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RESUMO_DIREITO CIVIL V

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1 
 
DIREITO DAS COISAS 
Tatiane de Aguiar Cabral 
BIBLIOGRAFIA: 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 5: direito das coisas. 14. ed. São Paulo: 
Saraiva Educação, 2019. 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS COISAS 
 
 Para nos elucidar quanto à conceituação de 
Direito das Coisas, Carlos Roberto Gonçalves parte 
da concepção de Clóvis Beviláqua, (falecido jurista 
e legislador brasileiro) que obtempera o Direito das 
Coisas como um complexo de normas reguladoras 
das relações jurídicas referentes às coisas 
suscetíveis de apropriação pelo homem, portanto, 
precisam estar no mundo físico, para que se possa 
sobre elas exercer domínio. Coisa é o gênero e bem 
é espécie. Porém, apenas faz-se bem jurídico do 
Direito das Coisas, aqueles que são úteis e raros 
(suscetíveis de apropriação pelo homem, no qual se 
confere valor econômico). Aqueles que são 
abundantes como ar atmosférico, água dos 
oceanos, não são bens jurídicos tutelados pelo 
Direito das Coisas (também se enquadram aqui, os 
bens jurídicos como a vida, a liberdade, a honra..., 
que são protegidos por outra área do Direito, não 
cabendo, portanto, no ramo do Direito das coisas). 
Convém salientar, que ambas as expressões 
“Direito das Coisas” e “Direitos Reais” possuem 
conceito e objetivo idênticos, e tratam da mesma 
matéria. 
 É o ramo do Direito Civil mais influenciado 
pelo Direito Romano e possui como matriz de 
regência a propriedade, cujo conceito não é único 
e sofreu várias evoluções ao longo da história. 
Inicialmente individualista, ao chegar na Era 
Medieval, a propriedade sofre uma dualidade de 
sujeitos (o que podia dispor da terra e o que a cedia 
a outrem), contudo, a disponibilidade real do bem 
caia nas mãos do soberano (detentor do poder 
político), que se baseava num sistema hereditário 
como forma de garantir o domínio. Com a 
Revolução Francesa, a propriedade adquire 
novamente uma concepção individualista, porém, 
gradativamente vai se modificando para uma 
concepção mais preceituada nos aspectos da função 
social da propriedade, predominando-se o interesse 
público sobre o privado, concepção na qual, se faz 
imperiosa em nosso ordenamento jurídico atual 
(art. 5º, XXIII, CRFB/88 c/c art. 1.228, CC/2002). 
Cumpre salientar que o direito das coisas não está 
regulado apenas no Código Civil, senão também 
em inúmeras leis especiais, como as que 
disciplinam, por exemplo, a alienação fiduciária, a 
propriedade horizontal, os loteamentos, o penhor 
agrícola, pecuário e industrial, o financiamento 
para aquisição da casa própria, além dos Códigos 
especiais já citados (Código de Águas e Código de 
Minas), concernentes às minas, águas, caça e pesca 
e florestas, e da própria Constituição Federal. 
 Para um melhor entendimento desta 
matéria, faz-se necessário delimitar e precisar o 
objeto do Direito das Coisas, para tanto, convém 
distinguir os direitos reais dos direitos pessoais. É 
cediço que o vocábulo reais deriva de res, que no 
âmbito do Direito, significa coisa. Assim, para a 
doutrina clássica, o direito real consiste no poder 
jurídico, direto e imediato, do titular (polo ativo) 
sobre a coisa, com exclusividade e contra todos. 
Logo, os demais sujeitos da sociedade (polo 
passivo), têm dever de absterem-se dos atos que 
possam ofender/violar o direito do titular. No 
momento em que o direito é violado, o sujeito 
passivo, que era indeterminado, torna-se 
determinado. Já o direito pessoal é uma relação 
jurídica, cujo sujeito ativo pode exigir do sujeito 
passivo determinada prestação. Possui como 
elementos, portanto, os sujeitos (ativo e passivo) e 
a prestação. O direito pessoal é direito relativo, 
visto que é oponível apenas às pessoas que fazem 
parte daquela relação jurídica. Já o direito real 
possui como elementos: o sujeito ativo, a coisa e o 
domínio da coisa (vínculo entre sujeito ativo e a 
coisa), sendo direito absoluto, pois é oponível a 
todos. Fundamentando-se neste entendimento, o 
Código Civil brasileiro consagrou a chamada 
Teoria dualista ou clássica, que como esboçado, 
prega a distinção entre os direitos reais e pessoais 
(obrigacionais). 
 As normas que regulam os direitos reais são 
de natureza cogente, de ordem pública, ao passo 
que as disciplinadoras do direito obrigacional são 
em regra, dispositivas ou facultativas, com livre 
autonomia de vontade das partes. O direito real 
possui efetivação direta, sem intervenção, ou 
dependência de colaboração de outrem para que 
exista e seja exercido. Ao passo de que o direito 
pessoal carece de intervenção de outro sujeito de 
direito. O direito real possui por objeto, coisa 
determinada, cuja violação é fato positivo, visto 
que o titular possui gozo permanente de seus 
direitos, que podem ser adquiridos por usucapião e 
apenas possui um sujeito passivo determinado no 
momento em que é violado, caso contrário, é 
sempre oponível a todos. Já o direito pessoal, 
possui por objeto a prestação, que pode ser genérica 
2 
 
e determinável, cuja violação nem sempre consiste 
num fato positivo, possuindo a relação um caráter 
transitório, visto que se extingue quando é 
cumprida a obrigação, que desde o seu nascimento 
já possui pessoa determinada e é oponível somente 
a esta (obs: não são cabíveis de usucapião). 
 Convém consignar alguns princípios: 
a. Princípio da aderência, especialização ou 
inerência: estabelece um vínculo direto e 
imediato entre titular e a coisa, do qual não 
necessita de outrem para existir. A relação 
se estabelece de modo que o titular do 
direito pode perseguir a coisa (jus 
persequendi), onde quer que ela se 
encontre, com quem quer que ela esteja e 
mesmo que a coisa se transmita a terceiros 
(fundamenta-se no art. 1.228, CC que 
faculta ao proprietário usar, gozar, dispor e 
reaver a coisa). 
b. Princípio do absolutismo: o caráter 
absoluto, decorre do fato de o direito real 
ser um direito direto e imediato, se 
manifestando, portanto, com oponibilidade 
erga omnes, fazendo surgir daí, o direito de 
sequela ou jus persequendi, ou seja, o 
direito de perseguir a coisa e de reivindica-
la em poder de quem quer que esteja (ações 
possessórias), como também o jus 
praeferendi (direito de preferência) sobre a 
coisa. 
c. Princípio da publicidade ou da 
visibilidade: por serem oponíveis erga 
omnes, os direitos reais necessitam que 
todos possam conhecer os titulares, para 
não os molestar (caráter conferidor de 
eficácia aos direitos reais). O registro e a 
tradição são meios de publicidade da 
titularidade dos direitos reais. 
d. Princípio da taxatividade ou numerus 
clausus: a lei os enumera de forma taxativa, 
sendo considerados somente os elencados 
na lei (numerus clausus), não ensejando, 
assim, aplicação analógica da lei. Os 
direitos reais existentes no nosso 
ordenamento jurídico estão previstos no art. 
1.225, CC, há, contudo, alguns outros 
direitos reais disciplinados de modo esparso 
no ordenamento jurídico brasileiro. 
Todavia, como todo direito real precisa de 
prescrição legal, é vedado as partes criar 
direitos reais, assim, toda limitação ao 
direito de propriedade que não esteja 
prevista em lei como sendo um direito real, 
possui, portanto, natureza obrigacional, 
visto que, se os direitos reais possuem 
oponibilidade erga omnes, seria 
inadmissível que as partes criem deveres 
jurídicos que se oponham a toda a 
sociedade. 
e. Princípio da tipicidade: os direitos reais 
existem em consonância com os tipos legais 
(lei). São, portanto, modelos dos tipos 
determinados e enumerados de forma 
taxativa pela norma consagrada no texto 
positivo. Só assim, poderão ser tidos como 
direitos reais. 
f. Princípio da perpetuidade: a doutrina 
classifica a propriedade como um direito 
perpétuo, visto que não se perde pelo não 
uso, mas somente por formas legais: 
desapropriação, usucapião, renúncia, 
abandono, etc., contudo,verifica-se que 
essa perpetuidade não é absoluta, visto que 
também se extingue o direito nas já 
referidas circunstâncias, porém, confere-se 
aos direitos reais mais estabilidade que aos 
direitos obrigacionais que possuem caráter 
transitório, já que estes se extinguem 
imediatamente após cumprida a obrigação. 
g. Princípio da exclusividade: cada sujeito 
exerce seu direito real com exclusividade, 
visto que não é possível instalar-se direito 
real onde outro já exista, ou seja, duas 
pessoas não ocupam o mesmo espaço 
jurídico, de modo que, não pode haver dois 
direitos reais, de igual conteúdo, sobre a 
mesma coisa. (Exemplos: no condomínio, 
cada consorte tem direito a porções ideais, 
distintas e exclusivas, nenhum consorte 
possui direito a mesma porção do imóvel; 
na locação, há um desmembramento da 
posse entre o possuidor direto -locatário- e 
o indireto -locador- por essa razão, cada um 
deles exerce, direta e imediatamente, sobre 
o imóvel, direitos distintos e sem 
intermediação do outro). 
h. Princípio do desmembramento: o direito 
de propriedade pode desmembrar-se em 
todos os outros tipos de direitos reais, 
beneficiando terceiros que passam a exercê-
los sobre coisa alheia (posse direta), 
contudo, há uma ulterior reunificação 
desses direitos no direito de propriedade-
matriz, através da consolidação, em que o 
direito volta ao proprietário, e este volta a 
ter o domínio pleno da res. À exemplo da 
locação, em que como exposto, há a figura 
do possuidor direto (locatário) e a do 
indireto (locador/proprietário), em que 
ambos exercem poder de posse sobre o 
3 
 
