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Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. A HISTÓRIA DA LOGÍSTICA .....................................................................3 1.1. Importância histórica e evolução ..............................................................3 2. COMPETÊNCIA E MISSÃO DA LOGÍSTICA ...........................................5 2.1. Competência da Logística...........................................................................5 2.2. Missão da Logística .....................................................................................6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................8 REFERÊNCIAS .................................................................................................9 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 1 – DEFININDO A LOGÍSTICA Nesta aula você vai conhecer a evolução da Logística ao longo da história, para compreender sua definição, competência, missão e importância para as operações de qualquer empresa que pretenda alcançar a vantagem competitiva. Ao final da aula, você poderá responder às seguintes questões: • Quais as competências da Logística? • Qual é a missão da Logística? • Qual a importância da Logística? 1. A HISTÓRIA DA LOGÍSTICA 1.1. Importância histórica e evolução A Logística existe há muito tempo. Você sabia que existem registros relativos ao transporte de material de um lugar para outro feito por galegos, fenícios, gregos, romanos e egípcios? Claro! É só pensar nas pirâmides. Que exemplo de logística! O Egito é um lugar onde o dia é muito quente e a noite é muito fria, por isso toda a movimentação de materiais e a construção tinham de ocorrer em um curto espaço de tempo. Ainda é um mistério como tal deslocamento acontecia, até para os mais experientes historiadores. Para saber mais O filme da Warner Bros 10.000 AC (EUA, 2008), dirigido por Roland Emmerich, conta a história de D’Leh e Evolet em uma tribo remota na Cordilheira dos Andes. Em meio a diversas aventuras, o filme mostra uma provável solução para o mistério da construção das pirâmides do Egito. Vale a pena conferir! Apesar de sua grande importância na Antiguidade, a Logística só foi vista como essencial por sua ligação com as atividades militares. Diversos autores da área indicam que o próprio termo pode ter sido criado a partir de Marechal de Logis, posição existente no exército francês, na Primeira Guerra Mundial. Ocupantes desse cargo eram responsáveis pela movimentação de suprimentos das tropas, como comida, água, abrigo, telecomunicações, além de todo o material bélico. O Marechal de Logis fazia o planejamento de quando, onde e como a tropa seria abastecida. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Esse planejamento foi essencial para as batalhas de Napoleão e para as duas grandes Guerras Mundiais. Inclusive, foi a partir da Segunda Guerra, em 1945, que o termo ganhou notoriedade no mercado, passando a ser utilizado pelas empresas. Inicialmente, a área de logística das empresas exercia uma função operacional, realizando a armazenagem e o transporte de materiais, sem integração com as demais áreas. Ao longo das décadas, porém, esse papel foi modificado, com a integração da área à cadeia de suprimentos (SCM, sigla em inglês de supply chain management). As autoras Faria e Costa (2005) destacam que a Logística evoluiu de um conceito essencialmente operacional, dando suporte para vendas e marketing nas funções de transporte, armazenagem e distribuição, para uma ferramenta que pode proporcionar sustentabilidade da vantagem competitiva nas organizações. A Figura 1 mostra a evolução dos conceitos anteriormente tratados de forma separada até serem consolidados pela Logística e pela SCM. Importante O termo vantagem competitiva é definido por Christopher (2002) como “a posição de superioridade sobre os concorrentes, em termos de preferência do cliente”. Ela somente será sustentável caso seja duradoura. Segundo o autor, a logística é um dos elementos que permite alcançar a vantagem competitiva. Figura 1 – Evolução da Logísica e da SCM (Supply Chain Management) Fonte: FARIA E COSTA (2005, p.19) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 É possível perceber como a Logística evoluiu ao longo do tempo, agregando valor de lugar, tempo, qualidade e informação à cadeia produtiva. Importante O Valor na Logística não é definido como preço, que nesse caso seria entendido como custo. O valor é visto pelos profissionais de logística como os fatores que são importantes para um consumidor no momento da compra do produto ou do serviço. Um consumidor poder querer preço baixo, mas outro quer qualidade e não se importa com o preço. A empresa deve se adaptar para oferecer aquilo que seu cliente deseja. Diante desse panorama, o Council of Supply Chain Management Professionals (em português, conselho de gestão da cadeia de suprimentos), apud Novaes (2007), definiu a Logística como: Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. (NOVAES, 2007, p. 35) Para pensar Visite o site do Council of Supply Chain Management Professionals, que apresenta notícias e metodologias de gestão para a área. O endereço está disponível no ambiente virtual, item Material Complementar.. A partir de agora, você vai entender qual é a competência da Logística e sua missão. 2. COMPETÊNCIA E MISSÃO DA LOGÍSTICA 2.1. Competência da Logística Segundo Bowersox e Closs (2010), um bom desempenho logístico depende, inicialmente, do cumprimento de algumas tarefas básicas. São atividades específicas que vão desde o recebimento até a expedição de materiais, envolvendo um grande número de pessoas. Executar essa tarefa exige esforço e coordenação, uma vez que podem ser executadas por pessoas e empresas diferentes, em localizações geográficas distantes. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 Cada uma das tarefas especializadas da Logística acontece em um determinado tempo entre o ponto de origem e o ponto de consumo e cada uma delas é alvo de melhoria e simplificação, impactando nos custos da empresa. Imagine um cinéfilo compulsivo, que vai ao cinema toda semana e ainda assiste canais pagos a fim de satisfazer sua ânsia por filmes. Esse consumidor está em um mercado em alteração, já que atualmente já existem empresas, como a Netflix, queoferecem exibições de filmes pela internet, no conforto da casa do consumidor, diretamente no aparelho de televisão ou no computador, via modem. Essa mudança tecnológica fez com que as empresas tivessem de se adaptar e adequar seu desempenho logístico de forma a apoiar as estratégias da empresa e atender ao consumidor. Quando a empresa consegue realizar essa mudança, ela terá competências essenciais na logística. Hitt et al. (2005) definem competências essenciais como um conjunto de habilidades ou tecnologias de que a organização dispõe e que lhes serve de base para gerar benefícios aos clientes, como uma fonte de vantagem competitiva, termo que já comentamos anteriormente. Barney e Hesterly (2011) indicam algumas competências essenciais de empresas conhecidas mundialmente: 1. Coca-Cola® – controle da função marketing e capacidade de valorizar a marca; 2. Sony – miniaturização; 3. Petrobras – tecnologia de ponta na exploração do petróleo; 4. 3M – inovação e processo de desenvolvimento de produtos. Cada uma dessas empresas conta com uma competência logística alinhada ao desejo de seus clientes, o que faz delas sucesso em seu mercado. Na prática Acesse o site da empresa3M e veja seu portfólio de produtos. Pense como cada um deles necessita de uma competência logística diferente. 2.2. Missão da Logística Depois de tudo que foi visto até aqui, a pergunta é “Qual é a missão da Logística?”. A Logística existe para satisfazer às necessidades do cliente, facilitando as operações relevantes de produção e marketing (BOWERSOX e CLOSS, 2010, p.23). Ora, mas isso parece simples, não é mesmo? Nem tanto assim. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 Suponha que a sua empresa é uma fabricante de aeronaves. Este tipo de produto possui uma fabricação lenta, que depende de vários fornecedores, além de inúmeras pessoas trabalhando não somente no processo produtivo mas em todas as etapas de venda (realizada via contrato), compra de material, contratação, verificação de qualidade, além, é claro, das etapas do processo logístico. Produtos desse tipo são classificados, segundo Fisher (1997), como produtos funcionais. Eles possuem um ciclo de vida longo, ou seja, o consumidor final pode utilizá-los por períodos mais longos, como é o caso do avião. Como o custo de produção do produto é alto, o lucro da empresa é menor em relação a outros produtos, ou seja, sua margem de contribuição para produtos funcionais é de 5% a 20%. Em geral, as empresas que fabricam produtos funcionais oferecem pouca variedade ao mercado, a fim de tentar padronizar seus processos e prazos de entrega do produto (lead-time1), que demoram de 6 meses a 1 ano. E se falarmos agora de um restaurante? Será que ele também pode ser classificado como funcional? Vejamos: O restaurante é um prestador de serviço, o que não significa que não tenha logística. Pelo contrário, empresas que atuam na prestação de serviços necessitam de logística sempre. Um restaurante que oferece um belo prato aos seus clientes deve renovar seu cardápio incluindo novas combinações e tirando as que já não agradam aos seus clientes? Consegue cobrar valores mais altos pelo prato, mesmo se seus custos forem menores para produzi-lo? Oferece diversas opções e combinações de refeições e em vários horários do dia e da semana? Possui uma entrega rápida? Tabela 1 – Diferenças na demanda de produtos funcionais e produtos inovadores Aspectos da demanda Produtos funcionais(demanda previsível) Produtos inovadores (demanda imprevisível) Ciclo de vida do produto Maior que 2 anos De 3 meses a 1 ano Margem de contribuição 5% a 20% 20% a 60% Variedade de produtos Baixa (10 a 20 variações) Alta (milhares de variações) Lead-time 6 meses a 1 ano 1 dia a 2 semanas Fonte: FISHER (1997, p.107). Entendemos, portanto, que a Logística tem como missão satisfazer a necessidade dos clientes. Contudo, ela deve levar em consideração as diferentes características dos produtos e/ou serviços oferecidos e, assim, planejar suas operações da maneira mais eficiente. 