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1 aula psicologia

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CÓDIGO: 0471 – PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Aula 4: PSICOMETRIA – BASE INATISTA E REFLEXOS NA EDUCAÇÃO
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Conteúdo desta aula
PSICOMETRIA PARA 
TEREZA ERTHAL 
1
TESTES PSICOLÓGICOS
2
REFLEXOS DA PSICOMETRIA 
NO CONTEXTO EDUCACIONAL
3
TESE DA HEREDITARIEDADE 
4
AVALIAÇÃO ESCOLAR: 
SITUAÇÃO DO COTIDIANO ESCOLAR
5
PRÓXIMOS 
PASSOS
ANÁLISE CRÍTICA DA PSICOMETRIA, DA TEORIA DE BASE INATISTA
6
Psicologia da Educação
AULA 4: PSICOMETRIA – BASE INATISTA E REFLEXOS NA EDUCAÇÃO: PARTE II
Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Psicometria para Tereza Erthal (2001), Psicóloga, psicometrista brasileira, professora da PUC
“Desde os tempos primitivos que se nota, entre os seres humanos, a preocupação de fazer observações cada vez mais acuradas do mundo ao redor. A partir da compreensível necessidade de se estimar a duração dos dias e das noites e a sucessão das estações, desenvolveram-se instrumentos de aferição do tempo. De igual modo, foram surgindo meios para medir distâncias, tamanhos, capacidades e outros. Bússola, relógio, microscópio, telescópio etc. são alguns dos instrumentos que apareceram e tornaram possível a mensuração mais objetiva das magnitudes dos fenômenos naturais. Entretanto, só a partir do século XIX é que o ser humano se voltou para si próprio com o mesmo objetivo”.
A partir do século XIX, o ser humano se volta para si com o mesmo objetivo das ciências naturais: criar instrumentos de aferição que medissem características do indivíduo.
“Não há comunicação precisa sem quantificação do objeto a ser estudado”.
Psicologia da Educação
AULA 4: PSICOMETRIA – BASE INATISTA E REFLEXOS NA EDUCAÇÃO: PARTE II
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
 Métodos quantitativos – precisão – comportamento humano.
“Não existe um ponto zero de inteligência” – média.
“A medida desempenha um papel fundamental na investigação científica”.
“Cabe ao psicólogo utilizar técnicas de medidas, conhecer suas limitações, sabendo ser impossível abranger a totalidade de cada um dos fenômenos”.
“A finalidade de um teste consiste em medir as diferenças existentes, quanto à determinada característica, entre diversos sujeitos, ou então o comportamento do mesmo indivíduo em diferentes ocasiões”.
“O teste constitui o principal instrumento, não por ser o melhor, mas por objetivar informações colhidas por outros instrumentos”.
Psicometria para Tereza Erthal (2001), Psicóloga, psicometrista brasileira, professora da PUC
Psicologia da Educação
AULA 4: PSICOMETRIA – BASE INATISTA E REFLEXOS NA EDUCAÇÃO: PARTE II
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Testes Psicológicos: instrumentos de medida na psicologia que começaram a ser utilizados no início do século XX, depois em 1914, com a Primeira Guerra Mundial, e refletindo-se no contexto escolar através de provas, testes e avaliações a partir da década de 1940, permanecendo esta prática até os dias de hoje. 
QI – Coeficiente Intelectual; Aptidões; Personalidade, Interesses Profissionais.
Ênfase na avaliação quantitativa.
Psicologia da Educação
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Reflexos da Psicometria no contexto educacional
Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Psicologia da Educação
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Psicologia da Educação
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Psicologia da Educação
AULA 4: PSICOMETRIA – BASE INATISTA E REFLEXOS NA EDUCAÇÃO: PARTE II
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento. Rio de Janeiro, Ática: 2003.
TEXTO ADAPTADO: A tese da hereditariedade na determinação das diferenças individuais e suas influências no processo pedagógico
As teorias desta abordagem defendem que cada pessoa nasce com um potencial de inteligência e que o ambiente serve apenas para permitir o desenvolvimento dessa capacidade. O desenvolvimento seguirá seu curso normal se as condições ambientais mínimas forem asseguradas. Por outro lado, seu curso espontâneo será inibido em condições de severa privação nutricional ou cultural ou forte pressão emocional.
Partindo do pressuposto de que os indivíduos nascem com potenciais determinados ou limitados por fatores biológicos, os estudiosos começaram a pesquisar instrumentos (ou testes) para medir (quantificar) as capacidades mentais.
