Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 2 GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS DÚVIDAS E ORIENTAÇÕES Segunda a Sexta das 09:00 as 18:00 ATENDIMENTO AO ALUNO atendimento@faculdadefamart.edu.br 0800 942 5006 | (37) 99836-4736 http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br mailto:atendimento@faculdadefamart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 3 SUMÁRIO CONCEITOS E NOVOS PARADIGMAS DE GESTÃO .................................................................. 5 MUDANÇA DE PARADIGMA E NOVOS MODELOS DE GESTÃO ............................................ 7 Evolução e desafios da gestão de pessoas nas organizações ..................................................... 9 Aspectos Conceituais ........................................................................................................................ 12 Era da industrialização clássica ....................................................................................................... 12 Era da industrialização neoclássica ................................................................................................ 14 Era da informação ................................................................................................................................ 14 Perspectiva histórica da gestão de pessoas no Brasil ................................................................. 21 Conceitos importantes ....................................................................................................................... 23 Fatores internos .................................................................................................................................. 24 Fatores externos ................................................................................................................................. 24 As pessoas como parceiras das organizações ............................................................................... 31 Estratégia organizacional no âmbito dos recursos humanos ...................................................... 39 Etapas do planejamento estratégico de gestão de pessoas ......................................................... 43 Análise do ambiente organizacional ................................................................................................ 45 Conclusão ............................................................................................................................................ 49 Referências ......................................................................................................................................... 51 http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 4 GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS Nas últimas décadas, as organizações têm se adaptado à novas demandas de mercado e a um relacionamento cada vez mais exigente por parte dos públicos com os quais interage. O acirramento da competição exige que as empresas encontrem modelos estratégicos e práticas gerenciais que tornem seu negócio cada vez mais sustentável em longo prazo. Para isso, as técnicas de gestão têm evoluído para atender às necessidades emergentes de acionistas, executivos, funcionários e da comunidade. Os sistemas de gestão da performance organizacional baseavam-se, primordialmente, em indicadores financeiros e contábeis, já que os paradigmas existentes concentravam-se em valores econômicos, ou seja, associados a aspectos tangíveis, como máquinas, equipamentos e números. Tal referencial vêm mudando nas últimas décadas, desde que valores não só econômicos, mas também os ambientais e sociais, começaram a vigorar no mercado. Desde então, as organizações passaram a pensar em seus ativos intangíveis, como a capacidade de inovar, o valor da marca e o capital intelectual, aptidões para implementar novas estratégias e mudanças organizacionais, dentre outros. Na medida em que vão surgindo mudanças no mundo do trabalho, o capital vai buscando alternativas para adequar-se e resgatar alguns modelos de gestão do trabalho no decorrer da história, principalmente a partir da implementação do método científico estruturado por Frederick Taylor no final do século XIX. A área de gestão de pessoas necessita conhecer bem a http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 5 organização, seu ambiente de trabalho, suas crenças, seus valores, sua missão e visão, o clima de trabalho e a cultura empresarial para que possa gerenciar seus talentos e criar uma relação de "ganha-ganha" entre empresa e colaboradores. CONCEITOS E NOVOS PARADIGMAS DE GESTÃO O desenvolvimento da área de Recursos Humanos revela uma função que se origina e evolui como resposta às condições históricas, passando por profundas transformações correlatas ao mundo do trabalho. Os fatores contextuais de fins do século XIX e meados do século XX são determinantes para a sua dinâmica (MAXIMIANO,2004). A área de Recursos Humanos deve ser concebida como um “caminho” através do qual as pessoas e organizações procuram atingir e conciliar os interesses diversos contidos nas inter-relações pessoas-organizações- sociedade. Não se trata de um sistema autônomo e independente, com finalidade em si mesma, pois está inserido num quadro maior, político, econômico, jurídico, social e ideológico (LUCENA, 1999). O seu reconhecimento foi consolidado, primeiramente enquanto área técnica, com sua atuação reduzida a questões de administração de pessoal, a partir de exercícios de seus subsistemas. Entretanto, o que observamos é sua potencialização enquanto área estratégica da organização. Um desafio para o presente século. A gestão de pessoas deve ocupar-se também da determinação de objetivos, de políticas, de diretrizes e da estruturação das organizações. Sua missão é conduzir as pessoas com produtividade, eficiência e qualidade à realização dos objetivos organizacionais, de modo conciliatório com as aspirações individuais e sociais. Seu desafio maior é integrar a valorização da organização e a humanização das relações de trabalho. A área de Recursos Humanos deixou de ser um mero departamento de pessoal para se tornar o personagem principal de transformação dentro da organização. Há pouco tempo atrás, o departamento de Recursos Humanos atuava de forma mecanicista, onde a visão do empregado prevalecia à obediência e a execução da tarefa, e ao chefe, o controle centralizado. Hoje o cenário é diferente: os empregados são chamados de colaboradores, e os chefes de gestores. Pode-se afirmar que gerir pessoas não é mais um fator de uma visão mecanicista, sistemática, metódica, ou mesmo sinônimo de controle, tarefa e http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 6 obediência. É sim discutir e entender o disparate entre as técnicas tidas como obsoletas e tradicionais com as modernas, juntamente com a gestão da participação e do conhecimento. A gestão de pessoas visa a valorização dos profissionais e do ser humano, diferentemente do setor de Recursos Humanos que visava a técnica e o mecanicismo do profissional (LUCENA, 1999). A terminologia “gestão”, segundo Saconi (2001, p. 359) traz um significado de “ação ou efeito de gerir, gerenciar”. Logo, se é uma “ação”, precisa ser praticada por alguém que rege e/ou administrabens e serviços. Gestão, portanto implica em ação, que obviamente vem imbuída de uma intencionalidade, podendo ser encontrada em todos os setores. Vivemos na sociedade do conhecimento, onde o talento humano e suas capacidades são vistos como fatores competitivos no mercado de trabalho globalizado. Porém esse talento e essa capacidade tem que ser vista com outros olhos, olhos de colaboradores e não de concorrentes. Necessitamos assim resgatar o papel do ser humano na organização, a fim de torná-los competentes para atuar em suas atividades como colaboradores. É com este cenário que as organizações devem ter a visão de que o Capital Humano será seu grande diferencial (CHIAVENATO, 1992). Os avanços observados nas últimas décadas têm levado as organizações a buscarem novas formas de gestão com o intuito de melhorar o desempenho, alcançar resultados e atingir a missão institucional para o pleno atendimento das necessidades dos clientes. Nota-se também que o sucesso das organizações modernas depende, e muito, do investimento nas pessoas, com a identificação, aproveitamento e desenvolvimento do capital intelectual. Observa-se que existe um grande esforço no sentido de mudar do antigo modelo burocrático para um modelo de gestão gerencial que em muitos casos grandes avanços aconteceram, como por exemplo, a introdução de novas técnicas orçamentárias, descentralização administrativa de alguns setores, redução de hierarquias, implementação de instrumentos de avaliação de desempenho organizacional (CHIAVENATO,1992). Segundo Marras, 200, Gestão de Pessoas é conjunto de ações que vai desde o recrutamento até o desenvolvimento da pessoa alinhada aos objetivos organizacionais. Para melhor discutir a importância do RH nas organizações, deve-se, primeiro, repensar o caminho histórico e os principais conceitos básicos para a análise das transformações ocorridas