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UNIDADE I – INTRODUÇÃO AO CDC 1.1 - Conceitos de: consumidor, fornecedor, produtos e serviços; 1.2 - Direitos básicos do consumidor. 1.3 - Princípios constitucionais e específicos. CONCEITO DE CONSUMIDOR O conceito de consumidor encontra-se no artigo 2º CDC, vejamos: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”. Complementando a definição de consumidor, pessoa nacional ou estrangeira. Conforme a teoria finalista adotada pelo STJ, consumidor não é somente aquele que compra o produto ou o serviço, mas quem o usufrui, de modo que está abrangido quem recebe um presente ou doação, pois é esse o destinatário final. Vejamos o que significa destinatário final: É a pessoa que adquire o produto para consumo próprio ou de sua família, ou seja, este conceito exclui a pessoa que adquire produto como insumo para implementar em seu ramo de trabalho. Vejamos dois exemplos: Exemplo 1 – “uma cabelereira que adquire um secador de cabelos para utilizar em seu salão de belezas não é considerada consumidora, pois ela não é destinatária final, o destinatário final será o cliente do salão, o secador não será para seu uso pessoal ou de sua família, mas sim para ser utilizado como ferramenta de seu trabalho” Exemplo 2 – “uma cabelereira que apesar de ter o seu secador no salão de beleza, adquire outro secador para seu uso pessoal ou de sua família, neste caso, como comprou o aparelho para uso pessoal, ela é consumidora, porque é destinatária final”. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇAO Consumidor por equiparação é todo aquele que, apesar de não ter participado diretamente da relação de consumo, sofre as consequências do efeito danoso decorrente de defeito na prestação de serviço à terceiros, que ultrapassa o seu objeto. O artigo 17do CDC prevê que se equiparam aos consumidores todas as vítimas do evento. Vejamos um exemplo: Uma empresa de telefonia, ao providenciar a instalação de um aparelho num determinado apartamento, acaba danificando a linha telefônica do apartamento vizinho, que não é consumidor dos serviços da referida empresa. Nesse caso, quem sofreu o referido dano será considerado consumidor por equiparação em relação à empresa de telefonia que acarretou os danos; Empresas também podem ser conceituadas como consumidores (pessoas jurídicas também são abrangidas pela definição). Isto porque, quando adquirem bens que não serão utilizados como insumos para suas atividades finais de comercialização, como por exemplo, quando adquirem materiais para escritório, ou contratam serviços de gerência ou segurança, se equiparam ao consumidor. Vejamos alguns exemplos: Espólio (ente despersonalizado é consumidor por equiparação); Condomínio Edilício, ente despersonalizado, pode ser considerado pessoa jurídica, de acordo com Enunciado n. 90, do Conselho da Justiça Federal, da Jornada de Direito Civil; Prefeitura que adquire um eletrodoméstico, (ente público); Empresa que tem a conta de telefone cortada. (ente privado). CONCEITO DE FORNECEDOR E PRESTADOR DE SERVIÇOS O conceito encontra-se no artigo 3ª caput do CDC, vejamos: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços”. O termo fornecedor do artigo 3º do CDC está em sentido amplo, englobando o fornecedor de produtos e o prestador de serviços. Existe uma ampliação do numero de pessoas que podem ser fornecedoras de produtos e prestadoras de serviços. EX: Empresário individual - um vendedor de sanduíche que os faz em casa e vende na praia, com finalidade lucrativa, pois trata-se de um ente despersonalizado ou despersonificado, uma sociedade irregular ou sociedade de fato, camelôs, órgãos públicos ou privados. ATENÇÃO: Para a caracterização do fornecedor ou prestador é imperioso o fato do mesmo desenvolver uma atividade, que vem a ser a soma de atos coordenados para uma finalidade específica. Deve haver a habitualidade, uma pessoa que vende uma moto ou um apartamento uma vez não se enquadra como fornecedor conforme inteligência dos artigos do CC artigo 966 aponta os requisitos para a caracterização do empresário, e 3 do CDC, a atividade desenvolvida deve ser tipicamente profissional, com intuito de lucro direto ou vantagens indiretas. Habitualidade – é a principal característica do fornecedor. Fornecer produto ou serviço deve ser uma atividade habitual da pessoa. Assim, quem vende de forma eventual não é considerado