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tutoria 5 - ENDOCRINOLOGIA

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Julia Paris Malaco – UCT22 
SP5 – tutoria 
 
Obesidade 
 
Obesidade é um estado de excesso de massa 
adiposa. 
A obesidade, definida como o índice de massa 
corporal (IMC) maior ou igual a 30 kg/m2, é uma 
doença metabólica crônica, de difícil tratamento. 
 
O método mais usado para avaliar a obesidade é 
o índice de massa corporal (IMC) - igual a 
peso/estatura ao quadrado (em kg/m2). 
Outras abordagens são a antropometria 
(espessura da prega cutânea), a densitometria 
(pesagem sob a água), a tomografia 
computadorizada (TC) ou a ressonância 
magnética (RM) e a impedância elétrica. 
 
 O IMC do ponto médio para todas as estaturas 
e compleições, entre homens e mulheres, vai 
de 19 a 26 kg/m2. 
 Um IMC de 30 é o limiar mais usado para a 
obesidade em ambos os sexos. 
 A maior parte das autoridades usa o termo 
sobrepeso (e não obeso) para descrever 
indivíduos com IMC entre 25 e 30. 
 
A distribuição do tecido adiposo em diferentes 
espaços anatômicos tem implicações importantes 
para a morbidade. 
 Uma razão cintura/quadril > 0,9 em mulheres 
ou > 1,0 em homens é considerada anormal. 
 
Está claro que a obesidade se desenvolve quando 
há um desequilíbrio positivo entre o consumo e o 
gasto de energia, mas a contribuição relativa 
desses fatores é ainda mal compreendida. 
Além dos fatores ambientais, há a predisposição 
genética para a obesidade. 
 
Regulação fisiológica do equilíbrio energético 
 
Há evidências substanciais de que o peso corporal 
é regulado por fatores endócrinos e neurais que 
terminam por influenciar os braços efetores da 
entrada e do gasto. Esse sistema regulador 
complexo é necessário porque mesmo pequenos 
desequilíbrios entre a entrada e o gasto de 
energia terminam por ter efeitos importantes sobre 
o peso corporal. 
 
Quando há perda de peso, o apetite aumenta e 
o gasto de energia diminui. Com excesso de 
alimentação, o apetite diminui e o gasto de 
 
 
energia aumenta. No entanto, esse último 
mecanismo compensatório falha com frequência, 
o que possibilita o surgimento da obesidade 
quando há alimentos abundantes e pouca 
atividade física. 
 
Um regulador importante dessas respostas 
adaptativas é o hormônio leptina, produzido pelos 
adipócitos. Tal substância atua por meio de 
circuitos cerebrais (sobretudo no hipotálamo) 
influenciando o apetite, o gasto de energia e a 
função neuroendócrina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O apetite é influenciado por muitos fatores 
integrados no cérebro, sobretudo no hipotálamo. 
 Os sinais que entram no centro hipotalâmico 
incluem aferentes neurais, hormônios e 
metabólitos. 
 Os impulsos vagais são especialmente 
importantes, pois trazem informações das 
vísceras, como a distensão dos intestinos. 
 Os sinalizadores hormonais incluem a leptina, a 
insulina, o cortisol e os peptídeos intestinais. 
 Entre os últimos estão a grelina, que é 
produzida no estômago e que estimula a 
alimentação, o peptídeo YY (PYY) e a 
colecistocinina, que são produzidos no 
intestino delgado e que sinalizam ao cérebro 
por ação direta nos centros de controle 
hipotalâmicos e/ou por intermédio do nervo 
vago. 
 Os metabólitos, como a glicose, podem 
influenciar o apetite, visto que a hipoglicemia 
induz a fome; entretanto, a glicose 
Julia Paris Malaco – UCT22 
normalmente não é um regulador importante 
do apetite. 
 
Esses diversos sinais hormonais, metabólicos e 
neurais atuam influenciando a expressão e a 
liberação de vários peptídeos hipotalâmicos (p. 
ex., neuropeptídeo Y [NPY], peptídeo relacionado 
com o Agouti [AgRP], hormônio estimulador dos 
melanócitos α [α-MSH] e hormônio concentrador 
de melanina [MCH]), substâncias integradas às 
vias sinalizadoras serotoninérgicas, 
catecolaminérgicas, endocanabinoides e 
opioides. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O gasto de energia envolve os seguintes 
componentes: 
 taxa metabólica basal ou em repouso (70% do 
gasto de energia diário) 
 custo energético da metabolização e do 
armazenamento do alimento; 
 efeito térmico do exercício 
 termogênese adaptativa, que varia em 
função da ingestão calórica de longo prazo 
(maior quando aumenta a ingestão). 
 
Tecido adiposo: 
O tecido adiposo é formado pelas células 
adiposas, que armazenam lipídeos, e por um 
compartimento estromático e vascular, onde 
ficam células como os pré-adipócitos e os 
macrófagos. 
A massa adiposa aumenta pelo crescimento das 
células adiposas à medida que mais lipídeos se 
depositam, bem como pelo aumento do número 
de adipócitos. 
O tecido adiposo obeso também se caracteriza 
por maior número de macrófagos infiltrados. 
 
Embora o adipócito, em geral, tenha sido 
considerado como um depósito para 
armazenamento de gordura, ele também é uma 
célula endócrina que libera inúmeras moléculas 
de maneira regulada. 
Estas incluem: 
 hormônio de regulação do equilíbrio de 
energia - leptina 
 citocinas, como fator de necrose tumoral α 
(TNF-α) e interleucina (IL)-6 
 fatores do complemento, como o fator D 
(também conhecido como adipsina) 
 agentes protrombóticos, como inibidor do 
ativador de plasminogênio I 
 um componente do sistema de regulação da 
pressão arterial, angiotensinogênio. 
 A adiponectina, uma proteína abundante 
derivada do tecido adiposo, cujos níveis estão 
reduzidos na obesidade, aumenta a 
sensibilidade à insulina e a oxidação dos 
lipídeos e possui efeitos protetores vasculares, 
enquanto a RBP4, cujos níveis estão 
aumentados na obesidade, pode induzir 
resistência à insulina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Etiologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco – UCT22 
Controle neuroendócrino do apetite 
 
De forma simplificada, os mecanismos neuro-
humorais que regulam o equilíbrio de energia e o 
peso corporal podem ser divididos em três 
componentes: 
 O sistema periférico ou aferente gera sinais 
provenientes de vários locais. Seus principais 
componentes são a leptina e a adiponectina, 
produzidas pelos adipócitos, a insulina 
produzida pelo pâncreas, a grelina produzida 
pelo estômago e finalmente o peptídeo YY a 
partir do íleo e cólon. A leptina reduz a 
ingestão de alimentos. A secreção de grelina 
estimula o apetite e pode atuar como um 
“sinal iniciador da refeição”. O peptídeo YY, 
liberado pós-prandialmente pelas células 
endócrinas no íleo e cólon, é um sinal de 
saciedade. 
 O núcleo arqueado do hipotálamo processa e 
integra os sinais periféricos e gera novos sinais 
que são transmitidos pelos (1) neurônios POMC 
(pró-opiomelanocortina) e CART (transcritos 
regulados pela cocaína e anfetamina), (2) 
neurônios NPY (neuropeptídeo Y) e AgRP 
(peptídeo relacionado com o gene agouti). 
 O sistema eferente, que consiste em neurônios 
hipotalâmicos regulados pelo núcleo 
arqueado, sendo organizado ao longo de 
duas vias, anabólica e catabólica, as quais 
controlam a ingestão de alimentos e o gasto 
de energia, respectivamente. 
 Os neurônios POMC/CART ativam neurônios 
eferentes que aumentam o gasto de energia 
e a perda de peso através da produção de 
moléculas como o hormônio α-estimulador de 
melanócitos (MSH), os quais reduzem a 
ingestão de alimentos (efeito anorexígeno). O 
MSH emite sinais através do receptor da 
melanocortina (MC4R). Em contraste, os 
neurônios NPY/AgRP ativam neurônios 
eferentes que promovem a ingestão de 
alimentos (efeito orexígeno) e o ganho de 
peso. Os sinais transmitidos por neurônios 
eferentes também se comunicam com os 
centros do prosencéfalo e do mesencéfalo 
que controlam o sistema nervoso autônomo. 
 
Hormônios 
 
Leptina: A leptina é secretada por adipócitos e a 
sua produção é regulada pelo nível das reservas 
de gordura. 
 O IMC e as reservas de gordura corporal estão 
diretamente relacionadoscom a secreção de 
leptina. 
Na presença de tecido adiposo abundante, a 
secreção de leptina é estimulada e o hormônio 
atravessa a barreira hematoencefálica e alcança 
o hipotálamo, onde reduz a ingestão de alimentos 
estimulando os neurônios POMC/CART e inibindo 
os neurônios NPY/AgRP. 
A sequência oposta de eventos ocorre quando há 
reservas inadequadas de gordura corporal: a 
secreção de leptina é diminuída e o consumo de 
alimentos é aumentado 
 
Adiponectina: A adiponectina, produzida no 
tecido adiposo, já foi chamada ”molécula de 
queima de gordura“ e ”anjo da guarda contra a 
obesidade“. Ela direciona os ácidos graxos aos 
músculos para sua oxidação. Ainda, diminui a 
influxo de ácidos graxos para o fígado e o 
conteúdo total de triglicerídeos hepáticos. A 
síntese de glicose no fígado também é reduzida, 
resultando em aumento da sensibilidade à insulina 
e protegendo contra a síndrome metabólica 
 
Tecido adiposo e outros mediadores: Além da 
leptina e da adiponectina, o tecido adiposo 
produz outros mediadores, tais como citocinas, 
quimiocinas e hormônios esteróides, que permitem 
que o tecido adiposo atue como um conector 
entre o metabolismo dos lipídeos, a alimentação 
e a resposta inflamatória 
 
Hormônios intestinais: Os hormônios intestinais 
atuam rapidamente como iniciadores e 
terminadores da vontade de comer. Exemplos 
prototípicos incluem a grelina e o peptídeo YY 
(PYY). A grelina é produzida no estômago e no 
núcleo arqueado do hipotálamo. Aumenta a 
ingestão de alimentos, atuando provavelmente 
através da estimulação dos neurônios NPY/AgRP 
no hipotálamo. Os níveis de grelina normalmente 
aumentam antes das refeições e caem cerca de 
uma a duas horas depois, porém esta queda é sutil 
em pessoas obesas. Em indivíduos obesos, os níveis 
de grelina são menores em comparação aos 
observados em pessoas de peso normal, 
aumentando à medida que há redução no grau 
de obesidade. Curiosamente, o aumento dos 
níveis de grelina é significativamente reduzido em 
indivíduos submetidos à cirurgia 
de bypass gástrico para o tratamento da 
obesidade, sugerindo que os efeitos benéficos de 
tal cirurgia podem ser atribuídos, em parte, à 
redução da superfície da mucosa gástrica 
exposta aos alimentos. 
O PYY é segregado por células endócrinas no íleo 
e no cólon em resposta ao consumo de alimentos. 
Isso diminui o apetite e aumenta a sensação de 
plenitude (saciedade). Ele age, provavelmente, 
através da estimulação dos neurônios 
POMC/CART no hipotálamo, diminuindo, em 
consequência, a ingestão de alimentos. 
Julia Paris Malaco – UCT22 
O PYY também reduz a taxa de esvaziamento 
gástrico e a motilidade intestinal (“freio ileal”), 
ambos os quais contribuem para a saciedade. Na 
obesidade, os níveis de PYY são menores e podem 
apresentar valor terapêutico no tratamento de 
pessoas com sobrepeso ou obesas. 
 
