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Apostila Uroanalise

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA 
 
MANUAL DE UROANÁLISES 
 
# IMPORTÂNCIA: 
 
 Em 1827, Richard Bright introduziu o exame de rotina da urina, conhecido como sumário de urina com sedimentoscopia 
ou EAS (Elementos Anormais e Sedimento), ou exame parcial da urina, que compreende as análises física, química e microscópica da 
urina. Quando realizado adequadamente fornece informações importantes sobre doenças que envolvem os rins e o trato urinário, 
distúrbios do equilíbrio ácido-básico, distúrbios hormonais, início assintomático de hepatopatias e triagem populacional para doenças 
assintomáticas e congênita. É importante também para monitorar a evolução de inúmeras doenças e a eficácia da terapia, 
principalmente em pacientes com nefropatias e ITU. 
A amostra de urina é obtida de maneira indolor, sem risco e com mínimo desgaste para o paciente, portanto o laboratório 
deve tomar bastante cuidado para que essa simplicidade da coleta não provoque erros na realização do exame. Cada laboratório deve 
identificar suas próprias necessidades baseando-se na população avaliada e então selecionar os exames de urina mais adequados e 
procurar orientar cada paciente sobre a importância da coleta da urina correta, seja para o EAS ou para dosagens bioquímicas. 
 
 # FORMAÇÃO DA URINA: 
 
 A unidade funcional do rim, o néfron, é formada por um glomérulo envolvido pela cápsula de Bowman e o túbulo renal 
que se divide em quatro segmentos seqüenciais: o túbulo proximal, a alça de Henle, o túbulo distal e o ducto coletor. A urina é um 
ultrafiltrado do plasma, formada pelos rins, de forma contínua, a partir da filtração nos glomérulos, da reabsorção e secreção a nível 
do túbulo renal. 
 
Tabela 1: Resumo da reabsorção tubular de alguns componentes do ultrafiltrado 
Local Modo de reabsorção Substancias 
Túbulo proximal Transporte passivo H2O, Cl-, K+, uréia 
Túbulo proximal Transporte ativo Na+, HCO-3, glicose; 
Sulfatos, aminoácidos; Proteínas, 
fosfatos; 
Mg++, Ca++, ácido úrico. 
Alça de Henle descendente Transporte passivo H2O, uréia 
Alça de Henle ascendente Transporte passivo Na+, Cl-, uréia 
Alça de Henle ascendente Transporte ativo Na+, Cl- 
Túbulo dista Transporte ativo Na+, Cl-, sulfatos, ácido úrico 
Túbulos coletores (Córtex) Transporte passivo H2O *, Cl- 
Túbulos coletores (Córtex) Transporte ativo Na+** 
Túbulos coletores (Medula) Transporte passivo H2O, uréia 
FONTE: GUYTON, HALL. Tratado de fisiologia médica, 9 ed. 1997. 
x * Sob controle do ADH ( hormônio antidiurético ) 
x ** Sob controle da Aldosterona pelo Sistema Renina - Angiotensina. 
 
Tabela 2: Resumo da secreção tubular de alguns componentes importantes do ultrafiltrado 
Local Substancia 
Túbulos proximais H+, NH3, ácidos fracos e bases 
Alça de Henle ----------------- 
Túbulos distais H+, NH3, K+ 
Túbulos coletores H+ , NH3, K+ 
FONTE: GUYTON, HALL. Tratado de fisiologia médica, 9 ed. 1997. 
 
# COMPOSIÇÃO DA URINA: 
 
 A urina é formada por substancias orgânicas e inorgânicas dissolvidas na água, em concentrações variadas, que sofrem 
influência de fatores como: ingestão alimentar, atividade física, metabolismo orgânico, função endócrina e posição do corpo . A 
uréia é o principal componente orgânico da urina seguido pela creatinina e ácido úrico. O principal componente inorgânico da urina é 
o cloreto, seguido pelo sódio e potássio. Outras substâncias encontradas são: hormônios, vitaminas e medicamentos. A urina contém 
também elementos que não fazem parte do filtrado plasmático, como as células, bactérias, cristais e muco. Quando é necessário 
verificar se um fluido é urina, deve-se analisar quanto ao teor de Uréia e Creatinina, pois essas substâncias se encontram em 
concentrações bem maiores na urina que em outros fluidos orgânicos. 
 
 
 
# VOLUME URINÁRIO: 
iaa-E_-
MANUAL DE UROANÁLISE 2 
 2 
 
O volume da urina depende da quantidade de água excretada pelos rins. Os principais fatores que influenciam o volume 
urinário são: ingestão de líquidos, perda de fluidos por fontes não renais, variações no hormônio antidiurético e a necessidade de 
excretar grandes quantidades de solutos, como a glicose e sais. Com base nesses fatores, tem-se um débito urinário normal entre 1200 
mL a 1500 mL, podendo se considerar como valores normais para o volume urinário, a faixa entre 600 mL a 2000 mL. As principais 
alterações do volume urinário são: 
a) Anúria: é a cessação do fluxo urinário, que pode ocorrer em decorrência da oligúria não corrigida, ou pode ser resultante de lesão 
renal grave ou de uma diminuição do fluxo sangüíneo renal. Abaixo de 200 mL / 24 horas. 
b) Oligúria: é a redução do volume diário normal da urina e acontece quando o organismo entra em estado de desidratação por perda 
excessiva de água, devida a: vômitos, diarréia, transpiração e queimaduras graves. Abaixo de 500 mL / 24 horas. 
c) Nictúria: é o aumento da excreção urinária noturna. Importante: A diurese diurna é duas a três vezes maior que a noturna. 
d) Poliúria: é o aumento do volume urinário diário, acima de 2000 mL / 24 horas. Está associado a Diabetes mellitus e Diabetes 
insípidus. Pode também ser induzido por diuréticos, álcool e cafeína, pois estes reduzem a secreção do hormônio antidiurético. 
e) Polaciúria: Micções freqüentes e volume reduzido. 
 
Tabela 3: Sumário da relação entre o volume de urina excretado nas 24 horas e a idade 
Idade Volume urinário (ml /24 h) 
l a 2 dias de vida l5 a 60 mL 
3 a l0 dias de vida l00 a 300 mL 
2 meses a 1 ano 400 a 500 mL 
1 a 3 anos 500 a 600 mL 
4 a 8 anos 600 a 1000 mL 
9 a 15 anos 800 a 1400 mL 
Acima de 15 anos l000 a l600 mL ou 1500 a 2000 mL 
FONTE: McBRIDE. Textbook of Urinalysis and body fluids. 1998. 
 
# COLETA DE AMOSTRAS: 
 
 A urina pode sofrer alterações tanto in vivo como in vitro, então é importante haver técnicas corretas de coleta da amostra, 
apesar de ser fácil e rápida a obtenção da urina. A análise da urina só fornece resultados confiáveis se excluirmos principalmente duas 
possíveis causas de erro: coleta de material inadequado ao exame solicitado e não conservação da amostra. 
Há três regras importantes com relação aos cuidados com a amostra de urina para o sumário de urina com 
sedimentoscopia: Coletar a amostra em recipiente limpo e seco; O recipiente deve ser devidamente etiquetado com nome do paciente, 
data e hora da coleta. No caso de pacientes internos nas enfermarias de hospital, colocar leito, enfermaria, nome do médico e hospital; 
Entregar no laboratório no prazo máximo de 2 horas, sendo o tempo ideal em torno de 1 hora. 
 
 Recipientes: vidros, plásticos, descartáveis e saquinhos de polietileno transparentes e maleáveis (crianças). Esses 
recipientes de vidro ou plásticos deverão ser lavados, enxaguados e depois secos. Frascos de maionese mal lavados podem contaminar 
a urina com gotículas de gordura detectada no exame do sedimento urinário. Frascos lavados com detergentes e mal enxaguados 
alteram as provas bioquímicas do sumário. Frascos de xarope não devem ser usados pois apresentam positividade para substancias 
redutoras como Benedict e Clinitest. 
 
 Conservação: o espécime colhido para o sumário de urina deve ser examinado o mais rápido possível. A refrigeração é o 
método de conservação mais usado, pois previne a decomposição bacteriana da urina por 12 horas, mas apresenta algumas 
desvantagens, dentre elas, o aumento da densidade da urina devido a precipitação de fosfatos e uratos amorfos, consequentemente 
prejudicando a análise microscópica do sedimento urinário. O conservante químico só deverá ser usado quando a urina for ser 
transportada por grandes distancias, porém o conservante ideal deve ser bactericida, inibir a urease, conservar os elementos 
figurados do sedimento e não deve interferir nas provas bioquímicas. Logo não existe um conservante ideal para a urina utilizada 
para o sumário e o laboratório tem que escolher o que se ajuste melhor às necessidadesde análise solicitada. 
 
Possíveis alterações nos constituintes físicos, químicos e do sedimento da urina não examinada no tempo ideal e não 
conservada: 
1) pH (aumenta, devido à degradação da uréia em amônia por bactérias produtoras de urease); 
2) Glicose (diminui, devido a glicólise e utilização da mesma por bactérias); 
3) Cetonas (diminui devido ser muito voláteis); 
4) Bilirrubina (diminui, por se degradar na presença da luz); 
5) Urobilinogênio (diminui devido a sua oxidação a urobilina); 
6) Nitrito (aumenta, devido a redução do nitrato a nitrito por bactérias); 
7) Proliferação bacteriana (aumenta, pois a urina é um ótimo meio de cultura); 
8) Turvação (aumenta, devido a proliferação bacteriana e possível precipitação de material amorfo); 
9) Hemácias e cilindros (se desintegra principalmente na urina alcalina); 
10) Cor da urina (altera, devido à oxidação ou redução de metabólitos). 
 
 
 
# TIPOS DE AMOSTRAS: 
MANUAL DE UROANÁLISE 3 
 3 
 
x PARA EXAMES DE RASTREIO: 
a) Primeira urina da manhã ou primeira urina ao acordar: ideal para o sumário de urina com sedimentoscopia, pois é 
concentrada e armazenada na bexiga (seu reservatório natural) e para determinar a relação albumina/creatinina ou proteína/creatinina. 
PROTOCOLO DE COLETA: Desprezar o primeiro jato da urina (para evitar contaminação) e coletar todo o volume restante. Se o 
objetivo do exame é pesquisar uretrites, não se despreza o primeiro jato. 
 
