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Indaial – 2021 Análise de sinAis e sistemAs Prof.a Julia Grasiela Busarello Wolff 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.a Julia Grasiela Busarello Wolff Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: W855a Wolff, Julia Grasiela Busarello Análise de sinais e sistemas. / Julia Grasiela Busarello Wolff. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 179 p.; il. ISBN 978-65-5663-446-3 ISBN Digital 978-65-5663-447-0 1. Sinais e sistemas. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 620 ApresentAção Caro acadêmico, bem-vindo à disciplina de Análise de Sinais e Sistemas! Nesta disciplina, estudaremos os aspectos relacionados aos sinais e aos sistemas elétricos, que são o ramo da engenharia elétrica responsável pelo desenvolvimento das telecomunicações e do processamento digital de sinais (PDS). Por esse motivo, estudaremos os seguintes assuntos: conceitos básicos de sinais; tipos de sinais; seu tratamento matemático, através das transformadas de Laplace e de Fourier; unidades de medição; sistemas; tipos de sistemas; convolução; filtros; aplicações de sinais; sistemas etc. Como leitura complementar, incluímos aplicações práticas dos sinais nas mais variadas áreas da ciência e da tecnologia. Para realmente dominar um assunto, você precisa de dedicação. Leia os conteúdos do livro didático e da trilha de aprendizagem; ainda, procure ler materiais adicionais em sites confiáveis e nas bibliotecas virtuais disponibilizadas pela UNIASSELVI; por fim, assistir a vídeos, que o ajudarão a concluir esta etapa. Ao longo das unidades, são sugeridos vídeos para complementação dos assuntos. Resolva uma quantidade razoável de exercícios matemáticos relacionados aos sinais e aos sistemas, pois isso também auxilia no pleno desenvolvimento do domínio dos temas. Este livro foi escrito especialmente para você, aluno da EaD. É destinado a um curso universitário de engenharia elétrica, entretanto, pode ser utilizado, também, como um referencial inicial para profissionais industriais interessados na compreensão de sinais e na elaboração de projetos de telecomunicações. Para o perfeito entendimento dos assuntos abordados neste curso, é importante que você já tenha algum entendimento acerca dos circuitos elétricos, cálculos diferencial e integral, eletromagnetismo e eletrônica. Prof.a Julia Grasiela Busarello Wolff Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS ............................................................................................... 1 TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS .................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 ABORDAGEM ...................................................................................................................................... 3 3 SINAIS ................................................................................................................................................... 6 3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS ................................................................................................. 10 4 OPERAÇÕES COM SINAIS ............................................................................................................ 12 5 ANALISADOR DE ESPECTRO ...................................................................................................... 17 6 REPRESENTAÇÃO NO SCILAB OU NO OCTAVE ................................................................... 18 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 20 TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO ................................................................................................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 25 2 SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO .................................................................................................. 26 2.1 SINAIS REAIS E COMPLEXOS .................................................................................................. 26 2.2 SINAIS DETERMINÍSTICOS ...................................................................................................... 26 2.3 SINAIS ALEATÓRIOS .................................................................................................................. 27 2.4 SINAIS PARES ............................................................................................................................... 28 2.5 SINAIS ÍMPARES ......................................................................................................................... 28 2.6 SINAIS PERIÓDICOS ................................................................................................................... 29 2.7 SINAIS NÃO PERIÓDICOS ........................................................................................................ 30 2.8 SINAIS DE ENERGIA .................................................................................................................. 31 2.9 SINAIS DE POTÊNCIA ............................................................................................................... 31 2.10 SINAIS LIMITADOS NO TEMPO ............................................................................................ 33 2.11 SINAIS CAUSAIS....................................................................................................................... 33 2.12 SINAIS NÃO CAUSAIS ............................................................................................................. 33 2.13 SINAIS ANTICAUSAIS ............................................................................................................. 33 2.14 SINAIS FISICAMENTE REALIZÁVEIS .................................................................................. 34 2.15 SINAIS ESPECIAIS DE TEMPO CONTÍNUO ....................................................................... 34 3 FUNÇÃO DEGRAU UNITÁRIO .................................................................................................... 34 4 FUNÇÃO IMPULSO UNITÁRIO OU DELTA DE DIRAC ....................................................... 35 5 FUNÇÃO RAMPA ............................................................................................................................. 35 6 EXPONENCIAL COMPLEXA ......................................................................................................... 36 7 SINAIS DE TEMPO DISCRETO .................................................................................................... 37 7.1 SEQUÊNCIA DEGRAU UNITÁRIO DISCRETA ..................................................................... 37 7.2 SEQUÊNCIA IMPULSO UNITÁRIO OU DELTA DE DIRAC DISCRETA .......................... 38 7.3 FUNÇÃO RAMPA DISCRETA ................................................................................................... 39 8 SEQUÊNCIAS EXPONENCIAIS COMPLEXAS ......................................................................... 39 8.1 SEQUÊNCIAS EXPONENCIAIS COMPLEXAS GERAIS ...................................................... 40 9 SEQUÊNCIAS EXPONENCIAIS REAIS ....................................................................................... 41 10 SEQUÊNCIAS SENOIDAIS .......................................................................................................... 41 11 REPRESENTAÇÃO NO SCILAB OU NO OCTAVE ................................................................. 43 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 45 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 46 TÓPICO 3 — ANÁLISE DE SISTEMAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES ...................................... 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 49 2 SISTEMAS .......................................................................................................................................... 50 2.1 SISTEMAS LINEARES ................................................................................................................. 50 2.2 SISTEMAS NÃO LINEARES....................................................................................................... 50 2.3 SISTEMAS INVARIANTES NO TEMPO ................................................................................... 50 2.4 SISTEMAS VARIANTES NO TEMPO ....................................................................................... 51 2.5 SISTEMAS LINEARES E INVARIANTES NO TEMPO (SLIT’s) ............................................ 51 2.6 SISTEMAS COM MEMÓRIA ...................................................................................................... 51 2.7 SISTEMAS SEM MEMÓRIA ....................................................................................................... 51 2.8 SISTEMAS INVERTÍVEIS ............................................................................................................ 52 2.9 SISTEMAS NÃO INVERTÍVEIS ................................................................................................. 52 2.10 SISTEMAS CAUSAIS ................................................................................................................. 