nesta área, além de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 7 entender o contexto no qual a organização está inserida, seus processos e as pessoas. Gil (2001, p.17), considera a Gestão de Pessoas, como: “a função gerencial que visa à cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos tanto organizacionais quanto individuais. Constitui, a rigor, uma evolução das áreas designadas no passado como Administração de Pessoal, Relações Industriais e Administração de RH. Essa expressão aparece no final do século XX e guarda similaridade com outras que também vêm popularizando-se, tais como Gestão de Talentos, Gestão de Parceiros e Gestão do Capital Humano”. O modelo estratégico de administração de Recursos Humanos tem sido atualmente o papel almejado pelas organizações, pois estas buscam um maior envolvimento estratégico da própria área com os resultados organizacionais. Tal modelo consiste em valorizar e atender os objetivos estratégicos da organização, atuando como área prestadora de serviços às gerências, prestando assessoria no desenvolvimento de normas, procedimentos e políticas que visam a valorização e desenvolvimento dos clientes internos. MUDANÇA DE PARADIGMA E NOVOS MODELOS DE GESTÃO Antigamente, quando as mudanças aconteciam paulatinamente, ninguém questionava a legitimidade e as formas de gestão das empresas. Porém, os tempos mudaram, hoje a velocidade das transformações é constante, e é vital termos flexibilidade para modificarmos conceitos, referências e modelos de gestão para que não comprometamos o sucesso das ações empresariais. Maximiano (2004), faz uma comparação entre os paradigmas tradicionais e os do terceiro milênio. Segundo esse autor, as principais mudanças de paradigmas, no início do século XXI, estão relacionadas aos seguintes fatores: Mudança no papel das chefias: achatando a hierarquia e diminuindo o número de chefes; Competitividade: criou-se um mercado competitivo em escola mundial; http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 8 Administração informatizada: a informática está presente em todos os processos administrativos e produtivos; Administração empreendedora: a diminuição da estabilidade do emprego leva as pessoas a procurarem seu próprio negócio ou a desenvolverem um perfil de empreendedor interno; Foco no cliente: são os clientes que direcionam os produtos ou serviços; meio ambiente: a preocupação com as condições e a preservação do meio ambiente vem interferindo nas decisões empresariais; qualidade de vida: a preservação da saúde física e emocional tem preocupado os gestores dos novos modelos de gestão; emergência do terceiro setor: as ONGs representam agentes econômicos expressivos e devem ter uma gestão eficiente. A área de Recursos Humanos evoluiu ao longo do tempo passando de uma visão meramente burocrática para uma visão estratégica das questões humanas no ambiente organizacional. Segundo Marras (2000), gradativamente a Administração de Recursos Humanos incorporou a responsabilidade de estudar os fenômenos colaterais que envolvem a relação dos seres humanos com as organizações, assumindo o papel de fazer a interface com outras áreas do conhecimento onde se destacam a psicologia e a sociologia. No atual contexto, os funcionários assumiram um papel preponderante na busca de vantagem competitiva, o que foi determinante para o surgimento da Administração Estratégica de Recursos Humanos (AERH), que é definida por Dessler (2004) como a união da administração de recursos humanos com metas e objetivos estratégicos para melhorar o desempenho da empresa e desenvolver culturas organizacionais que encorajam a inovação e a flexibilidade. Diante disso, Marras (2000), destaca que a função de recursos humanos como parceira estratégica da organização inclui a participação desta área na formulação das estratégias da empresa, assim como na implementação dessa estratégia por meio da aplicação consistente dos instrumentos de Gestão de Pessoas. A AERH tem como principal foco de atuação a otimização dos resultados da empresa e o desenvolvimento das pessoas que dela fazem parte (MARRAS, 2000). Com o avanço da tecnologia no final do século XX e início deste século, a http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 9 produção de bens e serviços a serem oferecidos aos clientes passou a ter maior exigência de conhecimentos e de recursos tecnológicos. Estas características estão presentes na chamada Economia do Conhecimento (STEWART, 2002, p. 49) e têm alterado as relações de trabalho entre funcionários e empresas. O trabalhador, que por ocasião da chamada Era Industrial era considerado como um fator de produção (FISCHER, 2002, p.172) passou a ser entendido como o Trabalhador do Conhecimento (DRUCKER, 2002, p. 68). Neste contexto, o modelo de gestão de pessoas nas organizações vem se transformando e adquirindo importância. Resumidos por Fischer (2002, p. 173), os modelos originaram-se com uma administração burocrática e controladora, realizada pelos Departamentos de Pessoal. Mais adiante, a psicologia e o estudo do comportamento humano foram incorporados nas práticas de gestão, visando melhorar a produtividade dos trabalhadores através da liderança e da motivação. O planejamento da alocação de pessoas, o treinamento, os processos de recrutamento e seleção, metodologias de avaliação dos empregados e políticas de remuneração e benefícios, passaram a ser as principais funções dos Departamentos de Recursos Humanos. A gestão estratégica pressupõe a necessidade de um processo decisório no presente,a partir de estudos e análises do ambiente interno e externo, que irão proporcionar melhores decisões futuras. Pode-se distinguir três grandes níveis hierárquicos, quando se fala em gestão ou planejamento estratégico: uma gestão estratégica corporativa; gestão estratégica de unidades de negócio; e a gestão estratégica de áreas ou processos funcionais. É imprescindível que todos estes níveis estejam alinhados, garantindo assim ações coerentes em cada área para o atingimento e entendimento dos objetivos de forma sistêmica (MAXIMIANO, 2004). Evolução e desafios da gestão de pessoas nas organizações http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 10 Entender a evolução e desafios da gestão de pessoas nas organizações é de suma importância para os envolvidos no processo de gestão. Pois é um processo que vem ocorrendo há séculos e abrange discussões em vários campos do conhecimento. Na área de gestão, foi marcante por meio de alguns movimentos. O primeiro movimento marcante ocorreu por meio da Administração Científica, impulsionada por Frederick W. Taylor (1856- 1915), nos Estados Unidos, e Henri Fayol (1841-1925), na França. O objetivo fundamental desses movimentos eram proporcionar fundamentação científica às atividades administrativas, substituindo a improvisação e o empirismo. Taylor, com base em suas pesquisas e análises em oficinas, concluiu que as pessoas produziam muito menos do que poderiam produzir. A partir daí, desenvolveu seu sistema de administração científica, que visava à racionalização do trabalho, mais especificamente na simplificação dos movimentos requeridos para a execução das tarefas, tornando-se esse movimento como um dos fatos marcantes do século passado. Após várias discussões de insatisfação por parte dos trabalhadores, surgiu um novo movimento, denominado Escola das Relações Humanas. Este movimento teve como enfoque a constatação da necessidade de considerar a relevância dos fatores psicológicos e sociais na produtividade. As bases desses movimentos foram dadas pelos estudos do psicólogo americano Elton Mayo (1890-1949). PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 11 As metodologias e técnicas do planejamento estratégico resultam do crescimento e desenvolvimento histórico desde a época da Revolução Industrial, período caracterizado por mudanças e impactos nos processos produtivos, afetando questões econômicas e sociais no mundo. Estudiosos da época, conhecidos como “pensadores” desenvolveram conceitos, enfatizando ações econômicas e administrativas, influenciando desta forma o processo do sistema de planejamento das empresas. Estes estudos inicialmente, concentravam-se no campo orçamentário e financeiro, só depois passaram a contemplar aspectos de mudanças até então pouco percebidos. As teorias do planejamento estratégico, ao longo do tempo, foram desenvolvidas e transformadas em ferramentas administrativas e econômicas, por pesquisadores e estudiosos, e construídas sob perspectivas e busca de soluções para o alcance de objetivos organizacionais estabelecidos por cada empresa, considerando à obtenção de resultados sustentáveis e competitivos, caracterizando o planejamento estratégico como uma metodologia para enfrentar desafios em ambientes de turbulência política, social e econômica que requeiram desenvolvimento de competências e culturas gerenciais capazes de traduzir o pensamento em ação estratégica. Segundo Ansoff (1977) Planejamento Estratégico – PE é o processo de elaborar a estratégia, construído a partir da relação entre a organização e o ambiente. O processo de planejamento estratégico compreende