Fisiopatologia 
 
A obesidade pode ser causada por aumento da 
entrada de energia, diminuição do gasto ou uma 
combinação de ambos. 
 
O conceito de “ponto de equilíbrio” do peso 
corporal tem suscitado contínuo interesse. Em 
favor dessa ideia, existem mecanismos fisiológicos 
em torno de um sistema sensor no tecido adiposo 
que reflete as reservas de gordura, e um receptor, 
ou adipostato, presente nos centros 
hipotalâmicos. Quando as reservas de gordura 
diminuem, o sinal do adipostato cai, e o 
hipotálamo responde estimulando a fome e 
diminuindo o gasto de energia. No entanto, 
quando as reservas de gordura são abundantes, o 
sinal aumenta, e o hipotálamo responde 
diminuindo a fome e aumentando o gasto de 
energia. A recente descoberta do gene ob e seu 
produto, a leptina, bem como do gene db, cujo 
produto é o receptor da leptina, fornece uma 
base molecular a esse conceito fisiológico (ver 
anteriormente). 
 
O gasto total médio diário de energia é maior 
entre os obesos do que entre os magros quando 
medido no peso estável. No entanto, o gasto 
energético diminui à medida que se perde peso, 
o que se deve em parte à perda de massa 
corporal magra e à diminuição da atividade 
nervosa simpática. Quando atingem um peso 
próximo do normal e permanecem assim por 
algum tempo, (alguns) indivíduos obesos gastam 
menos energia que (alguns) indivíduos magros. 
 
Outro componente da termogênese recém 
descrito, denominado termogênese da atividade 
fora do exercício (NEAT), foi relacionado com a 
obesidade. Trata-se da termogênese que 
acompanha outras atividades físicas que não o 
exercício voluntário, como tarefas cotidianas, 
movimentos aleatórios, contração muscular 
espontânea e manutenção da postura. A NEAT 
responde por cerca de dois terços do aumento do 
gasto diário de energia induzido pelo excesso de 
alimentação. 
 
Leptina: A grande maioria dos obesos têm níveis 
elevados de leptina, mas não apresentam 
mutações nem na leptina nem em seu receptor. 
Por isso parecem ter uma forma funcional de 
“resistência à leptina”. 
 
Manifestações clinicas/complicações que 
podem ocorrer por conta da obesidade 
 
Cardiovascular: 
 Hipertensão 
 Insuficiência cardíaca congestiva 
 Cor pulmonale 
 Veias varicosas 
 Embolia pulmonar 
 Doença arterial coronariana (DAC) 
 
Endócrino: 
 Síndrome metabólica 
 Diabetes tipo 2 
 Dislipidemia 
 Síndrome dos ovários policísticos 
 
Musculoesquelético 
 Hiperuricemia e gota 
 Imobilidade 
 Osteoartrite (joelhos e quadris) 
 Dor lombar 
 Síndrome do túnel do carpo 
 
Psicológico: 
 Depressão/baixa autoestima 
 Transtorno da imagem corporal 
 Estigmatização social 
 
Tegumentar: 
 Estrias 
 Estase e pigmentação das pernas 
 Linfedema 
 Celulite 
 Intertrigo, carbúnculos 
 Acantose nigricans 
 Acrocórdons (apêndices cutâneos) 
 Hidradenite supurativa 
 
Respiratório: 
 Dispneia 
 Apneia obstrutiva do sono 
 Síndrome hipoventilatória 
 Síndrome de Pickwick 
 Asma 
 
Gastrintestinal: 
 Doença do refluxo gastresofágico 
 Doença hepática gordurosa não alcoólica 
 Colelitíase 
 Hérnias 
 Câncer colorretal 
 
Geniturinário: 
 Incontinência urinária por estresse 
Julia Paris Malaco – UCT22 
 Glomerulopatia relacionada à obesidade 
 Hipogonadismo (masculino) 
 Cânceres de mama e uterino 
 Complicações da gravidez 
 
Neurológico: 
 Acidente vascular cerebral 
 Hipertensão intracraniana idiopática 
 Meralgia parestética 
 Demência 
 
Avaliação diagnostica 
 
Embora a grande maioria dos casos de obesidade 
possa ser atribuída a fatores comportamentais 
que afetam a dieta e os padrões de atividade 
física, a anamnese pode sugerir causas 
secundárias que requeiram maior avaliação. 
 Os distúrbios a considerar são síndrome dos 
ovários policísticos, hipotireoidismo, síndrome 
de Cushing e doença hipotalâmica. 
 O ganho de peso induzido por fármacos 
também deve ser considerado. As causas 
comuns incluem medicamentos para diabetes 
(insulina, sulfonilureias, tiazolidinedionas), 
hormônios esteroides, agentes antipsicóticos 
(clozapina, olanzapina, risperidona), 
estabilizadores do humor (lítio), antidepressivos 
(tricíclicos, inibidores da monoaminoxidase, 
paroxetina, mirtazapina) e antiepilépticos 
(valproato, gabapentina, carbamazepina). 
 
Antropometria 
IMC: O IMC é calculado dividindo-se o peso pela 
altura ao quadrado. 
 Magros ou desnutridos (IMC < 18,5 kg/m2) 
 Normais (IMC de 18,5 a 24,9 kg/m2) 
 Sobrepeso (IMC de 25 a 29,9 kg/m2), 
 Obesidade grau 1 (IMC de 30 a 34,9 kg/m2) 
 Obesidade grau 2 (IMC de 35 a 39,9 kg/m2) 
 Obesidade grau 3 (IMC ≥ 40 kg/m2) 
 
 
Para cada aumento de 5 unidades no IMC acima 
de 25 kg/m2, a mortalidade geral aumenta em 
29%, a mortalidade vascular em 41% e a 
mortalidade relacionada ao diabetes melito (DM) 
em 210%. 
 
O IMC isolado não é usado em crianças e 
adolescentes de 2 a 18 anos de idade; em vez 
disso, recomenda-se o uso deuma escala de 
percentil com base no sexo e na idade. Nesta 
população, o excesso de peso é definido como 
um IMC no percentil 85 a 94, e a obesidade 
corresponde a um IMC igual ou superior ao 
percentil 95. 
 
Circunferência abdominal: Essa circunferência 
deve ser medida ao final da expiração profunda, 
na linha média horizontal entre a crista ilíaca e o 
último rebordo costal, com o paciente em pé e de 
braços estendidos ao lado do corpo. 
 90 cm em homens e > 80 cm em mulheres são 
considerados anormais. (valido somente para 
sul americanos) 
 
Relação cintura-quadril: A relação cintura-quadril 
é um bom marcador da distribuição de gordura 
corporal, já que possibilita estimar tanto a gordura 
visceral (cintura) como a periférica (quadril). Não 
é utilizada no acompanhamento do tratamento 
da obesidade. 
Homens acima de 1cm e mulheres 0,9cm tem 
maior risco de doenças. 
 
Composição corporal 
Dobras cutâneas: Estima-se a gordura corporal 
pela medida da espessura de gordura 
representativa da camada subcutânea. Trata-se 
de um método rápido, não invasivo e de baixo 
custo. Contudo, tem baixa precisão por ser 
operador-dependente e por subestimar a gordura 
corporal total. 
 
Bioimpedância: Avalia a composição corporal a 
partir da passagem de corrente elétrica pelo 
corpo do indivíduo, de modo que a resistência à 
passagem dessa corrente é mensurada e, assim, 
conseguem-se calcular as quantidades de massa 
magra, água e gordura corporal. Constitui-se em 
método rápido e não invasivo, porém, sua 
precisão pode ser afetada por alimentação, 
ingestão hídrica, atividade física, ciclo menstrual, 
consumo de álcool e equipamento utilizado. 
 
Absorciometria de raios X de dupla energia 
(DEXA): Considerada o padrão-ouro na análise da 
composição corporal em pesquisas e na prática 
clínica. Avalia e quantifica massa livre de gordura, 
massa gorda e nível mineral ósseo, de forma 
rápida, precisa e com pouca exposição à 
radiação. Entretanto, não é indicado para 
gestantes, lactantes, portadores de implantes 
metálicos, marca-passo, nem tampouco para 
indivíduos submetidos a procedimentos com iodo, 
bário ou isótopos por um período de 7 dias antes 
da avaliação. 
 
Complicações 
 
Diabetes melito tipo 2: A adiposidade central, o 
aumento do peso corporal e a duração estão 
associados a risco elevado de desenvolvimento 
de DM tipo 2 (DM2). 
Julia Paris Malaco – UCT22 
A obesidade está ligada diretamente a vários 
mecanismos que medeiam a resistência insulínica, 
entre eles, o aumento dos níveis de ácidos graxos 
livres (AGL), com consequente inibição da 
absorção e uso celular de glicose, au aumento da 
síntese de glicogênio e da oxidação de glicose. 
Além disso, o excesso ponderal associa-se a 
alterações no perfil das adipocinas, influenciando, 
assim, o desenvolvimento de alterações 
glicêmicas. 
 
A relação molecular entre a obesidade e a 
resistência à insulina na gordura, nos músculos e no 
fígado tem sido pesquisada há muitos anos. São 
alguns fatores importantes: 
 a própria insulina, ao induzir a subregulação do 
receptor; 
 os ácidos graxos livres, que ficam elevados e 
podem dificultar a ação da insulina; 
 o acúmulo intracelular de lipídeos 
 os vários peptídeos circulantes produzidos 
pelos adipócitos, como as citocinas TNF-α e IL-
6, RBP4, bem como as adipocinas 
adiponectina e resistina, que apresentam 
expressão alterada nos adipócitos dos obesos 
e podem modificar a ação da insulina. 
 Outros mecanismos são inflamação ligada à 
obesidade, como infiltração de macrófagos 
nos tecidos como gordura, e indução de 
resposta ao estresse de retículo 
endoplasmático, que pode produzir 
resistência à ação da insulina nas células. 
 
Hipertensão arterial sistêmica: A hipertensão 
arterial sistêmica (HAS) é o mais importante fator 
de risco para o desenvolvimento de doença 
arterial coronariana, acidente vascular cerebral 
(AVC), doença renal crônica e mortalidade por 
todas as causas. 
Fatores que contribuem para o risco aumentado 
de HAS em obesos são: disfunção endotelial, 
hiperatividade do sistema nervoso simpático, 
hiperleptinemia e ativação do sistema renina–
angiotensina–aldosterona. 
 
