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Orçamento Empresarial 2
Núcleo de Educação a Distância 
www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação
Nara Pires
Pró-Reitoria de Programas de Graduação
Lívia Maria Figueiredo Lacerda
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Henrique Martins Rocha
1ª Edição
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Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por 
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Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária
Carlos de Oliveira Varella
Núcleo de Educação a Distância (NEAD)
Márcia Loch
Sumário
Orçamento Empresarial 2
Para início de conversa… ................................................................... 04
Objetivo ............................................................................................ 05
1. Orçamento de Compras de Matérias-primas .............................. 06
2. Orçamento de Custo de Mão de Obra ...................................... 18
3. Orçamento de Custos Indiretos ............................................... 21
Referências ........................................................................................ 24
4 Orçamento Empresarial
Para início de conversa…
A dinâmica envolvida na produção de bens e serviços é composta 
por uma intrincada composição de fatores e fenômenos diversos. A empresa 
precisa receber insumos específicos, na quantidade e momentos necessários 
e utilizar a sua estrutura física composta por máquinas, equipamentos e 
instalações, bem como mão de obra apropriada, para transformar os insumos 
nos produtos que serão comercializados e chegarão aos consumidores.
Mas isso não é um processo fácil, pois envolve, a partir da previsão 
de demandas dos diferentes produtos, estabelecer os recursos necessários 
para atendê-las. Por exemplo, quais insumos são necessários, quanto já 
dispomos deles, qual a quantidade de mão de obra necessária para executar 
tais processamentos dos insumos, que outros recursos utilizaremos etc. são 
alguns questionamentos que surgem no planejamento do ciclo produtivo. Mas, 
principalmente, é preciso converter tais informações em dados numéricos, 
em especial, em valores monetários, para compor, junto ao orçamento das 
receitas, o instrumento de gestão (planejamento e controle) das variáveis que 
estabelecerão os resultados operacionais da organização.
E é isso que veremos aqui, abordando o orçamento de compra de 
matérias-primas, mão de obra direta e custos indiretos.
Objetivo
Elaborar os orçamentos: compras matérias-primas, custo de mão de 
obra, custos indiretos.
6 Orçamento Empresarial
1. Orçamento de Compras de Matérias-primas
A produção de bens depende da utilização de insumos diversos: 
energia, água, matérias-primas etc. E, obviamente, a quantidade dos insumos 
depende do volume a ser produzido. Por exemplo, se a produção de uma 
cadeira exige o uso de 0,1 lata de verniz para acabamento, a produção de 1.000 
cadeiras utilizaria 1.000 x 0,1 = 100 latas de verniz.
Dessa forma, as empresas precisam não somente planejar a sua 
produção, isto é, que produtos produzir, em que quantidade e quando, 
mas, também precisam planejar seus insumos necessários, de tal forma que 
possam planejar a aquisição e estocagem dos mesmos, em especial, peças, 
componentes e matérias-primas (FREZATTI, 2017).
Nesse sentido, a vinculação entre as necessidades das matérias-primas e 
suas aquisições parece ser óbvia: compramos o que precisamos, na quantidade 
que precisamos e quando precisamos. Mas, não é tão simples assim, por 
razões diversas:
