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Métodos alternativos de resolução de conflitos

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Métodos alternativos de resolução de conflitos.
8º semestre
Disposições gerais. 
1- No que consistem os métodos alternativos de resolução de conflito?
São meios aptos a ampliar o acesso à justiça, de forma mais humana, equânime, legítima e capaz de produzir desfechos idôneos a gerar efetiva satisfação para todas as partes em um litígio, enquanto direito fundamental na CF e, portanto, merecedores de aprimoramento
2- Quais são os métodos alternativos de resolução de conflitos?
a- negociação;
b- conciliação;
c- mediação;
d- arbitragem.
3- Quais são os marcos históricos da resolução de conflitos no Brasil?
c- A constituição do império de 1824 já dispunha dos mecanismos do juiz de paz, reconciliação, mediação e do juízo arbitral, para a solução de conflitos
b- As leis orgânicas de 1831 e 1837 tornou obrigatório esses mecanismos para matérias relativas a seguro e locação comercial
c- Código Comercial de 1850, estendeu tal mecanismo a todos os conflitos de natureza mercantil, porém, desaparecendo, em 1866
d- Na área trabalhista, foram criados mecanismos para solucionar conflitos mediante mediação, em 1907, mas abolida em 1932, pois o Estado considerou-a um contrassenso ao direito pátrio.
e- No código de 1916 previu a possibilidade das partes submeterem suas controvérsias a um tribunal arbitral
f – A CF de 1934 também previu o instituto, mas revogado pela CF de 1937.
g- Consolidação das leis do trabalho (CLT) de 1943 previu a obrigatoriedade de duas tentativas conciliatórias no processo do trabalho (art, 847 e 850):
 g1- primeira: após a abertura da audiência, mas antes da apresentação da defesa;
 g2- segunda, após a apresentação das alegações finais, sob pena de nulidade processual.
h- CF de 1988, art. 5º, XXXV: direito fundamental do acesso à justiça e pacificação social.
4- Como se deu a evolução legislativa da resolução de conflitos no Brasil?
a- CF/1988, art. 5º, XXXV: direito fundamental do acesso à justiça e pacificação social. 
b- Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais (Lei nº 9.099/1995) impõe a conciliação como a primeira fase processual, que somente se frustrado o acordo passa-se à instrução e julgamento da causa, aplicável a 
 causas cíveis cujo valor não exceda a 40 vezes o salário mínimo. 
 infrações penais de menor potencial ofensivo. 
c- Lei de Arbitragem (Lei nº 9.307/1996) regulamenta a solução de conflitos pela via arbitral. 
d- Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) precursora da política nacional voltada à “cultura da pacificação”, que dispõe sobre “a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário”, colocando à disposição do cidadão meios autocompositivos à solução de conflito, por meio de políticas públicas de litígio e da criação dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC), bem como pelo incentivo ao diálogo das partes conflitantes voltado à solução de conflitos, com o objetivo da pacificação social. 
e- Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, com as alterações e atualizações, a seguir: 
 Emenda nº 1, de 31 de janeiro de 2013. 
 Emenda nº 2, de 8 de março de 2016. 
 Resolução nº 290, de 13 de agosto de 2019. 
 Resolução nº 326, de 26 de junho de 2020. 
f- Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) dispõe sobre a internalização da “justiça consensual” na jurisdição e no processo judicial cível, introduzindo uma nova concepção de participação cooperativa entre os sujeitos processuais na condução do processo, o que inclui formas autocompositivas de conciliação e mediação, e maior ênfase à arbitragem. 
g- Lei de Mediação (Lei nº 13.140/2015), marco legal que regulamenta a mediação judicial e extrajudicial para a solução de conflitos entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Os sujeitos envolvidos na mediação são pessoas físicas e jurídicas, públicas e privadas. 
h- Reforma da Lei de Arbitragem (Lei nº 13.129/2015), solução heterônoma de conflitos por meio da arbitragem sofreu uma atualização para ampliar o âmbito de aplicação e dispor sobre a escolha dos árbitros quando as partes recorrem a órgão arbitral, a interrupção da prescrição pela instituição da arbitragem, a concessão de tutelas cautelares e de urgência nos casos de arbitragem, a carta arbitral e a sentença arbitral. 
5- Quais princípios constitucionais fundamentam a resolução de conflitos por meios alternativos no Brasil?
a- Princípio do acesso à Justiça e pacificação social (CF, art. 5º, XXXV). 
b- Princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). 
6- Quais são os principais óbices que impedem o acesso a justiça no Brasil?
a- Questão econômica: honorários contratuais do advogado e as taxas judiciárias;
b- Demora na prestação jurisdicional e que também onera economicamente o processo;
c- Barreiras burocráticas. 
7- Quais os elementos do princípio constitucional do acesso à justiça?
a- Acessibilidade: 
 Assegurar aos sujeitos de direito, com capacidade de estar em juízo, meios para arcar com os custos financeiros do processo, bem como proceder ao correto manejo dos instrumentos legais judiciais ou extrajudiciais, para efetivar direitos individuais e coletivos. 
 Direito à informação: garantir aos cidadãos o conhecimento de seus direitos e o exercício dos mesmos em caso de violação. 
 Poder-dever das autoridades envolvidas no processo, magistrados e promotores, de assegurar a efetiva paridade de armas e a isonomia substancial entre as partes. 
b- Operosidade: atuação mais célere e eficiente para assegurar às partes a escolha de meios de participar da atividade judicial ou extrajudicial, incluindo os mecanismos alternativos de soluções de controvérsia, como a conciliação e a mediação. 
c- Utilidade: o processo deve assegurar ao vencedor o que lhe é de direito, de modo rápido, proveitoso e eficiente, de modo a efetivar o princípio constitucional da razoável duração do processo, que é um dos alicerces do processo justo. 
d- Proporcionalidade: a escolha pelo julgador da solução mais adequada ao caso concreto, que esteja de acordo com os princípios informadores do direito. 
8- Qual o conceito do conflito de interesses?
Ocorre quando a intensidade do interesse de uma pessoa por determinado bem se opõe a intensidade do interesse de outra pessoa pelo mesmo bem, donde a atitude de uma tende à exclusão de outra quanto a este” 
9- Qual o objetivo da resolução dos conflitos de interesse?
Conflitos de interesses devem ser solucionados com o objetivo da pacificação social e da restauração da paz social. 
10- Qual a origem do conflito de interesses?
A solução de conflitos tem sua origem quando pelo menos duas pessoas têm o mesmo interesse em um determinado bem da vida, que a só uma pode satisfazer. Temos: 
 Homem = sujeito de interesses. 
 Bem da vida = objetivo de interesse. 
11- Os conflitos dão origem a que?
Os conflitos dão origem a litígios, que são caracterizados “por ser um conflito de interesses em que à pretensão de um dos sujeitos se opõe a resistência do outro” 
12- Onde pode ocorrer os conflitos de interesse?
No seio de relacionamentos em geral, no âmbito da família, do emprego e da vida social, podendo resultar em litígios das mais diversas áreas do direito, como o direito de família, direito do trabalho, direito civil, direito consumerista, direito penal e outros.
13- Qual a causa do conflito?
A mudança de uma situação já existente que provoca algum tipo de transformação, modificação ou extinção do que existia antes, diante de aspirações e percepções divergentes e resistidas entre dois ou mais sujeitos. 
Ex.: Exemplos de mudanças: casamento, divórcio, fusão de empresas, troca de chefia, falecimento, consumo, prestação de serviços, nova etapa de vida, etc 
14- Qual a natureza dos conflitos
Sobre bens, móveis e imóveis; envolve patrimônio, direitos e valores; sobre princípios, valores e crenças, inclusive política, religião, ciência, etc.; sobre poder (nas diferentes acepções); e relacionamentos interpessoais. 
15-Como ocorre a multidisciplinaridade na resolução de conflitos no Brasil?
No ordenamento jurídico brasileiro há dispositivos que preveem, no âmbito do processo judicial, além da solução consensual da controvérsia por meio da mediação e conciliação, o encaminhamento do conflito para tratamento à uma “equipe multidisciplinar”, diante da busca de uma abordagem adequada e eficiente do complexo fenômeno conflituoso. 
