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M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r 1.2 Integral de Riemann Definição 1.9. Seja [a, b] ⊂ R um intervalo limitado e fechado. Dizemos que P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn = bn, n ∈ N, é uma partição de [a, b]. Neste caso, escrevemos P = {x0, x1, . . . , xn}. Uma partição P de [a, b] divide o intervalo em n intervalos. xa = x0 x1 x2 xi−1 xi xn−1 xn = b. . . . . . Observe que os intervalos [xi−1, xi] da partição P não precisam ter a mesma amplitude. Para cada i = 1, . . . , n, definimos ∆xi = xi − xi−1 a amplitude do intervalo [xi−1, xi]. Definimos, também ∆P = max 16i6n ∆xi, a amplitude máxima que um intervalo [xi−1, xi] pode ter. Sejam f : [a, b] → R e P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn = b uma partição de [a, b]. Para cada ı́ndice i, seja ci um número em [xi−1, xi] escolhido arbitrariamente. xa = x0 x1 x2 xi−1 xi xn−1 xn = b. . . . . . c1 c2 ci cn Definição 1.10. O número n∑ i=1 f(ci)∆xi = f(c1)∆x1 + f(c2)∆x2 + . . .+ f(cn)∆xn denomina-se soma de Riemann de f , relativa à partição P e aos números ci. Geometricamente, podemos interpretar a soma de Riemann n∑ i=1 f(ci)∆xi como a diferença entre a soma das áreas dos retângulos Ri que estão acima do eixo x e M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r a soma das áreas que estão abaixo do eixo x. x y c1 c2 c3 c4 c5 c6 c7 f(c1) f(c2) f(c3) f(c4) f(c5) f(c6) f(c7) Definição 1.11. Diremos que uma função f : [a, b] → R é Riemann integrável ou simplesmente integrável, se existir um número L ∈ R tal que lim ∆P→0 n∑ i=1 f(ci)∆xi = L onde P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn = b é uma partição de [a, b] e ci ∈ [xi−1, xi]. Traduzindo a definição acima para a definição de limite, temos: Definição 1.12. Uma função f : [a, b] → R é dita integrável, se existe um número L ∈ R tal que dado � > 0 existe δ > 0 de modo que∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − L ∣∣∣ < � para toda partição P : a = x0 < x1 < x2 < . . . < xn = b de [a, b] com ∆P < δ, qualquer que seja a escolha de ci ∈ [xi−1, xi]. Neste caso, escrevemos L = ∫ b a f(x)dx que é chamada integral definida ou simplesmente integral de f em relação à x no inter- valo [a, b]. Proposição 1.13. Se f for cont́ınua em [a, b] então f é integrável em [a, b]. Observação 1.14. Por definição:∫ a a f(x)dx = 0 e ∫ b a f(x)dx = − ∫ a b f(x)dx(a < b). A seguir, vamos ilustrar a definição de integral, calculando uma integral pela de- finição. M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r Exemplo 1.15. Considere a função f(x) = k definida no intervalo [a, b]. Mostre que∫ b a f(x)dx = k(b− a). Demonstração. Seja P = {x0, x1, x2, ..., xn} uma partição qualquer do intervalo [a, b]. Além disso, para qualquer escolha de ci ∈ [xi−1, xi], temos que f(ci) = k para todo i = 1, ..., n. Agora, observe que ∆x1 = x1 − x0 ∆x2 = x2 − x1 ... ∆xn = xn−1 − xn, Segue que n∑ i=1 f(ci)∆xi = k n∑ i=1 ∆xi = k(b− a), tomando o limite na expressão acima quando ∆P → 0, obtemos que lim ∆P→0 n∑ i=1 f(ci)∆xi = lim ∆P→0 k(b− a) = k(b− a). Segue da definição de integral de Riemann que∫ b a f(x)dx = k(b− a). Proposição 1.16. Sejam f, g duas funções integráveis