imóvel de modo distinto em virtude do 
desmembramento (visto que o locatário só 
possui os direitos de uso e gozo, enquanto o 
proprietário possui os direitos de dispor e 
reaver o imóvel), contudo, essa situação de 
desmembramento é sempre transitória, 
visto que ao se extinguir o contrato de 
locação, a posse plena volta-se para o 
proprietário (direito de propriedade-
matriz). Uma observação a ser feita quanto 
ao contrato de sublocação, é que este possui 
um desmembramento do desmembramento, 
digamos assim, pois, após a locação, há um 
segundo desmembramento (sublocação) 
em relação ao locatário, que outorga parte 
de sua posse para o sublocatário, de modo 
que, ambos exercerão um direito real 
juntamente com o proprietário, todavia, 
distintos entre si e proporcionais ao 
desmembramento (o sublocatário exercerá 
o seu direito em um menor grau que o 
locatário, que exercerá em menor grau que 
o proprietário). Tal como na locação, na 
sublocação, a posse retorna ao locatário, 
após a extinção do contrato de sublocação, 
contudo, nesse caso, não se trata do direito 
de propriedade-matriz, mas de posse 
indireta da coisa. Convém consignar que 
havendo o desmembramento sucessivo de 
posse da coisa, terá a posse direta somente 
àquele que tiver a coisa consigo, ademais, 
todas as posses serão indiretas, 
gradativamente. Contudo, os referidos 
desmembramentos sucessivos não 
diminuem o poder de propriedade-matriz 
do proprietário, que em caso de extinção 
dos demais contratos, tornará a ter domínio 
pleno da coisa (consolidação). 
A doutrina menciona, com efeito, a existência de 
algumas figuras híbridas ou intermédias, que se 
situam entre o direito pessoal e o direito real. 
Constituem, elas, aparentemente, um misto de 
obrigação e de direito real. (...) São chamadas de 
obrigações propter rem ou direitos reais 
inominados. Elas são ambulatórias, acompanham 
a coisa nas mãos de qualquer novo titular, de tal 
maneira que, ao se vender um prédio, transfere-se 
para o adquirente a obrigação de entrar com sua 
metade das despesas do muro comum, assim como 
para ele também são transferidas todas as 
obrigações que estão compreendidas na 
vizinhança. As referidas figuras híbridas, portanto, 
reúnem caracteres dos direitos reais e 
obrigacionais. 
Obrigação propter rem é a que recai sobre uma 
pessoa, por força de determinado direito real. Só 
existe em razão da situação jurídica do obrigado, 
de titular do domínio ou de detentor de 
determinada coisa. É o que ocorre, por exemplo, 
com a obrigação imposta aos proprietários e 
inquilinos de um prédio de não prejudicarem a 
segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos (CC, 
art. 1.277). Decorre da contiguidade dos dois 
prédios. Por se transferir a eventuais novos 
ocupantes do imóvel (ambulat cum domino), é 
também denominada obrigação ambulatória. São 
obrigações que surgem ex vi legis, atreladas a 
direitos reais, mas com eles não se confundem, em 
sua estruturação. Enquanto estes representam ius 
in re (direito sobre a coisa, ou na coisa), essas 
obrigações são concebidas como ius ad rem 
(direitos por causa da coisa, ou advindos da coisa). 
Ela é, segundo entende, “uma obrigação de caráter 
misto, pelo fato de ter como a obligatio in 
personam objeto consistente em uma prestação 
específica; e como a obligatio in re estar sempre 
incrustrada no direito real”. 
Ônus reais são obrigações que limitam o uso e 
gozo da propriedade, constituindo gravames ou 
direitos oponíveis erga omnes, como, por 
exemplo, a renda constituída sobre imóvel. 
Aderem e acompanham a coisa. Por isso se diz que 
quem deve é esta e não a pessoa. Embora 
controvertida a distinção entre ônus reais e 
obrigações propter rem, costumam os autores 
apontar as seguintes diferenças: a) a 
responsabilidade pelo ônus real é limitada ao bem 
onerado, não respondendo o proprietário além dos 
limites do respectivo valor, pois é a coisa que se 
encontra gravada; na obrigação propter rem 
responde o devedor com todos os seus bens, 
ilimitadamente, pois é este que se encontra 
vinculado; b) os primeiros desaparecem, 
perecendo o objeto, enquanto os efeitos da 
obrigação propter rem podem permanecer, mesmo 
havendo perecimento da coisa; c) os ônus reais 
implicam sempre uma prestação positiva, 
enquanto a obrigação propter rem pode surgir com 
uma prestação negativa; d) nos ônus reais, a ação 
cabível é de natureza real (in rem scriptae); nas 
obrigações propter rem, é de índole pessoal. 
Também se tem dito que, nas obrigações propter 
rem, o titular da coisa só responde, em princípio, 
pelos vínculos constituídos na vigência do seu 
direito. Nos ônus reais, porém, o titular da coisa 
responde mesmo pelo cumprimento de obrigações 
constituídas antes da aquisição do seu direito. 
Obrigações com eficácia real são as que, sem 
perder seu caráter de direito a uma prestação, 
transmitem-se e são oponíveis a terceiro que 
adquira direito sobre determinado bem. Certas 
obrigações resultantes de contratos alcançam, por 
força de lei, a dimensão de direito real. Assim, 
quando determinada relação obrigacional merece 
tratamento de maior proteção, concede-se eficácia 
real a uma relação obrigacional, criando uma 
exceção à regra geral dos efeitos pessoais das 
relações obrigacionais. 
 
POSSE 
 
1. Conceito 
4 
 
O conceito de posse, no direito positivo 
brasileiro, indiretamente nos é dado pelo art. 1.196 
do Código Civil, ao considerar possuidor “todo 
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, 
de algum dos poderes inerentes à propriedade”. 
Sendo, portanto, possuidor aquele que 
independentemente de ser proprietário, exerce 
sobre uma coisa poderes ostensivos, conservando e 
defendo, agindo como dono se comporta em 
relação ao que é seu. 
Segundo o art.1204 do CC, adquire-se a 
posse quando se torna possível o exercício dos 
poderes inerentes ao proprietário da coisa, ou seja, 
constitui posse quando surge o efetivo poder de 
titular da relação sobre determinado bem, 
garantindo também a possibilidade de exerce-lo. 
Assim quando for possível exercer sobre uma coisa 
poderes ostensivos, conservando-a e defendo-a, 
agindo como o dono se comporta em relação ao que 
é seu, adquire-se a posse. 
 
2. Teorias da posse 
O estudo da posse é repletode teorias que 
buscam explicar seus conceitos, essas se reduzem 
em dois tipos: teorias subjetivas, objetivas, 
ecléticas e sociológicas. 
a) Subjetiva – Savigny: O mérito do 
pesquisador se deu ao encontrar em seus 
estudos sobre a dogmática da posse, sua 
posição autônoma, em que existiam direitos 
exclusivos e resultantes da posse (ius 
possessionis), sendo esses direitos o núcleo 
próprio da teoria possessória. Para Savigny 
a posse é a união de dois elementos, o 
elemento objetivo e físico (corpus) e a 
intenção de se exercer poder sobre a coisa e 
ser propriamente dono, impedindo que 
outros intervenham (animus), a teoria se diz 
subjetiva em razão desse último elemento. 
Logo, não há posse se detém a coisa, mas, 
não há desejo de tê-la como dono (ex. 
locação). Ponto discutido: O direito não 
pode negar proteção ao locatário, por 
exemplo, contra um ladrão que consegue 
por violência a posse de um imóvel, pelo 
simples fato de haver ou não o animus. Para 
solucionar a questão Savigny criou a posse 
derivada, em que se transfere os direitos 
possessórios e não o direito de propriedade, 
para ao depositário, locatário e outros. 
Contudo, negou sua própria tese, visto que 
admitiu a posse sem intenção, mesmo 
distinguindo a posse com e sem ânimo. 
b) Objetiva – Ihering (acolhida): Nesta 
teoria o papel do animus não ganhou 
protagonismo, visto que o conceito de posse 
foi estabelecido conforme a maneira como 
o proprietário age em face da coisa, logo, os 
meios de exteriorização da propriedade. 
Portanto, Ihering entende que basta o 
corpus para a caracterização da posse, não 
o contato físico e sim a conduta para com a 
coisa. Assim, tem a posse aquele que se 
comporta como dono, o elemento subjetivo 
já está incluso, mas não é essencial o desejo 
de querer ser dono. A conduta de dono pode 
ser analisada objetivamente, sem a 
necessidade de pesquisar-se a intenção do 
agente. A posse, então, é a exteriorização da 
propriedade, a visibilidade do domínio, o 
uso econômico da coisa. Ela é protegida, 
em resumo, porque representa a forma 
como o domínio se manifesta. Um exemplo 
é o lavrador que deixa a sua colheita no 
campo mas conserva-a em sua posse e age 
para com o seu produto como todo produtor 
ordinário o faz. No entanto, se alguém deixa 
uma joia no campo, não conserva posse 
sobre ela, pois donos de joias não se 
comportam dessa maneira. A visibilidade 
da posse influencia na segurança da coisa e 
do domínio, pois, segundo a teoria objetiva 
a posse é a exterioridade ou visibilidade do 
domínio. Ou seja, para provar o estado da 
posse basta analisar a realidade e 
comportamentos, em casos mais 
complexos, é necessário ir até ato de 
aquisição, como no caso daqueles que 
possuem o terreno, mas, não produzem. 
Todavia, o dono não precisa acompanhar e 
ver tudo para reafirmar sua posse, basta que 
se comporte como possuidor, 
exteriorizando sua propriedade e 
possibilitando o uso econômico sobre a 
coisa. Assim, o aspecto de normal relação 
com a coisa constitui a posse, quando o 
propósito da coisa se perde e seu destino 
econômico é afetado, perde também a 
posse. Para Ihering, posse e detenção se 
distanciam devido a obstáculos legais, logo, 
a lei desqualifica a posse em certas 
situações, gerando os contextos de 
detenção. Neste ponto reside a diferença 
substancial entre as duas escolas, de 
Savigny e Ihering: “para a primeira, o 
corpus aliado à affectio tenendi gera 
detenção, que somente se converte em 
posse quando se lhes adiciona o animus 
domini (Savigny); para a segunda, o corpus 
mais a affectio tenendi geram posse, que se 
5 
 