52 2.11 SISTEMAS ESTÁVEIS ................................................................................................................ 52 2.12 SISTEMAS INSTÁVEIS .............................................................................................................. 53 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 54 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 63 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 64 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 65 UNIDADE 2 — TRANSFORMADA DE LAPLACE PARA SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO (SINAIS PERIÓDICOS) ................................................................ 67 TÓPICO 1 — TRANSFORMADA DE LAPLACE E PROPRIEDADES DAS TRANSFORMADAS DE LAPLACE ........................................................................ 69 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 69 2 ABORDAGEM .................................................................................................................................... 69 3 TRANSFORMADA DE LAPLACE ................................................................................................. 72 4 PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE ........................................................ 74 5 REGIÃO DE CONVERGÊNCIA (RDC) ........................................................................................ 77 6 POLOS E ZEROS DE X(s) ................................................................................................................. 78 7 PROPRIEDADES DA RDC.............................................................................................................. 80 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 82 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 83 TÓPICO 2 — TRANSFORMADA INVERSA DE LAPLACE....................................................... 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85 2 EXPLICAÇÃO ..................................................................................................................................... 85 3 TRANSFORMADA DE LAPLACE INVERSA ............................................................................. 87 4 EXPANSÃO EM FRAÇÕES PARCIAIS......................................................................................... 87 5 COMPLETAR QUADRADO ........................................................................................................... 94 6 INTEGRAL DE CONVOLUÇÃO ................................................................................................... 95 7 REPRESENTAÇÃO NO SCILAB OU NO OCTAVE ................................................................... 98 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 100 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 102 TÓPICO 3 — PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAIS E O TEOREMA DE NYQUIST .... 103 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 103 2 DISCUSSÃO .....................................................................................................................................104 3 AMOSTRAGEM E TEOREMA DE NYQUIST .......................................................................... 106 4 AMOSTRAGEM COM TREM DE IMPULSOS ......................................................................... 110 5 AMOSTRAGEM COM RETENTOR DE ORDEM ZERO (ZERO ORDER HOLD)............ 111 6 AMOSTRAGEM COM RETENTOR DE PRIMEIRA ORDEM (INTERPOLAÇÃO LINEAR) ............................................................................................................................................ 113 7 QUANTIZAÇÃO ............................................................................................................................. 114 8 PROCESSAMENTO EM TEMPO DISCRETO DE SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO ..... 116 9 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS NO OCTAVE .............................................................................. 119 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 121 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 123 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 124 REFERÊNCIA ...................................................................................................................................... 125 UNIDADE 3 — TRANSFORMADA DE FOURIER PARA SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E SINAIS DISCRETOS NO TEMPO ........................................ 127 TÓPICO 1 — TRANSFORMADA DE FOURIER PARA SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO (SINAIS PERIÓDICOS) ................................................................... 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129 2 SÉRIE DE FOURIER ........................................................................................................................ 131 2.1 SÉRIE TRIGONOMÉTRICA DE FOURIER ............................................................................ 131 3 SIMETRIAS ...................................................................................................................................... 138 4 PROPRIEDADES DAS FUNÇÕES PARES E ÍMPARES ......................................................... 144 5 CONTEÚDO DE POTÊNCIA DE UM SINAL PERIÓDICO .................................................. 146 6 SÉRIE EXPONENCIAL (COMPLEXA) DE FOURIER .............................................................. 147 7 REPRESENTAÇÃO EM SCILAB OU NO OCTAVE ................................................................. 151 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 152 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 153 TÓPICO 2 — TRANSFORMADA DE FOURIER PARA SINAIS DISCRETOS NO TEMPO (SINAIS APERIÓDICOS) ........................................................................ 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155 2 TRANSFORMADA DE FOURIER ............................................................................................... 156 2.1 DEFINIÇÃO DA TRANSFORMADA DE FOURIER ........................................................... 157 2.2 PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE FOURIER .................................................... 161 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 163 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 164 TÓPICO 3 — FILTROS PARA SINAIS .......................................................................................... 165 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165 2 FILTROS ATIVOS ........................................................................................................................... 167 3 FILTROS PASSIVOS ....................................................................................................................... 168 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 172 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 176 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 178 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 179 1 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os conceitos de sinais e de sistemas e as suas diversas aplicações na engenharia; • utilizar ferramentas matemáticas para a análise de sinais e sistemas; • analisar e diferenciar sinais e sistemas no domínio do tempo e no domínio da frequência (contínuo e discreto); • aplicar técnicas de análises de sinais e sistemas para problemas de engenharia elétrica (sistemas de potência, controle, instrumentação, processamento de sinais, automação, eletrônica etc.); • classificar sinais e efetuar as análises temporal e espectral; • usar o Scilab para compreensão e simulação de sinais e sistemas; • obter a resposta no domínio do tempo e no domínio da frequência, de sinais, analiticamente e através de simulações. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO TÓPICO 3 – ANÁLISE DE SISTEMAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, você já percebeu que a maioria dos estímulos ao seu redor é representado por sinais elétricos? Os sinais elétricos e os sistemas estão presentes na nossa vida cotidiana. Não obstante, deparamo-nos com sinais de criptografia em aplicativos de celulares, sinais de radares e sonares, sinais de eletrocardiograma (ECG) em atividades físicas ou em exames de rotina etc. Os conceitos e a teoria de sinais e sistemas são necessários em quase todos os campos da engenharia elétrica e, também, em muitas disciplinas científicas de outras engenharias. Eles formam a base para estudos mais avançados em áreas, como comunicação, processamento de sinais, telecomunicações e sistemas de controle. 