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Urinálise: Coleta e Análise

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URINÁLISE 
É composto por três etapas distintas, a saber: exame físico, exame químico e análise dos elementos 
figurados, incluindo a pesquisa do dismorfismo eritrocitário. Habitualmente é realizado com o objetivo de 
estabelecer, confirmar ou complementar o diagnóstico clínico nas doenças renais, doenças urológicas e 
doenças metabólicas ou sistêmicas, que cursam com acometimento renal ou que levam ao aparecimento 
de elementos ou metabólitos anormais, sendo também útil no acompanhamento e controle do tratamento 
de várias afeções do trato urinário. 
 
• FASE PRÉ-ANALÍTICA 
➢ COLETA 
Para o exame de urina de rotina (Urina I, EAS, exame sumário de urina etc.) deve-se coletar uma amostra 
isolada de urina, de preferência jato médio, após assepsia, tendo o paciente mantido de duas a quatro horas 
de estase vesical. Essa amostra pode ser randômica (coletada a qualquer momento do dia), primeira urina da 
manhã ou segunda urina da manhã (que apresenta boa preservação celular e correlação com as diversas 
proteínas em amostras de 24 horas). 
Pacientes submetidos a procedimentos com qualquer tipo de contraste deverão coletar a amostra de urina 
antes de realizar o procedimento ou de 24 a 48 horas após o término do mesmo. 
➢ CONSERVANTES 
O conservante ideal é aquele capaz de prevenir o crescimento bacteriano, não interferir na análise química e 
preservar os elementos formados no sedimento. A metodologia mais utilizada na conservação da urina é a 
refrigeração. Amostras de urina destinadas a cultura podem ser armazenadas sob refrigeração por até 24 
horas. 
➢ TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO 
Após a coleta, as amostras devem ser encaminhadas em até duas horas ao laboratório a fim de eliminar 
possíveis alterações celulares e bioquímicas, e processadas o mais rapidamente possível. Após esse período, 
mantida em temperatura ambiente, a urina começa a apresentar elevação do pH, diminuição da glicose 
(glicólise e consumo), corpos cetônicos (volatilização), bilirrubina (exposição à luz), urobilinogênio (oxidação a 
urobilina) e nitrito (redução a nitrato), aumento das bactérias e turbidez, alteração da cor (oxidação ou redução 
de metabólitos), degradação de hemácias e cilindros. Quando se tratar de pesquisa de componentes 
fotossensíveis, a amostra deverá ser protegida da luz. Urinas mantidas sob refrigeração tendem a ter sua 
análise microscópica com possível precipitação de cristais. 
 
• FASE ANALÍTICA 
Os componentes do exame de urina incluem a avaliação das características macroscópicas (cor e aspecto), 
físicas (pH e densidade ou gravidade específica), químicas (através de tiras reagentes), microscópicas e testes 
confirmatórios. 
 
➢ EXAMES FÍSICO E MACROSCÓPICOS 
❖ COR 
A cor da urina geralmente apresenta variados tons de amarelo, dependendo diretamente da quantidade de 
água ingerida e também de exercícios físicos. O principal pigmento responsável pela coloração da urina é o 
Urocromo. Outras colorações apresentadas pela urina podem estar relacionadas a alguma patologia, a 
alterações metabólicas, à alimentação ou à presença de metabólitos de drogas utilizadas. 
 