Dislipidemia: A dislipidemia associada à 
obesidade deve-se, na maioria das vezes, ao 
quadro de resistência insulínica subjacente que 
resulta em lipólise, aumento dos AGL circulantes, 
maior síntese hepática da lipoproteína de muito 
baixa densidade (VLDL) e triglicerídeos, redução 
da lipoproteína de alta densidade (HDL), bem 
como dos níveis normais ou próximos da 
normalidade da lipoproteína de baixa densidade 
(LDL). Entretanto, esta última caracteriza-se por 
uma maior expressão das partículas pequenas e 
densas da LDL, significativamente mais 
aterogênicas. A obesidade central tem forte 
associação com o desenvolvimento de tais 
alterações lipídicas que habitualmente se 
manifestam como hipertrigliceridemia e 
diminuição dos níveis de HDL-colesterol, com 
valores de LDL-colesterol normais ou 
discretamente elevados. 
 
Síndrome metabólica: A síndrome metabólica 
representa um aglomerado de condições que 
aumentam o risco de doenças cardiovasculares, 
como hiperglicemia, dislipidemia e HAS. Segundo 
os critérios da International Diabetes Federation 
(IDF), o diagnóstico de síndrome metabólica é 
definido pela presença de, pelo menos, duas das 
citadas comorbidades em indivíduos com 
circunferência abdominal aumentada. 
 
Critérios diagnósticos propostos pela International 
Diabetes Federation (IDF): 
 Obesidade abdominal, definida conforme a 
etnia dos pacientes, associada a, pelo menos, 
dois dos seguintes achados: 
o Triglicerídeos elevados: ≥ 150 mg/dℓ (ou 
tratamento específico para dislipidemia) 
o HDL-colesterol baixo: ≤ 40 mg/dℓ em 
homens e ≤ 50 mg/dℓ em mulheres 
o Pressão arterial elevada: ≥ 140/90 mmHg 
(ou tratamento específico para 
hipertensão) 
o Glicemia de jejum elevada: ≥ 100 mg/dℓ 
 
Distúrbios respiratórios | Apneia obstrutiva do sono 
e asma: O excesso de peso é fator de risco 
importante para o desenvolvimento da síndrome 
de apneia obstrutiva do sono (SAOS). A obesidade 
visceral está ligada à maior produção de leptina 
e maior resistência a esse hormônio. Além disso, a 
obesidade central relaciona-se com a deposição 
de gordura no pescoço, ao contrário da 
obesidade periférica. Isso causa um estreitamento 
mais notável das vias respiratórias superiores 
durante o sono, aumentando a incidência da 
SAOS. Há evidências de que a obesidade 
também aumente o risco de asma brônquica. Os 
mecanismos envolvidos nessa associação incluem 
hiper-responsividade das vias respiratórias, 
diminuição dos volumes pulmonares funcionais e 
inflamação sistêmica crônica 
 
Câncer: Entre homens destacam-se os cânceres 
de cólon, reto e próstata; em mulheres, os 
cânceres de mama, endométrio e vesícula biliar. 
 
Doença hepática gordurosa não alcoólica: A 
DHGNA pode apresentar-se como esteatose 
simples ou evoluir em 10 a 20% para a sua 
complicação inflamatória, a esteato-hepatite não 
alcoólica, bem como, eventualmente, para 
Julia Paris Malaco – UCT22 
cirrose e carcinoma hepatocelular. O fígado 
desempenha importante papel no metabolismo 
dos AGL. O tecido adiposo em abundância, como 
observado nos pacientes obesos, libera maior 
quantidade de AGL, os quais devem ser oxidados 
ou armazenados no fígado. Alterações como 
redução na oxidação dos AGL e na exportação 
da gordura e disfunção mitocondrial ocasionam 
deposição de gordura hepática. 
 
Doenças osteoarticulares: A ocorrência de 
osteoartrite aumenta significativamente em 
indivíduos com sobrepeso e obesidade, sendo 
mais frequente em articulações que suportam o 
peso corporal, como joelhos, quadril e tornozelos. 
A obesidade também aumenta o risco para a 
síndrome do túnel do carpo e hérnias discais. 
 
Doenças do sistemareprodutivo: Anovulação 
crônica e distúrbios menstruais são frequentes em 
mulheres obesas. A síndrome dos ovários 
policísticos (SOP), caracterizada por irregularidade 
menstrual, hiperandrogenismo (clínico ou 
laboratorial) e ovários policísticos à 
ultrassonografia, geralmente associa-se à 
obesidade e à resistência à insulina. 
Nos homens, a obesidade abdominal tem sido 
associada à disfunção erétil e infertilidade, bem 
como hipogonadismo hipogonadotrófico, com 
melhora clínica e laboratorial após a perda de 
peso. 
 
Doenças cardiovasculares: À medida que o IMC 
aumenta, eleva-se também o risco de doença 
arterial coronariana e insuficiência cardíaca. 
 
Doença cerebrovascular: O risco de 
desenvolvimento de AVC isquêmico e 
hemorrágico é aumentado em homens obesos. Já 
nas mulheres, tem sido relatado apenas risco 
aumentado para AVC isquêmico. 
 
Doenças gastrintestinais: risco para doença do 
refluxo gastresofágico, esofagite erosiva, câncer 
de esôfago e colelitíase.33 
 
Complicações gestacionais: Gestantes obesas 
têm maior risco de desenvolvimento de DM 
gestacional, pré-eclâmpsia, hipertensão 
gestacional, depressão, parto cesariano e 
infecção de sítio cirúrgico, em comparação a 
gestantes não obesas. Na gravidez, a obesidade 
também associa-se a maior risco de parto 
prematuro, macrossomia fetal, anormalidades 
congênitas e morte perinatal. 
 
 
 
Tratamento 
 
Mudança do estilo de vida 
O tratamento da obesidade abrange atenção a 
três elementos essenciais do estilo de vida: hábitos 
alimentares, atividade física e modificação do 
comportamento. 
 
Exercício físico: A atividade física deve ser 
realizada por aproximadamente 30 minutos ou 
mais, 5 a 7 dias por semana, para evitar ganho de 
peso e melhorar a saúde cardiovascular, e a 
combinação de exercícios aeróbicos e resistidos é 
melhor do que a realização de apenas uma 
modalidade isoladamente. 
 
Dieta: 
 Déficit de caloria de 500 a 750 kcal/dia, em 
comparação com a alimentação habitual do 
paciente. Como alternativa, pode-se 
prescrever uma dieta de 1.200 a 1.500 kcal/dia 
para mulheres e 1.500 a 1.800 kcal/dia para os 
homens (ajustada para o peso corporal do 
indivíduo). 
 Dieta rica em grãos integrais, frutas, vegetais e 
fibras alimentares 
 Diminuir o aporte de sódio (sal) para < 2.300 
mg/dia 
 Consumir laticínios sem gordura ou com baixo 
teor de gordura 
 Manter o consumo de açúcares adicionados 
e gordura saturada em < 10% das calorias 
diárias. 
 3 porções derivados de leite, 3 porções de 
proteína (ovos, peixe), frutas, legume 
 Ingesta hídrica - 20 a 30 ml por kg (nos 
intervalos das refeições e não durante elas) 
 
Terapia comportamental: As estratégias incluem 
técnicas de automonitoração (p. ex., um diário, 
verificação do peso, quantificação do alimento e 
da atividade), controle do estresse e dos estímulos 
(p. ex., uso de pratos menores, não comer vendo 
televisão ou no carro), apoio social, solução de 
problemas e reestruturação cognitiva para ajudar 
os pacientes a desenvolverem ideias mais 
positivas e realistas sobre si mesmos. 
 
Tratamento medicamentoso 
Indicações: As últimas diretrizes da Endocrine 
Society recomendam a farmacoterapia para 
indivíduos com IMC > 30 kg/m2 ou ≥ 27 kg/m2 
associado a, pelo menos, uma condição mórbida 
relacionada com a obesidade, como DM2, 
dislipidemia, HAS ou apneia obstrutiva do sono. 
 
Considerando-se a fisiopatologia da obesidade, 
seu tratamento medicamentoso deve visar: 
Julia Paris Malaco – UCT22 
 estimular as vias anorexígenas de sinalização, 
 antagonizar as vias de sinalização orexígenas, 
 aumentar o gasto energético e/ou inibir a 
absorção de nutrientes. 
 
Idealmente, um fármaco antiobesidade deve ter 
as seguintes características: 
 eficácia na redução do peso ponderal; 
 mecanismo de ação relacionado com a 
fisiopatologia da doença; 
 perfil de segurança para uso a longo prazo; 
 boa tolerabilidade; 
 viabilidade econômica para tratamento a 
médio e longo prazos; 
 impacto positivo nas comorbidades 
associadas à obesidade. 
 
Monoterapia: 
 Sibutramina: A sibutramina é um inibidor de 
recaptação de serotonina e norepinefrina. 
Diferentemente dos anorexígenos 
catecolaminérgicos, trata-se mais de um 
agente sacietógeno, visto que seu efeito 
principal na regulação da ingestão de 
alimentos parece estar relacionado muito mais 
com o aumento da saciedade e com o 
prolongamento dessa sensação do que com 
um efeito direto de supressão da fome. 
o A dose atualmente recomendada para a 
sibutramina é de 10 a 15 mg/dia 
o Princípio básico: ↑ Saciedade e ↓ Apetite 
o Efeitos adversos: Cefaleia, boca seca, 
constipação intestinal, irritabilidade, 
insônia,↑ PA, ↑ FC 
 Orlistate: O orlistate é um potente inibidor de 
lipases do trato gastrintestinal. Como 
consequência, cerca de 30% dos triglicerídeos 
provenientes da dieta não são digeridos nem 
absorvidos pelo intestino delgado, 
atravessando o trato gastrintestinal e sendo 
eliminados nas fezes. 
O orlistate não atua nos circuitos neuronais 
reguladores do apetite; contudo, ele promove 
uma liberação mais precoce do GLP-1, que 
tem efeito incretínico e sacietógeno. 
o A dose recomendada para o orlistate é de 
120 mg antes de cada refeição. 
o Princípio básico: Inibe a absorção de 
gordura 
o Efeitos adversos: Dor abdominal, diarreia, 
flatulência, hepatotoxicidade, nefropatia 
por oxalato 
Benefícios metabólicos induzidos pelo orlistate: 
o Diminuição da glicemia, HbA1c e 
insulinemia 
o Diminuição dos triglicerídeos, LDL-c e 
lipoproteínas aterogênicas 
o Diminuição do fator de necrose tumoral, 
interleucina-6, lipemia pós-prandial e 
lipoproteínas aterogênicas 
o Aumento do HDL-c e adiponectina 
 Fluoxetina e sertralina: são inibidores de 
recaptação de serotonina e podem favorecer 
a redução do peso, mas não são considerados 
agentes antiobesidade. Indica-se seu uso 
apenas quando à obesidade estão 
associados transtorno depressivo ou transtorno 
da compulsão alimentar periódica (TCAP). 
 Bupropiona: aprovada para tratamento de 
transtornos do humor e tabagismo, é um 
inibidor duplo da recaptação de monoaminas 
(dopamina e norepinefrina) e tem sido 
avaliada em estudos para obesidade, tanto 
em monoterapia quanto em associação com 
outros fármacos. 
 Topiramato: é aprovado para tratamento de 
epilepsia e profilaxia da enxaqueca. Seu 
mecanismo de ação relaciona-se com a 
modulação dos receptores do ácido gama-
aminobutírico (GABA), com reflexos no 
comportamento alimentar. 
 Lorcasserina: é um agonista seletivo do 
receptor serotoninérgico 5-HT2 A dose 
recomendada para a lorcasserina é de 10 mg, 
2 vezes/dia 
 Liraglutida: hoje é dia é o melhor - é um 
agonista do receptor de GLP-1 (GLP-1RA) que 
foi desenvolvido para o tratamento do DM2 na 
dose de até 1,8 μg/dia. Além de melhorar 
efetivamente o controle glicêmico, ela induz 
perda de peso. 
o deve ser iniciada na dose de 0,6 mg/dia, 
por injeção subcutânea (SC), 1 vez/dia. 
o A dose diária pode ser aumentada em 0,6 
mg por semana até um máximo de 3 
mg/dia SC. 
 