em [a, b] e k uma constante qualquer. Então: (a) f ± g é integrável em [a, b] e∫ b a (f ± g)(x)dx = ∫ b a f(x)dx± ∫ b a g(x)dx. (b) kf é integrável em [a, b] e ∫ b a kf(x)dx = k ∫ b a f(xdx). (c) Se f(x) > 0 em [a, b] então ∫ b a f(x)dx > 0. (d) Sejam a, b, c ∈ R e suponha que f é integrável em (a, b) em (a, c) e em (c, b) então∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx. M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r Demonstração. (a) Para toda partição P de [a, b] e qualquer que seja a escolha dos c′is em [xi−1, xi], temos∣∣∣∣∣ n∑ i=1 [f(ci) + g(ci)]∆xi − [∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx ]∣∣∣∣∣ 6 6 ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − ∫ b a f(x)dx ∣∣∣∣∣+ ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 g(ci)∆xi − ∫ b a g(x)dx ∣∣∣∣∣. Da integrabilidade de f e g, segue que dado � > 0 existe δ > 0 tal que∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − ∫ b a f(x)dx ∣∣∣∣∣ < �2 e ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 g(ci)∆xi − ∫ b a g(x)dx ∣∣∣∣∣ < �2 , para toda partição P de [a, b] com ∆P < δ. Logo n∑ i=1 [f(ci) + g(ci)]∆xi − [∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx ]∣∣∣∣∣ < � para toda partição P de [a, b] com ∆P < δ. Assim lim ∆P→0 n∑ i=1 [f(ci) + g(ci)]∆xi = ∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx Ou seja, f + g é integrável e vale∫ b a [f(x) + g(x)]dx = ∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx. (b) Exerćıcio. (c) Como f(x) > 0 em [a, b], para toda partição P de [a, b] e qualquer que seja a escolha dos c′is, n∑ i=1 f(ci)∆xi > 0. Suponha por absurdo que ∫ b a f(x)dx < 0. Nesse caso, tomando-se � > 0 tal que ∫ b a f(x)dx+ � < 0, existiria um δ > 0 tal que ∫ b a f(x)dx− � < n∑ i=1 f(ci)∆xi < ∫ b a f(x)dx+ �, M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r para toda partição P de [a, b] com ∆P < δ. Assim, para alguma partição P teŕıamos n∑ i=1 f(ci)∆xi < 0, absurdo. Portanto, ∫ b a f(x)dx > 0. (d) Para toda partição P de [a, b], com c ∈ P , | | | | | | | | x0 = a x1 x2 xm−1 c = xm xm+1 xn−1 xn = b c1 c2 cm cm+1 cn temos que ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − [∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx ]∣∣∣∣∣ 6 6 ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − ∫ c a f(x)dx ∣∣∣∣∣+ ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − ∫ b c f(x)dx ∣∣∣∣∣ Como, por hipótese, f é integrável em [a, c] e em [c, d], dado � > 0, existe δ > 0 tal que para todo partição P em [a, b], com c ∈ P e ∆P < δ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − ∫ c a f(x)dx ∣∣∣∣∣ < �2 e ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − ∫ b c f(x)dx ∣∣∣∣∣ < �2 , e, portanto ∣∣∣∣∣ n∑ i=1 f(ci)∆xi − [∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx ]∣∣∣∣∣ < �. Isso conclui a prova. Exemplo 1.17. Suponha que f, g : [a, b]→ R sejam funções integráveis. Se f(x) > g(x) em [a, b] então ∫ b a f(x)dx > ∫ b a g(x)dx. Demonstração. Basta usar o item (c) do teorema anterior. De fato, como f(x) > g(x) em [a, b], então f(x) > g(x) =⇒ f(x)− g(x) > 0, então ∫ b a [f(x)− g(x)]dx > 0, M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r use o item (a) para concluir que∫ b a f(x)dx− ∫ b a g(x)dxdx > 0, disto