 
❖ ASPECTO 
A urina normal, recém-emitida, é límpida ou discretamente opalescente. As substâncias que 
frequentemente alteram o aspecto da urina são: células epiteliais em grande número, leucócitos, hemácias, 
bactérias e leveduras, cristais e filamentos de muco. Contaminantes como talco, cremes vaginais e contrastes 
radiográficos também interferem no aspecto da urina. 
❖ DEPÓSITO 
A presença de depósito na urina está diretamente relacionada à quantidade de substâncias em suspensão. 
São os mesmos elementos que alteram o aspecto da urina e, por isso, não possuem nenhum significado 
clínico, não havendo necessidade de relatá-lo. 
❖ ODOR 
O odor característico da urina é denominado sui generis, e pode ser mais ou menos intenso, dependendo 
da quantidade de ácidos aromáticos presentes na amostra. Quando se deixa a amostra em repouso, o odor 
de amônia passa a ser predominante em função da degradação da ureia. Raramente possui significado clínico, 
e não costuma ser relatado. Sugere-se seu relato apenas no caso de doenças metabólicas genéticas, que 
causam odores característicos (exemplo: doença do xarope de bordo, relacionada a erros metabólicos da 
leucina, isoleucina e valina). 
❖ DENSIDADE 
Reflete o estado de hidratação do paciente e a capacidade dos rins de concentrar a urina. Pode ser avaliada 
por refratometria ou por gravidade específica (concentração iônica). 
a) Refratometria reflete a concentração de todas as partículas dissolvidas na amostra, podendo sofrer 
interferência da glicosúria e/ou da proteinúria. 
b) Nas tiras reagentes determina-se a gravidade específica, que se baseia na mudança aparente do pKa 
de certos polieletrólitos em relação à concentração iônica da amostra. Os resultados não são afetados 
por componentes não iônicos da urina como a glicose, embora alguns interferentes como proteinúria 
e cetonúria significativos possam ocasionar resultados falsamente elevados. 
 
➢ EXAME QUÍMICO 
A análise química é realizada através de tiras reagentes. A fim de se obter resultados mais reprodutíveis e 
confiáveis, devem-se observar alguns cuidados na manipulação e conservação das tiras reagentes, como se 
segue: 
a) Manter o frasco fechado com o dissecante, e em local fresco. 
b) Estocar no frasco original. 
c) Evitar misturar tiras de frascos ou lotes diferentes. 
d) Não expor as tiras a substâncias voláteis. 
e) Evitar tocar a área reagente. 
f) Não utilizar a tira que apresente alteração de cor em alguma área reagente. 
g) Nunca cortar as tiras reagentes. 
Com relação à utilização das tiras reagentes, é necessário, antes de tudo, homogeneizar bem a amostra e, a 
seguir, mergulhar rapidamente a tira reagente na amostra e retirar o excesso de urina da mesma. 
❖ pH 
O pH varia com o tipo de alimentação. Dietas ricas em proteínas são responsáveis por urinas ácidas, 
enquanto na dieta vegetariana a urina é mais alcalina. 
O pH urinário tem importante papel na detecção de possíveis distúrbios eletrolíticos, tanto de origem 
metabólica como respiratória, além de indicar, também, defeitos de reabsorção tubular ou de secreção 
tubular de ácidos ou bases. 
❖ SANGUE (HEMOGLOBINA) 
O teste baseia-se na atividade da pseudoperoxidase da porção heme da hemoglobina. O teste é 
ligeiramente mais sensível à hemoglobina e à mioglobina do que aos eritrócitos intactos. Uma das maiores 
dificuldades na sua interpretação é a presença de inúmeras reações falso-positivas, associadas à alta 
sensibilidade da área reagente. 
❖ PROTEÍNA 
Esse teste é mais sensível à presença de albumina, não detectando a proteína de Tamm-Horsfall, que é a 
principal matriz dos cilindros. A presença de proteínas na urina é um dos principais indicadores de doença 
renal, e sua dosagem em amostras isoladas de urina só tem significado clínico se corrigida com a creatinina 
urinária e deve ser realizada mediante solicitação médica. 
❖ GLICOSE 
A glicose na urina aparece quando a quantidade de glicose que entra na luz dos túbulos excede sua 
capacidade de reabsorção. Essa situação ocorre na vigência de hiperglicemia, quando a glicemia supera 
níveis de 160 a 180 mg/dL. Observa-se glicosúria sem hiperglicemia em lesões ou disfunções tubulares ou, 
ainda, em situações em que existe diminuição do limiar de reabsorção da glicose nos túbulos como é o caso 
de gestantes, crianças e idosos. 
❖ CETONAS 
Normalmente não observamos a presença de cetonas na urina. Resultados positivos estão associados com 
cetoacidose diabética, jejum prolongado, algumas dietas para emagrecimento, febre e exercícios intensos. 
Surgem em decorrência do metabolismo de ácidos graxos. 
❖ BILIRRUBINA 
Apenas a bilirrubina direta (conjugada) é encontrada em amostras de urina. Sua presença está relacionada 
às icterícias obstrutivas e às hepatocelulares (hepatites, cirrose hepática).❖ UROBILINOGÊNIO 
Urobilinogênio em concentrações aumentadas na urina está relacionado ao excesso de produção de 
bilirrubina, como é o caso das hemólises, ou como consequência da redução da sua reabsorção, como nas 
lesões hepáticas. 
 
