Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO - ITU DEFINIÇÃO Infecção do trato urinário (ITU) é uma denominação genérica que se refere a infecção de qualquer região do trato urinário. Alguns termos importantes: ▪ Piúria: presença de leucócitos na urina. Definido como 10 leucócitos/campo (pelo EAS) ou ≥ 5 leucócitos/mL de urina (pela Câmara de Bürker). ▪ Bacteriúria: presença de bactérias, na urina de jato médio, numa quantidade maior que a esperada. A definição de bacteriúria varia de acordo com o sexo: ♀Mulheres - Com cistite não complicada = ≥102 UFC/mL + piúria; - Com pielonefrite não complicada = ≥104 UFC/mL + piúria; - Com ITU complicada = ≥ 105 UFC/mL, com ou sem piúria. ♂Homens - Com qualquer forma de ITU = ≥104 UFC/mL + piúria; ▪ Relapso: nova bacteriúria causada pelo mesmo patógeno tratado previamente; ▪ Reinfecção: nova bacteriúria causada por um patógeno diferente do tratado anteriormente, portanto, uma nova infecção; CLASSIFICAÇÃO Quanto a localização ▪ ITU baixa: infecção que acomete o trato urinário abaixo dos ureteres. Inclui: – Uretrite: infecção da uretra; – Cistite: infecção da bexiga; – Prostatite: infecção da próstata; – Epididimite: infecção do epidídimo; ▪ ITU alta: é a infecção do parênquima renal, denominada pielonefrite. Quanto a complicações ▪ ITU não complicada: é a infecção sem a presença de fatores complicadores (ver adiante); ▪ ITU complicada: ITU na presença de fatores complicadores, havendo risco de falha terapêutica e complicações graves como pielonefrite e sepse. São eles: – Obstrução urinária; – Bexiga neurogênica; – Nefropatia diabética; – Imunodepressão; – IRC; – Anemia falciforme; – Doença renal policística; – Alterações anatômicas do TU; – Presença de cateter vesical ou cálculos; – Gravidez; Quanto à origem ▪ Comunitária: sintomas se desenvolvem em até 48h de internação. Principais agentes: E. coli, S. saprophyticus, Proteus, Klebsiella, Enterococcus faecalis. ▪ Nasocomial: sintomas se desenvolvem após 48h de internação. Principais agentes: E. coli, Proteus, Klebsiella, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumanni, Enterobacter spp, Enterococcus faecalis, Candida spp. FISIOPATOLOGIA O trato urinário é, de modo geral, estéril. Tirando a região da uretra que possui bactérias comensais (dos gêneros Diphteroides, Streptococcus, Staphylococcus e Lactobacillus). Então a pergunta é: [?] Como é que o bicho consegue chegar lá e causar ITU? Bem... existem 04 vias para o agente infeccioso atingir o trato urinário: 1. Via ascendente: essa é a principal via de infecção. Inicialmente há colonização da mucosa intestinal e mucosa perianal por microrganismos uropatogênicos (ex.: enterobactérias Gram-negativas) e subsequente ascensão destes para a bexiga ou os rins. Essa ascensão depende de fatores de virulência e da integridade dos mecanismos de defesa do organismo. 2. Via hematogênica: apesar de não ser tão comum, o parênquima renal pode ser invadido durante um episódio de bacteremia. Os principais agentes envolvidos são Staphylococcus aureus e Candida spp., oriundos de um foco infeccioso à distância e, menos comumente, Mycobacterium tuberculosis ou Histoplasma spp. 3. Via linfática: estudos sugerem que essa pode ser uma via, pois existem vasos linfáticos entre os ureteres e os rins, cujo fluxo de linfa se dirige à pelve renal se houver aumento na pressão intravesical (ex.: HPB). 4. Via direta por fístula vesicoenteral: bacteriúria por germes anaeróbios (como o Bacteroides fragilis) sugere a existência de uma conexão entre o TU e o intestino. Também pode ocorrer em pacientes que tiveram o trato urinário reconstruído com segmentos intestinais (ex.: neobexiga pós-cistectomia). [?] E quais são os fatores DETERMINANTES DA INFECÇÃO? ▪ Eliminação da microbiota e colonização periuretral por microrganismos uropatoênicos: principalmente devido ao uso de antibióticos, a atrofia do epitélio vaginal pós-menopausa e o uso de espermicidas; ▪ Adesão bacteriana: algumas bactérias como E. coli e Proteus