Buscar

fito grenning

Prévia do material em texto

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DE CAMPOS GERAIS - FACICA
David da Fonseca Pereira
Citrus grenning
Campos Gerais
2021
David da Fonseca Pereira
Citrus grenning 
Trabalho apresentado no curso de agronomia na Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais
 Profª Dra. Joana Diniz Rosa Fernandes
Campos Gerais
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
VETOR E AGENTE ETIOLÓGICO
SINTOMATOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA DO GRENNING – TRIANGULO DA DOENÇA
MONITORAMENTO DA DOENÇA
CONTROLE DO GRENNING
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO 
	Huanglongbing (HLB) popularmente conhecido como Greening, é considerada a patologia mais importante da citricultura mundial . Presente de forma endêmica nos continentes asiático e africano há várias décadas, essa doença foi também detectada no Brasil e Estados Unidos, que são os dois principais produtores de citros do mundo. O sistema agroindustrial citrícola brasileiro movimenta bilhões anualmente e gera mais de 400 mil empregos diretos e indiretos. Pelos danos que o grenning causa e pela dificuldade em seu manejo, o HLB coloca em risco esse importante setor do agronegócio brasileiro ( BELASQUES JUNIOR,2009). Diante destas informações faz se necessário a ações efetivas de controle dessa patologia para a erradicação de plantas cítricas sintomáticas e assintomáticas presentes em áreas infestadas pelo grenning.
DESENVOLVIMENTO
Vetor e agente etiológico
	O Diaphorina citri que é o inseto vetor do agente etiológico do Grenning foi por muitos anos considerado uma praga secundária de citros no Brasil (Gallo et al., 2002), até o registro do HLB em 2004, quando passou a ser a mais importante praga da cultura, como tem sido em todas as regiões citrícolas em que ocorre no mundo. Trata-se de um inseto cosmopolita, originário da Ásia e que, atualmente, possui ampla distribuição geográfica. 
Figura 1. Registro de Diaphorina citri em diferentes países (Halbert & Nuñez, 2004; Costa Lima, 1942).
	O psilídeo D. citri ocorre preferencialmente em ramos novos de plantas da família Rutaceae; são referidas cerca de 21 espécies de hospedeiros, embora em algumas delas não ocorra desenvolvimento completo e, em outras, o inseto coloque apenas ovos, sem sequência de crescimento na referida planta. Os ovos de coloração amarela são depositados nas gemas recém brotadas e as ninfas desenvolvem-se de forma sincronizada com o crescimento dos ramos. Os adultos são mais frequentemente associados a ramos em crescimento, podendo se alimentar de folhas maduras. A disponibilidade de ramos novos é o fator determinante para ocorrência e incremento populacional de D. citri.
	O psilídeo passa por seis estágios de desenvolvimento de ovo a adulto. Ele adquire a bactéria ao se alimentar nas plantas doentes e a transmite ao se alimentar nas sadias. Tanto a aquisição quanto a transmissão da bactéria ocorrem depois de 15 minutos de alimentação, mas quanto mais tempo ele se alimenta, maiores são as taxas. A aquisição também é maior quando o psilídeo está na fase de ninfa, e a transmissão maior em brotos do que em folhas maduras. Por isso é que não se deve deixar plantas doentes no pomar. Praticamente todos os psilídeos que se alimentarem e reproduzirem nela irão disseminar a bactéria da doença.
Figura 2. Ciclo biológico de Diaphorina citri. (Gomes Torrez,2009).
	Embora a D. citri cause danos diretos em citros, ela tornou-se a principal praga da cultura pela sua capacidade de transmitir o agente causal do grenning, as bactérias do gênero Candidatus Liberibacter. Bassanezi (2006) ao realizar avaliações qualitativas preliminares dos danos causados pela doença foram registradas reduções de 70% na produção de frutos em plantas com 4 a 6 anos de idade com mais de 60% da copa com sintomas do grenning. As plantas atacadas morrem e se não forem tomadas medidas, o problema pode se alastrar e acabar com grandes pomares, como já foi registrado em diversos países do mundo. Já foi confirmado que mais de uma espécie de bactéria é o agente causal do grenning, sendo elas, Ca. L. africanus , Ca. Liberibacter americanos e Ca. L. asiaticus, sendo que as duas ultimas ocorrem no Brasil.
	Ca. Liberibacter spp. são bactérias Gramnegativas pertencentes ao grupo das alfa-proteobactérias , e que recentemente tiveram seu cultivo em meio de cultura relatado por Lopes (2009). De acordo com Lopes (2009) na comparação entre Ca.L. asisticos e Ca.L. americanus, concluiu que Ca. L. asiaticus é mais facilmente transmitida via enxertia de tecidos infectados para plantas cítricas do que Ca. L. americanus , e tolera temperaturas acima de 32°C enquanto a população de Ca. L. americanus diminui, podendo até desaparecer, nestas condições. As duas espécies também diferem na capacidade de multiplicação nos tecidos das plantas cítricas. Ca. L. asiaticus chega a atingir populações com título bacteriano em média 10 vezes maior que Ca. L. americanus .
Sintomatologia
	Plantas com grenning apresentam, geralmente, pelo menos um dos sintomas descritos a seguir. O início do aparecimento dos sintomas é caracterizado pela presença de um ou poucos ramos com folhas amareladas, geralmente em poucas plantas no pomar. As folhas presentes nesses ramos perdem parte da sua coloração verde, apresentando-se parcialmente amarelas e verdes, sem uma delimitação clara entre essas duas cores. Esse tipo de sintoma é denominado “mosqueado”. Esse é o sintoma mais característico de plantas com HLB, tendo sido observado em todos os locais nos quais a doença foi descrita até hoje, independentemente do agente causal, do hospedeiro e da condição ambiental (Bové, 2006). Há também uma assimetria dessas regiões verdes e amarelas, comparando-se os lados opostos do limbo foliar, delimitados pela nervura central. As folhas de ramos sintomáticos podem apresentar-se curvadas, de tamanho reduzido, com nervuras mais grossas e escurecidas. Em estádios mais avançados da doença podem ocorrer desfolha e morte de ponteiros. Frutos de ramos sintomáticos podem apresentar-se de tamanho reduzido, assimétricos, incompletamente maduros e com a região estilar mantendo-se verde, diferentemente de frutos de ramos sadios. Cortes perpendiculares ao eixo desses frutos permitem a observação de assimetria dos mesmos e também de sementes abortadas e vasos alaranjados.
 
