóveis, veículos e pacotes turísticos de luxo. Os consumidores também podem experimentar dissonância antes de fazer uma compra, colocando em dúvida as opções que têm em relação às necessidades que procuram atender. Em um mercado competitivo, os consumidores costumam ter duas ou mais opções quando se trata de selecionar produtos e serviços e, assim, eles podem pesar os prós e os contras de cada escolha. A dissonância cognitiva tende a aumentar com a quantidade de opções atraentes disponíveis. Categorias de produtos como itens de saúde e beleza possuem uma série de marcas Pág. 30 de 92 que os consumidores podem escolher. Em alguns casos, uma empresa pode comercializar várias linhas de produtos diferentes sob a mesma marca. A pasta de dentes é um exemplo de um produto com este alto nível de concorrência, e geralmente a troca de marca pelo consumidor é um dos resultados da dissonância cognitiva. O risco é o de que o cliente, para livrar-se da dissonância cognitiva e restabelecer a harmonia, possa devolver o produto. Isso ocorre porque, uma vez que a dissonância causa ao consumidor sentimentos desconfortáveis de ansiedade e arrependimento, livrar-se da fonte de desconforto geralmente o alivia, e o Código de Defesa do Consumidor garante a ele esse direito. O exemplo mais comum de dissonância cognitiva no mundo dos negócios é a ocorrência do “remorso do comprador” (SOLOMON, 2016). Isso acontece quando um consumidor toma a decisão de comprar um item e, pouco depois, experimenta culpa pela escolha, perguntando se o outro item igualmente atraente não poderia ter trazido maior satisfação. O sentimento de ter pago demais também pode provocar remorso e levá-lo a solicitar uma devolução. Encontrar uma alternativa mais atraente depois de comprar o produto também pode ser um motivo para um retorno. Uma taxa de devolução elevada para um produto pode indicar que ele não consegue satisfazer as expectativas dos clientes. As altas taxas de devolução também revelam que o produto está falhando em competir em termos de preço, qualidade e percepção de valor. Estrategicamente, as campanhas de comunicação de marketing podem ajudar a administrar as dúvidas dos consumidores sobre fazer compras e escolher marcas e produtos, especialmente com o uso de publicidade informativa. Parte da estratégia adotada pelos profissionais de marketing é o uso de testemunhos de celebridades e pessoas de alta visibilidade e credibilidade que confirmam a qualidade da produção, as características e os benefícios proporcionados pelos produtos e serviços de uma marca. Além disso, orientar o desenvolvimento dos produtos para o cliente e suas necessidades é fundamental nas estratégias de marketing. Quando os consumidores se sentem bem com a compra de produtos de uma empresa, há menor chance de que a dissonância cognitiva ocorra. Pág. 31 de 92 2.4.3 A teoria do papel social Figura 15 - Papel social Fonte: Por Lewis Tse Pui Lung/shutterstock Segundo Solomon (2016), a teoria do papel social afirma que cada indivíduo é um ator. Como ator, ele desempenha diferentes papéis em diferentes ocasiões para transmitir certas impressões. Esse papel é desempenhado na presença de outros indivíduos. Uma vez que um indivíduo interage com diferentes pessoas em diferentes situações, seus papéis variam. Ao desempenhar um papel, ele leva em consideração as expectativas de sua audiência, bem como sua posição na mente do público. O papel desempenhado também depende das demandas da audiência, bem como das características físicas e mentais do ator. Nessa teoria, o comportamento de consumo individual é dependente, portanto, dos papéis que o consumidor exerce, das audiências que ele pretende impressionar em relação às suas expectativas, bem como das açõesfísicas e psíquicas que ele desempenha como ator e das suas habilidades mentais. Todo indivíduo tem algumas pessoas que o influenciam de alguma maneira. Os grupos de referência são compostos de pessoas com as quais o indivíduo se compara. Todo indivíduo conhece algumas pessoas na sociedade que se tornam seus ídolos em determinados momentos da vida, tais como colegas de trabalho, familiares, vizinhos, amigos, pessoas mais experientes ou personalidades públicas. Os grupos de referência geralmente são de dois tipos: a) Grupo primário: Constituído pelos indivíduos com quem o consumidor interage regularmente, como amigos, membros da família, parentes e colegas de trabalho. Esses indivíduos influenciam diretamente as decisões de compra dos consumidores, porque já usaram o produto ou a marca anteriormente, sabem como o produto funciona e têm conhecimento completo sobre os recursos e especificações do mesmo. Pág. 32 de 92 b) Grupo secundário: Formado por indivíduos que compartilham relacionamentos indiretos com o consumidor. Esses grupos são mais formais, e seus componentes não interagem com ele regularmente, tais como membros de associações religiosas, partidos políticos, clubes etc. Portanto, cada indivíduo desempenha um duplo papel na sociedade, dependendo do grupo ao qual ele pertence ou com o qual se relaciona. Um indivíduo que trabalha como gerente de marketing em uma empresa de renome também é marido e pai de alguém em sua casa. Dessa forma, a exigência de consumo de produtos é diferente para cada local e papel desempenhado. E a tendência de compra do indivíduo depende desse papel que ele desempenha em cada segmento da sociedade. Ele será mais formal na empresa que trabalha, e mais leve e descontraído junto com a sua família e amigos. 