1 O lead-time é um conceito amplamente aceito na área da Logística e significa o tempo de atendimento de um pedido, desde o seu envio e recebimento, até a entrega ao consumidor final. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta aula entendemos o processo histórico de evolução da Logística, passando por sua influência em antigas civilizações e nas operações militares, nas quais as batalhas eram vencidas graças ao planejamento do Marechal de Logis. A Logística também influenciou a forma como as empresas operavam, passando de um conceito operacional, como suporte para as demais áreas em armazenagem, distribuição e transporte, para a participação decisiva na criação de valor para o cliente, e habilitando a empresa a criar e manter uma vantagem competitiva sustentável. Para pensar A partir do exemplo de empresas que vimos na página 7, pense em outras que possuem vantagem competitiva em seu mercado. Pode ser uma empresa da sua preferência. Responda: Por que prefere adquirir o produto dela ao invés do oferecido pela empresa concorrente? Neste caso, o que é valor para você, como consumidor final? A Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, serviços e informações associadas, desde o ponto de origem (fornecedor) até o ponto de consumo (consumidor final) com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. É sua missão satisfazer às necessidades do cliente, facilitando as demais operações da empresa. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 9 REFERÊNCIAS BARNEY, J. B., HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2010. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia para redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira, 2002. FARIA, A. C; COSTA, M.F.G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2005. FISHER, M. L. What is the Right Supply Chain for your Product? USA: Harvard Business Review. Reprint number 97205, pp. 105 - 116, Março-Abril 1997. HITT, M. A.; IRELAND, R.D., HOSKISSON, R.E. Administração Estratégica: competitividade e globalização. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. FASES DE INTEGRAÇÃO DA LOGÍSTICA ...............................................3 1.1. Primeira Fase: Atuação Segmentada (1940 a 1960) ................................3 1.2. Segunda Fase: Integração Rígida (de 1960 a 1980) ................................4 1.3. Terceira Fase: Integração Flexível – de 1980 até 2000 ............................5 1.4. Quarta Fase: Integração Estratégica – de 2000 até os dias de hoje.......6 2. FLUXOS LOGÍSTICOS E ESTRATÉGIA .....................................................7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................7 REFERÊNCIAS .................................................................................................9 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 2 – FLUXOS LOGÍSTICOS E PLANEJAMENTO Nesta aula você conhecerá as fases de integração da logística, seus principais fluxos e influência no planejamento da empresa. Além disso, compreenderá como a logística passou de uma atuação segmentada para uma integração estratégica e como cada um de seus fluxos integra-se à gestão logística. Ao final da aula, você poderá responder às seguintes questões: • Qual é o trabalho da logística? • Quais são os fluxos logísticos? • Como os fluxos atuam no planejamento logístico da empresa? • De que forma a empresa pode se preparar de forma a trabalhar com a logística integrada? 1. FASES DE INTEGRAÇÃO DA LOGÍSTICA 1.1. Primeira Fase: Atuação Segmentada (1940 a 1960) Sabemos que a logística moderna teve origem após a Segunda Guerra Mundial, sendo utilizada principalmente pela indústria que passou a preencher as lacunas deixadas uma vez que, durante o período de guerra, fábricas pararam suas produções, retomando-as logo após o término dos confrontos a fim de abastecer novamente a população. Os consumidores demandavam bens de consumo (automóveis, eletrodomésticos, bebidas) de forma crescente e o marketing aproveitou para disseminar produtos padronizados como geladeiras (brancas) e refrigerantes (Coca-Cola®). Na época, os sistemas de comunicação não eram sofisticados e a informática era extremamente diferente da que vemos hoje. Os pedidos de compra eram preenchidos manualmente, enviados por correio ou pelo antigo Telex e os produtos eram fabricados e estocados. Cada um dos agentes, da etapa de fabricação até oconsumo, armazenavam seus estoques separadamente, conforme a Figura 1 abaixo: Figura 1 – Estoque em cada etapa da cadeia de suprimentos Fonte: Autora Nessa fase, as empresas procuravam comprar em lotes a fim de economizar no transporte, sem se preocupar com os vários estoques acumulados ao longo da cadeia. A compra era negociada com vários fornecedores, que Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 eram consultados e contatados por telefone e correio. O tempo desde a realização da compra até a chegada no cliente era muito longo. 1.2. Segunda Fase: Integração Rígida (de 1960 a 1980) Aos poucos, novos produtos como televisão, forno de microondas, cereal matinal, café solúvel, salgadinhos, bebidas variadas e mais consumidores passaram a ser incorporados ao consumo, resultando em um excesso de estoque nas empresas que armazenavam produtos, como na primeira fase de integração. Não adiantava mais economizar no transporte e manter altas quantidades de produtos parados. Entendeu-se então que, para otimizar o custo, o estoque deveria ser melhor planejado. Esse fator foi agravado com a crise do petróleo, na década de 1970, que aumentou os custos de transporte. Nesse cenário, as empresas começaram a utilizar transportes que combinavam diferentes modalidades, como o uso do navio, trem e avião, além do caminhão. O computador e a informática também evoluíram nesse período colaborando para melhorar o controle dos estoques. A partir desses acontecimentos, o planejamento passou a fazer parte da vida das empresas fabricantes, englobando fornecedores e clientes. O planejamento da demanda era realizado de forma integrada, buscando a racionalização dos custos, como mostra a Figura 2: Figura 2 – Integração da gestão de Estoque e Transporte Fonte: Autora Essa integração era tratada como “rígida”, ou seja, erros não eram corrigidos a tempo. Distribuidores e varejistas pouco interferiam nos dados do fabricante. Para exemplificar, imagine o processo de um pedido nessa época de integração rígida. Ele era transmitido pelo telefone ou enviado por correio do varejista para o distribuidor e do distribuidor para a empresa fabricante. Assim que recebia o pedido, o fabricante iniciava sua produção. Caso algum membro dessa cadeia de comunicação errasse ou desejasse realizar modificações posteriores ao envio do pedido, um novo processo seria iniciado, ou seja, a informação, nessa fase de integração, demorava para chegar de uma ponta a outra da cadeia, fator drasticamente modificado na terceira fase. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 1.3. Terceira Fase: Integração Flexível – de 1980 até 2000 Nesta fase, os relacionamentos entre as empresas aconteciam dentro delas, ou seja, entre seus departamentos, e também em relação a seus fornecedores e clientes. Teve início na década de 1980. Com o avanço da tecnologia, os pedidos não precisavam mais ser enviados pelo correio ou por telefone, eram trocados por e-mail ou por troca eletrônica de dados. Importante A troca eletrônica de dados, ou Electronic Data Interchange, também conhecido como EDI, permite que o pedido seja colocado diretamente no sistema do fornecedor, agilizando a operação e permitindo que eventuais correções sejam efetuadas em tempo real. As empresas agora interligavam-se de forma dinâmica. Informações eram trocadas e ajustadas em tempo real. O uso do código de barras permitiu um controle mais ágil dos estoques, com a atualização das informações via sistema, assim que um produto era vendido. Figura 3 – Integração Flexível entre os participantes da cadeia Fonte: Autora A Integração Flexível representou um grande salto na forma como a administração da logística era realizada. A preocupação agora não girava em torno dos estoques ou do transporte, mas sim na satisfação do cliente. Nessa fase, surgiram novas formas de administrar a produção e as operações da empresa como por exemplo o Sistema Toyota de Produção. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 Para saber mais O Sistema Toyota de Produção foi desenvolvido pela Toyota para que fosse possível a prática do estoque zero ou, como conhecemos, o Just In Time. Se quiser saber mais sobre como o sistema foi desenvolvido e sua influência nas operações das empresas, segue dica de leitura: SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção. Porto Alegre: Editora Bookman, 1996. É importante ressaltar que muitas empresas, ainda hoje, enxergam a Logística nesta fase. 1.4. Quarta Fase: Integração Estratégica – de 2000 até os dias de hoje Nas três primeiras fases, a integração entre as empresas relacionava-se às informações e procedimentos operacionais. A quarta fase trata das decisões estratégicas, tomadas em conjunto e compartilhadas entre as empresas. Ao invés de melhorar as operações somente no Fabricante, no Distribuidor ou no Varejista, agora todos os participantes passaram a ser beneficiados, já que a otimização dos processos de um pode influenciar os do outro. A empresa não realiza mais cotações com diversos fornecedores. Nesta fase, a parceria entre as empresas é a chave para a integração. Essa ideia de que as operações funcionam de forma única é o grande diferencial da quarta fase. A Logística agora é utilizada como um elemento que pode diferenciar a empresa de forma estratégica, gerando vantagem competitiva em relação às concorrentes. Figura 4 – Integração Estratégica entre os participantes da cadeia Fonte: Autora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 A quarta fase é caracterizada por uma quebra de fronteiras. Nas primeiras, cada elemento tinha um papel: o fornecedor entregava a matéria-prima para o fabricante, a indústria fabricava o produto e entregava ao varejista, que comercializava em suas lojas. Agora não existe mais separação. Todas as empresas fazem parte de um só fluxo. A Logística Reversa surge como uma preocupação nesta fase. Esse termo, porém, será aprofundado mais adiante. Entenda agora como funcionam os Fluxos Logísticos. 2. FLUXOS LOGÍSTICOS E ESTRATÉGIA Na leitura do e-book Logística, de Carlos Márcio Vitorino, você pode perceber como administrar os fluxos é algo que merece muita atenção dos profissionais de logística. Uma decisão da empresa impactará na forma como ela se organiza para atender seu cliente final, e, como vimos na quarta fase, também terá impacto sobre as demais empresas envolvidas desde a origem até o destino do produto. Cada uma dessas empresas possui uma competência logística alinhada ao desejo de seus clientes, o que faz delas sucesso em seu mercado. Para pensar Pense em um produto ou serviço e tente identificar todas as empresas envolvidas no processo, desde a origem da matéria-prima até o seu consumo. Descreva as empresas envolvidas e como a decisão de uma pode impactar nos processos da outra. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta aula conseguimos visualizar as etapas de integração da logística até o estágio atual. Percebemos como o desenvolvimento da informática e das comunicações representou um grande avanço na forma como as empresas se comunicavam. Vimos também que a quarta fase da logística traz a integração dos processos, ou seja, nenhuma empresa atua sozinha nesse mercado e, se o desejo é satisfazer os clientes, deve-se trabalhar de forma conjunta para que esse objetivo seja atingido. Entendemos também os diferentes fluxos logísticos existentes em uma empresa. Vimos que o fluxo de suprimentos está relacionado ao gerenciamento do transporte e à movimentação de matéria-prima e produtos. O fluxo de demanda é iniciado quando o cliente envia seu pedido à empresa, motivando a compra de matéria- Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 prima e, portanto, o fluxo de suprimentos. O fluxo de caixa está presente em todos os momentos, desde a compra da matéria-prima até a entrega para o cliente final;ele é responsável pelos pagamentos e recebimentos da empresa para fornecedores ou de clientes para a empresa. Existe também o fluxo de informações, presente em todos os demais, que consiste na troca de informações entre os participantes. O desafio está em encontrar o equilíbrio entre os fluxos, mantendo demanda, suprimentos e custos em níveis satisfatórios. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 9 REFERÊNCIAS VITORINO, C. M. (Org.) Logística. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012 (p. 15-17). NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. INTEGRAÇÃO DA LOGÍSTICA E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ...... 3 1.1. Do automóvel à cadeia de suprimentos .............................................................3 2. CADEIA DE SUPRIMENTOS, CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO E ALIANÇAS ............................................................................................................... 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 4 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 6 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 3 – LOGÍSTICA E CADEIA DE SUPRIMENTOS Na aula 3 você vai entender como a logística se relaciona à cadeia de suprimentos e sua gestão, vai conhecer a definição de cadeia de suprimentos, sua estrutura e empresas atuantes, assim como as possiblidades de planejamento de seus canais. Além disso, compreenderá a importância da realização de alianças e parcerias para o planejamento da empresa. Ao final da aula, poderá a responder às seguintes questões: • Qual a ligação entre a logística e a cadeia de suprimentos? • Quais os canais de distribuição de uma cadeia? • Qual a importância da correta definição dos canais? • Como as empresas podem realizar parcerias e alianças na cadeia de suprimentos? 1. INTEGRAÇÃO DA LOGÍSTICA E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 1.1. Do automóvel à cadeia de suprimentos Ao final da Segunda Guerra Mundial, com a escassez de recursos para atender à grande demanda, as empresas iniciaram estudos sobre melhores formas de produção. Percebeu-se que a integração das atividades entre fornecedores, fabricantes e distribuidores era a melhor saída. A Logística e suas atribuições tornaram-se limitadas para gerir todas as atividades das empresas integradas. Criou-se então um novo conceito, de forma a englobar as atividades à montante e à jusante da empresa fabricante, que é a cadeia de suprimentos. Antes de passar para a definição da cadeia de suprimentos, vamos entender o conceito de jusante e montante. Imagine-se parado às margens de um rio. Visualize o movimento das águas. Para que lado corre a água do rio? Qual a direção da correnteza? Essa direção é chamada de JUSANTE. Agora olhe para o lado oposto. De que lado está a nascente do rio? Essa direção é o MONTANTE. Ora, adaptando esses conceitos à área da logística, é comum identificarmos as empresas sempre a partir de um ponto chave, como o leito do rio. A maioria dos autores da área toma como ponto central a empresa fabricante. Todas as empresas que vêm antes dela, como fornecedores de matéria-prima e componentes, estão à MONTANTE da cadeia de suprimentos. As empresas localizadas depois dela, que entregam os produtos acabados aos distribuidores, atacadistas e varejistas, até chegar ao consumidor final, estão à JUSANTE. Entendidos esses conceitos, vamos passar para o significado da cadeia de suprimentos e seus canais de distribuição. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 2. CADEIA DE SUPRIMENTOS, CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO E ALIANÇAS Na leitura realizada no início desta aula (Logística: teia de relações) você pode compreender que a correta gestão da cadeia de suprimentos tornou-se essencial para qualquer empresa que atue na área de logística. Agora vamos deixar de pensar no nível micro da organização para analisa-la em um nível macro, assim como a própria definição de gestão da cadeia de suprimentos, que é definida pelo Global Supply Chain Forum (GSCF), apud Pires (2009), como: A integração dos processos de negócios, desde o usuário final até os fornecedores originais (primários) que providenciam os produtos, serviços e informações que adicionam valor para os clientes e demais interessados como acionistas, investidores, funcionários, comunidade, governo etc., também conhecidos como stakeholders1 . (PIRES, 2009, p. 30) A gestão da cadeia de suprimentos abrange desde o fornecedor do fornecedor até o cliente do cliente, passando por todas as etapas para que um produto ou serviço chegue ao seu consumidor final e envolvendo uma rede dinâmica de empresas direta ou indiretamente (CHOPRA; MEINDL, 2011, p. 3). O grande desafio, portanto, é configurar as operações, controlando o fluxo de materiais, produtos, informações e recursos financeiros entre os parceiros, reduzindo, assim, custos de trabalho duplicado e repetições indesejadas de atividades (BOWERSOX; CLOSS, 2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS A cadeia de suprimentos integra fornecedores, fabricantes, transportadoras, armazéns, atacadistas, varejistas e até mesmo os próprios clientes. A correta gestão dos canais de distribuição, portanto, é essencial (TAYLOR, 2006). Gattorna (2009) afirma que se a empresa deseja criar valor para o cliente deve começar pela gestão de sua cadeia, seja em suas relações imediatas, externas ou totais, como demonstra a Figura 1. Figura 1 – Possíveis configurações de um canal de distribuição Fonte: Slack (1997) 1 Stakeholder é todo o interessado nos resultados da empresa. Podem ser clientes, acionistas, investidores, funcionários, comunidade, governo etc. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 A cadeia interna é composta pelos departamentos da empresa fabricante, que ora pode trabalhar como cliente e ora como fornecedor, administrando o seu fluxo interno. A cadeia de suprimentos imediata é composta pelos fornecedores e clientes imediatos, também conhecida como primeira camada ou primeiro nível. Já a cadeia de suprimentos total é formada por todas as redes de determinado setor, comportando fornecedores e clientes à jusante e à montante da empresa e de primeira, segunda, terceira camadas ou níveis. Para pensar Em uma venda de doces, quais são os fornecedores e clientes de primeira, segunda, e terceira camada? E para uma concessionária? E em um restaurante? Pense um pouco de que forma as cadeias possuem configurações diferentes para cada produto ou serviço. