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Orçamento Empresarial 2 Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Henrique Martins Rocha 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Orçamento Empresarial 2 Para início de conversa… ................................................................... 04 Objetivo ............................................................................................ 05 1. Orçamento de Compras de Matérias-primas .............................. 06 2. Orçamento de Custo de Mão de Obra ...................................... 18 3. Orçamento de Custos Indiretos ............................................... 21 Referências ........................................................................................ 24 4 Orçamento Empresarial Para início de conversa… A dinâmica envolvida na produção de bens e serviços é composta por uma intrincada composição de fatores e fenômenos diversos. A empresa precisa receber insumos específicos, na quantidade e momentos necessários e utilizar a sua estrutura física composta por máquinas, equipamentos e instalações, bem como mão de obra apropriada, para transformar os insumos nos produtos que serão comercializados e chegarão aos consumidores. Mas isso não é um processo fácil, pois envolve, a partir da previsão de demandas dos diferentes produtos, estabelecer os recursos necessários para atendê-las. Por exemplo, quais insumos são necessários, quanto já dispomos deles, qual a quantidade de mão de obra necessária para executar tais processamentos dos insumos, que outros recursos utilizaremos etc. são alguns questionamentos que surgem no planejamento do ciclo produtivo. Mas, principalmente, é preciso converter tais informações em dados numéricos, em especial, em valores monetários, para compor, junto ao orçamento das receitas, o instrumento de gestão (planejamento e controle) das variáveis que estabelecerão os resultados operacionais da organização. E é isso que veremos aqui, abordando o orçamento de compra de matérias-primas, mão de obra direta e custos indiretos. Objetivo Elaborar os orçamentos: compras matérias-primas, custo de mão de obra, custos indiretos. 6 Orçamento Empresarial 1. Orçamento de Compras de Matérias-primas A produção de bens depende da utilização de insumos diversos: energia, água, matérias-primas etc. E, obviamente, a quantidade dos insumos depende do volume a ser produzido. Por exemplo, se a produção de uma cadeira exige o uso de 0,1 lata de verniz para acabamento, a produção de 1.000 cadeiras utilizaria 1.000 x 0,1 = 100 latas de verniz. Dessa forma, as empresas precisam não somente planejar a sua produção, isto é, que produtos produzir, em que quantidade e quando, mas, também precisam planejar seus insumos necessários, de tal forma que possam planejar a aquisição e estocagem dos mesmos, em especial, peças, componentes e matérias-primas (FREZATTI, 2017). Nesse sentido, a vinculação entre as necessidades das matérias-primas e suas aquisições parece ser óbvia: compramos o que precisamos, na quantidade que precisamos e quando precisamos. Mas, não é tão simples assim, por razões diversas: ▪ As matérias-primas usualmente têm unidades mínimas não fracionáveis. Por exemplo, se um fabricante de barras de aço que abastece o mercado com varas de 5 metros, não temos como comprar dele um total de 103 metros de barra de aço, mesmo que essa seja a nossa necessidade: compramos 100 metros (20 barras) ou 105 metros (21 barras). ▪ •Além disso, é comum a existência de lotes mínimos de fornecimento por parte dos fabricantes. Isso acontece por razão de limitações no processo produtivo (o set-up das máquinas e equipamentos pode ser excessivamente demorado e complexo para justificar a produção de lotes pequenos de produção), por razões de padronização de embalagem (quando, por exemplo, a matéria-prima é fornecida em cestos, engradados, fardos etc.) ou por limitações no próprio processo de comercialização: o custo administrativo de processamento dos pedidos pode se tornar proibitivo para quantidades pequenas. 