2 ABORDAGEM As telecomunicações representam um ramo da engenharia elétrica que atua com os satélites, as redes telefônicas, as emissoras de rádio, internet, televisão, radares, sonares etc. A palavra telecomunicação inclui o prefixo grego tele, que significa “distância”, ou “longe”. O objetivo das telecomunicações é realizar o projeto, o controle, a implementação e a gestão dos diversos sistemas de comunicações. Outro objetivo das telecomunicações é realizar a comunicação a distância entre as pessoas. A Figura 1 mostrará um conjunto de antenas e demais equipamentos utilizados nas telecomunicações. UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 4 FIGURA 1 – ANTENAS FONTE: Wikipedia (2020b,s.p.) Telecomunicação é uma designação genérica das comunicações a longa distância que abrange a transmissão, a emissão ou a recepção de sinais, sons ou mensagens por fio, rádio, eletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético. NOTA Os satélites artificiais de comunicação monitoram o nosso dia a dia. São conceituados como corpos construídos pelos homens e colocados em órbita ao redor da Terra ou de qualquer outro corpo celeste. Ao longo da história, já foram efetuados milhares de lançamentos desses corpos ao espaço, mas a maioria já está desativada. A Figura 2 mostrará um satélite de defesa da NASA. FIGURA 2 – SATÉLITES NO ESPAÇO FONTE: Defesa Net (2019, s.p.) Para que as informações sejam transmitidas em um sistema de comunicação, é necessário transformá-las em sinais elétricos. Esses sinais são variações de tensões elétricas no decorrer do tempo e podem ser de dois tipos: analógicos ou digitais. TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 5 GRÁFICO 1 – REPRESENTAÇÃO DE UM SINAL ANALÓGICO AO LONGO DO TEMPO FONTE: Embarcados (2017, s.p.) Os sinais digitais possuem uma quantidade limitada de valores e são representados por dois níveis. Assim, o sinal digital é definido para instantes de tempo e o conjunto de valores que pode assumir é finito. São representados por dois níveis lógicos, zero ou um. A digitalização converte o sinal analógico, por exemplo, a voz de um locutor em uma série de uns e zeros (EMBARCADOS, 2017). O Gráfico 2 mostrará um sinal digital. GRÁFICO 2 – REPRESENTAÇÃO EM NÍVEIS LÓGICOS DE UM SINAL DIGITAL FONTE: Embarcados (2017, s.p.) Os sinais analógicos são contínuos em tempo e em amplitude. Assim, dado qualquer valor real de tempo t, o valor de amplitude x(t) pode tomar qualquer valor numérico contido em um intervalo contínuo de números reais (FARIA, 2010). Contudo, lembre-se: todo sinal analógico é contínuo, porém, nem todo sinal contínuo é analógico. O Gráfico 1 mostrará a representação de um sinal analógico no tempo. De forma geral, os sinais traduzem a evolução de uma grandeza ao longo do tempo ou do espaço. Nosso objetivo, nesta unidade, é apresentar os conceitos básicos dos sinais de tempo contínuo e de tempo discreto, nos domínios do tempo e de frequência. Vamos iniciar?! UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 6 3 SINAIS O universo que abrange os sinais elétricos é fascinante. A irradiância estelar de um conjunto de estrelas pode ser representada por um conjunto finito de sinais de tempo contínuo. O campo magnético de estrelas e quasares, o campo elétrico no caso das anãs brancas, a temperatura espectral e a taxa de decréscimo de massa também são exemplos de sinais e sistemas. O Gráfico 3 mostrará a temperatura da superfície de algumas estrelas versus a taxa de luminosidade delas em relação ao Sol. O Sol, por exemplo, tem o campo magnético continuamente monitorado por uma sonda chamada de Copérnico (GALILEU, 2019). Essa sonda monitora a atividade eletromagnética do som para prever manchas solares, que podem interferir nas comunicações da Terra. GRÁFICO 3 – CARACTERÍSTICAS DAS PRINCIPAIS ESTRELAS FONTE: UFRGS (2020a, s.p.) TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 7 Os sinais elétricos podem ser conceituados de várias formas, dentre elas, é possível citar as mais conhecidas na literatura: “Um sinal é uma função que representa uma quantidade ou uma variável física e contém informações sobre o comportamento ou a natureza do fenômeno” (HSU, 2004, p. 15). Com isso, podemos dizer que os sinais podem representar diversas particularidades dos sistemas biológicos, ou seja, o monitoramento da temperatura de um paciente, a medição das pressões sistólica e diastólica, um espectrograma de canto ou fala, sistemas auditivos, o funcionamento do sistema nervoso etc. A Figura 3 mostrará o processo de sinapse de um neurônio e os seus dendritos. FIGURA 3 – ATIVIDADE NEURONAL FONTE: Toda Matéria (2020, s.p.) A importância do estudo dos sinais se justifica através dos avanços tecnológicos que dispomos atualmente: GPS; lançamento do ônibus espacial da NASA; sensoriamento remoto; imagens geofísicas; acompanhamento, em tempo real, das atividades de um vulcão etc. O sensoriamento remoto é um processo no qual uma estação remota capta informações de um objeto sem estar em contato físico com ele. Através das medições dos campos eletromagnéticos vizinhos ao objeto, são adquiridas as informações na estação remota. Essas aquisições de medições podem ser ativas ou passivas. São chamadas de medições ativas quando se ilumina o objeto com um campo (sinal) bem definido e se processa o p eco (sinal retornado) do objeto. As medições passivas são obtidas ouvindo o campo (sinal) que é emitido naturalmente pelo objeto e processado (HAYKIN; VAN VEEN, 2001). UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 8 Acompanhe as atividades vulcânicas do Monte Santa Helena em https://www. apolo11.com/vulcameras.php. DICAS Outro conceito menciona que os sinais e os sistemas abrangem os processamentos analógico e digital de sinais, ideias no centro da comunicação e medições modernas. Um sinal é um conjunto de dados ou informações. São exemplos de sinais: • sinal de telefone; • sinal de voz; • sinal de televisão; • sinal de internet; • correio eletrônico; • registros do índice Bovespa ao longo de um dia etc. Matematicamente, um sinal é representado por uma função de uma ou mais variáveis. A função de uma variável, como x(t), chamamos de sinal unidimensional; a função de duas variáveis, como x(t,s), chama-se sinal bidimensional; a função de três variáveis, x(t,s,z), denomina-se sinal tridimensional, e assim por diante. Sinais multidimensionais são extensões dos sinais unidimensionais, isto é, uma sequência multidimensional de valores numéricos ordenados em todas as dimensões (FARIA, 2010). Um sinal de voz é representado por uma amplitude de tensão em função do tempo, e é um exemplo de sinal unidimensional. Um trecho de vídeo é representado pela variação de parâmetros de cor em função do tempo e da posição na tela, um exemplo de um sinal bidimensional. Na área médica, por exemplo, a análise de um sinal resultante de um exame de eletrocardiograma (ECG) ou eletroencefalograma (EEG) pode indicar se o paciente possui alguma anomalia cardíaca ou na atividade elétrica cerebral. A Figura 4 mostrará um sinal de eletroencefalograma (EEG). TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 9 FIGURA 4 – SINAIS DE ELETROENCEFALOGRAMA FONTE: Mundim, Cardeal e Campos (2020, s.p.) Os sinais apresentam importante função na natureza. Abelhas africanizadas (ou "assassinas") e domésticas são quase idênticas em tamanho e aparência, e uma das maneiras de diferenciá-las é com a ajuda de um microscópio. No entanto, descobriu-se que elas batem as asas em frequências diferentes, e, consequentemente, geram sinais diferentes. Esses sinais detectados podem ser utilizados para identificar as abelhas assassinas e controlar a disseminação (HAYKIN; VAN VEEN, 2001). Um submarino emite um sinal acústico próprio, dependendo da rotação dos propulsores e vibração dos motores. Esse sinal pode ser utilizado na detecção submarina (OPPENHEIM; WILLSKY, 2010). A seguir, apresentaremos os tipos de sinais mais importantes na engenharia elétrica. Vamos conhecê-los?! UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 10 3.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS Os sinais são classificados em sinais de tempo contínuo e sinais de tempo discreto. Um sinal de tempo contínuo é representado por x(t). Um sinal é de tempo contínuo se a sua variável t for contínua, ou seja, t ∈ ℝ. A maioria dos sinais físicos é contínua, como a posição e a velocidade de um corpo, a fala ou a música captada por um microfone, tensão ou corrente em um circuito elétrico etc. (MARQUES, 2010). A seguir, visualizaremos a representação de um sinalde tempo contínuo. GRÁFICO 4 – SINAL DE TEMPO CONTÍNUO FONTE: Marques (2010, p. 9) Um sinal contínuo pode apresentar descontinuidades, portanto, não se confunda com o conceito de continuidade de uma função. NOTA Um sinal de tempo discreto está definido apenas em instantes isolados de tempo. Consequentemente, um sinal de tempo discreto pode ser descrito por uma sequência de números. Os sinais de tempo discreto são representados pela notação n[x], em que “n” só está definido para números inteiros. Cada um dos elementos do sinal x é chamado de amostra. A seguir, mostraremos a representação de um sinal de tempo discreto. TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 11 GRÁFICO 5 – SINAL DE TEMPO DISCRETO FONTE: Marques (2010, p. 9) Nos sinais discretos, o eixo da amplitude é contínuo, mas o eixo referente ao tempo é discreto. Ao contrário dos sinais de tempo contínuo, as medições da quantidade estão disponíveis apenas em tempos específicos (FARIA, 2010). Um sinal de tempo discreto pode ser uma sequência de comprimento finito ou infinito. Um sinal de comprimento finito definido no intervalo N1 ≤ n ≤ N2 tem comprimento ou duração: N = N2 – N1 + 1. Ou seja, dado o sinal discreto x [n], no intervalo 1 ≤ n ≤ 10, seu comprimento ou duração será: N = 10 – 1 + 1 ∴ N = 10. Dentre as sequências de comprimento infinito, destacamos as sequências chamadas causais, definidas somente para n ≥ 0, e as sequências anticausais, definidas para n < 0 (EISENCRAFT, 2006). Só os sinais discretos podem ser armazenados e processados em computadores digitais. NOTA UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 12 Da mesma forma, os sinais podem ser divididos em sinais analógicos ou sinais digitais, conforme mencionamos na introdução deste tópico. Entretanto, há outras classificações de sinais: • sinais reais complexos; • sinais determinísticos; • sinais aleatórios; • sinais pares; • sinais ímpares; • sinais periódicos; • sinais não periódicos; • sinais de energia; • sinais de potência; • sinais causais; • sinais não causais; • sinais anticausais. Há, também, os sinais especiais, determinados por funções: • função degrau unitário; • função impulso unitário; • sinais exponenciais complexos gerais; • sinais exponenciais complexos; • sinais exponenciais reais; • sinais senoidais. No Tópico 2, estudaremos cada um desses sinais, suas definições, características e representações. 