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Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia Ambulatório – Risco cardiovascular e dislipidemia Estratificação de risco Alguns dos principais fatores de risco cardiovascular são: Avaliação clínica: A classificação inicial baseia-se em dados clínicos como idade e sexo, história clínica (principalmente, em relação a manifestações vasculares, sintomas de diabetes), pressão arterial, circunferência abdominal, peso e altura (índice de massa corporal), e um exame clínico focalizado em manifestações de aterosclerose. Indivíduos mais jovens (homens com menos de 45 anos e mulheres com menos de 55 anos), sem manifestação de doença ou sintomas e sem nenhum dos fatores intermediários são caracterizados como sendo de BAIXO RISCO. Homens com idade superior a 45 anos e mulheres com mais de 55 anos requerem exames laboratoriais para estimar mais precisamente o risco cardiovascular. Indivíduos mais jovens que já apresentam um ou mais fatores de risco devem passar para a avaliação clínico-laboratorial subseqüente. Pacientes identificados nessa avaliação clínica como de alto risco também devem ser avaliados do ponto de vista laboratorial para orientação terapêutica, embora já sejam candidatos a intervenções de alta intensidade ou mais agressivas, conforme descrito adiante. Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia Avaliação laboratorial Embora não exista consenso no escore a ser utilizado para estimativa de risco global, recomenda-se aplicar o modelo de Framingham, utilizado no Manual de Capacitação dos Profissionais de Saúde da Rede Básica, revisto em 2005. A partir deste instrumento, os indivíduos são classificados em risco de desenvolver um evento cardiovascular maior (ECV), definido por infarto do miocárdio ou morte por causa cardiovascular. Essa determinação de risco exige a obtenção de pelo menos 2 exames complementares: glicemia de jejum e colesterol total. As principais variáveis relacionadas com risco são: pressão arterial sistólica, tabagismo, colesterol total, HDL-C, LDL-C, intolerância a glicose, índice de massa corporal e idade. Na sua maioria ou em combinação elas são incorporadas em escores preditivos globais, como o Escore de Risco de Framingham. Inicialmente são coletadas informações sobre idade, LDL-C, HDLC, pressão arterial, diabete e tabagismo [ETAPA 1]. A partir da soma dos pontos de cada fator [ETAPA 2] é estimado o risco cardiovascular em 10 anos [ETAPA 3]. Estratificação de risco global: Pontos de acordo com risco global para mulheres Risco global em 10 anos para mulheres Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia Pontos de acordo com o risco global para homens Risco global em 10 anos para homens Sintomas cardíacos Os sintomas produzidos por cardiopatias, na maioria das vezes, são decorrentes de isquemia miocárdica, alteração da contração e/ou do relaxamento do miocárdio, obstrução do fluxo sanguíneo ou anormalidades na frequência ou no ritmo cardíaco. A isquemia, causada por um desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio pelo coração, manifesta-se com maior frequência na forma de dor torácica, enquanto a redução na capacidade de bombeamento do coração geralmente causa fadiga e aumento da pressão intravascular a montante do ventrículo insuficiente. A obstrução do fluxo sanguíneo, como ocorre na estenose valvar, pode causar sintomas que se assemelham aos da insuficiência miocárdica. As arritmias cardíacas com frequência surgem de forma súbita, e os sinais e sintomas resultantes – palpitação, dispneia, hipotensão e síncope – em geral ocorrem de forma abrupta, podendo desaparecer tão rapidamente quanto surgiram. Embora dispneia, dor torácica, edema e síncope sejam manifestações importantes das cardiopatias, elas também podem ocorrer em outras situações. Assim, a dispneia pode ser observada em distúrbios tão diversos quanto doenças pulmonares, obesidade grave e ansiedade. De forma semelhante, a dor torácica pode ser produzida por diversas causas cardíacas e não cardíacas além da isquemia miocárdica. O edema, um sinal importante nos casos com insuficiência cardíaca não tratada ou inadequadamente tratada, também pode ocorrer nos casos com doença renal primária e na cirrose hepática. A dispneia e/ou a dor torácica que surgem durante a atividade física são características dos