7Orçamento Empresarial ▪ Também, em condições específicas, pode haver um limite de volume máximo a ser fornecido: limitações logísticas/de transporte, limites na capacidade produtiva de subfornecedores, situações de desabastecimento (que pode levar os fornecedores a contingenciar os volumes das entregas, garantindo que todos os seus clientes recebam, ao menos parcialmente, os insumos necessários a manter suas operações) etc. Observe que, no exemplo das barras de aço, elas podem ser fornecidas, por exemplo, em amarrados de 10 barras fixadas com contas de aço e um lote mínimo de 30 barras (3 conjuntos cintados com 10 barras cada). Ou seja, nesse caso, ainda que nossa necessidade fosse de somente 103 metros, precisaríamos adquirir o equivalente a 300 metros de barras de aço. Você deve estar se perguntando: mas se eu adquirir 300 metros de barras, mas só utilizarei 103 metros, o que faço com o resto? Bem, não há uma resposta única para tal situação: ▪ Se houver perspectiva de utilizar tal material no futuro, as “sobras” devem permanecer estocadas até o momento do uso (desde que não seja um material perecível, ou de vida de prateleira limitada como tintas, vernizes, cola etc.). Tal alternativa, obviamente, gera um impacto sobre o inventário e, consequentemente, sobre os giros da empresa, mas pode ser a alternativa menos traumática. ▪ Podemos fazer uma pesquisa para identificar a possibilidade de comprar de distribuidores ou fracionadores, de quem poderíamos comprar quantidades menores, ainda que a um custo unitário maior. Por exemplo, se o amarrado com 10 barras comprado diretamente do fabricante tiver um custo de R$ 1.000,00 (ou seja, R$ 100,00 por barra), enquanto a barra unitária vendida por um distribuidor custa R$ 130,00, a compra do lote mínimo de barras do fabricante nos custaria 3 x 1.000 = R$ 3.000,00, ao passo que comprando 21 barras do distribuidor, isso representaria somente 21 x 130 = R$ 2.730,00 (uma economia de 9%, apesar do custo unitário da barra ser 30% superior). 8 Orçamento Empresarial ▪ Existe, ainda, a possibilidade de compras solidárias, isto é, mais de uma empresa comprando do fabricante, de forma a partilharem as quantidades de um lote mínimo e os custos de aquisição. Trata-se de um processo, no em tanto, que adiciona certa complexidade no processo de compra em si, bem como na logística de entrega. ▪ Também, de forma a atenuar os impactos da compra em excesso, pode ser desenvolvido o processo de venda das sobras. No entanto, trata-se, usualmente, de um processo complexo por não estar ligado à atividade principal da empresa, além do fato de que os preços de revenda não costumam ser atrativos. ▪ Por último, pode ser processada a baixa do material excedente, o que representa um impacto nos resultados da empresa. Dessa forma, como você pode perceber, são muitos aspectos a serem analisados e muitas variáveis envolvidas. Porém, há, ainda, mais fatores a serem considerados. Por exemplo, a existência de um estoque inicial e/ou a intenção de não exaurir totalmente o material ao fim da produção (ou seja, gerar um estoque final, diferente de zero). Por exemplo, na situação das barras de aço, se