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2 – A missão metodista no Brasil e o compromisso com a educação cristã
2.1 – Breve relato da chegada do metodismo ao Brasil
A missão metodista brasileira se iniciou através dos esforços da Igreja Metodista Episcopal. O despertamento para o cumprimento da missão no Brasil e em países Latinos, surge a partir da preocupação em anunciar ao mundo, sobre a salvação por meio da experiência da conversão. Ficando decidido por meio da Conferência Geral da Igreja Metodista norte-americana de 1930, o envio de um missionário responsável por certificar-se, que o cenário brasileiro daquela época seria favorável ou não, para o estabelecimento de um trabalho metodista. (MESQUIDA, 1994)
As condições esperadas pela Igreja Metodista norte-americana, foram satisfeitas poucos anos após a conferência de 1930. Logo quando a Sociedade Missionária possuíra os recursos necessários, e se observava um contexto histórico, político e social favorável em terras brasileiras. Mesquida descreve:
“Os relatórios dos diplomatas americanos” sobre a evolução dos acontecimentos sócio-políticos depois da abdicação de D. Pedo I, mostraram ao governo Jackson e a Igreja Metodista Episcopal que havia chegado o momento de “civilizar” (“cristianizar”) o Brasil, porque não somente “as propostas políticas e econômicas do governo brasileiro atual são favoráveis aos Estados Unidos” (MESQUIDA, 1994, pág 112)
Barbosa acrescenta que:
“... o trabalho de reconhecimento feito por F. T. Pitts representou um marco fundamental para o inicio do grande projeto missionário metodista e protestante no Brasil, basta apenas reiterar a importância do relatório que ele enviou a Spciedade Missionária, em que ressalta com profunda convicção que o Brasil era uma seara propícia e merecia investimento missionário metodista.” (BARBOSA, 2005, pág 12)
Em 19 de agosto de 1835, chega a cidade do Rio de Janeiro o Rev. Fountain Elliot Pitts. O Rev. Pitts foi a primeira visita metodista em solo brasileiro, e por aqui permaneceu apenas por duas semanas. Porém, seu trabalho aqui realizado foi de grande valor, pois o mesmo trouxe recomendações de figuras muito influentes no meio metodista, além das recomendações pessoais de Andrew Jackson e Henry Clay, que eram Presidente da República e presidente do Senado norte-americano, respectivamente. (BARBOSA, 2005)
Durante as duas semanas do Rev. Pitts no Rio de Janeiro, ele esteve presente em inúmeras reuniões, também pregou em diferentes casas de cidadãos ingleses e norte-americanos residentes na cidade. Além de deixar formada aqui a primeira classe metodista na América do Sul, entendo que essa seria uma porta aberta para a pregação do evangelho no vasto império. Tanto que no relatório de Pitts enviado a Sociedade Missionária, diz o seguinte: 
 No relatório enviado a Sociedade Missionária ele fala com otimismo sobre o trabalho desenvolvido e assinala que o “ pequeno grupo de metodistas precisará muito de um cristão experimentado para conduzi-lo” e espero que o mesmo seja “primícias de uma safra gloriosa”. E após ressaltar que o missionário deve ser enviado imediatamente, ele oferece algumas especificações sobre o perfil ideal do obreiro. Entende que deve ser mandado ao Brasil “um homem de vivo zelo, da paciência de Jó e de verdadeira filosofia cristã”, “um pregador que coloque todos os seus cuidados no Senhor Jesus, e que pregue com o Espírito Santo mandando do céu”. E temeroso de que suas indicações não fossem devidamente consideradas, alerta que se for enviado “um malabarista metafísico, com uma compreensão artificial da santidade do coração”, seu trabalho “será tão inócuo como um frio raio de lua sobre uma montanha de gelo. (Barbosa 2005, pag 12.)