 
 
Observações importantes: 
- Se a observação microscópica ficar prejudicada pela quantidade grande de células, deixa-se a urina em repouso para se obter um 
sedimento espontâneo (sem centrifugação) e os elementos encontrados serão multiplicados por 10, pois a urina ficou diluída 1:10 (10 
mL de urina e r 1 mL de sedimento); 
- Não manter relação sexual 24 horas antes da coleta; 
- Em mulheres, não colher durante o ciclo menstrual; 
b) Ao acaso, após 4 horas na bexiga: atualmente está sendo muito usada também para o sumário com sedimentoscopia. 
c) Ao acaso, uma amostra isolada: para observar a fração de excreção do sódio (FENa). Dosa-se o sódio urinário e a creatinina 
nessa amostra e em uma amostra de soro do paciente coletado no mesmo momento da coleta da urina. 
d) Segunda amostra da manhã ou amostra em jejum: para repetir algumas provas, como monitorização da glicosúria. 
e) Pós-prandial (coleta duas horas após a refeição): usada para determinar a capacidade do rim em reabsorver algumas substancias 
frente a uma sobrecarga, como exemplo, glicosúria. 
x PARA ANÁLISE QUANTITATIVA: COLETA COM HORA MARCADA OU MINUTADA 
a) Duas horas: detecção de urobilinogênio e glicose. 
b) Doze horas: Contagem de Addis e dosagem da D- xilose. 
c) Vinte e quatro horas: usada para maioria das dosagens bioquímicas na urina. Os erros que podem acontecer nestes testes 
quantitativos são devido a coleta errada, perda de um espécime, micções freqüentes, conservação inadequada. 
d) Vinte e quatro horas subdivididas a cada 6 horas: Glicosúria fracionada. 
 
PROTOCOLO PARA COLETA DE URINA DAS 24 HORAS: 
 
1- Primeiro dia: As 07h00min da manhã, esvaziar completamente a bexiga, desprezando toda a urina (esta primeira urina não deve 
ser coletada e serve apenas para marcação do horário de início da prova); 
2- Daí em diante, coletar toda a urina produzida durante o dia e noite, colocando em um ou mais frascos fornecidos pelo Laboratório, 
com ou sem conservante de acordo com o exame e quadro de conservantes na tabela 4; 
3- Segundo dia: EXATAMENTE as 07h00min da manhã seguinte, coletar toda a urina e colocar nos frascos que já contém as urinas 
anteriores; Se o exame for Clearance de Creatinina, deverá ser informado ao laboratório o peso e altura do paciente. Este deverá 
comparecer ao laboratório em jejum para colher sangue para dosagem de creatinina sangüínea, quando for entregar a urina. 
4- Identificar os frascos contendo urina e enviar todos ao laboratório para análise, mantendo sob refrigeração até o momento do envio, 
aqueles que não possuem conservantes. Ao chegar no laboratório, essa urina deve ser bem homogeneizada e o volume total medido 
com precisão e registrado. Retirar a alíquota suficiente para desenvolver a técnica, e se necessitar repetir alguma análise. O restante da 
urina pode ser descartado. 
Para a glicosúria fracionada subdivide a urina de 24 horas da seguinte maneira: 1a amostra (6 – 12 h); 2a amostra (12 – 18 h); 3a 
amostra (18 – 24 h); 4a amostra (24 – 6 h). Não despreza a primeira urina do primeiro dia de coleta. 
 
Obs: Orientar o paciente para coletar urina de 24h e se houver a necessidade de conservante, colocá-lo no frasco antes de colocar a 
urina. Quando é criança e o volume é menor que 1000 mL então o laboratório deve calcular a quantidade de conservante. 
 
Tabela 4: Conservantes para urina de 24 horas: 
Analito Apenas refrigerar Ácido bórico HCL Ácido Acético Bicarbonato de 
sódio 
Ácido úrico Não Não Não Não Sim 
Amilase Sim Não Não Não Não 
Cálcio Não Não Sim Não Não 
Cloro Não Não Não Sim Não 
Creatinina Sim Aceitável Aceitável Aceitável Não 
Fósforo Sim Não Aceitável Não Não 
Glicose Sim Não Não Não Não 
Magnésio Sim Não Aceitável Não Não 
Potássio Sim Não Não Não Não 
Proteínas Sim Não Não Não Não 
Sódio Sim Não Não Não Não 
Uréia Sim Aceitável Aceitável Aceitável Não 
 FONTE: DRA KALINE LUCENA 
 
 
 
Quantidades dos conservantes: 
MANUAL DE UROANÁLISE 4 
 4 
Bicarbonato de sódio: 5g / L 
Ácido Acético: 8N - 200 ml / L 
Ácido Bórico: 10 g / L 
Ácido Clorídrico: 50% (6N) - 20 ml / L 
 
DÚVIDAS FREQUENTES: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x PARA EXAMES BACTERIOLÓGICOS: 
 
 Orientar rigorosa higiene com água e sabão, na genitália externa, para homens, mulheres e crianças, com posterior enxágüe 
com água para retirar o excesso de sabão. Secar a genitália com papel, gaze ou toalha limpa. Desprezar o início da micção e colher 
cerca de 10 mL do jato médio, em frasco estéril. Manter o material colhido em condições ambientais no máximo por 1 hora e, se sob 
refrigeração, por até 4 horas. Não é necessária a primeira urina do dia, no caso de infecções agudas pois devido a freqüência 
miccional, nesses casos, torna-se impossível definir a primeira urina. 
O material colhido deve ser bem definido: 
URINA DE JATO MÉDIO: 
Usado preferivelmente para diagnosticar cistites e pielonefrites, pois o início e o fim da micção trazem numerosas bactérias da uretra 
e da junção uretrovesical, respectivamente. 
URINA DO JATO INICIAL: 
Interessante para pesquisa de Trichomonas vaginalis e Candida albicans, em observação direta a fresco, no microscópio. 
SECREÇÃO URETRAL: 
Coleta com alça de metal ou platina introduzida no canal uretral. 
PUNÇÃO SUPRAPÚBICA: 
Material indispensável para culturas de anaeróbios, já que a presença normal destes na uretra inviabiliza a cultura de urina obtida por 
micção espontânea. 
CATETERISMO: 
Torna-se indispensável observar o tempo de cateterização do paciente, pois períodos superiores a 72 horas levam a colonização do 
plástico, provocando isolamento de bactérias do catéter, mascarando o isolamento de bactérias da bexiga e dos rins. 
SACO COLETOR: 
Prática comum em crianças, mas que deve ser desestimulada, pois os sacos coletores podem vir contaminados por Proteus, uma vez 
que, o raio gama que esteriliza esse material não erradica eficientemente esses microorganismos. 
 
# SUMÁRIO DE URINA COM SEDIMENTOSCOPIA / EAS (Elementos anormais e sedimento): análise física, análise química 
e análise microscópica. 
Protocolo para rotina do sumário de urina: 
1o. Propriedades físicas: Cor - Odor - Aspecto – Densidade; Fazer a prova da espuma sempre que a urina apresentar cor escura a 
âmbar. 
2o. Testes químicos: pH - Proteína - Glicose - Nitritos - Sangue – Leucócitos - Cetonas - Bilirrubina - Urobilinogênio 
3o. Exame microscópico: Células - Leucócitos - Hemácias - Cilindros - Cristais - Fios mucosos - Outras estruturas e pesquisar o 
dismorfismo eritrocitário glomerular. 
 
1. ANÁLISE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DA URINAAs características físicas fornecem informações primárias em relação aos distúrbios relacionados com hemorragia 
glomerular, hepatopatias, erros inatos do metabolismo e infecções do trato urinário. A densidade é importante na avaliação da 
reabsorção tubular. Os caracteres físicos também são importantes para confirmar e / ou explicar achados na tira reativa e na 
microscopia. O volume dessa primeira urina não precisa ser registrado no resultado do sumário, pois não representa toda a micção do 
paciente e o volume urinário importante é o das 24 horas que serve para avaliar a filtração glomerular. 
 
 
1.1. COR: 
1- Devo aumentar o consumo de água, ou mudar a dieta no período de coleta? 
R: Não. Você deve manter o consumo de líquidos e dieta como de hábito. 
2- Se perder a coleta de um determinado horário do dia ou noite, posso continuar a coleta e somente informar o Laboratório? 
R: No caso de perda de um volume em qualquer horário após o início da prova, esta deve ser imediatamente interrompida e os 
volumes já coletados descartados. Começar novamente a coleta no dia seguinte em frascos limpos. 
É importante lembrar que o volume total entra nos cálculos do resultado e, portanto a perda de um volume interfere diretamente no 
resultado final. Algumas pessoas têm dificuldade em coletar a urina durante seus afazeres diários (ambiente de trabalho, viagem..). 
Aconselha-se, que a coleta seja feita no final de semana, em casa, iniciando no domingo e terminando na segunda-feira. 
3- Se estiver usando medicamento, deve parar? 
R: Não. Somente seu médico pode suspender uma medicação, mas é muito importante que o Laboratório seja informado para que 
possa relatar no laudo final. 
4- Posso ingerir bebidas alcoólicas durante a coleta? 
R: Não. O álcool inibe o hormônio antidiurético aumentando o volume urinário e consequentemente interferindo no resultado. 
MANUAL DE UROANÁLISE 5 
 5 
 
 A cor da urina depende do seu conteúdo em pigmentos e suas variações podem ser devidas às funções metabólicas 
normais, atividade física, ingesta abundante de líquidos ou de dietas secas, sudorese profusa, vômitos, diarréias ou condições 
patológicas. A cor normal (Amarelo claro) é devida a um pigmento chamado Urocromo, pequenas concentrações de urobilina e 
uroeritrina. O urocromo é um pigmento lipossolúvel, produto do metabolismo endógeno que é encontrado no plasma e excretado na 
urina. A terminologia usada para descrever a coloração da urina pode variar de um laboratório para outro, mas as diferenças devem 
ser bem pequenas. 
Nas patologias tireoideanas e no jejum prolongado a quantidade de urocromo aumenta, bem como na urina que permanece 
à temperatura ambiente. O urocromo é eliminado constantemente e a intensidade da cor varia de amarelo citrino (amarelo pálido) na 
urina diluída ao amarelo escuro numa urina concentrada. As variações no estado de hidratação do organismo provocam as diferenças 
na cor amarela da urina e que são consideradas normais. 
Variações da cor: As descrições mais freqüentes são Amarelo citrino (quase incolor), Amarelo claro, Amarelo escuro e 
Amarelo âmbar. 
A observação de bolsa de coleta em pacientes hospitalizados ajuda a detectar, pela coloração anormal, alguma patologia 
onde é necessário que a urina fique em repouso para a coloração aparecer. O uso de medicamentos também provoca o aparecimento 
de cor anormal. Os fenóis e seus derivados produzem urina verde quando se oxidam. 
 