a tomada de decisões sobre qual são estabelecidos procedimentos que a organização pretende seguir. Oliveira (2001), afirma ainda que o PE deve apresentar uma visão integrada e global da empresa, ou seja, deve partir de uma análise estratégica, que compreende o negócio, desenvolvida através dos seus setores de atividade, a fim de que os resultados passem a orientar as avaliações estratégicas, visando definir os grandes direcionamentos que devem ser seguidos dentro do horizonte planejado. A estruturação de sistemas de controles gerenciais que apoiam as ações da gestão auxiliam os processos de tomadas de decisões, possibilita prever transformações que ponham em risco o alcance dos objetivos, bem como, contribui na identificação de oportunidades que reforcem e ajudem as empresas a alcançarem sua visão de futuro, através de uma gestão integrada e articulada. Um PE eficaz exige que as organizações disponham de profissionais capacitados e capazes de gerir estas mudanças, utilizando estratégias alinhadas às necessidades dos clientes, consequentemente ao mercado (ANSOFF, http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 12 1977). Na prática é necessário controlar todas as ações delineadas para o alcance do sucesso nos negócios, e para tanto, a compreensão dos resultados, o monitoramento constante das transformações mercadológicas, relacionadas aos incrementos técnicos, tecnológicos, ambientais e de gestão, são atividades críticas e relevantes. As conceituações referentes ao PE conduzem a uma série de questionamento quanto a sua aplicação, permeando conceitos e metodologias retratando que o sucesso do processo do PE está na implementação adequada de estratégias e na utilização de instrumentos apropriados que permitam às empresas gerenciar e tomar decisões (MINTZBERG, 2000). Assim, o trabalho de pesquisa proposto, considera estudos no qual foram analisadas as abordagens centrais dos autores Henry Mintzberg, Igor Ansoff, Michael Porter, Kaplan e Norton, Hamel e Prahalad e Hamel e Ramaswamy, visando verificar variáveis que apresentam aplicações práticas de planejamento e gestão estratégica. Aspectos Conceituais Ansoff (1977) afirma que entender o planejamento apenas como um procedimento que deve ser formalizado e que resulte em decisões integradas não basta, é necessário que o planejamento seja “implementado” e mensurado de forma efetiva, evidenciado através do detalhamento na formulação de estratégias integradas ao negócio da empresas. O processo de formulação da estratégia, segundo Ansoff (1977) pode surgir dependendo das circunstâncias da empresa e da visão de seus gestores. Primeiro a empresa pode agir de forma “reativa”: aguarda os problemas surgirem para depois tentar resolvê-los; segundo de forma “planificadora”: antecipam-se aos problemas e por último, “empreendedoras”: na qual se antecipam aos problemas face às oportunidades identifica as. Era da industrialização clássica A era da industrialização clássica compreende, conforme observa Chiavenato (2010), o período logo após a Revolução Industrial até meados de 1950. Esse período ficou marcado pela intensificação da industrialização com http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 13 reflexo mundial e pelo surgimento dos chamados países desenvolvidos. Nesse contexto, ganha importância o tipo organizacional burocrático, no qual a departamentalização, a centralização da tomada de decisão e o estabelecimento de regras de comportamento são aspectos centrais. Além disso, segundo o autor, nesse período dá-se a emergência da Teoria Clássica da Administração que, juntamente com o modelo burocrático, havia se configurado como o modelo de gestão ideal para as organizações daépoca. As características fundamentais desse período consistem em um ambiente envolvido por mudanças vagarosas e previsíveis. Por isso, o modelo burocrático de organização triunfou como modelo de gestão. Complementando, como o contexto que envolvia as organizações era conservador e havia relativo grau de certeza quanto ao ambiente externo, isto permitia às empresas voltarem sua atenção principalmente para o processo produtivo. Ou seja, a busca pela eficiência era a preocupação central e, para alcançá- la, as empresas seguiam o caminho da padronização e simplificação das tarefas. Nesse contexto, destaca o autor, as pessoas eram consideradas fator de produção da mesma maneira que as máquinas, os equipamentos e as matérias-primas. Era Industrial Clássica Muitos níveis hierárquicos e coordenação centralizada Departamentalização funcional para assegurar especialização Padrões rígidos de comunicação e cargos definitivos e limitados Pequena capacidade de processamento da informação Cargos individuais especializados com tarefas simples e repetitivas Ênfase na eficiência da produção, no método e na rotina Adequado para ambiente estável e imutável e tecnologia fixa e permanente http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 14 Nenhuma capacidade para mudança e inovação Era da industrialização neoclássica Esse período, conforme a observação de Chiavenato (2010), inicia a partir da década de 1950 e se estende até os anos 1990. O evento que marcou a emergência dessa era foi a Segunda Guerra Mundial, que trouxe consigo grandes mudanças ambientais, com a ampliação dos mercados de uma esfera local para uma realidade global. Tal fato exigiu das empresas readaptação à nova realidade, na qual o modelo burocrático foi redimensionado pela teoria estruturalista como forma de conciliar a teoria da burocracia com as ideias advindas da teoria das relações humanas. A partir de então, a área de gestão de pessoas passou a considerar as trocas de informações entre as organizações e seu ambiente. Cabe destacar ainda, conforme Chiavenato (2010), que no decorrer do período neoclássico surge a teoria dos sistemas, que defende a avaliação da organização como um todo e não somente em departamentos ou setores. Na administração, afirma Chiavenato (2010), a teoria dos sistemas ganhou importância principalmente em função da necessidade de maior integração das teorias anteriores, bem como da intensificação do uso da tecnologia da informação nas empresas. Nesse sentido, na perspectiva sistêmica, os sistemas vivos, sejam indivíduos ou organizações, são analisados como sistema abertos, mantendo um contínuo intercâmbio de matéria, energia e informação com o ambiente. Era da informação Era Industrial Neoclássica http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 15 Desenho híbrido: estrutura funcional acoplada à estrutura de P/S Coordenação descentralizada sob dupla subordinação: autoridade funcional e autoridade de projeto (produto/serviço) Padrões duplos de interação em cargos mutáveis e inovadores Aumento de capacidade de processamento da informação Cargos adequados para tarefas mais complexas e inovadoras Desenho híbrido: estrutura funcional acoplada à estrutura de P/S Coordenação descentralizada sob dupla subordinação: autoridade funcional e Ideal para ambiente instável e mutável e tecnologia mutável Razoável capacidade para mudança e inovação autoridade de projeto (produto/serviço) Padrões duplos de interação em cargos mutáveis e inovadores Aumento de capacidade de processamento da informação Cargos adequados para tarefas mais complexas e inovadoras Ideal para ambiente instável e mutável e tecnologia mutável Razoável capacidade para mudança e inovação A era da informação compreende o período que começou a partir da década de 1990 até os dias atuais. A sua principal característica, ressalta Chiavenato (2010), consiste nas rápidas e constantes mudanças. Saiba que a tecnologia da informação forneceu as bases para a emergência da globalização da economia e das culturas. Nessa nova realidade, a competitividade intensificou-se entre as organizações, proporcionando uma transformação da divisão social do trabalho, nas quais as empresas passaram a migrar de um continente para outro em busca de novas oportunidades de investimento. Assim, complementa Chiavenato (2010), em um tempo em que a informação está ao alcance de todos, as empresas melhor sucedidas serão aquelas capazes de utilizar a informação criando, a partir daí, vantagem competitiva. O autor ainda destaca que na era da informação as organizações requerem agilidade, mobilidade, inovação e mudança, a fim de enfrentar as novas ameaças e oportunidades em um ambiente dinâmico e turbulento. Isto porque os processos organizacionais, nesse contexto, passam a ser http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 16 constantemente ajustados às necessidades dos clientes. Sobre essa era, Chiavenato (2010) expõe também que em organizações mais expostas à mudança a estrutura organizacional assume um perfil mais flexível, baseado em equipes multifuncionais de trabalho com atividades provisórias voltadas para projetos específicos. Era da Informação Ênfase em equipes autônomas e não mais em órgãos ou departamentos Elevada interdependência entre as redes internas de equipes Organização ágil, maleável, fluída, simples e inovadora Intensa interação através de cargos autodefinidos e mutáveis Cargos flexíveis e adequados a tarefas complexas e variadas Capacidade expandida de processamento da informação Ênfase na mudança, na criatividade e na inovação Ideal para ambiente mutável e dinâmico e tecnologia de ponta Além disso, conforme o autor, o capital financeiro deixa de ser o recurso mais importante, cedendo lugar para o conhecimento e o capital humano. Perceba que as três eras citadas anteriormente por Chiavenato (2010) serviram de base para diversas abordagens sobre a forma de lidar com as pessoas dentro das empresas. É consenso entre vários autores (DUTRA, 2011; FISHER, 2002; CHIAVENATO, 2010) que ao longo do último século a área de recursos humanos passou por algumas etapas distintas. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 17 Na visão de Chiavenato (2010), as etapas das quais estamos falando são: • das relações industriais; • dos recursos humanos; • da gestão de pessoas. Podemos ainda ressaltar que cada etapa está em consonância com as ideias predominantes à sua época, bem como com as necessidades das organizações. Com relação à primeira etapa, Chiavenato (2010) ressalta que o departamento de relações industriais tinha como função fazer cumprir as demandas legais da relação de emprego, tais como: admissão de pessoal, anotações na carteira de trabalho, controle das horas trabalhadas, contagem de férias etc. Ainda de acordo com o autor, nessa etapa predominam as atividades operacionais e burocráticas, sendo as pessoas consideradas como apêndice das máquinas e meras fornecedoras de esforço físico e muscular, conforme exemplificamos com a imagem a seguir. Na próxima etapa, os departamentos de relações industriais são substituídos pelos departamentos de recursos humanos. Estes, além das tarefas operacionais e burocráticas já citadas, assumem também funções táticas,prestando serviço especializado como recrutamento, seleção, treinamento, avaliação, remuneração, higiene e segurança do trabalho e de relações trabalhistas e sindicais (CHIAVENATO, 2010). http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 18 Com relação à última etapa, Chiavenato (2010) destaca o surgimento das equipes de gestão de pessoas, em que as práticas de recursos humanos são delegadas aos gerentes de linha em toda a organização. E o que se nota nesta nova realidade? Bem, as tarefas operacionais e burocráticas não essenciais são, muitas vezes, terceirizadas, fato que libera o gestor de pessoas para assumir atividades estratégicas visando o futuro da organização. Nessa abordagem, segundo o autor, as pessoas passam a desempenhar um papel mais ativo e inteligente na administração dos demais recursos organizacionais. E o que se nota nesta nova realidade? Bem, as tarefas operacionais e burocráticas não essenciais são, muitas vezes, terceirizadas, fato que libera o gestor de pessoas para assumir atividades estratégicas visando o futuro da organização. Nessa abordagem, segundo o autor, as pessoas passam a desempenhar um papel mais ativo e inteligente na administração dos demais recursos organizacionais. O primeiro é o modelo de gestão de pessoas como departamento de pessoal, tendo os empregados como um fator de produção, cujos custos devem ser geridos da mesma forma que os dos demais fatores produtivos. O segundo diz respeito ao modelo de comportamento humano, voltado para a integração, para o comprometimento dos empregados e para a adaptabilidade. Já o terceiro é o modelo de gestão estratégica de pessoas, que busca vincular a área de recursos humanos às estratégias organizacionais, adaptar-se às necessidades da empresa e promover as pessoas como elementos de diferenciação. O último, concebido a partir dos anos 1980, é o modelo de gestão de pessoas baseado nas competências. Este modelo considera a atuação da empresa em um ambiente competitivo, enfatizando a relação entre o desempenho humano e os resultados da organização. Segundo esta abordagem, as competências humanas definem a competitividade da empresa desenvolvida em um processo integrativo e orientada para os benefícios do http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 19 cliente (FISCHER, 2011). Para o mesmo autor (2011), os modelos de gestão de pessoas citados foram fortemente influenciados pela cultura e pela tecnologia e processos de trabalho presentes nas empresas. Além disso, ele salienta, houve influência também de fatores ambientais externos, tais como o contexto social, econômico e político. E você deve saber que uma análise da evolução organizacional, de maneira geral, revela que as diversas teorias que fundamentaram o desenvolvimento das empresas também acabaram por influenciar as transformações sofridas pela área de recursos humanos (FISCHER, 2011). Fischer (2011) também ressalta que as diversas correntes do pensamento administrativo influenciaram sobremaneira a função de recursos humanos. No início do século 20, a administração científica e clássica trouxe as visões de Taylor e Fayol, e ambos buscaram fundamentar cientificamente as atividades administrativas e o trabalho. Taylor se dedicou a promover a racionalização do trabalho, com o estudo dos tempos e movimentos, promovendo a mecanização da produção e a simplificação das tarefas. Já Fayol descreveu os princípios da administração, quais sejam: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Aqui, cabe destacar, conforme Fischer (2011), que também as ideias de Henry Ford contribuíram para o fortalecimento da produção em massa de bens padronizados, bem como para o aumento dos salários e para a diminuição da jornada de trabalho sem, com isso, prejudicar a produtividade. Esse contexto, na visão de Dutra (2011), originou o departamento de pessoal nas indústrias, no qual o trabalho se resumia a algo humilhante, mecânico e limitante do desenvolvimento das pessoas e da própria organização. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br http://commons/ www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 20 Seguindo a linha do tempo das correntes do pensamento administrativo, Dutra (2011) destaca a emergência da Escola de Relações Humanas, cujo representante mais ilustre foi o psicólogo Elton Mayo. A importância dessa escola cresceu em função dos resultados obtidos por meio da famosa experiência de Hawthorne, na fábrica da Western Eletric, no ano de 1927. Era objetivo de Mayo e sua equipe verificar a influência da iluminação na produtividade, no índice de acidentes e na fadiga dos trabalhadores. Contudo, conforme sublinha Dutra (2011), tal experiência revelou a interferência de fatores psicológicos e sociais no resultado do trabalho. Assim, os resultados da experiência de Hawthorne demonstraram que uma maior atenção dispensada às pessoas dentro das empresas as motivava a produzir mais. Com isso, os cientistas da Escola de Relações Humanas contribuíram, sobremaneira, para destacar a importância dos grupos informais no âmbito das organizações. Ademais, o processo histórico da área de recursos humanos demonstrou que o período posterior à Segunda Guerra Mundial fortaleceu o poder dos sindicatos, situação que pressionou a área de recursos humanos a preocupar-se mais com as condições de trabalho e a relação com os empregados, marcando a transição do departamento de pessoal para o departamento de relações industriais (DUTRA, 2011). Já nos anos de 1960, segundo o autor, sobre forte influência da abordagem sistêmica, a área de recursos humanos sofreu nova transformação e passou a se chamar administração de recursos humanos. Assim, observa Gil (2001, p. 20): “o aparecimento da Administração de Recursos Humanos deve-se à introdução de conceitos originários da Teoria Geral dos Sistemas à gestão de pessoal”. Esta abordagem trouxe a visão de que a empresa é um conjunto de partes inter-relacionadas, sendo maior que a soma das suas partes. Nesse contexto, as mudanças ocorridas nos anos de 1980, alimentadas pela globalização, deram impulso à chamada gestão de pessoas, que passou a considerar as pessoas como parceiras na geração de vantagem competitiva para a organização (GIL, 2001; DUTRA, 2011). http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 21 E note o seguinte: a gestão de pessoas se consolidou no meio organizacional, ficando também conhecida como gestão de talentos, gestão do capital humano ou gestão do capital intelectual (GIL, 2001). Para Dutra (2011), ficou claro que a administração científica condicionou a gestão de pessoas durante todo o século 20. Perspectiva histórica da gestão de pessoas no Brasil Conforme observa Dutra (2011), o contexto político, econômico e social no Brasil foi responsável pelas transformações ocorridas na área de recursos humanos ao longo do século passado. O autor observa inclusive certo consenso na literatura de que os diferentes modelos de governo no país, além das interferências exógenas no que tange à tecnologia e aos modelos de gestão, ditaram a dinâmica da área de recursos humanos em terras brasileiras. Dutra (2002, p. 34) continua sua análise observando que o: processo de evolução da Gestão de Pessoas no Brasil é marcado por características legais e pelo referencial taylorista. É com esse pano de fundo que os dirigentes empresariaise profissionais especializados foram formados. Durante a década de 80, algumas empresas foram demandando novos conceitos e instrumentos de gestão, mas o desconforto com essas questões só se consolida nos últimos anos da década de 90. Autores como Gil (2001) e Dutra (2011) salientam que até 1930 inexistia qualquer modelo de gestão de pessoas no Brasil. Conforme Dutra (2011), nesse período havia uma atividade industrial incipiente, fruto do esgotamento do modelo exportador cafeeiro. O autor destaca também que os núcleos de trabalhadores mais organizados eram o ferroviário, o portuário e o setor têxtil. Essa fase é denominada por Wood Jr (apud DUTRA, 2011) como pré-jurídico-trabalhista, em virtude da inexistência de legislação trabalhista. Entretanto, conforme o autor, a partir nos anos 1940, inicia-se a formação, no país, de um corpo de leis para reger as relações entre trabalho e capital. Inicia- se, também nesse período, a criação dos sindicatos de trabalhadores e de empresas, bem como de uma estrutura jurídica para mediar os conflitos entre trabalhadores e patrões. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 22 Essa nova realidade gera pressão para que as empresas busquem organizar a gestão de pessoas de acordo com as exigências legais estabelecidas. Assim, foi durante o governo de Getúlio Vargas que surgiu grande parte das iniciativas de estruturação das relações trabalhistas, sendo criados, nesse período, o Ministério do Trabalho e a Consolidação das Leis do Trabalho (GIRARDI, 2008). De acordo com Girardi (2008), nas décadas de 1950 e 1960 assistiu-se a uma expansão da industrialização que contou com a ajuda dos investimentos estrangeiros. Conforme Dutra (2011), nesse período o país viveu um processo de redemocratização, preocupando-se, sobretudo, com o desenvolvimento econômico por meio da intensificação dos investimentos na indústria de base e do movimento de substituição de importações. Nesse contexto, destaca o autor, multinacionais foram estimuladas a se instalar no Brasil, trazendo consigo práticas mais estruturadas de gestão de pessoas. Observe o comentário de Girardi (2008): essas iniciativas foram favorecidas em função de uma gestão empreendedora do presidente Juscelino Kubitschek, além do surgimento do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), o que exigiu pessoal com maior qualificação para a adaptação às novas tecnologias provenientes. Na década de 1970, sublinha Girardi (2008), ocorreu o chamado milagre econômico brasileiro, e a área de recursos humanos passou a atuar de forma mais profissionalizante e abrangente, envolvendo-se gradativamente com as estratégias da empresa. Segundo o autor, nesse período o administrador de empresas começou a ser valorizado como profissional de recursos humanos, dando origem à chamada administração de recursos humanos. Os anos 1980, observa Girardi (2008), foram tempos de grande recessão econômica, mas também do florescimento de novas teorias e técnicas de gestão, como, por exemplo, descentralização, downsizing, empowerment, modelos japoneses de gestão e de trabalho, programas de qualidade, reengenharia, just-in-time e remuneração variável, entre outros. A área de recursos humanos passou a ser mais exigida com relação à atuação, competência, qualidade e produtividade dos empregados. De acordo com Girardi (2008) com a globalização e a tecnologia da informação, nos anos 1990, a área de recursos humanos assumiu aos poucos uma postura mais http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 23 estratégica. A partir daí, emerge a gestão de pessoas, na qual o foco passou a ser a capacitação do colaborador, em conjunto com os resultados organizacionais. Note ainda que, conforme o autor, nesse novo modelo de gestão, todos os integrantes da organização são responsáveis pelos seus resultados; os gerentes de área acumulam também a função de gestores de recursos humanos, compartilhando as decisões estratégicas juntamente com a área de recursos humanos estratégicos, e elaboram as suas políticas e diretrizes com a cúpula organizacional (GIRARDI, 2008, WOOD JR., 2000; GIL, 2001; DUTRA, 2011). Conceitos importantes É consenso geral que as organizações dependem do desempenho humano para o seu sucesso. Isto ficou evidenciado quando realizamos um resgate histórico da evolução da área de gestão de pessoas. Notamos que, ao longo do século 20, as pessoas foram ganhando destaque dentro das empresas, tendo um papel fundamental na busca da vantagem competitiva. Assim, de acordo com Fischer (2011), em função do que foi dito, as empresas necessitam desenvolver e organizar um modelo de gestão de pessoas que atenda as demandas internas e externas à organização. Nesse sentido, ressalta o autor, o que diferencia um modelo do outro são algumas características próprias, notadamente oriundas da sua cultura, bem como da sua capacidade de interferir no ambiente organizacional imprimindo-lhe identidade própria. Fischer (2011) observa também que, ao analisar a história dos modelos de gestão, percebe-se que eles se articulam a partir de alguns conceitos centrais que orientam sua prática. Perceba que a concorrência mais ampla valoriza o comportamento humano. Isto porque o comportamento humano passa a compor as estratégias de negócios, tornando-se elemento de diferenciação na busca pela vantagem competitiva. O autor, entretanto, chama atenção para o fato de que não se trata de repetir o velho jargão de que as organizações estão cada vez mais valorizando o elemento humano. Para ele, a organização não está se tornando mais humana por causa da http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 24 nova onda competitiva, mas diz respeito, sobretudo, a um novo imperativo: quanto mais os negócios se sofisticam, mais seu sucesso depende do desempenho das pessoas. Com isso, para Fischer (2011), alguns fatores internos e externos da organização devem ser conhecidos, já que o desempenho das pessoas depende deles. Vamos então conhecer quais são os fatores considerados pelo autor? Os fatores internos abrangem o tipo de tecnologia adotada pela empresa, a organização do trabalho, a cultura e a estrutura organizacional. Já os fatores externos podem ser originados na sociedade ou no mercado. Confira a seguir um detalhamento de cada um deles. Fatores internos ecTnologia adotada: a automatização ou robotização condicionam o comportamento no trabalho, podendo exigir doses diferentes de autonomia. Organização do trabalho: diferentes formas de organização exigem distintas maneiras de buscar o comportamento adequado pelo processo de trabalho adotado. Assim, por exemplo, as práticas de qualidade total determinam políticas que orientem o padrão de desempenho desejado. Cultura organizacional: os pressupostos da cultura da empresa interferem, e, ao mesmo tempo, sofrem influência do modelo de gestão de pessoas adotado. Estrutura organizacional: uma estrutura hierarquizada e vertical propicia um modelo de pessoas segmentado, ao passo que uma estrutura mais flexível, matricial ou em rede, pede um modelo que focalize a empresa de forma global. Fatores externos Originados na sociedade: cultura do trabalho na sociedade, legislação, intervenções do Estado e dos sindicatos. Originados no mercado: define o perfil de competências http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 25organizacionais. Competência significa “um conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma empresa oferecer um determinado benefício a seus clientes”, aspecto fundamental para a competitividade e consequentemente para a sobrevivência da organização (PRALAHAD; HAMEL, 1995, p. 229). Conforme Fischer (2011), esses diversos fatores se interligam nas relações pessoais, interpessoais e sociais que direcionam o comportamento das pessoas nas organizações, expressando o que o autor chamou de elementos componentes do modelo de gestão de pessoas: princípios: orientações de valor e crenças básicas; políticas: determinam diretrizes de atuação para objetivos de médio e longo prazo nas relações organizacionais; processos: elementos mais visíveis do modelo, tais como o plano de cargos e salários, a administração de carreira, as pesquisas de clima organizacional etc. Diante do exposto, torna-se importante fazermos um resgate de outros conceitos caros à área de gestão de pessoas. Para empreender nossa tarefa, iremos nos apoiar no trabalho de Dutra (2011). Perceba que o autor destaca que, historicamente, as pessoas vêm sendo tratadas pelas empresas como um recurso a ser administrado. A despeito das transformações na organização da produção ao longo do século 20, os conceitos sobre gestão de pessoas têm ainda como fio condutor o controle sobre o comportamento das pessoas. Dentre as principais mudanças citadas por Dutra (2011), destacamos as seguintes: • exigência de estruturas organizacionais flexíveis a adaptadas às contingências impostas pelo ambiente; • exigência de processos decisórios ágeis e focados nas demandas do mercado; • exigência de maior velocidade para entrar e sair de mercados locais e globais e para revitalizar os produtos ou serviços; http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 26 • exigência de alto grau de