Associações medicamentosas: 
 Fentermina com topiramato: A fentermina, 
molécula de ação central associada à 
liberação de norepinefrina com propriedades 
simpaticomiméticas, foi aprovada nos EUA 
para tratamento da obesidade em 
monoterapia (37,5 mg/dia) durante curto 
período de tempo (< 12 semanas).A ação 
central do topiramato está associada ao 
bloqueio dos canais de sódio e cálcio, à 
potencialização da ação do GABA e à 
inibição da anidrase carbônica 
 Naltrexona com bupropiona: A combinação 
de naltrexona, um antagonista do receptor 
opioide, com bupropiona, um inibidor da 
recaptação de norepinefrina, foi 
recentemente aprovada para perda de peso 
em indivíduos com sobrepeso ou obesidade. 
Julia Paris Malaco – UCT22 
Supõe-seque o efeito anorexigênico dessa 
associação resulte da ativação dos neurônios 
da POMC no núcleo arqueado. A bupropiona 
estimularia a POMC hipotalâmica, e a 
naltrexona bloquearia a autoinibição da 
POMC por meio de betaendorfinas 
endógenas. 
 
Tratamento mais eficaz: a combinação 
fentermina/topiramato ER parece possibilitar 
melhor perda global média de peso a partir da 
linha de base, bem como os percentuais mais 
elevados de pacientes que alcançaram perdas 
de peso ≥ 5% e ≥ 10%, seguida, em ordem 
decrescente, por naltrexona/bupropiona, 
liraglutida, lorcasserina e orlistate. 
 
Tratamento cirúrgico: A cirurgia bariátrica pode ser 
considerada para os pacientes com obesidade 
grave (IMC ≥ 40 kg/m2) ou para aqueles com 
obesidade moderada (IMC ≥ 35 kg/m2) associada 
a uma condição médica grave. 
 
Síndrome metabólica 
 
A síndrome metabólica consiste em um grupo de 
anormalidades metabólicas que conferem 
aumento de risco de doença cardiovascular 
(DCV) e diabetes melito. 
 
As principais características da síndrome 
metabólica incluem obesidade central, 
hipertrigliceridemia, níveis baixos de colesterol da 
lipoproteína de alta densidade (HDL), 
hiperglicemia e hipertensão. 
 
National Cholesterol Education Program and Adult 
Treatment Panel III (NCEP:ATPIII) - critérios de 
definição de harmonização para síndrome 
metabólica: 
 Três ou mais dos seguintes: 
o Obesidade central: circunferência 
abdominal > 102 cm (homens), > 88 cm 
(mulheres) 
o Hipertrigliceridemia: nível de triglicerídeos ≥ 
150 mg/dL ou medicação específica 
o HDLc-colesterol baixo: < 40 mg/dL e < 50 
mg/dL para os homens e as mulheres, 
respectivamente, ou medicação 
específica 
o Hipertensão: pressão arterial ≥ 130 mmHg 
sistólica ou ≥ 85 mmHg diastólica ou 
medicação específica 
o Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL ou 
medicação específica ou diabetes tipo 2 
previamente diagnosticado 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fatores de risco: 
 Sobrepeso/obesidade: 
 Estilo de vida sedentário 
 Genética 
 Envelhecimento 
 Diabetes melito 
 Doença cardiovascular 
 Lipodistrofia 
 
Etiologia 
 
Resistência à insulina: A hipótese mais aceita e 
unificadora para descrever a fisiopatologia da 
síndrome metabólica é a insulinorresistência, que 
é causada sistemicamente por um defeito da 
ação da insulina. O início da resistência à insulina 
é anunciado por hiperinsulinemia pós-prandial, 
seguida da hiperinsulinemia de jejum e, 
finalmente, hiperglicemia. 
 
Um grande contribuinte preliminar para o 
desenvolvimento da resistência à insulina é uma 
abundância dos ácidos graxos circulantes. 
excesso de ácidos graxos aumenta a 
disponibilidade do substrato e cria resistência à 
insulina, modificando a sinalização a jusante. Os 
ácidos graxos comprometem a captação da 
glicose mediada pela insulina e acumulam-se 
como triglicerídeos tanto no músculo esquelético 
quanto no cardíaco, enquanto o fluxo 
aumentado de ácidos graxos aumenta a 
produção de glicose e a produção e acúmulo de 
triglicerídeos no fígado. 
 
Resistência a leptina: Fisiologicamente, a leptina 
reduz o apetite, promove gasto de energia e 
aumenta a sensibilidade à insulina. Além disso, a 
leptina pode regular a função cardíaca e vascular 
por um mecanismo dependente de óxido nítrico. 
No entanto, quando há desenvolvimento de 
obesidade, ocorre hiperleptinemia, com 
evidência de resistência à leptina no cérebro e em 
outros tecidos que resulta em inflamação, 
resistência à insulina, hiperlipidemia e uma gama 
de distúrbios cardiovasculares, como hipertensão, 
aterosclerose, DCC e insuficiência cardíaca. 
 
Aumento da circunferência abdominal: A 
circunferência abdominal é um importante 
componente dos critérios diagnósticos mais 
recentes e mais frequentemente aplicados para a 
Julia Paris Malaco – UCT22 
síndrome metabólica. Entretanto, medir a 
circunferência abdominal não distingue de 
maneira confiável os aumentos do tecido adiposo 
subcutâneo daqueles decorrentes da gordura 
visceral; essa distinção requer tomografia 
computadorizada (TC) ou ressonância magnética 
(RM). Com aumentos no tecido adiposo visceral, 
os ácidos graxos livres derivados do tecido 
adiposo alcançam o fígado. Por outro lado, 
aumentos da gordura SC abdominal liberam 
produtos da lipólise na circulação sistêmica e, 
portanto, exercem menos efeitos sobre o 
metabolismo hepático. 
 
Dislipidemia: Em geral, o fluxo de ácidos graxos 
livres para o fígado resulta em aumento na 
produção de lipoproteínas de densidade muito 
baixa (VLDLs) ricas em triglicerídeos e contendo 
ApoB. O efeito da insulina nesse processo é 
complexo, mas a hipertrigliceridemia é um 
excelente marcador do distúrbio de resistência à 
insulina. A hipertrigliceridemia não apenas é uma 
característica da síndrome metabólica, como 
também os pacientes com síndrome metabólica 
apresentam níveis elevados de ApoC-III 
carregadas nas VLDLs e outras lipoproteínas. Esse 
aumento da ApoC-III é inibitório para a 
lipoproteína-lipase, contribuindo ainda mais para 
a hipertrigliceridemia, e confere maior risco de 
doença cardiovascular aterosclerótica (DCVAS). 
 
Outro distúrbio principal das lipoproteínas na 
síndrome metabólica é uma redução do HDL-
colesterol. Essa redução é uma consequência das 
modificações na composição e no metabolismo 
da HDL. Essas alterações na HDL têm uma relação 
com a resistência à insulina que provavelmente é 
indireta, ocorrendo em consonância com 
mudanças no metabolismo das lipoproteínas ricas 
em triglicerídeos. 
 
Além das HDLs, as lipoproteínas de baixa 
densidade (LDLs) apresentam alterações na sua 
composição na síndrome metabólica. Com 
triglicerídeos séricos de jejum > 2,0 mM (cerca de 
180 mg/dL), quase sempre há uma 
predominância de LDL pequena, densa, que é 
considerada mais aterogênica, embora sua 
associação com hipertrigliceridemia e HDLs baixas 
dificulte a avaliação de sua contribuição 
independente para os eventos de DCVAS. 
 
Intolerância à glicose: Os defeitos na ação da 
insulina na síndrome metabólica levam ao 
comprometimento da supressão da produção de 
glicose pelo fígado (e pelos rins) e redução da 
captação de glicose e do metabolismo nos 
tecidos sensíveis à insulina – isto é, tecidos muscular 
e adiposo. Para compensar os defeitos na ação 
da insulina, a secreção e/ou depuração da 
insulina aumentam ou diminuem, 
respectivamente, de modo a manter a 
euglicemia. Por fim, esse mecanismo 
compensatório falha, devido a defeitos na 
secreção de insulina, resultando em progressão 
da glicose em jejum alterada e/ou tolerância à 
glicose diminuída para o diabetes melito tipo 2. 
 
Hipertensão arterial: Paradoxalmente, sob 
condições fisiológicas normais, a insulina é um 
vasodilatador com efeitos secundários na 
reabsorção de sódio nos rins. Entretanto, em caso 
de resistência à insulina, o efeito vasodilatador da 
insulina é perdido, porém o efeito renal na 
reabsorção de sódio fica preservado. A 
reabsorção de sódio mostra-se aumentada nos 
indivíduos brancos com síndrome metabólica, 
mas não nos africanos ou asiáticos. A insulina 
também aumenta a atividade do sistema nervoso 
simpático, um efeito que é preservado no caso de 
resistência à insulina. A resistência à insulina 
também está associada ao comprometimento 
específico da via na sinalização da 
fosfatidilinositol-3-cinase. No endotélio, esse 
comprometimento pode causar um desequilíbrio 
entre a produção de óxido nítrico e a secreção de 
endotelina 1, com consequente redução do fluxo 
sanguíneo. Além disso, aumentos na expressão do 
gene do angiotensinogênio no tecido adiposo de 
indivíduos obesos resultam em aumentos da 
angiotensina II circulante e em vasoconstrição. 
Embora esses mecanismos sejam provocativos, a 
avaliação da ação da insulina pela medição dos 
níveis de insulina em jejum ou pela avaliação do 
modelode homeostase mostra que a resistência à 
insulina contribui apenas modestamente para o 
aumento da prevalência de hipertensão na 
síndrome metabólica. 
 