uropatogênica possuem fímbrias capazes de se aderir às células da mucosa urinária, e têm maior capacidade de subir pelo trato urinário e causarem pielonefrite. – Isso não significa que a pielonefrite é causada somente por esses patógenos. Se o paciente tiver RVU, por exemplo, bactérias sem fímbrias podem subir e causar pielonefite do mesmo jeito. ▪ Corpos estranhos: muitas bactérias são capazes de formar biofilme ao redor de corpos estranhos, escapando da defesa do hospedeiro e de antibióticos. O cateter vesical de demora e os cálculos são os principais exemplos de corpos estranhos. ▪ Gravidez: alterações fisiológicas da gravidez favorecem a ITU (redução da peristalse e tônus da musculatura urinária, compressão da bexiga pelo útero aumentado...). ▪ Integridade dos mecanismos de defesa do hospedeiro: características da urina (pH e osmolaridade), esvaziamento vesical (efeito de lavagem), secreção de substâncias bactericidas (ex. zinco pela próstata), válvula vesico-ureteral (impede o refluxo) e a microbiota vaginal. Thomás R. Campos | Medicina - UFOB QUADRO CLÍNICO Disúria, dor suprapúbica e polaciúria são os principais sintomas referidos pelos pacientes com ITU. Um passo importante na avaliação clínica é diferenciar ITU alta de ITU baixa, o que não é coisa de outro mundo (veja tabela). O ponto é: o desenvolvimento de febre alta e queda do estado geral praticamente exclui a hipótese de infecção baixa (a não ser que seja uma prostatite com abscesso). ITU baixa ITU alta – Disúria – Urgência miccional – Polaciúria – Nictúria – Dor suprapúbica – Urina turva – Febre alta (>38ºC) – Sinais sistêmicos (prostração, mal estar geral, hiporexia, mialgia, astenia) – Calafrios – Dor lombar (uni ou bilateral) que pode irradiar para abdome e flancos – Sinal de Giordano – Náuseas e vômitos Agora algumas considerações sobre os diferentes locais ▪ Uretrite: o quadro clínico é o mesmo da cistite (disúria, polaciúria e, eventualmente, dor suprapúbica). O que chama atenção é a duração mais longa dos sintomas (> 7 dias), que geralmente é mais arrastada (a cistite se instala em < 24h). Os principais agentes envolvidos são ISTs, como Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis e o vírus herpes-simplex. – Nos homens a uretrite é marcada por disúria e corrimento uretral. – Nas mulheres normalmente não há corrimento ureteral. ▪ Cistite: disúria + polaciúria e, eventualmente, dor suprapúbica, geralmente se relacionam à infecção da bexiga. ▪ Nos homens sintomas obstrutivos podem predominar, muitas vezes até com dor hipogástrica importante. ▪ Nas mulheres é preciso fazer o diagnóstico diferencial com as vulvovaginites. Nesses casos, a disúria é “externa” (labial), com dor mais tardia no ato de urinar, e se associa a corrimento vaginal e prurido. ▪ Prostatite: deve ser pensada diante de um quadro de “cistite” com toxemia (febre alta, calafrios...) associados a sintomas acentuados de irritação urinária e obstrução, em um homem jovem. os agentes envolvidos são os mesmos da ITU, em especial a E. coli (80%). ▪ Epididimite: apresenta-se como dor e edema no epidídimo e testículo (que se encontra aumentado de tamanho e bastante doloroso). Pode haver a presença de uretrite associada, com secreção uretral mucopurulenta. A dor classicamente melhora com a elevação testicular (sinal de Prehn). ▪ Pielonefrite: a infecção renal aguda é caracterizada pela tríade de febre alta, calafrios e dor lombar, mas apenas 60% das pielonefrites têm esse quadro. Em geral, os pacientes se apresentam toxêmicos, com queda do estado geral. – A dor (causada pela distensão da cápsula renal) pode irradiar para o abdome. Quando irradia para a virilha, sugere obstrução (ex.: nefrolitíase). O diagnóstico pode ser difícil em criançasmuito pequenas e idosos, pois os sinais clássicos podem não estar presentes. ITU em crianças Em neonatos e lactentes os sinais clássicos de ITU não são encontrados! O bebezinho pode apresentar irritabilidade, anorexia, déficit de ganho