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 REFERÊNCIAS BOWERSOX, D. J; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2010. CAMPOS, L. F. R. Logística: teia de relações. Curitiba: Ibpex, 2007 (p. 19-24). CHOPRA, S; MEINDL, P. Gestão da Cadeia de Suprimentos: estratégia, planejamento e operações. 4.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. GATTORNA, J. Living supply chains: alinhamento dinâmico de cadeias de valor. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. PIRES, S. R. I. Gestão da Cadeia de Suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009. SLACK, N. Vantagem competitiva em manufatura: atingindo competitividade nas operações industriais. São Paulo: Atlas, 1993. TAYLOR, D. Logística na cadeia de suprimentos: uma perspectiva gerencial. São Paulo. Pearson, 2006. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. LOGÍSTICA DE PRODUTOS ....................................................................3 1.1. Processo Produtivo .....................................................................................31.2. Classificação de Produtos ou Bens ............................................................4 1.3. Logística e a cadeia produtiva ...................................................................5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................7 REFERÊNCIAS .................................................................................................8 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 4 – LOGÍSTICA DE PRODUTOS Nesta aula você vai entender a cadeia produtiva de produtos, seus estágios e como a logística se relaciona com as estratégias de produção, que podem ser push (do verbo em inglês empurrar) ou pull (do verbo puxar). Será apresentado também o caso de uma empresa que obteve sucesso no alinhamento entre suas estratégias de produção e de cadeia de suprimentos. Ao concluir a aula, você poderá responder às questões: • Como funciona a cadeia produtiva? • Qual a classificação dos produtos ou bens? • De que forma a cadeia produtiva interfere na organização logística da empresa? 1. LOGÍSTICA DE PRODUTOS 1.1. Processo Produtivo Antes de entender a logística de produtos, vamos conhecer os passos de seu processo produtivo. Produto é a saída do processo produtivo, ou seja, é seu resultado. Em uma empresa, para se produzir um produto, algumas etapas são obedecidas. Veja na Figura 1 os parâmetros de um sistema de produção: Figura 1 – Sistema de Produção Fonte: Autora Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 O sistema de produção abrange quatro parâmetros: 1. Entrada (também conhecida como input): é por onde a empresa recebe pessoas, materiais, capital, tecnologia e informação, necessários para que o processo produtivo tenha início. Esses recursos são chamados de insumos. 2. Processo: é a efetiva transformação, ou seja, o caminho pelo qual os insumos são transformados em produtos ou serviços. 3. Saída (também conhecida como output): é a forma pela qual os produtos ou serviços que passaram pelo processo de transformação são enviados ao mercado, até chegarem aos seus clientes. 4. Feedback (chamado também de retroação ou retroalimentação): é a resposta do consumidor acerca do produto consumido ou do serviço utilizado. Para entender melhor como funcionam os parâmetros do sistema produtivo, veja o exemplo a seguir: Imagine que você trabalha em uma fábrica de camisetas. A entrada do processo produtivo nessa empresa será caracterizada logo pela manhã, com a chegada do tecido (materiais), dos trabalhadores (recursos humanos), o acionamento das máquinas da produção (tecnologia) e a lista de produtos que devem ser produzidos no dia (informação), tudo isso funcionando a partir do investimento na compra de máquinas, contratação de pessoal e compra de matéria-prima, feito pela direção da empresa com o capital investido no processo. Logo na primeira hora do dia, os funcionários ligam suas máquinas e iniciam a produção, ou seja, o processo transforma o tecido em camisetas de diversas cores e tamanhos, conforme os pedidos recebidos. Ao final do dia, teremos vários produtos (camisetas) prontos para atenderem pedidos de consumidores e lojas, o que representa a saída do processo produtivo. Caso o cliente encontre algum defeito ou a entrega chegue com algum problema, a empresa poderá receber devoluções e reclamações, que caracterizam o feedback1. Recebido o feedback e, caso o mesmo traga algo que possa ser modificado, a empresa toma as devidas providências, melhorando o processo produtivo (atuando por exemplo no treinamento de funcionários) ou nos insumos de produção (por exemplo comprando matéria-prima de melhor qualidade). Por esse processo, a empresa reúne seus conhecimentos e competências para transformar os resultados de suas operações em produtos. A seguir, você vai conhecer como os produtos são classificados. 1.2. Classificação de Produtos ou Bens Os produtos são conhecidos como bens ou mercadorias e classificados de diversas formas. De maneira geral, os bens ou mercadorias são produtos físicos tangíveis e visíveis, ou seja, podem ser 1 O feedback também pode ser positivo, ou seja, se um cliente gostar do produto, seu feedback pode ser feito em forma de elogios à empresa. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 tocados, ouvidos, degustados e são compostos de materiais físicos. Têm cores, tamanhos, dimensões e podem servir para consumo ou produção de outros bens. • Bens de consumo: os bens de consumo são produtos que podem ser consumidos pelo cliente final e se dividem em: ◦ Duráveis – consumo é feito ao longo do tempo e o produto demora para sofrer desgaste ou deterioração. Uma máquina de lavar é um bem durável; ◦ Semiduráveis – são consumidos em menor prazo, pois existe desgaste do produto, como por exemplo roupas; ◦ Perecíveis – em geral, finalizam sua vida útil2 ao serem consumidos. O arroz, por exemplo, ao ser preparado, será consumido em sua integridade, chegando ao fim de sua vida útil . Produtos perecíveis possuem uma duração curta e, geralmente, um prazo de validade determinado. Caso o produto não seja consumido antes desse prazo, ele deverá ser descartado. Durável Semidurável Perecível • Bens de produção: os bens de produção também são conhecidos como bens de capital e são caracterizados por produtos que servem para produzir ou movimentar outros materiais, como por exemplo máquinas, prensas, empilhadeiras etc. Geralmente, empresas voltadas para o mercado de consumo produzem bens de consumo e empresas voltadas para o mercado industrial produzem bens de produção. 1.3. Logística e a cadeia produtiva A logística funciona como apoio para as operações da cadeia produtiva. Dentro do processo produtivo, a logística realiza diversas atividades, como por exemplo: 1. Planejamento da demanda: previsão da quantidade de produtos a ser adquirida pelos clientes, em 2 Vida útil de um bem é o prazo que o mesmo leva desde o início de seu consumo até seu término ou deterioração, na qual ele deve ser destinado para o descarte ou reúso, temas da Logística Reversa. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 determinado período. 2. Seleção de fornecedores: empresas para aquisição e recebimento da matéria-prima para o processo produtivo. 3. Logística inbound3: recebimento, armazenagem, envio da matéria-prima e gestão dos estoques intermediários, ou seja, dos produtos que passam de uma etapa a outra do processo de produção, auxiliando o departamento de PCP (Planejamento e Controle de Produção) no gerenciamento da sequência produtiva. 4. Estoque de produtos acabados: gerenciamento do estoque de materiais antes que sejam enviados aos clientes; 5. Logística outbound4: separação, expedição e distribuição dos produtos até que cheguem ao seu próximo contato da cadeia de suprimentos (distribuidores, varejistas, consumidores finais). Basicamente, as operações logísticas envolvidas no processo de aquisição dos materiais, disposição deles para a produção e distribuição dos produtos para os clientes podem ser feitas de duas formas: • Push (empurrar) Nesse processo, a fábrica compra matéria-prima e confecciona seus produtos antes da compra pelo consumidor final. Isso faz com que as operações sejam realizadas antes dos pedidos dos clientes, gerando um estoque de produtos ao longo da cadeia produtiva, até que o cliente decida efetuar a compra. • Pull (puxar) No processo pull, a cadeia produtiva do produto somente tem início quando o cliente coloca seu pedido, ou seja, o pedido é o fator iniciador da cadeia, que trabalhará de forma ágil para atendê-lo no menor tempo e custo possíveis, sem a necessidade de estoques ao longo da cadeia. As estratégias da empresa para produzir seus produtos pelo sistema push ou pelo sistema pull são bem diferentes. Uma empresa quetrabalha com o sistema push deve contar com uma boa previsão de demanda, ou seja, se os produtos são feitos antes que o cliente envie seu pedido, a empresa deve produzir os produtos com a menor margem de erro possível, do contrário pode faltar ou sobrar produtos no estoque. Uma empresa que trabalha com o sistema pull deve possuir um bom sistema de comunicação a fim de transportar o pedido do varejista para a empresa fabricante o mais rápido possível, já que é este pedido que irá iniciar a produção. Além disso, a empresa também deve ter um estoque de insumos suficientes para que a produção tenha início imediato ou uma boa negociação com seus fornecedores. 