4 OPERAÇÕES COM SINAIS Estudaremos algumas operações matemáticas com sinais: • Adição e subtração. • Multiplicação por um escalar. • Deslocamento temporal. • Escalamento temporal. • Reversão temporal. • Operações combinadas. O Quadro 1 mostrará as diversas operações matemáticas com sinais. TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 13 QUADRO 1 – OPERAÇÕES COM SINAIS FONTE: Adaptado de Vasconcelos (2011) Adição e subtração Amplificação e atenuação Deslocamento no tempo Reversão Multiplicação (modulação) Convolução Produto interno (escalar) Correlação • Multiplicação por um escalar (c): Dado um sinal x(t), modifica-se a sua amplitude, obtendo-se um novo sinal x(t) = c.x(t). Se o escalar c > 1, o sinal é amplificado, e, se o escalar c estiver entre zero e um, ou seja, 0 < c < 1, o sinal é atenuado. A seguir, mostraremos alguns exemplos de sinais de tempo contínuo multiplicados por escalares. Note que a amplitude dos sinais muda. UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 14 GRÁFICO 6 – OPERAÇÃO COM SINAIS - MULTIPLICAÇÃO POR ESCALAR FONTE: Faria (2010, p. 22) • Deslocamento temporal: No deslocamento temporal, o sinal sofre um atraso ou avanço. A seguir, observaremos um sinal (a), seu atraso (b) e seu avanço (c). GRÁFICO 7 – OPERAÇÕES COM SINAIS - DESLOCAMENTO TEMPORAL FONTE: Arndt (2020, p. 32) TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 15 No item (b), observa-se que o atraso corresponde a um deslocamento de T segundos para a direita do sinal x(t). Já no item (c), o avanço corresponde a um deslocamento de T segundos para a esquerda do sinal x(t). • Escalonamento temporal: A compressão ou expansão do sinal x(t) no tempo é chamada de escalonamento temporal. Um sinal comprimido por um fator a = 3, por exemplo, é representado por x(t) = x(at) = x(3t). Já um sinal expandido por um fator a = 3 , por exemplo, é dado por: x(t) = x(t/3). Mostraremos um exemplo do sinal comprimido e expandido por um fator a = 2. GRÁFICO 8 – OPERAÇÕES COM SINAIS - ESCALONAMENTO TEMPORAL FONTE: Arndt (2020, p. 33) • Reversão temporal: A reversão temporal consiste em uma rotação de 180°, do sinal x(t), em torno do eixo vertical. A reversão temporal é dada por: x(t) = x(−t). A seguir, será possível perceber um sinal e a sua reversão temporal. UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 16 GRÁFICO 9 – OPERAÇÕES COM SINAIS - REVERSÃO TEMPORAL FONTE: Arndt (2020, p. 35) • Operações combinadas: Pode-se utilizar operações mais complexas através da combinação das operações até aqui estudadas. Uma operação combinada é representada por x(t) = x(at − b). Essa operação pode ser realizada de duas formas: ◦ Desloca-se x(t) de “b”, resultando em x(t − b). Desloca-se x(t − b) pelo fator “a”, o que gera x(at − b). ◦ Escalona-se x(t) pelo fator “a”, gerando x(at). Desloca-se temporalmente de “b/a”, ou seja, substitui-se “t” por “t − (b/a)” para se obter x[a(t − b/a)], o que gera x(at − b). Na prática, o analisador de espectro é o equipamento que mostra os sinais na tela e os trata no domínio da frequência. TÓPICO 1 — SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO VERSUS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO E APLICAÇÕES DOS SINAIS 17 5 ANALISADOR DE ESPECTRO O analisador de espectros é um instrumento utilizado para a análise de sinais alternados no domínio da frequência. Possui certa semelhança com um osciloscópio, uma vez que o resultado da medida é apresentado em uma tela, tendo a amplitude na vertical e a frequência na horizontal. Um analisador de espectros é, essencialmente, um receptor de rádio passivo, com uma interface gráfica (display) para a análise e a medida do sinal no domínio da frequência. Os analisadores de espectros indicam, geralmente, a informação contida no sinal de forma direta, como a tensão, a potência, o período e a frequência. A Figura 5 mostrará um analisador de espectro de frequências. FIGURA 5 – ANALISADOR DE ESPECTRO FONTE: Keysight (2020, s.p.) A análise espectral de um sinal fornece informação adicional difícil de ser obtida em uma análise temporal (osciloscópio). As escalas vertical (amplitude) e horizontal (frequência) de um analisador de espectros são, em geral, logarítmicas, o que facilita a leitura de sinais de baixa amplitude. Ao analisarmos um sinal senoidal levemente distorcido em função do tempo, dificilmente, percebemos essa imperfeição. Na análise no domínio da frequência, pequenas distorções e imperfeições (que geram componentes de frequência diferentes) são facilmente identificadas, pois cada componente de frequência é visualizado separadamente. A amplitude pode ser diretamente lida em dB (unidade mais usual em sistemas de comunicação) e, na escala horizontal, um amplo espectro de frequências pode ser visualizado simultaneamente. UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 18 6 REPRESENTAÇÃO NO SCILAB OU NO OCTAVE O Scilab é um software científico livre para computação numérica semelhante ao Matlab (software comercial), que fornece um poderoso ambiente computacional aberto para aplicações científicas. Foi desenvolvido desde 1990 pelos pesquisadores do INRIA (Institut National de Recherche en Informatique et en Automatique) e do ENPC (École Nationale des Ponts et Chaussées) e, então, pelo Consórcio Scilab, desde maio de 2003. Esse software é distribuído gratuitamente na internet desde 1994 (UFRGS, 2020b). Ele é amplamente utilizado em indústriase em ambientes acadêmicos para simulação nas áreas de ciências e engenharias. Por ser um software livre, iremos utilizá-lo nesta disciplina para simular as sequências discretas. Você pode baixá-lo no site: https://www.scilab.org/download/6.1.0. No Scilab, podemos representar uma sequência discreta de duração finita por um vetor linha (coluna). Contudo, esse vetor não tem nenhuma informação de referência acerca da posição n de casa amostra. Por esse motivo, a correta representação de uma sequência discreta x[n] necessita de dois vetores, ou seja, um vetor para representar as amostras e um outro vetor para representar a posição delas. 1° Exercício de Simulação (Adaptado de PELLEZ, 2020): Considere a seguinte sequência ou sinal discreto: x[n] = {-3, -2, -1, 0, 1, 2, 3}. A seta indica que a amostra está na posição n = 0. Os vetores x e n podem ser definidos no Scilab da seguinte forma: >> n = [-3, -2, -1, 0, 1 ,2, 3]; >> x = [-3, -2, -1, 0, 1 ,2, 3]. O vetor n deve ter sete posições, assim como tem o vetor x. O gráfico da sequência discreta é traçado através do seguinte comando: >> stem (n,x). 19 Neste tópico, você aprendeu que: • Os sinais são funções que representam uma quantidade ou variável física e contêm informações do comportamento do fenômeno físico. • Um exemplo de sinal é a tensão no capacitor ou a corrente no resistor em um circuito resistivo capacitivo (RC). • Outros exemplos de sinais são: nível de glicose, nível de colesterol, batimentos cardíacos, pressão sanguínea, temperatura, índice da bolsa de valores, índice de rentabilidade de uma conta bancária etc. • Os tipos de sinais são de tempo contínuo, de tempo discreto, analógicos, digitais, sinais reais complexos, sinais determinísticos e aleatórios, sinais pares e ímpares, sinais periódicos e não periódicos, sinais de energia e de potência. • Um sinal contínuo no tempo é aquele especificado em todos os valores de tempo. • Um sinal discreto no tempo é aquele especificado apenas em alguns instantes de tempo. • Um sinal analógico é aquele cujos valores de amplitude podem assumir infinitos valores dentro de uma faixa contínua. • Um sinal digital é aquele cujo valores de amplitude podem assumir apenas alguns valores. • Os sistemas são entidades que manipulam um ou mais sinais para realizar uma função, gerando outros sinais. • Os sistemas lineares e invariantes no tempo (SLIT’s) são sistemas que possuem as propriedades de linearidade e de invariância no tempo. Eles são totalmente caracterizados pela resposta do sistema a um