Ex.: Em certos processos judiciais que abordam conflitos familiares, o CPC permite a suspensão do feito para encaminhamento a atendimento multidisciplinar (art. 694, § único). No tratamento de conflitos envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher perante o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em que há obrigatória intervenção da equipe multidisciplinar, composta por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde, com funções de fornecimento de subsídios ao juiz, orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas voltadas para a mulher ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes (Lei n. 11.340/2006, arts. 29 e 30). 
16- Quais são os fatores de influência dos conflitos de interesse?
a- Expectativa em relação à mudança: as expectativas sofrem influência da percepção de risco ou sofrimento, real ou imaginário, originada de experiências anteriores, crenças inadequadas, pensamentos, relatos de pessoas significativas e informações objetivas nos meios de divulgação. Esse fenômeno aumenta a violência potencial do conflito e a dificuldade de resolvê-lo.
b- Expectativas associadas aos relacionamentos: todo relacionamento respeita um contrato psicológico, baseado nas expectativas tácitas e inconscientes de cada pessoa a respeito dos comportamentos das demais pessoas. Esse contrato pode existir entre duas pessoas ou pode ser coletivo e se caracteriza como um pacto dinâmico em constante renegociação. As expectativas mudam com o tempo, idade, estado civil. 
c- Resistência à mudança: pode ser desejada por uns e rejeitada por outros, provocada por terceiros, de forma inegociável, ou originar-se no próprio sistema. 
d- Consequências para a estabilidade do sistema: reação à mudança associada às consequências (reais ou percebidas) para a estabilidade do sistema, uma vez que os envolvidos buscarão preservar valores, princípios, crenças, comportamentos e hábitos, com o intuito de evitar uma transformação ou alteração dessa situação estável. 
e- Aderência à realidade: no conflito com bases reais as partes percebem diferenças de interesses. O conflito sem bases reais origina-se de falhas de comunicação, de mau entendimento das questões envolvidas.
f- Diferenças de personalidades: há pessoas inconciliáveis, que dificultam qualquer relacionamento satisfatório, mas cujo convívio se faz obrigatório por razões sociais, profissionais ou outras. O conflito permanece latente pronto a aflorar. 
g- Efeitos da mudança sobre os valores: valor possui fundamento emocional, aprendidos desde a infância, é a ideia aceita pela pessoa, associado à sua visão de mundo, que orienta sua ação e suas decisões. Compreendem mensagens do tipo: obedecer às leis, respeitar os mais velhos, fazer o bem, vencer a qualquer custo, etc. 
h- Modificações na estrutura de poder: poder é a capacidade de exercer influência e pode ser classificado de diferentes tipos: poder físico, poder da sexualidade, poder econômico, poder da informação. Os poderes podem ser empregados de maneira combinada. Mudanças na estrutura de poder provocam conflitos e conduzem a situações complexas, que afetam o equilíbrio (ou o desequilíbrio) existente, podendo reduzir ou acentuar o poder de um dos indivíduos envolvidos ou de todos, favorecendo o mais forte. 
17- O que implica dessa forma o direito fundamental do acesso à justiça?
a- ordem jurídica justa e 
b- duração razoável do processo que tramita no Poder Judiciário. 
18- O que cabe ao estado fazer em relação ao acesso à justiça?
Além da jurisdição, cabe ao Estado promover e difundir outras formas de solução dos conflitos, como os métodos de solução consensuais de conciliação e mediação e a solução por arbitragem (CPC, art. 3º, §§ 1º, 2º e 3º). 
19- Qual o objetivo dos mecanismos de solução consensuais de conflitos?
Têm como objetivo ser instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, para fins de reduzir a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças. 
20- No que consiste a autodefesa ou autotutela?
Autodefesa é forma de solução de conflitos em que uma das partes impõe o sacrifício do interesse da outra. É caracterizado pelo uso ou ameaça de uso da força, perspicácia ou esperteza e é aplicada de forma generalizada somente em sociedades primitivas, pois conduz ao descontrole social e à prevalência da violência.
Obs.1: Concurso de duas características: “ausência de juiz distinto das partes e a imposição da decisão por uma das partes à outra” 
Obs.2: Os ordenamentos jurídicos proíbem essa técnica, autorizando-a apenas excepcionalmente. 
21- Quais as críticas existentes em relação a autotutela ou autodefesa?
a- solução provém de uma das partes interessadas, que é unilateral e imposta. 
b- evoca a violência, e 
c- sua generalização importa na quebra da ordem e a vitória do mais forte e não do titular do direito. 
22- Quais as ocasiões permitidas de autotutela no Brasil?
a- Direito penal: legítima defesa, o estado de necessidade e em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito, que são meios excludentes da ilicitude do ato (CP, art. 23), desde que configurada: injustiça da agressão, reação imediata e proporcionalidade nos meios de defesa.
b- Direito civil: 
 Autodefesa possessória: permite ao possuidor lesado atuar, direta e imediatamente, para manter sua posse (agindo em legítima defesa para evitar a invasão) ou para nela se reintegrar (realizando desforço imediato se já esbulhado), vedando a autotutela quando a reação ao esbulho ou turbação não seja imediata (CC, art. 1.210, § 1.º). 
 Direito de vizinhança: direito de cortar raízes e ramos de árvores limítrofes que ultrapassam a estrema do prédio (CC, art. 1.283). 
 Direito de retenção: direto de defesa concedido pela lei para que o titular da relação jurídica possa se opor à restituição de um bem até receber a contraprestação que lhe é devida. 
c- Direito administrativo: prevalece o princípio da auto-executividade dos atos administrativos. 
d- Direito do trabalho: manifestações de greve (muitas vezes a greve não é forma de solução, mas meio de pressão) (CF, art. 9º); locaute (“lock-out”) (Lei nº 7.783/1989, art. 17), etc. 
23- No que consiste a autocomposição?
Consiste na solução direta entre os litigantes através de acordo firmado entre eles, isto é, o conflito é solucionado por ato das próprias partes, sem emprego de violência, sem a intervenção de um terceiro, mediante ajuste de vontades. 
24- Quais as formas de autocomposição?
a- unilateral: quando uma das partes abre mão unilateralmente de sua pretensão.
b- bilateral: quando ambas as partes abrem mão de algum aspecto de suas pretensões
25- Quais as formas de autocomposição unilateral?
a- Renúncia: uma parte renuncia o seu direito em favor de outra. 
b- Desistência: desistir do processo e abdicar da posição processual assumida após o ajuizamento da causa, exceto nas ações que versam sobre interesses indisponíveis, como ações criminais e as relativas à improbidade administrativa. 
c- Reconhecimento jurídico do pedido: o réu admite a procedência da pretensão deduzida pelo autor. 
26- Quais as formas de autocomposição bilateral?
a- Negociação. 
b- Conciliação 
c- Mediação 
27- No que consiste a heterocomposição?
Consiste na solução do conflito por uma fonte suprapartes, que decide com força obrigatória sobre os litigantes, que são submetidos à decisão. A decisão não é das partes, mas de uma pessoa ou órgão acima delas. 
28- Quais as espécies de heterocomposição?
a- arbitragem: éum mecanismo heterônomo de solução dos conflitos de trabalho, realizado por um árbitro escolhido pelas partes, que profere uma decisão chamada sentença arbitral (Lei n. 9.307/96, art. 3º). 
Obs.: A sentença arbitral tem natureza jurídica de título executivo judicial (CPC, art. 515, VII). 
b- jurisdição ou tutela: é uma espécie heterocompositiva por que um terceiro alheio às partes conflitantes soluciona o conflito, impondo a solução de forma definitiva e obrigatória às partes, por meio da sentença judicial. 
Obs.: No entender de Humberto Theodoro Júnior, jurisdição “é a função do Estado de declarar e realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de uma situação jurídica controvertida” 
29- Quais as ventagens e desvantagens dos métodos alternativos de resolução de conflitos em relação a via jurisdicional?
	Vantagens 
	Desvantagens 
	Tendência mundial na evolução da sociedade rumo a uma cultura participativa do cidadão, como protagonista na busca da solução por meio do diálogo e do consenso. 