 ▪ As matérias-primas usualmente têm unidades mínimas não 
fracionáveis. Por exemplo, se um fabricante de barras de aço que 
abastece o mercado com varas de 5 metros, não temos como 
comprar dele um total de 103 metros de barra de aço, mesmo que 
essa seja a nossa necessidade: compramos 100 metros (20 barras) 
ou 105 metros (21 barras).
 ▪ •Além disso, é comum a existência de lotes mínimos de fornecimento 
por parte dos fabricantes. Isso acontece por razão de limitações no 
processo produtivo (o set-up das máquinas e equipamentos pode 
ser excessivamente demorado e complexo para justificar a produção 
de lotes pequenos de produção), por razões de padronização de 
embalagem (quando, por exemplo, a matéria-prima é fornecida em 
cestos, engradados, fardos etc.) ou por limitações no próprio processo 
de comercialização: o custo administrativo de processamento dos 
pedidos pode se tornar proibitivo para quantidades pequenas.
7Orçamento Empresarial
 ▪ Também, em condições específicas, pode haver um limite de 
volume máximo a ser fornecido: limitações logísticas/de transporte, 
limites na capacidade produtiva de subfornecedores, situações de 
desabastecimento (que pode levar os fornecedores a contingenciar 
os volumes das entregas, garantindo que todos os seus clientes 
recebam, ao menos parcialmente, os insumos necessários a manter 
suas operações) etc.
Observe que, no exemplo das barras de aço, elas podem ser fornecidas, 
por exemplo, em amarrados de 10 barras fixadas com contas de aço e um 
lote mínimo de 30 barras (3 conjuntos cintados com 10 barras cada). Ou 
seja, nesse caso, ainda que nossa necessidade fosse de somente 103 metros, 
precisaríamos adquirir o equivalente a 300 metros de barras de aço.
Você deve estar se perguntando: mas se eu adquirir 300 metros de 
barras, mas só utilizarei 103 metros, o que faço com o resto? Bem, não há 
uma resposta única para tal situação:
 ▪ Se houver perspectiva de utilizar tal material no futuro, as “sobras” 
devem permanecer estocadas até o momento do uso (desde que não 
seja um material perecível, ou de vida de prateleira limitada como 
tintas, vernizes, cola etc.). Tal alternativa, obviamente, gera um 
impacto sobre o inventário e, consequentemente, sobre os giros da 
empresa, mas pode ser a alternativa menos traumática.
 ▪ Podemos fazer uma pesquisa para identificar a possibilidade de 
comprar de distribuidores ou fracionadores, de quem poderíamos 
comprar quantidades menores, ainda que a um custo unitário maior. 
Por exemplo, se o amarrado com 10 barras comprado diretamente 
do fabricante tiver um custo de R$ 1.000,00 (ou seja, R$ 100,00 
por barra), enquanto a barra unitária vendida por um distribuidor 
custa R$ 130,00, a compra do lote mínimo de barras do fabricante 
nos custaria 3 x 1.000 = R$ 3.000,00, ao passo que comprando 21 
barras do distribuidor, isso representaria somente 21 x 130 = R$ 
2.730,00 (uma economia de 9%, apesar do custo unitário da barra 
ser 30% superior).
8 Orçamento Empresarial
 ▪ Existe, ainda, a possibilidade de compras solidárias, isto é, mais de 
uma empresa comprando do fabricante, de forma a partilharem as 
quantidades de um lote mínimo e os custos de aquisição. Trata-se 
de um processo, no em tanto, que adiciona certa complexidade no 
processo de compra em si, bem como na logística de entrega.
 ▪ Também, de forma a atenuar os impactos da compra em excesso, 
pode ser desenvolvido o processo de venda das sobras. No entanto, 
trata-se, usualmente, de um processo complexo por não estar 
ligado à atividade principal da empresa, além do fato de que os 
preços de revenda não costumam ser atrativos.