Outro mecanismo possível subjacente à 
hipertensão na síndrome metabólica é o papel 
vasoativo do tecido adiposo perivascular. As 
espécies reativas do oxigênio liberadas pela 
NADPH-oxidase comprometem a função 
endotelial e resultam em vasoconstrição local. 
Outros efeitos parácrinos, como a leptina ou 
outras citocinas proinflamatórias liberadas do 
tecido adiposo, como o TNF-α, também podem 
ser importantes. 
 
A hiperuricemia é outra consequência da 
resistência à insulina na síndrome metabólica. Há 
evidências crescentes não apenas de que o 
ácido úrico está associado à hipertensão, mas 
também de que a redução do ácido úrico 
normaliza a pressão arterial em adolescentes 
Julia Paris Malaco – UCT22 
hiperuricêmicos com hipertensão. O mecanismo 
parece estar relacionado com um efeito adverso 
do ácido úrico na sintase de ácido nítrico na 
mácula densa do rim e estimulação do sistema 
renina-angiotensina-aldosterona. 
 
Citocinas pró-inflamatórias: Os aumentos nas 
citocinas pró-inflamatórias – incluindo as 
interleucinas 1, 6 e 18, a resistina, o TNF-α e o 
biomarcador sistêmico proteína C-reativa – 
refletem uma produção excessiva pela massa 
expandida de tecido adiposo. 
 
Adiponectina: A adiponectina é uma citocina 
anti-inflamatória produzida exclusivamente por 
adipócitos. Ela aumenta a sensibilidade à insulina 
e inibe muitas etapas no processo inflamatório. No 
fígado, inibe a expressão das enzimas 
gliconeogênicas e a taxa de produção de glicose. 
No músculo, a adiponectina aumenta o 
transporte de glicose e aumenta a oxidação do 
ácido graxo, parcialmente pela ativação de AMP-
cinase. As reduções nos níveis de adiponectinas 
são comuns na síndrome metabólica. 
 
Fisiopatologia 
 
A obesidade visceral ou central (abdominal) é 
caracterizada por uma distribuição da gordura 
corporal do tipo andróide, ou seja, conhecida 
como corpo em formato de “maçã”, 
representando o aspecto principal da SM. 
 
Ao contrário da gordura subcutânea, o acúmulo 
de gordura visceral, que pode ser facilmente 
estimado pela medida da circunferência da 
cintura, está relacionado a diversos problemas 
metabólicos plasmáticos, característicos da SM: 
 Hipersensibilidade aos glicocorticoides 
 Elevados níveis plasmáticos de glicose que 
induzem o pâncreas a liberar excesso de 
insulina (hiperinsulinemia) que, a longo prazo, 
culmina com resistência à insulina e diabetes 
mellitus tipo II 
 Aumento da secreção de angiotensina que 
pode aumentar o risco de hipertensão 
 Aumento da secreção de interleucina-6 (IL-6), 
citocina inflamatória 
 Aumento de triglicerídeos (TG) que pode 
comprometer a viscosidade sanguínea, 
aumentando o risco cardiovascular 
 Redução do colesterol HDL, fundamental para 
realizar o transporte reverso do colesterol e 
que apresenta também efeitos anti-
inflamatórios, antioxidantes e vasodilatadores 
(aumenta a síntese de óxido nítrico pelo 
estímulo da isoforma endotelial da enzima 
sintase do óxido nítrico – eNOS) 
 
Manifestações clinicas 
 
A síndrome metabólica normalmente não está 
associada a sintomas. 
 
Ao exame físico, a circunferência abdominal e a 
pressão arterial estão frequentemente 
aumentadas. 
 
A presença de um ou de ambos os sinais deve 
alertar o médico sobre a necessidade de buscar 
anormalidades bioquímicas que possam estar 
associadas à síndrome metabólica. 
 
Com menos frequência, verifica-se a presença de 
lipoatrofia ou acantose nigricans ao exame. 
 
Como esses achados físicos estão associados de 
modo característico a uma resistência à insulina 
grave, outros componentes da síndrome 
metabólica são muito mais comuns. 
 
Doenças associadas 
Doença cardiovascular: Embora a insuficiência 
cardíaca congestiva e a síndrome metabólica 
possam ocorrer ao mesmo tempo, essa 
consequência normalmente é secundária à 
DCVAS ou hipertensão relacionada com a 
síndrome metabólica. A síndrome metabólica 
também está associada a aumentos no risco de 
acidente vascular cerebral, doença vascular 
periférica e doença de Alzheimer. 
 
Diabetes tipo 2: De modo geral, o risco para 
diabetes tipo 2 em pacientes com síndrome 
metabólica é aumentado 3 a 5 vezes. 
 
Doença hepática gordurosa não alcoólica: A 
DHGNA tornou-se a doença hepática mais 
comum, em parte como consequência da 
resistência à insulina da síndrome metabólica. O 
mecanismo está relacionado com aumento no 
fluxo de ácidos graxos livres, redução da oxidação 
intra-hepática dos ácidos graxos, com 
consequente aumento na biossíntese de 
triglicerídeos e acúmulo hepatocelular, com 
inflamação variável e estresse oxidativo. 
 
Hiperuricemia: A hiperuricemia reflete defeitos na 
ação da insulina na reabsorção tubular renal de 
ácido úrico e pode contribuir para hipertensão por 
seu efeito no endotélio. Um aumento da 
dimetilarginina assimétrica, um inibidor endógeno 
da óxido nítrico-sintase, também está 
correlacionado com disfunção endotelial. Além 
disso, aumentos na razão albumina/creatinina da 
urina podem estar relacionados a alterações da 
Julia Paris Malaco – UCT22 
fisiopatologia endotelial no estado de 
insulinorresistência. 
 
Síndrome dos ovários policísticos: A síndrome dos 
ovários policísticos é altamente associada à 
resistência à insulina e à síndrome metabólica, 
com uma prevalência da síndrome entre 40 e 50%. 
As mulheres com síndrome dos ovários policísticos 
têm 2 a 4 vezes mais tendência a ter síndrome 
metabólica do que as mulheres sem essa 
síndrome. 
 
Apneia obstrutiva do sono: A apneia obstrutiva do 
sono é comumente associada a obesidade, 
hipertensão, aumento das citocinas circulantes, 
comprometimento da tolerância à glicose e 
resistência à insulina. De fato, a apneia obstrutiva 
do sono pode prever a ocorrência de síndrome 
metabólica, mesmo na ausência de excesso de 
adiposidade. 
 
Diagnóstico 
 
O diagnóstico da síndrome metabólica é 
estabelecido a partir do atendimento aos critérios 
NCEP ATPIII, por meio da utilização de recursos à 
beira do leito e no laboratório. 
 
National Cholesterol Education Program and Adult 
Treatment Panel III (NCEP:ATPIII) - critérios de 
definição de harmonização para síndrome 
metabólica: 
 Três ou mais dos seguintes: 
o Obesidade central: circunferência 
abdominal > 102 cm (homens), > 88 cm 
(mulheres) 
o Hipertrigliceridemia: nível de triglicerídeos ≥ 
150 mg/dL ou medicação específica 
o HDLc-colesterol baixo: < 40 mg/dL e < 50 
mg/dL para os homens e as mulheres, 
respectivamente, ou medicação 
específica 
o Hipertensão: pressão arterial ≥ 130 mmHg 
sistólica ou ≥ 85 mmHg diastólica ou 
medicação específica 
o Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL ou 
medicação específica ou diabetes tipo 2 
previamente diagnosticado 
 
3 ou mais critérios já faz o diagnóstico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A anamnese deve incluir a 
 Avaliação dos sintomas para apneia 
obstrutiva do sono em todos os pacientes 
 Síndrome dos ovários policísticos nas mulheres 
na pré-menopausa. 
 A história familiar irá ajudar a determinar o risco 
para DCV e diabetes melito. 
 As medidas da pressão arterial e da 
circunferência abdominal fornecem 
informações necessárias ao diagnóstico. 
 
Exames de laboratório: 
 lipidograma e a glicemia em jejum são 
necessários para determinar se há a presença 
da síndrome metabólica. 
 A mensuração dos biomarcadores adicionais 
associados com resistência à insulina pode ser 
individualizada. Esses exames podem incluir 
ApoB, PCR-as, fibrinogênio, ácido úrico, razão 
albumina/creatinina na urina e função 
hepática. 
 Deve-se realizar um estudo do sono caso haja 
a presença de sintomas de apneia obstrutiva 
do sono. 
 Se houver suspeita de síndrome dos ováriospolicísticos com base nas manifestações 
clínicas e anovulação, é necessário medir a 
testosterona, o hormônio luteinizante e o 
hormônio folículo-estimulante. 
 
Tratamento 
 
Proposta da American Heart Association e do 
National Heart, Lung and Blood Institute para o 
tratamento da SM: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mudança do estilo de vida: a redução do peso é 
a abordagem primária ao distúrbio. A redução do 
peso a melhora da sensibilidade à insulina resulta 
em modificações favoráveis em muitos 
componentes da síndrome metabólica. 
Essa mudança inclui a dieta, exercícios físicos, 
mudanças no corportamento, e etc 
 
Dieta: 
 As dietas com restrição de carboidratos 
normalmente promovem uma perda de peso 
inicial mais rápida. 
Julia Paris Malaco – UCT22 
 A restrição pode ser feita de forma lenta e 
gradual 
 Portanto, um padrão de dieta de alta 
qualidade – isto é, uma dieta rica em frutas, 
vegetais, grãos integrais, carnes magras de 
aves e peixes – deve ser estimulado para 
fornecer o benefício máximo de saúde global. 
 
Atividade física: Embora os aumentos na 
atividade física possam levar a uma redução 
modesta de peso, 60 a 90 minutos diários de 
atividade são necessários para atingir esse 
objetivo. Mesmo que um adulto com sobrepeso 
ou obeso seja incapaz de atingir tal nível de 
atividade, haverá um benefício de saúde 
significativo com pelo menos 30 minutos de 
atividade diária de intensidade moderada. 
É importante salientar que várias atividades 
rotineiras – como jardinagem, caminhada e 
limpeza da casa – requerem gasto calórico 
moderado. 
 
Obesidade: Os fármacos para a perda de peso 
encontram-se em duas classes: supressores do 
apetite e inibidores da absorção. 
 Os supressores do apetite incluem fentermina 
(apenas para uso em curto prazo [3 meses]), 
bem como as adições mais recentes de 
fentermina/topiramato, lorcasserina, 
naltrexona/bupropiona e liraglutida em alta 
dose (3,0 mg) (em lugar de 1,8 mg, dose 
máxima para tratamento do diabetes tipo 2), 
que foram aprovadas sem restrições quanto à 
duração da terapia 
 O orlistate inibe a absorção de gordura em 
cerca de 30%, sendo moderadamente eficaz 
se comparado com o placebo (cerca de 4% 
de perda de peso). Além disso, o orlistate 
reduziu a incidência de diabetes tipo 2, um 
efeito particularmente evidente em pacientes 
com comprometimento da tolerância à 
glicose em condições basais. 
 A cirurgia metabólica ou bariátrica é uma 
opção para os pacientes com a síndrome 
metabólica que têm um índice de massa 
corporal de mais de 40 kg/m2 ou mais de 35 
kg/m2 com comorbidades. 
 