	Deletéria privatização da justiça, vez que retirando do Estado, a ponto de enfraquecê-lo, uma de suas funções essenciais e naturais, a administração do sistema de justiça. 
	Obtenção de resultados rápidos, confiáveis, econômicos e ajustados às mudanças tecnológicas em curso; ampliação de opções ao cidadão, que teria oportunidades diversas de tratamento do conflito; aperfeiçoamento do sistema de justiça estatal por força da redução do número de processos em curso. 
	Falta de controle e confiabilidade de procedimentos e decisões (sem transparência e lisura). 
	Cumprimento do acordo entabulado pelas próprias partes e de atos voluntários de certas iniciativas pela parte contrária. 
	Exclusão de certos cidadãos e relegação ao contexto de uma “justiça de segunda classe”. 
	Manutenção do relacionamento entre as partes. 
	Frustração do jurisdicionado e enfraquecimento do Direito e das leis. 
30- O que expressa a resolução 125 do CNJ?
a- Competência: Ao CNJ compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário, bem como zelar pela observância dos princípios relacionados à administração pública, como os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (CF, art. 37). 
b- Objetivos estratégicos do Poder Judiciário: eficiência operacional, o acesso ao sistema de Justiça e a responsabilidade social. 
c- Respeito ao direito de acesso à Justiça, que implica (CF, art. 5º, XXXV): 
 c1- no acesso à ordem jurídica justa e 
 c2- a soluções efetivas de solução de conflitos. 
d- Cabe ao Poder Judiciário estabelecer política pública de tratamento adequado e permanente de problemas jurídicos e dos conflitos de interesses, de forma a organizar, aperfeiçoar, uniformizar e assegurar a boa execução, em âmbito nacional, o seguinte: 
 d1- os serviços prestados nos processos judiciais;
 d2- mecanismos de solução de conflitos, em especial dos consensuais, como a mediação e a conciliação, bem como a instalação de Juízos de resolução alternativa de conflitos. 
e- Conciliação e a mediação são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, que tem reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças. 
f- Institui a Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado dos Conflitos de Interesses, tendente a assegurar a todos o direito à solução dos conflitos por meios adequados à sua natureza e peculiaridade (art. 1º). 
g- Aos órgãos judiciários incumbe, oferecer outros mecanismos de soluções de controvérsias, além da jurisdicional, em especial os meios consensuais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e orientação ao cidadão, nos termos do CPC, art. 334 c/c Lei 13.140/2015, art. 27 (Lei de Mediação), antes da solução adjudicada mediante sentença (art. 1º, § único). 
h- CNJ auxiliará os Tribunais na organização dos serviços de solução consensual de conflitos, podendo firmar parcerias com entidades públicas e privadas, em especial à capacitação e credenciamento de mediadores e conciliadores e à realização de mediações e conciliações, nos termos do CPC, arts. 167, § 3º, e 334 (art. 3º). 
31- Quais as funções do CNJ em relação aos meios alternativos de soluções de conflitos?
a- Organização de programas de incentivo à autocomposição de litígios e à pacificação social por meio da conciliação e da mediação, 
b- Estímulo à conciliação nas demandas que envolvam matérias sedimentadas pela jurisprudência. 
c- Implementação de uma rede constituída por todos os órgãos do Poder Judiciário e por entidades públicas e privadas parceiras, inclusive universidades e instituições de ensino, com a inclusão de disciplina a propiciar a cultura da solução consensual dos conflitos. 
d- Promover a mudança de mentalidade dos atores do direito (juízes, promotores, defensores de justiça, advogados) e da população em geral. 
32- O que são os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CJUSCS)?
São unidades do Poder Judiciário responsáveis pela realização das sessões de conciliação e mediação pré-processuais e processuais, que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, bem como pelo atendimento e orientação ao cidadão. Deverão ser instalados nos locais onde exista mais de um Juízo, Juizado ou Vara com competência para realizar audiências nas áreas cíveis e de família, nos termos do CPC, art. 334.
33- Como o CNJ desenvolverá os CJUSCs?
a- Estabelecer diretrizes para implementação da política pública de tratamento adequado de conflitos a serem observadas pelos Tribunais; 
b- Desenvolver parâmetro curricular e ações voltadas à capacitação em métodos consensuais de solução de conflitos para servidores, mediadores, conciliadores e demais facilitadores da solução consensual de controvérsias, nos termos do CPC, art. 167, § 1º; 
c- Providenciar que as atividades relacionadas à conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos sejam consideradas nas promoções e remoções de magistrados pelo critério do merecimento; 
d- Regulamentar, em código de ética, a atuação dos conciliadores, mediadores e demais facilitadores da solução consensual de controvérsias; 
e- Estabelecer interlocução com a OAB, Defensorias Públicas, Procuradorias e Ministério Público, estimulando sua participação nos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania e valorizando a atuação na prevenção dos litígios; 
f- Realizar gestão junto às empresas, públicas e privadas, bem como junto às agências reguladoras de serviços públicos, a fim de implementar práticas autocompositivas e desenvolver acompanhamento estatístico, com a instituição de banco de dados para visualização de resultados, conferindo selo de qualidade; 
g- Atuar junto aos entes públicos de modo a estimular a conciliação, em especial nas demandas que envolvam matérias sedimentadas pela jurisprudência; 
h- Criar Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores, visando interligar os cadastros dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais Regionais Federais, nos termos do CPC, art. 167 c/c Lei nº 13.140/2015, art. 12, § 1º (Lei de Mediação); 
i- Criar Sistema de Mediação e Conciliação Digital ou a distância para atuação préprocessual de conflitos e, havendo adesão formal de cada Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, para atuação em demandas em curso, nos termos do CPC, art. 334, § 7º, e da Lei nº 13.140/2015, art. 46 (Lei de Mediação); 
j- Criar parâmetros de remuneração de mediadores, nos termos do CPC, art. 169; 
l- Monitorar, inclusive por meio do Departamento de Pesquisas Judiciárias, a instalação dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, o seu adequado funcionamento, a avaliação da capacitação e treinamento dos mediadores/conciliadores, orientando e dando apoio às localidades que estiverem enfrentando dificuldades na efetivação da política judiciária nacional instituída por esta Resolução. 
34- O que cabe aos tribunais fazerem?
Cabe aos Tribunais instituir CEJUSCs, coordenados pormagistrados e compostos por magistrados da ativa ou aposentados e servidores, preferencialmente atuantes na área.
35- Qual as atribuições desses tribunais?
a- Implementar, no âmbito de sua competência, a Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado dos Conflitos de Interesses, conforme diretrizes estabelecidas; 
b- Planejar, implementar, manter e aperfeiçoar as ações voltadas ao cumprimento da política e suas metas; 
c- Atuar na interlocução com outros Tribunais e com os órgãos integrantes da rede;
d- Instalar CEJUSCs que concentrarão a realização das sessões de conciliação e mediação que estejam a cargo de conciliadores e mediadores, dos órgãos por eles abrangidos; 
e- Incentivar ou promover capacitação, treinamento e atualização permanente de magistrados, servidores, conciliadores e mediadores nos métodos consensuais de solução de conflitos; 
f- Propor ao Tribunal a realização de convênios e parcerias com entes públicos e privados para atender aos fins desta Resolução; 
g- Criar e manter cadastro de mediadores e conciliadores, de forma a regulamentar o processo de inscrição e de desligamento; 
h- Regulamentar, se for o caso, a remuneração de conciliadores e mediadores, nos termos do CPC, art. 169 c/c Lei nº 13.140/2015, art. 13 (Lei de Mediação). 
Negociação.
36- No que consiste a negociação?
É o mecanismo de solução de conflitos com vistas à obtenção da autocomposição caracterizado pela conversa direta entre os envolvidos sem qualquer intervenção de terceiro como auxiliar ou facilitador. É uma atividade inerente à condição humana, pois o homem tem por hábito apresentar-se diante da outra pessoa envolvida sempre que possui interesse a ela ligado 
37- Qual a semelhança entre a negociação, a mediação e a conciliação?