desfigura em mera detenção apenas na 
hipótese de um impedimento legal 
(Ihering). A proteção possessória é 
elemento indispensável para posse, pois, 
em meio a uma ação possessória a 
propriedade está na defensiva e a 
reinvindicação na ofensiva, ou seja, o 
proprietário fica dispensado de comprovar 
sua posse sobre a coisa, pois em alguns 
casos é impossível comprovar tal fato, bem 
como, pode um intruso usar dessa alegação 
e obter imerecida proteção. Essa é 
provisória, até que o intruso seja 
convencido por meios ordinários, na 
própria ação. 
c) Sociológicas: Silvio Perozzi, na Itália, 
Raymond Saleilles, na França, e Antonio 
Hernández Gil, na Espanha. Deram eles 
novos rumos à posse, fazendo-a adquirir a 
sua autonomia em face da propriedade. Tais 
ideias dão ênfase ao caráter econômico e à 
função social da posse, aliada aos preceitos 
constitucionais, permitindo que em alguns 
contextos, a posse prepondere sobre a 
propriedade. Em 1966 foi publicada a 
Teoria Social da Posse de Perozzi, 
relacionada a abstenção de terceiros para 
com a posse, em que a posse necessita do 
corpus, animus e resulta do fator social, ou 
seja, é necessário haver uma abstenção 
coletiva para que o possuidor se efetive, 
obtendo a plena disposição de fato de uma 
coisa. Já a teoria da apropriação econômica 
de Saleilles, preconiza que a posse é 
independente do direito real, pois a primeira 
se manifesta segundo uma consciência 
social considerada economicamente. Há 
posse onde há relação de fato suficiente 
para estabelecer independência econômica 
do possuidor, distinguindo, portanto, posse 
e detenção. Por fim, Hernandez entende que 
a posse atua com uma função social, 
estando ela intrinsicamente relacionada as 
ações práticas humanas, tais como 
necessidade e trabalho. Sendo assim, a 
posse deve ser enquadrada na estrutura e 
função do Estado social, como um 
programa de distribuição de recursos. De 
acordo com essa visão, o inciso XXIII do 
art.5º da CF afirma a função social da 
propriedade. Assim, a atual visão é a de 
posse – trabalho, em que a lei deve proteger 
a posse que traz o trabalho criador, como 
investimentos e construções. 
 
3. Natureza jurídica da posse 
Inicia-se com o questionamento se a posse 
é um fato ou direito, e que para isso existem três 
teorias: 
a) Direito: Se os direitos são interesses 
juridicamente protegidos, então, a posse é um 
interesse juridicamente protegido. A posse é a 
condição da econômica utilização da propriedade e 
por isso o direito a protege, tendo por causa um 
fato. 
b) Fato: a posse não tem autonomia e por isso não 
tem valor jurídico próprio, visto que o fato 
possessório não está subordinado aos princípios 
que regulam a relação jurídica no seu nascimento, 
transferência e extinção. 
c) Eclética: A posse é fato e direito, pois 
considerando em si mesma é um fato e 
considerando os efeitos que produz é um direito, 
como por exemplo a usucapião e interdito. 
A última teoria é a aceita, contudo, faz se 
mister entender se trata de direitos reais ou 
pessoais. Ao analisarmos os princípios de ambos os 
direitos, compreende-se que se trata de um direito 
real, visto que o próprio conceito de direitos 
pessoais não se encaixa na posse “relação ou 
vínculo jurídico que confere ao credor o direito de 
exigir do devedor o cumprimento da prestação”. 
No entanto, para Marcus Vinicius Rios Gonçalves, 
a posse não é oponível erga omnes, logo, não é 
absoluta e por isso acabe cedendo a propriedade. 
Melhor, desse modo, ficar com a opinião de 
Clóvis Beviláqua: a posse não é direito real, mas 
sim direito especial. José Carlos Moreira Alves 
acolhe tal entendimento, dizendo que, 
“desanimados, em razão das peculiaridades que a 
posse apresenta, de a enquadrarem em qualquer das 
categorias jurídicas da dogmática moderna, vários 
autores se têm limitado a salientar que a posse é 
uma figura especialíssima, e, portanto, sui generis”. 
Assim, aduz: “Em verdade, no direito 
moderno, a posse é um instituto jurídico sui 
generis... Sendo instituto sui generis, não só não se 
encaixa nas categorias dogmáticas existentes, mas 
também não dá margem à criação de uma categoria 
própria que se adstringiria a essa figura única”. 
 
4. Fundamentosda posse 
O direito protege a posse como figura de 
direitos reais e a posse em sua plena autonomia, 
essa proteção se deve para garantir a paz social e a 
estabilidade e continuidade do estado. Sendo 
assim, se alguém se instala em um imóvel e fica por 
um ano e um dia de maneira pacífica, surge a jus 
possessionis ou posse formal, que é caracterizada 
pela sua autonomia e falta de titularidade, 
6 
 
protegido contra terceiros e até proprietários. Por 
outro lado, o direito à posse é conferido ao portador 
do título de direitos reais, sendo o jus possidendi ou 
posse causal. A posse, neste caso, constitui parte do 
direito real, não sendo autônoma, mas, ainda assim 
se protege essa situação contra atos de violência, 
visando a paz social. 
Se o sujeito se enquadra em ambas 
distinções (execução e titularidade), seus títulos 
não precisarão ser verificados, mas, se o possuidor 
não for o real titular, o titular se abstém, 
consolidando a situação do possuidor, que poderá 
adquirir a propriedade por meio do usucapião, ou, 
o verdadeiro titular reivindica sua posse por meio 
da ordem jurídica. Portanto, o jus possessionis 
persevera até que o jus possidendi o extinga. 
 
5. Posse e detenção 
O exercício sob o corpus material da coisa 
identifica detenção, sendo a posse o animus domini 
(vontade de possuir para si), e a exterioridade do 
domínio, ou seja, tem a posse aquele que se 
comporta como proprietário. Para Ihering, a 
detenção é a posse degradada, em que por virtude 
da lei, se avilta em detenção. Ademais, somente a 
posse confere direitos e efeitos jurídicos, sendo 
esse o fator distintivo. 
Por outro lado, o detentor é aquele que “em 
relação de dependência para com outro” e conserva 
a posse “em nome deste e em cumprimento de 
ordens ou instruções suas” (art.1.198 CC). O 
possuidor exerce de fato em razão de interesse 
próprio, enquanto o detentor o exerce em nome de 
outrem, como é o caso dos caseiros. Logo, o 
detentor age conforme lhe determina o possuidor, e 
não de maneira independente. 
Conforme disciplina Moreira Alves, a 
detenção é “a relação material com a coisa com 
animus diverso do rem sibi habendi ou do domini, 
ou a relação material com a coisa com o mesmo 
animus da posse (animus que se reduz à 
consciência e se revela pelo elemento objetivo), a 
que a lei, porém, nega efeitos possessórios”. 
Outros artigos falam sobre os casos em que 
o exercício de fato não constitui a posse, são eles: 
art. 1.208, que trata sobre impedimentos para o 
surgimento da posse, e o art.1.224 do CC, que trata 
sobre a mera detenção enquanto o possuir não 
presente tenha notícia do esbulho e se abstenha que 
retomar a coisa. Por fim, não há posse de bens 
públicos, art.183 e art.191 da CF proíbem a 
usucapião de tais bens. 
 
6. Objeto da posse e a posse dos direitos 
pessoais 
Para os romanos, a posse sobre coisas não 
físicas era denominada quase posse, séculos depois 
o conceito de posse foi ampliado, por influência do 
direito canônico, e passou a acolher direitos 
pessoais. No séc. XIX estendeu-se a posse aos 
direitos reais e obrigacionais, que implicavam nos 
poderes sobre uma coisa. 
Todavia, o CC 2002 seguiu o entendimento 
dado de Beviláqua que suprimiu a alusão à posse 
de direitos. Assim sendo, o art. 488 corresponde ao 
art. 1.199 do novo diploma, que tem a seguinte 
redação: “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa 
indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos 
possessórios, contanto que não excluam os dos 
outros compossuidores”. 
O art. 490 foi reproduzido no art. 1.201 do Código 
de 2002, sem a expressão final: “ou do direito 
possuído”. A redação ficou sendo a seguinte: “É de 
boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o 
obstáculo que impede a aquisição da coisa”. E o art. 
493, I, foi substituído pelo art. 1.204, verbis: 
“Adquire-se a posse desde o momento em que se 
torna possível o exercício, em nome próprio, de 
qualquer dos poderes inerentes à propriedade”. 
Acrescenta Beviláqua, na obra citada, que 
“o Código reconhece a posse dos direitos, que 
consiste na possibilidade incontestável do efetivo 
exercício de um direito. Como, porém, a posse é 
estado de fato, correspondente à propriedade, os 
direitos suscetíveis de posse são apenas os que 
consistem em desmembramentos dela, os direitos 
reais, excluída, naturalmente, a hipoteca, porque 
ela não importa utilização nem detenção da coisa 
vinculada à garantia de pagamento. Os direitos 
pessoais são estranhos ao conceito de posse”. 
Obs: Os bens semi-corpóreos surgiram com o 
desenvolvimento tecnológico da humanidade, 
como energia, ondas de frequência televisiva, 
linhas telefônicas e outros. Sendo que a proteção 
possessória não tem sido negada, mas o 
entendimento é de que nunca há de ser ela deferida 
contra o concedente do serviço, mas contra aqueles 
que turbam a utilização 
 
7. Modos de aquisição da posse 
O Código Civil de 2002, coerente com a teoria 
objetiva de Ihering, adotada no art. 1.196, não fez 
discriminação dos modos de aquisição da posse, 
limitando se a proclamar, no art. 1.204: “Adquire-
se a posse desde o momento em que se torna 
possível o exercício, em nome próprio, de qualquer 
dos poderes inerentes à propriedade”. A aquisição 
pode se concretizar por qualquer dos modos de 
aquisição em geral. 
a) Originário: 
7 
 