 
1.2. ASPECTO (TURBIDEZ): 
 Este termo se relaciona com a transparência da amostra de urina. A terminologia para descrever o aspecto é a seguinte: 
límpida, semiturva, turva, leitosa quando for necessário. 
 A urina normal recém eliminada geralmente é límpida, mas pode aparecer certa opacidade sob a forma de névoa branca, 
causada pela precipitação de uratos amorfos, fosfatos amorfos e carbonatos. Os principais responsáveis pela turvação da urina são: 
hemácias, leucócitos, células epiteliais, bactérias e cristais amorfos. Além desses, os lipídios, muco, outros cristais (oxalato de cálcio, 
ácido úrico), leveduras, matéria fecal e contaminação com talco e contraste radiográfico. A turvação da urina ácida, às vezes ocorre 
em forma de pó de tijolo devido ao acúmulo de um pigmento róseo, UROERITRINA (que é também um pigmento normal da urina), 
sobre a superfície de cristais. 
 As causas de turvação da urina podem ser esclarecidas por testes bioquímicos simples, como exemplo, a adição de 
algumas gotas de ácido acético diluído elimina a turvação por cristais amorfos e carbonatos, porém dissolve as hemácias; algumas 
gotas de éter dissolvem os lipídios, linfa e o quilo; os uratos amorfos e ácidos úricos são termossolúveis; os leucócitos, bactérias, 
leveduras e espermatozóides são insolúveis em ácido acético diluído; 
 
1.3. DENSIDADE: 
Para manter a homeostase dos fluidos corporais e dos eletrólitos, os rins variam o volume da urina excretada e a 
concentração de solutos na urina. Normalmente a urina formada é mais concentrada que o plasma. A incapacidade de produzir uma 
urina concentrada é muitas vezes o primeiro sinal de doença renal ou então de deficiência do hormônio antidiurético ou de seus 
receptores. A osmolaridade é a medida do número de partículas em solução e reflete melhor do que a densidade, a capacidade de 
concentração renal. 
A densidade é a medida da massa de uma solução comparada com a massa de um volume igual de água, na mesma 
temperatura. A sua observação tem como objetivo: avaliar a capacidade de reabsorção tubular, detectar possível desidratação ou uma 
anormalidade no hormônio antidiurético. Quando se verifica a densidade urinária está se medindo a densidade das partículas 
dissolvidas na amostra, por isso a densidade sofre interferência tanto do tamanho quanto do número de partículas presentes. A urina 
possui cerca de 96,7 % da sua composição em água e 3,65 % de substancias iônicas e não iônicas, por isso a densidade é maior que a 
da água, variando na faixa de 1,003 a 1,030 (tendo como faixa considerada normal 1,015 a 1,025). Em caso de hidratação excessiva a 
densidade pode chegar a 1,001. A densidade da água é 1,000. 
 Métodos para se medir a densidade: maneira direta (picnômetro, queda de gota, urodensímetro) ou de maneira indireta 
(refratômetro e tiras reagentes). 
a) Picnômetro / Tubo Oscilatório: por um longo tempo o picnômetro foi o único método preciso para determinação da densidade 
e por este motivo, muitas normas ainda referenciam em suas linhas este método; Picnômetros são sempre utilizados com balanças 
para determinar a massa de uma amostra volumétrica. A densidade da amostra é simplesmente a massa dividida pelo volume. 
Cor da urina Significado clínico 
Amarelo claro Cor normal da urina 
Amarelo citrino Pode ser: Diabetes insípidus; poliúria. 
Amarelo escuro ou âmbar com espuma amarela após agitação* Presença de hematúria, bilirrubina*. 
Urina de cor rosada, vermelha ou negra Hemoglobina / mioglobina; beterrabas frescas produzem urina 
vermelha em certas pessoas geneticamente susceptíveis; uratos 
(principalmente o sedimento da urina fica rosado) e fenolftaleína. 
Urina alaranjada Piridina; excesso de urobilina; pequena quantidade de bilirrubina. 
Urina castanha; marrom escura ou preta Pode ser: por alimentos pigmentados, medicamentos, vitaminas 
presença de porfirinas, melaninas ou alcaptonúria e adulto por 
câncer de bexiga. 
Amarelo vivo (ouro) Pode ser devido à riboflavina 
Amarelo esverdeado, azul ou verde Pode ser: azul de metileno, fenóis, biliverdina e Pseudomonas 
aeruginosa. 
Urina de cor branca, bem turva Quilomicrons, pus, filariose e hiperlipemia do tipo III. 
MANUAL DE UROANÁLISE 6 
 6 
Densímetros digitais estão hoje substituindo este método porque oferecem uma gama muito grande de vantagens quando comparado 
ao método tradicional. 
 
b) Urodensímetro: formado por uma bóia com peso ligado a um suporte com régua calibrada para densidade = 1.000 a 1.040. É 
calibrado na maioria das vezes, à temperatura de 20oC e baseia-se noprincípio da flutuação, de modo que o aparelho flutue mais alto 
na urina que na água, pois a bóia pesada desloca um volume de fluido igual ao seu peso, sendo projetada para afundar até um nível de 
1,000 em água destilada. O nível até onde o urodensímetro afunda, representa a massa da amostra ou densidade. 
Técnica: homogeneizar a urina e colocar numa proveta. Se houver formação de espuma, após a homogeneização, deve-se 
retirá-la com papel de filtro antes de colocar o urodensímetro, pois a mesma interfere na leitura, pois impede a visualização do 
menisco. Aspectos a serem observados durante a medição: calibração do aparelho a 20o.C, se a temperatura estiver acima ou abaixo 
dessa calibração deve-se adicionar ou subtrair 0,001 unidades de densidade para cada 3o.C, respectivamente. Deve-se subtrair 0,003 
unidades de densidade para corrigir a leitura na presença de glicose e /ou proteínas na concentração 000de 1 g%; 
 Exemplos de correção da densidade obtida pelo urodensímetro: Uma amostra de urina a temperatura de 26oC apresenta 
densidade de 1.020, então a leitura corrigida será: 26oC - 20oC = 6oC então 6o : 3o x 0,001 = 0,002. Logo a densidade corrigida será 
1,020 + 0,002 = 1,022. Se a temperatura se encontrasse abaixo de 20oC então seria subtraído 0,001 para cada 3oC. 
Interferentes: Observação de valores elevados na presença de contrastes radiográficos; Necessita de limpeza após cada 
medição; O aparelho não deve ficar em contato com o fundo do tubo e nem com os lados da proveta, devendo ser colocado na proveta 
com movimentos giratórios. Se a densidade da urina for mais alta que o último valor da escala do aparelho, deve-se diluir a urina e 
multiplicar o resultado pelo fator de diluição; Correção da leitura de acordo com a temperatura, concentração de glicose e de 
proteínas; Volume mínimo de urina necessário é em torno de 15 ml, dificultando a análise em amostras de crianças. 
 
c) Refratômetro: 
 
 
d) Tira reativa: Esse método baseia-se na troca de pKa de polieletrólitos tratados previamente em relação a concentração iônica. 
Mede o peso específico da urina relacionado com a concentração iônica da mesma. Esses polieletrólitos da área reativa contêm grupos 
ácidos que se dissociam de acordo com a concentração iônica da urina, ou seja, quanto mais íons existam na urina, maior o número 
de grupos ácidos que se dissociam liberando H+, modificando o pH. Quanto mais elevada a densidade da urina, mais ácida será a área 
reativa. 
As cores da fita variam desde o azul intenso em urinas de baixa concentração iônica ao amarelo em urinas de maior concentração 
iônica. Os blocos de cores têm incrementos de 0,005 para leituras de densidade entre 1,000 a 1,030. Não é necessário descontar os 
valores obtidos em urinas com glicose, proteínas, contraste radiográfico e temperaturas. O volume da urina utilizado é mínimo. 
Interferentes: pH acima de 6,5 ou 7,0 deve-se adicionar à densidade 0,005 unidades de densidade porque o indicador desta área da 
tira é o azul de bromotimol que em urinas alcalinas tende a deixar os blocos de densidade azulados. Obedecer aos tempos de leitura 
recomendados na tira reagentes. A glicose e uréia superiores a 1% podem baixar a densidade enquanto que a presença de proteínas 
em quantidades moderadas pode aumentar a densidade. As urinas com contraste radiográfico apresentam uma densidade baixa 
porque o iodo do contraste não está no estado iônico e, portanto não reage com o reativo. 
 
OSMOLALIDADE: A osmolalidade é a medida do número de partículas em solução e reflete a capacidade de concentração e 
diluição renal melhor que a densidade, pois na sua determinação, o sódio, o potássio e a uréia contribuem igualmente ao passo que na 
densidade a uréia (por ter um peso molecular maior) contribui mais. Ela só depende do no de partículas presentes em solução 
enquanto a densidade depende do no e peso dos solutos. Ainda não está incluída na rotina do laboratório, pois as técnicas não são de 
fácil execução. O método mais utilizado é por crioscopia e os valores normais no adulto normal variam de 250 a 900 mosmol 
/kg/H2O. 
Correlações clínicas da densidade: A densidade do filtrado plasmático é 1,010. Então a condição clínica em que a densidade da 
urina é igual a do plasma é chamada Isoestenúria. Quando está abaixo de 1,010 é chamada Hipoestenúria e acima de 1,010 é 
Hiperestenúria. 
 
1.4. ODOR: 
 A urina normal e recém emitida possui um odor característico devido a presença de ácidos voláteis. Com o 
envelhecimento, a urina da infecção urinária pode adquirir odor amoniacal devido a transformação de uréia em amônia, pelas 
bactérias. As causas de odores não comuns são: 
x Infecções bacterianas =odor amoniacal forte, fétido (ou nauseabundo: Ca de bexiga), fecalóide (devido a fístulas) ou pútrido. 
x Diabetes = odor adocicado ou de frutas. 
x Anormalidades metabólicas = odor de xarope de bordo, odor de urina de rato, odor de clorofórmio (Ác. Homogentísico). 
Princípio: Este aparelho mede a densidade com base no índice de refratividade (relação entre a velocidade da luz no ar e a 
velocidade da luz na solução). O raio de luz se desvia ao penetrar na solução e o grau de refração é proporcional ao peso específico 
da solução. 
Técnica: zerar o aparelho com água destilada, homogeneizar a urina e colocar 1 gota sobre o prisma. Focalizar o aparelho em lugar 
de boa iluminação, ler diretamente a partir da escala da densidade (escala da direita). O prisma e sua cobertura devem ser limpos a 
cada análise. A calibração é feita com mais freqüência com água destilada gelada (r 15,5 oC), cuja escala fica ajustada em 1,000 
utilizando a rosca de ajuste do aparelho. Além dessa calibração, há a calibração feita com NaCl a 5% gelado, cuja leitura (após zerar 
com água destilada) deve ficar em torno de 1,022 + 0,001. 
Interferentes: Este índice de refração varia com a temperatura, mas o refratômetro já vem termocompensado entre 15,5 oC a 37,7 oC, 
logo não precisa fazer correções dentro desses limites. Alguns interferentes: Temperatura fora dos limites citados acima; ambiente 
sem boa iluminação; aparelho não calibrado adequadamente. 
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x Medicamentos: odor medicamentoso. 
 