Trata-se de método autocompositivo. 
38- Quais as diferenças entre a negociação e a conciliação/mediação? 
a- Mediação e a conciliação são formas de autocomposição assistidas por um terceiro. 
b- Negociação é forma de autocomposição direta entre as partes. 
39- Quais são as características da negociação?
a- Na negociação não há opositores ou adversários, e sim participantes. 
b- Negociar não é discutir, mas sim conversar com um objetivo em mente, a solução de um conflito 
c- Negociação é um procedimento involuntário e informal. 
d- Capítulo introdutório ao estudo de qualquer outro mecanismo de solução de conflitos, pois as suas ferramentas e técnicas podem ser usadas por outras formas consensuais e adjudicatórias de solução de conflitos, além de a negociação permitir uma reflexão e autoconhecimento das partes sobre o seu próprio perfil na forma de lidar com os conflitos. 
e- Objetivo: resultado ou acordo “ganha versos ganha”. 
40- Quais os elementos da negociação?
a- Pessoas - Separar as pessoas envolvidas do problema: separar as pessoas de suas emoções, que dificultam a comunicação com objetividade. Os participantes devem trabalhar lado a lado, atacando o problema e não uns aos outros. 
b- Interesses - Concentrar-se nos interesses das pessoas e não em seus posicionamentos: Como chegar aos interesses? Técnica básica consistente em se colocar no lugar do outro e pensar em sua escolha (pergunte “por que?”; “por que não?”) para reconhecer os interesses do outro como parte do problema, olhando para frente (futuro), e não somente para trás (passado).
c- Opções - Criar várias possibilidades/opções de ganhos mútuos: 
 c1- quando a comunicação se dá sobre várias alternativas para solução de conflito. Para criar opções criativas (brainstorming), é preciso : 
separar o ato de inventar opções do ato de julgá-las; 
ampliar as opções sobre a mesa, em vez de buscar uma resposta única; 
buscar benefícios mútuos; 
inventar meios de facilitar as decisões dos outros. 
d- Critérios - Insistir em critérios objetivos: debate sobre padrão razoável e critérios de solução objetiva, direta e racional, como o valor de mercado, a opinião especializada (técnica), os costumes, a lei, a eficiência, os custos, o precedente de um Tribunal, dentre outros. 
41- O que não deve ser permitido na negociação?
a- manipulação de pessoas, visto que tal atitude não corresponde ao ato de negociar, pois consiste em um indivíduo convencer outro de que está certo, quando sabe que está errado;
b- agressividade entre as partes conflitantes em negociação. Agressividade em palavras, gestos e atos físicos, de forma a intimidar a outra parte a aceitar propostas de acordo 
42- Quais as desvantagens na negociação direta entre as partes, sem intermediação de um terceiro capacitado?
a- Um dos dois lados possui maior poder, físico, econômico ou emocional, este poderá exercê-lo a seu favor para conquistar as suas pretensões, acentuando as diferenças a favor do mais forte. 
b- Uma parte atua com malícia e perversidade e se vale desse comportamento para auferir vantagens. Isso pode acontecer em todos os métodos de solução de conflitos, porém, como na negociação não há influência de terceiros, a conduta má é ainda mais beneficiada. 
c- Um dos lados tem grande experiência em negociar e se aproveita da ingenuidade ou do despreparo do outro. É comum empresas de grande porte terem ou contratarem negociadores profissionais, com o objetivo de construir acordos vantajosos para elas na negociação de dívidas e compromissos assumidos com outras empresas, clientes e colaboradores. 
d- Diferenças de personalidade, quando uma das partes apresenta timidez, dificuldade para se expressar ou desconhecimento de seus direitos e a outra se mostra agressiva, independente, bem falante, ou assertiva quanto às regras a ser estabelecidas à mesa de negociação, que se desequilibra. 
43- Quais requisitos o negociador deve apresentar para sua atuação?
a- Legitimidade: a legitimidade do negociador, que é do titular do bem negociado ou do seu preposto ou representante, devidamente autorizado para tanto, é o pressuposto básico e realista de possibilidade de negociação. 
b- Poderes: o negociador, se preposto ou representante do titular do bem, deve ter documento fornecido pelo titular conferindo poderes para transigir. 
c- Informação: o negociador deve ter toda a informação necessária sobre o bem ou assunto objeto de negociação. 
44- Quais são os principais elementos presentes para uma negociação?
a- Abertura da negociação: corresponde ao primeiro valor apresentado por uma das partes, em uma negociação 
b- Valor limite: corresponde ao valor mínimo (para vendedores) ou o valor máximo (para compradores), que não deve ser ultrapassado na negociação. 
c- Posições: soluções pré-concebidas para se obter um determinado resultado, defendidas em uma negociação, como por exemplo: dinheiro, prazos, condições e garantias. 
d- Interesses: motivos que sustentam as posições adotadas por um negociador, formados pelos desejos, preocupações, crenças conscientes, temores e aspirações. 
e- Alternativa de proposta: trata-se de uma alternativa de proposta nova (fora da mesa), caso a negociação entre em um impasse. 
f- Concessão: compreende no ato ou efeito de ceder algo de sua opinião ou direito à outra parte. 
45- Quais são as fases da negociação?
a- Preparação: levantamento de informações sobre os próprios interesses, sobre a outra parte e planejamento dos objetivos, como: 
 avaliar a forma de comunicação a ser utilizada. 
 estabelecer as perguntas que garantam informações que se deseja obter. 
 considerar o tipo de relação para a negociação (curto, médio ou longo prazo) e se há pontos comuns que podem ser trazidos para a negociação. 
 colocar-se no lugar do outro, para identificar a perspectiva que a outra parte sobre o problema. 
b- Abertura: 
 Negociação deve começar com clima de descontração, visando reduzir a tensão normal decorrente do conflito de interesses. 
 Iniciada com a abertura do diálogo e troca de informações entre as partes, por meio da escuta ativa das informações acerca dos interesses envolvidos. 
 Os participantes devem se tratar pelo nome, ter pontualidade e mostrar entusiasmo. 
 Identificação do objeto do conflito e dos interesses das partes.c- Apresentação de objetivos, prognósticos e possível solução pelos participantes. Indague e pergunte. 
d- Esclarecimento do procedimento de negociação com respostas fundamentadas na informação obtida antecipadamente sobre o conflito e sobre as partes 
e- Obtenção da transação, que pretende seja satisfatória para ambos os participantes. 
46- Quais devem ser a postura do negociador?
a- Almejar o melhor resultado: uma vez buscados os resultados com legitimidade, os objetivos deverão alcançar o ponto máximo de uma negociação. Indague e pergunte. 
b- Ser paciente: o negociador deve ter paciência, eis que muitas vezes são necessárias várias rodadas de negociação para a obtenção de um bom acordo. 
c- Visar a satisfação das partes: a negociação deve resultar em um bom acordo para ambas as partes. Tanto um, quanto o outro negociador, deverão estar legitimamente comprometidos na busca de um resultado altamente satisfatório. 
d- Ter cuidado com a primeira oferta: planejar bem as bases limites de uma negociação. 
e- Ser ético: o negociador deve agir com correção e exigindo respeito, com o qual pode-se travar embates na certeza de lisura e resultados concretos. 
f- Trocar concessões: negociar é trocar concessões de um lado para o outro em busca da conclusão de um acordo. 
g- Ser empático: O processo de negociação é um evento fortemente alicerçado na dimensão humana, é fundamental que as partes sejam compreensivas quanto a possíveis dificuldades pessoais. 
47- No que consiste o Rapport?
Palavra de origem francesa, que significa o estabelecimento de confiança, empatia e cooperação em qualquer tipo de relação humana. Trata-se de uma técnica da programação neurolinguística (PNL) para obtenção da empatia e da confiança de alguém, sendo que também utiliza técnicas de espelhamento. 
Obs.: técnica de espelhamento: busca obter empatia pela imitação física do comportamento do outro 
48- Quais são os elementos fundamentais para obtenção da empatia e confiança no “rapport”?
 Sorriso. 
 Chamar a pessoa pelo nome. 
 Otimismo. 