Neste caso não há relação de causalidade 
entre a posse atual e a anterior, como nos casos em 
que há esbulho, e o vício posteriormente 
convalesce. Assim, adquire-se a posse de modo 
originário quando não há consentimento do 
possuidor precedente. Exemplificando, 
primeiramente o primeiro possuidor apresentava 
sua posse escoimada com vícios, tais vícios 
desparecem ao ser ele esbulhado, fazendo com que 
o esbulhador exerça sua posse livre de vícios, visto 
que esses se convalesceram. Obs: O art.1.207 em 
sua segunda parte traz uma exceção, em que pode 
ter outros defeitos, mas, não vícios anteriores, ao 
facultar ao sucessor singular direito de unir a sua 
posse a de seu antecessor, para os efeitos legais. 
• Apreensão da coisa: apropriação unilateral 
de coisa “sem dono”, a coisa é sem dono 
quando tiver sido abandonada ou quando 
não for de ninguém. Ocorre a apreensão 
quando a coisa é retirada de outrem sem a 
sua permissão. Neste último, mesmo tendo 
ocorrido com violência ou clandestinidade, 
se o primitivo possuidor se omitir, não 
reagindo em defesa da posse ou não 
defendendo por meio de interditos, os 
vícios desaparecem e terá o novo possuidor 
obtido posse injusta, sendo merecedora de 
proteção. Obs: Se tratando de coisas 
imóveis, adquire a posse pelo fato de o 
possuidor deslocar para a sua esfera de 
influência, logo, sua ocupação e uso da 
coisa. 
• Exercício do direito: o art.1.379 proclama 
que o exercício incontestado e contínuo de 
uma servidão aparente conduz à usucapião, 
adquire-se pelo exercício dos direitos reais 
sobre coisa alheia, ou seja, o exercício 
daqueles direitos que podem ser objeto de 
uma relação possessória. Exemplo é a 
passagem constante de água por um terreno 
alheio, capaz de gerar servidão de águas. 
Ter o exercício do direito é poder usar e 
utilizar desses. 
• Disposição da coisa ou do direito: é um 
desdobramento da ideia do exercício do 
direito, em que se caracteriza pela conduta 
normal do titular do passo ou domínio. 
Assim, se o possuidor vende sua posse ou 
cede possíveis diretos de servidão de águas, 
está realizando ato de disposição, capaz de 
induzir a condição de possuir. 
b) Derivados: 
Diz-se que a posse é derivada quando há 
anuência do anterior possuidor, como no negócio 
jurídico, havendo, portanto, a transmissão da posse 
ao adquirente, pelo alienante (art.104 CC). Neste 
caso, o adquirente recebe a coisa com seus vícios 
de quando a coisa pertencia ao antigo dono. 
(art..206 CC). 
• Tradição: O ato pressupõe um acordode 
vontades, um negócio jurídico de alienação, 
seja a título gratuito, seja a título oneroso. 
São requisitos da tradição a entrega da 
coisa, a intenção das partes de efetuar a 
tradição e a justa causa, como o negócio 
jurídico. Contudo, devido a diversidade de 
possíveis circunstancias, ela se divide em 
três espécies: a) real (entrega material da 
coisa), simbólica ( representada por um ato 
de significado, como a entrega das chaves 
do carro vendido) e enfim, a ficta (quando, 
mesmo transferindo o domínio da coisa, o 
vendedor conserva essa em seu poder como 
locatário). A tradição ficta se divide em: a) 
traditio brevi manu: o possuidor de uma 
coisa alheia (locatário) passa a possui-la 
como própria, como o arrendatário que se 
torna proprietário; b) constituto 
possessório: o vendedor transferindo a 
outrem o domínio da coisa, conserva-a em 
seu poder como locatário, ou seja, antes 
possuir e agora locatário. A clausula 
constituto não se presume, deve estar 
expressa, fazendo com que o comprador só 
adquira a posse indireta, que é transferida 
sem a entrega material da coisa. Nos dois 
casos, não é preciso renovar a entrega da 
coisa, pois ambas as cláusulas visam evitam 
complicações com duas entregas 
sucessivas. 
• Sucessão na posse (art.1206 e art.1207 
CC): A transmissão mortis causa pode ser 
universal e a título singular. A primeira 
ocorre quando o herdeiro é chamado a 
suceder na totalidade da herança ou parte 
dela. No segundo caso, o testador deixa ao 
beneficiário um bem certo e determinado, o 
legado, como um veículo ou terreno. A 
sucessão legitima sempre é universal, já a 
testamentária pode ser universal ou 
singular. É necessário ressaltar que a 
sucessão universal aceita a coisa com todos 
os direitos e qualidades a ela inerentes, 
logo, se a posse era viciada ou de má-fé, 
transfere-se da mesma forma. Por outro 
lado, a título singular, há uma acessão da 
posse e não sucessão. Já a sucessão inter 
vivos opera a título singular, como é o caso 
8 
 
da acessio possessionis, em que o 
comprador une sua posse a do seu 
antecessor, contudo, essa é facultativa. 
Ocorrendo esse instituto, a posse 
permanece eivada de vícios da anterior, 
contudo, se desligar a posse do antecessor, 
inicia-se uma nova posse e com essa, o 
prazo para usucapião. A usucapião 
extraordinária dispensa boa-fé e pode o 
comprador utilizar o período de posse de 
má-fé de seu antecessor para que se 
consume em menor prazo, não havendo a 
junção das posses, a posse atual fica livre de 
vícios e por isso necessita de um prazo 
maior. 
 
8. Quem pode adquirir a posse 
O art.1205 CC proclama que podem 
adquirir a posse pela própria pessoa ou seu 
representante e pelo terceiro sem mandato, 
dependendo da ratificação. No primeiro caso, a 
pessoa pode adquirir a coisa se for capaz, caso não 
seja, deve estar assistida ou representada. Vale 
ressaltar que não é necessário um procurador 
formal. Bastando um vínculo jurídico, realizando a 
posse alieno nomine, como é o caso do jardineiro 
que vai buscar as plantas para o patrão. 
Admite-se também que terceiro, mesmo 
sem mandato, adquira posse em nome de outrem, a 
depender de ratificação, sendo a figura do gestor de 
negócios. O exemplo doutrinário é de alguém que 
cerca uma área e coloca um procurador, mas, esse 
cultiva na área em nome do mandante e em outra 
vizinha. O capataz, então, mesmo não sendo 
mandatário para o cultivo da segunda área, pode 
adquirir a posse por meio da ratificação do titular, 
expressa ou tácita. 
 
9. Perda da posse 
Perde a posse, como aduz o artigo 1.223 do 
CC quando cessa o poder sobre o bem, ainda que 
contra a vontade do possuir. São hipóteses dessa 
situação: 
a) Abandono: o possuidor renuncia à posse, 
manifestando vontade de largar o que lhe 
pertence. Para configurar o abandono é 
necessário o não uso da coisa e o ânimo de 
renunciar o direito. Além disso, pode perder 
a posse por abandono do representante, 
desde que, o possuidor avisado do ocorrido, 
se abstém de recorrer a coisa, ou, tente 
retoma-la e é repelido. 
b) Tradição: quando há efetiva intensão de 
transferir a posse a outrem, como a venda 
do objeto. Além disso, é necessário 
ressaltar que mesmo a tradição ficta, em 
que se dispensa a tradição, é meio de perda 
de posse e conversão do animus para um, de 
aquisição para o outro. 
c) Perda da coisa: se a coisa desaparece, é 
impossível exercer poder físico sobre ela, 
como é o caso do pássaro que foge da 
gaiola. Assim, a impossibilidade de 
reencontrar a coisa e a desistência de 
procura-la efetiva a perda de posse, pois, se 
perde a coisa em casa, ao reavê-la, 
permanece com seu estado de possuidor. 
d) Destruição da coisa: uma vez que o objeto 
perece, extingue-se o direito. Tal fato pode 
ocorrer por meios naturais ou fortuitos. 
Caracteriza-se destruição da coisa quando o 
bem deixa de ter as qualidades essenciais a 
sua utilização ou valor econômico e ainda 
quando o for impossível distinguir a coisa 
nos casos de confusão e outros. 
e) Colocação da coisa fora do comércio: 
quando a coisa se tornar inaproveitável ou 
inalienável, passa a categoria de coisa extra 
commercium, verificando a perda da posse 
pela impossibilidade de haver poder físico 
sobre o objeto da posse. 
f) Pela posse de outrem: ainda que a posse 
tenha se formado contra a vontade do 
primitivo possuidor, o desapossamento 
violento ou clandestino por ato de terceiro, 
da origem a detenção eivada de vício pela 
violência ou clandestinidade. 
 
10. Recuperação de coisas móveis e títulos do 
portador 
Tal dispositivo estava presente no CC 1916, 
mas, não foi incluído no código de 2002. Contudo, 
nada impede que o proprietário que tenha perdido 
o título de portador ou tenha sido injustamente 
desapossado, o reivindique da pessoa que o detiver 
ou requeira sua anulação e substituição por outro, 
pelo procedimento comum. Por outro lado, 
valendo-se de coisa móvel, imóvel e semovente, 
prevalece a regra geral, em que o proprietário 
injustamente privado da coisa que lhe pertença, 
pode reivindica-la de quem a detenha (art.1228 
CC). 
Obs: Aquele que adquire a coisa extraviada 
ou roubada, só adquire a posse em leilão público ou 
privado, em que o alienante de boa-fé se torna dono 
(art.1268). Além disso, não transfere a propriedade 
quando tiver por título negócio jurídico nulo. Nos 
casos de estelionato e apropriação indébita, não 
pode o proprietário reivindicar a coisa, se esta 
estiver em poder de terceiro de boa-fé. Pode a 
9 
 
vítima voltar para o autor do ato ilícito, para exercer 
seus eventuais direitos. 
 
11. Perda da posse para o ausente 
O CC de 2002 compreende que só se 
considera perdida a posse pra quem não presenciou 
o esbulho, quando, tendo noticia dele, se abstém de 
retornar coisa, ou, tentando recupera-la, é 
violentamente repelido (art.1224 d art.1210 CC). 
Assim, a simples ausência não importa perda de 
posse, podendo o possuidor, mesmo que ausente, 
continuar a posse solo animo, ainda que a coisa 
tenha sido ocupada pro terceiro, durante a sua 
ausência. 
 