2.5 Teoria cognitiva O campo de pesquisa do comportamento do consumidor, segundo Solomon (2016, p. 6), “[...] é o estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos de consumo”. Segundo esse autor, a abordagem cognitiva do comportamento do consumidor considera os indivíduos como “processadores de informação”, reconhecendo o impacto do meio ambiente e da experiência social no processamento dessas informações. Esse processo pode ser visualizado na Figura 16. Figura 16 - Processo de estímulos no indivíduo RESPOSTARESPOSTAESTÍMULOESTÍMULOESTÍMULO INDIVÍDUOINDIVÍDUOINDIVÍDUO Fonte: adaptado pelo autor de Solomon (2016, p. 352). De acordo com o modelo de estímulo-indivíduo-resposta, existe uma relação linear entre o impacto dos estímulos no organismo inativo (consumidor diante do produto) e, como resultado desse impacto, as respostas serão dadas pelo indivíduo de maneira pessoal e personalizada, de acordo com a sua capacidade de processar informações. Esse modelo sofreu críticas, principalmente por parte de autores mais modernos, que consideram que o modelo estímulo-indivíduo-resposta não leva em consideração as experiências passadas da pessoa. Pág. 33 de 92 Kotler (2015) rebate as críticas afirmando que a teoria cognitiva (conhecimento) considera o consumidor como um ser integral, que detém um conhecimento a partir da sua história e experiências passadas e suas relações e percepções no presente, considerando, inclusive, a capacidade do consumidor fazer projeções futuras quanto ao uso do produto. Portanto, o conceito cognitivo do comportamento do consumidor está ligado a processos de aprendizagem e conhecimentos adquiridos, e pode envolver um processo mental mais consciente do que inconsciente. Assim, o paradigma cognitivo do consumidor é entendido como um processo relacionado à avaliação de produtos de maneira mais racional e menos emotiva, onde o consumidor considera todos os prós e contras em função das necessidades que ele tem. Essa teoria geralmente é recomendada para ser aplicada à compra de bens relativamente valiosos, que devem servir o consumidor por um longo período de tempo, ou em caso da compra de um determinado item pela primeira vez. Normalmente, o comportamento do consumidor pode ser bem explicado pelo paradigma cognitivo, se produtos como propriedade de imóveis, carros, eletrodomésticos, laptops ou mesmo celulares são comprados especialmente pela primeira vez. Isto é, a teoria cognitiva é mais eficiente quando aplicada ao comportamento do consumidor na aquisição de bens de alto envolvimento e menos indicada para produtos de baixo envolvimento. O desdobramento da teoria cognitiva pode ser observado no infográfico a seguir: Figura 17 - Teoria cognitiva do comportamento do consumidor TEORIA COGNITIVA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR TEORIA COGNITIVA ANALÍTICAANALÍTICA MODELO DA DECISÃO DE DE COMPRA DO CONSUMIDOR MODELO DA MODELO DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR MODELO DA AÇÃO DESENVOLVIDA MODELO DO COMPORTAMENTO PLANEJADO PRESCRITIVAPRESCRITIVAPRESCRITIVAPRESCRITIVAPRESCRITIVA Fonte: adaptado de Solomon (2016, p. 371). Pág. 34 de 92 Os teóricos cognitivos acreditam que alguns aspectos como atitudes, crenças, repertório (conhecimento adquirido) e experiências passadas das pessoas são combinados mentalmente para gerar algum reconhecimento em uma determinada situação de compra. Para analisar com maior precisão o comportamento do consumidor, a teoria cognitiva é dividida em duas formas de aplicação, conhecidas como: 1. Teoria analítica: que envolve dois modelos – decisão de compra e comportamento do consumidor – que permitem identificar uma grande quantidade de fatores de influência e as amplas relações entre os fatores que configuram a tomada de decisões do consumidor. Devido ao seu abrangente alcance, tais modelos são frequentemente rotulados como os “grandes modelos” (GIGLIO, 2010). Os modelos analíticos podem ser usados para explicar como se processa o comportamento dos consumidores e mostrar a relação entre os fatores de influência e a decisão tomada, e tendem a seguir a tradicional classificação de cinco passos do comportamento do comprador: (1) promover o reconhecimento de problemas, (2) buscar informações, (3) avaliar alternativas e escolhas, (4) avaliar resultados como etapas- chave do processo de decisão e (5) comportamento pós-vendas (KOTLER, 2015). 