dispuséssemos de 2 barras em estoque, nossa real necessidade seria de 103 – (2 x 5) = 93metros (ou seja, 18,6 ≈ 19 barras). Se, além disso, quiséssemos manter um estoque residual de 5 barras após produzida a quantidade planejada, a quantidade a ser adquirida deveria ser de 19 + 5 = 24 barras. A decisão de prever uma “sobra” está usualmente relacionada ao conceito de estoque de segurança (também conhecido como estoque mínimo), isto é, haver a cobertura para eventuais variações na demanda: ainda que isso cause um aumento no nível médio de estoque e, consequentemente, no custo de manutenção de estoques, tais impactos costumam ser menores do que as eventuais perdas de vendas e insatisfações de clientes por incapacidade de atender a demandas por falta de matérias-primas. Observe o gráfico a seguir. Nele, você pode identificar o tempo transcorrido entre o momento do pedido e o efetivo recebimento do material adquirido, ou seja, o Lead Time (LT) de recebimento. 9Orçamento Empresarial Gráfico 1: Variação de estoque ao longo do tempo. Fonte: Elaborado pelo autor. No entanto, se houver uma aceleração na demanda, isto é, se o consumo se tornar mais intenso, há o risco de desabastecimento, não sendo possível atender aos clientes até que seja recebido mais material, como mostrado a seguir: Gráfico 2: Variação de estoque ao longo do tempo, com período de desabastecimento. Fonte: Elaborado pelo autor. A previsão de um estoque de segurança (ES) é a solução normalmente utilizada para reduzir tal risco: é previsto uma sobra proposital de estoque, o qual supriria as necessidades até o recebimento do novo lote de material, como mostrado a seguir: Estoque tL T Estoque tL T 10 Orçamento Empresarial Gráfico 3: Variação de estoque ao longo do tempo, com estoque de segurança. Fonte: Elaborado pelo autor. Também pode ser previsto um tamanho de lote de produção específico, baseado nos custos totais. Nesse caso, considera-se que, se por um lado, o aumento do tamanho dos lotes faz com que haja um aumento no custo de manutenção de estoques (pois mais material fica “parado” por mais tempo, aguardando que os lotes se completem). Por outro lado, há um melhor aproveitamento dos processos administrativos de compras ou do set- up de produção, visto que, a partir do mesmo processo ou do mesmo set-up, mais unidades serão produzidas ou adquiridas. Isto é, caminham em direções opostas e a composição que apresenta e menor custo total (somatório do custo de manutenção de estoque com o custo do processamento de pedidos ou de produção pode ser calculado mediante a equação de lote econômico, apresentada a seguir (MOREIRA, 2009). Sendo: Q - o tamanho do lote econômico (em quantidade de unidades de produto). D - o demanda no período analisado (por exemplo, anual ou mensal). Estoque tL T {E S 2. . p e D C Q C = 11Orçamento Empresarial Cp - o custo unitário do processamento do pedido (incluindo o gasto com mão de obra indireta necessária ao processamento). Ce - o custo unitário de estocagem ao longo do tempo analisado (na forma de um valor fixo, ou como percentual do valor do item). Vamos tomar como exemplo a seguinte situação: o produto XYZ é adquirido e estocado, representando um custo unitário de inventário de R$ 120,00. O custo do processamento do pedido de compras e recebimento do material (entrar em contato com o fornecedor, solicitar cotação, receber a mesma, emitir ordem de compra, fazer acompanhamento, receber, conferir e armazenar o material, processar a fatura para atualização dos controles de inventário e para programar contas a pagar etc.), é de R$ 100,00. Supondo uma demanda anual