1.5. ESPUMA: não precisa colocar no resultado do exame. 
 A urina recente e normal quando agitada, produz uma espuma branca que desaparece rapidamente. Quando há presença de 
proteínas em concentração significativa, formará espuma branca abundante após agitação e esta não dissolverá facilmente. Se a urina 
for de cor escura a âmbar e quando agitada formar espuma amarela indica a presença de bilirrubina. Lembrar que nenhum outro 
pigmento deixa a espuma amarela. 
 
 
 
2. ANÁLISE DOS CONSTITUINTES QUÍMICOS DA URINA 
 
 Atualmente as tiras reativas são responsáveis pelo exame bioquímico da urina, analisando os parâmetros: pH, proteínas, 
glicose, sangue (hemoglobina), cetonas, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, esterases leucocitárias e a densidade (já vista nos 
caracteres físicos). Além dessas provas na tira reativa, também se faz a pesquisa proteínas pela precipitação com ácidos e a pesquisa 
de substancias redutoras (essa em crianças abaixo de 3 anos). As tiras reativas são compostas de pequenos quadrados de papel 
absorvente impregnados com substâncias químicas, ligados a uma tira de plástico. Quando esta tira entra em contato com a urina 
ocorre a reação química e as cores resultantes são comparadas com uma tabela de cores fornecida pelos fabricantes. 
Técnica de uso da tira reativa: 
Mergulha-se a tira, completa e rapidamente, na amostra de urina homogeneizada. Remover o excesso de urina encostando 
a borda da tira em papel absorvente, comparar a cor da tira com a tabela de cores. O uso incorreto da tira provoca erros graves, por 
isso deve-se observar o seguinte: 
x Não deixar a tira mergulhada na urina por muito tempo, pois ocorre a retirada dos reagentes da tira. 
x Não deixar excesso de urina na tira, pois pode ocorrer passagem de uma substância química para os quadradosadjacentes, 
produzindo distorções nas cores. 
x Recomenda-se manter a tira sempre na posição horizontal no momento que se comparam as cores da tira com a tabela de cores. 
x Observar o tempo necessário para que haja as reações, que variam conforme o teste e o fabricante, indo da reação imediata para o 
pH até 120 segundos para os leucócitos. 
x Manter o laboratório com boa iluminação para facilitar a precisão na interpretação das cores. 
OBS: “A automação em uroanálise não melhora a metodologia bioquímica das tiras reativa, porém possibilita uma melhor 
reprodutibilidade dos testes e uma melhor discriminação das cores”. 
 
2.1. pH: 
O pH urinário é importante porque auxilia na determinação dos distúrbios eletrolíticos sistêmicos de origem metabólica ou 
respiratória e no tratamento de problemas urinários que exijam a manutenção de um determinado pH. O pH urinário tem significado 
clínico importante em: 
x Acidose metabólica ou respiratória 
x Alcalose respiratória ou metabólica 
x Anormalidades na secreção e reabsorção de ácidos e bases pelos túbulos renais 
x Precipitação de cristais e formação de cálculos 
x Tratamento das infecções do trato urinário 
x Determinação de amostras insatisfatórias 
Deve se utilizar urina recente, pois quando a urina fica em repouso, o pH tende a subir devido a perda de CO2 ou por 
contaminação bacteriana (produção de amônia a partir da uréia). 
Métodos para verificar o pH: o potenciômetro, o cálculo da ácidez titulável da urina, porém o mais utilizado é o método da 
tira reativa. Este método utiliza dois indicadores, o vermelho de metila e o azul de bromotimol, que formam uma escala do pH de 5,0 
a 8,5 ou 9,0 com uma escala de cores variando do alaranjado -> amarelo -> verde -> azul. Há também o papel indicador universal 
onde a escala de pH varia entre 0 e 14. O resultado deve ser informado em valores numéricos, mas alguns laboratórios fornecem a 
reação da urina (ácida, neutra e alcalina). 
Embora um indivíduo sadio produza a primeira urina da manhã com um pH levemente ácido (entre 5,0 e 6,0), o pH 
normal das outras amostras do dia pode variar de 4,5 a 8,0. Portanto, os valores normais do pH urinário devem ser considerados 
juntamente com outras informações de cada paciente, tais como: função renal do paciente, valor do equilíbrio ácido-básico do sangue, 
presença de Infecção do Trato Urinário (ITU), ingestão de alimentos e tempo de coleta da amostra. 
Interferentes: restos de detergente em frascos mal lavados, excesso de urina na tira. 
 
2.2. PROTEÍNAS: 
A urina normal contém quantidade muito pequena de proteínas variando em geral menos de 10 mg/dl ou até 0,15 g/24h. 
Esta excreção consiste principalmente de Proteínas séricas de baixo peso molecular (microglobulinas séricas como a beta2-
microglobulina, alfa1-microglobulina, microalbumina, proteína fixadora do retinol), filtradas seletivamente pelos glomérulos; 
Proteínas produzidas no trato urogenital; Microglobulinas tubulares (proteína de Tamm - Horsfall); Proteínas das secreções 
prostáticas, seminais e vaginais. 
A determinação das proteínas é muito importante como indicativo de doença renal, mas existem estados fisiológicos, como 
a febre e o exercício físico, que aumentam a excreção de proteínas na urina sem está havendo uma enfermidade renal. No entanto, se a 
pesquisa de proteínas for feita numa amostra ao acaso, nem sempre é causa patológica pois há causas não renais ou fisiológicas de 
proteinúrias. 
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 Há as proteinúrias transitórias que são, em geral, benignas e podem ser causadas por exposição a febre alta, frio, exercício 
vigoroso, desidratação e na fase aguda de algumas doenças. No último trimestre da gravidez, a presença de proteinúria é indicativa de 
estados de pré-eclâmpsia. A proteinúria benigna sempre desaparece quando passa o problema que a causou, mas existe a proteinúria 
ortostática ou postural, que é persistente e acomete adulto jovem, porém é benigna. Essa proteinúria deve ser pesquisada na urina 
coletada do paciente logo que ele levantar pela manhã (proteinúria negativa) e em outra amostra após ele ficar cerca de 2 horas ou 
mais em pé (proteinúria positiva). 
As principais causas patológicas de proteinúria são: lesão da membrana glomerular (distúrbios por imunocomplexos, 
amiloidose, agentes tóxicos); distúrbios que afetam a reabsorção tubular das proteínas filtradas e aumento dos níveis séricos de 
proteínas de baixo peso molecular de origem sérica (proteína de Bence Jones) ou tubular. 
“A alteração da filtração glomerular tem origem na modificação estrutural da membrana basal e é controlada por dois 
parâmetros principais: o primeiro é o diâmetro dos poros e o segundo é a carga elétrica (que é negativa devido a presença dos 
glicosaminoglicanos sob a forma de sulfato: glicosamina e heparan). As proteínas de carga elétrica negativa são repelidas. Outra 
causa seria o aumento da pressão intraglomerular”. 
Em pacientes diabéticos ocorre a excreção de pequenas, mas constantes, quantidades de albumina, a microalbuminúria, 
dosada por métodos imunológicos, que pode detectar quantidades muito pequenas como 30mg/ dl (0,03 g/dl). O resultado da 
microalbuminúria é importante como diagnóstico precoce da nefropatia diabética e monitoramento da função renal na gravidez da 
mulher diabética, principalmente nas de alto risco para prevenção da eclâmpsia. 
As provas seletivas para proteinúria baseiam-se no princípio do “Erro protéico dos indicadores” ou na capacidade que tem 
as proteínas de precipitarem com ácido ou calor. Recomenda-se que sejam realizadas, uma prova com a tira reativa (mais sensível à 
albumina) e uma com ácido e/ou calor que é sensível a todas as proteínas. 
 
# Testes de precipitação para proteínas: Diferentes concentrações de Ácido Sulfossalicílico (ASS), tem sido usadas em testes 
qualitativos e quantitativos para proteínas urinárias e proporcionam diferentes resultados. 
 
1. Prova com ácido sulfossalicílico a 10%: segundo CUNHA, Nadilson S. 
Princípio: precipitação e turvação das proteínas, por ação de ácido. 
Técnica: centrifugar a urina e a seguir colocar em média 5ml desta urina em um tubo de ensaio e adicionar 3 a 5 gotas do ácido 
sulfossalicílico a 10%, observando a turvação e precipitação das proteínas. 
Interpretação: 
x Negativa = a solução atravessa a urina sem alteração; 
x Traços = a solução forma uma nuvem tênue situada só na parte superior da urina, muitas vezes não detectada de imediato, por isso 
deve-se aguardar 3 minutos para dar o resultado. Ter o cuidado de sempre comparar com um pouco da urina centrifugada onde não 
foi colocado ácido. 
Interpretação: 
 1 + = a solução, em contato com a urina, forma uma nuvem tênue que desce lentamente; 
 2 + = a solução, em contato com a urina, forma uma nuvem espessa que cai lentamente; 
 3 + = a solução, em contato com a urina, forma grumos de precipitação lenta; 
 4 += a solução, em contato com a urina, forma espesso grumo de precipitação rápida. Algumas vezes há uma forte precipitação em 
forma de coágulos brancos que não descem muito rápido. 
 