concluimos o resultado. É claro que não queremos calcular integrais usando sempre a definição, então pre- cisamos de uma maneira de calcular integrais sem usar a definição. Isso será posśıvel graças ao Teorema Fundamental do Cálculo, que surpreendentemente relaciona integrais e derivadas. O próximo teorema é usado para demonstrar o que chamaremos de Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo. Teorema 1.18. Seja f uma função cont́ınua em [a, b] e defina a função g(x) = ∫ x a f(t)dt, x ∈ [a, b]. Então g é diferenciável em (a, b) e g′(x) = f(x). Demonstração. Se x e x+ h estão em (a, b), então g(x+ h)− g(x) = ∫ x+h a f(t)dt− ∫ x a f(t)dt = ∫ x a f(t)dt+ ∫ x+h x f(t)dt− ∫ x a f(t)dt = ∫ x+h x f(t)dt. Para h 6= 0, temos que g(x+ h)− g(x) h = 1 h ∫ x+h x f(t)dt. Suponha que h > 0. Como f é cont́ınua em [x, x+ h], segue do Teorema de Weierstrass que existem x1, x2 ∈ [x, x+ h] tais que f(x1) 6 f(t) 6 f(x2), ∀t ∈ [x+ x+ h]. Logo f(x1)h 6 ∫ x+h x f(t)dt 6 f(x2)h, ou seja, f(x1) 6 1 h ∫ x+h x f(t)dt 6 f(x2), ou o que é equivalente f(x1) 6 g(x+ h)− g(x) h 6 f(x2). A desigualdade anterior, pode ser provada de forma similar para h < 0. Agora, se h→ 0, x1 → x e x2 → x, logo lim h→0 f(x1) = lim x1→x f(x1) = f(x) M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r e lim h→0 f(x2) = lim x2→x f(x2) = f(x), pois f é cont́ınua e do Teorema do Confronto, obtemos que g′(x) = lim h→0 g(x+ h)− g(x) h = f(x). Teorema 1.19. Seja f uma função cont́ınua em [a, b] e suponha que F seja uma primitiva de f , então∫ b a f(x)dx = F (b)− F (a) = F (x)|ba . Teorema Fundamental do Cálculo Demonstração. Seja g(x) = ∫ x a f(t)dt. Do Teorema anterior, g′(x) = f(x), ou seja, g é uma primitiva de f . Sabemos que duas primitivas só podem diferir por uma constante e como F também é primitiva de f , segue que F (x)− g(x) = k, k ∈ R. Fazendo x = a na igualdade acima, obtemosque F (a) = k (lembre que g(a) = 0) e fazendo x = b obtemos F (b)− g(b) = k = F (a). Logo, F (b)− F (a) = g(b) = ∫ b a f(t)dt. Observação 1.20. A diferença F (b)− F (a) será denotada por F (x) ∣∣∣b a , assim ∫ b a f(x)dx = F (x) ∣∣∣b a = F (b)− F (a). Quando estivermos nas condições do 1◦ T.F.C. Exemplo 1.21. Calcule ∫ 2 1 x2dx. Demonstração. Note que f(x) = x2 é cont́ınua em [1, 2] e F (x) = 1 3 x3 é uma primitiva de f , então do T.F.C., obtemos que∫ 2 1 x2dx = 1 3 x3 ∣∣∣2 1 = 8 3 − 1 3 = 7 3 . M ar ce lo N as ci m en to / U FS Ca r Portanto, ∫ 2 1 x2dx = 7 3 . Exemplo 1.22. Calcule ∫ 2 1 1 x2 dx. Demonstração. Temos do T.F.C. que∫ 2 1 1 x2 dx = ∫ 2 1 x−2dx = −1 x ∣∣∣2 1 = −1 2 + 1 = 1 2 . Exemplo 1.23. Calcule ∫ π 8 0 sin(2x)dx. Demonstração. Temos do T.F.C. que∫ π 8 0 sin(2x)dx = −cos(2x) 2 ∣∣∣π8 0 = −1 2 cos( π 4 ) + 1 2 cos(0) = 2− √ 2 4 . Integrais Primitivas Integral de Riemann Cálculo de Áreas Substituição de Variáveis Integração por partes Integrais Trigonométricas Primitivas de Funções Racionais; Frações Parciais Denominadores Redutíveis do 2 Grau Denominadores Redutíveis do 3 Grau Denominadores Irredutíveis do 2 Grau Substituições Trigonométricas Aplicações da Integral Volume Comprimento de Curva Integrais Impróprias Testes de Convergência Integrandos Descontínuos
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