 ▪ Por último, pode ser processada a baixa do material excedente, o 
que representa um impacto nos resultados da empresa.
Dessa forma, como você pode perceber, são muitos aspectos a serem 
analisados e muitas variáveis envolvidas. Porém, há, ainda, mais fatores a serem 
considerados. Por exemplo, a existência de um estoque inicial e/ou a intenção 
de não exaurir totalmente o material ao fim da produção (ou seja, gerar um 
estoque final, diferente de zero). Por exemplo, na situação das barras de aço, 
se dispuséssemos de 2 barras em estoque, nossa real necessidade seria de 103 
– (2 x 5) = 93metros (ou seja, 18,6 ≈ 19 barras).
Se, além disso, quiséssemos manter um estoque residual de 5 barras 
após produzida a quantidade planejada, a quantidade a ser adquirida deveria 
ser de 19 + 5 = 24 barras. A decisão de prever uma “sobra” está usualmente 
relacionada ao conceito de estoque de segurança (também conhecido 
como estoque mínimo), isto é, haver a cobertura para eventuais variações 
na demanda: ainda que isso cause um aumento no nível médio de estoque 
e, consequentemente, no custo de manutenção de estoques, tais impactos 
costumam ser menores do que as eventuais perdas de vendas e insatisfações de 
clientes por incapacidade de atender a demandas por falta de matérias-primas.
Observe o gráfico a seguir. Nele, você pode identificar o tempo 
transcorrido entre o momento do pedido e o efetivo recebimento do material 
adquirido, ou seja, o Lead Time (LT) de recebimento.
9Orçamento Empresarial
Gráfico 1: Variação de estoque ao longo do tempo. Fonte: Elaborado pelo autor.
No entanto, se houver uma aceleração na demanda, isto é, se o 
consumo se tornar mais intenso, há o risco de desabastecimento, não sendo 
possível atender aos clientes até que seja recebido mais material, como 
mostrado a seguir:
Gráfico 2: Variação de estoque ao longo do tempo, com período de desabastecimento. Fonte: Elaborado pelo autor.
A previsão de um estoque de segurança (ES) é a solução normalmente 
utilizada para reduzir tal risco: é previsto uma sobra proposital de estoque, 
o qual supriria as necessidades até o recebimento do novo lote de material, 
como mostrado a seguir:
Estoque
tL T
Estoque
tL T
10 Orçamento Empresarial
Gráfico 3: Variação de estoque ao longo do tempo, com estoque de segurança. Fonte: Elaborado pelo autor.
Também pode ser previsto um tamanho de lote de produção 
específico, baseado nos custos totais. Nesse caso, considera-se que, se por 
um lado, o aumento do tamanho dos lotes faz com que haja um aumento 
no custo de manutenção de estoques (pois mais material fica “parado” por 
mais tempo, aguardando que os lotes se completem). Por outro lado, há um 
melhor aproveitamento dos processos administrativos de compras ou do set-
up de produção, visto que, a partir do mesmo processo ou do mesmo set-up, 
mais unidades serão produzidas ou adquiridas. Isto é, caminham em direções 
opostas e a composição que apresenta e menor custo total (somatório do 
custo de manutenção de estoque com o custo do processamento de pedidos 
ou de produção pode ser calculado mediante a equação de lote econômico, 
apresentada a seguir (MOREIRA, 2009).
Sendo:
Q - o tamanho do lote econômico (em quantidade de unidades de 
produto).
D - o demanda no período analisado (por exemplo, anual ou 
mensal).
Estoque
tL T
{E S
2. . p
e
D C
Q
C
=
11Orçamento Empresarial
Cp - o custo unitário do processamento do pedido (incluindo o 
gasto com mão de obra indireta necessária ao processamento).
Ce - o custo unitário de estocagem ao longo do tempo analisado 
(na forma de um valor fixo, ou como percentual do valor do item).
 