de 1.200 unidades e que o custo de oportunidade de manutenção do estoque seja de 20% a.a., substituímos os valores na equação: Ou seja, deveríamos comprar o item XYZ em lotes de 100 unidades de cada vez (ou seja, 12 lotes anuais de 100 unidades cada). Tal composição representaria o seguinte custo total anual: ▪ Como seriam emitidos 12 pedidos no ano, o custo total administrativo seria de 12 x R$ 100 = R$ 1.200,00. ▪ Recebendo lotes de 100 unidades, teríamos ao longo do ano um estoque médio equivalente a 50 unidades (lembre-se de que receberíamos 100 unidades, as quais seriam consumidas ao longo do mês, até “zerar” o estoque, quando haveria o recebimento de novo lote de 100. Isto é, a quantidade estocada variaria continuamente entre 0 e 100 unidades); daí a média de 50), desconsiderando algum eventual estoque de segurança. 2 1.200 100 100 0,2 120 x xQ x = = 12 Orçamento Empresarial ▪ Podemos dizer, assim, que teríamos em média o equivalente de 50 unidades do XYZ em estoque ao longo do ano, isto é 50 x 120 = R$ 6.000,00, Considerando o custo de oportunidade de 20% a.a., isso representaria um gasto anual de 0,2 x 6.000 = R$ 1.200,00. Assim sendo, o custo total anual com o XYZ, além do próprio custo de aquisição do mesmo (1.200 x 120 = R$ 144.000,00) seria de R$ 1.200,00 para processamento dos pedidos e mais R$ 1.200,00 de custo de manutenção de estoques, totalizando R$ 2.400,00 ao ano. O que aconteceria se optássemos por trabalhar com tamanhos de lote diferentes do lote econômico? Bem, vamos supor que, preocupados com o elevado custo de manutenção do estoque, resolvêssemos trabalhar com lotes menores, por exemplo, 60 unidades. Nessa nova situação, nosso estoque médio passaria a ser de 60/2 = 30 unidades do XYX, ou 30 x 120 = R$360,00, o que, considerando o custo de oportunidade de 20% a.a. implicaria em 0,2 x 360 = R$720,00 por ano. Uma redução no custo de manutenção de estoque, de fato, bastante significativa. No entanto, lotes menores de compra representariam que precisaríamos comprar com maior frequência, isto é, processar uma maior quantidade de pedidos por ano. Com a demanda anual de 1.200 unidades, precisaríamos processar 1.200 ÷ 60 = 20 pedidos/ano, a um custo total de 20 x 100 = R$ 2.000. Observe, então, que, apesar da redução do custo de manutenção do estoque, houve um salto significativo no custo anual de processamento de pedidos, e o custo total passou a ser de 720 + 2.000 = R$ 2.720,00 (13,3% superior ao que teríamos se mantivéssemos as compras em quantidades de acordo com o lote econômico calculado. Obviamente, o contrário também ocorre: um aumento no lote de compra, passando, por exemplo, para 120 unidades, reduziria o custo anual de processamento de pedidos (10 pedidos, ao custo de R$ 100,00 representa um total de R$1.000,00), mas aumentaria o custo de manutenção de estoques (estoque médio de 60 unidades, ou R$ 7.200,00, a 20% a.a. significaria um custo anual de manutenção de estoques de 0,2 x 7.200 = R$ 1.440,00), de tal forma que o custo total anual superaria o custo se fosse utilizado o lote econômico. 