 Não interrompa seu interlocutor, ouvindo com paciência e interesse. 
 Não julgue e não fale mal de outros. 
 Não faça perguntas fechadas, com respostas “sim” ou “não”, mas perguntas abertas. 
 Utilize humor na hora e na medida certa. 
 Tente encontrar conexões e interesses comuns. 
49- Como deve ser o espelhamento?
 Expressões corporais: gestos e movimentos. 
 Volume, espécie e ritmo das palavras. 
 Expressões faciais: concordar com a cabeça enquanto a pessoa fala. 
 Respiração.
Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania Conciliação e Mediação 
50- O que é a conciliação?
É um processo técnico (não intuitivo), desenvolvido pelo método consensual, na forma autocompositiva, destinado a casos em que não houver relacionamento anterior entre as partes, em que terceiro imparcial, após ouvir seus argumentos, as orienta, auxilia, com perguntas, propostas e sugestões a encontrar soluções (a partir da lide) que possam atender aos seus interesses e as materializa em um acordo que conduz à extinção do processo judicial 
51- O que é a Mediação?
É um mecanismo para a obtenção da autocomposição caracterizado pela participação de um terceiro imparcial que auxilia, facilita e incentiva os envolvidos à realização de um acordo.
52- Qual a diferença entre a conciliação e a mediação?
A mediação é adequada para vínculos de caráter mais permanente ou ao menos mais prolongado, e a conciliação para vínculos que decorrem do litígio propriamente, e não tem caráter de permanência.
53- Qual a diferença entre o conciliador e o mediador?
a- O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem .
b- O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
	CONCILIADOR 
	MEDIADOR 
	Atuação nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes. 
	Atuação nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes. 
	Pode formular propostas, sugestões e tecer opinião para acordo às partes, para a solução do litígio. 
	Não tem poderes para sugestionar sobre o melhor direito, mas sim de fazer tratativas e favorecer a convergência, sem dizer qual das partes está com a razão. 
	Atuação mais ativa e direta quanto ao direito envolvido. 
	Auxilia a compreensão das questões pelos interessados (conflitantes), para que eles próprios cheguem a solução consensual de benefícios mútuos 
	Atuação menos intensa, eis que se dá com intuito de facilitar a conciliação entre as partes. Normalmente, se restringe a uma reunião com as partes conflitantes. 
	Atuação mais intensa, eis que necessária a participação de todos os envolvidos na construção da conciliação. 
	Tem por objetivo o acordo 
	Tem por objetivo a satisfação harmônica dos interessados e necessidades de ambas as partes conflitantes 
	Procedimento mais rápido 
	Procedimento mais demorado. 
54- Quais os requisitos para ser mediador e conciliador?
a- Pessoa física, maior e capaz. 
b- Graduação há mais de 2 anos em curso de ensino superior (Lei 13.140/2015, art. 11). 
c- Certificado de capacitação de curso autorizado pelo CNJ e Ministério da Justiça. 
d- Inscrição de conciliadores e mediadores no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal ou por concurso público. 
e- Cadastro Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) (Enun. 57 da Enfam). 
f- Se advogado ou sócio de sociedade de advogados, estão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem conciliação ou mediação (CPC, art. 167, § 5º; Enun. 60 da Enfam). 
g- Remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo CNJ, exceto para aqueles que se engajaram por concurso público (CPC, art. 169, § 1º). 
h- Impedidos por 1 ano, contado do término da última sessão em que atuaram, de prestar serviços profissionais, de qualquer natureza, bem como assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes (CPC, art. 172). 
55- No que consistem as câmaras privadas de conciliação e mediação?
As Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação ou órgãos semelhantes, bem como seus mediadores e conciliadores, para que possam realizar sessões de mediação ou conciliação incidentes a processo judicial, devem ser cadastradas no Tribunal respectivo ou no Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores, nos termos do art. 167 do Código de Processo Civil de 2015, ficando sujeitas aos termos desta Resolução. (Res. 125/2010, art. 12- C). 
Obs.1: O cadastramento é facultativo para realização de sessões de mediação ou conciliação pré processuais (Res. 125/2010, art. 12-C, § único). 
Obs.2: O credenciamento das câmaras privativas de conciliação e mediação se dá por meio de avaliação de sua atuação pelo Tribunal. 
Obs.3: Os Tribunais determinarão o percentual de sessões não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, para atender processos beneficiários da gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento (CPC, art. 169, § 2º). 
56- Quais os princípios da mediação e conciliação?
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios:
a- da independência, 
b- da imparcialidade, 
c- da autonomia da vontade, 
d- da confidencialidade, 
e- da oralidade, 
f- da informalidade e 
g- da decisão informada. 
Obs.1: § 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. 
Obs.2: § 2º Em razão do dever de sigilo, inerenteàs suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. 
Obs.3: § 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. 
Obs.4: § 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais”.
57- Quais os princípios que regem o conciliador e o mediador?
Código de Ética de Conciliadores e Mediadores Judiciais (Resolução nº 125/2010, Anexo III, art. 1º) – Princípios fundamentais que regulam a atuação dos Conciliadores e Mediadores judiciais: 
a- Confidencialidade: dever de manter sigilo sobre todas as informações obtidas na sessão, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer hipótese 
b- Decisão informada: dever de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido. 
c- Competência: dever de possuir qualificação que o habilite à atuação judicial, com capacitação na forma desta Resolução, observada a reciclagem periódica obrigatória para formação continuada. 
d- Imparcialidade: dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou presente. 
e- Independência e autonomia: dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo dever de redigir acordo ilegal ou inexequível. 
f- Respeito à ordem pública e às leis vigentes: dever de velar para que eventual acordo entre os envolvidos não viole a ordem pública, nem contrarie as leis vigentes. 
g- Empoderamento: dever de estimular os interessados a aprenderem a melhor resolverem seus conflitos futuros em função da experiência de justiça vivenciada na autocomposição. 
h- Validação: dever de estimular os interessados perceberem-se reciprocamente como serem humanos merecedores de atenção e respeito. 
58- Quais regras regem o procedimento da conciliação e mediação?
As regras que regem o procedimento da conciliação e da mediação, nada mais são do que regras de conduta a serem observadas pelos conciliadores e mediadores, para o bom desenvolvimento do procedimento e engajamento dos envolvidos, objetivando a pacificação e o comprometimento com a obtenção de eventual acordo, a seguir transcrito: 
a- Informação: dever de esclarecer os envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre os princípios deontológicos referidos no Capítulo I, as regras de conduta e as etapas do processo; 
b- Autonomia da vontade: dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo e de interrompê-lo a qualquer momento. 
c- Ausência de obrigação de resultado: dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que podem ou não ser acolhidas por eles. 
d- Desvinculação da profissão de origem: dever de esclarecer aos envolvidos que atuam desvinculados de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária orientação ou aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento poderá ser convocado para a sessão o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos. 
e- Compreensão quanto à conciliação e à mediação: dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo, compreendam perfeitamente suas disposições, que devem ser exequíveis, gerando o comprometimento com seu cumprimento. 
59- Qual a função dos CEJUSCs?
Os CEJUSCs têm a função de realizar sessões e audiências de conciliação e mediação, e de desenvolver programas de auxílio, orientação e estimular a autocomposição de conflitos de interesses (CPC, art. 165).
60- Qual é a estrutura dos CEJUSCs?
a- Administração e supervisão dos serviços de conciliadores e mediadores: 
 Um juiz coordenador. 
 Um juiz adjunto, se necessário. 
 Servidores. 
b- Conciliação e mediação: 
 Conciliadores. 
 Mediadores. 
 Outros órgãos e instituições: Defensoria Pública, OAB e Ministério Público. 
c- Setor de solução de conflitos pré-processual 
 Solução de conflito antes do ajuizamento do processo judicial, sobre direitos disponíveis em matéria cível, família, previdenciária. 
 Provocado pelo interessado por meio da reclamação, e emitida a carta convite à parte contrária, para comparecer a sessão designada. 
d- Setor de solução de conflitos processual 
 Solução de conflito com processo judicial em andamento, em qualquer grau de jurisdição, que versam sobre matéria cível em geral e família. 