impulso unitário: δ(n) → h(n) δ(t) → h(t). Ou seja, a resposta ao impulso caracteriza completamente o SLIT. • Os tipos de sistemas são de tempo contínuo e de tempo discreto, causais e não causais, com memória e sem memória, lineares e não lineares, variantes e invariantes no tempo, estáveis e com realimentação. • As operações com sinais são: multiplicação por um escalar, deslocamento temporal, escalamento temporal, reversão temporal e operações combinadas. Elas designam um papel importante na manipulação dos sinais na engenharia e nas telecomunicações. RESUMO DO TÓPICO 1 20 1 Um sinal é formalmente definido como uma função de uma ou mais variáveis, a qual veicula informações da natureza de um fenômeno físico. Quando a função depende de uma única variável, diz-se que o sinal é _________________________. Um sinal de fala é um sinal _______________________, cuja amplitude varia com o tempo, dependendo da palavra falada e de quem a fala. Quando a função depende de duas ou mais variáveis, diz-se que o sinal é ____________________________. Uma imagem é um exemplo de um sinal ________________________, com as coordenadas horizontal e vertical da imagem representando as _______ dimensões. Com base nesse contexto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) unidimensional, unidimensional, multidimensional, multidimensional, duas. b) ( ) bidimensional, bidimensional, multidimensional, multidimensional, duas. c) ( ) tridimensional, tridimensional, multidimensional, multidimensional, duas. d) ( ) multidimensional, multidimensional, bidimensional, tridimensional, duas. 2 Um sinal pode ser entendido como uma função de uma ou mais variáveis independentes, cuja variação representa o comportamento de algum fenômeno físico. Se nos restringirmos, mais especificamente, à Engenharia Elétrica, pode-se, em geral, entender um sinal como uma grandeza, cuja variação em função do tempo é usada para representar o comportamento de um fenômeno de interesse para alguma das suas áreas de especialização. Exemplos de sinais podem ser encontrados nas mais diversas áreas, como telefonia, automação e controle, geração e transmissão de energia, processamento de áudio, voz e imagens etc. FONTE: Adaptado de CARVALHO, J.; GURJÃO, E.; VELOSO, L. Introdução à análise de sinais e sistemas. São Paulo: Elsevier, 2017. 280p. Com base no exposto e considerando os sinais e sistemas, marque V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: I- Um sinal par é invariante a um rebatimento em torno do eixo vertical. Contrariamente, um sinal é dito ímpar quando sofre uma inversão de sinal como resultado do rebatimento em torno do eixo vertical. II- Um sinal é classificado como sinal de potência quando possui potência média infinita e energia total finita. III- O sinal degrau unitário, no tempo contínuo, é um sinal designado por u(t) e vale zero quando o tempo é superior a um e vale um negativo quando o tempo é inferior a zero. IV- Os sinais seno e cosseno, muito utilizados na análise de sinais, constituem exemplos bem conhecidos de sinal par e sinal ímpar, respectivamente. V- Um sistema é dito sem memória se a saída no tempo n = n0 depender apenas da entrada nesse mesmo tempo n =n0. Ainda, um sistema é linear se, e apenas se, for considerado simultaneamente aditivo e homogêneo. AUTOATIVIDADE 21 Agora, assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – V – V. b) ( ) V – V – F – V – F. c) ( ) F – F – F – V – F. d) ( ) F – V – F – F – V. 3 Os sinais, de uma forma ou de outra, constituem ingrediente básico da nossa vida diária. Por exemplo, uma forma comum de comunicação humana se desenvolve com o uso de sinais da fala, seja na conversação pessoal ou por um canal telefônico. Outra forma comum de comunicação é visual por natureza, com os sinais assumindo a forma de imagens de pessoas ou objetos que nos cercam. Há, também, o correio eletrônico pela internet. A internet constitui um poderoso meio para pesquisar informações de interesse geral, publicidade, educação e jogos. Em um sistema de comunicação, o sinal de entrada poderia ser um sinal de fala ou dados de computador. O sistema em si é composto pela combinação de um transmissor, canal e receptor, e o sinal de saída é uma estimativa do sinal da mensagem original. Um sistema é um dispositivo que produz transformações nos sinais. FONTE: Adaptado de HAYKIN, S.; VEEN, B. V. Sinais e sistemas. São Paulo: Bookman, 2001. p. 21-22. Com base nessa contextualização, analise as assertivas a seguir: I- Os batimentos cardíacos de um paciente permitem, ao médico, monitorar a sua pressão sanguínea e a temperatura, diagnosticar a presença ou não de doenças. Essas quantidades representam sinais que transmitem informações ao médico acerca do estado de saúde do paciente. II- Ao ouvirmos a previsão do tempo no rádio, ouvimos referências às variações diárias de temperatura e umidade, velocidade e direção dos ventos prevalecentes. Os sinais representados por essas quantidades nos ajudam a formar uma opinião acerca da conveniência de permanecermos em casa ou não. III- As flutuações diárias dos preços e commodities nos mercados internacionais representam sinais que transmitem informações de como as ações de uma companhia ou corporação, em particular, estão se comportando. Baseando-se nessas informações, decisões são tomadas a respeito da conveniênciade fazer novos investimentos ou vender as ações antigas. IV- Uma sonda que explora o espaço exterior envia valiosas informações de um planeta distante a uma estação na Terra. A informação pode assumir a forma de imagens de radar, estas que representam perfis da superfície do planeta; imagens em infravermelho, que transmitem informações de quão quente é o planeta; ou imagens ópticas, que mostram a presença de nuvens. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) I, II, III e IV. b) ( ) II, III e IV. c) ( ) III e IV. d) ( ) Somente a assertiva II está correta. 22 4 Segundo Haykin e Van Veen (2001, p. 30): A meta do processamento de sinais biomédicos é extrair informações de um sinal biológico que nos ajude a melhorar ainda mais nossa compreensão dos mecanismos básicos da função biológica e nos auxilie no diagnóstico ou tratamento de uma condição médica. A geração de muitos sinais biológicos encontrados no corpo humano vem da atividade elétrica de grandes grupos de células nervosas ou células musculares. As células nervosas do cérebro são chamadas neurônios. A Figura 1.7 mostra os tipos morfológicos de neurônios identificáveis do córtex cerebral de um macaco, baseados em estudo do córtex sensorial e do motor somático primário. Essa figura ilustra as muitas formas e tamanhos diferentes de neurônios que existem. Independentemente da origem do sinal, o processamento de sinais biomédicos se inicia com um registro temporal do evento biológico de interesse. Por exemplo, a atividade elétrica do coração é representada por um registro denominado eletrocardiograma (ECG). O ECG representa as mudanças no potencial (tensão) devido aos processos eletroquímicos envolvidos na formação e na dispersão espacial das excitações elétricas nas células do coração. Consequentemente, inferências detalhadas a respeito do coração podem ser feitas a partir do ECG. Outro exemplo importante de sinal biológico é o eletroencefalograma (EEG). O EEG é um registro das flutuações na atividade elétrica de grandes grupos de neurônios no cérebro. Especificamente, o EEG mede o campo elétrico associado com a corrente que flui através de um grupo de neurônios. Para registrar o EEG (ou o ECG), no mínimo, dois eletrodos são necessários. Um eletrodo ativo é colocado sobre o local particular da atividade neuronial no que se tem interesse, e um eletrodo de referência é colocado a alguma distância remota desse local. O EEG é medido como a tensão ou diferença de potencial entre os eletrodos ativo e de referência. A Figura 1.8 mostra três exemplos de sinais de EEG registrados do hipocampo de um rato. 23 Com base no exposto, analise as sentenças a seguir: I- Um artefato se refere à parte do sinal biomédico produzida por eventos que são estranhos ao evento biológico de interesse. Assim, a detecção e a supressão de artefatos são quesitos importantes no processamento de sinais biomédicos. II- Os artefatos surgem em um sinal biológico em diferentes etapas do processamento, e podem ser classificados como: artefatos instrumentais, biológicos ou de análise. III- Um método comum e eficaz de reduzir os artefatos instrumentais e biológicos no processamento digital de sinais é a filtragem. Agora, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. b) ( ) Apenas as sentenças I e II estão corretas. c) ( ) Apenas as sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Apenas a sentença I está correta. 5 Sobre os analisadores de espectro, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) A análise espectral de um sinal fornece informação adicional difícil de ser obtida em uma análise temporal (osciloscópio). b) ( ) As escalas vertical (amplitude) e horizontal (frequência) de um analisador de espectros são, em geral, logarítmicas, o que facilita a leitura de sinais de baixa amplitude. 