Vamos tomar como exemplo a seguinte situação: o produto XYZ é 
adquirido e estocado, representando um custo unitário de inventário de R$ 
120,00. O custo do processamento do pedido de compras e recebimento do 
material (entrar em contato com o fornecedor, solicitar cotação, receber a 
mesma, emitir ordem de compra, fazer acompanhamento, receber, conferir 
e armazenar o material, processar a fatura para atualização dos controles de 
inventário e para programar contas a pagar etc.), é de R$ 100,00.
Supondo uma demanda anual de 1.200 unidades e que o custo de 
oportunidade de manutenção do estoque seja de 20% a.a., substituímos os 
valores na equação:
 
Ou seja, deveríamos comprar o item XYZ em lotes de 100 unidades 
de cada vez (ou seja, 12 lotes anuais de 100 unidades cada). Tal composição 
representaria o seguinte custo total anual:
 ▪ Como seriam emitidos 12 pedidos no ano, o custo total 
administrativo seria de 12 x R$ 100 = R$ 1.200,00.
 ▪ Recebendo lotes de 100 unidades, teríamos ao longo do ano 
um estoque médio equivalente a 50 unidades (lembre-se de que 
receberíamos 100 unidades, as quais seriam consumidas ao longo do 
mês, até “zerar” o estoque, quando haveria o recebimento de novo 
lote de 100. Isto é, a quantidade estocada variaria continuamente 
entre 0 e 100 unidades); daí a média de 50), desconsiderando algum 
eventual estoque de segurança.
2 1.200 100 100
0,2 120
x xQ
x
= =
12 Orçamento Empresarial
 ▪ Podemos dizer, assim, que teríamos em média o equivalente de 50 
unidades do XYZ em estoque ao longo do ano, isto é 50 x 120 = 
R$ 6.000,00, Considerando o custo de oportunidade de 20% a.a., 
isso representaria um gasto anual de 0,2 x 6.000 = R$ 1.200,00.
Assim sendo, o custo total anual com o XYZ, além do próprio custo 
de aquisição do mesmo (1.200 x 120 = R$ 144.000,00) seria de R$ 1.200,00 
para processamento dos pedidos e mais R$ 1.200,00 de custo de manutenção 
de estoques, totalizando R$ 2.400,00 ao ano.
O que aconteceria se optássemos por trabalhar com tamanhos de lote 
diferentes do lote econômico? Bem, vamos supor que, preocupados com o 
elevado custo de manutenção do estoque, resolvêssemos trabalhar com lotes 
menores, por exemplo, 60 unidades. Nessa nova situação, nosso estoque 
médio passaria a ser de 60/2 = 30 unidades do XYX, ou 30 x 120 = R$360,00, 
o que, considerando o custo de oportunidade de 20% a.a. implicaria em 0,2 x 
360 = R$720,00 por ano. Uma redução no custo de manutenção de estoque, 
de fato, bastante significativa.
No entanto, lotes menores de compra representariam que 
precisaríamos comprar com maior frequência, isto é, processar uma maior 
quantidade de pedidos por ano. Com a demanda anual de 1.200 unidades, 
precisaríamos processar 1.200 ÷ 60 = 20 pedidos/ano, a um custo total de 
20 x 100 = R$ 2.000.
Observe, então, que, apesar da redução do custo de manutenção do 
estoque, houve um salto significativo no custo anual de processamento de 
pedidos, e o custo total passou a ser de 720 + 2.000 = R$ 2.720,00 (13,3% 
superior ao que teríamos se mantivéssemos as compras em quantidades de 
acordo com o lote econômico calculado.
Obviamente, o contrário também ocorre: um aumento no lote de 
compra, passando, por exemplo, para 120 unidades, reduziria o custo anual 
de processamento de pedidos (10 pedidos, ao custo de R$ 100,00 representa 
um total de R$1.000,00), mas aumentaria o custo de manutenção de estoques 
(estoque médio de 60 unidades, ou R$ 7.200,00, a 20% a.a. significaria um custo 
anual de manutenção de estoques de 0,2 x 7.200 = R$ 1.440,00), de tal forma 
que o custo total anual superaria o custo se fosse utilizado o lote econômico.
13Orçamento Empresarial
Tal fenômeno pode ser observado no gráfico a seguir:
Gráfico 4: Variação dos custos em função do tamanho do lote de compra. Fonte: Elaborado pelo autor.
É perceptível que os lotes pequenos implicam em baixos custos de 
manutenção de estoque, o que é óbvio, pelo fato de que pouco material 
permanece estocado (ou seja, é pouco “dinheiro parado”). No entanto, a 
compra frequente faz com que o custo total dos processos administrativos 
seja bastante elevado.
Por outro lado, lotes “grandes” têm efeito oposto, com aumento do 
custo de manutenção de estoques e diminuição no custo dos pedidos. Dessa 
forma, não devemos nos preocupar com tais custos de forma isolada, mas 
sim em identificar o ponto ótimo de custo total. Como se pode ver, há um 
ponto de inflexão no mesmo, quando trabalhamos com o lote econômico 
calculado (100 unidades do XYZ) e temos o menor custo total possível nessas 
condições: R$ 2.400,00/ano.
 