fornecedor. Exemplo: 1 “se uma loja de eletroeletrônicos vende uma TV, ela é fornecedora, pois faz isso com habitualidade, ou seja, esta é sua atividade”. Exemplo 2 – “se uma pessoa vende um aparelho de TV, que tem em casa, a um amigo, porque adquiriu um aparelho novo, não está caracterizada a habitualidade, pois esta não é uma atividade de comércio que pratica com frequência”. Caso o aparelho apresente defeito, a proteção é dada pelo Código Civil, não haverá aplicação do CDC. PRODUTO Conforme dispõe o § 1º do artigo 3º do CDC, produto é todo bem móvel ou imóvel, material ou imaterial, novo ou usado, fungível ou infungível, colocado no mercado de consumo. São todos os produtos passíveis de serem comercializados. Incluem-se, entre esses produtos, a eletricidade e o gás. O termo é amplo, abrangendo os bens móveis (carros, motos, sofás etc.), os bens imóveis (exemplos: apartamentos, terrenos etc.), os bens materiais, isto é, corpóreos, de existência física, e os bens imateriais, incorpóreos, isto é, os direitos (exemplo: programas de computador). SERVIÇO Conforme dispõe o parágrafo o § 2º do art. 3º do CDC, serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito ou securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Quando o CDC trata da remuneração, não quer especificamente dizer a remuneração direta, ou seja, o pagamento direto efetuado pelo consumidor ao fornecedor, mas também a remuneração indireta, aquele benefício comercial indireto fruto da prestação de serviços ou do fornecimento de produtos aparentemente gratuitos. Vejamos alguns exemplos: Exclui-se expressamente do conceito de serviço no CDC: a) os serviços gratuitos; b) as relações trabalhistas (estas são regidas pela CLT). No tocante aos serviços gratuitos, só são excluídos se forem pura ou inteiramente gratuitos. Se houver uma remuneração indireta (serviços aparentemente gratuitos), impõe-se a incidência do CDC. Pois, neste caso, são apenas aparentemente gratuitos, havendo remuneração indireta: Vejamos alguns exemplos: • Estacionamentos gratuitos em supermercados, shopping centers etc. Há uma intenção de remuneração, pois o objetivo é atrair o consumidor ao estabelecimento. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação do dano ou furto de veículo ocorrido em seu estacionamento (súmula 130 do STJ), ainda que o consumidor nada tenha consumido. Exemplo 1 – Estacionamento gratuito em shopping center. Aparentemente é gratuito, contudo, o fornecedor lucra com as compras efetuadas e os serviços utilizados pelo consumidor, assim, se houver furto do veículo no shopping, o consumidor deverá ser indenizado conforme regras do CDC. • Distribuição de amostras grátis como forma de divulgação do produto. Exemplo 2 – Distribuição de amostras grátis, a premissa é a mesma, pois distribuir de forma gratuita é uma forma de divulgação do produto e, caso o produto apresente defeito, o consumidor estará protegido pelo CDC. SERVIÇO PÚBLICO Nem todos os serviços públicos estão abrangidos pelo conceito de serviço do CDC, somente o serviço público que for remunerado de forma direta e voluntária pelo consumidor (§2º do art.3º). Exemplos: água, luz,telefone, metrô etc. Porém, os serviços remunerados por impostos ou taxas, cujo pagamento é obrigatório, ou seja, independe da vontade do consumidor, submete-se aos ditames do Direito Administrativo e do Direito Tributário. PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR (ART. 4º , INC. I, DO CDC) Este princípio reconhece a vulnerabilidade do consumidor como agente mais frágil nas relações de consumo e estabelece normas protetivas ao consumidor. Atenção: O conceito de vulnerabilidade é diferente do de hipossuficiência. Todo consumidor é sempre vulnerável, característica essencial à própria condição de destinatário final do produto ou serviço, porém nem sempre será hipossuficiente. Hipossuficiente é um adjetivo que significa ausência ou carência, uma pessoa que não possui recursos para se sustentar e arcar com suas responsabilidades financeiras, PORÉM, uma vez enquadrado como consumidor terá direito aos benefícios previstos no CDC, apesar de possuir condições financeiras. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO ESTATAL – Elencado no art.4º do CDC, demonstra a ideia de que o Estado tem o dever de intervir nas relações de consumo para defender os interesses dos consumidores. O objetivo maior é garantir o respeito aos interesses consumeristas. A intervenção será não apenas na edição de leis, mas também de fiscalização dos produtos e serviços colocados no mercado; Assim, entidades como o PROCON e o Judiciário, fiscalizam o direito do consumidor. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO Este princípio preocupa-se que os consumidores sejam informados de forma adequada, está implícito no Artigo 4º, IV do CDC que responsabiliza pelo esclarecimento dos direitos e deveres dos consumidores e fornecedores, com vistas a harmonizar a relação de consumo e de tornar ilegal qualquer ato ou procedimento que atente contra o direito à informação do consumidor. Todas as informações devem ser amplas, substanciais, extensivas a todos os aspectos da relação de consumo estabelecida. A ausência da informação já se torno motivo de vulnerabilidade. Esta informação também possui o objetivo de gerar um consumo consciente. Por não ter o consumidor as informações necessárias para realizar o processo decisório de aquisição ou não do produto ou serviço, evitando assim práticas de consumo irrefletidas, tais como superendividamento. Pode-se educar a sociedade de forma: 1) Formal - introduzindo-se uma educação sobre consumo nas disciplinas do ensino básico; 2) Informal - fornecida pelos meios de comunicação social, geralmente pelo PROCON, pela promotoria do direito do consumidor ou, pela imprensa. PRINCÍPIO DA BOA - FE OBJETIVA Abordado no artigo 4º, III do CDC, é o modelo de comportamento a ser seguido por todos os fornecedores no mercado de consumo, baseando-se em valores éticos, de maneira a respeitar as expectativas do consumidor na relação jurídica. Este princípio tem como base o art. 1º, III e art. 3º I da CF ( principio da dignidade da pessoa humana e o princípio da solidariedade). Vejamos um exemplo: Contratos com cláusulas de interpretação duvidosa, a interpretação deve seguir de acordo com a boa-fé objetiva. A boa-fé objetiva cria deveres anexos aos contratos que devem ser respeitados, EX: o dever de cuidado, o dever de informação e o dever de cooperação. Obrigação de informação: o fornecedor deve informar ao consumidor todas as características do produto; Obrigação de cuidado: impõe ao fornecedor a obrigação de adotar uma conduta protetiva, voltada ao cuidado de danos patrimoniais e à pessoa do consumidor. Obrigação de cooperação: as partes devem cooperar entre si para que as obrigações sejam atendidas. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA Esse princípio não está previsto de forma expressa no ordenamento jurídico, porém origina-se do princípio da boa-fé objetiva e estabelece que o fornecedor tem que respeitar as autenticas expectativas do consumidor na relação de consumo, tanto as expectativas relacionadas ao conteúdo do contrato quanto as expectativas relacionadas ao bem de consumo. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO Este princípio contemplado no art. 4º, III do CDC tem como objetivo a busca da igualdade entre as partes, uma vez que, diante do fornecedor, o consumidor é vulnerável. Com isso, a busca por uma igualdade deve sempre nortear o legislador e o magistrado no momento de interpretá-las e aplicá-las. O equilíbrio na relação jurídica entre consumidor e fornecedor, tem que existir tanto no plano material quanto no pano processual de acordo com CDC. No plano material seria, o estabelecimento da responsabilidade objetiva por dano ao consumidor; No plano processual, a inversão do ônus da prova com o objetivo de equilibrar a relação entre ambos. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA Em todas as fases da relação de consumo deve existir transparência, mesmo após a fase contratual. É o que acontece quando o produto apresenta defeito e o fornecedor realiza o recall, conforme art. 4º do CDC e a Política Nacional das Relações de Consumo. PRINCÍPIO DO COMBATE AO ABUSO VI, do art. 4º do CDC, tutela a relação entre os fornecedores, combatendo, as práticas de concorrência desleal. PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA Previsto no artigo 6º, incisos VII e VIII do CDC). Garante que todos têm direito do acesso à justiça para invocar perante o Estado um direito. Assim, o legislador buscou fornecer meios para facilitar ainda mais o acesso de todos à justiça, como uma forma de defesa de seus direitos a fim de reequilibrar ou reduzir a distância entre o consumidor e o fornecedor. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Neste princípio rege a informação ou mensagem publicitária, evitando quaisquer danos ao consumidor dos produtos ou serviços anunciados. Por se tratar de um assunto bem amplo, a publicidade será melhor estudada no capítulo DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR, pois desdobra-se em: PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE princípio da identificação da publicidade ( art. 36); princípio da vinculação contratual da publicidade ( arts. 30 e 35); princípio da veracidade ( art. 37 § 1º ); princípio da não-abusividade da publicidade ( art. 37 § 2º); princípio da inversão do ônus da prova ( art. 38); princípio da transparência da fundamentação publicitária ( art. 36, parágrafo único); princípio da correção do desvio publicitário ( art. 56, XII). DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES O CDC em seu art. 6º traz os direitos básicos do consumidor, em um rol meramente EXEMPLIFICATIVO, não havendo o exaurimento dos direitos básicos. Contudo, de acordo com a cláusula de ABERTURA DO MICROSSISTEMA, prevista no art. 7º do CDC, todo direito do consumidor, que esteja expresso em outra espécie normativa será inserido no sistema consumerista. DIREITO À PROTEÇÃO DA VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA “Art. 6º I do CDC - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;” Este direito está diretamente relacionado ao princípio da dignidade da pessoa humana e, neste contexto, inserido o consumidor, protegendo-o sua saúde e segurança. Contudo, não é vedado ao fornecedor colocar no mercado produtos que possam causar riscos a saúde e segurança do consumidor, desde que esse risco seja normal ou previsível. Ex: Refrigerantes de laranja que possuem em sua fórmula alta quantidade de corante que pode causar prejuízo a saúde do consumidor, por se tratar de um risco normal e previsível, não é vedada a colocação do produto no mercado, desde que informe de forma clara e suficiente a existência desse componente em sua fórmula. Atenção: Quanto mais nocivo ou perigoso o produto fornecido, mais ostensiva e adequada deve ser a informação!!!! Este direito contempla não só o conforto material, ou seja, aquele que resulta do direito de aquisição de produtos e serviços, especialmente essenciais, mas também O desfrute de prazer ligado ao lazer e ao bem-estar moral e psicológicodo consumidor, contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços perigosos ou nocivos. DIREITO À LIBERDADE DE ESCOLHA E IGUALDADE NAS CONTRATAÇÕES Conforme prevê o art. 6º, inciso II do CDC: "a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações". Este direito estabelece que o fornecedor é obrigado a prestar todas as informações acerca do produto e do serviço, mesmo que este ainda não tenha sido adquirido pelo consumidor. Estas informações devem ser prestadas de forma clara e precisa, não se admitindo falhas e/ou omissões. DIREITO À INFORMAÇÃO O direito à informação encontra-se inserido no art. 6º, inciso III do CDC, in verbis: “III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.” Este direito está diretamente relacionado ao anterior, mas tem caráter específico de proporcionar que o consumidor educado possa fazer a melhor escolha mediante as informações fornecidas sobre o produto e/ou serviço. DIREITO DE PROTEÇÃO CONTRA A PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA O art. 6º, IV do CDC assegura dentre os direitos básicos do consumidor: “IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.” No tocante à publicidade enganosa, verifica-se quando o fornecedor apresenta ao consumidor informações que não correspondem ao que lhe fora anunciado, que contenham qualquer informação falsa que induza o consumidor a erro acerca da natureza do produto ou serviço. Podemos citar, como exemplo, o anúncio de um imóvel à venda de dois quartos, quando na verdade se trata de um dormitório e um closet. Na propaganda abusiva é possível identificar uma certa agressividade, suficiente para causar ao consumidor algum comportamento prejudicial ou ameaçador à sua saúde, ou seja, conduta capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde. Exemplos desse tipo de propaganda são aquelas que se valem da ingenuidade ou inexperiência de crianças. Resolução 163/2014, adotada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda que institui como prática abusiva a