2. Teoria prescritiva: serve para fornecer diretrizes e orientações para organizar o comportamento do consumidor e definir como ele está estruturado. Esses modelos incluem a ordem em que os elementos devem aparecer e prescrevem o efeito que deve ser observado, devido a certos fatores causais. Esses fatores são úteis aos pesquisadores que, a partir deles, podem “medir” quais estímulos devem ser modificados ou enfatizados para atrair a resposta certa do consumidor. Os modelos prescritivos mais amplamente utilizados são o modelo da ação desenvolvida e o modelo do comportamento planejado, e envolvem variáveis utilizadas pelos consumidores previamente, de maneira planejada, antes dele se decidir pela aquisição de um produto, tais como a identificação da necessidade e a hierarquia das influências primárias e secundárias. De acordo com a teoria do comportamento planejado, o comportamento humano é guiado por três tipos de considerações: a) crenças comportamentais: sobre os resultados prováveis do comportamento e as avaliações desses resultados. b) crenças normativas: sobre as expectativas normativas dos outros indivíduos sociais e motivação para cumprir essas expectativas. c) crenças de controle: sobre a presença de fatores que podem facilitar ou impedir o desempenho do comportamento e o poder exercido por esses fatores. Pág. 35 de 92 3. AS ETAPAS DO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO A tomada de decisão do consumidor é um processo complexo que envolve vários estágios de reconhecimento e identificação do problema a ser resolvido com a aquisição do produto até as atividades pós-compra. Todos os consumidorestêm suas próprias necessidades em suas vidas diárias e essas necessidades fazem com que eles tomem decisões diferentes. Essas decisões podem ser complexas, dependendo da opinião do consumidor sobre um produto específico, avaliando e comparando, selecionando e comprando entre os diferentes tipos e opções de produtos. Portanto, entender e perceber a questão central do processo de tomada de decisão do consumidor e utilizar as teorias na prática exige antes uma compreensão dos mecanismos psicológicos que balizam o processo de decisão. Existe um consenso entre pesquisadores e acadêmicos de que a teoria da compra do consumidor envolve uma série de estágios diferentes. Dependendo dos diferentes fatores e descobertas, inúmeros pesquisadores e estudiosos desenvolveram suas próprias teorias e modelos a partir da metade do século XX até os dias atuais. No entanto, de acordo com Solomon (2016), embora essas teorias variem ligeiramente umas das outras, elas conduzem à quase totalidade dos envolvidos a reconhecer que a decisão final de compra do consumidor envolve cinco estágios decisórios cujo entendimento é fundamental para possibilitar a posterior aplicação de teorias e métodos. O modelo de estágios descrito por autores como Kotler (2015), Ferrell e Hartline (2016) e Solomon (2016) é considerado um dos modelos mais comuns de processo de tomada de decisão do consumidor e envolve cinco diferentes etapas, conforme a figura a seguir: Figura 18 - Etapas do processo de tomada de decisão do consumidor AVALIAÇÃO PÓS-COMPRA AVALIAÇÃOAVALIAÇÃODECISÃO DE COMPRA DECISÃOCOMPARAÇÃO DAS ALTERNATIVAS COMPARAÇÃO DASCOMPARAÇÃO DASPESQUISA DE INFORMAÇÕES RECONHECIMENTO DA NECESSIDADE OU PROBLEMA RECONHECIMENTORECONHECIMENTO POSSIBILIDADE DE OCCORRER DISSONÂNCIA COGNITIVA OU DE REPETIÇÃO DA COMPRA Fonte: Elaborado pelo autor. Este modelo simples ilustra claramente e explica como os consumidores tomam uma decisão de compra embasada por uma linha de raciocínio. Além disso, segundo os autores citados, esse Pág. 36 de 92 modelo é mais preciso e claro em relação aos outros modelos similares, porque o foco principal dele se apoia sobre fatores motivacionais que ajudam o usuário a entender os motivos da decisão de compra mais consistente. 3.1 Reconhecimento da necessidade ou problema Figura 19 - Reconhecimento Fonte: phototechno/istockphotos O reconhecimento da necessidade ou problema é a primeira etapa do modelo. De acordo com Kotler (2015), o reconhecimento de um problema surge na situação em que um indivíduo percebe a diferença entre o estado atual das coisas e o estado das coisas desejado. O reconhecimento de um problema ou necessidade depende de diferentes situações e circunstâncias, como fatores pessoais, familiares ou profissionais, e esse reconhecimento resulta na concepção de uma ideia de compra. Por exemplo, o consumidor pode reconhecer a necessidade de comprar um laptop quando for necessário transportá-lo para usar em diferentes locais, o que é muito vantajoso em comparação com um computador desktop. Solomon (2016) classifica as