ponderal, vômitos, diarreia, icterícia, convulsão, letargia... Muito inespecífico, né? Enfim... é preciso sempre pensar em ITU diante da criança com febre de origem não especificada. – Nos primeiros meses de vida, ITU é mais comum no sexo masculino, por causa da elevada incidência de válvula de uretra posterior (uma anomalia congênita exclusiva do sexo masculino). Já em crianças maiores, os sinais são semelhantes aos sinais de ITU em adultos. ITU em idosos Nos idosos o quadro de ITU geralmente não é completo, de modo que eles podem não desenvolver febre em vigência de uma infecção grave. Nessa faixa etária, os principais fatores envolvidos na ITU são: – Homens: doença prostática (com perda da secreção bactericida, além de obstrução do trato urinário); – Mulheres: hipoestrogenismo com epitélio vaginal atrófico (mais suscetível à colonização) e esvaziamento incompleto da bexiga (se houver algum grau de distopia genital); COMPLICAÇÕES ITU baixa De modo resumido, são consideradas complicações da ITU baixa a refratariedade e a recorrência dos sintomas (persistência, relapso, reinfecção). Além disso, existe uma complicação rara, típica dos diabéticos, conhecida como cistite enfisematosa (gás na parede da bexiga). Os agentes mais comuns são Gram-negativos entéricos (E. coli), e o quadro está relacionado à obstrução, com eventual necessidade de abordagem cirúrgica. ITU alta A pielonefrite aguda pode se associar a uma série de complicações graves: ▪ Sepse: ITU é uma importante fonte de bacteremia por Gram-negativos. Lactentes, idosos, imunodeprimidos e diabéticos são os pacientes de maior risco. ▪ Obstrução urinária: Algumas bactérias (Proteus spp., Providencia stuartii, Morganella morgani, Corynebacterium urealyticum) são produtoras da enzima urease, que degrada a ureia em amônia, promovendo alcalinização urinária. O pH aumentado favorece a precipitação de magnésio, cálcio e amônia, formando um tipo especial de cálculo – estruvita – frequentemente coraliforme. ▪ Abscesso: pode ser intrarrenal (no próprio parênquima sem ultrapassar a cápsula), ou perinefrético, quando se estende para a gordura perirrenal. É mais comum em diabéticos e/ou quando há obstrução urinária associada. ▪ Pielonefrite enfisematosa: é uma entidade rara, que ocorre geralmente em diabéticos. Nesses casos, há extensa necrose com formação de gás na loja renal. Caracteriza-se pelo início súbito de uma pielonefrite grave, que evolui para sepse. O tratamento requer debridamento cirúrgico. Thomás R. Campos | Medicina - UFOB ▪ Necrose de papila renal: pacientes diabéticos, com obstrução urinária, falcêmicos, usuários crônicos de AINEs... têm mais chance de desenvolver. O quadro clínico caracteriza-se por hematúria macroscópica e obstrução ureteral pela papila necrótica. ▪ Pielonefrite crônica: a pielonefrite crônica é o processo de atrofia progressiva do parênquima renal, que pode ocorrer em pacientes com história de pielonefrite bacteriana de repetição. As principais consequências são HAS ou IRC. ▪ Pielonefrite xantogranulomatosa: é uma evolução incomum da pielonefrite, marcada pelo desenvolvimento de um processo inflamatório peculiar, o qual se estabelece por conta de uma resposta imune anormal à infecção. As lesões podem exercer efeito de massa e mimetizarem neoplasias. Na maioria das vezes se associa à obstrução urinária. O exame físico costuma revelar massa abdominal palpável, correspondente à nefromegalia. O diagnóstico é sugerido pela tomografia. ▪ Pieloureterite Cística: é uma entidade rara em pacientes com ITU crônica, caracterizada por múltiplos cistos subepiteliais do tamanho de uma ervilha, provenientes da metaplasia das glândulas mucosas ou da hiperplasia dos folículos linfáticos, que podem formar-se, na pelve renal ou no ureter proximal ▪ Malacoplaquia: a cistite infecciosa crônica pode levar à formação de granulomas em sua parede, manifestando-se como falhas de enchimento em “saca bocado” na bexiga e ureter, observadas na urografia excretora. Essa entidade é denominada malacoplaquia. DIAGNÓSTICO