Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caso 10 Lara Santos – Medicina UniFTC (ITU) → A infecção do trato urinário (ITU) pode ser definida como a presença de um microrganismo patogênico na urina e, consequentemente, nas estruturas que compõem o aparelho urinário – uretra, bexiga, rim ou na próstata. → Mais comum em mulheres devido a menor extensão da uretra feminina e sua proximidade com o ânus o que favorece a ascensão de patógenos pelo aparelho urinário → A incidência de ITU aumenta nos homens acima de 50 anos, relacionada a doenças prostáticas. → Existe ainda um quadro de bacteriúria assintomática, prevalente em grávidas e, no sexo masculino, mais frequente em idosos, cateterismo vesical. → Esse termo inclui as infecções da bexiga (cistite), da uretra (uretrite), da próstata (prostatite) e do epidídimo (epididimite), ou seja, o trato urinário abaixo dos ureteres. → Disúria, polaciúria, dor suprapúbica → A ITU alta é a infecção do parênquima renal, denominada pielonefrite aguda. O termo pielonefrite crônica é aplicado a uma entidade patológica que pode ser infecciosa ou não. → Dor lombar, Giordano + febre, náuseas e vômitos ❖ ITU recorrente: 3 vezes ao ano ou 2 episódios em 6 meses ❖ ITU associada à cateter: Presença de sonda vesical ou uso nas últimas 48h ❖ ITU complicada: Sintomas sistêmicos + condições pré-existentes (anormalidades urológicas e comorbidades) → A ITU geralmente é causada por bactérias gram- negativas originárias da flora intestinal, de modo que a Escherichia coli é o principal agente causador. → Em seguida, os patógenos gram-negativos mais prevalentes são Klebsiella sp e Proteus mirabilis. → O S. saprophyticus é o segundo mais prevalente em mulheres com vida sexual ativa. → E, em ambiente hospitalar deve-se atentar para a possibilidade de infecção por Pseudomonas sp., Enterococcus e S. aureus. ❖ Esses patógenos, na maioria das infecções, acessam as estruturas do aparelho urinário ascendendo a partir da uretra chegando até a bexiga e parênquima renal. Além da via ascendente, a via hematogênica, apesar de não ser a principal, é responsável por uma parcela destas infecções sobretudo em pacientes apresentam obstrução ao fluxo urinário. ❖ Porém vale ressaltar que, não somente a presença do patógeno resulta na ocorrência de ITU. Na fisiopatologia da doença correlacionam-se tanto a virulência do patógeno quanto fatores predisponentes do hospedeiro que permitem então uma maior suscetibilidade à ocorrência da doença. Virulência: A mucosa vesical é rica em mucina, substância que visa dificultar a aderência das bactérias na região. → No entanto, a virulência bacteriana ou capacidade de adesão da bactéria, diz respeito exatamente a capacidade do patógeno em romper esta camada de mucina e aderir à camada mucosa ou célula urotelial. → Para que isto se concretize, as estruturas bacterianas atuam melhorando sua motilidade (flagelo), induzindo a formação de poros na membrana celular (produção hemolisina), conferindo resistência à fagocitose (cápsula), produzindo determinantes antigênicos (antígeno O) e, especialmente permitindo a adesão irreversível da bactéria aos componentes da célula epitelial (fímbrias). Sexo feminino: A uretra feminina além de mais próxima do ânus é mais curta, o que a ascensão das bactérias que costumam estar presentes na região retal como a E. coli. • Definição e epidemiologia • ITU BAIXA • ITU ALTA • Fatores de risco e agentes etiológicos Caso 10 Lara Santos – Medicina UniFTC → Além disso, a atividade sexual pode favorecer a entrada das bactérias e, o uso de espermicidas por alterarem o pH e a flora do introito vaginal está associado ao aumento das infecções por E. coli e consequentemente da incidência de cistites. → Quanto às gestantes, alguns fatores são predisponentes pela frequência de ITU sintomática ou não, são eles: modificação da posição da bexiga, aumento da capacidade