12. Classificação da posse 
a) Posse Direta e Posse Indireta (art.1197 
CC) 
Segundo a teoria de Ihering a posse plena é 
a em que o possuidor exerce de fato os poderes 
inerentes à propriedade, como se sua fosse a coisa. 
É uma denominação que tem em vista o seu 
conteúdo. Contudo, pode a posse possuir 
desdobramentos, em que, a coisa possui utilização 
econômica e exercício de fato de alguns direitos 
inerentes a propriedade. Aquele que se comporta 
como se tivesse tais direitos sobre a coisa, ainda 
que não tenha sob sua dominação direta, é 
possuidor da coisa. Logo, existe: 
Posse direta: o terceiro fica com a posse 
direta 
Posse Indireta: titular do direito real fica 
com a posse indireta 
Obs: Ambos possuem direito a proteção no caso 
contra terceiros,contudo, somente ao possuidor 
indireto é destinado o direito de adquirir a coisa em 
virtude de usucapião, pois possui animo de dono. 
Os desdobramentos da posse podem ser sucessivos. 
Assim, feito o primeiro desdobramento da posse, 
poderá o possuidor direto efetivar novo 
desmembramento, tornando-se, destarte, possuidor 
indireto, já que deixa de ter a coisa consigo. 
Havendo desdobramentos sucessivos da posse, terá 
posse direta apenas aquele que tiver a coisa 
consigo: o último integrante da cadeia dos 
desdobramentos sucessivos. Os demais integrantes 
da cadeia terão, todos, posse indireta, em gradações 
sucessivas. 
b) Posse exclusiva / composse / posses 
paralelas 
Exclusiva: a posse é de um único 
possuidor, seja ela pessoa física ou jurídica, tendo 
sob a mesma posse plena, direta ou indireta. Assim, 
se a posse do esbulhador, cassada a violência ou 
clandestinidade, se torna posse exclusiva. Se ele 
arrendar a posse a uma só pessoa, sua posse indireta 
será exclusiva, bem como será a posse direta. A 
posse plena pode ser ou não exclusiva. 
Composse (art.1199 CC): Vários 
possuidores exercem sobre a mesma coisa, posse 
direta ou indireta, se opondo a posse exclusiva. 
Exemplo de composse é marido e mulher em 
regime de comunhão de bem, no caso, há um 
condomínio, pois ambos exercem a posse sobre a 
coisa, e cada um possuem uma parte abstrata da 
coisa. Dado lhe é praticar todos os atos 
possessórios que não excluam a posse dos outros 
compossuidores. Cada qual pode invocar a 
proteção possessória para defesa do objeto comum, 
de maneira que não exclua a posse dos outros. Obs: 
Existe ainda a composse pró diviso, em que todos 
utilizam de forma pacifica o direito de cada um, 
após ter sido realizado uma divisão de fato. Por 
outro lado, a composse será pró indiviso se todos 
ao mesmo tempo exercerem os poderes de fato 
sobre a totalidade da coisa, caracterizando a 
exploração comum do bem). 
Posses paralelas: concorrência ou 
sobreposição das posses, onde existe posses com 
naturezas diversas sobre a mesma coisa. Neste 
caso, a posse direta e indireta são exemplos. 
c) Posse justa e Posse injusta (art.1200 CC) 
O legislador classifica a posse como justa e 
injusta a partir do momento de sua aquisição, sendo 
assim o art.1208 do CC afirma que não autorizam 
a aquisição da posse “os atos violentos ou 
clandestinos, senão depois de cessar a violência ou 
a clandestinidade”. 
A posse viciada é justa e suscetível de 
proteção com relação a estranhos, injusta em 
relação ao legitimo possuidor, mas, poderá ser justa 
frente ao terceiro que não tenha posse alguma. Para 
proteção da posse, basta que ela seja justa em 
relação ao adversário. 
Podem os vícios se convalescerem, 
contudo, enquanto não findam, caracteriza-se 
apenas a detenção. Cessados, surge a posse injusta 
em relação a quem a perdeu. Para cessar a 
clandestinidade, basta que o esbulhador não oculte 
a coisa, tornando possível que o legitimo possuidor 
venha tomar ciência sobe o ocorrido. Além disso, a 
violência cessa quando o esbulhado deixar de 
reagir e a mera detenção passa a ser considerada 
posse. 
Ressalta a exceção formada pela 
precariedade, já que essa não pode convalescer 
(art.1208), seja porque representa abuso de 
confiança, seja porque a obrigação de devolver a 
coisa recebida em confiança nunca cessa. Assim, o 
10 
 
esbulhador passa de possuidor justo para injusto, 
em relação ao esbulhado. 
Na posse de mais de ano e dia, o possuidor 
será mantido provisoriamente, inclusive contra o 
proprietário, até ser convencido pelos meios 
ordinários (CC, arts. 1.210 e 1.211; CPC, art. 558, 
caput e parágrafo único). Cessadas a violência e a 
clandestinidade, a posse passa a ser “útil”, surtindo 
todos os efeitos, nomeadamente para a usucapião e 
para a utilização dos interditos. Obs: Nada impede 
que uma posse inicialmente injusta se transforme 
em justa, quer pela ação do possuidor, quer pelo 
decurso do tempo. como seria o caso de quem 
tomou pela violência comprar do esbulhado, ou de 
quem possui clandestinamente herdar do 
desapossado. 
Justa: posse isenta de vícios, por ter sido 
adquirida segundo os modos previstos na lei ou 
sem vício jurídico externo. 
Injusta: posse adquiria viciosamente, por 
violência ou clandestinidade ou por abuso precário. 
Ex. expulsar alguém de um imóvel a força. 
Violenta: a violência pode ser física ou 
moral, no caso dessa última, a coação é incluída, se 
exercida no ato do estabelecimento da posse. As 
ameaças que tenha consequência o abandono da 
posse por parte de quem as sofreu, se equiparam a 
violência material. Independente do responsável 
pela violência, a posse é injusta se ocorrer. 
Clandestina: é a posse daquele que furta um 
objeto ou ocupa um imóvel as escondidas, as 
ocultas da pessoa cujo poder queira tirar, como é o 
exemplo do ladrão que furta com sutileza. 
Precária: o agente se nega a devolver a 
coisa, findo o contrato. Devendo restituir a coisa ao 
proprietário, o sujeito se nega, como em alugueis e 
empréstimos, passando a obter a coisa em seu 
próprio nome. 
Atenção, pois se a tradição foi feita como 
símbolo de transmissão da propriedade, há 
necessidade de anular o negócio jurídico para que 
a transferência deixe de valer. Contudo, se a 
tradição foi feira apenas para transmitir a posse, e 
não NJ, essa será injusta, e aquele que perdeu 
poderá requerer ao uso das ações possessórias. 
Obs: não se deve confundir violência com má-fé, 
pois a primeira pode existir sem a segunda 
d) Posse de boa-fé e Posse de má-fé 
A boa-fé no direito das coisas representa 
numerosos privilégios e imunidades sobre a 
matéria da posse, pode o possuidor de boa-fé (não 
ao proprietário) criar o domínio, ter direito à 
percepção dos frutos, exime o possuidor de 
indenizar a perda ou deterioração do bem em sua 
posse, regulamenta a hipótese de quem, com 
material próprio, edifica ou planta em terreno 
alheio; e, ainda, outorga direito de ressarcimento ao 
possuidor pelos melhoramentos realizados. 
O conceito de boa-fé no CC está no art.1201 
CC, em que conceitua a posse de boa-fé como 
aquela em que “o possuidor ignora o vício, ou o 
obstáculo que impede a aquisição da coisa”. 
Decorre da consciência de se ter adquirido a posse 
por meios legítimos, no entanto, erros inescusáveis, 
geados por ignorância ou grosseria, não são 
considerados com de boa-fé. 
Enquanto que a má-fé e a consciência sobre 
a existência do vício, e ainda assim o faz. O seu 
conceito, portanto, funda-se em dados 
psicológicos, em critério subjetivo, ao contrário da 
posse injusta e justa, em que se analisa critérios 
objetivos (existência de vícios ou não). Duas 
teorias tratam sobre a má-fé, a psicóloga em que o 
interessado tem ciência sobre os impedimentos da 
aquisição, e ética, que liga a má-fé a ideia de culpa. 
A culpa, a negligência ou a falta de 
diligência comum são enfocadas, pois, como 
excludentes da boa-fé, como fazem os adeptos da 
concepção ética. Todavia, a boa-fé não é essencial 
para o uso das ações possessórias, bastando que 
haja uma posse justa, ainda que de má-fé. 
A boa-fé somente ganha relevância, com 
relação à posse, em se tratando de usucapião, de 
disputa sobre os frutos e benfeitorias da coisa 
possuída ou da definição da responsabilidade pela 
sua perda ou deterioração. O CC estabelece que o 
justo título, como fundamento jurídico de direito, 
presume-se a boa-fé, exceto se houver prova em 
contrário ou se a lei não admitir tal ato (juris 
tantum). Em resumo, justo título é o que se seria 
hábil para transmitir o domínio e a posse, se não 
contivessem vício impeditivo. 
Nestes casos, o ônus da prova passa a ser da 
parte contrária, que deverá demonstrar que o 
possuidor estava ciente de não ser justa posse. Em 
termos de usucapião, o justo título deve ser capaz 
de transmitir o domínio, enquantoque em termos 
de posse, basta ser causa jurídica, como um 
contrato de locação. A posse de boa-fé só se 
transforma em má-fé quando as circunstancias 
façam presumir que o possuidor não ignorou os 
impedimentos (art.1205 CC). 
Com relação aos frutos, benfeitorias e 
acessões, essas só são adquiridas se no momento da 
colheita ou realização, a boa-fé persistia. Enquanto 
essa durar, o possuidor tem direito a indenização 
pelas benfeitorias necessárias e uteis e levantar as 
voluptuárias que não lhe forem indenizadas. Para a 
usucapião, a boa-fé deve persistir durante todo o 
período prescricional. A jurisprudência defende 
11 
 
que no momento da citação ocorre a transformação 
da posse de boa-fé em má-fé, pois o possuidor toma 
ciência dos vícios de sua posse. 
e) Posse nova e Posse velha (art.1211) 
O decurso do tempo tem o objetivo de 
consolidar a situação de fato, permitindo que a 
posse se liberte de vícios de violência e 
clandestinidade. O artigo em questão dispõe que, 
quando mais de uma pessoa se disser possuidora, a 
coisa será mantida com aquele que a possuir, se não 
manifesto vícios. 
Além disso, não se pode confundir posse 
nova e velha com ação de força nova e ação de 
força de velha, pois nesse caso, leva-se em 
consideração o tempo decorrido desde a turbação 
ou esbulho. Se o turbado ou esbulhado reagiu logo, 
intentando a ação dentro do prazo de ano e dia, 
contado da data da turbação ou do esbulho, poderá 
pleitear a concessão da liminar (CPC/73, art. 924; 
CPC/2015, art. 558), por se tratar de ação de força 
nova. 
Passado esse prazo, no entanto, como visto, 
o procedimento será ordinário, sem direito a 
liminar, sendo a ação de força velha. Posse nova: 
menos de ano e dia. Posse velha: ano e dia ou mais 
f) Posse natural e posse civil ou jurídica 
Natural: se constitui pelo exercício de 
poderes de fato sobre a coisa (detenção material e 
efetiva da coisa). 
Posse civil / jurídica: se adquire por força 
da lei, sem a necessidade de atos físicos ou 
apreensão de objetos, como é o caso do constituto 
possessório. 
g) Posse ad interdicta e Posse ad 
usucapionem 
Ad Interdicta: pode ser defendida por 
interditos, logo, pelas ações possessórias quando 
molestada, mas, não conduz a usucapião. Ex. 
locatário é vítima de ameaça ou turbação, pode 
defender a coisa ou recupera-la pela ação 
possessória, até mesmo contra o proprietário. Para 
que a posse seja protegida, basta ser justa e sem 
vícios. 
Ad usucapionem: a posse se prolonga por 
determinado tempo estabelecido em lei, 
defendendo ao seu titular a aquisição de domínio, é 
aquela capaz de gerar propriedade. 
h) Posse pro diviso e posso pro indiviso 
Pro indiviso: compossuidores tem posse 
apenas de partes ideais da coisa 
Pro diviso: se cada compossuidor divide o 
imóvel e estabelece domínio sobre uma parte, neste 
caso, cada um pode moer ação possessória contra 
outro possuidor que moleste no exercício de seus 
direitos. 
 