2. Prova com ácido sulfossalicílico a 10%: segundo QUEIROZ, M.G.R., ALENCAR, N.M.N., MELO, C.L. – RBAC –4 , v. 32 –
2000. 
Princípio: precipitação e turvação das proteínas, por ação de ácido. 
Técnica: homogeneizar a urina e centrifugar cerca de 10 mL a 1500 rpm durante 5 minutos. Em seguida transferir 1 mL dessa 
urina para um tubo de ensaio e pipetar 1 mL de ácido sulfossalicílico a 10%, colocando-o com uma pipeta até o fundo do tubo onde 
está a urina, deixando o ácido escorrer lentamente sem agitação. Observar o aparecimento ou não de um anel esbranquiçado entre a 
urina e o ácido, de intensidade diretamente proporcional à concentração de proteínas na amostra analisada. 
Interpretação: 
 
 
 
 
 
Fraca turvação: (1 +) 
 
Ausência de turvação: Proteinúria negativa 
 
Discreta turvação sem formação de anel: Traços 
 
Moderada turvação: (2 +) 
Intensa turvação:(3 +) 
Intensa turvação com precipitação: (4 +) 
 
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3. Prova com ácido sulfossalicílico a 3%: segundo HENRY, John B., LAUZON, Reginaldo B., SCHUMANN, G. B, 1999. 
O espécime deve ser centrifugado antes. 
Procedimento: Em um tubo de ensaio, colocar aproximadamente 3 mL de urina centrifugada e igual quantidade de ASS a 3%.. 
Misturar por inversão. Repousar por 10 minutos. Inverter novamente e usando a luz do ambiente (não usar lâmpada), observar o grau 
de precipitação e classificar de acordo com a descrição abaixo: 
Interpretação: 
Negativa: não turbidez ou não aumento da turbidez (no caso da urina está turva): significa que esta amostra tem aproximadamente 
0,005 g/dL ou menos. 
Traços: turbidez perceptível: aproximadamente 0,020 g/dL. 
1 + : turbidez sem granulação: aproximadamente 0,050 g/dL. 
2 + : turbidez com granulação e sem floculação: aproximadamente 0,20 g/dL. 
3 + : turbidez com granulação e floculação: aproximadamente 0, 5 g/dL 
4 + : grumos de proteínas precipitadas ou um precipitado sólido: aproximadamente 1,0 g/dL ou mais. 
 
4. Teste de Heller: 
Princípio: desnaturação das proteínas por ácido forte. 
Técnica: em tubo de ensaio, colocar 5ml de urina (centrifugada) e adicionar lentamente 1ml de ácido nítrico concentrado no fundo do 
tubo. 
Interpretação: formação de anel branco na separação entre os 2 líquidos = Proteínas 
x Formação de anel esverdeado = pigmentos biliares 
x Formação de anel branco acima da superfície de separação = Pseudoalbumina 
x Formação de anel vermelho ou violáceo = urina normal. 
 
5. Teste da tira reativa: 
Princípio: estas provas utilizam o “erro protéico dos indicadores pelas proteínas” para produzir uma reação de cor visível. Isto ocorre 
devido à existência de certos indicadores que mudam de cor na presença ou ausência de proteínas, embora o pH do meio fique 
constante. Dependendo do fabricante os indicadores são: azul de tetrabromofenol, verde de bromocresol e 3’3”, 5’, 5”- 
tetraclorofenol- 3,4,5,6-tetrabromosulfonaftaleína e um tampão de ácidos para manter o pH constante. 
Em pH entre 3 - 4 os indicadores permanecem amarelos na ausência de proteínas. Quando há proteínas então a cor vai 
variando, passando por vários tons verdes até a cor azul. A interpretação da cor varia desde negativo até traços, 1 +, 2 +, 3 +, ou 4 
+.Este procedimento das tiras reativas tem alta sensibilidade à albumina, proteína excretada principalmente em conseqüência de 
danos ou enfermidades glomerulares. As demais proteínas como as gamaglobulinas, as glicoproteínas, a ribonuclease, a lisosima, a 
Hb, a mucoproteína de Tamm-Horsfall, a proteína de Bence-Jones é detectada com menor facilidade que a albumina. Por isso deve-se 
fazer sempre uma prova comprobatória com ácido ou calor. 
 
Principais interferentes: 
# Reação falso - positiva: 
Método da tira reativa 
x Urina muito alcalina = anula o sistema de tamponamento. pH> 7: 
x Erro técnico = permanência da tira em contato com a urina por muito tempo. Isto provoca remoção do tampão. 
x Contaminação da amostra com compostos de amônia quaternária e os detergentes. 
Método do ácido sulfossalicílico 
x Com qualquer substancia que precipite com ácidos, como os corantes radiográficos, metabólitos da tolbutamida, cefalosporina, 
penicilinas e sulfonamidas. 
 
# Reação falso-negativa: 
Método da tira reativa 
x Concentrações elevadas de sais reduzem a sensibilidade das tiras. 
Método do ácido sulfossalicílico 
x Urina muito alcalina fornece resultados falso-negativos, pois o pH elevado interfere na precipitação (o contrário do que ocorre 
com a tira reativa). 
OBS: Os testes de precipitação devem ser realizados com urina centrifugada para retirar alguma turvação. 
 
2.3. GLICOSE E SUBSTÂNCIAS REDUTORAS: 
A glicosúria é um dos testes mais solicitados na análise bioquímica devido a sua utilidade na detecção e controle do 
Diabetes mellitus. É muito utilizado em programas preventivos de saúde pública, auxiliando no diagnóstico precoce do diabetes. O 
uso da tira reativa, de tabletes e do Benedict são métodos disponíveis, que podem ser utilizados pelos pacientes no controle diário da 
glicosúria, em suas casas. 
A glicose filtrada no glomérulo é reabsorvida normalmente no túbulo contornado proximal, por isso a urina contém 
quantidades mínimas de glicose que não é detectada no exame de rotina. Essa reabsorção ocorre por transporte ativo devido às 
necessidades do organismo em manter a glicose em concentração adequada para o desenvolvimento normal do metabolismo. O nível 
sangüíneo normal em que cessa a reabsorção tubular chama-se limiar renal, quando este é ultrapassado então aparece glicose na 
urina em concentrações significativas. Para a glicose o limiar renal situa-se entre 160 a 180 mg/dl, acima destes valores já se encontra 
glicosúria. 
A coleta controlada de urina é de fundamental importância para a realização da glicosúria. O paciente pela manhã, esvazia 
a bexiga e coleta a segunda amostra. Isto se faz porque a primeira urina do dia (p/ o sumário com sedimentoscopia) contém tudo o 
que se acumulou na bexiga da noite anterior, proveniente do jantar, que pode ter alimentos ricos em açúcares. 
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A glicosúria deve ser sempre realizada juntamente com a glicemia para se determinar com certeza se é um diabetes 
mellitus. Existem casos de glicosúria que aparecem em situações benignas, tais como: após ingesta de grandes quantidades de açúcar 
(pós-prandial); no final da gravidez (pré-diabético); pacientes em uso de drogas, tiazidas e corticosteróides; stress emocional. Há 
outras situações patológicas, além do diabetes mellitus, onde aparece a glicosúria: Diabetes insípidus (glicosúria renal); Reabsorção 
tubular deficiente (Síndrome de Fanconi, doença renal avançada); Lesões do SNC (causada por tumores e/ou distúrbios glandulares 
na hipófise); Gravidez com possível diabetes mellitus latente. 
 
Testes químicos para glicosúria: 
 
1. Teste da tira reativa: glicose oxidase: específico para GLICOSE. 
A tira reativa emprega o método da glicose oxidase, onde a área do teste é impregnada com a glicose oxidase, peroxidase, 
cromogênio e tampão que produzirá uma reação enzimática dupla, em seqüência: primeiramente, a glicose oxidase catalisa a reação 
entre a glicose e o ar produzindo ácido glicurônico e peróxido de hidrogênio. A seguir, a peroxidase catalisa a reação entre o peróxido 
e o cromogênio para formar um composto colorido que indicará a presença da glicose. Os principais cromogênios usados pelos 
fabricantes são: complexos de iodeto de potássio e tetrametilbenzidina. A sensibilidade deste teste foi estabelecida na faixa de 50 à 
100mg/dl e abaixo dessa concentração não se detecta glicosúria. 
x Interpretação: a glicosúria pode ser registrada como traços, 1 +, 2+, 3+, 4+, mas a American Diabetic Association recomenda fazer 
o registro quantitativo que está escrito na tabela de cores da tira: em gramas ou miligramas / dL 
 
Interferentes: Falso-positivo: recipientes contaminados por peróxido ou detergentes oxidantes fortes; 
 Falso-negativo: presença de substâncias que inibem a oxidação do cromogênio: ácido ascórbico, ácido 5-hidroxi-
indolacético, ácido homogentísico, aspirina, levodopa; Níveis elevados de cetonas diminuem a sensibilidade do teste; Densidade 
acima de 1.020, associada a pH elevado reduz a sensibilidade do teste; Erro técnico: maior causa de resultados falso-negativos 
principalmente quando se permite que a amostra permaneça a temperatura ambiente por longo período de tempo, pois ocorre a 
glicólise. 
 
2. Teste de redução do cobre: todas as substâncias redutoras 
A determinação da glicose e outras substâncias redutoras por este método foi um dos primeiros métodos químicos 
realizados na urina. O seu princípio baseia-se na capacidade que tem a glicose e outras substâncias em reduzir o sulfato de cobre (íon 
cúprico)a óxido cuproso em meio alcalino e calor. Aparece uma progressão de cores que vai do azul (negativo) passando pelo verde, 
amarelo, laranja até o vermelho-tijolo. O clássico reativo de Benedict foi desenvolvido em 1908 e contém sulfato de cobre, carbonato 
de sódio e o tampão citrato de sódio. Foi desenvolvido um método mais prático que o Benedict, utilizando o mesmo princípio, é o 
tablete Clinintest, das Ames, que contém os mesmos reativos do Benedict acrescentado de hidróxido de sódio. 
 
Preparação do Reativo de Benedict: 
Solução A = 173g de citrato de sódio + 100g de carbonato de sódio anidro + dissolução em 500ml de água destilada, por meio de 
aquecimento. 
Solução B = 17,3g de sulfato de cobre cristalizado dissolvido em 100ml de água destilada. 
Solução final = Solução A + Solução B, agita-se lentamente, enquanto durar a adição desta ultima solução + q.s.p. de água destilada 
para 1000ml + filtração em papel. 
 