pacientes com cardiopatia, enquanto o padrão inverso, ou seja, o desenvolvimento desses sintomas durante o repouso e sua remissão durante o esforço, raramente é observado nesses pacientes. Portanto, é importante questionar o paciente com cuidado acerca da relação de tais sintomas com o esforço. É possível que muitos pacientes com doença cardiovascular sejam assintomáticos, tanto em repouso quanto durante esforço, mas tais pacientes podem se apresentar com algum achado anormal ao exame físico, como sopro cardíaco, elevação da pressão arterial ou alteração no ECG ou em exames de imagem. É importante avaliar o risco global de DAC em indivíduos assintomáticos usando uma combinação de sinais clínicos e exames subsidiários, incluindo a avaliação do colesterol total e suas frações, além de outros marcadores biológicos, como a proteína C-reativa, em alguns pacientes. Considerando que a primeira manifestação clínica de DAC pode ser catastrófica – morte súbita cardíaca, infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC) em indivíduos previamente assintomáticos –, é fundamental que se identifique aqueles que estão sob risco elevado para tais eventos, de forma que se possa proceder a exames mais aprofundados e instituir medidas preventivas. Diagnóstico Calculadora: http://departamentos.cardiol.br/sbc- da/2015/CALCULADORAER2017/etapa1.html Segundo as diretrizes da New York Heart Association (NYHA), para um diagnóstico http://departamentos.cardiol.br/sbc-da/2015/CALCULADORAER2017/etapa1.html http://departamentos.cardiol.br/sbc-da/2015/CALCULADORAER2017/etapa1.html Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia cardíaco completo, os seguintes elementos devem ser sistematicamente considerados: A etiologia subjacente: A doença é de origem congênita, hipertensiva, isquêmica ou inflamatória? As alterações anatômicas: Quais câmaras estão envolvidas? Elas estão hipertrofiadas e/ou dilatadas? Quais valvas estão afetadas? Elas estão insuficientes e/ou estenóticas? Há comprometimento do pericárdio? Houve infarto agudo do miocárdio? As alterações fisiológicas: Existe arritmia? Há evidências de insuficiência cardíaca congestiva ou de isquemia miocárdica? A incapacidade funcional: Qual o grau de atividade física necessário para desencadear sintomas? A classificação produzida pela NYHA é útil para a descrição da incapacidade funcional A definição de um diagnóstico cardíaco correto e completo geralmente começa com a anamnese e o exame físico. De fato, o exame clínico permanece sendo a base para o diagnóstico de uma ampla variedade de enfermidades. O exame clínico pode ser complementado por cinco tipos de exames laboratoriais: ECG Exames de imagem não invasivos (radiografia de tórax, ecocardiografia, cintilografia, tomografia computadorizada,tomografia por emissão de pósitrons e ressonância magnética) Exames sanguíneos para avaliar o risco (p. ex., perfil lipídico, proteína C-reativa) ou função cardíaca (p. ex., peptídeo natriurético cerebral Em alguns casos, exames invasivos especializados (i.e., cateterismo cardíaco e arteriografia coronariana Testes genéticos para identificação de doenças cardíacas monogênicas (p. ex., miocardiopatia hipertrófica, síndrome de Marfan e anormalidades nos canais iônicos cardíacos que levam ao prolongamento do intervalo QT com aumento do risco de morte súbita. Prevenção e tratamento de possíveis doenças cardiovasculares A prevenção da doença cardíaca, especialmente da DAC, é uma das tarefas mais importantes dos profissionais de saúde da atenção primária, assim como dos cardiologistas. A prevenção inicia com a avaliação do risco, seguido por atenção ao estilo de vida, com discussão sobre as metas de chegar ao peso ideal, fazer exercícios físicos, abandonar o tabagismo, além de controlar de forma agressiva todos os fatores de risco anormais, como hipertensão arterial, hiperlipidemia e diabetes melito. Após ter sido estabelecido o diagnóstico completo nos pacientes com cardiopatia conhecida, em geral há várias opções terapêuticas disponíveis. Podem-se usar vários exemplos para demonstrar alguns dos princípios da terapêutica cardiovascular: Se não houver evidências de cardiopatia, o paciente deve ser informado sobre essa avaliação sem qualquer indicação para que retorne periodicamente com o objetivo de repetir os exames. Se não houver evidências de doença, a atenção