Psicologia da Educação
AULA 4: PSICOMETRIA – BASE INATISTA E REFLEXOS NA EDUCAÇÃO: PARTE II
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
As soluções corretas para cada um dos itens propostos são consideradas como amostras da capacidade que uma pessoa possui para pensar ou raciocinar. Assim, o número de respostas corretas devidamente trabalhadas, de acordo com os índices propostos pelo teste, dá a medida da capacidade mental do indivíduo em particular.
 Um dos índices mais conhecidos para expressar a quantificação da inteligência é o QI (Quociente de Inteligência). O QI indica o potencial de um indivíduo quando comparado à média daqueles de sua idade e cultura.
De posse de um instrumento e de uma fórmula para avaliar as diferenças individuais nas capacidades mentais, os pesquisadores começaram a analisar as diferenças entre classes sociais, raça, local de residência, profissões etc. Os resultados mostraram a superioridade da classe média sobre a classe baixa, dos indivíduos da zona urbana sobre os da zona rural, da raça branca sobre a raça negra etc.
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Essas pesquisas, no entanto, tinham um forte componente ideológico. Partiam do pressuposto de que a classe dominante era a detentora das condições ideais para o desenvolvimento pleno do potencial intelectual, e os segmentos da população considerados inferiores tinham sempre algum tipo de carência: nutricional e cultural. No primeiro caso, pesquisadores partiram do pressuposto de que uma dieta alimentar pobre, tanto em qualidade quanto em quantidade, causaria efeitos irreversíveis no desenvolvimento cognitivo/intelectual, principalmente se ocorresse nos sete primeiros anos de vida.
Ao se depararem com resultados de testes em que crianças da classe baixa apresentaram, em média, QI inferiores àqueles obtidos pela classe média, concluíram que as primeiras não haviam recebido quantidades suficientes de nutrientes para que o desenvolvimento cognitivo/intelectual seguisse seu curso normal. No segundo caso, a privação cultural hipotetizada era proveniente de um universo linguístico restrito, falta de contato com objetos e experiências, o que refletia no cabedal de conhecimentos; ausência de amor materno ou paterno. Novamente, aqui, as normas eram estabelecidas a partir dos padrões da classe dominante.
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Outra crença subjacente a essas pesquisas era a constância do QI. Os vários testes e retestes dos mesmos indivíduos mostraram que suas posições em relação ao QI se mantinham constantes. Além disso, os testes mostraram-se capazes de prever desempenho como, por exemplo, o sucesso acadêmico, profissional etc.
A partir dos resultados dessas pesquisas iniciais houve uma grande concordância entre psicólogos e educadores quanto à crença de que a inteligência é uma capacidade geral e hereditária. O crescimento da inteligência era tido como estável, isto é, o QI era constante. Quaisquer mudanças no escore de uma criança no decorrer do tempo eram atribuídas a imperfeições dos instrumentos ou à maneira pela qual estes foram aplicados.
 A abordagem do potencial intelectual herdado introduziu osconceitos de déficit cognitivo, de prontidão e de dom como requisitos básicos para a aprendizagem e o sucesso escolar.
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
O déficit cognitivo/intelectual foi, durante muito tempo, usado para explicar o baixo rendimento escolar, principalmente de crianças das classes menos favorecidas. Elas apresentam baixo nível de concentração nas tarefas, dificuldades de abstração e de verbalização, desajustamento diante de regras disciplinares da escola e problemas de saúde e nutrição que conduziam a uma aprendizagem lenta e pobre e ao fracasso e evasão escolar. Subjacente a essa explicação estava a crença de que o ambiente dessas crianças, principalmente o familiar, não havia oferecido as condições mínimas para o desenvolvimento da inteligência. Estabeleceu-se, então, a partir daí, uma comparação entre o QI médio dos indivíduos testados com as notas escolares.
 A validade da aplicação destes instrumentos de mensuração da inteligência à população de baixa renda raramente foi objeto de questionamento por parte dos usuários. Esses instrumentos refletem o sistema de valores, cultura e linguagem da classe média. Consequentemente, seria esperado um melhor desempenho dos indivíduos que pertencem a este segmento social. Além disso, o questionamento do método de ensino tradicional, que é um dos fatores responsáveis pelo fracasso escolar, nem chegou a ocorrer na época.