Técnica = em tubo de ensaio colocar: 2ml do reativo de Benedict + 0,2ml da urina + agitação + aquecimento em banho-maria a 
100oC por 5 minutos ou aquecer na chama diretamente por 3 minutos. O resfriamento ocorrerá a temperatura ambiente. 
Interpretação = 
Solução azul = negativa 
Solução esverdeada (verde claro) sem precipitado = traços 
Solução esverdeada com precipitado amarelo = 1 + 
Solução verde oliva com precipitado = 2 + 
Solução vermelho-tijolo com precipitado tijolo = 3 + ou 4 + dependendo da intensidade. 
Observações: No caso da urina conter grandes quantidades de albumina, eliminá-la previamente, pelo ácido acético e ebulição: 10ml 
de urina + 5 gotas de ácido acético + agitação + aquecimento em chama direta até o líquido entrar em ebulição + resfriamento à 
temperatura ambiente + filtração em papel. 
Interferentes: ácido ascórbico, metabólitos de certas drogas e antibióticos como a cefalosporina. 
Comparação com outros métodos: 
# Teste da tira é mais sensível que os de redução do cobre, por isso algumas vezes poderá se encontrar glicosúria na tira reativa 
positiva e o Benedict ou Clinitest negativo. Contudo se a tira apresentar forte positividade e a outra prova for negativa, deve-se pensar 
em contaminação por agentes oxidantes fortes. 
A diferença significativa entre os métodos ocorre quando a tira reativa apresenta-se negativa e as provas de redução do 
cobre são positivas. Nestes casos, devem-se repetir as provas e confirmar o resultado, pois o mesmo vai orientar ao médico qual 
conduta deve seguir principalmente se for lactente, por tratar-se de um possível “erro inato do metabolismo”. Entre os açúcares 
redutores mais comumente encontrados temos a galactose (maior interesse clínico), frutose, pentose e lactose. A lactose pode também 
ser encontrada em urinas de mulheres em fase de aleitamento. O açúcar comum é a sacarose e não é redutor. 
# Observação importante: “toda urina de lactente deve ser analisada pelo método da tira reativa e por um método de redução do 
cobre”. 
 
 
 
 
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2.4. CETONAS: 
O termo cetona compreende três produtos intermediários do metabolismo das gorduras: acetona, ácido diacético e ácido 
beta-hidroxibutírico. Em condições normais não aparecem cetonas na urina, pois “toda gordura metabolizada é completamente 
degradada em água e CO2”. O ácido acetoacético ou diacético é a primeira cetona formada a partir da acetilCoA e as demais cetonas 
se formam a partir do ácido diacético: o ácido beta-hidróxibutírico se forma por um mecanismo de redução reversível e a acetona, por 
um mecanismo lento de descarboxilação espontânea. O ácido diacético e o beta-hidroxibutírico constituem importantes combustíveis 
normais da respiração e são fontes de energia, motivo pelo qual o músculo cardíaco e a córtex renal preferem usar acetoacetato em 
vez de glicose. 
A maior parte das cetonas é eliminada através dos pulmões, por isso quando o nível destas substâncias está elevado 
detecta-se no hálito do paciente o odor de acetona. As proporções relativas dos corpos cetônicos são em média, 20% de ácido 
diacético, 2% de acetona e 78% do ácido beta-hidroxibutírico. 
A cetonúria aparece quando o organismo lança mão das reservas de gordura para suprir a energia necessária ao 
metabolismo. Isto ocorre quando o uso de carboidratos como fonte de energia fica comprometida. As principais razões clínicas para o 
aparecimento da cetonúria são: incapacidade de metabolizar carboidratos (diabetes mellitus); aumento da perda de carboidratos por 
vômitos; ingesta insuficiente de carboidratos (carência alimentar e dietas rigorosas) e níveis aumentados de cetonas na urina 
(cetonúria). O termo cetose implica no aumento de corpos cetônicos tanto no sangue e na urina. 
Os testes para cetonúria são úteis no acompanhamento e monitoração de pacientes diabéticos, pois a sua presença 
demonstra uma deficiência no tratamento com insulina; São utilizados também como indicador inicial de dosagem insuficiente de 
insulina no diabetes juvenil e pacientes diabéticos que estão com outros problemas associados. É importante também na acidose 
metabólica onde há um aumento excessivo de cetonas no sangue causando um distúrbio eletrolítico e desidratação, que se não 
corrigidos a tempo pode levar o paciente ao coma diabético. 
Esses testes não só estão incluídos em todas as tiras de múltiplos testes como também se apresentam combinados só com 
glicose em tiras que serão usadas por diabéticos em testes domésticos. A pesquisa de cetonúria também tem uma aplicação prática, 
que é o uso em clínicas de emagrecimento (já que os corpos cetônicos devem aparecer na urina durante a carência alimentar), para 
determinar se os pacientes submetidos à dieta, rica em proteínas e pobre em carboidratos, ou à jejum prolongado, andaram se 
alimentando. 
Os corpos cetônicos são levemente tóxicos e podem interferir na excreção de ácido úrico e produzir depressão moderada 
do SNC. Podem ionizar e liberar íons H+, de modo que se for em grandes quantidades aparece um quadro de acidose. A presença de 
glicose e cetonas na urina justifica uma cetoacidose diabética que está presente ou que vai aparecer. Causas mais comuns da 
cetoacidose diabética são: infecção, traumatismos ou falta de administração de insulina. 
 
1. Teste com tira reativa: 
 Os testes com tiras reativas baseiam-se na reação do nitroprussiato de sódio com as cetonas, especificamente o ácido 
acetoacético, em meio alcalino, produzindo uma cor púrpura. Este teste não mede o ácido beta-hidroxibutírico e é levemente sensível 
a acetona. Os resultados são registrados como negativo, 1 +, 2 +, 3 +, 4 +. Nos casos de cetose aguda, pode-se fazer o teste na amostra 
diluída . 
 
 
2. Acetest: 
 É um tablete, que contém o nitroprussiato de sódio, glicina, um tampão alcalino e lactose. Pode ser usado para verificar os 
corpos cetônicos, tanto na urina como no soro, sangue total e plasma. O procedimento técnico acompanha o Kit. O princípio do teste 
baseia-se na reação do ácido diacético (ou acetoacético) com o nitroprussiato de sódio e com a glicina em meio alcalino formando cor 
púrpura. A lactose presente no tablete ajuda na formação da cor. A concentração mais baixa de ácido diacético que a fita detecta é em 
torno de 5 - 10 mg/dl. 
 
3. Reação de Rothera: 
 É a prova em tubo que utiliza o nitroprussiato de sódio e hidróxido de amônia, sendo interpretada pela formação do anel 
violeta. Preparo do reativo de Rothera: pulverizar e misturar 7,5 g de nitroprussiato de sódio e 200 mg de sulfato de amônia; 
Hidróxido de amônia concentrado. Técnica, segundo Bradley e col., 1979: em tubo de ensaio, juntar aproximadamente 1 g do reativo 
de Rothera a 5 ml de urina, homogeneizar bem. A seguir adicionar 1 ml de hidróxido de amônia concentrado pelas paredes do tubo, 
inclinando um pouco o tubo e depois colocar o tubo na posição vertical e observar a formação de um anel violeta após 1 a 2 minutos. 
Interpretação: Negativa (não se forma anel ou se forma anel de cor marrom); Traços (leve anel rosado); 1 + (leve anel púrpura);2 + 
(estreito anel púrpura, limitado); 3 + ou 4 + (extenso anel púrpura escuro). 
Observação: Existem outras técnicas em tubo, mas atualmente quase não são mais utilizadas. São elas: Reação de Gerhardt 
que utiliza o cloreto férrico e a Reação de Hart que é um método indireto de detectar o ácido beta-hidroxibutírico. 
 
2.5. SANGUE OCULTO: HEMOGLOBINA E MIOGLOBINA 
O sangue pode aparecer na urina em duas formas: Hematúria (na forma de hemácias íntegras) ou Hemoglobinúria 
(hemácias lisadas / hemoglobina). Quando presentes em grandes quantidades podem ser vistos a olho nu: a hematúria deixa a urina 
vermelha e turva e a hemoglobinúria torna a urina vermelha e transparente. A presença da hematúria ou hemoglobinúria tem grande 
importância clínica e pode está associada a inúmeras patologias. A hematúria se relaciona bem com distúrbios de origem renal ou 
geniturinário, nos quais o sangramento resulta de traumas ou irritação dos órgãos deste sistema. As principais causas da hematúria: 
cálculos renais, glomerulonefrites, tumores, traumas, pielonefrite, exposição a produtos tóxicos ou drogas e exercício físico intenso. 
A hemoglobinúria ocorre como resultado da lise das hemácias à nível do trato urinário ou devido a hemólise intravascular 
com subseqüente filtração glomerular da hemoglobina. A lise das hemácias na urina em geral, apresenta uma mistura de 
hemoglobinúria e hematúria, entretanto não se encontra hemácia nos casos de hemólises intravascular. A Hb não atravessa o 
glomérulo renal devido a formação de grandes complexos com a haptoglobina na circulação. Mas quando a quantidade de Hb livre 
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ultrapassa a de haptoglobina, a Hb passa a ser filtrada pelo glomérulo, como acontece nas reações transfusionais, anemias 
hemolíticas, nas queimaduras graves, nas infecções e no exercício físico intenso. 
 
1. Teste com tira reativa: 
Os métodos de determinação do sangue na urina permitem a detecção de pequenas quantidades e utiliza a atividade de 
pseudoperoxidase da Hb na reação entre o peróxido de hidrogênio e o cromogênio tetrametilbenzidina, produzindo um cromogênio 
oxidado de coloração verde a azulada. Na presença de Hb livre aparecerá coloração uniforme que vai do amarelo (quando negativo) 
passando pelo verde até o azul (4 +). 
Na presença de hemácias íntegras, as mesmas são lisadas quando em contato com a área da tira e liberam a Hb que produz 
uma reação isolada, resultando na formação de pequenas manchas. As provas para o sangue estão relacionadas com o exame 
microscópico, fazendo-se o seguinte questionamento: Há hemácias presentes? O número de hemácias presentes está de acordo com a 
intensidade da prova química? Existem cilindros hemáticos, hematínicos ou hemoglobínicos? Existem membranas correspondentes a 
hemácias vazias (eritrócitos acrônicos)? Existem células epiteliais em quantidade abundante (possível contaminação menstrual)? Será 
mioglobinúria? Existe dismorfismo eritrocitário (acantócitos, etc)? 
OBS: Lembrar que a hematúria, hemoglobinúria e mioglobinúria podem aparecer na forma individual ou conjunta. A 
interpretação da prova da tira reativa é feita de acordo com as tabelas que cada fabricante padroniza. 
Interferentes: Os testes com a tira reativa detectam em torno de 5 a 10 hemácias / microlitro, mas são mais sensíveis a Hb 
do que às hemácias íntegras. Diminuem a sensibilidade da reação produzindo resultados: 
Falso-negativos: ácido ascórbico, níveis elevados de proteínas, densidade aumentada e pH abaixo de 5 podem inibir a 
hemólise das hemácias e não há liberação da Hb. 
Falso-positivos: podem ocorrer por contaminação menstrual, detergente oxidantes forte, presença de peroxidases vegetais e 
enzimas bacterianas como a peroxidase da Escherichia coli. Os sedimentos contendo bactérias devem ser bem observados quanto a 
presença de hemácias. 
A Mioglobina representa a interferência mais conhecida nas provas de sangue pois ela causa reação falso-positiva porque 
é uma proteína muscular com a estrutura tridimensional semelhante a da hemoglobina, apesar da seqüência de aminoácidos ser bem 
diferente. É formada de O2, logo reage da mesma maneira que a hemoglobina e pode dar uma coloração vermelha e transparente à 
urina, na maioria dos casos. Ela está aumentada após traumas, coma prolongado, convulsões, doenças musculares atróficas e no 
exercício físico intenso. Muitas vezes o soro do paciente ajuda a diferenciar, pois na hemoglobinúria o soro é vermelho e na 
mioglobinúria o soro é incolor. 
 