24 c) ( ) Ao analisarmos um sinal senoidal levemente distorcido em função do tempo, dificilmente, percebemos essa imperfeição. Na análise no domínio da frequência, pequenas distorções e imperfeições (que geram componentes de frequência diferentes) são facilmente identificadas, pois cada componente de frequência é visualizado separadamente. d) ( ) A análise espectral de um sinal não fornece informações adicionais ao engenheiro eletricista. 25 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 1 INTRODUÇÃO Sinais, geralmente, transportam informações a respeito do estado ou do comportamento de um sistema físico e, geralmente, são sintetizados para a comunicação entre humanos ou entre humanos e máquinas. Uma imagem fotográfica pode ser representada, matematicamente, como a variação do brilho e da cor em função de duas variáveis no espaço (RAMOS, 2020). A Figura 6 mostrará vários sinais de fala e timbres de instrumentos. FIGURA 6 – TIMBRES DE INSTRUMENTOS E FALA HUMANA REPRESENTADOS POR SINAIS FONTE: Costa e Silva (2020, p. 9) Agora, aprofundaremos o estudo dos sinais de tempo contínuo, de tempo discreto e os sinais especiais, que são aqueles representados por funções matemáticas e que possuem interesse prático em análise de sinais e sistemas. Vamos lá?! 26 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 2 SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO Sinais de tempo contínuo são representados em função de uma variável independente (tempo) contínua. 2.1 SINAIS REAIS E COMPLEXOS Um sinal x(t) é um sinal real se o seu valor for um número real, ou seja, x(t) = A, com A ∈ ℝ. Como exemplo, temos: x(t) = 2 ou x(t) = 2,75. Um sinal x(t) é um sinal complexo se o seu valor for um número complexo. Um sinal complexo x(t) tem a seguinte forma: x(t) = x1(t) + jx2(t) : x1 (t) é um sinal real e jx2(t) é um sinal imaginário e, j = . Essa equação pode representar tanto um sinal de tempo contínuo quanto um sinal de tempo discreto. A seguir, acompanharemos um sinal complexo com as partes real e imaginária distintas. GRÁFICO 10 – SINAL COMPLEXO FONTE: Higuti e Kitano (2003, p. 10) 2.2 SINAIS DETERMINÍSTICOS Um sinal determinístico é aquele cujos valores podem ser especificados a qualquer instante de tempo, ou seja, existe uma função que determina o sinal (HSU, 2004). Um exemplo é x(t) = A,cos(ω0t), em que A e ω0 são constantes. Acompanhe um sinal determinístico: TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 27 GRÁFICO 11 – EXEMPLO DE SINAL DETERMINÍSTICO FONTE: Ramos (2020, p. 4) 2.3 SINAIS ALEATÓRIOS Um sinal aleatório é aquele cujos valores não podem ser determinados. Esses sinais admitem apenas uma descrição probabilística (HSU, 2004). Veja um sinal aleatório: GRÁFICO 12 – EXEMPLO DE SINAL ALEATÓRIO FONTE: Ramos (2020, p. 5) 28 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 2.4 SINAIS PARES Um sinal xe(t) é dito ser par se xe(t) = xe(-t). Um sinal par possui os mesmos valores para os instantes t e -t (simétrico). Acompanhe dois exemplos de sinais pares: GRÁFICO 13 – EXEMPLOS DE UM SINAL PAR FONTE: Oppenheim e Willsky (2010, p. 36) A simetria nos sinais permite, em muitos casos, a simplificação em sinais e sistemas, facilitando os cálculos. 2.5 SINAIS ÍMPARES Um sinal x(t) é dito ser ímpar se x(t) = - x(- t). O valor do sinal ímpar no instante t é o negativo do seu valor em - t (antissimétrico). Veja dois exemplos de sinais ímpares: GRÁFICO 14 – SINAIS ÍMPARES FONTE: Oppenheim e Willsky (2010, p. 38) TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 29 Agora, apresentaremos algumas propriedades das funções pares e ímpares: • Função par x função ímpar = função ímpar. • Função ímpar x função ímpar = função ímpar. • Função par x função par = função par. Todo o sinal x(t) pode ser decomposto como a soma dos seus componentes pares e ímpares: O primeiro termo após o sinal da igualdade corresponde à parte par, e, o segundo termo, corresponde à parte ímpar. Mesmo quando o sinal não é par nem ímpar, elepode ser decomposto em uma componente par e uma componente ímpar. NOTA 2.6 SINAIS PERIÓDICOS Um sinal x(t) é dito periódico com período T se para qualquer valor positivo de T x(t + T) = x(t) para todo t. Visualizaremos um sinal periódico de tempo contínuo e um sinal periódico de tempo discreto (sequência): GRÁFICO 15 – SINAIS PERIÓDICOS FONTE: Arndt (2020, p. 17) 30 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS Acompanhe um sinal periódico, com amplitude A e período T: GRÁFICO 16 – SINAL QUADRADO PERIÓDICO NO TEMPO FONTE: Lathi (2006, p. 45) T é o período fundamental do sinal, em segundos [s]; é a frequência fundamental do sinal, em hertz [Hz]; e ou é a frequência angular fundamental do sinal, em radianos por segundo [rad/s]. 2.7 SINAIS NÃO PERIÓDICOS Se o sinal x(t) não for periódico, ele é dito aperiódico. Mostraremos dois gráficos que contêm exemplos de sinais aperiódicos. GRÁFICO 17 – SINAIS APERIÓDICOS FONTE: Lathi (2006, p. 46) TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 31 2.8 SINAIS DE ENERGIA A energia e a potência de um sinal podem ser definidas considerando uma resistência normalizada de 1 Ω. A energia total E por ohm é dada por: Para um sinal qualquer x(t), de tempo contínuo, o conteúdo da energia normalizada E de x(t) é dado por: Veja, a seguir, um sinal com energia finita: GRÁFICO 18 – SINAL COM ENERGIA FINITA FONTE: Oppenheim e Willsky (2010, p. 42)v Um sinal é caracterizado como sinal de energia se satisfizer a condição 0 < E < ∞. 2.9 SINAIS DE POTÊNCIA Em sistemas elétricos, um sinal, normalmente, é representado pela tensão ou corrente elétrica. Considera-se, então, a potência instantânea dissipada em um resistor, dada por: Ou 32 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS A potência média P por ohm é dada por: A unidade da potência são os watts [W]. A potência média normalizada P do sinal x(t) é definida como: Um sinal periódico é um sinal de potência se o seu conteúdo de energia por período for finito. Então, a potência média desse sinal pode ser calculada apenas para um período. A seguir, um sinal com potência finita. GRÁFICO 19 – SINAL COM POTÊNCIA FINITA FONTE: Oppenheim e Willsky (2010, p. 43) Um sinal é caracterizado como sinal de potência se satisfizer a condição 0 < P < ∞. O Quadro 2 mostrará as diferenças entre os sinais de energia e de potência. QUADRO 2 – SINAIS DE ENERGIA VERSUS SINAIS DE POTÊNCIA FONTE: Ramos (2020, p. 18) Sinais de Energia Sinais de Potência Duração finita Duração infinita Energia normalizada finita e não zero Potência normalizada finita e não zero Potência média normalizada sobre um intervalo infinito igual a zero Energia média normalizada sobre um intervalo infinito igual a zero Fisicamente realizável Tratável matematicamente TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 33 2.10 SINAIS LIMITADOS NO TEMPO Sinais limitados no tempo são sinais não periódicos e concentrados em intervalos de tempo com duração bem definida. Esses sinais podem ser subdivididos em sinais estritamente e assintoticamente limitados no tempo. GRÁFICO 20 – EXEMPLOS DE SINAIS LIMITADOS NO TEMPO FONTE: Higuti e Kitano (2003, p. 12) 2.11 SINAIS CAUSAIS Um sinal é dito causal se ele começar a partir do instante t = 0. 2.12 SINAIS NÃO CAUSAIS Se o sinal iniciar em t < 0 e se estender até t > 0, é chamado de não causal. Como a variável de um sinal não está restrita ao tempo, os sinais não causais podem existir no mundo físico. 2.13 SINAIS ANTICAUSAIS Se o sinal existir apenas para t < 0, é chamado de anticausal. 34 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 2.14 SINAIS FISICAMENTE REALIZÁVEIS Os sinais denominados fisicamente realizáveis são sinais práticos que podem ser medidos em laboratório. Eles devem satisfazer as seguintes condições: • são sinais limitados no tempo; • são sinais limitados em amplitude; • suas componentes espectrais significativas se concentram em um intervalo de frequências finito; • sua forma de onda é uma função temporal contínua; • sua forma de onda assume apenas valores reais (HIGUTI; KITANO, 2003). Geralmente, esses sinais são medidos através do analisador de espectro. 2.15 SINAIS ESPECIAIS DE TEMPO CONTÍNUO Algumas funções matemáticas são utilizadas em sinais e sistemas, como modelos ou padrões. Esses modelos ou padrões servem para a representação de outros sinais e, ainda, são utilizados para simplificação de sinais. Apresentaremos esses sinais ou funções a seguir. 3 FUNÇÃO DEGRAU UNITÁRIO A função degrau unitário permite transformar um sinal de duração infinita em um sinal causal. O degrau unitário é definido por: Observe um degrau unitário no domínio do tempo: GRÁFICO 21 – FUNÇÃO DEGRAU UNITÁRIO NO DOMÍNIO DO TEMPO FONTE: Hsu (2004, p. 18) t 1 e –atu(t) 0 t 1 u(t) 0 TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 35 A função impulso unitário ou função delta de Dirac δ(t) é definida por δ (t) = 0 para t ≠ 0. Ela é definida por . 