competitividade, necessitando pessoas que se articulem para formarem um time de contínuo aperfeiçoamento. Dutra (2011) sublinha que a gestão de pessoas tem sido estudada como uma função organizacional e acrescenta que essa abordagem se origina em Fayol, que procura compreender a administração subdividindo-a em funções essenciais existentes em qualquer empresa. Em função disso, Dutra (2011) acrescenta que a gestão de pessoas consiste em um conjunto de atividades essenciais, tais como: • atração, manutenção, motivação, treinamento e desenvolvimento de pessoas (TOLEDO, 1978 apud DUTRA, 2011); • prover as organizações com uma força efetiva de trabalho (WERTHER, 1983 apud DUTRA, 2011); • promover a procura, desenvolvimento, remuneração, integração e manutenção de pessoas no âmbito organizacional (FLIPPO, 1970 apud DUTRA, 2011). Contudo, apesar de Dutra (2011) entender que as atividades citadas auxiliam na compreensão da importância da gestão de pessoas, ele sustenta igualmente que há a necessidade de se investigar a forma como a gestão de pessoas interage com as demais funções organizacionais. Ele cita Prestes Motta para sublinhar a importância da abordagem sistêmica na compreensão desse processo: De acordo com a abordagem sistêmica, a organização é vista em termos comportamentais inter-relacionados. Há uma tendência de enfatizar mais os papéis que as pessoas desempenham do que as próprias pessoas, entendendo-se papel como um conjunto de atividades associadas a um ponto específico do espaço organizacional, a que se pode chamar cargo [...]. A organização acaba por ser entendida como um sistema de conjuntos de papéis, mediante os quais as pessoas se mantêm inter-relacionadas (MOTTA, 1979 apud DUTRA, 2011, p. 18). De acordo com a perspectiva sistêmica, a gestão de pessoas passa a ser vista como um sistema integrando um sistema maior com o qual interage. A http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 27 abordagem sistêmica procura entender a gestão de pessoas com base na interação entre seus subsistemas e destes com toda a organização, com o ambiente externo e com as pessoas. Nesse contexto, Dutra (2011) observa ainda que é possível identificar algumas alterações nas práticas estabelecidas pelas empresas que apontam na direção dada à gestão de pessoas pelas organizações, na qual verifica-se uma crescente preferência por: • transparência nos critérios que norteiam as relações entre a empresa e as pessoas; • práticas de gestão que privilegiem a conciliação de expectativas das pessoas e da empresa; • formas de carreira e remuneração centradas na agregação de valor das pessoas ao negócio da empresa; • processos de comunicação para que as pessoas possam contribuir para o negócio da empresa e aprimoramento de sua relação com ela; • espaços para que as pessoas possam assumir atribuições; • responsabilidades de maior complexidade em função de sua competência. Dutra (2011) propõe uma leitura mais clara da realidade organizacional no que se refere à gestão de pessoas, integrando a visão funcionalista e a visão sistêmica à perspectiva do desenvolvimento humano. Para tanto, ele analisa o processo pelo qual a pessoa agrega valor para a organização e esta agrega valor para a pessoa, partindo das seguintes: aprendizagem, pessoas e competência. Vamos saber o que o autor quer dizer com cada uma delas? Acompanhe. • Aprendizagem: a criação de uma cultura de aprendizagem nas organizações é fundamental para dar respostas a um ambiente exigente, complexo e dinâmico. A existência dessa cultura depende dos vínculos estabelecidos entre as pessoas e a organização. As culturas centradas no comprometimento mútuo, entre pessoas e organização, na gestão participativa e na busca de renovação contínua terão mais chances de sucesso http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 28 por estarem alinhadas com valores que vêm sendo consolidados em nossa sociedade. • Dimensões das pessoas: diz respeito à pessoa ser vista como um ser integral e único. Assim, o desafio lançado para a gestão de pessoas é como encarar cada pessoa considerando sua individualidade e como gerenciá-la dentro desse ambiente de diversidade. Então, já que uma organização cumpre determinados objetivos, ela necessita de pessoas, dinheiro, materiais e recursos. Esses insumos ingressam na organização, sendo transformados em bens e serviços para a geração de lucros. Os lucros ajudam a assegurar a continuidade das organizações (ETZIONI, 1967). A administração, na visão de Etzioni (1967), inclui o planejamento, a organização, a liderança e o controle do desempenho das pessoas. Além disso, é importante sublinhar que as organizações operam dentro de um meio ambiente que inclui fornecedores, clientes e concorrentes, bem como uma grande variedade de condições legais, econômicas, sociais e tecnológicas. Veja o que propõe Etzioni (1967): se examinássemos nossas vidas, concluiríamos que as organizações invadem tanto a sociedade como nossa vida particular. Isto porque diariamente estamos em contato com as organizações, seja como membros (no trabalho, escola, vida social e cívica, na igreja), seja como clientes, pacientes, consumidores ou cidadãos. Outro estudioso do tema, Hampton (1980) afirma que apesar de as pessoas tenderem a pensar nas realizações a partir de uma perspectiva individual, a maioria das realizações sociais são promovidas por meio da união de pessoas com objetivos comuns. Ora, de fato, nossa sociedade desenvolveu- se graças à criação de organizações fornecedoras de bens e serviços necessários à sobrevivênciadas pessoas. Nesse sentido, para Hampton (1980) vivemos em uma “sociedade organizacional”, na qual as organizações são as principais realizadoras. Aqui vale sublinhar que no mundo em que vivemos certas realizações só podem ser alcançadas mediante a ação convergente de grupos de pessoas. Neste sentido, qualquer que seja o objetivo – obtenção de lucro, educação, religião, saúde, construção de um estádio de futebol –, ele pode ser alcançado de modo mais eficaz e eficiente pela ação conjunta de indivíduos. Com isto, temos que as http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 29 organizações são instrumentos vitais da sociedade e suas realizações resultaram em enormes aumentos do padrão de vida da sociedade (HAMPTON, 1980). Outra visão sobre o conceito de organização que vale a pena levarmos em conta é aquela que a considera como tendo uma existência própria independente das pessoas e das suas atividades. Sendo assim, a organização se comporta, interage com outras organizações, adapta-se aos seus ambientes e é capaz de aprender, entre tantas outras disposições. Como afirma Etzioni (1967, p. 11), “mais do que qualquer outro agrupamento social, as organizações controlam sua natureza e seu destino”. Já segundo Blau e Scott (1979), as organizações são definidas como coletividades que foram criadas para a concretização de objetivos específicos. Contudo, deve ficar claro que elas têm características diferenciadoras que incluem fronteiras relativamente fixas, uma ordem normativa, níveis de autoridade, um sistema de comunicações e de incentivos que permite, aos diversos tipos de participantes, trabalharem juntos para a realização de metas comuns. Qual a importância das organizações para a gestão de pessoas? Todos nós sabemos que cada sociedade, cada família, cada país, cada grupo social tem sua cultura, seus costumes, seus hábitos, moldando sua postura diante da sociedade. O mesmo pode ser dito das organizações, já que são capazes de influenciar diretamente nossas vidas e a sociedade em que vivemos. Conforme colocado por Milkovich e Boudreau (2000), as práticas de gestão de pessoas variam conforme o tipo de empresa. Isto porque as empresas possuem tamanhos diferentes, pertencem a setores diferentes e estão, muitas vezes, localizadas em áreas geográficas diferentes. Assim, as organizações, enquanto espaço para as práticas de gestão de pessoas, possuem alguns fatores organizacionais cruciais que impactam nas políticas de recursos humanos. Na visão de Milkovich e Boudreau (2000), estes fatores são financeiros, estruturais e tecnológicos. Vamos conhecer cada um deles? • Financeiros: o fluxo de caixa positivo é condição fundamental para http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 30 que a empresa possa honrar seus compromissos financeiros. Entre os mais importantes está a folha de pagamento dos funcionários. Entretanto, Milkovich e Boudreau (2000) chamam atenção para o fato de que o fluxo de caixa não é a única preocupação financeira das empresas e citam como exemplo as estratégias de marketing que, muitas vezes, adiam os lucros para garantir uma fatia do mercado no futuro afetando, sobretudo, as decisões de recursos humanos. • Estruturais: conforme Milkovich e Boudreau (2000), o formato da organização é um dos fatores que tem mais desafiado as organizações atualmente. Ora, em um mundo em rápida transformação tecnológica, novas modelagens de empresas se fazem necessárias para melhor capitanear as novas tecnologias e atender às demandas dos clientes e empregados. Para os autores, a estrutura organizacional tem profundas implicações nas