 Mosqueado típico em folhas Nervuras amarelas
 
 
 Nervuras mais grossas e escuras Mosqueado assimétrico
 
 
 Fruto normal e fruto com grenning Sementes abortadas
Epidemiologia do grenning - Triangulo da doença
	O período de incubação do grenning, ou seja, o período de tempo entre a infecção e o aparecimento dos sintomas da doença, depende de vários fatores como o ambiente (principalmente temperatura), a idade e espécie ou variedade da planta hospedeira, da concentração bacteriana na transmissão, da espécie de Ca. Liberibacter, da época do ano, entre outros. Por essa razão, o período de incubação para HLB varia, geralmente, de seis a doze meses (Bové, 2006).
	Vários são os aspectos que permanecem desconhecidos quanto à ecologia de D. citri, mas estudos sobre a distribuição espacial de plantas com sintomas de HLB em diversos países, incluindo o Brasil, sugerem a existência de dois mecanismos de dispersão do psilídeo gerando novos focos de infecção: i. a curta distância, geralmente de uma planta para a mais próxima como também para plantas distantes a 25-50, ii. a longa distância, até 3,5 km, com a distância mais comum entre 880 e 1610 m.
	O primeiro mecanismo é responsável pela infecção secundária dentro do próprio talhão e o segundo pela infecção primária resultante de psilídeos infectivos, que periodicamente emigram de fontes de HLB externas aos talhões. Assim, propriedades distantes de plantas e pomares infestados podem obter melhores resultados de controle do HLB que propriedades em áreas próximas a outras com altaincidência. Mesmo que se faça a eliminação periódica de plantas sintomáticas em parte dos pomares e propriedades, juntamente com o controle do vetor, podem ocorrer migrações de insetos infectivos dos pomares sem controle da doença, o que resulta em novas infecções primárias na área sob controle.
	Ainda sob o ponto de vista epidemiológico há que se considerar uma possível influência indireta do porta-enxerto sobre o vetor. Ao alterar a dinâmica de brotações da copa), o porta-enxerto pode tornar uma laranjeira mais ou menos favorável à multiplicação do vetor e, ao mesmo tempo, mais ou menos vulnerável a infecções. Quanto ao ambiente, os estudos têm focado na temperatura, a qual pode afetar o hospedeiro, o vetor e o patógeno. Temperaturas amenas favorecem a expressão dos sintomas enquanto que altas temperaturas favorecem o desenvolvimento do vetor e, dependendo da intensidade e duração, podem afetar negativamente as duas Liberibacters. O efeito negativo do ambiente sobre o patógeno ajuda a explicar a progressão irregular do grenning.
Monitoramento da doença
Ainda não há uma metodologia disponível que permita a detecção de todas as plantas infectadas com grenning, mesmo com o emprego de técnicas de diagnóstico mais modernas e sensíveis, como o PCR quantitativo em tempo real. Ultimamente vem sido discutido por pesquisadores que por uma questão de amostragem, somente parte das plantas infectadas assintomáticas é detectada por PCR. Essa técnica é altamente sensível e específica para detecção dos agentes causais do grenning, mas em coletas aleatórias de folhas, como feita para as plantas assintomáticas, nem sempre se coletam folhas com o patógeno. Isto se deve ao fato de o patógeno se distribuir irregularmente no interior das plantas infectadas. Apesar da sua detecção por testes moleculares ser possível em vários tipos de tecidos, como raízes, folhas, ramos, estruturas reprodutivas e de frutificação , mais comumente os resultados são PCR positivo para amostras de partes de plantas com sintomas típicos de HLB.
Controle do grenning