13. Efeitos da posse 
Os efeitos da posse geram discussões 
doutrinárias sobre o tema, a primeira corrente 
defende que os efeitos são múltiplos, enquanto a 
segunda entende que a posse gera apenas um efeito: 
induzir a presunção de propriedade. Em suma, 
conclui-se que a posse produz cinco efeitos 
evidentes: a) a proteção possessória, abrangendo a 
autodefesa e a invocação dos interditos; b) a 
percepção dos frutos; c) a responsabilidade pela 
perda ou deterioração da coisa; d) a indenização 
pelas benfeitorias e o direito de retenção; e) a 
usucapião. 
 
a) Proteção Possessória: proteção conferira 
ao possuidor, dentro dos limites do 
indispensável para manutenção ou 
restituição da posse, essa ocorre de dois 
modos (art.1210 CC): 
• Autodefesa 
-Legítima defesa: A primeira somente tem lugar 
enquanto a turbação perdurar, estando o possuidor 
na posse da coisa. Ou seja, quando o possuidor se 
acha presente e é turbado no exercício de sua posse, 
pode reagir, fazendo uso da defesa direta, agindo, 
então, em legítima defesa. 
-Desforço imediato: ocorre quando o possuidor, 
já tendo perdido a posse (esbulho), consegue reagir, 
em seguida, e retomar a coisa. O desforço imediato 
é praticado diante do atentado já consumado, mas 
ainda no calor dos acontecimentos. O possuidor 
tem de agir com suas próprias forças, embora possa 
ser auxiliado por amigos e empregados, 
permitindo-se lhe ainda, se necessário, o emprego 
de armas. 
*A ação deve ser logo após o esbulho, permitindo 
em regra um pequeno lapso de tempo. 
*Somente ações indispensáveis para a retomada da 
posse podem ser realizadas. O excesso na defesa da 
posse pode acarretar a indenização de danos 
causados. 
• Ações possessórias 
As ações tipicamente possessórias são: 
manutenção, reintegração e interdito proibitório 
-Legitimidade Passiva e Ativa: exige-se a 
condição de possuidor para propor os interditos, 
mesmo que não tenha títulos. O contrário também 
precede, se apenas tem o direito, mas, não tem a 
posse não poderá utilizar da ação, com exceção dos 
herdeiros que podem unir sua posse ao de seu 
antecessor utilizar dessa saída (art.1207 CC). 
Possuidores diretos e indiretos tem direito a ação 
possessória contra terceiros e um contra o outro 
(art.1197 CC). A legitimidade passiva é do autor ou 
12 
 
mandatário (aquele que ordenou) da ameaça, 
turbação ou esbulho, assim como o terceiro de má-
fé que recebeu a coisa esbulhada. Contra o terceiro 
que recebeu a coisa de boa-fé não cabe ação de 
reintegração e sim ação petitória. 
-Conversão da ação possessória e ação de 
indenização: pode o possuidor demandar ação 
possessória e pleitear perdas e danos, de modo 
cumulativo. Caso a coisa pereça ou deteriore, só 
resta a indenização, cabendo ao juiz tomar uma 
posição em relação ao fato novo, se no caso a perda 
ocorrer depois do ajuizamento da demanda. Por 
outro lado, se a perda ocorrer depois da sentença, 
mas, antes da execução, aplica-se por analogia o 
art.627 do CC. 
• Ações Possessórias no CPC 
-A fungibilidade dos interditos: Com base no 
art.554 do CPC, se o autor ingressar com uma ação 
possessória em vez de outra, o juiz poderá outorgar 
proteção legal referente aquela ação em quem os 
requisitos forem aprovados, logo, a parte expõe os 
fatos e o juiz aplica o direito. O princípio só pode 
ser aplicada com relação as três ações possessórias 
em sentido estrito, sendo assim, a conversão do 
interdito proibitório em interdito de manutenção ou 
reintegração de posse é autorizada, já a ação de 
manutenção de posse, não há mais lugar para ser 
intentado o interdito proibitório por falta de 
interesse de agir. A correção pode ser feita pelo juiz 
já ao despachar a inicial e proferir decisão 
concessiva ou denegatória da liminar, bem como na 
sentença definitiva. Pode ser realizada também na 
fase recursal, pelo juízo de segundo grau. 
-Cumulação de pedidos: O art.555 CPC permite a 
cumulação de pedidos na ação possessória de 
maneira facultativa. Observa-se que que as perdas 
e danos pode ser fixada pelo juiz desde logo, se 
houver elementos para tal. 
-Caráter dúplice das ações possessórias: A ação 
possui natureza dúplice quando inexiste 
predeterminação do polo ativo e passivo, logo, 
qualquer um dos sujeitos pode ajuizar contra o 
outro. como na ação de prestação de contas, que 
pode ser ajuizada não só por aquele a quem são 
devidas, como também pelo que as deve, servindo 
a sentença de título executivo contra qualquer 
deles, independentemente de quem seja autor ou 
réu, não sendo possível aplicar a reconvenção. O 
art.556 do CPC admite que tendo a lei conferido 
caráter dúplice às ações possessórias, não se faz 
necessário pedido reconvencional. Se se julgar 
ofendido em sua posse, o réu pode formular, na 
própria contestação, os pedidos que tiver contra o 
autor. Isso ocorre em razão de que ambas as partes 
podem arguir a condição depossuidores, devendo 
o juiz decidir quem tem a melhor posse. 
-Distinção entre juízo possessório e juízo 
petitório - A exceção de domínio: A ação 
possessória discute a tutela da posse frente a uma 
ameaça, turbação ou esbulho, já a ação petitória é 
meio de tutela dos direitos reais, propriedade e 
outros. Enquanto a ação possessória estiver 
tramitando, a ação petitória não poderá ser 
acionada em relação ao direito à posse. A 
consequência prática da proibição é que poderá o 
possuidor não proprietário, desde que ajuíze ação 
possessória, impedir a recuperação da coisa pelo 
seu legítimo dono, pois este ficará impedido de 
recorrer à reivindicatória até que a possessória seja 
definitivamente julgada. 
-Procedimento: ação de força nova e ação de força 
velha: o art. 558 do CPC estabelece rito especial 
para o procedimento de manutenção e reintegração 
de posse quando a ação for proposta dentro de um 
ano e um dia de turbação ou esbulho, após esse 
prazo o rito será comum, não perdendo o caráter 
possessório da ação. A ação nova permite que seja 
estabelecia uma medida liminar. 
-A exigência de prestação de caução: o art.559 do 
CPC estabelece que se o réu provar que o autor o 
autor provisoriamente mantido ou reintegrado na 
posse carece de idoneidade financeira para, no caso 
de sucumbência, responder por perdas e danos, o 
juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para 
requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de 
ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a 
impossibilidade da parte economicamente 
hipossuficiente. Poderá a caução ser real (imóveis, 
joias, dinheiro) ou fidejussória (carta de fiança). 
• Manutenção e reintegração da posse 
Caraterísticas e requisitos: A manutenção e 
reintegração apresentam características e requisitos 
semelhantes, a principal diferença é que o 
possuidor tem direito a ser mantido na posse no 
caso de turbação e reintegrado no caso de esbulho 
(art.506 CPC e 1210 CC). No esbulho o possuidor 
é privado de sua posse enquanto que na turbação, o 
possuidor é molestado, mas, continua na posse de 
seus bens. Obs: Quando houver turbação, cabe a 
ação de manutenção da posse, quando houver 
esbulho cabe a reintegração de posse. 
Posse: O art.5561 do CPC dispõe que o 
autor deve provar sua posse, a turbação ou esbulho 
realizado pelo réu, a data do ato e a continuação da 
possa, quando turbada, ou a perda da posse, no caso 
da ação de reintegração. É requisito inicial a posse, 
pois, não havendo essa o interdito deve ser 
repelido, acarretando a improcedência da ação, não 
13 
 