 Distribuída a ação judicial, juiz recebe a inicial, encaminha o processo ao CEJUSC, designa audiência de tentativa de conciliação ou mediação, com antecedência mínima de 30 dias, e procede à citação do réu. 
 Após a realização da sessão, o processo retorna à Vara. 
e- Setor de serviços de cidadania 
 Serviços oferecidos por servidores e funcionários do CEJUSC de orientação jurídica, emissão de documentos, assistência social e psicológica, etc 
61- Qual o procedimento do setor pré processual dos CEJUSCs?
a- O Setor de solução de conflitos pré-processual pode recepcionar casos ainda não ajuizados perante o Poder Judiciário, que versem sobre direitos disponíveis em matéria: 
 Causas cíveis em geral: acidentes de trânsito, cobranças, dívidas bancárias, conflitos de vizinhança. 
 Causa de família: divórcio, pedido de pensão alimentícia, guarda de filhos, regulamentação de visitas, união estável, averiguação de paternidade, etc. 
b- Inicia pela provocação do interessado por meio da Reclamação. 
 Não há recolhimento de custas (gratuito). 
c- O interessado, chamado de Reclamando, deverá comparecer pessoalmente no CEJUSC para a apresentação de sua reclamação no setor e solicitar o agendamento de audiência para tentativa de acordo. 
d- É emitida a carta convite à parte contrária, chamada de Reclamado, informando a data, hora e local da audiência de conciliação ou mediação.
 O Reclamado poderá receber a carta convite das mãos do Reclamando ou ser enviada pelo correio. 
e- Celebrado acordo na audiência será reduzido a termo e homologado judicialmente por sentença.  O termo de acordo será arquivado em meio digital e os documentos devolvidos aos interessados. 
f- Em casos de direito de família em que haja menor ou incapaz, antes de expedir a sentença, a reclamação será encaminhada ao Ministério Público. 
g- Não celebrado acordo, os interessados serão orientados para buscar a solução do conflito nos Juizados Especiais ou na Justiça Comum. 
h- Descumprido o acordo, o interessado munido com o termo de conciliação (acordo), poderá ajuizar ação de execução de título judicial.
62- Quais as características do CEJUSCs em relação aos conciliadores e mediadores?
a- As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação (CPC, art. 168). 
b- O conciliador ou o mediador poderá ou não estar cadastrado no Tribunal (CPC, art. 168, § 1º). 
c- Inexistindo acordo quanto à escolha do conciliador ou mediador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal. 
d- Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador. 
e- Conciliador e mediador poderão estar impedidos ou suspeitos, que são os mesmos enumerados aos juízes (CPC, arts. 170, 144 e 145). 
 No caso de impedimento, o conciliadorou mediador deve comunicar, por meio eletrônico, e devolver os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do Centro, devendo ser realizada nova distribuição (CPC, art. 170). 
 Se o impedimento for apurado quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador (CPC, art. 170, § único). 
f- No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador deve informar o fato por meio eletrônico, para que durante o período haja novas distribuições (CPC, art. 171). 
63- Qual o procedimento do setor processual do CEJUSC?
a- O Setor de solução de conflitos processual atende conflitos que já foram ajuizados na forma de processos perante o Poder Judiciário. 
 Causas cíveis em geral e causas de família. 
b- Distribuída a ação judicial, o juiz verifica se a inicial preenche os requisitos essenciais e, se não for caso de improcedência liminar do pedido, designa audiência de tentativa de conciliação ou mediação, com antecedência mínima de 30 dias, devendo o réu ser citado com pelo menos 20 dias de antecedência da audiência (CPC, art. 334). 
c- Processo é encaminhado ao CEJUSC, com a indicarão do método de solução de conflitos a ser seguido, sendo o Setor o responsável pelo agendamento da audiência e sua realização.  As partes são intimadas da data, hora e local da audiência de conciliação ou mediação pelo DJE, providência esta do Cartório da Vara de origem do processo judicial. 
d- Na audiência de conciliação ou de mediação realizada na CEJUSC, setor processual, as partes devem estar acompanhadas de seus advogados ou defensores públicos. 
e- Poderá ocorrer mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 meses da data de realização da primeira sessão, exceto se houver desinteresse das partes na composição amigável ou não se o objeto do conflito não admitir a autocomposição (CPC, art. 334, §§ 2º e 4º). 
g- A audiência de conciliação ou mediação não será realizada (CPC, art. 334, §ª 4º e 6º): 
 se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual. 
Obs.1:Autor deve manifestar o desinteresse na petição inicial. 
Obs.2:Réu deve fazê-lo por petição, apresentada com 10 dias de antecedência, contados da data da audiência. 
 quando não se admitir a autocomposição. 
 havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. 
h- O não comparecimento injustificado das partes (autor ou réu) à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado (CPC, art. 334, § 8º). 
i- Após a realização da audiência, seja qual for seu resultado, obtido ou não o acordo, o processo deve retornar à Vara de origem para deliberações. 
j- Celebrado acordo, este será reduzido a termo e homologado por sentença pelo Juiz Coordenador e terá eficácia de título executivo judicial.  Aguarda-se o seu cumprimento integral do acordo para a extinção do processo.
l- Poderão ocorrer mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 meses da data de realização da primeira sessão, exceto se houver desinteresse das partes na composição amigável ou não se o objeto do conflito não admitir a autocomposição (CPC, art. 334, . Os §§ 2º e 4º do dispõem que 
m- Se não tiver ocorrido o acordo, dá-se o prosseguimento dos trâmites processuais normais. 
64- No que consiste as câmaras de conciliação e mediação?
A União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, como: 
 Dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública. 
 Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública. 
 Promover a celebração de termo de ajustamento de conduta, quando couber. 
Obs.: A Lei nº 13.140/2015, no artigo 32 e seguintes, regulamentou sobre a mediação, como meio de solução de controvérsias, entre particulares e também sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. 
65- Quais são as responsabilidades do conciliador e mediador?
a- Exercício da função com lisura e respeito aos princípios e regras, assinando o termo de compromisso e submetendo-se às orientações do juiz coordenador Cejusc a que estiver vinculado. 
b- Observar as hipóteses de impedimento e suspeição cabíveis aos juízes, devendo informar aos envolvidos tão logo constatados os motivos, com a interrupção da sessão e sua substituição (CPC, arts. 144, 145 e 170 e §§). 
c- Informar com antecedência o responsável em caso de impossibilidade temporária do exercício da função, para que seja substituído na condução da sessão. 
d- Se advogados, impedidos de advogar nos juízos em que desempenham suas funções, aplicando-se à sociedade de advogados da qual participa (CPC, art. 167, § 5º). 
e- Impedido de prestar serviços profissionais de qualquer natureza por 1 ano aos conflitantes em sessão em que atuou, contado do término da última sessão. Restrição se estende à sociedade de advogados (CPC, art. 172; Lei 13.140/2015, art. 6º). 
f- Não pode atuar como árbitro, nem testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito (Lei 13.140/2015, art. 7º). 
66- Quais são as sanções aplicáveis ao conciliador e mediador?
a- O descumprimento dos princípios e regras estabelecidos, bem como a condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do conciliador e mediador do respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do Poder Judiciário nacional. 
b- O mediador e conciliador são considerados auxiliares da justiça, todos que assessorarem no procedimento de mediação, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são equiparados a servidor público, para os efeitos da legislação penal (Lei 13.140/2015, art. 8º). 
c- Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequada por parte do conciliador e mediador poderá representar ao Juiz Coordenador a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis. 
d- Casos de exclusão do cadastro de conciliadores e mediadores apurados em processo administrativo (CPC, art. 173 e ss): 
 Agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres: independência, imparcialidade, autonomia da vontade (inclusive quanto à definição de regras procedimentais), confidencialidade (a todas as informações produzidas no procedimento), oralidade, informalidade e decisão informada. 
 Atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito. 
e- Em caso de atuação inadequada do mediador ou conciliador verificado pelo juiz coordenador do Centro, poderá afastá-lo de suas atividades por 180 dias, por decisão fundamentada, informando o tribunal para a instauração do respectivo processo administrativo. 