3 A logística inbound significa “logística de entrada”, ou seja, são as operações logísticas feitas dos fornecedores para a empresa fabricante assim como as operações que acontecem dentro da empresa, durante o processo produtivo. 4 A logística outbound é definida como “logística de saída”, ou seja, as operações que preparam o produto acabado para ser entregue aos clientes da empresa fabricante. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 Para saber mais A maioria das empresas trabalha hoje com o sistema push, mas temos ótimos exemplos de aplicação do sistema pull como o caso da empresa Dell® descrito no livro Logística na cadeia de suprimentos: uma perspectiva gerencial, de David Taylor. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta aula, você conheceu o processo produtivo de produtos e seus parâmetros de entrada, processamento, saída e feedback. Entendeu como a logística atua em cada uma das etapas do processo e de que forma a empresa se organiza para atender ao pedido de um cliente, pelo sistema push ou pull. Para pensar A partir dos conhecimentos desta aula, pense em quais empresas você conhece que trabalham com o sistema push ou pull. Existem diferenças entre as duas formas de trabalho? Quais? A organização da cadeia produtiva impacta diretamente nos processos da cadeia de suprimentos e na forma como as empresas operam. É muito importante que o profissional de logística entenda de que forma a empresa monta suas operações e como elas podem ser cada vez mais aperfeiçoadas, trabalhando em conjunto com o departamento de produção, a fim de satisfazer o cliente com a entrega de produtos na hora certa, na quantidade certa, no tempo esperado e com a qualidade desejada. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 REFERÊNCIAS BOWERSOX, D. J.; CLOSS, David J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2010. SLACK, N.. Administração da produção. 2ed., São Paulo: Atlas, 2002. TAYLOR, D. Logística na cadeia de suprimentos: uma perspectiva gerencial. São Paulo. Pearson, 2006 (p. 6-9). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. LOGÍSTICA DE SERVIÇOS .......................................................................3 1.1. Processo produtivo .....................................................................................3 1.2 Características dos serviços .........................................................................4 1.3 Logística e a cadeia produtiva de serviços ................................................5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................5 REFERÊNCIAS .................................................................................................7 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 5 – LOGÍSTICA DE SERVIÇOS A principal diferença entre a logística de serviços e a de produtos é o aspecto do imediatismo. Nesta aula, você vai entender como a logística de serviços pode ser trabalhada em relação ao conceito de cadeia produtiva, e quais são suas principais características. Também conhecerá a atuação da logística como facilitadora para as empresas prestadoras de serviços, a fim de encantar e conquistar o cliente. Ao final da aula, você poderá, responder às questões: • Como funciona a cadeia produtiva da logística de serviços? • Quais suas principais características? • Como a Logística de serviços atua a fim de atender às exigências do consumidor final? 1. LOGÍSTICA DE SERVIÇOS 1.1. Processo produtivo O processo produtivo existe tanto para produtos como para serviços, e seus parâmetros são semelhantes em ambos os casos. Os serviços também são caracterizados pela saída de um processo produtivo, assim como os produtos, conforme se vê na Figura 1. Figura 1 – Sistema de produção Fonte: Autora Na área de serviços, os parâmetros do sistema permanecem os mesmos, mas o processo de feedback é simultâneo. Veja o exemplo: Você está precisando cortar o cabelo? Então vamos juntos ao salão hoje mesmo. Assim que entramos, percebemos diversos profissionais, com escovas, pentes, tesouras, além de lavatórios e secadores. Todos esses materiais, e também eu e você, os consumidores, caracterizamos os insumos do processo produtivo de serviços, são suas Entradas ou Inputs. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Esperamos até que nos atendam e finalmente nos chamam – entramos no processo produtivo. Em serviços, o consumidor é parte essencial do processo, ou seja, sem ele o serviço não pode ser produzido. Falaremos disso mais adiante. O processo produtivo se inicia na lavagem dos cabelos, no corte e secagem e, ao longo do mesmo, participamos, palpitando se está bom ou não, se alguma modificação precisa ser feita, se o processo nos agrada. Portanto, cada processo de serviço é variável de acordo com o cliente. O resultado final, a saída ou output do processo, é dado pela finalização do processo, com a finalização do corte. Neste momento você pode gostar o seu corte ou não. Essa é outra característica essencial do processo produtivo de serviços. Nesse caso, o feedback será recebido somente após o cliente receber e utilizar o produto, o que pode levar alguns dias. Já nos serviços o feedback, ou retroação, é imediato. O seu será positivo ou negativo e expressado no momento da finalização da prestação do serviço. Percebe como os processos produtivos têm os mesmos parâmetros para produtos e serviços, mas são percebidos e executados de formas e em momentos diferentes? Isso acontece não somente com o serviço que vimos no exemplo, mas com diversos outros como: propaganda, advocacia, consultorias, hospitais, bancos, escolas, universidades, clubes, transportes, segurança, energia elétrica, comunicações etc. Veja, a seguir, as características dos serviços: 1.2 Características dos serviços Os serviços têm características específicas, que os diferem dos produtos, principalmente em sua percepção pelo cliente. Na sequência, são apresentadas essas características e como cada uma pode ser entendida para a caracterização dos serviços. • Tangibilidade: o produto pode ser tocado, percebido em suas cores, tamanhos, texturas, volume. O serviço, por sua vez, é intangível, portanto não possui substância física e suas dimensões não podem ser comprovadas. O consumidor somente fica de posse do resultado da prestação do serviço, não do serviço em si, como por exemplo o corte de cabelo, o transporte de táxi. São todos serviços e, portanto, não resultam em um produto físico ao final. O consumidor do ensino de um componente curricular, o aluno, terá como resultado seu conhecimento, que é intangível. • Inseparabilidade: o serviço não pode ser separado de quem o presta. Não podemos cortar o cabelo se o cabeleireiro não estiver, não é possível pegar um táxi se não houver taxistas disponíveis, portanto um serviço somente se realizará se o prestador do mesmo estiver disposto a fazê-lo. • Perecibilidade ou simultaneidade: o serviço não pode ser feito com antecedência e estocado. Sua produção e seu consumo acontecem de forma simultânea.• Variabilidade: serviços variam de prestador para prestador e de consumidor para consumidor. • Contato com o cliente: é a adaptação do serviço prestado para cada consumidor, no momento do seu Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 consumo. Esse contato modifica o processo produtivo enquanto o mesmo ocorre, adaptando o serviço para cada cliente. Por exemplo, o meu trajeto de táxi será diferente do seu e assim por diante. Hoje, diversas empresas já integram produção e prestação de serviços, ambas trabalhando de forma conjunta. Isso acontece em empresas que, além de vender o produto, oferecem assistência técnica, garantia, atendimento de reclamações via SAC, personalização de produtos, entre outros itens. A cadeia de suprimentos e a logística têm um papel fundamental nessa personalização, que pode gerar mais valor para o cliente. Então qual é o impacto da logística na cadeia produtiva dos serviços? Veremos a seguir. 1.3 Logística e a cadeia produtiva de serviços Qualquer empresa prestadora de serviços deve incluir a previsão de demanda em seu processo logístico. Essa etapa prevê a preparação antecipada dos recursos necessários para receber um cliente. Vamos voltar ao exemplo do corte de cabelo apresentado no início da aula. É imprescindível que o salão faça uma previsão de demanda para cada dia da semana, a fim de contratar o número de profissionais adequado para atender aos consumidores. Essa previsão também será utilizada para a compra de tesouras, xampus, espelhos, cadeiras etc., e demais recursos. Assim, quando o cliente chegar, tudo estará preparado para recebê-lo. Da mesma forma funciona um restaurante, que é um ótimo exemplo de prestação de serviços adaptada para cada cliente, com destaque para a característica de variabilidade. Cada cliente possui um gosto diferente em sua alimentação, portanto, para conseguir prever quais pratos serão solicitados, o restaurante faz um cardápio. É a partir dessa relação de pratos que o restaurante efetua suas compras de insumos: queijo, carne, pão, alface, tomate, temperos etc. Assim, ele terá um estoque de produtos suficiente para suprir quaisquer pedidos feitos, assim como pessoal para elaborá-los. A logística atua, portanto, na preparação antecipada para que o serviço possa acontecer sem problemas e seja personalizado para cada cliente. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta aula foi possível perceber como o processo de serviços é diferente do de produtos. É interessante, contudo, perceber que muitas empresas fabricantes de bens estão modificando sua atuação, prestando mais atenção ao serviço prestado e personalizando seus produtos para cada cliente. É a chamada customização em massa1. 1 A customização em massa é caracterizada pelo processo produtivo de uma diversidade de produtos de forma simultânea e adaptada para cada cliente individual, similar ao processo de prestação de serviços. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 Para pensar Faça uma pesquisa sobre a história da empresa LEVIS® e sua ideia de customização em massa. Perceba de que forma esse conceito pode ser adaptado para outras empresas e outros ramos. Isso é valioso, a seu ver, como consumidor final? A integração do conceito de serviços à cadeia produtiva pode fazer com que a empresa consiga encantar seu cliente de forma ímpar com a personalização do serviço prestado, seja transportando ou armazenando seus produtos bem como prestando assistência técnica e garantia, e até mesmo repondo produtos da forma mais ágil e rápida e a um custo acessível. É somente a partir desse processo que a empresa será percebida como possuidora de um diferencial competitivo para seu cliente, que ficará satisfeito e sempre dará seu feedback de forma positiva. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 REFERÊNCIAS BARNEY, J. B, HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. 3. ed., São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. FISHER, M. L. What is the Right Supply Chain for your Product? USA: Harvard Business Review. Reprint number 97205, pp. 105 - 116, Março-Abril, 1997. RITZMAN, L.P.; KRAJEWSKI, L.J. Administração da Produção e Operações, São Paulo: Prentice Hall, 2004 (p. 17-20). SLACK, N. l. Administração da produção. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2002. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. ESTRATÉGIAS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS .................................3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................4 REFERÊNCIAS .................................................................................................5 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 6 – CADEIA DE VALOR Nesta aula, você vai entender como a logística de produtos e a de serviços se integram para criar maior valor para o cliente. Você imagina de que forma a empresa poderá conquistar seu cliente, mantendo o foco em sua adaptação de produtos? E como a logística pode auxiliar no processo de criação de valor? A empresa que conta com esse processo terá maior vantagem competitiva? Perguntas como essas serão respondidas ao longo da aula e será possível perceber a importância da adaptação da logística ao cliente. 1. ESTRATÉGIAS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS Diversas empresas já perceberam a importância do processo produtivo e logístico para os consumidores. É necessário, contudo, conceituar alguns aspectos antes de prosseguir de forma mais profunda nesta análise. O valor de um produto é definido como o diferencial que determinada empresa gera para seus clientes. Não é o valor monetário, o preço do produto, mas o resultado da relação custo-benefício. Gattorna (2009) afirma que a criação de valor para o cliente começa pela gestão da cadeia de suprimentos, representada por qualquer combinação de processos, funções, atividades, relacionamentos e caminhos nos quais produtos e serviços são movimentados entre as empresas. A vantagem competitiva surge da maneira como as empresas desempenham essas atividades dentro de sua cadeia, realizando atividades de modo mais eficiente, reduzindo seu custo (CHRISTOPHER, 2002, p. 9) e atingindo as prioridades competitivas desejadas pelo cliente. Essas prioridades representam aquilo que o cliente deseja e espera da empresa. Dentre as prioridades competitivas destacadas por diversos autores da área de cadeia de suprimentos, seis são identificadas como requisitos mínimos das empresas participantes: custo, qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e entrega. Os autores Hill (1989) e Slack (1993) também definem a criação de valor a partir dos critérios levados em consideração pelos clientes na hora de escolher um produto desta ou daquela empresa, e os dividem em dois grupos: critérios ganhadores e critérios qualificadores de pedido. Os critérios ganhadores de pedido são aqueles que diferenciam os produtos e serviços entre uma empresa e outra. São vistos pelo mercado como fatores-chave da competitividade, ou seja, fatores que influenciam na decisão de compra. Já os critérios qualificadores são entendidos como um filtro do mercado, ou seja, permitem que os produtos sejam considerados prováveis candidatos à compra. Abaixo desse nível de desempenho, a empresa, provavelmente, não será sequer considerada. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Tabela 1: Prioridades Competitivas e critérios ganhadores e qualificadores Produto 1 Produto 2 Ganhadores Custo Qualidade Confiabilidade Flecibilidade Qualificadores Entrega Entrega Qualidade Velocidade Flexibilidade Custo Fonte: Adaptado de Slack (1993) Analisando a Tabela 1, vemos que, enquanto o produto 1 qualifica a empresa com entrega, qualidade e flexibilidade, o produto 2 é qualificado com entrega, velocidade e custo. Já os critériosganhadores para o produto 1 são o custo e a confiabilidade do produto, enquanto que, para o produto 2, são a qualidade e a flexibilidade. Para cada produto e mercado consumidor, a empresa poderá elaborar diferentes estratégias. Para saber mais No artigo “Estratégias de customização em massa, implementadas por empresas brasileiras”, publicado na Revista Produção, você pode entender um pouco mais sobre a importância da personalização do produto para o cliente final, atendendo suas necessidades sem, contudo, prejudicar a eficiência da empresa em termos de custo, produtividade e qualidade. O artigo baseou-se em uma pesquisa realizada como estudo de casos múltiplos sobre o tema, aplicado em 15 empresas de ramos diversos. Para a customização em massa, duas estratégias foram identificadas como as principais, a modularidade e a postergação da produção. Para ler o artigo na íntegra, acesse o link disponível nas Referências desta aula. CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebemos como cada empresa elabora suas estratégias a partir das necessidades de seus consumidores. A customização em massa demonstrou ser uma das formas mais eficientes de atingir os melhores valores de custo e eficiência produtiva, ao mesmo tempo em que as variáveis de cada consumidor são consideradas dentro do processo produtivo, criando valor e gerando vantagem competitiva. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 REFERÊNCIAS CHRISTOPHER, M. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Estratégia para Redução de Custos e Melhoria dos Serviços. São Paulo: Pioneira, 2002. GATTORNA, J. Living supply chains: alinhamento dinâmico de cadeias de valor. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009 (e-book) HILL, T. Manufacturing strategy: text and cases. New York: Irwin, 1989. SLACK, N. Vantagem competitiva em manufatura: atingindo competitividade nas operações industriais. São Paulo: Atlas, 1993. MACHADO, A. G. C; MORAES, W. F. A. Estratégias de Customização em massa implementadas por empresas brasileiras. São Paulo: Revista Produção, v.18, n.1, p.170-183, Jan./Abr. 2008 (p. 175-181). Disponível em: [http:// www.scielo.br/scielo.php?pid=S010365132008000100013&script=sci_abstract&tlng=pt]. Acesso em: 10/2012. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. LOGÍSTICA NA CADEIA DE VALOR .....................................................3 2. NÍVEL DE SERVIÇO E PRIORIDADES COMPETITIVAS ..................4 3. INDICADORES LOGÍSTICOS .................................................................7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................8 REFERÊNCIAS .................................................................................................9 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 7 – INDICADORES LOGÍSTICOS Nesta aula, os conceitos de valor e nível de serviço serão abordados como prioridades competitivas para o cliente. Você entenderá como a análise dos diversos indicadores pode ajudar a empresa a medir seus resultados de nível de serviço operacional e gerencial. Ao final da aula, será possível compreender: • o papel da logística na cadeia de valor; • o conceito de nível de serviço e quais as prioridades competitivas valorizadas pelos clientes; • como a empresa pode medir seus resultados de nível de serviço. 