relações de trabalho e, portanto, nas práticas de gestão de pessoas. Por exemplo, a redução dos níveis hierárquicos e a ampliação das tarefas de cada empregado são alguns desses efeitos. • Tecnológicos: a tecnologia consiste num conjunto de processos e técnicas utilizadas para a produção de bens e serviços. Nesse sentido, muitas vezes nos deparamos, nas organizações, com a extinção de algumas atividades em virtude da aplicação da tecnologia nos postos de trabalho. A tecnologia, apoiada por ações efetivas de recursos humanos, tais como treinamento e desenvolvimento, pode melhorar significativamente a produtividade organizacional. Todas as dimensões citadas importam em nossa análise, pois as estratégias mais gerais das organizações necessitam ser colocadas em práticas pelas pessoas. Isto quer dizer que a área de recursos humanos tem um papel fundamental na implementação das estratégias competitivas. As organizações, por sua vez, importam para a gestão de pessoas, já que fornecem a estrutura organizacional básica para que a gestão de pessoas, juntamente com as demais áreas da empresa, possa realizar as atividades http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 31 Terceiros Proprietários essenciais que são o motivo de ser da empresa. As pessoas como parceiras das organizações Na atualidade, as organizações estão ampliando sua visão estratégica na busca por parcerias. Isto porque a produção de bens e serviços somente se realiza com a participação de parceiros, cada qual contribuindo com algum recurso. Nesse sentido, os fornecedores contribuem com matérias-primas, serviços e tecnologias. Os acionistas e investidores fornecem capital e investimentos para ampliação da capacidade de produção e aquisição de recursos. E os empregados? Estes contribuem com seus conhecimentos e habilidades para uma eficaz e efetiva tomada de decisão e ações que dinamizem a organização. Os clientes, ao adquirirem os bens e serviços das empresas, contribuem para sua permanência em um mercado cada vez mais competitivo (CHIAVENATO, 2010). De acordo com Chiavenato (2010), as organizações estão sempre buscando a inclusão de novos parceiros para fortificar seus negócios e expandir suas fronteiras por meio de alianças estratégicas. Entretanto, os parceiros só continuam a investir seus esforços na organização na medida em que obtêm retornos satisfatórios de seus investimentos. As ações recíprocas de parceria, possibilitadas graças ao caráter sistêmico, conferem às organizações um efeito sinergético na reunião dos http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 32 recursos e parceiros para aumentar seus resultados (CHIAVENATO, 2010). O autor salienta ainda que costumeiramente as organizações costumavam privilegiar os parceiros mais importantes, tais como os acionistas e investidores. Essa diferença, entretanto, está sendo ressignificada a partir de uma visão sistêmica na qual todos os parceiros do negócio têm um peso semelhante. Acontece que, nessa nova configuração, o parceiro mais próximo da organização é o empregado, responsável pela realização das atividades organizacionais e, portanto um parceiro a ser bem valorizado (CHIAVENATO, 2010). Outra questão importante levantada por Chiavenato (2010) refere-se à escolha entre tratar as pessoas como recursos ou como parceiras da organização. O autor informa que, quando vistos como recursos, os empregados são tratados de forma padronizada, precisando ser administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle das suas atividades. Contudo, o autor lembra que frente a um ambiente dinâmico altamente competitivo, a organização necessita visualizar as pessoas como parceiras e como fornecedoras de conhecimento,habilidades e competências. A importância do planejamento estratégico de gestão de pessoas Muito provavelmente, você já deve ter percebido que, atualmente, a característica mais marcante no ambiente organizacional é a mudança (ALBUQUERQUE, 2002). As transformações nas empresas, e também na sociedade, são profundas e ocorrem em ritmo acelerado. Resultado disso: as inovações tecnológicas, a globalização da economia e a acirrada competitividade entre as empresas acabam por gerar impactos relevantes sobre a gestão das organizações, sobretudo na área de recursos humanos. Inclusive, para Albuquerque (2002), um dos impactos mais expressivos dessas mudanças diz respeito ao aumento do nível de qualificação e de conhecimento exigidos dos profissionais com implicação direta nos modelos utilizados na sua administração. Perspectiva histórica da gestão estratégica de pessoas http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 33 Albuquerque (2002) também ressalta que a preocupação com a dimensão estratégica tem ocupado um espaço central nas discussões empresariais, nos debates acadêmicos e na literatura de administração. Este fato tem relação com a competição acirrada exacerbada pela globalização social e econômica, bem como com a acelerada revolução tecnológica. O termo estratégia apresenta diferentes definições, configurando, em certo sentido, um processo evolutivo de adaptação das organizações ao ambiente interno e externo. Historicamente, a origem do conceito de estratégia encontra-se no campo militar. A palavra tem origem no grego strategos, arte de um general do exército. No campo da administração, está associada às decisões tomadas em nível organizacional para estabelecerem as condições presentes e futuras da empresa em relação ao ambiente (SOUZA, 1999). Albuquerque (2002) chama atenção para o fato de o termo estratégia ser utilizado sob diversos sentidos: ora significando expectativas e anseios, ora ações prescritivas, ora expressando a perplexidade das pessoas diante das mudanças no ambiente e seus impactos sobre a gestão organizacional. E o que propõe o autor diante disso? Ele defende: faz-se necessária uma discussão dos conceitos de estratégia, gestão estratégica e recursos humanos a partir de uma perspectiva evolutiva. Ainda mais que o campo de estudos da estratégia empresarial é relativamente recente na administração. Sua emergência se deu na década de 1980, consolidando-se, principalmente, na década de 1990. Nessa perspectiva histórica, note que alguns momentos são significativos, conforme Zacarelli (1996, apud ALBUQUERQUE, 2002): • 1965 – ano considerado o marco histórico no estudo da estratégia nas empresas, com o lançamento do livro de Igor Ansoff com ênfase no planejamento estratégico; • década de 1980 – lançamento das obras de Michael Porter, disseminando novos conceitos de estratégia e competitividade no âmbito empresarial e das nações; • década de 1990 – publicação do livro The rise and fall of strategic planning, de Henry Mintzberg, autor renomado na área de administração. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 34 muito produtivo, escrevendo sobre estratégia de Ainda cabe ressaltar que o livro de Mintzberg tornou-se referência sobre o tema, trazendo uma abordagem crítica que abrangia os debates sobre os aspectos humanos envolvidos na formulação e implementação das estratégias empresariais. Você deve estar se perguntando se não houve novas perspectivas e teorias acerca do tema, não é mesmo? A resposta é sim, houve muitas, ainda a partir dos anos 1990. De acordo com Albuquerque (2002), em meados da década de 1990, surgiu a obra Competindo pelo futuro, de Prahalad e Hamel, autores que ampliaram o conceito de estratégia lançando novas caracterizações, tais como arquitetura estratégica e competências essenciais, com o intuito de buscar vantagem competitiva. Mais tarde, nos anos 2000, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, em Safári da estratégia, deram uma importante contribuição para o entendimento do pensamento sobre estratégia. A obra auxilia o leitor a organizar as ideias a respeito dos diversos enfoques no estudo dessa matéria (ALBUQUERQUE, 2002). No livro em questão, os autores fazem uso da notória fábula dos cegos, aqueles que queriam ver o elefante, e a metáfora de um “safári pela selva da administração estratégica”, isto para apresentar a classificação das escolas do pensamento em administração estratégica (as partes do elefante), o escopo de cada uma delas, suas http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 35 limitações e contribuições e seus autores mais representativos. Do trabalho deles resultaram as seguintes visões acerca do tema da estratégia: • design - estratégia como processo de concepção (Silznik e Andrews); • planejamento - estratégia como processo formal (Ansoff); • posicionamento - estratégia como processo analítico (Porter); • empreendedora - estratégia como processo visionário (Schumpeter); • cognitiva - estratégia como processo mental (Simon, March e Simon); • aprendizado - estratégia como processo emergente (Limdblom, Cyert e March, Quinn, Prahalad e Hamel); • poder - estratégia como processo de negociação (Allison, Pfeffer e Solancick, Astley); • cultural - estratégia como processo coletivo (Rhenman e Norman); • ambiental - estratégia como processo reativo (Hannam e Freeman); • configuração - estratégia como processo de transformação (Chandler, Miles e Snow, Mintzberg). Girard (2008) defende que, para Mintzberg, essa diversidade de visões sobre a estratégia é importante para ampliar a visão sobre o tema. Cabe destacar ainda que, na literatura, há estudiosos que afirmam ser a estratégia exclusiva do nível da cúpula organizacional, não havendo formulação de estratégias em nível tático ou operacional. Mas você acha que isso é consenso entre todos os autores? De fato, não existe consenso. Veja o que Mintzberg e outros autores defendem: para muitos, a estratégia ocorre nos três níveis em uma organização e pode ser assim classificada: • estratégia corporativa – possui foco na seleção de negócios da empresa; norteia as estratégias dos níveis hierarquicamente inferiores e tem caráter de longo prazo; • estratégia de negócios – busca desenvolver e manter a vantagem competitiva dos produtos e serviços da organização, por meio da previsão de mudanças no mercado, e da antecipação a estas, e do posicionamento frente http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 36 aos concorrentes; • estratégia funcional – neste nível, diz respeito aos setores e divisões de operação, determinando processos e cadeia de valor, desenvolvendo e coordenando recursos para que as estratégias de negócios sejam executadas com eficiência e eficácia. Se voltarmos ao pensamento de Girardi (2008), podemos verificar que, para ele, a área de recursos humanos tende a ter significativo valor para a estratégia de negócios e para a estratégia funcional da organização, uma vez que busca desenvolver a competitividade, melhorando processos por meio das pessoas. Além disso, a gestão de pessoas é cada vez mais percebida como unidade estratégica, capaz de proporcionar à organização o suporte necessário à consecução de sua estratégia global. Por meio do planejamento estratégico de recursos humanos, a área atua de modo integrado aoplanejamento estratégico da organização, otimizando seus resultados. Segundo Mintzberg (2000, p. 17), estratégia é “uma dessas palavras que inevitavelmente definimos de uma forma, mas frequentemente usamos de outra. Estratégia é um padrão, isto é, consistência em comportamento ao longo do tempo”. Trata-se, conforme o autor, de uma força mediadora entre a organização e o seu meio envolvente: um padrão no processo de tomada de decisões organizacionais para fazer face ao meio ambiente. Acompanhe o que esclarece Girardi (2008) a esse respeito. Para este autor, no Brasil, a partir dos anos 1990, a visão estratégica da área de recursos humanos passou por profundas transformações trazidas pela globalização, elevando a competitividade. Desde então, algumas empresas passaram a mudar sua postura, indo além do controle de custos e da burocracia, atuando por meio de uma gestão estratégica. Nesse sentido, ele ainda cita alguns autores e suas respectivas conceituações de recursos humanos estratégico, como Marras e Ivancevich. Recursos humanos estratégico é “a união da Administração de Recursos Humanos com metas e objetivos estratégicos para melhorar o desempenho da empresa e desenvolver culturas organizacionais que encorajam a inovação e a flexibilidade” (DESSLER, 2003, p. 15). http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 37 Para Marras (2000), a administração estratégica de recursos humanos é a gestão relacionada ao planejamento estratégico da organização, introduzindo em suas políticas mudanças de paradigmas que interferem substancialmente nos seus resultados e perfil cultural. Esta visão integra todas as áreas da empresa, pois se entende que os recursos humanos permeiam toda a organização. E Ivancevich (2008 apud GIRARDI, 2008, p. 30) define gestão estratégica de recursos humanos como “o padrão ou plano que integra os principais objetivos, as políticas e os procedimentos, formando uma unidade coerente” e pondera que “uma estratégia de gestão de RH bem formulada ajuda a agregar e a alocar os recursos da empresa em uma entidade única, com base nos pontos fortes e fracos internos, nas mudanças ambientais e nas ações antecipadas da concorrência”. Perceba então que, de acordo com Girardi (2008), os autores corroboram a atuação global da área de recursos humanos na organização. A estratégia de gestão de pessoas é desenvolvida para ser incluída e considerada no planejamento estratégico da organização. O mesmo autor (2008) ainda complementa escrevendo que a implementação das estratégias é conjunta entre a organização, a área de recursos humanos e as demais áreas da empresa. Desse modo, um plano de recursos humanos com foco estratégico retrata o que é necessário para que a organização alcance os seus objetivos estratégicos, por meio do diagnóstico das políticas, práticas e decisões da empresa, verificando a consistência e a coerência com as atividades de gestão de pessoas. Acompanhe no quadro 1 como se dá a integração da área de recursos humanos à estratégia da organização (GIRARDI, 2008). ESTRATÉGIA DA ORGANIZAÇÃO ESTRATÉGIA DE RH Definição da visão e missão do negócio Definição da visão e missão de RH Análise do ambiente Análise do ambiente de RH Análise das capacidades Análise dos recursos humanos Definição dos objetivos e políticas Definição dos objetivos e http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 38 políticas de RH Elementos críticos Elementos críticos de RH Desenvolvimento da estratégia Desenvolvimento da estratégia de RH Girardi (2008) ainda complementa afirmando que a atuação estratégica da gestão de pessoas torna-se efetiva por meio dos processos de recursos humanos. E ele ainda sustenta que a área de recursos humanos deve ser desenvolvida com base nas demais estratégias organizacionais (DESSLER, 2003 apud GIRARDI, 2008). Veja que, de acordo com essa concepção, a gestão de pessoas como parceira da empresa deve unir seus processos com as práticas de gestão e criar as competências e os comportamentos necessários para realizar as estratégias e os resultados esperados pela empresa. Complementando, cabe destacar que a gestão estratégica de pessoas está relacionada à clareza dos objetivos esperados pela empresa e pelas pessoas. Uma relação que, conforme Dutra (2002), engloba a efetividade nos seguintes aspectos: • planejamento e dimensionamento das pessoas da organização; • definição das necessidades, das políticas e movimentação de pessoas; • posicionamento em relação ao mercado de trabalho; • políticas e práticas de remuneração; • processo de avaliação e orientação das pessoas; • definição das ações e sistema de gestão do desenvolvimento organizacional e das pessoas. Assim, ressalta Girardi (2008): empresas com clareza estratégica envolvem colaboradores e clientes nos seus objetivos e processos. Os colaboradores são envolvidos com a finalidade de fortalecer os valores e os objetivos da organização. Nesse sentido, os sistemas de remuneração e os programas de treinamento que desenvolvam habilidades para a realização da estratégia devem corresponder à visão estratégica da empresa. Além disso, o caráter estratégico da gestão de pessoas possibilita às http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 39 organizações maior foco nas pessoas. E fortalece a interação entre elas e a organização, dentro de um ciclo de aprendizagem com orientação para o alcance dos objetivos organizacionais e, ao mesmo tempo, para os seus próprios (GIRARDI, 2008). Estratégia organizacional no âmbito dos recursos humanos O ambiente empresarial é marcado por extrema competitividade e agilidade. As organizações estão vivendo em um ambiente que tem exigido uma revisão de conceitos e paradigmas. Nesse contexto, como você pode imaginar, torna-se crucial a adequação entre estratégia e a estrutura organizacional. O foco stratégico é a face visível do desempenho da organização, a forma como é avaliada a sua competitividade externa. Assim, a questão do estabelecimento de estratégias por parte de uma organização ganha destaque, em função da otimização dos recursos para a consecução dos objetivos organizacionais. Conforme Girardi (2008), esse contexto transformou a área de gestão de pessoas em atividade integrada às estratégias da organização. Este autor ressalta que, durante anos, a gestão de pessoas não era vinculada aos lucros e resultados corporativos, sendo apenas uma unidade operacional e burocrática. Contudo, as mudanças ambientais trouxeram novos desafios à área de recursos humanos, que passou a agregar valor a processos de intervenção cultural e programas de qualidade, apoiando a empresa com maior eficácia no desenvolvimento das suas estratégias (WOOD JR., 2000 apud GIRARDI, 2008). Veja o que Anthony et al. (1996 apud ALBUQUERQUE, 2002) afirmam: a administração estratégica de recursos humanos apresenta as seguintes estratégias: • reconhece os impactos do ambiente organizacional externo; • reconhece o impacto da competição e da dinâmica do mercado de trabalho; • apresenta foco no longo prazo; • enfatiza a escolha e a tomada de decisão; • considera todas as pessoas da empresa como importantes para a http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 40 consecução dos objetivos; • está integrada com a estratégia corporativa e com as demais estratégias funcionais. Para
Compartilhar