13Orçamento Empresarial Tal fenômeno pode ser observado no gráfico a seguir: Gráfico 4: Variação dos custos em função do tamanho do lote de compra. Fonte: Elaborado pelo autor. É perceptível que os lotes pequenos implicam em baixos custos de manutenção de estoque, o que é óbvio, pelo fato de que pouco material permanece estocado (ou seja, é pouco “dinheiro parado”). No entanto, a compra frequente faz com que o custo total dos processos administrativos seja bastante elevado. Por outro lado, lotes “grandes” têm efeito oposto, com aumento do custo de manutenção de estoques e diminuição no custo dos pedidos. Dessa forma, não devemos nos preocupar com tais custos de forma isolada, mas sim em identificar o ponto ótimo de custo total. Como se pode ver, há um ponto de inflexão no mesmo, quando trabalhamos com o lote econômico calculado (100 unidades do XYZ) e temos o menor custo total possível nessas condições: R$ 2.400,00/ano. Vamos discutir e exemplificar todas as situações discutidas em uma empresa fictícia: uma fábrica de roupas, a Shorts & Shirts, que produz R$ 7.000 R$ 6,000 R$ 5.000 R$ 4.000 R$ 3.000 R$ 2.000 R$ 1.000 R$ 20 60 Custo do pedido Custo de manutenção do estoque Custo Total Variação do custo em função do tamanho do lote 100 140 180 220 260 300 14Orçamento Empresarial camisas e shorts. Para efeito de simplificação, vamos assumir que as peças são de tamanho único e que utilizam um único tecido para cada produto e uma única linha para costura, como mostrado a seguir. Tecido para camisas: Unidade: rolo de 50 metros Unidade de compra: rolo unitário Lote mínimo de compra: 5 rolos Quantidade por camisa: 0,02 rolo Custo do rolo: R$ 100,00 Lote econômico: 10 rolos Estoque inicial: 50 rolos Tecido para shorts: Unidade: rolo de 50 metros Unidade de compra: par de rolos Lote mínimo de compras: 10 pares de rolos Quantidade por short: 0,01 rolo Custo do rolo: R$ 150,00 Lote econômico: 6 pares de rolo Estoque inicial: 30 rolos (15 pares) Linha: Unidade: carretel de 20 metros Unidade de compra: pacote com 10 carretéis Lote mínimo de compras: 10 pacotes Quantidade por camisa: 0,01 carretel Quantidade por short: 0,02 carretel Custo do carretel: R$5,00 Lote econômico: 20 pacotes Estoque inicial: 100 carretéis (10 pacotes) Também para efeito de simplificação, vamos assumir que a empresa não prevê sobras de materiais. Vamos ver, então, quais deveriam ser os volumes comprados a cada mês, tendo por base as demandas mensais de cada produto. 15Orçamento Empresarial Mês Demanda prevista Estoque inicial Compra(rolos) Estoque final peças rolos 1 1000 20 50 0 30 2 1200 24 30 0 6 3 1400 28 6 22 0 4 800 16 0 16 0 5 1100 22 0 22 0 Tabela 1: Previsão de demanda e planejamento de compras de tecido para camisas. Fonte: Elaborado pelo autor. Repare que o estoque inicial era suficiente para que as compras só fossem necessárias a partir do 3º mês. E as necessidades eram superiores ao lote mínimo de compras (5 rolos). Considerando o lote econômico de 10 rolos, as compras poderiam ocorrer, então, em sequências de 6 lotes (60 rolos), para atender o plano previsto (11 + 16 + 22 = 60 rolos). Vamos ver, agora, a situação dos shorts. Mês Demanda prevista Estoque inicial Compra (pares) Estoque final peças rolos pares 1 1500 15 7,5 15 0 7,5 2 2100 21 10,5 7,5 10 7 3 1800 18 9 7 10 8 16 Orçamento Empresarial 4 1450 14,5 7,25 8 0 0,75 5 1780 17,8 8,9 0,75 10 1,85 Tabela 2: Previsão de demanda e planejamento de compras de tecido para shorts. Fonte: Elaborado pelo autor. Repare que, neste caso, como o lote mínimo é superior ao lote econômico, a empresa fica limitada a comprar em quantidades maiores do que seria o mais econômico para ela, ou seja, 10 pares de rolo ao invés de 6. Note, também, que já não foi mais possível terminar os períodos com estoque zero. E, agora, vamos calcular as demandas acumuladas de linha para as camisas e shorts e, a partir das demais informações, planejar as compras, como mostrado na tabela a seguir: Mês Demanda prevista Estoque inicial Compra (pacotes) Estoque final camisas carretéis shorts carretéis Total pacotes 1 1000 10 1500 30 40 4 10 0 6 2 1200 12 2100 42 54 5,4 6 0 0,6 3 1400 14 1800 36 50 5 0,6 20 15,6 4 800 8 1450 29 37 3,7 15,6 0 11,9 5 1100 11 1780 35,6 46,6 4,66 11,9 0 7,24 Tabela 3: Previsão de demanda e planejamento de compras para linha. Fonte: Elaborado pelo autor. No caso da linha, foi possível planejar as aquisições de acordo com o lote econômico (20 pacotes). Ainda que tenha gerado uma sobra, como discutimos anteriormente, a redução no custo administrativo com a aquisição compensa tal impacto no custo de manutenção de estoques, resultando, portanto, em um menor custo total. 