necessidades humanas em duas categorias diferentes, dependendo da sua natureza: um grupo de necessidades psicológicas e outro de demandas físicas e funcionais. As necessidades psicológicas são resultantes do sentimento perceptivo e emocional dos consumidores, enquanto as carências físicas e funcionais geralmente são resultados das necessidades de suprir funções que os produtos desempenham, tais como alimentar, nutrir, limpar, poupar tempo etc. De acordo com Giglio (2010), o reconhecimento desses dois níveis geralmente ocorre durante o processo de encontro com o produto nas várias circunstâncias em que ele é oferecido. O reconhecimento da necessidade ou problema pode ser circunstancial, porque um consumidor pode não estar ciente da necessidade de um produto específico até que ele o encontre em uma navegação pela web, anúncios publicitários nas diversas mídias ou em uma variedade de outras Pág. 37 de 92 circunstâncias muitas delas no ponto de vendas. As necessidades humanas não têm, portanto, um limite predeterminado. O reconhecimento do problema é de natureza repetitiva. De acordo com a teoria de Maslow (2003, p. 230), “[...] o ser humano está sempre insatisfeito, quando uma necessidade hierárquica de um indivíduo é satisfeita, outra surgirá e essa tendência continua repetidamente”. 3.2 Pesquisa de informações Figura 20 - Pesquisa de informações Fonte: Por Kapralcev/shutterstock A próxima etapa do modelo corresponde à busca de informações. Uma vez que a necessidade é reconhecida, o consumidor provavelmente procurará mais informações relacionadas ao produto antes de tomar uma decisão de compra final. No entanto, diferentes indivíduos estão envolvidos no processo de pesquisa, cada um de forma diferente, dependendo do conhecimento sobre o produto, sua experiência anterior de compras ou segundo alguma informação externa, como comentários de outras pessoas. Mesmo o próprio processo de busca de informações pode ser dividido em duas partes, a pesquisa interna e pesquisa externa. Na busca interna, os consumidores comparam as alternativas de suas próprias experiências e memórias de acordo com seus contatos com as diversas categorias de produtos e seus conhecimentos passados. Procurar por fast food pode ser um bom exemplo para a busca interna, porque os clientes costumam usar seu conhecimento e gostos para escolher o produto certo que precisam, em vez de pedir conselhos a alguém. Por outro lado, a pesquisa externa acaba por ser maior para compras como eletrodomésticos ou aparelhos eletroeletrônicos. Por exemplo, os consumidores que desejam comprar móveis novos ou um novo telefone celular tendem a pedir a opinião e conselhos dos amigos ou pesquisar na internet, nas revistas especializadas e nos meios de comunicação antes de tomar uma decisão de compra. Pág. 38 de 92 Bueno (2015) argumenta que, com o papel crescente da internet na vida profissional e pessoal das pessoas, um número crescente de indivíduos está se voltando para vários recursos oferecidos pela internet ao procurar informações sobre categorias de produtos ou marcas específicas. O autor destaca especificamente o papel das análises em blogs e fóruns de usuários online, e seu impacto significativo na etapa de busca de informações externas no processo de tomada de decisão do consumidor, que atualmente tem uma participação crescente como usuário da internet. Colegas de trabalho, parceiros de clubes e associações, amigos e familiares podem ser destacados como outra importante fonte de informação externa. Além disso, a natureza da influência de colegas, amigos e familiares na busca de informações para a tomada de decisão do consumidor em geral depende de uma série de fatores, como a natureza dos relacionamentos, o nível de influência pessoal e a extensão da liderança de opinião associada a determinados indivíduos do relacionamento do consumidor. 3.3 Avaliação de alternativas Figura 21 - Avaliação de alternativas Fonte: shutter_m/Istockphotos Depois de reunir informações suficientes na segunda etapa, o consumidor consegue comparar e avaliar essas informações para fazer a escolha certa. Nesta fase, o consumidor analisa todas as informações obtidas através da pesquisa e considera vários produtos e serviços alternativos, comparando-os de acordo com as suas necessidades e desejos. Além disso, outros aspectos do produto, como tamanho, qualidade, marca e preço, são levados em consideração nesta fase. Portanto, esse estágio é considerado de grande importância durante todo o processo de tomada de decisão do consumidor. Além disso, o processo de avaliação de alternativas às vezes pode ser difícil, demorado e cheio de pressões para o consumidor. Isso ocorre porque é bastante difícil encontrar um produto ou Pág. 39 de 92 serviço ideal que satisfaça as necessidades totais do cliente em diversas
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