❖ NITRITO 
O teste do nitrito baseia-se na capacidade que algumas bactérias têm em reduzir o nitrato, presente na urina, 
a nitrito. Surge em decorrência da presença de bactérias na urina, que reduzem o nitrato a nitrito (bactérias 
gram-negativas fermentadoras, como Escherichia coli, Klebsiella spp, Proteus spp, e algumas cepas de 
Pseudomonas). 
❖ LEUCÓCITOS (LEUCÓCITO-ESTERASE) 
Essa reação consiste na pesquisa da esterase leucocitária, presente nos granulócitos intactos ou lisados. Pode 
estar associado a infecção urinária ou a processos inflamatórios das vias urinárias. Vale lembrar que na 
presença de leucócitos não granulócitos essa reação é negativa. Cor intensa da urina também pode interferir 
na reação. 
❖ TESTES CONFIRMATÓRIOS 
Por definição, teste confirmatório é aquele que detecta uma mesma substância com sensibilidade e/ou 
especificidade igual ou superior ao teste realizado ou, ainda, é um teste que utiliza uma reação ou 
metodologia diferente para detectar a mesma substância. 
Algumas substâncias podem reagir com determinados reagentes das tiras e produzir uma reflectância 
semelhante àquela produzida por baixas concentrações do analito e levar a resultados falso-positivos. Assim, 
reações positivas para bilirrubina e urobilinogênio devem sempre ser confirmadas, pois, apesar de algumas 
tiras reagentes e equipamentos para sua leitura possuírem área para compensação de cor, essas duas áreas 
são as mais sujeitas a fornecer resultados falso-positivos. As técnicas mais utilizadas são as reações de 
Fouchet (bilirrubina) e de Erlich (urobilinogênio). As demais áreas da tira reagente possuem menos 
interferentes e não necessitam de testes confirmatórios. 
 