sendo cabível a extinção do processo sem 
julgamento do mérito. A posse, para ser tutelada, 
não depende de título ou causa, uma vez que se 
protege a posse formal. Igualmente, não depende 
da sua duração, nem da boa ou má-fé do possuidor. 
Ex. pessoa que adquire um imóvel e obtém a 
escritura definitiva, mas não a posse, por exemplo, 
porque o vendedor a retém, não pode socorrer-se da 
ação possessória, porque nunca teve posse. É caso, 
também, de reintegração se o vendedor transmite a 
posse na escritura e não a entrega de fato. Nesse 
momento passa a ser esbulhador. A pessoa que 
recebe a posse por ato inter vivos ou mortis causa 
pode mover ação possessória contra qualquer 
intruso, pois a posse foi transferida. 
Turbação: O autor deverá descrever quais 
fatos que o estão molestando o exercício da posse. 
O conceito de turbação é “ato que embaraça o livre 
exercício da posse”. Basta apenas o desejo do 
possuidor de que haja respeito por sua propriedade, 
não sendo necessário comprovar dano. A turbação 
é ofensa menor do que o esbulho, no sentido de que 
não tolhe por 
inteiro ao possuidor o exercício do poder fático 
sobre a coisa, mas embaraça-o, dificulta-o, embora 
sem chegar à consequência extrema da 
impossibilitação. Pode a turbação ser direta, que se 
exerce sobre o bem, indireta que é praticada 
externamente, mas, que repercute sobre a coisa 
possuída, positiva, quando resulta nas prática de 
atos materiais sobre a coisa e negativa, que 
dificulta, embaraça ou impede o livre exercício da 
posse. 
Esbulho: é ato pelo o qual o possuidor se vê 
privado da posse mediante violência, 
clandestinidade ou abuso de confiança, resultando 
na perda da posse contra a vontade do possuidor, 
quer a perda resulte de violência, quer de qualquer 
outro vício. No tocante à clandestinidade, o prazo 
de ano e dia tem início a partir do momento em que 
o possuidor toma conhecimento da prática do ato. 
Nessa hipótese não há oportunidade para o 
desforço imediato, que deve ser exercido logo após 
o desapossamento, isto é, ainda no calor dos 
acontecimentos. Obs: O esbulho resultante do vício 
da precariedade é denominado esbulho pacífico. 
Data da turbação ou do esbulho: a lei exige 
a prova da data da turbação ou esbulho, pois dela 
depende o procedimento a ser adotado. Se o ato foi 
feito a menos de um ano e um dia da data do 
ajuizamento, o procedimento será especial, com 
pedido de liminar de manutenção ou reintegração. 
Passado o prazo, o procedimento será comum, não 
perdendo o caráter possessório. Um ano e dia é 
prazo decadencial, por isso é fatal e não se 
suspende. Obs: A prova da data da turbação ou do 
esbulho é importante também para a verificação de 
eventual prescrição da ação, que se consuma no 
lapso de dez anos (CC, art. 205). 
Continuação ou perda da posse: necessita o 
autor provar, na ação de manutenção de posse, a 
sua posse atual, ou seja, que, apesar de ter sido 
molestado, ainda a mantém, não a tendo perdido 
para o réu. 
• Interdito proibitório 
Características e requisitos (art.567 CPC): 
há uma gradação nos atos perturbadores da posse, 
podendo ser: ameaça, turbação e esbulho. A 
terceira ação tipicamente possessória é o interdito 
proibitório, que possui caráter preventivo e visa 
impedir que se concretize a ameaça a posse, no 
entanto, para cada etapa existe uma ação específica. 
Ou seja, se o possuidor está sofrendo uma ameaça, 
mas se sente na iminência de uma turbação ou 
esbulho, poderá evitar, por meio da referida ação, 
que venham a consumar se. 
Pode então o ofendido mediante mandado 
proibitório cominar ao réu pena pecuniária caso 
seja avance etapas a caminho do esbulho ou 
turbação iminentes. São requisitos dessa ação: a) 
posse atual do autor; b) ameaça de turbação ou 
esbulho pelo réu; c) justo receio de ser concretizada 
a ameaça. 
Cominação da pena pecuniária: o interdito 
proibitório prevê como forma de evitar a 
concretização da ameaça, a pena pecuniária ao réu 
caso o preceito seja transgredido. O valor deve ser 
indicado pelo autor e fixado pelo juiz, visando 
desestimular o réu, mas, não podendo ultrapassar o 
dano que a transgressão acarretaria ao autor. Se a 
ameaça vier a se concretizar no curso do processo, 
o interdito proibitório será transformado em ação 
de manutenção ou de reintegração de posse, 
concedendo-se a medida liminar apropriada e 
prosseguindo-se no rito ordinário. 
b) Direito a percepção de frutos 
A percepção dos frutos (art.1214 CC): os 
frutos devem pertencer ao proprietário, sendo dele 
a coisa principal e as acessórias. No entanto, essa 
regra não prevalece quando o possuidor está de 
boa-fé, ou seja, convicto de que o bem possuído é 
seu. Quando comprovada a boa-fé, o direito do 
possuidor prevalecerá, a inércia do proprietário que 
possibilitou a posse alheia será punida e o 
possuidor poderá ter os resultados de seus 
trabalhos. O código exige justo titulo para 
aquisição de frutos, mesmo que sejam atos 
translativos, nulos ou putativos, a ausência de título 
não dá direito aos frutos. 
14 
 
Noção e espécies de frutos: produtos são 
utilidade que se retiram da coisa, diminuindo a 
quantidade, que não se reproduzem 
periodicamente, como metais das minas. Já os 
frutos são utilidades que uma coisa periodicamente 
produz, sem acarretarprejuízo do todo, como as 
frutas das arvores. Os frutos podem ser: 
Industriais: produzidos pelo homem. EX. 
Fábrica 
Civis: rendas produzidas pela coisa, em 
virtude de sua utilização por outrem que não o 
proprietário, como os juros e os aluguéis. 
Quanto ao estado, os frutos podem ser: 
Pendentes: unidos a coisa que os produziu 
Colhidos: depois que separados 
Estantes: separados e armazenados para 
venda 
Percipiendos: que deveriam ser, mas não 
foram colhidos 
Consumidos: não existem porque foram 
utilizados 
Fica o possuidor obrigado a indenizar o 
proprietário pelos produtos eu tenha obtido da 
coisa, se não puder restitui-los. A diferença no 
tratamento jurídico reside na circunstância de que 
os produtos diminuem o valor da coisa, enquanto 
os frutos deixam-na intacta 
Regras da restituição (CC, arts. 1.214 a 
1.216) : o possuidor de boa-fé tem direito aos frutos 
percebidos e não aos pendentes ou colhidos 
antecipadamente, que devem ser restituídos e 
deduzidas as despesas de produção e custeio. 
Segundo o legislador, os frutos naturais e 
industriais são percebidos assim que separados, já 
os civis são percebidos dia a dia. Não são 
restituídos os frutos separados e já consumidos, 
pois o possuidor já praticou operações tais como 
venda e já realizou despesas. 
Salienta-se que o possuidor de má-fé 
reponde por todos os frutos, sejam eles colhidos, 
percebidos e não percebidos, desde momento que 
se constitui de má-fé, contudo, valendo-se do 
direito as despesas de produção e custeio (art.1216 
CC). Obs: Mas, ao contrário do que se verifica com 
os frutos naturais e industriais, não é necessário que 
tenham sido efetivamente recebidos. O possuidor 
terá o direito de os receber até o dia em que cessar 
a boa-fé. 
c) A responsabilidade pela perda ou 
deterioração da coisa 
O art.1217 do CC preceitua que o possuidor 
de boa-fé não responde pela perda ou deterioração 
da coisa, o que não der causa, esse último termo 
significa que a responsabilidade do possuidor não 
se caracteriza, ao menos se tiver agido com dolo ou 
culpa. Ademais, o artigo 1218 do CC preceitua que 
o possuidor responde pela perda ou deterioração da 
coisa, ainda que acidentais, exceto se provar que de 
igual modo tais fatos teriam ocorrido estando em 
posse do reivindicante. 
d) Direito a indenização e retenção de 
benfeitorias 
O possuidor e os melhoramentos que 
realizou na coisa: em relação a coisa desde o dia em 
que se adquiriu até o dia em que foi condenada a 
restitui-la, pode ocorrer três hipóteses: a) coisa está 
no mesmo estado b) a coisa se deteriorou, foi 
danificada ou destruída; c) a coisa foi melhorada 
porque nela se edificou, plantou, ou em razão das 
despesas feitas para conserva-la. 
Neste último caso, as benfeitorias se 
dividem em necessárias, ou seja, que tem por 
finalidade conservar o bem e permitir sua normal 
exploração , as úteis que aumentam ou facilitam o 
uso do bem e aumentam seu valor e as voluptuárias 
que são para tornar o bem mais agradável. 
Regras da indenização das benfeitorias: o 
art.1219 do CC dispõe que o possuidor de boa-fé 
tem o direito à indenização das benfeitorias 
necessárias, úteis e voluptuárias, quando a última 
não puder leva-las (se não resultar em dano a coisa 
ou se o reivindicante não preferir ficar com ela) 
logo, tem o direito de retenção pelo valor das 
necessárias e úteis. 
Por outro lado, o artigo 1220 CC estabelece 
que o possuidor de má-fé receberá o ressarcimento 
apenas das benfeitorias necessárias, não podendo 
reter essas, muito menos, levar as voluptuárias. 
Direito de retenção (conceito, fundamento, 
natureza jurídica e modo de exercício): Consistem 
em um direito de credor de reter coisa alheia até que 
seja indenizado pelo crédito originário das 
benfeitorias ou acessões feitas por ele. Tal direito é 
muito comum quando exercido pelo empreiteiro 
construtor, locatário e aquele que faz conserto nas 
coisas. 
Trata-se, na realidade, de um meio 
coercitivo de pagamento, uma modalidade do art. 
476 do Código Civil (exceptio non adimpleti 
contractus), transportada para o momento da 
execução, privilegiando o retentor porque esteve de 
boa-fé. São requisitos para o ato: a) detenção 
legítima de coisa que se tenha obrigação de 
restituir; b) crédito do retentor, exigível; c) relação 
de conexidade; e d) inexistência de exclusão 
convencional ou legal de seu exercício. 
e) Direito de usucapir 
Conceito e fundamento: é modo originário 
de aquisição da propriedade e de outros direitos 
reais suscetíveis ao exercício continuado pela posse 
15 
 