LDL - colesterol: 
 Deve-se prescrever uma estatina em todos os 
pacientes com diabetes, de 40 a 79 anos de 
idade, com LDL-colesterol entre 60 e 189 
mg/dL. 
o Para pacientes com diabetes e DCVAS 
diagnosticada, as evidências atuais 
sustentam uma dose de estatina de alta 
intensidade (p. ex., atorvastatina 40 a 80 
mg ou rosuvastatina 20 a 40 mg ao dia). 
o Para os pacientes com síndrome 
metabólica sem diabetes, deve-se utilizar 
uma estimativa de risco de DCVAS de 10 
anos, e um risco de ≥ 7,5% deve levar a 
uma discussão entre o profissional de 
saúde e o paciente sobre a instituição de 
terapia com estatina para prevenção 
primária da DCVAS. 
o É preciso salientar que, para cada 
duplicação da dose da estatina, o LDL-
colesterol é reduzido ainda mais em 
apenas cerca de 6%. 
 Dietas com restrição de gorduras saturadas 
(menos de 6% de calorias) e gorduras trans (o 
menos possível) devem ser aplicadas de 
maneira intensiva. 
 O inibidor da absorção do colesterol - 
ezetimiba é bem tolerado, devendo ser uma 
segunda escolha de intervenção 
medicamentosa. A ezetimiba reduz o LDL-
colesterol em 15 a 20%. 
 Os inibidores da pró-proteína convertase 
subtilisina/quexina tipo 9 (PCSK9) são fármacos 
potentes para redução do LDL-colesterol 
(cerca de 45 a 60%), porém não são 
necessários para a maioria dos pacientes com 
síndrome metabólica. Naturalmente, se esses 
pacientes também apresentam 
hipercolesterolemia familiar ou redução 
insuficiente do LDL-colesterol com o uso de 
estatinas ± ezetimiba, deve-se considerar um 
inibidor de PCSK9. 
 Os sequestradores de ácidos biliares, 
colestiramina, colestipol e colesevalam 
podem ser mais efetivos do que a ezetimiba; 
todavia, como podem aumentar os níveis de 
triglicerídeos, precisam ser usados com 
cautela em pacientes com síndrome 
metabólica quando os triglicerídeos em jejum 
são > 300 mg/dL. 
 O ácido nicotínico tem uma capacidade 
semelhante de redução do LDL-colesterol (< 
20%). 
 Os fibratos são mais bem empregados para 
reduzir o LDL-colesterol quando os 
triglicerídeos não estão elevados. 
 
Triglicerídeos: diretrizes para o colesterol da 
ACA/AHA de 2013 declararam que os 
triglicerídeos em jejum > 500 mg/dL devem ser 
tratados, de modo a prevenir a ocorrência de 
hipertrigliceridemia mais grave e pancreatite. 
 Um fibrato (genfibrozila ou fenofibrato) é o 
fármaco de escolha para reduzir os 
triglicerídeos em jejum, que costumam atingir 
uma diminuição de 30 a 45%. 
o A administração concomitante com 
fármacos metabolizados pelo sistema 3A4 
Julia Paris Malaco – UCT22 
do citocromo P450 (incluindo algumas 
estatinas) aumenta o risco de miopatia. 
o Nesses casos, o fenofibrato pode ser 
preferível à genfibrozila. 
 Outros fármacos que reduzem os níveis de 
triglicerídeos incluem estatinas, ácido 
nicotínico e prescrição de ácidos graxos 
ômega-3. Para esse propósito, uma dose 
intermediária ou alta das estatinas “mais 
potentes” (atorvastatina, rosuvastatina) é 
necessária. 
 A prescrição de preparações de ácido graxo 
ômega-3 que incluem altas doses de ácido 
eicosapentaenoico ± ácido docosa-
hexaenoico (cerca de 1,5 a 4,5 g/dia) reduz os 
níveis de triglicerídeos em jejum em cerca de 
25 a 40%. 
 O efeito do ácido nicotínico nos triglicerídeos 
em jejum está relacionado com a dose e é de 
cerca de 20 a 35%, um efeito que é menos 
pronunciado do que aquele dos fibratos. Em 
pacientes com síndrome metabólica e 
diabetes, o ácido nicotínico pode aumentar 
os níveis de glicemia em jejum, e ensaios 
clínicos com ácido nicotínico + estatina não 
conseguiram reduzir os eventos de DCVAS. 
 
HDL – colesterol: 
 O ácido nicotínico é o único fármaco 
atualmente disponível com propriedades de 
elevação do HDL-colesterol previsíveis. A 
resposta está relacionada com a dose, e o 
ácido nicotínico pode aumentar o HDL-
colesterol em cerca de 30% acima da linha de 
base. 
 
Pressão arterial: 
 Em pacientes com síndrome metabólica sem 
diabetes, a melhor escolha para o anti-
hipertensivo inicial é um inibidor da enzima 
conversora de angiotensina (ECA) ou um 
bloqueador do receptor de angiotensina II, 
visto que essas duas classes de fármacos são 
efetivas e bem toleradas. 
 Em todos os pacientes com hipertensão, deve-
se recomendar um padrão de dieta com 
restrição de sódio, rica em frutas e vegetais e 
laticínios com baixo teor de gordura. 
 O monitoramento doméstico da pressão 
arterial pode ajudar a manter um bom 
controle da pressão arterial. 
 Controle da PA deixando menor que 13x8 
 
Alteração da glicemia de jejum: Nos pacientes 
com comprometimento da glicemia em jejum 
sem diagnóstico de diabetes, uma intervenção no 
estilo de vida que inclua redução do peso, 
restrição dietética de gordura e aumento da 
atividade física mostra reduzir a incidência de 
diabetes tipo 2. 
A metformina também reduz a incidência de 
diabetes, embora o efeito seja menor do que o 
observado com intervenção no estilo de vida. 
 
Resistência à insulina: 
 Várias classes de fármacos (biguanidas, 
tiazolidinedionas [TZDs]) aumentam a 
sensibilidade à insulina. 
 Tanto a metformina quanto as TZDs aumentam 
a ação da insulina no fígado e suprimem a 
produçãoendógena de glicose. As TZDs, mas 
não a metformina, também melhoram a 
captação de glicose mediada pela insulina no 
músculo e no tecido adiposo. 
 
Dislipidemia 
 
As dislipidemias são um grupo de distúrbios 
metabólicos que se caracterizam pelas alterações 
dos níveis séricos das principais lipoproteínas 
presentes no plasma – colesterol, triglicerídeos. 
 
 Esses distúrbios podem ocorrer de forma isolada 
ou envolvendo duas ou mais lipoproteínas. 
 
As principais consequências clínicas das 
dislipidemias são a aterosclerose, devido a 
concentrações altas de lipoproteína de baixa 
densidade (low density lipoprotein [LDL]), e a 
pancreatite aguda, secundária a níveis muito altos 
de triglicerídeos (TG). 
 
Os principais lipídios do corpo humano são: TG, 
ácidos graxos, colesterol e fosfolipídios. 
 o transporte e o armazenamento de energia 
proveniente dos alimentos são realizados pelos 
ácidos graxos e TG; 
 já o colesterol tem função de substrato para 
síntese de alguns hormônios, participa da 
formação de sais biliares e, junto com os 
fosfolipídios, participa da composição da 
membrana celular. 
 
Por serem moléculas hidrofóbicas (insolúveis em 
agua), os TG e o colesterol não conseguem 
circular livremente pelo plasma, sendo necessária 
a formação de um complexo solúvel chamado 
lipoproteína. Esse complexo lipoproteico é 
composto por um núcleo que contém TG e ésteres 
de colesterol, e uma camada externa constituída 
por colesterol livre, fosfolipídios e algumas 
proteínas, chamadas apoproteínas. 
 
As lipoproteínas são solúveis e circulam pelo 
plasma, onde se ligam a receptores específicos 
Julia Paris Malaco – UCT22 
em determinados tecidos. São classificadas de 
acordo com sua densidade, a qual, por sua vez, é 
determinada pela quantidade de TG e 
apoproteínas. 
 
 LDL – colesterol: lipoproteína de baixa 
densidade também conhecida como mau 
colesterol ou colesterol ruim, que transporta o 
colesterol do fígado para o sangue e para os 
tecidos. 
 HDL – colesterol: lipoproteína de alta 
densidade o devolve ao fígado. O HDL é 
conhecido como o bom colesterol porque 
remove o excesso de colesterol e traz de volta 
ao fígado onde será eliminado. 
 
Quando o LDL está em excesso no sangue, lesa os 
vasos e ainda se deposita na parede, formando as 
placas de ateroma (gordura). Esse processo é 
chamado de aterosclerose. O excesso de 
colesterol no sangue é um dos principais fatores 
de risco da aterosclerose. 
Para colesterol HDL, a relação é inversa: quanto 
mais elevado seu valor, menor o risco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As dislipidemias são causadas por alterações 
metabólicas que ocorrem em resposta a distúrbios 
nas etapas do metabolismo lipídico. Como 
resultado, o perfil lipídico sérico sofrerá alterações 
e estas podem incluir aumento do colesterol total 
(CT), do triglicérides (TG), do colesterol da 
lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) e 
diminuição do colesterol da lipoproteína de alta 
densidade (HDL-c). 
 
O metabolismo dos lipídios e das lipoproteínas está 
subdividido em dois ciclos: o exógeno e o 
endógeno. 
 
Ciclo exógeno: 
 A gordura da dieta é absorvida no duodeno e 
jejuno proximal, onde os TG são hidrolisados 
pelas lipases pancreáticas em ácidos graxos, 
monoglicerídeos e diglicerídeos, os quais, após 
a ação de sais biliares, se transformam em 
micelas, que são facilmente absorvidas na 
borda em escova dos enterócitos. Já o 
colesterol necessita da proteína Niemann-Pick 
C1-like 1 (NPC1-L1) – componente de 
transportador de colesterol intestinal, 
localizado na membrana apical do enterócito 
– para promover sua passagem pela 
membrana da célula intestinal. 
o A NPC1-L1 tornou-se um importante alvo 
terapêutico no tratamento das 
hipercolesterolemias. Uma vez inibida, tem 
o potencial de reduzir a absorção do 
colesterol intestinal e, consequentemente, 
reduzir os seus níveis plasmáticos 
 Após serem reesterificados, os ésteres de 
colesterol e os TG são incorporados ao centro 
de partículas denominadas quilomícrons (QM). 
Os QM são grandes moléculas ricas em TG (80 
a 90%) que contêm uma proteína estrutural em 
sua superfície: a apoproteína B48 (Apo-B48). 
Os QM passam pelos vasos linfáticos intestinais 
e têm acesso ao sistema vascular pelo ducto 
torácico. Posteriormente à sua secreção, 
acontecem diversas modificações dos QM, 
que realizam a captação de apoproteínas 
(Apo-CII, CIII e E) e colesterol após interação 
com moléculas de lipoproteína de alta 
densidade (high density lipoprotein [HDL]). 
 Quando incorporam as Apo-CII, os QM sofrem 
a ação da lipase lipoproteica ou lipoproteína 
lipase (LPL) – enzima presente no endotélio 
capilar dos tecidos periféricos, principalmente 
nos tecidos adiposo e muscular – formando os 
remanescentes de QM. Finalmente, os 
remanescentes são removidos pelo fígado 
através da interação com receptores 
específicos. Em condições normais, portanto, 
os QM só devem ser encontrados no plasma 
no período pós-prandial, visto que, no ciclo 
exógeno, as moléculas são completamente 
hidrolisadas. 
 