vesical devido à redução do tônus da bexiga, relaxamento da musculatura da bexiga e ureter, assim como a dilatação deste último e da pelve renal favorecendo o refluxo vesicoureteral. Quanto ao sexo masculino, este possui maior predisposição à infecção quando na presença de prostatite e obstrução ureteral por hipertrofia prostática. E ainda, a realização de intercurso anal também favorece o desenvolvimento de cistite no sexo masculino. Obstrução do trato urinário: Fatores que interferem no fluxo urinário podem resultar em estase urinária, favorecendo a proliferação bacteriana e distensão vesical. Tais fatores podem ser desde estenose uretral, hipertrofia prostática até mesmo litíase e tumores no trato urinário Bexiga neurogênica: Pacientes com lesão da medula espinhal, esclerose múltipla e diabetes mellitus costumam apresentar ITU devido a disfunção motora da bexiga gerando estase urinária e muitas vezes necessidade de cateterização favorecendo a possibilidade de proliferação e infecção de bactérias no trato urinário. → Além disso, devido ao fato desses pacientes por vezes passarem muito tempo acamados aumenta a predisposição para reabsorção óssea o que pode acarretar em maior incidência de nefrolitíase, gerando maior predisposição a ITU pelo mecanismo obstrutivo. → Sintomas de disúria (dor ou dificuldade de micção) associado a polaciúria, urgência miccional, dor em região suprapúbica e hematúria. Idosos podem ter apresentações atípicas como alteração do nível de consciência e/ou alterações do comportamento. → É importante ressaltar que a sinais e sintomas sistêmicos direcionam para o quadro clínico de pielonefrite tais como febre, vômitos e náuseas. Além destes, o sinal de Giordano (punho percussão da loja renal) positivo, dor lombar. → A pielonefrite pode ser oligossintomática, principalmente em grupos como as gestantes, havendo também superposição com os sintomas de cistite. → É importante avaliar o estado geral do paciente e considerar internação uma vez que haja suspeita de pielonefrite complicada devido ao risco de progressão para um quadro de sepse. → Nesta situação a febre é também um sinal comum, muitas vezes associada a desconforto no flanco ou suprapúbico, sensibilidade no ângulo costovertebral e obstrução do cateter. → Pacientes com lesão medular podem apresentar sintomas inespecíficos e atípicos como espatiscidade, mal-estar e letargia. Já indivíduos que retiraram o cateter recentemente e evoluem com ITU costumam ter disúria, frequência e urgência. → A avaliação por meio da anamnese e exame físico é fundamental para o diagnóstico. → Inclusive, aqueles pacientes que apresentam sinais e sintomas de cistite e que não apresentam nenhum fator de risco para ITU complicada, • Quadro clínico ❖ Cistite ❖ Pielonefrite ❖ ITU associada a cateter • Diagnóstico Caso 10 Lara Santos – Medicina UniFTC sequer necessitam ser avaliados por meio de exames complementares para proceder com o tratamento pensando nos patógenos mais prevalentes. → Situações deve-se solicitar urocultura para pacientes com cistite: → A urocultura é o exame que define diagnóstico de ITU devendo ser solicitada com antibiograma para avaliar o perfil de sensibilidade do respectivo patógeno para os agentes microbianos. → O ideal é realizar a coleta da urocultura antes do início do antibiótico empírico e, uma vez que se tenha o resultado do exame com antibiograma é possível “descalonar” o antibiótico elegendo para o tratamento aquele mais adequado para o patógeno isolado em cultura. → A coleta da urocultura pode ser feita através do jato médio da urina após higiene íntima da região. O resultado é positivo quando encontra-se uma contagem ≥ 10⁵ Unidades Formadoras de Colônia por mL (UFC/mL). → Quando a coleta da urocultura é realizada por meio de punção suprapúbica ou quandoé realizada em mulheres com sintomas altamente sugestivos, pode-se considerar o diagnóstico