17Orçamento Empresarial Vamos, agora, consolidar as informações, para composição do orçamento de compras de matérias-primas para atender à produção e demanda até o quinto mês. Mês Tecido camisa Tecido short Linha Total qde Valor qde Valor qde Valor 1 0 R$ - 0 R$ - 0 R$ - R$ - 2 0 R$ - 10 R$ 1.500,00 0 R$ - R$ 1.500,00 3 22 R$ 2.200,00 10 R$ 1.500,00 20 R$ 100,00 R$ 3.800,00 4 16 R$ 1.600,00 0 R$ - 0 R$ - R$ 1.600,00 5 22 R$ 2.200,00 10 R$ 1.500,00 0 R$ - R$ 3.700,00 Tabela 4: Orçamento de compras de matérias-primas. Fonte: Elaborado pelo autor. Importante notar que, as indicações de mês 1, mês 2 etc., não necessariamente significam que as compras ocorrerão dentro do próprio mês. Na verdade, o que vemos na Tabela 4, é a previsão de quantidades a serem compradas e cada item e quanto isso representaria, mas o “quando” tais compras ocorreriam dependerá das políticas de compras da própria empresa, bem como do lead time dos fornecedores. Por exemplo, se a compra ocorrer um mês antes da necessidade de uso, as quantidades e valores apresentados seriam refletidos nos meses 0, 1, 2, 3 e 4. Também é importante destacar que os valores não representam necessariamente desembolsos: isso dependerá, obviamente, de quando a compra ocorrerá, bem como das condições de vendas estabelecidas pelos fornecedores. Por exemplo, se os fornecedores fazem as vendas com 50% a serem pagos com 30 dias e o restante com 60 dias, teríamos a seguinte situação: 18 Orçamento Empresarial Mês Compras Pagamento Fornecedores 0 R$ - R$ - R$ - 1 R$ 1.500,00 R$ - R$ - 2 R$ 3.800,00 R$ 750,00 R$ 750,00 3 R$ 1.600,00 R$ 2.650,00 R$ 1.900,00 4 R$ 3.700,00 R$ 2.700,00 R$ 800,00 5 ???? R$ 2.650,00 R$ 1.850,00 Tabela 5: Orçamento de pagamentos das matérias-primas. Fonte: Elaborado pelo autor. Isto é, para a produção do mês 2, necessitamos de R$ 1.500,00 em matérias-primas (vide Tabela 4), que seria adquirida no mês 1. Metade do valor (R$ 750,00) seria pago em 30 dias (mês 2) e metade com 60 dias (mês 3), sendo lançado, então como “Fornecedores” (contas a pagar). E no mês 2, compraríamos mais R$ 3.800,00, que seguiriam a mesma lógica. Dessa forma, no mês 4, os R$ 750,00 pagos no mês 3 não mais apareceriam, mas teríamos de pagar os R$ 1.900,00 restantes das compras do mês 2, bem a primeira parte (R$ 800,00) das compras do mês 3. Ou seja, pagaríamos 1.900 + 800 = R$ 3.700,00, permanecendo os demais R$ 800,00 a serem pagos no mês 5, e assim sucessivamente. 2. Orçamento de Custo de Mão de Obra Os produtos manufaturados, bem como diversos serviços que são prestados, dependem da utilização de mão de obra direta. Por exemplo, a usinagem de matérias-primas para as transformar em peças e componentes, a montagem e teste de conjuntos e produtos finais etc. 19Orçamento Empresarial Ou seja, a mão de obra direta agrega valor diretamente às matérias- primas e, consequentemente, deve ser considerada no cálculo do custo do produto vendido (ou custo do serviço prestado). Dessa forma, como citam Lobato e Azevedo (1994, p.52). “Os custos apurados de mão de obra direta – MOD – servem de base para as projeções do fluxo