Vamos discutir e exemplificar todas as situações discutidas em uma 
empresa fictícia: uma fábrica de roupas, a Shorts & Shirts, que produz 
R$ 7.000
R$ 6,000
R$ 5.000
R$ 4.000
R$ 3.000
R$ 2.000
R$ 1.000
R$
20 60
Custo do pedido
Custo de manutenção 
do estoque
Custo Total
Variação do custo em função do 
tamanho do lote
100 140 180 220 260 300
14Orçamento Empresarial
camisas e shorts. Para efeito de simplificação, vamos assumir que as peças são 
de tamanho único e que utilizam um único tecido para cada produto e uma 
única linha para costura, como mostrado a seguir.
 
Tecido para camisas:
Unidade: rolo de 50 metros
Unidade de compra: rolo unitário
Lote mínimo de compra: 5 rolos
Quantidade por camisa: 0,02 rolo
Custo do rolo: R$ 100,00
Lote econômico: 10 rolos
Estoque inicial: 50 rolos
 
Tecido para shorts:
Unidade: rolo de 50 metros
Unidade de compra: par de rolos
Lote mínimo de compras: 10 pares de rolos
Quantidade por short: 0,01 rolo
Custo do rolo: R$ 150,00
Lote econômico: 6 pares de rolo
Estoque inicial: 30 rolos (15 pares)
 
Linha:
Unidade: carretel de 20 metros
Unidade de compra: pacote com 10 carretéis
Lote mínimo de compras: 10 pacotes
Quantidade por camisa: 0,01 carretel
Quantidade por short: 0,02 carretel
Custo do carretel: R$5,00
Lote econômico: 20 pacotes
Estoque inicial: 100 carretéis (10 pacotes)
 
Também para efeito de simplificação, vamos assumir que a empresa 
não prevê sobras de materiais. Vamos ver, então, quais deveriam ser os volumes 
comprados a cada mês, tendo por base as demandas mensais de cada produto.
15Orçamento Empresarial
Mês
Demanda prevista
Estoque inicial Compra(rolos) Estoque final
peças rolos
1 1000 20 50 0 30
2 1200 24 30 0 6
3 1400 28 6 22 0
4 800 16 0 16 0
5 1100 22 0 22 0
Tabela 1: Previsão de demanda e planejamento de compras de tecido para camisas. Fonte: Elaborado pelo autor.
 
Repare que o estoque inicial era suficiente para que as compras só 
fossem necessárias a partir do 3º mês. E as necessidades eram superiores ao 
lote mínimo de compras (5 rolos).
Considerando o lote econômico de 10 rolos, as compras poderiam 
ocorrer, então, em sequências de 6 lotes (60 rolos), para atender o plano 
previsto (11 + 16 + 22 = 60 rolos). Vamos ver, agora, a situação dos shorts.
Mês
Demanda prevista
Estoque 
inicial
Compra
(pares) Estoque final
peças rolos pares
1 1500 15 7,5 15 0 7,5
2 2100 21 10,5 7,5 10 7
3 1800 18 9 7 10 8
16 Orçamento Empresarial
4 1450 14,5 7,25 8 0 0,75
5 1780 17,8 8,9 0,75 10 1,85
Tabela 2: Previsão de demanda e planejamento de compras de tecido para shorts. Fonte: Elaborado pelo autor.
 
Repare que, neste caso, como o lote mínimo é superior ao lote 
econômico, a empresa fica limitada a comprar em quantidades maiores do que 
seria o mais econômico para ela, ou seja, 10 pares de rolo ao invés de 6. Note, 
também, que já não foi mais possível terminar os períodos com estoque zero.
E, agora, vamos calcular as demandas acumuladas de linha para as 
camisas e shorts e, a partir das demais informações, planejar as compras, 
como mostrado na tabela a seguir:
 
Mês
Demanda prevista
Estoque 
inicial
Compra
(pacotes)
Estoque 
final
camisas carretéis shorts carretéis Total pacotes
1 1000 10 1500 30 40 4 10 0 6
2 1200 12 2100 42 54 5,4 6 0 0,6
3 1400 14 1800 36 50 5 0,6 20 15,6
4 800 8 1450 29 37 3,7 15,6 0 11,9
5 1100 11 1780 35,6 46,6 4,66 11,9 0 7,24
Tabela 3: Previsão de demanda e planejamento de compras para linha. Fonte: Elaborado pelo autor.
 