na presença de 102 UFC/ml. → Naqueles pacientes em uso de cateter vesical, a coleta da urina para urocultura jamais deve ser realizada a partir da bolsa coletora que armazena a urina. → O diagnóstico de bacteriúria assintomática é exclusivamente microbiológico com base, portanto, no resultado da urocultura. → Pode também ser realizada, de forma mais simples a análise da urina por meio do sumário de urina/urina tipo 1, com isso, alguns sinais sugerem infecção no resultado: leucocitúria, nitrito positivo e hematúria. → Quando a contagem dos leucócitos está >10/mL fala-se em piúria. A presença de piúria é um achado universal tanto em casos de cistite, quanto nos de pielonefrite, logo, na ausência deste achado é importante pensar em diagnósticos alternativos para o quadro clínico do paciente. → Quanto aos exames de imagem, os mesmos devem ser solicitados em caso de ausência de melhora da febre após 72h, ITU recorrente ou quando se suspeita de complicações, como por exemplo os abscessos. → Pode ser solicitada ultrassonografia que permite visualização de cálculos, cistos e abscessos. Ou tomografia que, apesar de ser menos solicitada também auxilia na melhor visualização destes processos patológicos. → Diante de um paciente em que há suspeita de ITU por meio do quadro clínico é preciso de antemão realizar tratamento empírico até que se obtenha o resultado da urocultura e antibiograma. → Para escolha do tratamento deve-se avaliar o estado geral do paciente, se o quadro clínico é mais sugestivo de cistite ou pielonefrite e presença ou não de sonda vesical. → Vale ressaltar que, pacientes com pielonefrite em que não seja indicada internamento, deve receber a 1ª dose do antibiótico endovenoso ainda no serviço de emergência, seguindo as outras doses ambulatorialmente. Além disso, é preciso escolher um antimicrobiano que concentre bem em via urinária. → E ainda, é importante saber o perfil de resistência ao sulfametoxazol+trimetropim (SMX-TMP), pois o mesmo em alguns locais apresenta alta resistência bacteriana, devendo ser utilizado apenas em locais onde a resistência seja < 20%. → Atenção redobrada deve ser dada às gestantes com sintomas de ITU, devendo-se realizar o teste do betahCG para confirmação de gravidez, pois o tratamento a ser realizado para gestantes é diferenciado. → Já no que diz respeito ao tratamento dos pacientes com infecção associada à cateter, antes do início do tratamento medicamentoso é recomendada a retirada da sonda vesical e avaliação se há persistência da bacteriúria após 48h. → Havendo persistência da bacteriúria, o tratamento deve ser iniciado com duração 10-14 dias com base na urocultura. → Caso o paciente não possua infecção por gram- positivo o tratamento pode ser feito com Ceftriaxone 2g/dia ou Ciprofloxacina 400 mg, EV, 10/10h. • Tratamento Caso 10 Lara Santos – Medicina UniFTC → Em caso de suspeita de Pseudomonas deve-se utilizar Ceftazidima 2g, 8/8h, já se houver suspeita de Enterococos pode ser utilizada Vancomicina 1h, 12/12h. → Caso não seja possível retirar a sonda o tratamento deve ser iniciado de imediato de modo presuntivo. ❖ Aumentar ingesta de líquidos. ❖ Não usar espermicida. ❖ Estrógeno vaginal para mulheres menopausadas. ❖ Evitar cateterização vesical e retirar o mais breve possível. ❖ Antibióticos. CISTITE Nitrofurantoína 100mg, VO, 12/12h, 5 dias (1ª escolha!) ou SMX-TMP 160-800mg, VO, 12/12h 3 dias (A depender da resistência local!) ou Fosfomicina 3g, VO, dose única (Eficácia menor. Evitar se possível pielonefrite). • Para homens o tratamento deve ter duração de 7 dias! • Gestantes devem ter como opção: Cefalexina ou Amoxicilina por 7 dias. • Idosos: Ciprofloxacina 250mg, VO, 12/12h, 3 dias. PIELONEFRITE Ciprofloxacina 440mg IV ou 550mg VO, 12/12h, 7 dias ou Ceftriaxone 1-2g, IM ou IV, 1x/dia ou Amicacina 15mg/kg IM ou IV. • Profilaxia Caso 10 Lara Santos – Medicina UniFTC
Compartilhar