contínua poderá levar o paciente a desenvolver uma preocupação indevida acerca da possibilidade de doença cardíaca. Se não houver evidências de doença cardiovascular, mas o paciente tiver um ou mais fatores de risco para o desenvolvimento de cardiopatia isquêmica, deve-se definir um plano para sua redução e o paciente deve ser reexaminado periodicamente para avaliar a adesão e a eficácia da redução do risco. Os pacientes assintomáticos ou levemente sintomáticos com valvopatia anatomicamente grave devem ser avaliados periodicamente, a cada 6 a 12 meses, por meio de exames clínicos e não invasivos. Sinais precoces de deterioração da função ventricular podem significar a necessidade de tratamento cirúrgico antes do aparecimento de sintomas incapacitantes, de lesão miocárdica irreversível e que o risco cirúrgico torne-se excessivo. Nos pacientes com DAC, as diretrizes clínicas disponíveis devem ser consideradas antes de se decidir sobre a forma de tratamento (clínico, intervenção coronariana percutânea ou revascularização cirúrgica). A simples presença de angina pectoris e/ou a demonstração de obstrução crítica de artéria Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia coronária na angiografia não deveriam incitar reflexivamente a decisão de tratar o paciente por meio de revascularização. Ao contrário, essas intervenções devem ser limitadas aos pacientes com DAC cuja angina não responda adequadamente ao tratamento clínico ou para aqueles casos nos quais já se tenha demonstrado que a revascularização é capaz de melhorar a história natural (p. ex., síndrome coronariana aguda ou DAC com comprometimento de múltiplos vasos e disfunção ventricular esquerda). Dislipidemia Dislipidemia é elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL que contribuem para a aterosclerose. As causas podem ser primárias (genéticas) ou secundárias. O diagnóstico é realizado pela medida das concentrações totais de colesterol, triglicerídios e lipoproteínas individuais. O tratamento envolve alterações alimentares, atividade física e fármacos hipolipemiantes. As dislipidemias são causadas por alterações metabólicas que ocorrem em resposta a distúrbios nas etapas do metabolismo lipídico. Como resultado, o perfil lipídico sérico sofrerá alterações e estas podem incluir aumento do colesterol total (CT), do triglicérides (TG), do colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e diminuição do colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-c). De acordo com a Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013), as dislipi- demias podem ser classificadas em primárias quando existem bases genéticas, e em secundárias quando associadas a outras doenças, ao uso de medicamentos e/ou ao estilo de vida do indivíduo. A dislipidemia primária pode ainda ser classificada fenotipicamente de acordo com os componentes lipídicos que se apresentam alterados, compreendendo quatro grupos bem definidos: Hipercolesterolemia isolada, Hipertrigliceridemia isolada, ( Hiperlipidemia mista Diminuição isolada do HDL, com associação ao aumento do LDL e/ou dos TG. Este último perfil se destaca por ilustrar a condição da dislipidemia aterogênica, a qual ainda é geralmente associada a tolerância à glicose prejudicada, resistência à insulina, excesso de peso e/ou gordura corporal, e comorbidades como diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial sistêmica. A união destes fatores exerce um efeito sinérgico para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares As dislipidemias podem ser Primária: genética Secundária: causada pelo estilo de vida e outros fatores Causas primárias As causas primárias são mutações genéticas únicas ou múltiplas que promovem a produção excessiva ou a deficiência na depuração dos triglicerídeos e do LDL, ou baixa produção ou depuração excessiva do HDL (Dislipidemias). Os nomes das várias doenças primárias refletem a nomenclatura antiga na qual as lipoproteínas eram detectadas e diferenciadas de acordo com sua separação em bandas alfa (HDL) e beta (LDL) nos géis eletroforéticos. Causas secundárias As causas secundárias são responsáveis para muitos casos de dislipidemias em adultos. A causa secundária mais importante de dislipidemia nos países desenvolvidos é Estilo de vida sedentário com ingestão excessiva de gordura saturada, colesterol e ácidos graxos trans. Os ácidos