EAS: faz parte do diagnóstico, mas não deve ser valorizado de maneira isolada, pois não tem acurácia tão alta, e várias coisas podem causar piúria. – Piúria com urinoculturas repetidamente negativas sugere muito a presença de tuberculose renal. Já a presença de dilindros piocitários é quase patognomônico de tuberculose renal diante do quadro clínico típico de pielonefrite aguda; – O teste do nitrito tem alta especificidade para gram- negativos entéricos, que possuem enzima nitrato- redutase, que transforma o nitrato urinário em nitrito; – Hematúria macroscópica pode ser observada em casos de ITU (especialmente na cistite). Fita reagente: é um suporte plástico que contém reagentes químicos. Identifica pH, densidade e elementos químicos no exame de urina (ex.: nitrito, glicose...). Urocultura: é o exame que confirma o diagnóstico. Pode-se prescindir da urocultura em mulheres jovens com “cistite” não complicada, nesses casos o diagnóstico é clínico (disúria + polaciúria). Em homens e nos demais casos, porém, é necessário urocultura. ▪ Cistite: ≥ 102 UFC/ml. ▪ Uretrite: < 102 UFC/ml. ▪ Pielonefrite: clínica + urocultura ≥ 104 UFC/ml. TRATAMENTO Antes de falar de tratamento, é preciso pensar em quais situações ele está indicado. De modo geral, o tratamento medicamentoso está indicado para todos os pacientes sintomáticos. [?] E se o paciente tiver bacteriúria, mas sem sintomas? Só se trata bacteriúria assintomática em cinco situações: 1. Gestantes: pelo risco de CIUR, prematuridade e morte perinatal; 2. Pré-cirúrgico: em pacientes que serão cateterizados e têm risco aumentado de pielonefrite (idosos, diabéticos, nefropatas, portadores de bexiga neurogênica, incontinência urinária, obstrução, litíase, ITU de repetição e imunodeprimidos); 3. Transplantados renais: o risco de ITU é bem superior à da população normal, chegando até 80% nos primeiros três meses. A infecção é uma causa importante de disfunção do enxerto; 4. Infecção por Proteus mirabilis: causa frequente de ITU complicada e possui uma grande tendência para infecção renal e formação de cálculo de estruvita infectado. 5. Infecção por Providencia spp. Em pacientes com bexiga neurogênica em uso de cateter vesical: esses pacientes têm maior propensão à bacteriúria, frequentemente associada à pielonefrite oligo ou assintomática. Só pra lembrar, considera-se Bacteriúria assintomática: [?] Certo... e como tratar? O tratamento da ITU se baseia na antibioticoterapia, extremamente eficaz para a maioria dos pacientes, aliviando os sintomas e negativando a urinocultura. A maioria das infecções urinárias responde muito bem ao tratamento, sendo observada melhora significativa dos sintomas nas primeiras 24-48h. Analgésicos para as vias urinárias podem ser utilizados em pacientes com sintomatologia importante. Mas vale ressaltar que não tratam a causa, pois não têm efeito antibacteriano. [?] Beleza, mas e se tratar e não houver resposta? Se for ITU baixa, pensar em bactéria resistente ou uretrite causada por germes diferentes. Se for pielonefrite, pensar em abscesso ou obstrução. Neste caso, um exame de imagem (USG ou TC) deve ser imediatamente solicitado. *Refratariedade é definida como ausência de melhora, 48-72h após o início da antibioticoterapia, mesmo se o antibiótico for eficaz contra o germe em questão. A forma mais comum de resistência é a Transferência de Resistência por fator-R. Sabemos que as bactérias podem adquirirmecanismos de resistência aos antibióticos. Mecanismos estes que são muito variados. Mas nos casos dos germes gram negativos uropatogênicos, temos um mecanismo mais comum: a bomba de MDR (Resistência a múltiplas Drogas), bomba de efluxo que \"joga\" o fármaco para fora da célula bacteriana, impedindo sua ação. Os genes que codificam essas bombas estão na maioria das vezes codificados nos plasmídeos, que são porções de material genético que é trocado ou transferido de um bactéria para outra numa reprodução sexuada (conjugação). Tal material ainda pode ser adquirido de