2. Hematest: 
São tabletes que servem para detectar sangue oculto na urina e no material fecal. Os reativos presentes no tablete são: 
ácido tartárico, acetato de cálcio, peróxido de estrôncio e o cromogênio ortotoluidina. O tablete é umedecido em água, a seguir os 
reativos são arrastados e passam pelo filtro que contém a amostra. O ácido tartárico e o acetato de cálcio reagem com o peróxido de 
estrôncio formando peróxido de hidrogênio. A hemoglobina presente na urina reage com o peróxido de H e libera H+ que logo oxida a 
ortotoluidina formando um derivado de cor azul. O procedimento técnico acompanha o Kit. 
 
3. Prova da Benzidina: 
Preparo do reativo deve ser no momento do uso. Em um tubo de ensaio, colocar uma porção de benzidina p.a (na 
quantidade equivalente a uma cabeça de palito de fósforo) + 0,5 ml de solução aquosa de ácido acético a 50%. Juntar 0,5 ml de 
peróxido de hidrogênio. Agitar bem. A seguir, centrifugar cerca de 10 ml de urina, desprezar o sobrenadante e agitar fortemente o 
sedimento urinário, adicionando a seguir 2 gotas da solução de benzidina e mais 2 gotas de peróxido de hidrogênio. Não agitar nesta 
fase. Observar a formação de uma cor verde a azul quando a prova for positiva. 
 
4. Prova com Sulfato de Amônia: 
Esta prova é utilizada para diferenciar hemoglobinúria de mioglobinúria. Deve ser realizado toda vez que uma prova for 
positiva para sangue, pela tira ou outro método, e o exame microscópico do sedimento for negativo para hemácias ou apresentar 
escassas hemácias. O procedimento é o seguinte: Preparar uma solução de urina saturada a 80% com sulfato de amônia, juntando-se 
2,8 g de sulfato de amônia + 5 ml de urina em um tubo de ensaio. Homogeneizar até dissolver, a seguir, filtrar ou centrifugar a 2500 
rpm/l0min. Com esta técnica a hemoglobina precipita e a mioglobina permanece em solução, de modo que se aparecer um precipitado 
pigmentado, corresponde à hemoglobina e se o sobrenadante for colorido, corresponde a mioglobina. 
 
2.6. BILIRRUBINA: 
A bilirrubina se forma a partir da degradação de hemoglobina nas células do sistema mononuclear fagocitário antes 
chamado de sistema retículo endotelial. Essa bilirrubina livre ou indireta é insolúvel em água e não atravessa o glomérulo. No fígado, 
ela é captada e conjugada ao ácido glicurônico para formar o diglicuronídeo de bilirrubina ou bilirrubina direta que é hidrossolúvel e 
é excretada pelo fígado através das vias biliares até o intestino, onde se transforma, por ação das enzimas bacterianas, em 
urobilinogênio. Mas uma pequena parte dessa bilirrubina sofre regurgitação desde o conduto biliar até o sistema sangüíneo. Como 
esta bilirrubina não está ligada às proteínas então é filtrada livremente pelos glomérulos e é excretada na urina toda vez que aumenta o 
nível plasmático. 
O aparecimento de bilirrubina na urina é a primeira indicação de hepatopatia, sendo detectada bem antes do aparecimento 
da icterícia. A presença de bilirrubina permite a detecção precoce de hepatite, cirrose, doenças da vesícula biliar e câncer. Também é 
útil no diagnóstico diferencial entre a icterícia obstrutiva (positiva) e a icterícia hemolítica (negativa). Como a bilirrubina é sensível à 
luz, devemos proteger a urina em frascos escuros ou examiná-los o mais rápido possível, para que não haja oxidação da bilirrubina à 
biliverdina que não reage com os reativos para a detecção de bilirrubina. 
A urina que contém bilirrubina apresenta-se geralmente de cor âmbare produz espuma amarela quando agitada. A 
formação da espuma foi o primeiro teste para detecção de bilirrubina. Atualmente utiliza-se teste de oxidação e de diazotização. Os 
testes de oxidação utilizam a propriedade do cloreto férrico dissolvido em ácido tricloroacético, promovendo oxidação da bilirrubina 
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convertendo-a em biliverdina formando coloração verde. Os testes de oxidação com uso de cloreto férrico, sofrem muitas 
interferências pois inúmeras substâncias, inclusive metabólitos de aspirina, reagem com o cloreto férrico. Urinas muito pigmentadas 
também produzem distorções nas cores, (compostos derivados da piridina). 
 
1. Teste da tira reativa: 
Este teste utiliza o princípio da iodização. A bilirrubina se combina com o sal de diazônio 2,4 dicloroanilina ou 2,6-
diclorobenzeno-diazônio-tetraflourborato em meio ácido produzindo cores que variam desde o bronze ou rosa até o violeta. Os 
resultados são expressos em: negativo, 1 +, 2 +, 3 +. Como esta prova é de difícil interpretação, pois é facilmente influenciada por 
outros pigmentos presentes na urina e também pelo ar do ambiente, deve-se sempre fazer a prova de espuma em urinas escuras ou 
utilizar o tablete Ictotest da Ames, que produz uma diazoreação de cor mais intensa e sofre menos influência de interferentes, além de 
ser mais sensível. 
 
Interferentes: 
Falso-negativo: 
x Amostras colhidas a várias horas. 
x Hidrólise do diglicuronídeo de bilirrubina à bilirrubina livre. 
x Concentração elevada de ácido ascórbico e nitrito reduzem a sensibilidade do teste. 
 
2. Prova da espuma: 
 Agitar aproximadamente 2 mL de urina e observar a cor da espuma, se amarela (qualquer tonalidade) positividade para 
bilirrubina. Pode se classificar em cruzes de acordo com a intensidade. 
 
 
2.7. UROBILINOGÊNIO 
No intestino, as enzimas bacterianas convertem a bilirrubina em um grupo de compostos incolores chamados 
coletivamente de Urobilinogênio, que quando oxidado passa a um pigmento marrom chamado urobilina. A maior parte deste grupo de 
pigmentos é perdida nas fezes, mas em torno de 10 a 15% é reabsorvido e cai na corrente circulatória, retornando ao fígado para ser 
depurado e ser excretado para o intestino. Uma pequena parte deste que é reabsorvido, passa pelos rins e é excretado na urina. 
O urobilinogênio aparece em níveis aumentados na urina nas hepatopatias e nos distúrbios hemolíticos. Quando a função 
hepática está comprometida, diminui a capacidade hepática de processar o urobilinogênio que vem do intestino pela circulação, então 
este fica em excesso no sangue e logo é filtrado pelos rins. A icterícia clínica, associada à distúrbios hemolíticos, ocorre devido a 
presença de bilirrubina indireta (livre). Nestes casos, o fígado conjuga a grande quantidade da bilirrubina, que é captada pelas 
ligandinas, enviando-a em grande quantidade para o intestino aonde irá se transformar em grandes quantidades de urobilinogênio e 
elevação do mesmo na circulação, logo aumentará sua excreção na urina. Há um caso em que ocorre diminuição do urobilinogênio 
nas fezes e na urina, é na obstrução do ducto biliar, pois isto impede a passagem da bilirrubina para o intestino. 
 
 RELAÇÃO ENTRE O UROBILINOGÊNIO E BILIRRUBINA URINÁRIOS 
 ALTERAÇÃO UROBILINOGÊNIO BILIRRUBINA 
 
NORMAL N — 
HEPATITE / HEPATOTOXINAS + / N + 
OBSTRUÇÃO BILIAR + / — + 
ICTERÍCIA HEMOLÍTICA + — 
 
 Legenda: N Æ normal; + (aumentado); — (diminuído) 
 
1. Reação de Ehrlich: 
O reagente utilizado para todos os testes de urobilinogênio é o p-dimetilaminobenzaldeído (reagente de Ehrlich). Este 
reagente adicionado à urina contendo urobilinogênio produz coloração vermelho-cereja, porém outras substâncias também são 
compostos Ehrlich-reativos e produzem reação positiva, são elas: porfobilinogênio, indican, ácido p-aminossalicílico e sulfonamidas. 
Método qualitativo de Ehrlich: em um tubo de ensaio, colocar 10ml de urina recém-emitida + 1 ml do reativo de Ehrlich e 
misturar + repouso de 5 minutos. Concentração normal de urobilinogênio determina que a solução passe a uma cor rosada que se 
observa olhando de cima para baixo contra um fundo branco. Níveis elevados de urobilinogênio observam-se cor vermelho-cereja. 
Com este método determina-se também o porfobilinogênio, juntando-se 5ml de solução de acetato de sódio (150g de acetato de sódio 
anidro + 100ml de água destilada), ocorre a intensificação da cor se for urobilinogênio, mas se a cor não se modificar, então é o 
porfobilinogênio. 
 
2. Método da tira reativa: 
Este método utiliza o p-dimetilaminobenzaldeído em reação num meio ácido produzindo cor que vai do bronze até o 
laranja. Pode aparecer resultado falso-negativo quando estiver presente grande quantidade de nitrito e em urina muito pigmentada 
torna-se menos nítida a visualização da prova. Os testes com tiras reativas não estão preparados para dar uma prova de urobilinogênio 
negativa, muito importante na obstrução biliar. 
 
2.8. NITRITO: 
O teste do nitrito é realizado pela tira reativa, possibilitando uma triagem rápida para detecção de ITU (infecção do trato 
urinário). “Acredita-se que a maioria das ITU’s comece na bexiga, devido a contaminação externa e que quando não tratadas, 
progridem para as porções superiores através dos ureteres até os túbulos, pelve renal e rins”. Este teste é rápido, indireto e importante 
para o diagnóstico precoce de bacteriúria significativa e assintomática. Os organismos comuns que causam ITU são: Escherichia coli, 
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Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella, e algumas espécies de Proteus e contém enzimas que reduzem o nitrato à nitrito. Para que esta 
redução ocorra é necessário que a urina fique incubada na bexiga por 4 horas no mínimo, daí, a primeira urina da manhã ser a 
amostra de eleição para esta prova. 
O teste do nitrito tem significado clínico: como auxiliar no diagnóstico da cistite (infecção inicial da bexiga); Pielonefrite 
(processo inflamatório dos rins e pelve renal adjacente); Avaliação do sucesso da antibioticoterapia; Analisar pessoas que têm ITU 
recorrentes, como diabéticos, mulheres grávidas e outros pacientes propensos à infecções do trato urinário; Este teste é também 
importante para selecionar amostras para urocultura, mas não substitui a urocultura. 
 