graxos trans são ácidos graxos mono ou poli-insaturados aos quais foram acrescentados átomos de hidrogênio; são utilizados em alguns alimentos processados e são tão aterogênicos quanto as gorduras saturadas. Outras causas secundárias comuns de dislipidemia são Diabetes melito Abuso de álcool Nefropatia crônica Hipotireoidismo Cirrose biliar primária e outras doenças hepáticas colestáticas Fármacos, como tiazidas, betabloqueadores, retinoides, antirretrovirais, ciclosporina, tacrolimus, estrogênio e progesterona e glucocorticoides As causas secundárias dos baixos níveis de colesterol HDL incluem tabagismo, esteroides anabolizantes, infecção por HIV e síndrome nefrótica. O diabetes é uma causa secundária especialmente significativa porque os pacientes tendem a ter combinação aterogênica de triglicerídios elevados, concentração elevada de LDL pequenas e densas e HDL baixo (dislipidemia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arterioesclerose/aterosclerose https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/diabetes-melito-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-de-carboidratos/diabetes-melito-dm https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/doen%C3%A7a-renal-cr%C3%B4nica/doen%C3%A7a-renal-cr%C3%B4nica https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-tireoide/hipotireoidismo https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-hep%C3%A1ticos-e-biliares/fibrose-e-cirrose/colangite-biliar-prim%C3%A1ria-cbp https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hiv/infec%C3%A7%C3%A3o-pelo-v%C3%ADrus-da-imunodefici%C3%AAncia-humana-hivhttps://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/doen%C3%A7as-glomerulares/vis%C3%A3o-geral-da-s%C3%ADndrome-nefr%C3%B3tica https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/doen%C3%A7as-glomerulares/vis%C3%A3o-geral-da-s%C3%ADndrome-nefr%C3%B3tica Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia diabética, hiperapo B hipertrigliceridêmica). Pacientes com diabetes tipo 2 são especialmente suscetíveis. A associação pode ser uma consequência da obesidade e/ou do mau controle do diabetes, que pode aumentar os ácidos graxos livres circulantes, provocando aumento da produção hepática de VLDL. As VLDL enriquecidas com triglicerídios transferem então triglicerídios e colesterol para LDL e HDL, promovendo a formação de LDL pequenas e densas ricas em triglicerídios e a depuração das HDL ricas em triglicerídios. A dislipidemia diabética é, muitas vezes, exacerbada pelo aumento da ingestão calórica e pela inatividade física que caracteriza o estilo de vida de alguns pacientes com diabetes tipo 2. Mulheres diabéticas podem estar em risco especial de doenças cardíacas como resultado dessa forma de dislipidemia. Os mais comuns tipos de dislipidemias são a hipercolesterolemia isolada ou em associação com hipertrigliceridemia e hipertrigliceridemia com o HDL baixo, devido às doenças que causam dislipidemias secundárias que são muito frequentes na população, diabetes mellitus e síndrome metabólica. A classificação de Fredrikson é importante para entender os padrões das dislipidemias familiares, apesar de menos utilizada atualmente. Também é importante saber que a avaliação a beira do leito pode sugerir o diagnóstico em algumas dislipidemias onde a aparência do plasma é característica. As diretrizes brasileiras de dislipidemia as dividem em: Hipercolesterolemia isolada: o Aumento isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL). Hipertrigliceridemia isolada: o Aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). o Em situações em que está maior que 400, o LDL não tem relevância Hiperlipidemia mista: o Aumento do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) o Aumento dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). o Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. HDL-c baixo: o Redução do HDL-c (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associação ao aumento de LDL-c ou de TG. Classificação fenotípica (Fredrickson): A classificação proposta por Fredrickson é baseada nos padrões de lipoproteínas associados a concentrações elevadas de colesterol e/ou TG, não sendo considerado o HDL-c. A classificação de Fredrickson tem por base a separação eletroforética e/ou por ultracentrifugação das frações lipoproteicas, distinguindo-se seis tipos. Embora se reconheça a grande contribuição desta classificação, ela é hoje muito pouco utilizada, pois pouco colabora para o conhecimento da etiologia (exceto na disbetalipoproteinemia) ou da decisão terapêutica. Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia Sinais e sintomas A dislipidemia, por si só, não causa sintomas, mas pode provocar doença vascular sintomática, incluindo doença coronariana (DC), acidente vascular cerebral e doença arterial periférica. Níveis elevados de triglicerídeos [> 1000 mg/dL (> 11,3 mmol/L)] podem causar pancreatite aguda. Níveis muito altos de triglicerídeos também podem causar hepatoesplenomegalia, parestesia, dispneia e confusão. Altas concentrações de LDL podem causar arco corneano, xantelasmas tendinosos e xantomas tendinosos encontrados nos tendões do calcâneo, nos cotovelos e joelhos e sobre as articulações metacarpofalangeanas. Outro achado clínico observado nos pacientes com LDL alto (p. ex., na hipercolesterolemia familiar) é o xantelasma (placas amarelas ricas em lipídios nas pálpebras mediais). Os pacientes com cirrose biliar primária e níveis lipídicos normais podem ter xantelasma. Pacientes com a forma homozigótica de hipercolesterolemia familiar podem ter arco corneal, xantomas tendinosos e xantelasma, além de xantomas planares ou tuberosos. Xantomas planares são manchas amareladas chatas ou ligeiramente elevadas. Xantomas tuberosos são nódulos firmes e indolores normalmente localizados ao longo das superfícies extensoras das articulações. Pacientes com grandes elevações de triglicerídios podem apresentar xantomas eruptivos no dorso, no tronco, nos cotovelos, na região glútea, nos joelhos, nas mãos e nos pés. Pacientes com a rara disbetalipoproteinemia podem apresentar xantomas palmares e tuberosos. A hipertrigliceridemia grave (> 2000 mg/dL [> 22,6 mmol/L]) pode causar aspecto cremoso nas artérias e veias retinianas (lipemia retiniana). Concentrações extremamente elevadas de lipídios também podem provocar aspecto lácteo (leitoso) do plasma sanguíneo. Os sintomas podem incluir parestesias, dispneia e confusão. Diagnóstico Perfil de lipídios séricos (medida de colesterol total, triglicerídios e HDL colesterol e cálculo de LDL colesterol e VLDL) Suspeita-se de dislipidemia em pacientes com achados físicos característicos ou complicações de dislipidemia (p. ex., doença aterosclerótica). Suspeitar de distúrbios lipídicos primários quando os pacientes tiverem Sinais físicos de dislipidemia Início de doença aterosclerótica precoce (< 60 anos) História familiar de doença aterosclerótica Colesterol sérico > 240 mg/dL (> 6,2 mmol/L) A dislipidemia é diagnosticada pela medida dos lipídios séricos. As medidas de rotina (perfil lipídico) incluem colesterol total, triglicerídios, HDL e LDL. Proteína C reativa também pode ser dosada. Testar as dislipidemias secundárias na maioria dos pacientes com dislipidemia recém-diagnosticada e quando um componente do perfil lipídico tiver piorado sem explicação. Esses testes são feitos pela dosagem de Glicemia de jejum Enzimas hepáticas Creatinina Hormônio estimulante da tireoide (TSH) Proteína urinária Triagem O rastreamento é feito pelo lipidograma de jejum (colesterol total, triglicerídeos e HDL, e LDL calculado). Diferentes sociedades médicas têm recomendações diferentes sobre quando iniciar o rastreamento. As dosagens de lipídios devem ser acompanhadas da avaliação dos demais fatores de risco cardiovascular, como Diabetes melito Tabagismo Hipertensão História familiar de DC em parente de 1º grau do sexo masculino antes dos 55 anos ou em parente de 1º grau do sexo feminino antes dos 65 anos Crianças com fatores de risco (p. ex., diabetes, hipertensão, história familiar de hiperlipidemia grave ou doença coronariana prematura): perfil lipídico de jejum uma vez entre 2 e 8 anos Crianças sem fatores de risco: perfil lipídico sem jejum ou de jejum uma vez antes da puberdade (geralmente dos 9 aos 11 anos) e mais uma vez dos 17 aos 21 anos Tratamento Tratamento não medicamentoso Terapia nutricional Ácidos graxos devem ser excluídos da dieta Controle do peso Redução de bebida alcoolica Atividade física Cessação do tabagismo https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/vis%C3%A3o-geral-da-doen%C3%A7a-coronariana https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/acidente-vascular-encef%C3%A1lico/vis%C3%A3o-geral-do-acidente-vascular-encef%C3%A1lico