Conciliação e Mediação.
Conciliação. 
66- Quais são as características da conciliação? 
A principal característica é a celeridade, ocorrendo geralmente em uma única reunião. 
67- Quem é o conciliador?
Conciliador é uma pessoa da sociedade que atua, de forma voluntária e após treinamento específico, como facilitador do acordo entre os envolvidos, criando um contexto propício ao entendimento mútuo, à aproximação de interesses e à harmonização das relações. 
68- Qual a função do conciliador? 
Aproximar e intermediar as partes, quando inexiste entre elas relacionamento significativo no passado ou vínculo anterior. 
 Informar e auxiliar as partes na construção de um acordo. 
 Sugerir propostas, dar sugestões e tecer opinião para acordo às partes, para a solução do litígio. 
 Conciliador tem uma atuação mais ativa e direta quanto ao direito envolvido.69- Qual o procedimento realizados na sessão ou audiência de conciliação?
a- Momento Prévio 
 Conciliador deve chegar ao local da conciliação antes do horário marcado para a sessão ou audiência. 
 Conhecer a natureza do conflito. 
 Analisar técnicas, estratégias e ferramentas que deseja empregar; e 
 Organizar o ambiente (mobiliário/material). 
b- Posicionamento das partes à mesa durante a conciliação 
 A disposição física das partes será de acordo com o número de pessoas e o grau de animosidade entre elas e a do conciliador com igual distanciamento em relação às partes. 
 Cabe ao conciliador administrar e controlar o desenvolvimento da sessão ou audiência de conciliação. 
c- Como receber as pessoas 
 Conciliador deve recepcionar as pessoas com cordialidade e acolhimento, para que se sintam calmas e confortáveis. 
d- Abertura da sessão ou audiência 
 Informar as partes sobre o desenvolvimento e regras da conciliação, tempo de duração da sessão, combinar sobre a participação do advogado. 
 Tratamento igual às partes. 
 Transmitir às partes autoconfiança e segurança. 
 Auxiliar e facilitar a comunicação entre as partes. 
 Combinar sobre a participação dos advogados, quando presentes. 
e- Exposição dos fatos pelos participantes 
 O conciliador propõe às pessoas que exponham o motivo que as levaram a procurar ajuda junto aos órgãos que promovem a conciliação. É o momento de escutar. 
 Conduzir a audiência, de modo que a conversa seja objetiva e racional, sem interrupções de uma parte na fala da outra. 
f- Identificação e esclarecimento das questões, interesses e sentimentos 
 Conhecer os fatos e informações importantes sobre o problema, procurando identificar o que realmente as pessoas pretendem resolver. 
 A escuta atenciosa das partes é a chave para conhecer seus reais interesses, para se chegar a um acordo. 
g- Negociação 
 Processo de comunicação que tem por objetivo a construção de soluções para o conflito. 
 Técnicas de negociação: 
a- Identificação do problema; 
b- Reformulação do problema; 
c- Conotação positiva do conflito; 
d- Foco nos conflitos e não nas pessoas; o Concentrar-se nos interesses; 
e- Encontrar critérios objetivos; e 
f- Busca de opções de ganhos mútuos. 
h- Síntese da sessão de conciliação 
 Resumo da exposição dos fatos pelas partes, resgatando os pontos comuns e apontando as possibilidades de acordo que surgiram 
i- Composição do acordo 
 Todas as alternativas levantadas para a solução do problema devem ser consideradas, cabendo ao conciliador indicar outras que lhe ocorrerem, mas sempre com imparcialidade. 
 Os acordos devem ser realistas, satisfazer às partes e prevenir questionamentos futuros. 
j- Encerramento e lavratura de termo 
 Finalizada a composição do acordo, o conciliador deverá registrá-lo em ata ou termo de acordo, numa linguagem clara, contendo as condições e especificações tal como elas foram acordadas. 
 Deve ser feita a leitura do acordo para que os envolvidos na conciliação tenham pleno conhecimento e possam dirimir dúvidas com relação à sua composição final. 
 Momento propício para orientar as partes sobre outras questões (quando for o caso: conta bancária, mandado de averbação, encaminhamentos, etc.). 
Mediação.
70- Quais as características da mediação?
a- Solução de conflito sobre direitos disponíveis ou indisponíveis que admitam transação (Lei nº 13.140/2015, art. 3º). 
b- Consenso das partes sobre direitos disponíveis (patrimonial) ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação (dignidade da pessoa humana, o direito à vida, o direito à liberdade). 
Obs.1: Direitos disponíveis: direitos patrimoniais sobre os quais as pessoas podem dispor, total ou parcialmente. 
Obs.2: Direitos indisponíveis: são aqueles sobre os quais o titular não pode dispor, em razão do interesse ou da finalidade pública, tais como a dignidade da pessoa humana, o direito à vida, o direito à liberdade, entre outros.
c- O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do MP (Lei nº 13.140/2015, art. 3º, § 2º). 
71- Quais as características da mediação? 
a- Método autocompositivo de solução de conflitos. 
b- Rapidez, confidenciabilidade, menores custos, grande possibilidade de êxito.
c- Qualidade da decisão acordada. 
72- Quais as áreas de atuação da mediação?
a- Mediação familiar: consiste na intervenção orientada na assistência de famílias, na reorganização das relações familiares.
Ex.: divórcio, partilha de bens, alimentos, guarda e regulamentação de visita de filho. 
b- Mediação social: envolve questões comunitárias, relação de vizinhança e relação entre pessoal em geral. 
c- Mediação escolar: envolve questões no ambiente escolar entre jovens, como regras de convivência, construção de relacionamentos, estabelecer diálogo, situações cooperativas e não violentas. 
d- Mediação empresarial: envolvimento entre empresas, consistente na solução de conflitos e na manutenção da relação empresarial, como fornecimento, prestação de serviços, financiamento, etc. 
e- Mediação societária: envolve a relação entre sócios de uma sociedade empresarial.
Obs.1: É possível que as partes se comprometam em contrato a dirimir algum conflito deste decorrente pela via da mediação (Lei nº 13.140/2015, art. 2º, § 1º). 
Obs.2: A conciliação e a mediação podem ser judicial ou extrajudicial e as partes podem estar assistidas por advogados ou defensores públicos. 
73- Quais os princípios orientadores da mediação?
a- Imparcialidade do mediador: atuação neutra, isenta de preconceitos, auxiliar as partes no diálogo e na clarificação dos fatos/problemas, ajudando a criar opções em busca de um acordo. 
 Não pode atuar nos casos de impedimento e suspeição (Lei n. 13.140/2015, art. 5º). 
b- Isonomia entre as partes: tratamento igualitário das partes. 
c- Oralidade: inexistência de documentos, provas escritas que não sejam orais. 
d- Informalidade: processo informal e flexível, não havendo padrões definidos para transcorrer a sessão ou audiência de mediação 
e- Autonomia da vontade das partes: consagração do livre-arbítrio das partes na condução da sessão e na celebração do acordo. 
g- Busca do consenso: solução consensual das partes por meio de acordo. 
h- Confidencialidade: sigilo nos fatos, interesses e questões conversadas na sessão de mediação. 
i- Boa-fé: exposição dos fatos, interesses e celebração de acordo com legítimo intenção de cumprimento. 
74- Como se dá a confidencialidade na mediação?
A Lei n. 13.140/2015, arts. 30 e § 1º, e 31, dispõem: 
Art. 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial, salvo se as partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de acordo obtido pela mediação. 
Obs.1: § 1º O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus prepostos, advogados, assessores técnicos e a outras pessoas de sua confiança que tenham, direta ou indiretamente, participado do procedimento de mediação.
Obs.2: Não está abrigada pela regra de confidencialidade a informação relativa à ocorrência de crime de ação pública” Lei n. 13.140/2015, art. 31, § 3º). 
75- Quem é o mediador?
Mediador é pessoa física, maior de 18 anos e capaz, profissional qualificado que tenta fazer com que os próprios litigantes descubram as causas do problema e tentem removê-las, atuando nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, e auxilia a compreensão das questões, para que eles próprios cheguem a solução consensual de benefícios mútuos. 