outras formas como por incorporação de DNA livre pela célula bacteriana (transformação) ou através de um vírus bacteriófago (transdução) que ao transferir seu material genético para a bactéria acaba transferindo também material genético de outra bactéria que também confere resistência. Thomás R. Campos | Medicina - UFOB TRATAMENTO Fiz logo por algoritmo porque achei mais TOP (hora de dar aquele zoom) ITU BAIXA ITU ALTA ITU HOSPITALAR Na ITU hospitalar não vou fazer o fluxograma não, porque é bem óbvio. A ITU hospitalar, relacionada ao cateter vesical, pode se apresentar com sintomas de cistite (dor suprapúbica), pielonefrite/bacteremia (febre, calafrios, lombalgia) ou apenas com alterações no aspecto da urina (turva e com grumos). Em todos os casos está indicada uma urinocultura com antibiograma. Aí não tem segredo: ▪ Se os sintomas forem de ITU baixa, tratar por 07 dias. ▪ Se os sintomas forem de pielonefrite, tratar por 14 dias. ▪ Bacteriúria assintomática, só tratar se houver maior risco de pielonefrite (ex.: grávidas), por 07 dias. [?] E como escolher o antibiótico? No caso de tratamento empírico, a escolha do antibiótico deve se basear nas orientações da CCIH. Assim que o resultado da urinocultura e antibiograma estiverem disponíveis, você faz o ajuste de antibiótico, se necessário. Além disso, sempre que possível o cateter deve ser retirado! Thomás R. Campos | Medicina - UFOB ITU POR FUNGOS O principal fungo que infecta o trato urinário é a Candida. O crescimento de Candida na urinocultura é denominado candidúria (Urocultura com ≥104 UFC/mL em jato médio, ou ≥102 UFC/mL quando colhida de cateter vesical), que pode significar: ▪ Contaminação da urina pela flora periuretral ▪ Colonização do trato urinário ou do cateter vesical ▪ ITU baixa ou alta ▪ Infecção fúngica sistêmica Ou seja, pode não significar nada, mas também pode significar algo grave [?] Então quando tratar? Se não houver sintomas, apenas corrigir fatores de risco (ex.: cateter vesical) e repetir urocultura com 1-4 semanas após. As condições clínicas que indicam a terapia antifúngica são aquelas em que há uma chance maior de infecção invasiva ou quando existem sintomas de ITU: Os dois antifúngicos indicados para tratar a infecção por Candida são fluconazol e anfotericina B. Fluconazol é a 1ª opção na maioria dos casos, pois a anfotericina B têm toxicidade renal. Anfotericina B só é indicada em casos de resistência ao fluconazol ou diante de fungos sabidamente resistentes ao fluconazol como C. glabrata e C. krusei. Fluconazol (IV/VO): -200-400 mg 1x/dia (no 1º dia) -100-200 mg 1x/dia (manutenção) Por 07 dias Anfotericina B (IV, 0,3-0,5 mg/kg/dia) Por 07 dias 01-02 semanas após está sempre indicada uma urocultura de controle. Se positiva, devemos procurar complicações do tipo “bola fúngica”, ou mesmo resistência da Candida ao antifúngico empregado. ANTIBIOTICOPROFILAXIA O uso crônico de antibióticos pode prevenir a proliferação de bactérias na urina vesical. Mas como você já deve ter raciocinado, existe a desvantagem da “seleção” de flora bacteriana. Então você não vai fazer isso pra todo mundo, só quando houver indicação. [?] E quais são as indicações de antibioticoprofilaxia? ▪ ITU sintomática de repetição (mais de 03 episódios / ano). ▪ Gestante com ITU recorrente. ▪ Pós-transplante renal. ▪ Prostatite crônica. ▪ Crianças com refluxo vesicureteral O antibiótico deve ser administrado uma vez ao dia, antes de dormir, pois é o momento em que a droga pode se concentrar melhor na urina. [?] Por quanto tempo? Na mulher não gestante sintomática → 06 meses a 01 ano. ▪ Na mulher gestante → até o parto. – Se apresentou pelo menos um relapso (mesmo que assintomático), está indicada a profilaxia (bem como urinoculturas mensais) até o parto. ▪ No pós-transplante renal → 03 a 06 meses; ▪ No refluxo vesico-ureteral → até resolver o refluxo; ▪ Na prostatite crônica → pro resto da vida (pois o risco de ITU de repetição é muito alto); Thomás R. Campos | Medicina - UFOB
Compartilhar