No caso da linha, foi possível planejar as aquisições de acordo com 
o lote econômico (20 pacotes). Ainda que tenha gerado uma sobra, como 
discutimos anteriormente, a redução no custo administrativo com a aquisição 
compensa tal impacto no custo de manutenção de estoques, resultando, 
portanto, em um menor custo total.
17Orçamento Empresarial
Vamos, agora, consolidar as informações, para composição do 
orçamento de compras de matérias-primas para atender à produção e demanda 
até o quinto mês.
Mês Tecido camisa Tecido short Linha Total
qde Valor qde Valor qde Valor
1 0 R$ - 0 R$ - 0 R$ - R$ - 
2 0 R$ - 10 R$ 1.500,00 0 R$ - R$ 1.500,00
3 22 R$ 2.200,00 10 R$ 1.500,00 20 R$ 100,00 R$ 3.800,00
4 16 R$ 1.600,00 0 R$ - 0 R$ - R$ 1.600,00
5 22 R$ 2.200,00 10 R$ 1.500,00 0 R$ - R$ 3.700,00
Tabela 4: Orçamento de compras de matérias-primas. Fonte: Elaborado pelo autor.
 
Importante notar que, as indicações de mês 1, mês 2 etc., não 
necessariamente significam que as compras ocorrerão dentro do próprio 
mês. Na verdade, o que vemos na Tabela 4, é a previsão de quantidades a 
serem compradas e cada item e quanto isso representaria, mas o “quando” tais 
compras ocorreriam dependerá das políticas de compras da própria empresa, 
bem como do lead time dos fornecedores. Por exemplo, se a compra ocorrer 
um mês antes da necessidade de uso, as quantidades e valores apresentados 
seriam refletidos nos meses 0, 1, 2, 3 e 4.
Também é importante destacar que os valores não representam 
necessariamente desembolsos: isso dependerá, obviamente, de quando a 
compra ocorrerá, bem como das condições de vendas estabelecidas pelos 
fornecedores. Por exemplo, se os fornecedores fazem as vendas com 50% 
a serem pagos com 30 dias e o restante com 60 dias, teríamos a seguinte 
situação:
18 Orçamento Empresarial
Mês Compras Pagamento Fornecedores
0 R$ - R$ - R$ - 
1 R$ 1.500,00 R$ - R$ - 
2 R$ 3.800,00 R$ 750,00 R$ 750,00
3 R$ 1.600,00 R$ 2.650,00 R$ 1.900,00
4 R$ 3.700,00 R$ 2.700,00 R$ 800,00
5 ???? R$ 2.650,00 R$ 1.850,00
Tabela 5: Orçamento de pagamentos das matérias-primas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Isto é, para a produção do mês 2, necessitamos de R$ 1.500,00 em 
matérias-primas (vide Tabela 4), que seria adquirida no mês 1. Metade do 
valor (R$ 750,00) seria pago em 30 dias (mês 2) e metade com 60 dias (mês 
3), sendo lançado, então como “Fornecedores” (contas a pagar). E no mês 2, 
compraríamos mais R$ 3.800,00, que seguiriam a mesma lógica.
Dessa forma, no mês 4, os R$ 750,00 pagos no mês 3 não mais 
apareceriam, mas teríamos de pagar os R$ 1.900,00 restantes das compras 
do mês 2, bem a primeira parte (R$ 800,00) das compras do mês 3. Ou seja, 
pagaríamos 1.900 + 800 = R$ 3.700,00, permanecendo os demais R$ 800,00 
a serem pagos no mês 5, e assim sucessivamente.
2. Orçamento de Custo de Mão de Obra
Os produtos manufaturados, bem como diversos serviços que são 
prestados, dependem da utilização de mão de obra direta. Por exemplo, a 
usinagem de matérias-primas para as transformar em peças e componentes, a 
montagem e teste de conjuntos e produtos finais etc.
19Orçamento Empresarial
Ou seja, a mão de obra direta agrega valor diretamente às matérias-
primas e, consequentemente, deve ser considerada no cálculo do custo do 
produto vendido (ou custo do serviço prestado). Dessa forma, como citam 
Lobato e Azevedo (1994, p.52). “Os custos apurados de mão de obra direta 
– MOD – servem de base para as projeções do fluxo de caixa e do resultado 
do exercício”. Além disso, “Com base nos dados levantados, o departamento 
de pessoal poderá planejar o período de férias bem como as contratações e 
demissões a serem efetuadas durante o período”. (ibid, p.52)
Tal processo se inicia com a determinação do tempo previsto para 
a produção de cada item, o denominado tempo padrão. Normalmente, 
desenvolvido pelo pessoal de Engenharia de Métodos, o tempo padrão pode 