Ciclo endógeno 
 O ciclo endógeno envolve o transporte dos 
lipídios para a periferia e, daí, de volta para o 
fígado. 
 O tecido hepático sintetiza e secreta a 
lipoproteína de muito baixa densidade (very 
Julia Paris Malaco – UCT22 
low density lipoprotein [VLDL]), que transporta 
TG para os tecidos periféricos. Sob a ação da 
LPL endotelial, os TG do núcleo das VLDL são 
hidrolisados e liberados para as células. Além 
disso, ocorre a transferência de apoproteínas 
da superfície para a HDL, o que, juntamente 
com a depleção de TG, torna essas partículas 
menos densas, formando os remanescentes 
da VLDL ou lipoproteína de densidade 
intermediária (intermediate density lipoprotein 
[IDL]). As IDL, por sua vez, seguem dois 
caminhos: são removidas pelo fígado (via 
receptor específico que interage com a Apo-
E) ou originam a LDL, principal carreador do 
colesterol plasmático em jejum, mediante a 
ação da lipase hepática localizada na 
superfície sinusoidal dos hepatócitos. 
 A molécula de LDL-colesterol (LDL-c) entrega 
o colesterol, sobretudo o éster de colesterol, no 
fígado e nas células periféricas. Esse 
mecanismo é facilitado por receptores 
celulares de alta afinidade que reconhecem 
tanto a Apo-B100 como a Apo-E (70 a 80% do 
catabolismo da LDL se dá por receptores da 
LDL). Tais receptores estão presentes no fígado 
e nos tecidos periféricos. Após a ligação com 
seu receptor, a LDL é absorvida pelo 
hepatócito e forma uma vesícula que se funde 
com os lisossomos celulares. Os componentes 
proteicos da LDL são transformados em 
aminoácidos, e os ésteres de colesterol são 
hidrolisados pelas enzimas lipases ácidas 
lisossomais. 
 O colesterol não esterificado resultante desse 
processo atravessa a membrana lisossomal e 
se acumula no citoplasma celular, em que 
suprime a atividade da enzima 3-hidroxi, 3-
metilglutaril coenzima A (HMG-CoA) redutase, 
enzima-chave na síntese intracelular de 
colesterol no fígado. Como consequência do 
acúmulo, ocorre a diminuição da síntese 
celular de colesterol e a expressão do receptor 
da LDL (LDLR). 
o A HMG-CoA redutase é, portanto, um 
importante alvo terapêutico das estatinas, 
que tem como principal mecanismo de 
ação a inibição dessa enzima, o que 
diminui as concentrações intracelulares de 
colesterol, levando a aumento da 
expressão dos LDLR e maior absorção do 
LDL-c.1,2,4,5 
 A molécula de HDL-colesterol (HDL-c) é 
secretada pelo fígado e pelo intestino na 
forma de partícula discoide (HDL nascente) e 
também provém do catabolismo da VLDL e 
dos QM. As partículas de HDL maiores e mais 
ricas em lipídios são denominadas HDL2, e as 
menores e mais densas, HDL3. As primeiras são 
responsáveis pelo transporte reverso do 
colesterol,processo no qual o colesterol 
excedente é removido dos tecidos periféricos 
e retorna ao fígado, o que pode ocorrer 
diretamente ou por meio da transferência de 
colesterol esterificado para a VLDL ou IDL, sob 
a ação da enzima proteína transferidora de 
ésteres de colesterol (CETP). Uma vez na HDL, 
o colesterol sofre a ação da enzima lecitina-
colesterol aciltransferase (LCAT), que o 
esterifica pela transferência de um ácido 
graxo da molécula de fosfatidilcolina. A 
segunda via de efluxo do colesterol celular é 
determinada pela interação entre a Apo-A1 
livre ou associada às partículas de HDL e o 
transportador ABCA-1 
 Entre as lipoproteínas, destaca-se também a 
lipoproteína(a) – Lp(a) –, com estrutura básica 
semelhante à da LDL, da qual difere pela 
presença da apoproteína(a) ligada à Apo-
B100. É sintetizada no fígado e apresenta um 
alto grau de semelhança com o 
plasminogênio, o que lhe confere 
propriedades trombogênicas. A Lp(a) é 
considerada, por muitos autores, um fator de 
risco independente para o desenvolvimento 
de doença arterial coronariana (DAC), e seus 
níveis são determinados primariamente por 
fatores genéticos, sofrendo pouca influência 
ambiental. 
 
Classificação 
 
As dislipidemias podem ser classificadas como: 
 Hipercolesterolemia isolada - aumento isolado 
do LDL colesterol: 
o LDL-c ≥ 160 mg/dL 
 Hipertrigliceridemia isolada - aumento isolado 
dos triglicerídeos: 
o Aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 
mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for 
obtida sem jejum). 
o Em situações em que está maior que 400, o 
LDL não tem relevância 
 Hiperlipidemia mista - aumento do LDL 
colesterol e dos triglicerídeos: 
o Aumento do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) 
o Aumento dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 
mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). 
o Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela 
fórmula de Friedewald é inadequado, 
devendo-se considerar a hiperlipidemia 
mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. 
 HDL baixo - diminuição isolada do HDL 
colesterol ou em associação a aumento dos 
triglicerídeos ou LDL colesterol: 
o Redução do HDL-c (homens < 40 mg/dL e 
mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em 
Julia Paris Malaco – UCT22 
associação ao aumento de LDL-c ou de 
TG. 
 
As dislipidemias podem ser primárias: 
 Causas genéticas 
 Influência ambiental 
 Dieta inadequada 
 Sedentarismo 
 
E secundárias: 
 Doenças/fatores de risco e medicamentos 
como: 
o Hipotireoidismo (eleva níveis de LDL pela 
diminuição do número de receptores 
hepáticos para LDL) 
o Insuficiência Renal Crônica (aumento dos 
triglicerídeos) 
o Obesidade (aumento dos triglicerídeos e 
redução de HDL) 
o Fumo (reduz HDL e oxida o LDL) 
o Alcoolismo (aumento dos triglicerídeos) 
o Diabetes mellitus (aumenta triglicerídeos e 
diminui HDL). 
o Medicamentos: diuréticos tiazídicos 
(podem aumentar os triglicerídeos), 
betabloqueadores (podem aumentar os 
triglicerídeos e reduzem HDL), corticóides 
(podem aumentar os triglicerídeos), 
estrógenos (podem aumentar os 
triglicerídeos). 
 
Clinica 
 
A dislipidemia, por si só, não causa sintomas, mas 
pode provocar doença vascular sintomática, 
incluindo doença coronariana (DC), acidente 
vascular cerebral e doença arterial periférica. 
 
 Níveis elevados de triglicerídeos [> 1000 mg/dL 
(> 11,3 mmol/L)] podem causar pancreatite 
aguda, hepatoesplenomegalia, parestesia, 
dispneia e confusão. 
 Altas concentrações de LDL podem causar 
arco corneano, xantelasmas tendinosos e 
xantomas tendinosos encontrados nos 
tendões do calcâneo, nos cotovelos e joelhos 
e sobre as articulações 
metacarpofalangeanas. Outro achado clínico 
observado nos pacientes com LDL alto (p. ex., 
na hipercolesterolemia familiar) é o 
xantelasma (placas amarelas ricas em lipídios 
nas pálpebras mediais). Os pacientes com 
cirrose biliar primária e níveis lipídicos normais 
podem ter xantelasma. 
 Pacientes com a forma homozigótica de 
hipercolesterolemia familiar podem ter arco 
corneal, xantomas tendinosos e xantelasma, 
além de xantomas planares ou tuberosos. 
Xantomas planares são manchas amareladas 
chatas ou ligeiramente elevadas. Xantomas 
tuberosos são nódulos firmes e indolores 
normalmente localizados ao longo das 
superfícies extensoras das articulações. 
 Pacientes com grandes elevações de 
triglicerídios podem apresentar xantomas 
eruptivos no dorso, no tronco, nos cotovelos, 
na região glútea, nos joelhos, nas mãos e nos 
pés. 
 Pacientes com a rara disbetalipoproteinemia 
podem apresentar xantomas palmares e 
tuberosos. 
 A hipertrigliceridemia grave (> 2000 mg/dL 
[> 22,6 mmol/L]) pode causar aspecto 
cremoso nas artérias e veias retinianas (lipemia 
retiniana). 
 Concentrações extremamente elevadas de 
lipídios também podem provocar aspecto 
lácteo (leitoso) do plasma sanguíneo. Os 
sintomas podem incluir parestesias, dispneia e 
confusão. 
 
Lesões cutâneas características X tipo de 
dislipidemia: 
 Xantoma eruptivo: Hipertrigliceridemia grave 
(TG > 2.000 mg/dℓ) 
 Lipemia retinalis: Hipertrigliceridemia grave (TG 
> 2.000 mg/dℓ) 
 Arco corneano, xantelasmas*: 
Hipercolesterolemia 
 Xantoma tendinoso: Hipercolesterolemia 
familiar (quase patognomônico)** 
 Xantoma palmar: Disbetalipoproteinemia 
(quase patognomônico)*** 
 Xantoma tuberoso ou tuberoeruptivo: 
Disbetalipoproteinemia 
 
 
Diagnostico 
 
O diagnóstico das dislipidemias baseia-se na 
anamnese, no exame físico e na dosagem dos 
lipídios séricos. 
 
Anamnese: Diante de um paciente com 
dislipidemia, deve-se procurar estabelecer a 
época de seu diagnóstico, assim como pesquisar, 
nos familiares em primeiro grau, a também 
ocorrência dessa enfermidade, de diabetes 
melito (DM) e de DAC prematura. Além disso, 
deve-se investigar no paciente: hábitos de vida, 
uso de medicamentos ou patologias que possam 
levar à dislipidemia secundária 
 
Medicações: 
 Diuréticos tiazídicos: ↑ TG; ↓ HDL-c 
 Betabloqueadores não seletivos: ↑ TG; ↓ HDL-c 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/vis%C3%A3o-geral-da-doen%C3%A7a-coronariana
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/acidente-vascular-encef%C3%A1lico/vis%C3%A3o-geral-do-acidente-vascular-encef%C3%A1lico
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/acidente-vascular-encef%C3%A1lico/vis%C3%A3o-geral-do-acidente-vascular-encef%C3%A1lico
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7as-arteriais-perif%C3%A9ricas/doen%C3%A7a-arterial-perif%C3%A9rica
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/pancreatite/pancreatite-aguda
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/pancreatite/pancreatite-aguda
Julia Paris Malaco – UCT22 
 Estrogênios orais: ↑ TG; ↓ LDL-c 
 Progestógenos: ↑ LDL-c; ↓ HDL-c 
 Esteroides anabólicos androgênicos: ↓ HDL-c; ↑ 
CT 
 Retinoides: ↑ TG 
 Glicocorticoides: ↑ CT; ↑ TG; ↑ HDL-c 
 Ciclosporina: ↑ LDL-c; ↑ TG; ↓ HDL-c 
 Interferona-a: ↑ TG 
 Tamoxifeno: ↑ TG 
 Ciclofosfamida: ↑ TG 
 Sequestrantes de ácidos biliares: ↑ TG 
 Inibidores de protease: ↑ TG; ↑ LDL-c; ↓ HDL-c 
 
Dosagem dos lipídios plasmáticos: 
O perfil lipídico é definido pelas determinações 
bioquímicas do colesterol total (CT), do HDL-c, do 
LDL-c e dos TG. 
 