Teste com tira reativa: 
 O suporte bioquímico para o teste do nitrito é a capacidade que têm certas bactérias de reduzir o nitrato (constituinte 
normal do organismo) a nitrito que normalmente não aparece na urina. A reação utilizada é a reação de Greiss onde o nitrito reage em 
pH ácido com uma amina aromática (ácido para-arsanílico ou sulfanilamida) formando um composto de diazônio que a seguir reage 
com 3- hidroxi -1-2-3-4- tetraidrobenzil-(h)-quinolina, produzindo cor rosa. A sensibilidade do teste é padronizada para corresponder 
aos critérios da urocultura que exigem 100.000 organismos / ml para considerar uma amostra positiva. 
Interferentes: 
Há muitos fatores interferentes no teste do nitrito. Resultado falso-negativo= falta de nitrato na alimentação (pacientes 
vegetarianos); o ácido ascórbico em grande quantidade inibe o metabolismo bacteriano por antibióticos e redução do nitrito em 
nitrogênio não detectável. Isto pode ocorrer quando é muito grande o número de bactérias. 
x Resultado falso-positivo = ocorre quando não se utiliza amostra recente então vai haver proliferação bacteriana. 
 
2.9. LEUCÓCITOS: Esterase leucocitária 
A análise bioquímica para detecção de leucócitos é bem padronizada. O teste não tem a finalidade de observar a 
concentração de leucócitos e sim das esterases leucocitárias que estão presentes nos neutrófilos e aparecem na urina quando os 
leucócitos são lisados. Então os fabricantes recomendam (e é o correto) que se faça o exame microscópico do sedimento para 
quantificar os leucócitos. 
A importância clínica desta pesquisa: ITU e seleçãode amostras para urocultura. 
 
Teste com a tira reativa: 
 A reação química é enzimática pois as esterases presentes nos granulócitos hidrolizam o éster do ácido indoxilcarbônico e 
produz indoxil que reage com o sal de diazônio produzindo cor púrpura. Esta reação do indoxil com o diazônio se processa em 2 
minutos. 
 
Interferentes: 
Falso-positivo = agente oxidante forte nos recipientes; 
OBSERVAÇÃO: Os eritrócitos, as bactérias e as células dos tecidos renais não contêm esterases. 
Falso-negativo = amostras com altos níveis de glicose e proteínas; amostras com densidade elevada se a crenação dos leucócitos 
impedindo a liberação de suas esterases. 
 
 
PESQUISA DA PROTEÍNA DE BENCE JONES: (não faz parte do sumário); 
A proteína de Bence Jones pertence a classe das imunoglobulinas, com peso molecular de 22.000D e é encontrada em 
pacientes com alterações monoclonais de proteínas séricas que sofrem precipitação entre 42oC e 60oC e redissolvem a 100oC. A 
técnica mais precisa para se avaliar esta proteína é a eletroforese das proteínas urinárias. Mas como é um método mais sofisticado 
pois se precisa concentrar a urina para poder desenvolver a técnica, então se usa um método de precipitação, descrito a seguir. 
 
PROVA DA TERMOCOAGULABILIDADE 
Técnica: Em um tubo de ensaio, pipetar 5 ml de urina recente (em alguns laboratórios se usa de 24 horas), centrifugada; 
verifica-se o pH e ajusta-se (se precisar) para pH 5,0 com ácido acético a 10 %, para se obter um potencial isoelétrico ideal. Observa-
se o aspecto da urina para ver se existe alguma turvação. Aquece-se a solução em banho maria a 56o por 15 minutos. 
Na presença da Proteína de Bence Jones aparecerá precipitação indicando a presença da mesma. Em seguida, ferver a 
solução por 3 minutos, e verificar se houve mudança no volume do precipitado. Se o precipitado original diminui de volume então é 
possível ser Bence Jones positiva e se o volume original aumenta então a precipitação é devida a outras proteínas. Em seguida filtra-
se a urina aquecida a 70 oC para eliminar outras proteínas que podem interferir na reação e a proteína de Bence Jones vai passar para 
o filtrado. Deixa-se esfriar lentamente a urina e ao chegar a 60 o C aproximadamente reaparece a turbidez, confirmando a positividade 
da proteína de Bence Jones. Quando a temperatura vai caindo e chega abaixo de 40 oC, ela se dissolverá. Essa proteína também se 
dissolve a 100 oC (ARGERI, ARGERI, 1993). 
 
PROVA DO AQUECIMENTO: 
 Baseia-se na propriedade que tem as proteínas de precipitarem por aquecimento com posterior dissolução em uma maior 
temperatura. 
Reativos: Acetato de sódio trihidratado = 17,5 g 
 Ácido acético glacial = 4,1 mL 
 Água destilada = 100 mL 
Amostra de urina límpida por centrifugação. 
Técnica: Em um tubo de ensaio, colocar 4 mL de urina límpida, juntar 1 mL do reativo e colocar o tubo no banho-maria a 56 o C por 
15 minutos. Se precipitar então há presença de proteína de Bence Jones. Quando positiva, aquecer o tubo em água fervendo por 3 
minutos e desaparece a turbidez, por dissolução da referida proteína. Deixa o tubo esfriar, e a turbidez reaparece e precipita entre 40-
60 o C e desaparece abaixo de 40 o C. A interferência de outras proteínas pode evitar-se por esfriamento da urina a temperatura 
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 15 
ambiente, em seguida, por filtração e aquecimento. O precipitado de proteínas comuns não desaparece após o aquecimento, então se 
filtra a urina quente e repete a investigação com o filtrado (ARGERI, ARGERI, 1993) 
 
 
SEDIMENTOSCOPIA 
 
O sedimento urinário tem como finalidade, detectar, identificar e quantificar materiais insolúveis na urina. Os principais 
elementos figurados são: células epiteliais, hemácias, leucócitos, cilindros, cristais, muco, leveduras, parasitas, bactérias, 
espermatozóides e artefatos. 
“A análise cuidadosa dos componentes do sedimento pode fornecer informações precoces no que se refere à integridade 
anatômica dos rins e a existência e extensão da lesão renal”. A análise microscópica sofre inúmeras variações metodológicas, desde a 
maneira como preparar o sedimento, a quantidade de sedimento examinada (deve ser uma gota padrão: 20 Pl), os métodos e 
equipamentos utilizados para se visualizar e o modo de registrar os resultados. 
 
Preparo do sedimento: 
a) Utilizar amostras recentes ou adequadamente conservadas. 
Obs: As hemácias, leucócitos e cilindros se desintegram mais rapidamente em urinas alcalinas; 
b) Centrifugar em torno de 10 a 12 ml de urina em tubo cônico, pois este volume fornece uma amostra representativa dos elementos 
presentes na amostra; 
c) A centrifugação de 1500 r.p.m. por 5 minutos fornecerá uma ótima quantidade de sedimento com uma pequena possibilidade de 
danificar os elementos figurados. 
d) Ao se desprezar o sobrenadante, utilizado para o exame químico, deve-se deixar uma quantidade uniforme de 0,5 ml de 
sedimento que será ressuspendido por movimentos suaves. Pode se homogeneizar com uma pipeta que servirá também para 
retirar a gota utilizada para análise. Sugerimos utilizar um pipetador automático de 20 PL, a fim de padronizar o tamanho da gota 
e para que a mesma não transborde na lâmina e lamínula. Se for usar algum corante, este deve ser colocado antes que a amostra 
seja homogeneizada. 
e) A gota do sedimento deve ser coberta com lamínula (20x20 ou 22x22) para que se obtenha apenas dois planos de visualização e 
como proteção para as objetivas do microscópio. 
f) O exame microscópico deve ser feito de modo constante e deve compreender a observação de um número suficiente de campos 
em pequeno e grande aumento (7 à 10). Examina-se primeiro em pequeno aumento para se verificar a composição geral do 
sedimento e observar a quantidade de células, filamentos de muco e detectar os cilindros, quantificando-os por campo de 
pequeno aumento (x100): Conta os cilindros e anota o número em 10 campos contados. Quando se tem dúvida sobre a 
composição do cilindro então se observa no aumento de 400x, identifica-se, mas quantifica-se no aumento de 100x. Deve-se 
focalizar continuamente com ajuste micrométrico, pois facilita a detecção dos elementos, principalmente aquelas que têm índice 
de refringência semelhante ao da urina. 
g) Os resultados são registrados pela média dos campos analisados. 
h) Os resultados da microscopia devem ser relacionados com os achados do exame físico e químico. As amostras que não 
apresentam esta correlação devem ser examinadas novamente para verificar possíveis erros técnicos e de transcrição. Se não 
houver nenhum erro, após essa checagem, então o médico ao fazer a interpretação, observa os detalhes do exame associando-os 
ao quadro clínico do paciente e se preciso solicite outro exame para se esclarecer as possíveis dúvidas. 
 
Parâmetros para padronização dos resultados: 
 
** Células epiteliais (altas ou baixas ): 
x Raras = até 3 por campo (100x) 
x Algumas = 4 - 10 por campo (100x) 
x Numerosas = acima de 10 por campo 100(x) 
** Leucócitos (piócitos: leucócitos degenerados): 
 Contar 10 campos homogêneos, em grande aumento (400x) e transcrever a média / campo; 
x Considerar leucocitúria (piúria) maciça= quando o campo estiver todo tomado por leucócitos degenerados impedindo a 
visualização de outros elementos; 
x Grumos leucocitários = citar quando os leucócitos estiverem agrupados; Nestes casos se conta os leucócitos que não estão 
agrupados, faz a média por campo e os agrupados coloca-se na observação. 
** Hemácias: seguir o mesmo procedimento dos leucócitos; 
x Hematúria maciça = avaliação igual à leucocitúria (piúria) maciça; 
OBS: Quando você encontra um grande número de leucócitos e hemácia no sedimento deve-se tentar contar até 50. Se ultrapassar 50 
então se anota da seguinte maneira: acima de 50 leucócitos / campo (x400). 
Dismorfismo eritrocitário glomerular: positivo, quando há a presença de acantócito (hemácias

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