de caixa e do resultado do exercício”. Além disso, “Com base nos dados levantados, o departamento de pessoal poderá planejar o período de férias bem como as contratações e demissões a serem efetuadas durante o período”. (ibid, p.52) Tal processo se inicia com a determinação do tempo previsto para a produção de cada item, o denominado tempo padrão. Normalmente, desenvolvido pelo pessoal de Engenharia de Métodos, o tempo padrão pode ser estimado com base em cronometragem, dados históricos ou padrões, bem como amostragem do trabalho. Vamos tomar como exemplo, a fábrica Shorts & Shirts e os volumes previstos de produção para cada um de seus produtos. Imaginemos que a Engenharia analisou o processo produtivo e identificou que cada camisa demanda 0,65 minuto no setor de corte, 2,18 minutos no setor de costura e 0,88 minuto no setor de preparação e embalagem, ao passo que cada short demanda para ser produzido de respectivamente 1,03; 2,63 e 0,43 minutos. O levantamento dos custos de hora trabalhada da mão de obra dos três setores mostra que são de, respectivamente, R$ 11,03; R$ 15,33; e R$ 9,21. Vamos ver como fica, então, o orçamento de mão de obra direta para os dois produtos, detalhados nas Tabelas 6 e 7 (fique atento com a conversão de unidades, visto que os tempos foram informados em minutos e o valor foi fornecido em horas). Mês MOD(camisas) Demanda Corte Custo Costura Custo Embalagem Custo Total 1 1000 650 R$ 119,49 2180 R$ 556,99 880 R$ 135,08 R$ 811,56 2 1200 780 R$ 143,39 2616 R$ 668,39 1056 R$ 162,10 R$ 973,87 20 Orçamento Empresarial 3 1400 910 R$ 167,29 3052 R$ 779,79 1232 R$ 189,11 R$ 1.136,19 4 800 520 R$ 95,59 1744 R$ 445,59 704 R$ 108,06 R$ 649,25 5 1100 715 R$ 131,44 2398 R$ 612,69 968 R$ 148,59 R$ 892,72 Tabela 6: Orçamento de MOD para camisas. Fonte: Elaborado pelo autor. Mês MOD (shorts) Demanda Corte Custo Costura Custo Embalagem Custo Total 1 1000 1030 R$189,35 2630 R$671,97 430 R$66,01 R$ 927,32 2 1200 1236 R$227,22 3156 R$806,36 516 R$79,21 R$1.112,78 3 1400 1442 R$265,09 3682 R$940,75 602 R$92,41 R$1.298,25 4 800 824 R$151,48 2104 R$537,57 344 R$52,80 R$ 741,85 5 1100 1133 R$208,28 2893 R$739,16 473 R$72,61 R$1.020,05 Tabela 7: Orçamento de MOD para shorts. Fonte: Elaborado pelo autor. Além disso, fazemos a totalização para compor o orçamento de mão de obra, como mostrado na Tabela 8. Mês MOD 1 R$ 1.738,88 2 R$ 2.086,66 3 R$ 2.434,43 4 R$ 1.391,10 5 R$ 1.912,77 Tabela 8: Orçamento de MOD consolidado. Fonte: Elaborado pelo autor. 21Orçamento Empresarial Observe, também, que podemos calcular o custo da MOD para cada unidade de produto, bastando dividir os valores totais pelas quantidades. Dessa forma, o valor agregado pela MOD em cada camisa é de aproximadamente R$ 0,81, enquanto nos shorts é de aproximadamente R$ 0,93. 3. Orçamento de Custos Indiretos Os custos indiretos se referem aos custos relacionados à atividade-fim, mas que não são referentes às matérias-primas ou mão de obra direta. De acordo com Lobato e Azevedo (1994, p.57), são compostos por: ▪ Mão de obra indireta: Despesas com supervisão, pessoal de limpeza, apontadores, pessoal de recebimento e almoxarifado, inspeção. ▪ Suprimentos de operação: Combustíveis, lubrificantes, demais materiais não alocados diretamente em função de difícil identificação com o produto ou em virtude de não ser economicamente viável a alocação direta. ▪ Despesas com ferramentas perecíveis: Diversas ferramentas utilizadas no processo produtivo que perdem sua utilidade com o uso. ▪ Manutenção e reparo: Serviços de manutenção ou reparo de imóveis e equipamentos. ▪ Encargos sociais: INSS, provisão