De acordo com a EMBRAPA a forma atual de controle do grenning são inspeções visuais para detecção de árvores sintomáticas e aplicação maciça de inseticidas para controle do vetor. Logo que identificadas, as árvores sintomáticas são arrancadas visando diminuir a proliferação da doença. Este método, entretanto tem se mostrado bastante ineficiente. O Fundecitrus estima que as inspeções visuais tenham falhas que levam a um erro aproximado de 30 a 60%, ou seja, em torno da metade de pés sintomáticos são mantidos no campo por falhas na inspeção. Em geral, quando os primeiros sintomas são detectados visualmente, a árvore de citros já se encontrava contaminada há meses. O período estimado de incubação da doença é de aproximadamente 6 a 36 meses. Durante este período que a planta doente assintomática, ou ainda, com sintomas pouco expressivos, permanece no pomar, se torna um propagador invisível da doença. Avaliações do Fundecitrus estimam que no campo para cada árvore sintomática existam mais duas em fase assintomática. Este fato, aliado ao vetor ser um inseto alado, tem como consequência a alta taxa de propagação da doença. O controle do vetor com pulverizações aéreas periódicas está longe de resolver o problema. Além disso, a aspersão dos defensivos agrícolas leva a sérios problemas ambientais, como a geração de insetos resistentes aos agroquímicos utilizados e a diminuição da população de insetos, como abelhas, essenciais para polinização de várias plantas. Portanto, a forma atual de controle da doença, além pouco eficiente, faz da citricultura um sistema de produção não sustentável. O cenário fica ainda mais assustador quando se faz simulações da propagação da doença tendo como base a propagação dos últimos anos. Estudos mostram que num prazo de seis anos o sistema produtivo da laranja corre o risco de ficar inviável por uma completa infestação. Neste contexto, a Embrapa Instrumentação tem realizado um esforço de pesquisa no tema visando disponibilizar para o setor produtivo um sistema economicamente viável para diagnóstico precoce de Greening (HLB) que elimine a subjetividade das inspeções visuais, diminua a taxa de falhas nas inspeções, e permita um diagnóstico mais preciso da doença com pelo menos seis meses de antecedência da fase sintomática. Resultados positivos obtidos nesta linha de pesquisa promoveram a construção desta proposta que tem como objetivo desenvolver um sistema para o diagnóstico do Greening (HLB) que viabilize medidas em larga escala e construção de mapas de infestação para auxiliar os produtores no controle efetivo da doença. Este equipamento de diagnóstico proposto neste projeto aliado a políticas públicas que incentivem a erradicação de plantas positivas, podem num curto prazo de tempo levar a doença a níveis aceitáveis e controlados da doença.
Referencias bibliográficas
- ARARAQUARA. ANTONIO JULIANO AIRES. . AVANÇOS NO CONTROLE DO HLB NO MUNDO. 2018. Disponível em: https://www.fundecitrus.com.br/doencas/greening. Acesso em: 23 abr. 2021.
- BELASQUE JUNIOR, José et al . Base científica para a erradicação de plantas sintomáticas e assintomáticas de Huanglongbing (HLB, Greening) visando o controle efetivo da doença. Trop. plant pathol.,  Brasília ,  v. 34, n. 3, p. 137-145,  June  2009.   Available from<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198256762009000300001&lng=en&nrm=iso>.accesson  22  Apr.  2021.  https://doi.org/10.1590/S1982-56762009000300001.
- EMBRAPA. CONTROLE DA CITRUS GRENNING: ferramentas de diagnóstico para construção de mapas de infestação. 2014. 22 f. artigo - , Instrumentação, Embrapa, Brasilia, 2014.
- Gallo D, Nakano O, Silveira Neto S, Carvalho RPL, Baptista GC, Berti Filho E, Parra JRP, Zucchi RA, Alves SB, Vendramim JD, Marchini LC, Lopes JRS & Omoto C (2002) Entomologia Agrícola. Piracicaba: FEALQ, 920 p.
- Halbert SE & Nuñez CA (2004) Distribution of the Asian citrus psyllid, Diaphorina citri Kuwayama (Rhynchota: Psyllidae) in the Caribbean basin. Florida Entomologist 83:401-402.
- Lopes SA, Bertolini E, Frare GF, Martins EC, Wulff NA, Teixeira DC, Fernandes NG & Cambra M (2009a) Graft transmission efficiencies and multiplication of “Candidatus Liberibacter americanus” and “Ca. Liberibacter asiaticus” in citrus plants. Phytopathology 99:301-306.
- Bové JM (2006) Huanglongbing: a destructive, newly-emerging, century-old disease of citrus. Journal of Plant Pathology 88:7-37.

Continue navegando