ser estimado com base em cronometragem, dados históricos ou padrões, bem 
como amostragem do trabalho.
Vamos tomar como exemplo, a fábrica Shorts & Shirts e os volumes 
previstos de produção para cada um de seus produtos. Imaginemos que a 
Engenharia analisou o processo produtivo e identificou que cada camisa 
demanda 0,65 minuto no setor de corte, 2,18 minutos no setor de costura e 
0,88 minuto no setor de preparação e embalagem, ao passo que cada short 
demanda para ser produzido de respectivamente 1,03; 2,63 e 0,43 minutos. O 
levantamento dos custos de hora trabalhada da mão de obra dos três setores 
mostra que são de, respectivamente, R$ 11,03; R$ 15,33; e R$ 9,21.
Vamos ver como fica, então, o orçamento de mão de obra direta para 
os dois produtos, detalhados nas Tabelas 6 e 7 (fique atento com a conversão 
de unidades, visto que os tempos foram informados em minutos e o valor foi 
fornecido em horas).
Mês
MOD(camisas)
Demanda Corte Custo Costura Custo Embalagem Custo Total
1 1000 650 R$ 119,49 2180 R$ 556,99 880 R$ 135,08 R$ 811,56
2 1200 780 R$ 143,39 2616 R$ 668,39 1056 R$ 162,10 R$ 973,87
20 Orçamento Empresarial
3 1400 910 R$ 167,29 3052 R$ 779,79 1232 R$ 189,11 R$ 1.136,19
4 800 520 R$ 95,59 1744 R$ 445,59 704 R$ 108,06 R$ 649,25
5 1100 715 R$ 131,44 2398 R$ 612,69 968 R$ 148,59 R$ 892,72
Tabela 6: Orçamento de MOD para camisas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Mês MOD (shorts)
Demanda Corte Custo Costura Custo Embalagem Custo Total
1 1000 1030 R$189,35 2630 R$671,97 430 R$66,01 R$ 927,32
2 1200 1236 R$227,22 3156 R$806,36 516 R$79,21 R$1.112,78
3 1400 1442 R$265,09 3682 R$940,75 602 R$92,41 R$1.298,25
4 800 824 R$151,48 2104 R$537,57 344 R$52,80 R$ 741,85
5 1100 1133 R$208,28 2893 R$739,16 473 R$72,61 R$1.020,05
Tabela 7: Orçamento de MOD para shorts. Fonte: Elaborado pelo autor.
Além disso, fazemos a totalização para compor o orçamento de mão 
de obra, como mostrado na Tabela 8.
Mês MOD
1 R$ 1.738,88
2 R$ 2.086,66
3 R$ 2.434,43
4 R$ 1.391,10
5 R$ 1.912,77
Tabela 8: Orçamento de MOD consolidado. Fonte: Elaborado pelo autor.
21Orçamento Empresarial
Observe, também, que podemos calcular o custo da MOD para cada 
unidade de produto, bastando dividir os valores totais pelas quantidades. Dessa 
forma, o valor agregado pela MOD em cada camisa é de aproximadamente 
R$ 0,81, enquanto nos shorts é de aproximadamente R$ 0,93.
3. Orçamento de Custos Indiretos
Os custos indiretos se referem aos custos relacionados à atividade-fim, 
mas que não são referentes às matérias-primas ou mão de obra direta. De 
acordo com Lobato e Azevedo (1994, p.57), são compostos por:
 ▪ Mão de obra indireta: Despesas com supervisão, pessoal de 
limpeza, apontadores, pessoal de recebimento e almoxarifado, 
inspeção.
 ▪ Suprimentos de operação: Combustíveis, lubrificantes, demais 
materiais não alocados diretamente em função de difícil identificação 
com o produto ou em virtude de não ser economicamente viável a 
alocação direta.
 ▪ Despesas com ferramentas perecíveis: Diversas ferramentas 
utilizadas no processo produtivo que perdem sua utilidade com o 
uso.
 ▪ Manutenção e reparo: Serviços de manutenção ou reparo de 
imóveis e equipamentos.
 ▪ Encargos sociais: INSS, provisão de férias, provisão de 13° salário, 
seguro, PIS, etc.
 ▪ Materiais defeituosos: Materiais não aprovados no controle de 
qualidade.
 ▪ Outros custos: Viagens, diárias, impostos, aluguéis, telefones, 
depreciações, fretes etc.
Não confundir os custos indiretos com despesas comerciais, administrativas e financeiras. Os 
custos indiretos são referentes ao custo de produtos vendidos.
Importante
22 Orçamento Empresarial
Para desenvolvermos o orçamento de custos indiretos, devemos 
estimar tais custos e classificá-los como sendo fixos (não variam linearmente 
com a quantidade) ou variáveis (variam em relação direta com a quantidade 
produzida). Vamos supor que a Shorts & Shirts tenha a seguinte composição 
de custos indiretos:
 
