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Inocência paranoica

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Inocência paranoica
“É minha culpa” implica uma ideia de causa. A culpa é aquilo que acontece quando a causa assume forma de erro, falha. Quando a dor não tem sentido, a infelicidade ininteligível se sobressai, assim entra o sentimento de falha, erro. A busca de um culpado é típico de uma sociedade que busca um processo de causalidade. A culpa é a auto-responsaabilização pela falha.
A clínica psicanalítica, contudo, denuncia outros modos de lidar seja com a falha ou com a culpa. Ela pode ser atribuída a outrem. Duas posições são radicalmente postas em questão aqui, e essas mesmas também denunciam a estrutura clínica que os lacanianos supõe existir: a estrutura neurótica e a estrutura psicótica. Ambas estruturam lidam de maneira distinta com a questão desse erro, dessa falha. Enquanto neuróticos se responsabilizam pela culpa, os psicóticos localizam nOutro(com O maiúsculo) a culpa. A localização dessa culpa no Outro, implica em uma inocência por parte do sujeito, título desse trecho do livro.
Utilizamos o livro do Quinet, A psicose e o laço social, para elucidar os três tipos de psicose. Traduzindo Lacan, ele propõe a melancolia, a paranoia e a esquizofrenia como subtipos da psicose.
O Gozo do paranoico, sempre com letras iniciais maiúsculas, remete a esse do tipo que transborda o principio do prazer.
Nas tentativas psicanalíticas de achar em fábulas mitológicas ou em epopeias ou tragédias gregas a base moral para a condição atual do homem, há uma negligência sobre a historicidade e o desenvolvimento da cultura, bem como nos aprisiona num ciclo eterno de repetições obsessivas, tal qual Sísifo ou em algum tipo de sofrimento eterno e corpóreo como o de Prometeus. 
O texto propõe um par de oposição: o paranoico se sente perseguido, acusa sua inocência de forma delirante. Aqui está um dos marcos clínicos de definição para uma estrutura psicótica, do subtipo paranoia. A certeza incontestável dessa inocência frente ao Outro perseguidor.
Pergunta: Como opera o super-ego na psicose?
Citando o texto: “A inocência paranoica correlaciona-se com o fato de que a paranoia identifica o gozo no lugar do Outro, segundo a fórmula lacaniana de 1965. Identificar o gozo no lugar do Outro significa, ao mesmo tempo, localizá-lo nesse lugar e nomeá-lo, dizer o que ele é.”(pg. 59)

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