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Nesta prática pedagógica, a criança menos favorecida é vista de maneira preconceituosa. Os rótulos que lhe atribuem incluem um rol de coisas que ela não conhece e não sabe fazer. Ignora-se o que ela sabe e conhece, suas habilidades e suas capacidades. É exigido que ela deixe, na porta da escola, suas vivências, pois caso contrário, será considerada inapta.
O conceito de dom ou qualidade inata para certas atividades foi também, durante muito tempo, empregado para explicar as dificuldades que certos alunos apresentam para a aprendizagem de certos conteúdos. Nesse sentido, o problema era com o aluno que não tinha herdado uma natureza ideal para aquela aprendizagem. Esse tipo de argumento foi (ainda é) empregado para justificar o fracasso do ensino dos conteúdos. Para os professores, talvez fosse mais fácil atribuir deficiências aos alunos do que analisar questões referentes à metodologia de ensino empregada ou questões gerais sobre os processos educacionais.
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Avaliação escolar: Situação do cotidiano escolar
Em uma escola de ensino médio, grande parte dos alunos de uma classe noturna obteve notas baixas em matemática. A psicóloga chamada para estudar o caso conversou com várias pessoas envolvidas e ouviu diferentes explicações para o fato.
PROFESSOR: “Os que tiram notas baixas são desinteressados, não prestam atenção nas explicações, não estudam”.
UM DOS ALUNOS: “O professor não explica direito a matéria, a gente pergunta alguma coisa e ele manda prestar mais atenção e estudar”.
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OUTRO ALUNO: “O problema é o seguinte: nós trabalhamos de dia e quando chegamos à escola não temos mais condições de aprender coisa alguma”.
DIRETOR: “Esses alunos não querem nada com nada, estão aqui só para conseguir o diploma”.
MÃE DE UM ALUNO: “Olha, meu filho se esforça muito, estuda sábado e domingo e assim mesmo tira nota baixa. Acho que ele não tem capacidade mesmo para estudar”.
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Avaliação escolar: modelo tradicional e modelo construtivista
	MODELO TRADICIONAL	MODELO CONSTRUTIVISTA
	Principal instrumento de medida é a prova e os testes	Os meios são diversificados: provas, seminários, trabalhos, pesquisa, participação, autoavaliação e etc.
	Provas de memorização
 	Provas reflexivas, operatórias, de construção do conhecimento, contextualizadas
	Ênfase no domínio da matéria (cognitivo)	Ênfase na formação integral
	Predomínio do produto final, do resultado, da quantificação	Predomínio do processo de aprendizagem
	Alunos – Sujeitos passivos no processo ensino – aprendizagem	Alunos – Sujeitos ativos no processo ensino – aprendizagem 
	Avaliação como instrumento de julgamento de valores	Avaliação formativa, como instrumento de investigação
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Psicometria – base inatista e reflexos na educação: Parte II
Análise crítica acerca da Psicometria, da teoria de base inatista
O uso dos testes abre caminho, portanto, para a localização dos marginais do sistema: os excepcionais, no caso da inteligência, os doentes, no caso da saúde mental, os improdutivos, no caso do rendimento escolar.
A Psicometria apregoando a objetividade da medida psicológica e supervalorizando a estatística aplicada às ciências humanas abriu espaço, no âmbito da escola, para as medidas educacionais. Surgiram, assim, os testes de desempenho escolar, organizados de acordo com os mesmos padrões dos testes psicológicos e valendo-se da estatística para análise da distribuição dos resultados.
Deve-se, contudo, descortinar o caráter ideológico da apropriação da Psicometria pela escola. Ela veio justificar a divisão de classes, evidenciando que os mais bem-dotados eram realmente os que pertenciam a classe dominante. Assim, mediante argumentos científicos, a Psicometria contribuiu não só para reproduzir na escola a estrutura social mais ampla, mas, sobretudo, para perpetuar esta estrutura.
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PARA REFLEXÃO
Os testes e as provas selecionam os mais aptos? Indicam quem são os melhores alunos e quem serão os melhores profissionais?
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Assuntos da próxima aula:
Principais representantes do Behaviorismo;
Condicionamento clássico e Condicionamento operante;
Experiência com o bebê Albert – Watson;
Experiência em laboratórios com animais – Skinner;
Fundamentos teóricos do Behaviorismo;
Reflexos no sistema educacional brasileiro: tecnicismo;
Exemplos de modelos pedagógicos tecnicistas;
Vantagens e desvantagens do modelo tecnicista fundamentado na Teoria Comportamental/Behaviorismo.
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