Obs.: Mediadores judiciais que atuam no Cejusc são considerados auxiliares da justiça. 
76- Qual deve ser a qualificação do mediador?
a- Gestor de conflitos e bom negociador, que promove o equilíbrio entre os litigantes. 
b- Respeita a dignidade e o sofrimento do próximo, possui grande senso de equidade. 
c- Para atuação no CEJUSC,deve ter (CPC, art. 167; Lei n. 13.140/2015, art. 11) 
 Graduação em ensino superior há pelo menos 2 anos; 
 Certificado de curso de capacitação na mediação e conciliação. 
 Cadastro no Tribunal de Justiça ou no Tribunal Regional Federal, indicando a área de atuação. 
d- Quais devem ser as características essenciais do mediador?
a- Formação superior 
 A escolaridade de nível superior representa maior garantia na interpretação com precisão da linguagem falada e escrita, na elaboração de metáforas e analogias úteis para estabelecer a comunicação eficaz e fazer a “ponte” entre os mediandos. 
b- Competência interpessoal 
 Demonstrada pela maneira objetiva, segura, persistente e eficaz com que o mediador administra os comportamentos, mesmo quando tratam-se de emoções negativas (mágoa, desprezo, raiva). 
c- Domínio da língua portuguesa 
 Propicia a compreensão da linguagem escrita e falada, agilidade da leitura e entendimento de documentos, competência para redigir os acordos, facilidade para expor as próprias ideias e criar uma distinção entre sua própria pessoa. 
d- Conhecimento mínimo de direito 
 É conveniente, não obrigatório, para permitir avaliar a inexistência de decisões versando sobre bens ou direitos indisponíveis ou objetos ilícitos e se os efeitos legais decorrentes da decisão das partes serão factíveis. 
e-  Conhecimentos e competências a respeito de mediação e suas técnicas 
 Constituem conhecimentos e competências indispensáveis. 
f- Sintonia cultural 
 Competência para imergir no universo do conflito e contatar com a realidade dos mediandos. 
g- Imagem pública 
 Credibilidade do mediador deve ser inatacável 
 
h- Resistência física e ao estresse emocional 
 Capacidade de permanecer alerta na atuação em várias sessões consecutivas durante o período exigido, podendo em algumas situações ser alvo de pessoas perversas, de mau caráter, mal intencionadas, e não poderá deixar-se afetar ao constatar sofrimento e danos recebidos por uma das pessoas. 
i- Paciência 
 Deve perseverar na metodologia e resistir à vontade de decidir pelos mediandos e/ou praticar justiça 
j- Autoconfiança 
 Incentivador e aberto a diálogo, mantém o olhar firme, a fala pausada e direta, estimula o questionamento, demonstra equilíbrio e ponderação, combina ousadia e prudência e reconhece os próprios erros, aperfeiçoa-se continuamente. 
l- Imparcialidade 
 Aplicam-se as mesmas hipóteses legais de impedimento e suspeição do juiz (Lei nº 13.140/2015, art. 5º; CPC, arts. 144 e 145). 
m- Liderança 
 O mediador lidera combinando carisma e perícia, transmitindo aos mediandos: sentimentos de confiança; honestidade; serenidade e harmonia; espírito de cooperação; respeito por si mesmo e pelo outro; não violência. 
n- Agente de transformação 
 Deve utilizar a técnica de perguntar para esclarecer e fazer com que os mediandos compreendam o que ocorre e como está sendo feito na sessão, bem como desenvolvam a capacidade de multiplicar os conhecimentos adquiridos no processo para futuros e inevitáveis conflitos da vida
77- Quais os procedimentos da Mediação Extrajudicial?
a- Início: convite, escopo da negociação, data e o local da primeira reunião. 
b- Resposta: resposta ao convite no prazo de até 30 dias da data do recebimento, sob pena de considerar rejeitado. 
c- Previsão contratual de mediação: 
 No convite deve haver previsão de prazo mínimo e máximo para 1ª reunião, local, critérios de escolha do mediador/equipe de mediadores, penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à 1ª reunião. 
d- Não há previsão contratual completa de mediação - critérios: 
 Prazo mínimo de 10 dias úteis e prazo máximo de 3 meses, a contar do recebimento do convite, para 1ª reunião. 
 Local adequado a reunião que possa envolver informações confidenciais. 
 Lista com 5 mediadores capacitados para a escolha pela parte convidada. o Caso a parte convidada não se manifeste, considerar-se-á aceito o 1º da lista. 
 O não comparecimento da parte convidada à 1ª reunião, caberá à parte arcar com 50% das custas e honorários sucumbenciais, caso vencedora em procedimento arbitral ou judicial posterior.
 78- Qual o procedimento da mediação judicial?
a- Realizada nos CEJUSCs: setores de solução de conflitos pré-processual e processual, bem como pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição 
b- Mediadores não estão sujeitos à prévia aceitação das partes. 
c- Assistência: as partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos. 
d- Insuficiência de recursos: assistência das partes pela defensoria pública pela concessão de benefício às partes que comprovarem carência econômica. 
e- Requisitos essenciais: petição inicial, juiz designa audiência de mediação. 
f- Conclusão do procedimento de mediação: até 60 dias contados da 1ª sessão, salvo se as partes de comum acordo requererem sua prorrogação 
g- Acordo: homologação judicial ou lavrado termo final e arquivamento do processo. 
h- Custas judiciais finais: solucionado o conflito pela mediação antes da citação do réu, não são devidas custas judiciais finais. 
Conciliação e mediação na administração pública.
79- Como se faz a autocomposição de conflito quando a parte é parte pessoa jurídica de direito público.
a- Câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos: criadas pela União, Estados, DF e Municípios, no âmbito dos respectivos órgãos da advocacia pública, dispõem das competências explicitadas a seguir: 
 Dirimir conflitos entre órgãos e entidades da Administração Pública. 
 Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de composição, no caso de controvérsias entre particulares e pessoa jurídica de direito público. 
 Promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta. 
b- Composição e funcionamento das câmaras: estabelecido em regulamento de cada ente federado. 
c- Submissão do conflito: a submissão do conflito às câmaras é facultativa e cabível somente nos casos previstos em regulamento. 
d- Acordo: reduzido a termo, constituirá título executivo extrajudicial. 
e- Ausência de câmaras: enquanto não criadas as câmaras, os conflitos podem ser dirimidos nos termos do procedimento de mediação. 
f- Suspensão de prescrição: a instauração de procedimento administrativo para resolução consensual de conflito no âmbito da Administração Pública, por meio de emissão de juízo de admissibilidade, suspende a prescrição, que retroage à data da formalização do pedido de resolução consensual do conflito 
80- Como se dá os conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e fundações (Lei 13.140/2015, arts. 35 e ss)?
No caso de conflitos envolvendo a Administração Pública Federal direta e suas autarquias e fundações, alguns conceitos importantes precisam ser ressaltados:
a- Transação por adesão: controvérsias jurídicas que envolvam a Administração Pública Federal direta, suas autarquias e fundações, segundo as circunstâncias descritas a seguir: 
 Autorização do advogado-geral da União, com base na jurisprudência pacífica do STF ou de Tribunais Superiores; 
 Parecer do advogado-geral da União, aprovado pelo Presidente da República. 
b- Resolução administrativa: definição dos requisitos e das condições da transação por adesão. 
c- Pedido de adesão: formulado pelo interessado, que deve juntar prova de atendimento aos requisitos e às condições dispostas na resolução administrativa. 
d- Efeitos gerais da resolução administrativa: aplicada aos casos idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione parte da controvérsia.
e- Efeitos da adesão: renúncia do interessado ao direito sobre o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa ou judicial, quanto aos objetos da resolução administrativa. 
g- Composição extrajudicial de conflitos: resolução de controvérsias para as circunstâncias descritas a seguir: 
 Órgãos ou entidades de direito públicoda Administração Pública Federal. 
 Órgãos ou entidades de direito público da Administração Pública Federal e Estados, DF e Municípios, suas autarquias e fundações públicas, bem como empresas públicas e sociedades de economia mista federais.

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