De acordo com Mesquida, 1994, o relatório do Rev. Pitts enviado a Sociedade Missionária, foi fundamental para o envio do Rev. Justin Spaulding, para dar continuidade ao trabalho de Pitts. O Rev. J. Spaulding foi o primeiro missionário metodista a atuar efetivamente no Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 29 de Abril de 1836. Como descreve:
No inicio do ano de 1836, chegou ao Rio de Janeiro o pastor Justin Spaulding que, sem perda de tempo, retomou a obra de seu antecessor. Organizou uma escola dominical, onde foram matriculados alunos brancos e negros, e persuadido por amigos, abriu uma escola onde a transmissão das “ideias liberais” contribuiria para abrir espaços facilitando assim, a penetração do metodismo na sociedade brasileira. (MESQUIDA, 1994, pag 114)
Segundo Mesquida, 1994, a Igreja Metodista norte-americana utilizava a estratégia de difundir suas ideias e valores através de quatro instrumentos complementares, que eram: a difusão da Bíblia, pregação da Palavra, escola dominical e educação formal. O que evidencia o quanto a educação era importante para o metodismo, ao ponto das classes de escola dominical iniciarem, mesmo antes da organização das igrejas. 
A implantação do metodismo no Brasil foi repleta de tensões e ambiguidades nas principais ênfases no contexto missionário. Os grupos protestantes que vieram dos Estados Unidos e da Europa não davam conta dos desafios e das dimensões políticas, sociais e econômicas para a implantação dos projetos missionários (LOPES, 2013).
A igreja Católica não fora capaz de garantir a educação e a moralidade do subcontinente; não dera a Bíblia ao povo na sua própria língua; não formara um clero idôneo, intelectual ou eticamente; prepara um evangelho deformado e não tinha recursos para evangelizar toda a América Latina (MENDONÇA; VELASQUES FILHO, 1990, p. 31-32).
 Como citado anteriormente o metodismo, assim como os demais grupos do protestantismo, chegaram ao Brasil através dos missionários Norte-Americanos, assim menciona Reily, 1984, em uma de suas obras literárias: “A grande maioria dos missionários protestantes que atuaram no Brasil veio dos Estados Unidos da América, país preponderantemente protestante”. Esses missionários pertenciam a grupos que não tinham uma ligação direta com o movimento de reforma do século XVI, e sofreram forte influência do Pietismo alemão e do Puritanismo inglês antes mesmo de chegarem aos Estados Unidos. 
Segundo Novaes, 2003, os missionários protestantes pertenciam a uma corrente liberal e intelectual, distante das massas: 
Os protestantes chegaram ao Brasil no fluxo da corrente liberal. Embora as ideias liberais tomassem corpo à classe intelectual do País, elas não tiveram o apoio da massa popular analfabeta e inculta. Os princípios do liberalismo francês e americano de “liberdade, igualdade, fraternidade”, soavam incoerentemente no Brasil, onde pretendia, de forma consciente, manter um certo nível de dependência das classes sociais com relação as elites dominantes.
2.2 – A educação cristã na missão metodista do Brasil
No ano de 1836, em seguida a sua chegada ao Rio de Janeiro, J. Spaulding organiza a primeira escola dominical do Brasil. Para essa escola dominical, foi dado o nome de Escola Dominical Missionária Sul-americana, onde as aulas eram ofertadas tanto em português quanto em inglês. (BARBOSA, 2005, pag 13)
 De acordo com Ayres, 2000, a abertura de escolas dominicais prossegue como uma estratégia missionária:
Muitas vezes chegaram a preceder à organização das congregações locais. Desde 1884 as escolas dominicais foram apoiadas com material produzido pela própria igreja para os seus alunos infantis e adultos. A obra da escola dominical veio se tornar um dos sustentáculos da expansão do metodismo no período que antecedeu 1930. (AYRES, 2000, pag 18)
No início do surgimento do movimento metodista na Inglaterra, a escola dominical tinha como meta principal o ensino doa alunos a ler, escrever e a contar. Já na realidade brasileira, tinha como objetivo iniciar seu alunos nas doutrinas e crenças protestantes, e de torna-los metodistas. (MESQUIDA, 1994, pag 115)
O Rev. J Spaulding também contribuiu para o surgimento da primeira escola metodista no Brasil. Embora sua preocupação e esforços estivessem, essencialmente voltados para a evangelização, ele passa a ouvir alguns amigos que falam arespeito da necessidade de uma escola na região. A partir desse episódio, Spauldin envia uma carta a Sociedade Missionária, onde considerava o possível alcance evangelístico por meio do trabalho da escola.(BARBOSA, 2005 pags 14 e 15) 
Bibliografia:

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