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OBESIDADE Atualmente, o diagnóstico é dado por um cálculo simples: o IMC (Índice de Massa Corporal): Linha de corte é 30. De 25 em diante já é preocupante. A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo da gordura corporal, sendo prejudicial à saúde. É um problema não somente relacionado à quantidade de gordura, mas ao tipo dela. É uma doença grave, crônica, recidivante e com componente genético importante. É importante ressaltar também o modo como a gordura corporal se distribui no corpo. Uma forma objetiva de avaliar essa distribuição é através da medição do Perímetro da Cintura (PC) e da Relação Cintura-Quadril (RCQ). Segundo a OMS, um perímetro de cintura ≥ 94 cm no homem (ou RCQ maior que 0,9), ou ≥ 80 cm na mulher (ou RCQ maior que 0,85) acarreta maior risco de complicações metabólicas. Obesidade é dividida em dois componentes corporais: obesidade androide (maçã) e obesidade ginecoide (pera). A obesidade androide é melhor do ponto de vista metabólico. O marcador da obesidade ginecoide é a relação cintura-quadril. A da obesidade androide é a circunferência abdominal. Nem todo obeso tem o IMC alterado. Às vezes as pessoas acumulam tecido adiposo no subcutâneo ou visceral. São chamados de falsos-magros. Há também tecido adiposo intramiocelular ou extramiocelular: quanto maior a quantidade de gordura intrafibra, mais danoso do ponto de vista metabólico. tecido adiposo acumulado no músculo Fenômeno da inversão da pirâmide nutricional: na década de 70 o sobrepeso era muito menor do que atualmente, embora já existia casos registrados. Naquela época, era maior o índice de desnutrição. Com o tempo, os dados inverteram-se. Sendo assim, o Brasil atualmente tem muito mais problemas com obesidade e sobrepeso do que desnutrição. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais. Em 95-99% das vezes, a patogênese exata não é conhecida (“obesidade primária”) e, nos 1-5% restantes, uma causa pode ser estabelecida (“obesidade secundária”). Doenças relacionadas/causas de obesidade secundária: neoplasias, síndrome dos ovários policísticos, AVC, dislipidemia, diabetes, hipertensão, hipogonadismo, Síndrome de Prader-Willi, Síndrome de Bardet-Biedl. Por que a obesidade é uma epidemia? Aumento das taxas de sedentarismo, facilidades da vida moderna, gasto basal, padrão de vida social, fatores genéticos (24-40%), aumento de consumo calórico básico. De forma simplista: ● Manutenção do peso: energia consumida = energia gasta ● Ganho de peso: energia consumida > energia gasta ● Perda de peso: energia consumida < energia gasta A obesidade é provocada pelo acúmulo de tecido adiposo no corpo. Este tecido, composto pelos adipócitos, reveste as vísceras e está presente no subcutâneo. Todo excesso de “energia” absorvido pelo organismo é armazenado sob a forma de triglicerídeos nos adipócitos. Este é o ponto fundamental da obesidade: “o excesso de energia acumulada”. Patogenia: Mecanismos que regulam fome e saciedade estão também intimamente ligados com a doença. Os adipócitos são capazes de sintetizar hormônios que regulam o seu acúmulo e a termogênese no corpo. Essas células de gordura têm a mesma origem, mas não são iguais. Há os adipócitos periféricos – sensíveis à insulina, são moléculas menores, criam menos resistência. Os adipócitos abdominais são maiores, com baixa sensibilidade à insulina, produz muitos ácidos graxos livres. a) Hipotálamo: lesão hipotalâmica. Lateral – centro da fome. Ventromedial – centro da saciedade. b) Neurotransmissores: serotonina, noradrenalina, colecistocinina. c) SNS: diminui apetite, aumenta gasto energético, aumento do gasto metabólico basal. As causas hormonais são excepcionais. A grande maioria das causas se deve a ingestão calórica. 1. Ingestão calórica excessiva 2. Causas hormonais: hipocortisolismo, hipotireoidismo, hipogonadismo, SOP, deficiência GH, insulinoma. a. Síndrome de padrer willi: desordem genética devido à perda de função de genes específicos. Na infância, a criança fica constantemente com fome, o que muitas vezes leva à obesidade e diabetes tipo 2. A síndrome não tem cura. O tratamento, entretanto, pode melhorar os sintomas, especialmente se realizado precocemente. Nos recém-nascidos, as dificuldades de alimentação podem ser aliviadas com tubos de alimentação. Uma supervisão estrita da nutrição é normalmente exigida a partir de cerca de três anos em combinação com um programa de exercícios. b. Síndrome Bardet-Biedl: essa síndrome tem a obesidade como uma das características principais. A grande maioria das crianças apresentam hiperfagia o que leva a obesidade. Há também moderado atraso do desenvolvimento neurocognitivo e atraso de características sexuais, como hipogonadismo. Ainda não existe tratamento para a doença, já que ela está relacionada diretamente à expressão gênica, embora os sintomas possam ser tratados. O tecido adiposo é visto atualmente como uma glândula. Os hormônios produzidos pelos adipócitos têm ações sistêmicas (pâncreas, fígado, cérebro, etc) e com isso podem criar resistência à insulina. Funções do adipócito: gabi vai mandar Tipos metabólicos de adipócitos: ● Gordura marrom: muita mitocôndria, célula extremamente ativa – queima energia – faz termogênese; ● Gordura branca: poucas mitocôndria, célula pouco ativa; ● Gordura bege: intermediário. Pode se diferenciar através de uma série de fatores. Entre eles, a atividade física. Distribuição do tecido adiposo: em recém-nascidos, o tecido adiposo multilocular (marrom) compreende de 2 a 5% do corpo humano. Quanto mais velho, menos gordura marrom possuímos. HORMÔNIOS Diversas substâncias ou respostas neurais influem sobre o hipotálamo, regulando a relação apetite-saciedade. Umas são liberadas perifericamente (tal como a leptina), e outras, no próprio sistema nervoso central. Umas são anorexígenas (inibem o apetite ou estimulam a saciedade) e outras são orexígenas (aumentam o apetite e inibem a saciedade). 