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1 FMU Enfermagem Letícia Cavalcanti Rodrigues Atividade Prática Supervisionada Saúde Comunitária São Paulo 2020 2 Verifiquei na região alta incidência de adolescentes consumindo drogas e álcool, o que traz graves consequências para as famílias e sociedade. A adolescência é uma fase na vida marcada por transformações físicas, psíquicas e sociais. Nesse período, o jovem está testando possibilidades. É o momento em que naturalmente se afasta da família e se adere ao grupo de “iguais”. Nessa fase está vulnerável a comportamentos que podem fragilizar sua saúde. Ao entrar em contato com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe-se também a muitos riscos. Os prejuízos provocados pelo uso do álcool e de drogas podem ser agudos (intoxicação ou overdose) ou crônicos, produzindo alterações mais duradouras ou até irreversíveis. O comportamento de risco, com uso de drogas e excesso de álcool, também aumenta o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis, e faz com que aconteçam mais casos de gravidez na adolescência. É necessário que seja feito o acolhimento e assistência aos usuários de drogas por toda a equipe da Estratégia Saúde da Família (ESF), tendo como objetivo a redução de danos para minimizar as consequências adversas do consumo de drogas do ponto de vista da saúde e dos seus aspectos sociais. Assim, devemos fazer uma abordagem precisa seguindo os preceitos éticos baseados na autonomia e no diálogo para facilitar o acesso desses usuários a Unidade Básica de Saúde (UBS). Para que o acolhimento aconteça de maneira efetiva, é fundamental que o usuário de álcool e outras drogas se sinta bem acolhido pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) e pelos demais profissionais da ESF, pois o primeiro contato com a pessoa é de extrema importância, já que repercutirá no vínculo e na adesão ao processo de tratamento desses usuários. Esse acolhimento precisa envolver alguns aspectos fundamentais, como tratar os usuários e familiares com respeito; e promover uma relação de proximidade entre equipe e a pessoa assistida, evitando, contudo, um envolvimento íntimo. Para que o acolhimento seja satisfatório é necessário que toda a equipe de saúde, especialmente os ACS, por residirem na comunidade e geralmente possuírem um vínculo maior com a população, saibam lidar com questões cruciais, como sigilo e confiança, e ao mesmo tempo sem preconceitos, sem fazer julgamentos e nem advertências morais. É importante reconhecer as singularidades de cada pessoa para a construção da estratégia, não objetivando apenas alcançar a abstinência, mas a defesa de sua vida. Dentre as ofertas de cuidado na UBS destacam-se: a identificação de usuários com necessidades relacionadas à ruptura dos laços sociais; a articulação com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do município, ou mais próximo do município, para ajudar no desenvolvimento de projetos terapêuticos ampliados; e realização do mapeamento de usuários disfuncionais para uma intervenção adequada da equipe. Algumas orientações que podem ser usadas no acolhimento e assistência aos usuários de drogas na UBS. • Sigilo: o que for relatado pelos pacientes não deve ser comentado com pessoas da comunidade, nem com seus amigos ou familiares. A discussão dos casos deve ser feita em local apropriado, com as pessoas da equipe; • Promover um clima acolhedor, tentando ouvir o que a pessoa está vivenciando e convidando-a a falar. A fala é muito importante no processo de elaboração/integração das experiências traumáticas. Não esqueça que essa conversa pode ser a primeira em que o paciente está se dispondo a compartilhar o assunto. Mas não demonstre ansiedade em saber sobre o ocorrido. Cada um tem seu tempo e o respeito aos limites do outro é regra fundamental; 3 • Fazer todo o esforço possível, verbal e não verbal, para fazer com que o outro sinta que você o está entendendo. A outra pessoa deve perceber que você está interessado em ouvi- la; • Criar uma atmosfera tolerante, evite julgamentos. O objetivo não é definir quem está certo ou errado e sim auxiliar o sujeito neste momento de grande sofrimento; • Ser empático, ou seja, busque entender as necessidades e a situação da outra pessoa, colocando-se no lugar dela; • Ser flexível, centrando o cuidado na pessoa, o que é diferente de encaixar a pessoa no trabalho; • Não exigir decisões rápidas. Tenha paciência com a caminhada da pessoa e respeite o que é saúde para ela: dar tempo para querer coisas e fazer combinações diferentes consigo mesma; • Exercer a função de “espelho”, devolvendo uma imagem, lembrando dos sonhos e projetos construídos e divididos no dia a dia, dos quais nem sempre a pessoa está decidida quanto à sua relevância atual; • Reconhecer seus esforços de enfrentamento e superação, mesmo quando tudo o que se pretendia não fora alcançado. O papel do enfermeiro é promover ações que possam mostrar ao paciente que estamos o apoiando para que sai desta situação e tenha uma saúde e convivência social melhor. As ações podem ser palestras educativas, rodas de conversas, visitas a residência para entender a dinâmica familiar e identificar o razão pela qual o paciente está nessa situação.
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