1. LOGÍSTICA NA CADEIA DE VALOR Como já vimos na aula 6, o valor de um produto é definido como o diferencial que determinada empresa gera para seus clientes. Não o valor monetário, ou o preço do produto, mas o resultado da relação custo-benefício. Por exemplo, para fabricar uma lata de cerveja, a média de custo é de R$ 0,80 (NOVAES, 2007, p. 224). Se essa lata for vendida em um supermercado, ela custará R$ 1,15, incluindo os custos de transporte, armazenagem, promoção, entre outros. Mas, se essa mesma lata for comercializada na praia, em um dia de calor de 35°C, ela poderá ser facilmente vendida por R$ 3,00. Isso porque o consumidor estará em outra situação, com sede, sem condições práticas de buscar em casa ou ir até o supermercado. Valor é ter o produto no momento certo para atender às necessidades do consumidor. Esse posicionamento se aproxima bastante da definição de logística. Vamos relembrar? Logística é o processo de planejar, implementar e controlar de maneira eficiente o fluxo e armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associados, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor. (NOVAES, 2007, p. 35) E como isso se encaixa na cadeia de valor? Vejamos. O conceito de cadeia de valor foi desenvolvido por Michael Porter, professor da Harvard Business School em 1989 (PORTER, 1989). Para Porter, quando o consumidor compra um determinado produto em uma loja, pagando determinado preço, esse pagamento se refere à série de atividades necessárias para disponibilizar o produto naquele local e por aquele custo. Esta é a cadeia de valor. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 Que elementos compõem a cadeia de valor? Vejamos na Figura 1: Figura 1: Cadeia de Valor Fonte: Adaptado de Porter (1989) Analisando a figura, podemos ver que a cadeia de valor é composta por dois tipos de atividades de valor: 1 • Atividades de apoio: são as ações da empresa voltadas para o planejamento, gestão, finanças, contabilidade e atividades de administração quanto à decisão sobre a infraestrutura da empresa, o gerenciamento dos recursos humanos, o desenvolvimento de tecnologia e a aquisição de insumos e serviços. • Atividades primárias: são atividades que coordenam a movimentação de materiais dos fornecedores para a empresa (logística inbound), sua produção, movimentação e venda aos clientes (operações, marketing e vendas), o envio dos materiais da empresa para seus consumidores (logística outbound) e o eventual retorno dos mesmos para garantia e conserto (assistência técnica). A cadeia de valor é, portanto, formada por diversas atividades sequenciais, sendo um conjunto de atividades interdependentes. A logística atua na cadeia de valor de forma a coordenar a entrada de insumos e saída de produtos da empresa, com o envio e recebimento de informações das demais atividades que, juntas, visam atender às necessidades dos clientes. Mas o que são essas necessidades? 2. NÍVEL DE SERVIÇO E PRIORIDADES COMPETITIVAS Basicamente, o nível de serviço é algo que o cliente espera de determinado produto ou serviço. Por exemplo: quando vamos ao cinema, esperamos que o filme comece no horário, que as cadeiras sejam confortáveis, que o som seja audível, que o ar-condicionado esteja em uma temperatura agradável e assim por diante. O mesmo acontece com os produtos. 1 As atividades de valor são formadas pelos processos físicos e operacionais de uma empresa (NOVAES, 2007, p. 225). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 Imagine um carro. É claro que se espera que um carro tenha motor, quatro rodas, portas, vidros etc., mas alguns consumidores também querem ar-condicionado, vidros e travas elétricas, air bags, tração especial e outros opcionais. Ou seja, o nível de serviço varia de consumidor para consumidor. O mesmo acontece com as prioridades competitivas. Na aula 6 vimos que as prioridades competitivas representam aquilo que o cliente deseja e espera da empresa e que possuir ou não essas prioridades pode ser um critério ganhador ou qualificador de pedido para a empresa. Podemos verificar, a seguir, diversas prioridades competitivas atribuídas à cadeia de suprimentos da empresa e o que cada umma delas significa na prática: Custo • Significa “fazer barato”. Produtos vendidos com base no custo não permitem que o consumidor os diferencie dos produzidos por uma ou outra empresa, como nocaso das commodities (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006). • Praticar margens de lucro menores com economias de escala, curva de experiência e produtividade (PAIVA, 2009). Qualidade • Características primárias – todo produto ou serviço deve desempenhar o papel que lhe foi atribuído. • Características secundárias – atributos que facilitam a utilização, como por exemploo controle remoto da televisão. • Confiabilidade e durabilidade – sem defeitos e com a vida útil esperada. • Conformidade – adequação às normas e especificações. • Assistência técnica – oferecimento de suporte pós-venda. • Estética – aparência e qualidade percebida – associação de marcas e preço de produtos concorrentes (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006). Velocidade • Mover solicitações e materiais ao longo da operação mais rapidamente, dando maior satisfação para o cliente. Com que velocidade será possível entregar um produto de qualidade? (SLACK, 1993). • Fazer rápido – entregar produtos mais rapidamente que seus concorrentes (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006). Confiabilidade • Cumprir promessas de entrega, diferença entre a data de entrega devida e a data de entrega real (SLACK, 1993). • Entregar o produto no dia ou dias antes do prazo de entrega (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 6 Flexibilidade • Habilidade de mudar ou adaptar os processos às necessidades dos clientes. A flexibilidade dá melhor confiabilidade, custo e velocidade (SLACK, 1993). • Oferecer aos clientes uma variedade ampla de produtos ou combinações (CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006). • Criar um bom mix de produtos e de volume produzido e absorver mudanças nos lotes de produção, bem como no tipo de produto (PAIVA, 2009). Entrega • Tempo cotado ao cliente para a entrega dos materiais em bom estado (SLACK, 1993). • Mobilizar recursos para garantir o trabalho prometido, entregar dentro do prazo e corrigir rapidamente alguma falha ocorrida. • Vender produtos que funcionem conforme o especificado e dentro do prazo prometido, definida como confiabilidade de entrega. Também pode ser medida pela velocidade de entrega, realizando a operação rapidamente e com entregas em prazos menores que os do concorrente (PAIVA, 2009). Como saber então de que nível de serviço e prioridade competitiva meu cliente necessita para que, a partir dessas informações, minha empresa possa trabalhar sua logística de forma a entregar maior valor para o cliente? Chopra e Meindl (2011) afirmam que a empresa pode seguir três etapas básicas: 1. Por meio de uma pesquisa, entender o cliente à luz das prioridades competitivas desejadas, como quantidade de produto em cada lote, tempo de resposta desejado, variedade de produtos buscada, velocidade exigida, preço do produto etc. 2. Entender como a cadeia de suprimentos projetada pode desempenhar seu papel nas atividades de valor a fim de atender às prioridades indicadas pelos clientes. 3. Alinhar suas operações aos desejos dos clientes, realizando adaptações, treinamentos, compra de máquinas, ou seja, reestruturar suas operações de forma a ser capaz de atender às exigências dos clientes. A falha da empresa em entregar o nível de serviço esperado ou a prioridade competitiva desejada pode causar uma ruptura 2. A Tabela 2 demonstra as possíveis decisões de um consumidor ao não encontrar o produto que deseja, no momento da compra, caracterizando a ruptura. 2 A ruptura é uma quebra de expectativa e acontece sempre que o nível de serviço ou a prioridade competitiva esperados pelo cliente não são satisfeitos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 7 Tabela 2: Decisões do consumidor no momento de ruptura Decisão do consumidor Ocorrência (%) Geral Cosméticos Xampu Café Salgadinhos Desiste da compra 9 15 10 17 25 Posterga a compra 15 22 21 21 9 Substitui por outra marca 26 8 18 20 25 Compra outro produto da mesma marca, com preço, conteúdo ou tamanho diferente 19 12 19 13 20 Compra o produto em loja concorrente 31 43 32 29 21 Fonte: Adaptado de Novaes (2007) Pela tabela, é possível identificar que, para diferentes tipos de produtos, existem diversos comportamentos do consumidor no momento da ruptura. Por exemplo, no caso do produto café, 29% dos consumidores afirmaram que compram o produto procurado em outra loja, mas 20% compraram o produto de outra marca. A mesma decisão chega também a um alto percentual no caso do produto salgadinhos, já que 25% dos consumidores afirmaram que compram produtos de outra marca no caso da falta do produto que foram incialmente comprar. Podemos perceber que a ruptura pode representar a perda de um consumidor que, após ter sido encantado por uma propaganda de marketing ou recomendação de amigos, foi comprar o produto, não o encontrou e, com isso, teve a chance de experimentar o produto concorrente. Mas como saber se a empresa está conseguindo atingir o nível de serviço ou a prioridade competitiva esperados pelo cliente, a fim de evitar a ruptura? A resposta é muito simples: medindo. 3. INDICADORES LOGÍSTICOS Para saber se o que a empresa efetivamente realiza está de acordo com o que o cliente deseja, a empresa deve medir, mensurar o seu desempenho. Isso pode ser conseguido com o uso de indicadores logísticos. Os indicadores são medições feitas no processo da empresa que revelam o status de atendimento em relação ao desejo do cliente, que podem ser utilizadas como ferramentas de apoio nas decisões estratégicas da empresa. Vamos ver alguns exemplos de indicadores logísticos e seu detalhamento, na Tabela 3: Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 8 Tabela 3: Exemplos de indicadores logísticos Indicador Entregas no prazo Tempo de ciclo do pedido Tempo da doca ao estoque Tempo do caminhão Descrição Mede a quantidade de pedidos entregues no prazo combinado com o cliente Tempo entre o recebimento do pedido e sua entrega Tempo entre a chegada do caminhão na doca e a disposição da mercadoria no estoque Tempo de permanência do caminhão na empresa Unidade % Horas ou dias Horas ou minutos Horas ou minutos Cálculo Total de pedidos entregues no prazo dividido pela quantidade total de pedidos Data de entrega do pedido menos a data do recebimento do pedido Tempo total entre doca e estoque dividido pelo total de notas fiscais recebidas no dia Horário de saída da portaria menos o horário de chegada Melhores Práticas 95% 48 horas Máximo de 2 horas Variável Fonte: Elaborado pela autora Existem diversos outros indicadores que também podem ser utilizados pela empresa, como por exemplo: o giro de estoque, a acurácia do inventário, o pedido perfeito e outros que serão mostrados ao longo do curso. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para o cliente, o valor de um produto não representa apenas seu valor econômico, ou seu preço, mas também todas as funcionalidades agregadas a ele, assim como a sua disponibilidade no local e no momento exato em que sua necessidade é identificada. É a esse nível de serviço que toda empresa de logística busca chegar, e fazê-lo ao menos custo possível é um dos grandes desafios. Diferentes consumidores têm prioridades diversas e conciliar o atendimento de todos é o que caracteriza o gerenciamento estratégico da empresa. Para saber se a empresa está desempenhando seu papel da melhor forma, os gestores podem se valer de diversas medidas, conhecidas como indicadores logísticos. E você? Quais são suas prioridades competitivas? Para pensar Como consumidor de produtos e de serviços, quais são as suas prioridades competitivas? Pense em uma situação em que o nível de serviço esperado não tenha sido atendido. Por que você acha que isso aconteceu e o que a empresa poderia fazer em termos logísticos para atingir suas expectativas? SenacSão Paulo - Todos os Direitos Reservados 9 REFERÊNCIAS CHASE, R. B; JACOBS, F. R.; AQUILANO, N. J., Administração da produção para a vantagem competitiva. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. CHOPRA, S., MEINDL, P. Gestão da Cadeia de Suprimentos: estratégia, planejamento e operações. Tradução: Daniel Vieira. Revisão técnica: Marilson Alves Gonçalves. 4. ed., São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. PAIVA, E. L. Estratégia de produção e de operações: conceitos, melhores práticas, visão de futuro. 2. ed. Porto Alegre: Bookman: 2009. PORTER, M. E. The contributions of industrial organization to strategic management. Academy of Management Review, 6, 4, 609-620, 1989. SLACK, N. Vantagem competitiva em manufatura: atingindo competitividade nas operações industriais. São Paulo: Atlas, 1993. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 1 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 2 SUMÁRIO 1. PEDIDO DO CLIENTE ...............................................................................3 1.1. Make to stock ...............................................................................................3 1.2. Make to order ...............................................................................................3 1.3. Assemble to order ........................................................................................4 1.4. Engineer to order .........................................................................................4 2. GESTÃO DA DEMANDA .........................................................................6 2.1. Técnicas qualitativas ....................................................................................6 2.2 Técnicas quantitativas ..................................................................................6 3. SELEÇÃO DE FORNECEDORES .............................................................7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................7 REFERÊNCIAS .................................................................................................8 Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 3 AULA 8 – COMPRAS Nesta aula, você vai compreender como a função de compras da empresa é impactada e também influencia a gestão da cadeia de suprimentos. Veremos como as operações de suprimentos relacionam-se às decisões estratégicas da empresa no atendimento do pedido e também as visões push e pull, vistas na aula 4. Questões acerca da previsão de demanda e da seleção de fornecedores também serão abordadas, complementando o tema da aula. 1. PEDIDO DO CLIENTE No processo logístico, a função compras atua sobre a aquisição dos insumos que farão parte do processo produtivo da empresa. Também faz parte das ações de logística inbound, adquirindo recursos como matéria- prima, máquinas, materiais para embalagem e materiais secundários que serão necessários para que o produto ou serviço seja trabalhado e gere as saídas ou outputs do processo, como vimos nas aulas 5 e 6. Antes de definir em que momento comprar os insumos, a empresa precisa tomar algumas decisões estratégicas sobre o pedido do cliente. O pedido pode ser atendido de diversas formas e nesta aula veremos as quatro principais praticadas hoje pelas empresas. 1.1. Make to stock Usada somente para produtos, a decisão make to stock1 é praticada por grande parte das empresas e consiste em fabricar os produtos para que sejam estocados. Assim, quando o cliente efetuar seu pedido, ele terá seus produtos para pronta entrega, o que é consistente com a fabricação push, como vimos na aula 4. 1.2. Make to order Feita para produtos, porém mais comum no caso de serviços, a decisão make to order2 condiz com a filosofia pull, ou seja, primeiro a empresa recebe o pedido do cliente para, posteriormente, fabricar seu produto ou serviço. Neste caso é mantido em estoque somente o material necessário para que o produto seja confeccionado ou o serviço prestado, sem estoque do produto final. 1 Como tradução literal – produzir para estocar. 2 Como tradução literal – fazer contra pedido. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 4 1.3. Assemble to order Também conhecido como postponement ou postergação, é usado tanto por empresas que trabalham com produtos quanto com serviços. Assemble to order3 consiste em montar o produto após o recebimento do pedido. Com um prazo de entrega menor do que o make to order, empresas que trabalham desta forma mantêm estoque de produtos semiprontos, que são finalizados após o pedido do cliente. 1.4. Engineer to order A decisão engineer to order4 é mais utilizada na indústria de bens de capital. Para empresas que trabalham desta forma, o produto é elaborado em sua concepção técnica juntamente com o cliente e a partir de suas especificações, ou seja, cada produto será personalizado, inclusive com grande participação do cliente, que atua de forma conjunta na elaboração do produto, desde a ideia inicial até sua entrega. Neste caso, algumas empresas levam o cliente, juntamente com uma pessoa do departamento de compras, para a aquisição dos materiais que farão parte do processo produtivo. Diversas empresas fabricantes que trabalham com a Petrobras, por exemplo, atuam desta forma. Seus fornecedores de materiais devem ser certificados conforme especificações do cliente e, em alguns casos, a produção da própria matéria-prima recebe comissões de inspeção da empresa, que acompanha toda a cadeia de suprimentos a fim de garantir que o produto final esteja de acordo com as especificações solicitadas para o produto final. É possível perceber que cada uma das decisões sobre como atender ao cliente possui impacto na função compras. Para empresas que trabalham com o make to stock, o departamento de compras será responsável pela compra de matéria-prima a partir de previsões de demanda, ou seja, do que o cliente poderá comprar. Falaremos sobre demanda mais adiante. Nas decisões make to order e assemble to order, a compra de materiais para a produção e a montagem dos produtos não se baseia na demanda, mas no pedido cliente, que ficará aguardando que seu produto fique pronto. Contudo, caso essa compra ou montagem seja muito demorada, o tempo de atendimento do pedido ficará muito longo e o cliente poderá desistir da compra. Para empresas que trabalham assim, é necessário um bom relacionamento com seus fornecedores, para que os materiais necessários para a produção sejam entregues rapidamente e, ao recebê-los, a empresa possa iniciar a produção. Para entender melhor, vamos pensar em alguns exemplos de make to order e assemble to order, para produtos e para serviços. Exemplo 1: a compra de um carro 0 km caracteriza uma demanda make to order para a empresa, pois, a partir do pedido do cliente, a empresa irá efetuar a fabricação do produto, já contando com os opcionais solicitados. Para realizar essa entrega o mais rápido possível, a maioria das montadoras mantém uma relação próxima com seus fornecedores, algumas empresas se utilizam do consórcio modular para a produção. 3 Como tradução literal – montagem contra pedido. 4 Como tradução literal – engenharia contra pedido. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados 5 Para saber mais O consórcio modular é um arranjo produtivo muito utilizado na indústria automotiva. Nele, os fornecedores trabalham dentro da montadora, ficando cada um responsável por uma parte da produção, seu abastecimento e montagem no momento necessário e de acordo com a demanda programada de produção. A Volkswagen foi a primeira a implantar o conceito de consórcio modular no Brasil. Sua fábrica na cidade de Resende, no Rio de Janeiro, trabalha dessa forma com seus diversos fornecedores de pneus,
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