1. Leptina (tem que saber): hormônio secretado pelos adipócitos em resposta à hiperalimentação e ao ganho de gordura corporal. A leptina inibe o apetite e ativa a saciedade, ao bloquear a liberação hipotalâmica do neuropeptídeo Y (“o maior estimulante central do apetite”) e ao mesmo tempo estimular a secreção do alfa-MSH (um promotor de saciedade), derivado da POMC (pró-opiomelanocortina). 2. Após uma refeição, a resposta vagal e diversos hormônios liberados (colecistoquinina, peptídeo YY, peptídeo glucagon-like tipo 1 etc.) inibem a vontade de comer. 3. Grelina: hormônio liberado pelo estômago e duodeno, que aumenta o apetite. 4. No sistema nervoso central, destacamos como orexígenos o neuropeptídeo Y (principal). 5. Anorexígenos: serotonina, noradrenalina, colecistoquinina; 6. Irisina: hormônio produzido pelo tecido muscular que ativa termogênese. 7. Adiponectina: hormônio produzido pelo tecido adiposo e tem uma relação indireta com a obesidade. Quanto mais adiponectina, menor o grau de obesidade. Logo, quem produz é o tecido adiposo PERIFÉRICO (menos resistente à insulina e termogênese). Possui relação inversa com o tecido adiposo visceral. Ela age com mecanismos para reduzir a resistência à insulina. Reduz esteatose hepática, processos inflamatórios (síndrome metabólica), diminui adesão endotelial, diminui formação de placas de ateroma. Sinais lipostáticos Sinais glucostáticos Mecanismo de fome/saciedade: Baseado em dois hormônios antagônicos: grelina e leptina. Toda substância que ativa a via da grelina tem ação orexígena. Toda substância que ativa a via da leptina, tem ação anorexígena. O hipotálamo recebe um estímulo sensorial do ambiente externo e informações relativas ao meio ambiente (níveis glicêmicos). Além desses, diversos hormônios (grelina, leptina) ligados à ingestão alimentar agem diretamente sobre os neurônios do hipotálamo. O hipotálamo integra todos essa informação e fornece estímuloes eferentes para sítios regulatórios. Esses estímulos eferentes resultamem repostas endócrinas, comportamentais e autonômicas que conservam a homeostase dos sistemas fisiológicos. Avaliação clínica: anamnese + exame físico Exames complementares: perfil lipídico, glicemia, creatinina, ácido úrico, hemograma, enzimas hepáticas. O TSH pode ser pedido pois o hipotireoidismo é uma doença comum na população, mas o hipotireoidismo em si não causa obesidade. Tratamento: indicação: IMC >30 ou IMC > 25 com comorbidades ou circunferência abdominal > 102 em homens e maior que 88 em mulheres. Atividade física, dieta, terapia comportamental, medicamentos. ● Nova pirâmide alimentar: não há restrição de alimentos. É preciso balancear a quantidade de cada um e adequar à necessidade de cada paciente. ● Atividade física: benefícios – aumento do gasto energético, autoestima, diminui sensação de fome ● Medicamentos (não são curativos) + combinação com MHV ● Supervisão médica contínua ● Tratamento individualizado ● Correlacionar risco x benefício ● É considerado falha no tratamento quando a perda de peso é menor que 1% ao mês após 3 meses - Tratamento medicamentoso 1. Sibutramina: é um inibidor da recaptação de serotonina e noradrenalina no SNC. O aumento dessas substâncias no SNC causa sensação de saciedade. Possui ação prolongada e sua suspensão acarreta novo ganho de peso, por isso, a droga deve ser mantida por pelo menos 1-2 anos. Os pacientes que não responderam dentro dos primeiros dois meses devem ter o medicamento suspenso, pois o mesmo não terá eficácia. Causa discreta elevação da PA (3-5mmHg) e FC 2-4bpm. Efeitos colaterais: cefaleia, boca seca, constipação, insônia, rinite, faringite, tontura, taquicardia, sudorese, náuseas, aumento de apetite, elevação da PA. 2. Orlistate: inibidor das lipases pancreáticas, enzimas que catalisam a quebra dos triglicérides em ácidos graxos livres e monoglicerídes. Ao se ligar de maneira irreversível ao sítio ativo da lipase, o orlistate faz com que cerca de um terço dos triglicerídeos ingeridos permaneça não digerido e, portanto, não absorvido. A droga já mostrou ser eficaz na redução do peso, melhora do perfil lipídico (independente da perda de peso), melhora da glicemia de jejum e diminuição na incidência de diabetes. Sem ação no SNC. Uso liberado acima dos 12 anos. Efeitos colaterais: esteatorreia, flatulência, dor abdominal. Útil para pessoas obesas que tem dieta rica em lipídeos. 3. Liraglutida: reduz esvaziamento gástrico, inibe apetite, diminui produção de glicose no fígado. Utilizada para diabetes e obesidade. Algumas pessoas não toleram pela náusea. 4. Lorcaserina: inibidora da recepção seratoninergica. Não é tão potente. Utilizada na falha de outros tratamentos clínicos. 5. Tratamento off-label. Uma droga off-label não necessariamente é ética. Normalmente, possui outras indicações que não seja tratamento de obesidade, ou para idade não adequada. Ex: fluoxetina/sertralina, bupropiona, topiramato. Topiramato + fentermina.
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