➢ ANÁLISE MICROSCÓPICA 
A análise microscópica sempre tem início com a observação da amostra em menor aumento para avaliar a 
disposição dos elementos, a composição geral do sedimento e a presença ou não de cilindros. A identificação 
e contagem de todos os elementos presentes são realizadas em aumento de 400x. 
❖ LEUCÓCITOS 
Leucocitúria é a presença de número aumentado de leucócitos na urina, sendo na maioria das vezes 
leucócitos polimorfonucleares neutrófilos. 
a) Indica inflamação no trato urogenital, cuja causa mais frequente é a infeção do trato urinário. 
b) Algumas situações fisiológicas podem levar à leucocitúria, como é o caso de desidratação, febre e 
exercícios físicos extenuantes. 
c) Nefrite tubulointersticial (presença de eosinófilos na urina), uso de alguns medicamentos 
(glicocorticoides, ciclofosfamida, indinavir), rejeição de transplante renal (linfócitos), glomerulonefrites 
e doenças inflamatórias sistêmicas podem estar associadas à leucocitúria variável. 
❖ HEMÁCIAS 
Hematúria é a emissão de urina contendo hemácias em número variável, podendo ser macroscópica ou 
microscópica. A presença de hematúria é uma das alterações mais frequente nos exames de urina. Inúmeras 
são as causas de hematúria, e sua presença deve ser sempre investigada, mesmo nos casos assintomáticos. 
A diferenciação entre hematúria de origem glomerular daquela de origem não glomerular é realizada 
através da pesquisa da morfologia das hemácias (dismorfismo eritrocitário). 
❖ DISMORFISMO ERITROCITÁRIO 
No início dos anos de 1980, Birch e Fairley, estudando urina de pacientes com glomerulonefrites observaram 
que as hemácias presentes nessas amostras apresentavam alterações morfológicas específicas quando 
examinadas sob microscopia de contraste de fase (a perda do conteúdo de hemoglobina, ruptura da 
membrana celular, extrusões citoplasmáticas e depósito de material fase-denso na região da membrana 
celular). É importante ressaltar que o padrão-ouro para a pesquisa de dismorfismo eritrocitário é a 
microscopia de contraste de fase. 
❖ CILINDROS 
Formam-se principalmente no interior do túbulo contorcido distal e ducto coletor, e têm matriz 
primariamente composta por glicoproteína de Tamm-Horsfall (ocasionalmente albumina), sendo sua 
aparência influenciada pelos elementos presentes no filtrado durante a sua formação. É importante lembrar 
que a glicoproteína de Tamm-Horsfall não é detectada através das tiras reagentes. A formação do cilindro 
depende inicialmente da redução ou parada do fluxo urinário no néfron, associada à precipitação de 
proteínas presentes na luz dos túbulos, englobando elementos celulares eventualmente presentes. Os 
cilindros assim formados aparecerão na urina quando houver a retomada do fluxo urinário através do néfron. 
Didaticamente, os cilindros podem ser classificados em: 
a) acelulares (que incluem os cilindros hialinos, hialino-granulosos, granulosos, céreos, lipoídicos, 
hemoglobínicos e bilirrubínicos), e em 
b) celulares (cilindros hemáticos, leucocitários e epiteliais). 
O cilindro hemático apresenta alta especificidade para hematúria glomerular, embora seja de difícil 
visualização e de baixa prevalência. 
 
❖ CRISTAIS 
São frequentemente observados na análise do sedimento urinário. Cristais surgem da precipitação de 
determinados sais presentes na urina, na dependência do pH, temperatura e concentração. A maioria dos 
cristais não tem significado patológico, como é o caso dos cristais de oxalato de cálcio, ácido úrico, fosfatos, 
carbonatos, urato de amônia e precipitados amorfos. Outros cristais, como os de leucina, colesterol, cistina e 
fosfato triplo amoníaco-magnesiano (também chamado de estruvita) estão relacionados a condições 
patológicas. 
 
 
❖ CÉLULAS EPITELIAIS 
O achado de células epiteliais raramente possui significado clínico conclusivo. As células mais frequentemente 
observadas são: 
a) células pavimentosas (frequentes tanto em homens quanto em mulheres, provenientes de células 
da vagina e das porções inferiores da uretra); 
b) células de epitélio de transição (originárias da bexiga e porção superior da uretra), e 
c) células do túbulo renal (sua presença sugere lesão tubular). 
❖ OUTROS ELEMENTOS 
Outros elementos presentes na urina são as bactérias, filamentos de muco, eventualmente parasitas e 
espermatozoides, que podem ou não ser relatados na dependência da padronização de cada laboratório, 
além de possíveis artefatos como cristais de talco e fibras. 
 
• FASE PÓS-ANALÍTICA 
Fase pós-analítica é responsável por cerca de 20% dos erros em um laboratório clínico. Corresponde à interpretação 
dos achados laboratoriais, digitação, conferência, emissão e entrega dos laudos. 
Uma etapa crítica é a interpretação dos achados laboratoriais, correlacionando-se o exame físico-químico e os 
elementos formados. Desconsiderar um achado da análise, desconhecer o papel dos interferentes e não analisar todos 
os achados em conjunto estão situados entre os principais erros nessa fase.

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