Buscar

2- Farmacologia I - Anestésicos Locais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FARMACOLOGIA I 
ANESTÉSICOS LOCAIS 
 
Os anestésicos locais bloqueiam a condução de impulsos nas fibras nervosas, bloqueando as sensações ou 
até mesmo a atividade motora de uma área limitada do organismo. A anestesia local ocorre quando a propagação 
dos potenciais de ação é bloqueada, de modo que a sensação não pode ser transmitida desde o local de origem 
do estímulo até o cérebro. 
A cocaína foi o primeiro anestésico local introduzido na prática clínica, mas parou de ser usada devido ao fato 
de que seu uso crônico estava associado a dependência psicológica. Novos anestésicos locais foram introduzidos 
com o objetivo de reduzir efeitos colaterais e obter início de ação mais rápido e duradouro de ação, como a 
procaína, lidocaína, benzocaína, bupivacaína, dentre outros. 
 ASPÉCTOS QUÍMICOS 
As moléculas de anestésico local são constituídos por um 
grupo lipofílico (ex: anel aromático) unida por uma ligação 
éster ou amida a um grupo ionizável (ex: amina). Como as 
ligações éster são mais propensas a sofrer hidrólise do que as 
ligações amida, os ésteres geralmente apresentam uma 
duração de ação mais curta. A benzocaína não possui grupo 
básico. 
Os anestésicos locais são bases fracas que, em geral, são 
disponíveis sob forma de sais para aumentar a solubilidade e 
estabilidade. No organismo, ocorrem na forma ionizada (cátion) 
ou não ionizada (base sem carga), dependendo do pKa do 
fármaco e o pH dos líquidos corporais. O pKa da maioria desses fármacos situa-se na faixa de 8 a 9. Portanto, a 
maior porcentagem existente nos líquidos corporais estará na forma ionizada. 
A forma ionizada é a forma mais ativa no local do receptor. Entretanto, a forma não-ionizada é importante 
para a rápida penetração através das membranas biológicas, até porque o canal onde esses fármacos atuam é mais 
acessível pelo lado interno da membrana celular. Portanto, anestésicos locais são muito menos efetivos quando 
injetados em tecidos infectados (ambiente com baixo pH extracelular), pois uma pequena porcentagem estará na 
forma não-ionizada e disponível para a difusão. 
 FARMACOCINÉTICA 
A aplicação de anestésico local a uma área altamente vascularizada, resulta em absorção mais rápida e níveis 
sanguíneos mais elevados. A maioria dos anestésicos locais tem ação vasodilatadora, que aumenta a taxa em que 
são absorvidos para a circulação sistêmica. As substâncias vasoconstritoras, como a epinefrina, reduzem a 
absorção sistêmica dos anestésicos locais a partir do local de injeção ao diminuir o fluxo sanguíneo nessas áreas. 
Isto é importante para fármacos com duração de ação intermediária, como procaína e lidocaína, pois aumenta a 
duração de ação. 
Mediante a diminuição dos níveis sanguíneos do anestésico pela adição de vasoconstritores, a captação 
neuronial localizada é aumentada, enquanto os efeitos tóxicos sistêmicos são reduzidos (aumenta a concentração 
local). Portanto, a epinefrina ou a felipressina costumam ser acrescentadas às soluções de anestésico injetadas 
localmente com a finalidade de promover vasoconstrição. 
Grupo 
lipofílico 
Cadeia 
intermediária 
Grupo 
hidrofílico 
ÉSTER 
AMIDA 
Os anestésicos locais do tipo éster são metabolizados no plasma, e os do tipo amida no fígado. Os anestésicos 
locais do tipo éster são hidrolisados muito rapidamente no sangue pela butirilcolinesterase circulante, motivo 
pelo qual a procaína apresenta meia-vida plasmática de menos de um minuto. Os metabólitos produzidos são 
derivados do ácido p-aminobenzoico (PABA), responsáveis por reações alérgicas em alguns pacientes. Já a ligação 
amida dos anestésicos locais do tipo amida é hidrolisada por enzimas do citocromo P450. Consequentemente, a 
toxicidade dos anestésicos do tipo amida tem mais tendência a ocorrer em pacientes portadores de doença 
hepática. A meia-vida plasmática dura cerca de 1-2 horas. A acidificação da urina promove ionização do grupo 
hidrofílico, facilitando sua excreção. 
 
 MECANISMO DE AÇÃO 
A iniciação do potencial de ação depende de canais de sódio dependentes de voltagem, os quais se abrem 
quando a membrana é despolarizada. Os anestésicos locais atuam principalmente por bloqueio dos canais de 
sódio regulados por voltagem, impedindo o início e a propagação dos potenciais de ação por impedirem o 
aumento de condutância de Na+. 
O bloqueio dos canais de sódio é dependente da voltagem e do tempo. Os canais no estado de repouso tem 
menor afinidade pelos anestésicos locais, ao contrário dos canais ativados e inativados. Como os anestésicos 
locais bloqueiam todos os nervos, além da perda da sensação de dor, pode ocorrer paralisia motora (às vezes 
desejável durante a cirurgia). 
 AÇÕES SOBRE OS NERVOS 
A bainha de mielina se enrola em torno das fibras nervosas e evita que a corrente perca intensidade em seu 
percurso. A bainha se interrompe em intervalos variáveis e a membrana entra em contato com o meio extracelular. 
Esses pontos sem mielina são os nódulos de Ranvier. Nas fibras mielinizadas, as trocas iônicas só se processam 
nos nódulos de Ranvier, onde o impulso se faz aos saltos, de um nódulo ao outro (condução saltatória). 
Classificação de algumas fibras nervosas: 
TIPO DE FIBRA MIELINA DIÃMETRO (μ) FUNÇÃO 
Aα ++ 6-22 Eferentes motoras 
Aδ ++ 1-4 Aferentes sensoriais (dor, tato) 
C - 0,3-1,3 Aferentes sensoriais (dor, tato) 
 