de férias, provisão de 13° salário, seguro, PIS, etc. ▪ Materiais defeituosos: Materiais não aprovados no controle de qualidade. ▪ Outros custos: Viagens, diárias, impostos, aluguéis, telefones, depreciações, fretes etc. Não confundir os custos indiretos com despesas comerciais, administrativas e financeiras. Os custos indiretos são referentes ao custo de produtos vendidos. Importante 22 Orçamento Empresarial Para desenvolvermos o orçamento de custos indiretos, devemos estimar tais custos e classificá-los como sendo fixos (não variam linearmente com a quantidade) ou variáveis (variam em relação direta com a quantidade produzida). Vamos supor que a Shorts & Shirts tenha a seguinte composição de custos indiretos: CI Classificação Valor por mês por camisa por short Salários e benefícios da supervisão F R$ 8.000,00 Depreciação F R$ 10.000,00 Suprimentos V R$ 0,11 R$0,02 Energia elétrica F R$ 5.000,00 Telefone F R$ 2.000,00 Material de embalagem V R$ 0,44 R$ 0,38 Aluguel F R$ 5.000,00 Tabela 9: Custos indiretos. Fonte: Elaborado pelo autor. Podemos, a partir de tais informações, compor o orçamento de custos indiretos, multiplicando os custos variáveis unitários pelos volumes e adicionando os custos fixos, como apresentado na Tabela 10. 23Orçamento Empresarial Mês Volume CV CF Total camisas shorts camisas shorts 1 1000 1500 R$ 550,00 R$ 600,00 R$ 30.000,00 R$ 31.150,00 2 1200 2100 R$ 660,00 R$ 840,00 R$ 30.000,00 R$ 31.500,00 3 1400 1800 R$ 770,00 R$ 720,00 R$ 30.000,00 R$ 31.490,00 4 800 1450 R$ 440,00 R$ 580,00 R$ 30.000,00 R$ 31.020,00 5 1100 1780 R$ 605,00 R$ 712,00 R$ 30.000,00 R$ 31.317,00 Tabela 10: Orçamento de custos indiretos. Fonte: Elaborado pelo autor. Como você viu, o orçamento de compra de matérias-primas é uma peça fundamental no processo orçamentário, pois se presta a identificar o quanto deve ser adquirido de cada insumo necessário à produção, respeitando não somente as necessidades dos processos, mas as limitações que podem ser impostas pela cadeia de suprimentos, na forma de lotes mínimos, prazos de suprimento etc. Além disso, é preciso considerar fatores de conveniência a práticas adequadas de gestão da própria organização, tais como preocupações com estoques de segurança que garantam a continuidade de atividade, mesmo em situações extremas, o cálculo do lotes econômicos para fabricação e aquisições, de forma a propiciar o menor custo total pela equalização dos custos de manutenção do estoque e dos custos de processamentos de pedidos etc. Também, outros custos indiretos, bem como a mão de obra direta precisam ser detalhadamente analisados, de forma a integrar o conjunto de informações necessárias à adequada gestão de tais peças orçamentárias. 24 Orçamento Empresarial Referências FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2017. LOBATO, D. M.; AZEVEDO, H. M. Orçamento empresarial. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994. MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. Título da Unidade Objetivos Introdução Orçamento Empresarial Para início de conversa… Objetivo 1. Planejamento Econômico e Financeiro 2. Princípios de Planejamento 3. Etapas de Elaboração do Orçamento (Peças Orçamentárias) Referências Orçamento Empresarial 1 Para início de conversa… Objetivo 1. Orçamento de Receita e Vendas 2. Orçamento de Produção 3. Orçamento de Consumo de Matérias-Primas Referências Orçamento Empresarial 2 Para início de conversa… Objetivo 1. Orçamento de Compras de Matérias-primas 2. Orçamento de Custo de Mão de Obra 3. Orçamento de Custos Indiretos Referências
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