prolongada do tempo, acompanhada dos requisitos 
legais. Aduz Carlos Gonçalves que “fundamento da 
usucapião está assentado, assim, no princípio da 
utilidade social, na conveniência de se dar 
segurança e estabilidade à propriedade, bem como 
de se consolidar as aquisições e facilitar a prova do 
domínio”. Obs. É a versão contrária da prescrição 
extintiva que trata sobre a perda do direito e de sua 
capacidade defensiva em consequência do não uso 
da coisa durante determinado tempo (art.205 e 206 
CC). 
• Espécies: 
1. Extraordinária (art.1238 CC) 
Requisitos: 
• 15 anos de posse (que pode ser reduzida em 10 se 
o possuidor estabeleceu moradia habitual ou nele 
realizado obras ou serviços produtivos); 
• Posse exercida com animus de dono de forma 
continua, mansa e pacífica 
• Não há necessidade de justo título ou boa-fé. 
Para a redução do prazo é necessário 
comprovar posse – trabalho e não pagamento de 
impostos / tributos, pois esse poderia propiciar 
direitos a quem não está em uma situação 
merecedora. A propriedade adquirida compõe-se 
de seus atributos componentes e dos direitos reais 
sobre a coisa alheia, como servidão, usufruto, uso, 
habitação e outros. 
2. Ordinária (art.1242 cc) 
Requisitos: 
• Posse de 10 anos 
• Posse exercida com animus de dono, de forma 
continua, mansa e pacífica; 
• Justo título e boa-fé. 
Obs. Parágrafo único. Será de cinco anos o 
prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido 
adquirido, onerosamente, com base no registro 
constante do respectivo cartório, cancelada 
posteriormente, desde que os possuidores nele 
tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado 
investimentos de interesse social e econômico”. 
3. Especial (art.183 da CF, art.9 e art.10 no 
Estatuto da Cidade, art.1239 e art.1240 no CC): 
também chamada de usucapião constitucional, por 
ter sido introduzida pela CF sobre duas formas: 
rural e urbana. 
3.1. Especial rural: 
Requisitos: 
•Possuir por 5 anos ininterruptos, sem oposição, 
área rural contínua 
•A área não pode exceder 50 hectares (ampliação 
constitucional) 
•A área se tornou produtiva com seu trabalho 
•O possuidor deve estabelecer moradia. 
•O possuidor não poder ser proprietário de imóvel 
rural ou urbano 
•É proibido adquirir imóvel público por meio da 
usucapião. 
•Pessoa jurídica não pode requerer a usucapião 
rural, pois é dono de propriedade rural aquele que 
a tiver frutificado com o seu suor e tiver 
estabelecido sua morada. 
Observações: 
•O STF decidiu que é possível por meio da 
usucapião obter propriedade de terra menos do que 
o módulo rural estabelecido na região, pois o texto 
legal não estipula território mínimo. 
•O benefício é instituído em favor da família, então 
a morte de um dos cônjuges, dos conviventes ou 
daquele que dirige a família monoparental não 
prejudica direito dos demais integrantes. 
•Não pode o produtor acrescentar sua posse a dos 
seus antecessores, mesmo que ele faça parte da 
família ou trabalhe na terra. 
3.2. Especial urbana: 
Requisitos: 
•Possuir área urbana de até 250 metros quadrados 
•Possuir a área por 5 anos, ininterruptamente, sem 
oposição. 
•Utiliza-se da área para moradia ou de sua família 
•Não ser proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural. 
•Ser o possuidorpessoa física 
Observações: 
•A espécie não se aplica a posse de terreno urbano 
sem construção. 
•Não é necessária boa-fé ou justo título. 
•Os imóveis públicos não são objetos de usucapião 
•O direito não será reconhecido ao novo possuir 
mais de uma vez. 
•O título de domínio e a concessão de uso serão 
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, 
independentemente do estado civil. 
•O brasileiro nato e o naturalizado podem usucapir. 
O estrangeiro poderá fazê-lo somente se for 
residente no País. 
•Tal metragem abrange tanto a área do terreno 
quanto a construção, vedado que uma ou outra 
ultrapasse o limite assinalado. Ademais, não se 
soma a área construída à do terreno. 
•Não é possível ao usucapiente, que exerce posse 
sobre área urbana 
•Com metragem superior, usucapir área igual ou 
menor que a de duzentos e cinquenta metros 
quadrados, situada dentro de área maior. 
•Decidiu o TJ de SP que pode ser requerido 
usucapião especial em imóvel urbano inserido em 
área maior, mesmo que esteja em um território 
16 
 
existente em área que seria objeto de um 
loteamento. 
3.2.1. Urbana individual do estatuto da cidade: 
dispõe o art. 9º da Lei n. 10.257/2001 que “aquele 
que possuir como sua área ou edificação urbana de 
até duzentos e cinquenta metros quadrados, por 
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, 
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, 
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural”. 
Observações: 
•Tanto a área (com a construção) como a edificação 
(só o direito de superfície) poderão ser objeto de 
usucapião urbana do Estatuto da Cidade. 
•O limite de duzentos e cinquenta metros 
quadrados não pode assim ser ultrapassado, seja 
para a área do terreno, seja para a edificação. 
•O §1 trata sobre o herdeiro legítimo, que tem pleno 
direito sobre a posse de seu antecessor desde que já 
resida no imóvel por ocasião da abertura da 
sucessão. 
•O estado civil de cada um dos possuidores é 
secundário, pois, o objetivo é beneficiar a família 
residente no imóvel. 
•Não é necessário exigir outorga do cônjuge, na 
hipótese da pessoa casada que viva com outra, 
como é o caso da companheira que visa usucapir. 
•O uso para fins que não sejam residenciais é 
afastado, exceto pequeno comércio. 
3.2.2. Urbana coletiva do estatuto da cidade: 
dispõe a modalidade nos casos em que as áreas 
urbanas são ocupadas por população de baixa renda 
e seja impossível identificar os terrenos ocupados 
individualmente, devendo cumprir o prazo de 5 
anos de moradia. 
“Os núcleos urbanos informais existentes sem 
oposição há mais de cinco anos e cuja área total 
dividida pelo número de possuidores seja inferior a 
duzentos e cinquenta metros quadrados por 
possuidor são suscetíveis de serem usucapidos 
coletivamente, desde que os possuidores não sejam 
proprietários de outro imóvel urbano ou rural”. É 
objetivo do artigo legalizar áreas de favelas ou 
aglomerados sem condições para se legalizar o 
domínio. 
Observações 
•A finalidade da usucapião coletiva é a formação 
de um condomínio 
•O estatuto afasta a possibilidade de usucapião 
individual de área que ultrapassar o limite máximo 
da metragem permitida. 
•Os ocupantes podem receber partes diferenciadas 
entre si, superior a 250 m. 
•O estatuto trata como núcleos urbanos informais e 
não composse. 
•Se alguns moradores que desejem usucapir 
individualmente e moram no centro da gleba se 
recusaram a integrar a lide, eles são citados, para 
atuarem no polo ativo, por se tratar de 
litisconsórcio necessário. Se a recusa for 
justificada, o processo será extinto, se não, o feito 
prosseguirá. 
•Atua como substituto processual a associação dos 
moradores, quando autorizada pelos representados. 
3.2.3. Imobiliária administrativa: a lei que criou 
o “Minha casa, minha vida” incluiu regularizações 
fundiárias com o objetivo de transformar terras 
urbanas e urbanizadas. A lei 12.424, de 16 de junho 
de 2011, disciplina a usucapião administrativa 
requerida em cartório de registros de imóveis. 
Dispõe a lei que: Art. 25. A legitimação de posse, 
instrumento exclusivo para fins de regularização 
fundiária, constitui ato do Poder Público destinado 
a conferir título, por meio do qual fica reconhecida 
a posse de imóvel objeto da REURB, com a 
identificação de seus ocupantes, do tempo da 
ocupação e da natureza da posse, o qual é 
conversível em direito real de propriedade, na 
forma desta Lei. §1º A legitimação de posse poderá 
ser transferida por causa mortis ou por ato inter 
vivos. § 2º A legitimação de posse não se aplica aos 
imóveis urbanos situados em área de titularidade do 
Poder Público”. 
Dispõe o art. 26 da citada lei que, “sem 
prejuízo dos direitos decorrentes do exercício da 
posse mansa e pacífica no tempo, aquele em cujo 
favor for expedido título de legitimação de posse, 
decorrido o prazo de cinco anos de seu registro, terá 
a conversão automática dele em título de 
propriedade, desde que atendidos os termos e as 
condições do art. 183 da CF, independentemente 
de prévia provocação ou prática de ato registral”. 
§ 1º: “Nos casos não contemplados pelo art. 
183 da Constituição Federal, o título de legitimação 
de posse poderá ser convertido em título de 
propriedade, desde que satisfeitos os requisitos de 
usucapião estabelecidos na legislação em vigor, a 
requerimento do interessado, perante o registro de 
imóveis competente”. 
§ 2º: “A legitimação de posse, após 
convertida em propriedade, constitui forma 
originária de aquisição de direito real, de modo que 
a unidade imobiliária com destinação urbana 
regularizada restará livre e desembaraçada de 
quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou 
inscrições, eventualmente existentes em sua 
matrícula de origem, exceto quando disserem 
respeito ao próprio beneficiário”. 
O art. 27 da mencionada lei: “O título de 
legitimação de posse poderá ser cancelado pelo 
17 
 
Poder Público emitente, quando constatado que as 
condições estipuladas nesta Lei deixaram de ser 
satisfeitas, sem que seja devida qualquer 
indenização àquele que irregularmente se 
beneficiou do instrumento”. 
3.3. Familiar: A lei n. 12.424, de 16 de junho 
de 2011estabeleceu a usucapião familiar, presente 
no art.1240, §1 do CC “Aquele que exercer, por 2 
(dois) anos ininterruptamente e sem oposição, 
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel 
urbano de até 250 m2 cuja propriedade dívida com 
ex cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o 
lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, 
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não 
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 
1º O direito previsto no caput não será reconhecido 
ao mesmo possuidor mais de uma vez. 
Observações: 
•Exige-se que o usucapiente seja coproprietário do 
imóvel, em comunhão ou domínio com seu ex-
cônjuge. 
•Exige-se que o ex-cônjuge tenha abandonado o lar 
de forma voluntária e injustificada, a separação de 
fato poderá ser o marco inicial da contagem do 
prazo da usucapião familiar. 
3.4. Indígena: o art. 32 do mencionado Estatuto 
do Índio que “são de propriedade plena do índio ou 
da comunidade indígena (...) as terras havidas por 
qualquer das formas de aquisição do domínio, nos 
termos da legislação civil”. Por sua vez, o art. 33: 
“O índio, integrado ou não, que ocupe como 
próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra 
inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a 
propriedade plena”. 
Observações: 
•Se o índio possuir plena capacidade, poderá 
propor diretamente a ação de usucapião. Não a 
tendo, será representado pela Funai. 
•A área usucapienda é somente a rural e particular, 
uma vez que a própria Constituição Federal proíbe 
a usucapião de bens públicos 
•A posse deve ser exercida por dez anos seguidos 
com animus domini, ou seja, com a intenção de ter 
a

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