As fibras nervosas diferem significativamente na suscetibilidade ao bloqueio dos anestésicos locais, 
dependendo da diferença no seu tamanho e grau de mielinização. 
a) EFEITO DO DIÂMETRO DA FIBRA – anestésicos locais bloqueiam preferencialmente as fibras pequenas. 
Nos nervos mielinizados, de dois a três nodos de Ranvier sucessivos precisam ser bloqueados pelo 
anestésico para interromper a propagação de impulsos. Quanto maiores e mais espessas as fibras nervosas 
(ex: neurônios motores), mais distantes os nodos, criando maior resistência ao bloqueio. Nervos 
mielinizados tendem a ser bloqueados antes dos não mielinizados de mesmo diâmetro. 
 
b) EFEITO DA FREQUÊNCIA DE DESCARGA – o bloqueio pelos fármacos 
é mais pronunciado em frequências mais elevadas de 
despolarização (dependente da voltagem e do tempo). As fibras 
sensoriais (de dor) apresentam uma frequência de descarga 
elevada e um potencial de ação de duração relativamente longo. Já 
a frequência de descarga das fibras motoras é mais lenta e tem 
potenciais de duração mais curta. Portanto, as fibras A-delta e C 
(que participam da transmissão da dor) são bloqueadas mais cedo 
que as outras, com concentrações mais baixas do anestésico local. 
 
c) EFEITO DA POSIÇÃO DA FIBRA NO FEIXE NERVOSO – a localização 
das fibras no feixe nervoso periférico constitui uma exceção às 
regras anteriormente citadas. Nos grandes troncos nervosos, os 
nervos motores exibem habitualmente uma localização 
circunferencial, sendo os primeiros a serem expostos ao anestésico 
local quando o mesmo é administrado no tecido que circunda o 
nervo. Portanto, o bloqueio nervoso motor pode ocorrer antes do 
bloqueio sensorial. 
 
 EFEITOS SOBRE OUTRAS MEMBRANAS EXCITÁVEIS 
Os anestésicos locais podem exercer seus efeitos sobre as membranas celulares cardíacas. Portanto, alguns 
desses fármacos são úteis como agentes antiarrítmicos. 
 EFEITOS ADVERSOS 
Os efeitos sistêmicos após absorção do anestésico pode causar algumas formas de toxicidade. Todos os 
anestésicos locais em baixas concentrações tem capacidade de provocar sonolência, tontura e inquietação. Em 
concentrações muito altas pode ocorrer convulsões. 
No tecido cardíaco, podem deprimir a força da contração cardíaca e causar dilatação arteriolar, levando à 
hipotensão sistêmica. Além disso, os anestésicos locais do tipo éster (que são metabolizados em derivados do 
PABA) podem causar reações alérgicas em uma pequena porcentagem dos pacientes (reações alérgicas aos do tipo 
amida são extremamente raras). 
 TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO 
a) ANETESIA TÓPICA– a lidocaína, tetracaína e benzocaína podem ser usadas para anestesia de superfícies 
como nariz, boca, brônquios (geralmente na forma de spray). 
b) ANESTESIA INFILTRATIVA – a solução anestésica é injetada no tecido a ser anestesiado. O agente atinge as 
terminações nervosas sensitivas, impedindo sua excitação. Serve para procedimentos cirúrgicos localizados e 
superficiais. Muito empregada em odontologia. Pode-se usar vasoconstritores para prolongamento do efeito 
(exceto em dedos das mãos ou dos pés, pelo risco de lesão isquêmica). 
c) ANESTESIA REGIONAL INTRAVENOSA – a solução anestésica é injetada no interior da rede vascular, com o 
suprimento sanguíneo impedido por garroteamento. Técnica conhecida como bloqueio de Bier e usada em cirurgia 
de membros. Há risco de toxicidade sistêmica quando o manguito é desinflado prematuramente. 
d) ANESTESIA POR BLOQUEIO DO NERVO – o anestésico local é injetado próximo a um nervo para produzir 
perda de sensibilidade periférica. A instalação da anestesia pode ocorrer lentamente. 
e) ANESTESIA ESPINAL (RAQUIANESTESIA) – o anestésico é injetado no espaço subaracnóide, de modo a atuar 
nos nervos espinais e na medula. Usada em cirurgias abdominais, pélvicas ou de membros inferiores. 
f) ANESTESIA EPIDURAL – o anestésico é injetado no espaço epidural. Usado para analgesia obstetrícia. Tanto 
a espinal quanto a epidural oferecem riscos de bradicardia, hipotensão e depressão respiratória. 
 
Fontes: Farmacologia (Penildon); Farmacologia ilustrada (Clark); Farmacologia B. e Clínica (Katzung); Farmacologia (Rang e Dale)

Continue navegando