Todo indivíduo com DAC ou outras manifestações 
de doença aterosclerótica (cerebrovascular, 
carotídea e da aorta abdominal e/ou dos seus 
ramos terminais) deve ter perfil lipídico 
determinado obrigatoriamente, 
independentemente de idade ou sexo. 
 
Adultos: Recomenda-se, portanto, a avaliação de 
risco cardiovascular e a determinação do perfil 
lipídico em todos os indivíduos com mais de 20 
anos de idade. Tanto os exames laboratoriais 
quanto a avaliaçãode risco para doença 
cardiovascular aterosclerótica devem ser 
repetidos a cada 5 anos, desde que não 
apareçam novos fatores de riscos. 
 
Crianças e adolescentes (2 a 19 anos de idade): 
Tradicionalmente, recomenda-se a avaliação do 
perfil lipídico em crianças e adolescentes cujos 
parentes em primeiro grau apresentem história de 
dislipidemias (CT > 240 mg/dℓ e/ou TG > 400 mg/dℓ) 
ou doenças ateroscleróticas (DAC, acidente 
vascular cerebral [AVC] e/ou doença arterial 
periférica) antes dos 55 anos de idade para 
homens e 65 anos de idade para mulheres. 
Com o aumento na incidência de obesidade, 
diabetes melito tipo 2 (DM2) e síndrome 
metabólica em crianças e adolescentes, a 
triagem foi ampliada para outros fatores de risco, 
tais como hiperglicemia, resistência insulínica e 
hipertensão arterial sistêmica (HAS); e quando a 
criança/adolescente é portadora de algum tipo 
de doença ou faz uso de medicações que cursam 
com dislipidemias. 
 < 2 anos: Não há indicação de triagem 
 2 a 8 anos: Triagem seletiva, indicada em 
crianças com fatores de risco como 
o História familiar de infarto agudo do 
miocárdio, acidente vascular cerebral e 
doença arterial periférica em homens 
abaixo de 55 anos de idade e mulheres 
abaixo de 65 anos de idade 
o História familiar de hipercolesterolemia 
(colesterol total > 240 mg/dl) ou história 
familiar desconhecida 
o Outros fatores de risco cardiovascular, tais 
como hipertensão, diabetes melito, 
tabagismo ou obesidade p95 
 9 a 11 anos: Triagem universal 
 12 a 16 anos: Triagem seletiva: caso ocorra 
história familiar positiva, ou um novo fator de 
risco, recomenda-se a dosagem de dois perfis 
lipídicos em jejum (com pelo menos 2 semanas 
de intervalo entre as dosagens, mas em menos 
de 12 semanas entre uma dosagem e outra) e 
realizar uma média com os valores 
 17 a 20 anos: Triagem universal 
 
Valores de referência 
De acordo com a Atualização da Diretriz Brasileira 
de Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose – 
2017, os valores de referência (desejáveis) dos 
lipídios para adultos com mais de 20 anos de 
idade são: 
 CT < 190 mg/dℓ, 
 HDL-c > 40 mg/dℓ 
 TG < 175 mg/dℓ sem jejum e TG < 150 mg/dℓ 
com jejum. 
 
A diretriz publicada em 2018 por American Heart 
Association/American College of Cardiology 
(AHA/ACC) sugere que indivíduos adultos com CT 
em torno de 150 mg/dℓ com um LDL-c 
correspondente de 100 mg/dℓ apresentam menor 
taxa de eventos cardiovasculares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estratificação de risco cardiovascular 
A diretriz brasileira (2017) recomenda o Escore de 
Risco Global, enquanto a diretriz de AHA/ACC 
2018 recomenda o uso das equações de coortes 
agrupadas (pooled cohort equations [PCE]); 
Julia Paris Malaco – UCT22 
ambas facilmente acessíveis na internet ou por 
aplicativos. 
 
As diretrizes em geral recomendam o uso das PCE 
como uma avaliação inicial, porém a decisão de 
começar uma terapia ou intensificar algum 
tratamento é individualizada. 
 
Escore de risco global (calculadora na internet): 
 Etapa 1 - Presença de doença aterosclerótica 
significativa (coronária, cerebrovascular, 
vascular periférica), com ou sem eventos 
clínicos ou obstrução ≥ 50% em qualquer 
território arterial – SIM ou NÃO 
 Etapa 2 - Portator de diabetes melitus tipo 1 ou 
2 – SIM ou NÃO 
 Etapa 3 - Portadores de aterosclerose na forma 
subclínica documentada por metodologia 
diagnóstica – SIM ou NÃO para todas as 
características: 
o ultrassonografia de carótidas com 
presença de placa; 
o índice tornozelo-braquial (ITB) < 0,9; 
o escore de cálcio coronário (CAC) > 100 ou 
a presença de placas ateroscleróticas na 
angiotomografia de coronárias (angioCT) 
OU 
o Aneurisma de aorta abdominal OU 
o Doença renal crônica definida por taxa de 
filtração glomerular < 60 mL/min, e em fase 
não-dialítica OU 
o LDL-c ≥ 190 mg/dL 
 Etapa 4 - Idade, sexo, PAS, PAS tratada, 
tabagista, uso de estatina, valor de colesterol 
total, valor de HDL 
 
Estratificação de risco cardiovascular proposta 
pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, pela 
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e 
Metabologia e pela Sociedade Brasileira de 
Diabetes: 
 Risco cardiovascular muito alto 
o Doença aterosclerótica significativa 
(coronária, cerebrovascular ou vascular 
periférica) com ou sem eventos clínicos 
prévios 
o Obstrução ≥ 50% de qualquer território 
vascular 
 Risco cardiovascular alto 
o Aterosclerose subclínica documentada: 
presença de placas em US de 
carótidas; ITB < 0,9; CAC > 100; presença 
de placas coronárias na angio-TC 
o Aneurisma de aorta abdominal 
o Doença renal crônica (TFG < 60 
mℓ/min/m2) não dialítica 
o LDL-c ≥ 190 mg/dℓ 
o Diabetes melito tipo 1 ou 2 + LDL-c entre 70 
e 189 mg/dl + fatores de risco adicionais OU 
critérios de aterosclerose subclínica: 
 - Idade ≥ 48 anos para homens e ≥ 54 
anos para mulheres 
 - Tempo de diagnóstico de diabetes > 10 
anos 
 - História familiar de parente de 1o grau 
com DAC prematura (< 55 anos para 
homens e < 65 anos para mulheres) 
 - Tabagismo 
 - Hipertensão arterial sistêmica 
 - Síndrome metabólica 
 - Albuminúria ou retinopatia 
 - Doença renal crônica (TFG < 60 
mℓ/min/m2) 
 - Placas em US de carótidas > 1,5 mm 
 - ITB < 0,9 
 - CAC > 10 
 - Placas coronárias na angio-TC 
o Escore de risco global > 20% para homens 
em 10 anos + LDL-c entre 70 e 189 mg/dl 
o Escore de risco global > 10% para mulheres 
em 10 anos + LDL-c entre 70 e 189 mg/dℓ 
 
 Risco cardiovascular intermediário 
o Escore de risco global entre 5 e 20% para 
homens em 10 anos 
o Escore de risco global entre 5 e 10% para 
mulheres em 10 anos 
o Diabetes melito tipo 1 ou 2 sem fatores de 
risco adicionais ou critérios de 
aterosclerose subclínica 
 Risco cardiovascular baixo 
o Escore de risco global < 5% em 10 anos 
 
Fatores que aumentam o risco cardiovascular: 
 História familiar de evento CV prematuro 
(homens, idade < 55 anos; mulheres, idade < 
65 anos) 
 Hipercolesterolemia primária (LDL-c entre 160 e 
189 mg/dℓ; não HDL-c entre 190 e 219 mg/dℓ) 
 Síndrome metabólica 
 Doença renal crônica (TFGe < 60 ml/min/1,73 
m2, com ou sem albuminúria; não tratada com 
diálise ou transplante renal) 
 Condições inflamatórias crônicas, como 
psoríase, artrite reumatoide ou infecção pelo 
HIV 
 História de menopausa prematura (< 40 anos) 
e história de condições associadas à gravidez 
que aumentam posteriormente o risco CV, 
como pré-eclâmpsia 
 Raça/etnia de alto risco (p. ex., ascendência 
do sul da Ásia) 
 Lipídios/biomarcadores: associados a 
aumento do risco CV 
Julia Paris Malaco – UCT22 
 Hipertrigliceridemia primária (TG ≥ 175 mg/dℓ – 
3 avaliações) 
 Proteína C reativa de alta sensibilidade 
elevada (≥ 2 mg/ℓ) 
 Lp(a) elevada (≥ 50 mg/dℓ) 
 Apo-B elevada (≥ 130 mg/dℓ) 
 ITB < 0,9 
 
Diagnostico de acordo com o tipo de 
dislipidemia 
 Hipercolesterolemia isolada - elevação isolada 
do LDL-c > 130 mg/dℓ). 
 Hipertrigliceridemia isolada - elevação isolada 
dos TG > 150 mg/dℓ, em jejum, ou > 175 mg/dℓ, 
sem jejum), que reflete o aumento do volume 
de partículas ricas em TG, como VLDL, IDL e 
QM. 
 Hiperlipidemia mista - valores aumentados 
tanto de LDL-c (> 130 mg/dℓ) como de TG (> 
150 mg/dℓ, em jejum, ou > 175 mg/dℓ sem 
jejum). 
 HDL-c baixo - redução do HDL-c (homens < 40 
mg/dℓ; mulheres < 50 mg/dℓ) isolada ou 
associada ao aumento de LDL-c ou de TG. 
 
Dislipidemias relacionadas com triglicerídeos 
 
Síndrome de quilomicronemia familiar: A síndrome 
de quilomicronemia familiar (SQF) é um distúrbio 
monogênico, autossômico recessivo, cujo 
diagnóstico baseia-se na detecção de mutações 
raras, bialélicas (homozigoto ou heterozigoto 
composto) dos genes envolvidos no metabolismo 
e depuração dos QM. 
 crises recorrentes de dor abdominal

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