https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/acidente-vascular-encef%C3%A1lico/vis%C3%A3o-geral-do-acidente-vascular-encef%C3%A1licohttps://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7as-arteriais-perif%C3%A9ricas/doen%C3%A7a-arterial-perif%C3%A9rica https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/pancreatite/pancreatite-aguda https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/pancreatite/pancreatite-aguda Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia Tratamento farmacológico Estatinas: Até o presente, a redução do LDL-c por inibidores da HMG-CoA redutase ou pelas estatinas permanece a terapia mais validada por estudos clínicos para diminuir a incidência de eventos cardiovasculares. A depleção intracelular de colesterol estimula a liberação de fatores transcricionais e, consequentemente, a síntese e a expressão na membrana celular de receptores para captação do colesterol circulante, como o LDLR. Assim, a ação das estatinas pode potencialmente influenciar em todo conjunto das lipoproteínas circulantes que interagem com o LDLR, como a LDL, a VLDL e os remanescentes de quilomícrons. O principal efeito colateral das estatinas é a mialgia Ezetimiba: A ezetimiba inibe a absorção de colesterol na borda em escova do intestino delgado, atuando seletivamente nos receptores NPC1-L1 e inibindo o transporte intestinal de colesterol. A inibição da absorção de colesterol (em grande parte do colesterol biliar) leva à diminuição dos níveis de colesterol hepático e ao estímulo à síntese de LDLR, com consequente redução do nível plasmático de LDL-c de 10 a 25%. Resinas: As resinas, ou sequestradores dos ácidos biliares, atuam reduzindo a absorção enteral de ácidos biliares. Como resultado, ocorre depleção do colesterol celular hepático, estimulando a síntese de LDLR e de colesterol endógeno. Como consequência deste estímulo à síntese, pode ocorrer aumento da produção de VLDL e, consequentemente, de TG plasmáticos. Fibratos: São fármacos derivados do ácido fíbrico que agem estimulando os receptores nucleares denominados “Receptores Alfa Ativados da Proliferação dos Peroxissomas” (PPAR-α). Este estímulo leva ao aumento da produção e da ação da LPL, responsável pela hidrólise intravascular dos TG, e à redução da ApoC-III, responsável pela inibição da LPL Ácido nicotínico (niacina): O ácido nicotínico reduz a ação da lipase tecidual nos adipócitos, levando à menor liberação de ácidos graxos livres para a corrente sanguínea. Como consequência, reduz-se a síntese de TG pelos hepatócitos. Reduz ainda o LDL-c em 5 a 25%; aumenta o HDL-c em 15 a 35%; e diminui o TG em 20 a 50% Ácidos graxos ômega 3: Em altas doses (4 a 10g ao dia), reduzem os TG e aumentam discretamente o HDL-c, podendo, entretanto, aumentar o LDL-c. Seus efeitos no perfil lipídico são dosedependentes e resultam de uma variedade de mecanismos, entre os quais a diminuição da produção de VLDL e o aumento de seu catabolismo. Inibidores da proteína de transferência de ésteres de colesterol: A CETP é responsável pela transferência de ésteres de colesterol da HDL para lipoproteínas que contêm ApoB, em troca equimolar por TG. Como é previsível, a inibição da CETP aumenta a concentração de colesterol na HDL e diminui nas lipoproteínas que contêm ApoB, incluindo VLDL e LDL. Inibidores da PCSK-9: Sabe-se que a funcionalidade e o número de LDLR expressos na superfície dos hepatócitos constitui fator determinante dos níveis plasmáticos de LDL. A LDL circulante se liga aos LDLR na superfície do hepatócito, libera seu conteúdo para o endossoma e, posteriormente, o receptor é reciclado de volta à superfície do hepatócito, para captar mais partículas de LDL do plasma. Em condições normais, o LDLR refaz este ciclo aproximadamente 150 vezes, até que seja degradado. A PCSK9 é uma enzima que desempenha um papel importante no metabolismo lipídico, modulando a densidade de LDLR.270 Sintetizada no núcleo celular e secretada pelos hepatócitos, liga-se aos LDLR na circulação, favorecendo sua degradação. Inibidor da proteína de transferência de triglicérides microssomal: A lomitapida é um fármaco que inibe a MTP, reduzindo a formação de quilomícrons no intestino e VLDL pelo fígado. Pelo fato da VLDL ser um precursor metabólico da LDL, as concentrações