4 FUNÇÃO IMPULSO UNITÁRIO OU DELTA DE DIRAC GRÁFICO 22 – FUNÇÃO DELTA DE DIRAC FONTE: Lathi (2006, p. 23) 5 FUNÇÃO RAMPA A função rampa corresponde a uma ação que cresce linearmente no tempo a partir de uma função nula. A função rampa r(t) é definida por: A função rampa também pode ser escrita como r(t) = tu(t). GRÁFICO 23 – FUNÇÃO RAMPA FONTE: Arndt (2020, p. 14) t t δ(t) ∈→0 1 ∈ ∈ 2 ∈ 2 36 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 6 EXPONENCIAL COMPLEXA A exponencial complexa é definida por est, sendo s = σ + jω. A variável s é chamada de frequência complexa. Utilizando a fórmula de Euler, pode-se mostrar que: Uma exponencial amortecida pode ser representada por uma combinação de exponenciais complexas. GRÁFICO 24 – EXEMPLOS DE SINAIS EXPONENCIAIS FONTE: Oppenheim e Willsky (2010, p. 50) Por que as funções exponenciais reais e complexas são importantes na análise de sinais e sistemas? Elas são fundamentais na análise de autofunções, nas decomposições lineares, na resposta de sistemas SLIT’s e na análise em frequência. NOTA TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 37 7 SINAIS DE TEMPO DISCRETO Sinais de tempo discreto são definidos apenas em instantes distintos do tempo em um intervalo possível de valores. Portanto, podem ser representados por uma variável independente discreta. São matematicamente representados como sequências de números x[n], em que n ∈ {..., - 3, - 2, - 1, 0, 1, 2, 3, ...}. Normalmente, são derivados de sinais em tempo contínuo através do processo de amostragem. O Gráfico 25 mostrará a representação e as diferenças entre os sinais contínuos em amplitude e no tempo, sinal contínuo em amplitude e discreto no tempo e de um sinal discreto em amplitude e no tempo. GRÁFICO 25 – DIFERENÇAS ENTRE OS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DE TEMPO DISCRETO FONTE: Ramos (2020, p. 8) A seguir, mostraremos a representação de alguns sinais discretos, os quais chamaremos de sequências. 7.1 SEQUÊNCIA DEGRAU UNITÁRIO DISCRETA A sequência degrau unitário u[n] é definida como: Note que o valor de u[n] em n = 0 é definido e é igual a 1. 38 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS GRÁFICO 26 – SEQUÊNCIA DEGRAU UNITÁRIO FONTE: Hsu (2004, p. 23) O degrau unitário é útil para representar sinais discretos causais, além de abreviar notações. Por que estudar as funções impulso e degrau unitário são importantes na análise de sinais? Elas são utilizadas na soma e na integral de convolução, em funções de transferência, na análise da estabilidade e na dinâmica de sistemas diversos. NOTA 7.2 SEQUÊNCIA IMPULSO UNITÁRIO OU DELTA DE DIRAC DISCRETA A sequência impulso unitário ou amostra unitária é definida como: GRÁFICO 27 – SEQUÊNCIA IMPULSO UNITÁRIO FONTE: Hsu (2004, p. 24) TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPOCONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 39 7.3 FUNÇÃO RAMPA DISCRETA A função rampa discreta é definida como: Geometricamente, surge uma função rampa de tempo discreto: GRÁFICO 28 – RAMPA DISCRETA FONTE: Hsu (2004, p. 23) 8 SEQUÊNCIAS EXPONENCIAIS COMPLEXAS Uma exponencial complexa discreta é representada por ejΩn. Uma sequência exponencial complexa é da forma x(t) = ejΩ0n . Utilizando a fórmula de Euler, x[n] pode ser escrita como x[n] = ejΩ0n = cos(Ω0n) + j sen(Ω0n). Com isso, podemos dizer que x[n] é uma sequência complexa, com parte real cos(Ω0n) e com parte imaginária sen(Ω0n). Acompanhe uma sequência exponencial complexa: 40 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS GRÁFICO 29 – SEQUÊNCIA EXPONENCIAL COMPLEXA FONTE: Oppenheim e Willsky (2010, p. 15) 8.1 SEQUÊNCIAS EXPONENCIAIS COMPLEXAS GERAIS A sequência exponencial complexa geral é definida como x[n] = C . an, em que C e α são números complexos. TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 41 9 SEQUÊNCIAS EXPONENCIAIS REAIS Se C e α, na equação x[n] = C . an, forem números reais, então, x[n] é dita sequência exponencial real. Seguem quatro casos diferentes: a > 1,0 < a < 1, –1 < a < 0 e a < –1: GRÁFICO 30 – QUATRO CASOS DISTINTOS DE SEQUÊNCIAS EXPONENCIAIS REAIS FONTE: Eisencraft (2006, p. 4) Se 0 < a < 1, o sinal é decrescente. Se a > 1, o sinal é crescente. Notamos, também, que se a < 0, um sinal exponencial de tempo discreto assume valores positivos e negativos de C que se alternam. 10 SEQUÊNCIAS SENOIDAIS Uma sequência senoidal pode ser escrita como x[n] = A.cos(Ω0.n + θ). Como n é adimensional, Ω0 e θ são dados em radianos. 42 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS GRÁFICO 31 – SEQUÊNCIA SENOIDAL FONTE: Nascimento (2010, p. 9) Surgem duas sequências senoidais, uma periódica e uma não periódica. GRÁFICO 32 – SEQUÊNCIAS SENOIDAIS PERIÓDICAS E NÃO PERIÓDICAS FONTE: Oppenheim e Willsky (2010, p. 16) TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE TEMPO CONTÍNUO E DOS SINAIS DISCRETOS NO TEMPO 43 11 REPRESENTAÇÃO NO SCILAB OU NO OCTAVE Caro aluno, vamos realizar mais algumas simulações em Scilab? 2° Exercício de Simulação (Adaptado de PELLENZ, 2020): Agora, vamos gerar sequências exponenciais reais, da forma x[n] = k. an, n, com a, k pertencentes aos reais. Para tanto, represente no Scilab e trace o gráfico, conforme feito no 1° Exercício de Simulação, para as seguintes sequências exponenciais reais: (a) x1 [n] = (0.8)n; N1 = 80. (b) x2 [n] = 2.(0.6)n; N2 = 100. As sequências devem ter comprimento N, ou seja, 0 ≤ n ≤ N –1. 3° Exercício de Simulação (Adaptado de PELLENZ, 2020): Vamos traçar o gráfico das seguintes sequências discretas e determinar se os sinais a seguir são periódicos ou aperiódicos. Utilize 0 ≤ n ≤ 50. (a) x [n] = cos (2n). (b) x [n] = . 4° Exercício de Simulação (Adaptado de PELLENZ, 2020): Vamos calcular a energia e a potência dos seguintes sinais discretos: >> Ex = sum (x.*conj(x)) >>Ex = sum(abs(x).^2) 5° Exercício de Simulação (Adaptado de PELLENZ, 2020): Neste último exercício, vamos aprender a decompor um sinal em suas componentes par (simétrica) e ímpar (assimétrica): Qualquer sequência discreta real, x[n], pode ser decomposta nas suas componentes par e ímpar: 44 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS O algoritmo a seguir utiliza a função [xe, xo, m]=evenodd(x,n) para decompor a sequência discreta x[n]=u[n]-u[n-10] em suas componentes par e ímpar. Caro acadêmico, após gerar os gráficos com os comandos subplot, você poderá notar que, quando adicionamos as sequências xpar[n] + xímpar[n], obtemos a sequência original x[n]. Algoritmo: n=[0;10]; x=stepseq(0, 0, 10)-stepseq(10, 0, 10); [xe,xo,m]=evenodd(x, n); subplot(1,1,1) subplot(2,2,1); stem(n,x);title(‘Pulso retangular’) xlabel(‘n’); ylabel(‘x(n)’);axis([-10,10,0,1.2]) subplot(2,2,2); stem(m,xe);title(‘Componente par’) xlabel(‘n’); ylabel(‘xe(n)’);axis([-10,10,0,1.2]) subplot(2,2,4); stem(m,xo);title(‘Componente ímpar’) xlabel(‘n’); ylabel(‘xo(n)’);axis([-10,10,-0.6,0.6]) 45 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Um sinal real é um sinal que tem, como amplitude, um valor pertencente ao conjunto dos números reais sem ter uma parte imaginária. • Um sinal complexo é composto por duas partes, uma real e a outra imaginária. • Um sinal par possui os mesmos valores para t e –t, ou seja, x(-t) = x(t). • Todo sinal par é dito simétrico. • Um sinal ímpar não possui os mesmos valores para t e –t, ou seja, para um sinal ser ímpar, ele deve satisfazer: x(-t) = - x(t). • Todo sinal ímpar é dito assimétrico. • Um sinal é caracterizado como sinal de energia se satisfizer a condição 0 < E < ∞. • Um sinal é caracterizado como sinal de potência se satisfizer a condição 0 < P < ∞. • Ambas as condições são mutuamente excludentes, ou seja, se o sinal for de energia, não pode ser de potência, e, se o sinal for de potência, não pode ser de energia. Porém, ainda, um sinal pode ser nem de energia e nem de potência. • Um sinal é periódico se satisfizer a condição x(t) = x(t + T) para todo t, T pertencente ao conjunto dos números reais. • Um sinal aperiódico não satisfaz a condição anterior. • Um sinal determinístico é um sinal sobre o qual não existe nenhuma incerteza com respeito ao seu valor em qualquer instante de tempo. • Um sinal aleatório é um sinal sobre o qual há incertezas associadas ao seu valor em qualquer instante de tempo. Por exemplo, o ruído branco. 46 AUTOATIVIDADE 1 Classifique os sinais a seguir: a) b) c) d) e) f) g) 47 2 Determine se os sinais são periódicos ou não. Se forem periódicos, determinar o período fundamental: a) b) 3 Determine se os sinais a seguir são de energia, de potência ou nenhum deles: a) x(t) = e–at, com a > 0. b) x(t) = A.cos(ω0t + θ). c) Verifique se x(t) = e–2t é um sinal de energia ou de potência. 4 Desenvolva a decomposição par/ímpar de um sinal x(t) = ejt, aplicando as definições estudadas neste tópico. 