CI Classificação
Valor
por mês por camisa por short
Salários e benefícios 
da supervisão F R$ 8.000,00
Depreciação F R$ 10.000,00
Suprimentos V R$ 0,11 R$0,02
Energia elétrica F R$ 5.000,00
Telefone F R$ 2.000,00
Material de 
embalagem V R$ 0,44 R$ 0,38
Aluguel F R$ 5.000,00
Tabela 9: Custos indiretos. Fonte: Elaborado pelo autor.
Podemos, a partir de tais informações, compor o orçamento de 
custos indiretos, multiplicando os custos variáveis unitários pelos volumes e 
adicionando os custos fixos, como apresentado na Tabela 10.
23Orçamento Empresarial
Mês
Volume CV
CF Total
camisas shorts camisas shorts
1 1000 1500 R$ 550,00 R$ 600,00 R$ 30.000,00 R$ 31.150,00
2 1200 2100 R$ 660,00 R$ 840,00 R$ 30.000,00 R$ 31.500,00
3 1400 1800 R$ 770,00 R$ 720,00 R$ 30.000,00 R$ 31.490,00
4 800 1450 R$ 440,00 R$ 580,00 R$ 30.000,00 R$ 31.020,00
5 1100 1780 R$ 605,00 R$ 712,00 R$ 30.000,00 R$ 31.317,00
Tabela 10: Orçamento de custos indiretos. Fonte: Elaborado pelo autor.
Como você viu, o orçamento de compra de matérias-primas é uma 
peça fundamental no processo orçamentário, pois se presta a identificar o 
quanto deve ser adquirido de cada insumo necessário à produção, respeitando 
não somente as necessidades dos processos, mas as limitações que podem ser 
impostas pela cadeia de suprimentos, na forma de lotes mínimos, prazos de 
suprimento etc.
Além disso, é preciso considerar fatores de conveniência a práticas 
adequadas de gestão da própria organização, tais como preocupações com 
estoques de segurança que garantam a continuidade de atividade, mesmo em 
situações extremas, o cálculo do lotes econômicos para fabricação e aquisições, 
de forma a propiciar o menor custo total pela equalização dos custos de 
manutenção do estoque e dos custos de processamentos de pedidos etc.
Também, outros custos indiretos, bem como a mão de obra direta 
precisam ser detalhadamente analisados, de forma a integrar o conjunto de 
informações necessárias à adequada gestão de tais peças orçamentárias.
24 Orçamento Empresarial
Referências
FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 
6 ed. São Paulo: Atlas, 2017.
LOBATO, D. M.; AZEVEDO, H. M. Orçamento empresarial. Rio de 
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994.
MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2 ed. São 
Paulo: Cengage Learning, 2009.
 
	Título da Unidade
	Objetivos
	Introdução
	Orçamento Empresarial
	Para início de conversa…
	Objetivo 
	1.	Planejamento Econômico e Financeiro
	2.	Princípios de Planejamento
	3.	Etapas de Elaboração do Orçamento
(Peças Orçamentárias)
	Referências
	Orçamento Empresarial 1
	Para início de conversa…
	Objetivo 
	1.	Orçamento de Receita e Vendas
	2.	Orçamento de Produção 
	3.	Orçamento de Consumo de Matérias-Primas 
	Referências
	Orçamento Empresarial 2
	Para início de conversa…
	Objetivo
	1.	Orçamento de Compras de Matérias-primas
	2.	Orçamento de Custo de Mão de Obra
	3.	Orçamento de Custos Indiretos
	Referências

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