plasmáticas de LDL são reduzidas. Inibidores da síntese de apolipoproteína B (antissenso anti-ApoB): O antissenso da ApoB é indicado em portadores de HoHF. Ainda não aprovado no Brasil, o mipomersen, único representante da classe, é administrado por via subcutânea e consiste de oligonucleotídeos que atingem o núcleo do hepatócito e se hibridizam ao RNA mensageiro da ApoB, formando um RNA de fita dupla, que é reconhecido e degradado por uma Ribonuclease H RNase H e, portanto, impede a formação (tradução) da proteína (ApoB).280 Além de reduzir a formação de VLDL, os produtos de sua metabolização também são reduzidos, como IDL, LDL e Lp(a) Inibidores da síntese de apolipoproteína C-III (antissenso anti-ApoC-III): A ApoC-III é um importante modulador do metabolismo das lipoproteínas e possui um papel crucial regulando as concentrações de TG plasmáticas. É sintetizada principalmente pelo fígado e é um componente das lipoproteínas ricas em TG.282 A ApoC-III inibe a hidrólise de TG mediada pela LPL e prejudica a captação Julia Paris Malaco – ambulatório cardiologia hepática dos remanescentes de lipoproteínas ricas em TG.283,284 Em altas concentrações, a ApoC-III inibe a atividade da LPL, enzima que participa do catabolismo das lipoproteínas ricas em TG e no remodelamento das HDL.283 Concentrações elevadas de ApoC-III no plasma comprometem não só a lipólise, como a remoção da circulação das lipoproteínas ricas em TG, com acúmulo de lipoproteínas aterogênicas, sendo consideradas fator de risco independente para a DAC, especialmente quando a ApoC-III está contida em lipoproteínas que contêm ApoB.284 Variantes genéticas da ApoC-III com perda de função e concentrações reduzidas de ApoC-III no plasma são associadas com risco reduzido de DAC,285-287 sendo sua inibição considerada novo alvo terapêutico. Lipase ácida lisossômica recombinante humana: A Terapêutica de Reposição Enzimática (ERT) tem sido usada com sucesso em outras formas de doenças de depósito lisossomal, sendo uma perspectiva para os pacientes com Deficiência da Lipase Ácida Lisossomal (LAL-D, sigla do inglês lysosomal acid lipase deficiency). O objetivo da ERT é tentar normalizar os níveis fisiológicos de lipase ácida lisossomal291 e evitar o acúmulo de ésteres de colesterol e TG – e, em consequência, restaurar a função normal dos órgãos. http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/Diretriz_Prev encao_Cardiovascular.pdf http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2017/02_DIRE TRIZ_DE_DISLIPIDEMIAS.pdf https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e- metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios- lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C 3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,col esterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3 %ADnas%20individuais http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/Diretriz_Prevencao_Cardiovascular.pdf http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/Diretriz_Prevencao_Cardiovascular.pdf http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2017/02_DIRETRIZ_DE_DISLIPIDEMIAS.pdf http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2017/02_DIRETRIZ_DE_DISLIPIDEMIAS.pdf https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,colesterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3%ADnas%20individuaishttps://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,colesterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3%ADnas%20individuais https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,colesterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3%ADnas%20individuais https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,colesterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3%ADnas%20individuais https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,colesterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3%ADnas%20individuais https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,colesterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3%ADnas%20individuais https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-lip%C3%ADdicos/dislipidemia#:~:text=Dislipidemia%20%C3%A9%20eleva%C3%A7%C3%A3o%20de%20colesterol,colesterol%2C%20triglicer%C3%ADdios%20e%20lipoprote%C3%ADnas%20individuais
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