48 49 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 ANÁLISE DE SISTEMAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES 1 INTRODUÇÃO Os sistemas físicos, em sentido amplo, são uma interconexão de componentes, dispositivos ou subsistemas. Um sistema de tempo contínuo é um sistema em que os sinais de entrada de tempo contínuo são aplicados e geram sinais de saída de tempo contínuo. Um sistema de tempo discreto é um sistema que transforma entradas de tempo discreto em saídas de tempo discreto. Os sistemas podem ser lineares ou não lineares, e podem, ainda, ter parâmetros constantes ou parâmetros variando no tempo. Um sistema cuja saída seja proporcional à entrada é um sistema linear; se a saída não for proporcional à entrada do sistema, ele não é linear. Um sistema em que seu comportamento de entrada/saída é o mesmo, qualquer que seja o instante em que a entrada é aplicada no sistema, é considerado um sistema invariante no tempo. Os sistemas podem ser classificados em estáveis e instáveis, segundo o critério de estabilidade externa. Um sistema é estável (BIBO estável) se uma entrada limitada gera uma saída limitada. Caso uma entrada limitada gere uma saída ilimitada, o sistema é instável. FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO EM BLOCOS DE UM SISTEMA FONTE: Haikyn e Van Veen (2001, p. 22) Sinal de entrada Sinal de saídaSistema A seguir, entenderemos os conceitos de sistemas e os seus tipos. Vamos lá?! 50 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 2 SISTEMAS Os sistemas dependem da aplicação de interesse do engenheiro eletricista ou do projetista elétrico. Um sistema é definido como uma entidade que manipula um ou mais sinais para realizar uma função, produzindo novos sinais (HAYKIN; VAN VEEN, 2001). Os sistemas são utilizados para processar sinais e para permitir modificação ou extração de informação adicional. Um sistema físico é constituído por componentes interconectados, os quais são caracterizados por sua relação terminal (entrada/saída). Os sistemas podemser classificados, genericamente, em sistemas lineares e não lineares; sistemas com parâmetros constantes ou com parâmetros variando no tempo; sistemas instantâneos (sem memória) ou dinâmicos (com memória); sistemas causais ou não causais; sistemas contínuos ou discretos no tempo; sistemas analógicos ou digitais; sistemas inversíveis ou não inversíveis; e sistemas estáveis ou instáveis. 2.1 SISTEMAS LINEARES Um sistema é linear se ele verifica o princípio da superposição, ou seja, se ele é simultaneamente aditivo e homogêneo. Para um sistema linear, tem-se que: Se x1 → y1 e se x2 → y2 então, k1x1+k2x2 → k1y1+k2y2 Um sistema linear permite que cada entrada seja considerada separadamente. 2.2 SISTEMAS NÃO LINEARES Caso o sistema não verifique o princípio da superposição, ele é dito ser não linear. A maioria dos sistemas é não linear quando são consideradas todas as possibilidades de entradas. 2.3 SISTEMAS INVARIANTES NO TEMPO Um sistema é invariante no tempo se um deslocamento na entrada provoca o mesmo deslocamento na saída, ou seja, se x(t) → y(t), então, x(t – T) → y(t – T). TÓPICO 3 — ANÁLISE DE SISTEMAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES 51 2.4 SISTEMAS VARIANTES NO TEMPO Caso o sistema não verifique a propriedade de invariância no tempo, ele é dito ser variante. Sistemas variantes no tempo possuem parâmetros que variam, mas, neste curso, interessam-nos apenas os sistemas lineares e invariantes no tempo. 2.5 SISTEMAS LINEARES E INVARIANTES NO TEMPO (SLIT’s) Esses sistemas atendem aos princípios citados anteriormente. 2.6 SISTEMAS COM MEMÓRIA Um sistema é dito sem memória se a sua saída, para todo valor da variável independente, em um dado instante, depende somente da entrada no mesmo instante. Caso a saída no instante t dependa de valores passados ou futuros da entrada, o sistema é dito ser com memória (dinâmico). São exemplos de sistemas com memória os circuitos RC, RL e RLC (HSU, 2004). Outro exemplo de sistema de tempo discreto com memória é o sistema acumulador (somador): Por fim, o sistema atrasador, que será mostrado a seguir, também é um exemplo de sistema com memória. 2.7 SISTEMAS SEM MEMÓRIA Um sistema sem memória (instantâneo) é aquele cuja saída no instante t depende apenas da entrada no instante t. Um exemplo de um sistema sem memória é um circuito resistivo (NASCIMENTO, 2010). 52 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS 2.8 SISTEMAS INVERTÍVEIS Um sistema é dito invertível se entradas distintas levam a saídas distintas. Se um sistema é invertível, então existe um sistema inverso que, ao ser colocado em série com o sistema original, produz uma saída que é igual à entrada do primeiro sistema. Sistemas invertíveis são usados em sistemas de codificação em aplicações de comunicação. 2.9 SISTEMAS NÃO INVERTÍVEIS São exemplos de sistemas não invertíveis (OPPENHEIM; WILLSKY, 2010): y[n] = 0 e y(t) = x2(t). 2.10 SISTEMAS CAUSAIS Um sistema é dito causal se a saída, em qualquer tempo, depender dos valores da entrada somente nos instantes presente e passado. Os sistemas causais também são conhecidos como sistemas não antecipativos. São exemplos de sistemas causais: o circuito RC, os veículos etc. Matematicamente, são exemplos de sistemas não causais: y[n] = x[n] – x[n + 1] e y(t) = x(t + 1). Todos os sistemas sem memória são causais. A causalidade nem sempre é uma restrição essencial em aplicações em que a variável independente não é o tempo, como o processamento de imagens. Quando os dados forem gravados, não estamos limitados ao processamento causal, por exemplo, na análise histórica do mercado de ações (OPPENHEIM; WILLSKY, 2010). 2.11 SISTEMAS ESTÁVEIS Um sistema será estável se, para toda entrada limitada (ou seja, seu módulo não cresce sem limites), a saída também for limitada. Esses sistemas são chamados de sistemas BIBO (Bound Input Bound Output). TÓPICO 3 — ANÁLISE DE SISTEMAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES 53 2.12 SISTEMAS INSTÁVEIS Caso uma entrada limitada gere uma saída ilimitada, o sistema é instável. Os sistemas SLIT’s podem ser dos seguintes tipos: • SISO — MISO — Multiple Input, Single Output: A equação equivalente do sistema depende de todas as entradas. Para um sistema MISO ser linear, os diferentes sinais só podem ser somados entre si. Não pode haver multiplicação entre eles ou derivação de um sinal em relação ao outro. • SIMO — Single Input, Multiple Output: Logicamente, é possível decompor qualquer sistema SIMO em sistemas SISO individuais. • MIMO — Multiple Input, Multiple Output: Da mesma forma, é possível decompor qualquer sistema MIMO em sistemas MISO individuais (WIKIPÉDIA, 2020a). 54 UNIDADE 1 — SINAIS E SISTEMAS LEITURA COMPLEMENTAR OS SINAIS ELÉTRICOS DO CORPO HUMANO Newton C Braga Cada vez mais, os dispositivos eletrônicos que interfaceiam com o corpo humano se tornam disponíveis, não apenas para as aplicações médicas, como também com aplicações comuns, que incluem vestíveis, monitoramento de atividade física, segurança, controle remoto e muito mais. Isso significa que, cada vez mais, a eletrônica interfaceia com o corpo humano, exigindo, do projetista, um conhecimento adicional que é saber com que tipo de sinais deve trabalhar. Neste artigo, tratamos justamente disso. O corpo humano é um meio condutor de características específicas que devem ser conhecidas por todos que fazem projetos de dispositivos e pelas pessoas que apenas trabalham com eles, como médicos, fisioterapeutas etc. O corpo humano pode ser considerado uma solução iônica, cheia de dispositivos que geram potenciais elétricos fixos ou, ainda, que produzem sinais elétricos de características especiais. Como tratar esses sinais exige um conhecimento muito grande do modo como são gerados, como se comportam e como podemos medi-los, captá-los para uso em dispositivos externos ou como podemos interferir neles gerando sinais externos de controle. É claro que um bom conhecimento de anatomia e de fisiologia humana seria muito importante para complementar o que vamos analisar. No entanto, vamos procurar ser didáticos nas nossas explicações, permitindo que mesmo os que não sejam profissionais do ramo entendam. Íons positivos e negativos Quando um composto iônico, por exemplo, o cloreto de sódio (NaCl), decompõe-se ao ser dissolvido na água, o cloro se separa do sódio, formando íons positivos (Na+) e negativos (Cl-). Os íons podem servir de portadores de cargas, ou seja, transportar correntes elétricas, e se estiverem separados por uma barreira isolante, por exemplo, podem manifestar uma tensão. É o princípio de funcionamento das baterias. No corpo humano, temos, principalmente, átomos, como sódio, cloro, potássio, que podem, facilmente, perder ou ganhar elétrons. Quando estão em um meio líquido, como o nosso corpo, podem servir de portadores de carga, TÓPICO 3 — ANÁLISE DE SISTEMAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES 55 transportando correntes elétricas ou manifestando tensões entre determinados pontos, funcionando como pequenos geradores. Assim, quando analisamos a presença de cargas e correntes no nosso corpo, deparamo-nos com dois tipos de cargas responsáveis por dois tipos de potenciais elétricos ou biopotenciais. Podemos dizer que o corpo humano se comporta como uma verdadeira usina química, gerando sinais que podem ter diversas finalidades. Os tipos de biopotenciais Para entender os potenciais que encontramos no nosso corpo, começamos, justamente, pelo nosso sistema nervoso. Esse sistema é o responsável pela troca de informações entre as diversas partes do nosso corpo, operando com dois tipos de potenciais. As células do nosso sistema nervoso ou neurônios usam pulsos elétricos para se comunicar e, assim, formar uma poderosa rede que opera com sinais cuja complexidade vai muito além de simples impulsos, conforme veremos mais adiante. A seguir, teremos a estrutura de uma célula nervosa comum. Figura 1 – A célula nervosa Proteínas em forma de bastão na membrana da célula formam um
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