propaganda voltada a crianças. Contudo, esta medida, apesar de representar um grande avanço para a sociedade, carece de força normativa, e criticada por alguns que consideram que a criança possui um papel importante na relação de consumo. Práticas abusivas que se encontram elencadas no artigo 39 do CDC, são elas: 1) condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; 2) recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; 3) enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto ou fornecer qualquer serviço; 4) prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; 5) exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 6) executar serviços sem a prévia elaboração do orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; 7) repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; 8) colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, 9) recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; 10) elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; 11) deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério; 12) aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do valor legal ou contratualmente estabelecido. DIREITO À PROTEÇÃO CONTRATUAL Estabelece o art. 6º do CDC, em seu inciso V, que ao consumidor é assegurada: "a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas". Este direito estabelece que, ocorrendo fatos supervenientes ao acordo contratual, capazes de tornar as prestações excessivamente onerosas ao consumidor, poderá este pleitear a modificação dessas respectivas cláusulas a fim de restaurar o equilíbrio contratual outrora existente. Destaca-se que este dispositivo é uma forma de relativizar a cláusula contratual e de enfatizar a função social dos contratos, garantindo com isso, o objetivo principal da Lei Consumerista, qual seja, defender a parte vulnerável da relação jurídica, buscando equilibrar a relação. Ora, essa proteção contra a onerosidade excessiva aplica-se também e principalmente, com relação aos contratos de adesão. DIREITO À PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS De acordo com o art. 6º, inciso VI do CDC, é garantido ao consumidor: "a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos". A reparação de danos deve se pautar tanto no prejuízo sofrido pelo consumidor (material ou moral), como também deverá revelar seu caráter punitivo e pedagógico em relação ao fornecedor, evitando-se a prática das mesmas condutas ilícitas reiteradas vezes. DIREITO DE ACESSO AOS ÓRGÃOS DE DEFESA Consoante o disposto no art. 6º, inciso VII do CDC, é direito básico do consumidor: “o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados.” Este inciso destaca os meios oferecidos ao consumidor para buscar a tutela Estatal: Via Judiciário – JECs; Via administrativa – Procon e Codecon; Estes órgãos visam prevenir ou reprimir qualquer descontentamento em decorrência da relação de consumo, seja em razão da falsa expectativa do produto ou serviço ou pela existência de vício ou defeito. Dentre os mecanismos destaca-se a assistência jurídica gratuita, representada pelas Defensorias Públicas. DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA A inversão do ônus da prova a favor do consumidor encontra-se no no art. 6º, inciso VIII: “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. Esta inversão foge a regra geral do Código de Processo Civil que incumbe ao autor o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito e ao réu o de provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Esta inversão instituída pelo CDC representa um importante mecanismo de proteção com intuito de restabelecer a igualdade e o equilíbrio da relação processual, contempla inclusive a vulnerabilidade do consumidor. Esta inversão do ônus da prova visa facilitar a defesa do consumidor em juízo, desde que, a critério do Juiz, forem identificadas a verossimilhança e a hipossuficiência do consumidor. Portanto, a inversão do ônus não é inerente aos processos que envolvem relação de consumo, tampouco obrigatória. DIREITO À ADEQUADA E EFICAZ PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS Aplicam-se aos serviços públicos – tanto aos prestados pela Administração Pública, quanto por suas concessionárias,– não só as normas de Direito Administrativo (art. 37, §6º, da Constituição), mastambém o Código de Defesa do Consumidor.
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