Buscar

Sujeito de Direito

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
 Rafael Bashiyo Baz 
RESENHA SUJEITO DE DIREITO
Ribeirão Preto
2020
	Ser um sujeito de direito está atrelado a própria condição de ser humano, sendo este titular de direitos e deveres. Com isso, como apresenta Amaral “É na pessoa que os direitos se localizam, por isso, ela é sujeito de direitos ou centro de imputações jurídicas no sentido de que a ela se atribuem posições jurídicas”. Por conta disso, a norma divide os sujeitos de direito em Pessoa Natural, ou seja o indivíduo em si e Pessoa jurídica sendo um conjunto de pessoas e de bens que são portadores de titularidade jurídica.
	Porém, no Direito Romano não basta ser detentor de personalidade jurídica característica do status humano para possuir acesso pleno aos direitos, sendo estes limitados pelos diferentes status pertinentes aos distintos grupos sociais presentes na sociedade romana, além de critérios como idade, gênero, sanidade mental, entre outros. Concomitantemente, o Código Civil Brasileiro de 2002 apresenta a existência de tipos distintos de capacidade jurídica, sendo a capacidade jurídica de gozo a detenção do direito em si, sendo todo indivíduo considerado como sujeito de direito e detentor de capacidade jurídica plena, em contra partida apresenta-se a capacidade jurídica de fato, sendo está relativa a capacidade de exercer na prática os direitos previstos, sendo a disparidade entre as formas no caso brasileiro limitada pelo critério de idade.
Logo, apresenta-se uma disparidade entre o direito romano e o brasileiro, uma vez que sobre a óptica da constituição federal de 1988 em seu artigo 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” enquanto sobre a óptica romana o indivíduo tenderia a uma capacidade jurídica fixa.
Em decorrência disso, ocorre a implicação de diversas questões de ordem prática. Sendo na concepção romana, o início da existência o nascimento com vida e corpo perfeito, sendo o natimorto e o monstro (bebes com deficiências) desconsiderados como indivíduos e pessoas de direito. Posteriormente sobre a óptica do Direito Moderno desenvolveu-se alguns direitos de personalidade em relação ao natimorto ao exemplo do nome e sepultura, admitindo assim sua potência perdida como ser humano. Porém, necessitava-se o desenvolvimento de concepções relativas ao indivíduo em formação, uma vez que constituía-se uma concepção do não humano e do humano. Sendo assim, a criatividade romana desenvolveu a concepção do nascituro, sendo essa uma ficção jurídica de forma a assegurar direitos ao potencial indivíduo em desenvolvimento no útero. Em contrapartida, hoje a doutrina majoritária segue as bases da Teoria Concepcionista atrelada a concepção do nascituro como um sujeito de personalidade jurídica formal, tendo seus direitos de personalidades atrelados ao momento da concepção e de personalidade jurídica material adquirida a partir do momento do nascimento dialogando assim com questões patrimoniais. 
Contudo, uma vez que o nascimento na óptica romana não necessariamente condizia com a detenção plena dos direitos. O Indivíduo necessitava para obter a plenitude de seus direitos ser livre (status libertatis), um cidadão romano (status civitatis) e independente do pátrio poder (status familiae). 
Sendo no quesito da liberdade, está apresentava-se em uma estrutura de baixa mobilidade e possibilidade de ascensão em que a superação da condição de escravo não condizia com a igualdade frente aos indivíduos que sempre foram livres. Sendo a possibilidade de escravidão decorrente de guerra, nascimento, penalidade, dívida ou de origem em países não reconhecidos por Roma, frente a possibilidade de obtenção da liberdade que pautava-se sobre duas esferas, o direito quiritário que assimilava-se a uma alforria, concedendo além da liberdade a cidadania romana e o direito pretoriano que resultava em liberdade porém com menor grau de direitos frente ao direito quiritário.
No quesito da cidadania, construiu-se a distinção entre os quirites (cidadão romanos), sendo regidos pelo ius civiles, e o peregrini (estrangeiros de nações amigas de Roma, sendo regido pelo ius gentium. Com isso, a capacidade jurídica expandia-se de forma distintas apesar de semelhantes entre cidadão natos e semelhantes. Sendo a aquisição da cidadania romana decorrente de casamento legitimo, concessão por comícios ou oriunda do poder imperial.
No quesito da independência do poder pátrio, apresenta-se a organização do poder baseado no regime patriarcal, sendo assim um ascendente masculino detinha plenos poderes em relação as diversas questões oriundas da esfera familiar, sendo assim, os demais membros da família encontravam-se subordinados a suas definições.
Com isso, a capacidade jurídica plena em Roma, discorria da conjunção destas três partículas pétreas, sendo ainda agravadas por questões de renda e status social, sendo assim a possibilidade de aquisição total dos direitos era dificultada mas a perca desta condição facilitada. Em contra partida no brasil os maiores de 18 anos e os maiores de 16 anos emancipados já apresentam-se como detentores de capacidade jurídica plena, sendo no caso de maiores de 16 e menores de 18 não emancipados e os contemplados pelo artigo 4 do Código Civil de 2002 “considerados ébrios habituais e os viciados em quaisquer substancias toxicas; aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; e os pródigos, indivíduos que gastam seu patrimônio exacerbadamente, tal como viciados em jogos” são considerados relativamente capazes e tem capacidade jurídica parcial.
Portanto, fica observável que apesar de diversas modificações as bases do direito brasileiro são constantemente permeadas pelo direito romano que nelas influiu e se transformou de forma a adaptar-se as transformações da vida em sociedade.

Continue navegando